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PARACOCCIDIOIDOMICOSE CEREBELAR EM

PACIENTE IMUNOCOMPETENTE: RELATO DE CASO


Flávio Augusto de Pádua Milagres¹, Olívia Maria Veloso Costa Coutinho¹,
Aline Costa Barcelos², Dâmaris Araújo Peixoto², Joyce Gléria Monteiro de Faria²
1. Professor da disciplina de Doenças Tropicais e Infecciosas e coordenador da Liga de Infectologia e Medicina Tropical do
Tocantins (LIMETTO)- Universidade Federal do Tocantins
2. Acadêmicos do 5° período do curso de Medicina da Universidade Federal do Tocantins e membros da LIMETTO

INTRODUÇÃO

A Paracoccidioidomicose (PCM) é uma doença infecciosa sistêmica,


do tipo granulomatosa, causada pelo Paracoccidioides brasiliensis,
um fungo dimórfico1. Predomina em indivíduos entre 30 e 50 anos de
idade, no sexo masculino. No adulto, a forma clínica predominante é a
crônica. Em crianças ou adolescentes apresenta-se na forma aguda
ou subaguda. Quando não diagnosticada e tratada oportunamente,
pode levar a formas disseminadas graves e letais². O grande fator de
risco para aquisição da doença são as profissões relacionadas ao A B
manejo do solo contaminado com o fungo. Assim, o paciente típico é o Imagens de ressonância magnética pesadas em T2 que mostram uma lesão de
trabalhador agrícola, geralmente mal-nutrido, que inala a forma formato ovalado, com sinal hiperintenso em porção central e halo levemente
hipointenso. Observa-se edema em parênquima cerebelar e velamento bilateral das
infectante do fungo desenvolvendo uma doença pulmonar crônica.1 células mastóideas. A, Plano axial. B, Plano coronal.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 40 anos, imunocompetente, lavrador, residente


em Colméia - TO, internado no Hospital Geral de Palmas após
episódio de síncope, queixando-se de cefaléia intensa, por três
meses, acompanhada de náuseas e vômitos. Exame tomográfico
revelou hiperdensidade cerebelar direita e ressonância magnética
indicou lesão cerebelar sugestiva de lesão de natureza neurogênica.
O paciente evoluiu com distúrbios hidroeletrolíticos, alteração da
deambulação, disfagia e picos febris diários. Exames sorológicos A B
apresentaram-se negativos. Sob hipótese diagnóstica de tumor Imagens de ressonância magnética pesadas em T1 que mostram lesão com captação
cerebelar sem hidrocefalia, abscesso cerebelar ou doença periférica do meio de contraste e porção central não captante, sugestivas de
processo inflamatório e/ou infeccioso. Observa-se ainda o efeito compressivo sobre
granulomatosa, efetuou-se procedimento microcirúrgico diagnóstico. a porção inferior do quarto ventrículo. A, Plano axial. B, Plano coronal.
Houve complicações da fenda operatória e desenvolvimento de
CONCLUSÃO
quadro de broncopneumonia aspirativa, introduzindo-se
Trata-se da caso com apresentação não usual em paciente
antibioticoterapia de amplo espectro. O estudo anatomo-patológico
imunocompetente, com sorologia inicial não reatora para
revelou paracoccidioidomicose cerebelar. Iniciou-se o tratamento com
paracoccidioidomicose, diagnosticado por estudo anatomopatológico
Anfotericina B por 20 dias. Mediante progressiva melhora do quadro,
de tecido cerebelar. Relatos atuais demonstram a possibilidade de
procedeu-se com alta, acompanhamento ambulatorial e tratamento de
resultados sorológicos não reagentes em pacientes procedente das
manutenção com Itraconazol por 12 meses. Paciente apresenta-se
regiões Norte e Nordeste, o que justifica a melhor validação dos testes
atualmente com sequelas motoras, com melhora progressiva devido
sorológicos nestas regiões.
fisioterapia motora.

BIBLIOGRAFIA

1. JUBÉ, M. R. R. ET AL. Paracoccidioidomicose – acometimento encefálico e medular: relato de caso. Acta Fisiátrica 16(1): 46 – 50, mar. 2009.
2. SHIKANAI-YASUDA, M. A. ET AL. Consenso em Paracoccidioidomicose. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 39(3): 297-310, mai-jun, 2006.
3. FILHO, M. B. L. ET AL. Paracoccidioidomicose em hemisfério cerebral e tronco encefálico: relato de caso. Arquivos de Neuropsiquiatria 64 (3-A): 686-689,
set. 2006.

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