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Centro Universitário Facvest

Arieli de Azambuja Duarte


Gabriel Teixeira Branco
Kate Graziele Ramalho da Silva
Maria Daniene Gonçalves de Sales

Assertivas sobre a contrariedade da candidatura avulsa na política brasileira

Lages
2021
Arieli de Azambuja Duarte
Gabriel Teixeira Branco
Kate Graziele Ramalho da Silva
Maria Daniene Gonçalves de Sales

Assertivas sobre a contrariedade da candidatura avulsa na política brasileira

Artigo elaborado para a disciplina de Direito


Constitucional I, ministrada pelo prof.
Matheus Paim. Trabalho realizado como
requisito para obtenção de 50% da nota final
de aprovação semestral do ano de 2021/1.

Lages
2021
Como é de nossa sabedoria, a candidatura avulsa não é possível na política
brasileira dentro dos padrões atuais.

Embora haja muitos requerimentos favoráveis e projetos de lei querendo


tornar a candidatura avulsa uma realidade em nosso país, devemos analisar ponto a
ponto, rebater e debater tais posicionamentos para melhor reflexão sobre o assunto.

Podemos observar que, no artigo 14 da Constituição Federal, em seu 3º


parágrafo existe a obrigatoriedade da filiação partidária como um dos requisitos
básicos para a elegibilidade dentro da política brasileira, vejamos:

§ 3º São condições de elegibilidade,


na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos
políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na
circunscrição;
V - a filiação partidária;    
VI - a idade mínima de:
a)trinta e cinco anos para Presidente
e Vice-Presidente da República e
Senador;
b) trinta anos para Governador e
Vice-Governador de Estado e do
Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado
Federal, Deputado Estadual ou
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz
de paz;
d) dezoito anos para Vereador.

Ainda que esteja bastante clara e explícita a obrigatoriedade da filiação


partidária na nossa Carta Magna, alguns cidadãos insistem em procurar brechas
nas leis para que possam tentar a eleição sem um partido por trás.
Temos como exemplo um julgado pelo STF bastante conhecido, o ARE
1054490, onde o requerente Rodrigo Mezzomo ingressou com uma ação para que
pudesse concorrer às eleições de 2016, usando como embasamento o artigo 6º da
DDHC de 1789 e o Pacto de São José da Costa Rica.
Em seu argumento, o postulante expõe que embora haja a condição de
necessidade de filiação, ele teria o poder de exercer seu direito político de forma
individual como cidadão brasileiro. Como embasamento, usou os seguintes termos:
“Artigo 6º- A Lei é a expressão da vontade geral.
Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente
ou através dos seus representantes, para a sua formação.
Ela deve ser a mesma para todos, quer se destine a proteger
quer a punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos, são
igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e
empregos públicos, segundo a sua capacidade, e sem outra
distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus
talentos.”
Disponível em:
https://www.fd.unl.pt/docentes_docs/ma/mla_MA_19926.pdf

E, também:

 ARTIGO 23

    Direitos Políticos

    “1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos


e oportunidades: a) de participar da direção dos assuntos
públicos, diretamente ou por meio de representantes
livremente eleitos; b) de votar e se eleitos em eleições
periódicas autênticas, realizadas por sufrágio universal e
igual e por voto secreto que garanta a livre expressão da
vontade dos eleitores; e c) de ter acesso, em condições
gerais de igualdade, às funções públicas de seu país.

2. A lei pode regular o exercício dos direitos e


oportunidades e a que se refere o inciso anterior,
exclusivamente por motivos de idade, nacionalidade,
residência, idioma, instrução, capacidade civil ou mental, ou
condenação, por juiz competente, em processo penal.”

Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d0678.htm

Por mais que pareçam pertinentes as falas do autor do processo, a


candidatura avulsa implica em muitas outras coisas que não, apenas, em sua
vontade própria de candidatar-se sozinho.
Primeiramente, devemos lembrar que vivemos em sociedade. Isso culmina
uma vivência em grupos. Para que houvesse a possibilidade de desse tipo de
candidatura, o país teria que passar por uma grande e profunda reforma político-
democrática.
De primeira vista, pode nos parecer “mais democrático” poder agir sozinho e
como queira, porém, não pode-se esquecer que os partidos políticos, sejam eles de
quaisquer lados, são fundamentais para o fortalecimento do sistema de governo
brasileiro. Uma pessoa não pode governar da forma que quiser, ela deve ter e
interagir com uma ideia juntamente com outro grupo de pessoas que também
compartilham dos mesmos ideais, para que possam cultivar e expandir suas ideias,
inclusive fazendo coligações com outros partidos para divulgarem entre si, outros
pensamentos que podem ser inclusivos dentro daquele meio.
Vivemos em democracia, e ela também age dentro dos partidos políticos.
Haja vista que todos os filiados possuem os mesmos direitos e deveres e são vistos
de forma igual, independente do cargo que possa ter ou tenha no momento dentro
do cenário político. Seja presidente, deputado ou vereador, todos eles são vistos da
mesma forma dentro do partido, como uma espécie de “irmandade”.
São os partidos que agrupam suas demandas sociais de prioridade, incluem
a população, possuem a representação de interesses sociais, ajudam a organizar as
eleições e apresentam os candidatos. Acredita-se que uma única pessoa não
consegue ter um peso tão grande como uma sigla possui. Essa sigla traz muito mais
que um grupo de pessoas, ela traz ideias e valores, onde partes da população se
identificam, se politizam e podem se unir à outras pessoas que possuem os
mesmos interesses. Portanto, torna-se inviável essa candidatura no Estado
Democrático Brasileiro.

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