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Arqueologia

Brasileira
a pré-história e os
verdadeiros colonizadores
Arqueologia
Brasileiraa pré-história e os
verdadeiros colonizadores

André Prous

Ilustrações
Ângelo Pessoa Lima
Mara Isabel Alvarenga Chanoca
 André Prous, 2019

Todos os direitos reservados.


Proibida a reprodução de partes ou do todo desta obra sem autorização expressa do autor, da editora
e da Archaeo Pesquisas Arqueológicas. (art. 184 do Código Penal e Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


( Douglas Rios – Bibliotecário – CRB1/1610 )

P968a
Prous, André.
Arqueologia brasileira: a pré-história e os verdadeiros
colonizadores./ André Prous. 1ª edição. Cuiabá-MT:
Archaeo; Carlini & Caniato Editorial, 2019.
880 p.; 20,4 x 27,5 cm.

ISBN 978-85-8009-281-3

1. Arqueologia brasileira. 2. Pré-história. 3. Pesquisa


arqueológica. I. Título.
CDU 902

Índice para catálogo sistemático:

1. Arqueologia brasileira - 902


2. Pré-história - 902
3. Pesquisa arqueológica - 902

1a. reimpressão - agosto 2020

Editores Archaeo Pesquisas Arqueológicas


Elaine Caniato Arqueóloga - Diretora Geral
Ramon Carlini Suzana Hirooka

Capa Arqueóloga - Diretora


Elaine Caniato Sirlei Hoeltz
Mapas e Quadros
André Prous
(excução digital - Rosângela Bita)

Ilustrações
Ângelo Pessoa Lima
Mara Isabel Alvarenga Chanoca

Aquarelas
Mara Isabel Alvarenga Chanoca

Foto do autor na capa


Daniel Cruz

Revisão
Achiles Lazzarotto
Doralice Jacomazi

Archaeo Pesquisas Arqueológicas


Av. Carandaí, 99 - Parque Geórgia - 78.085-048
Cuiabá - MT – (65) 3661-1211
www.archaeo.com.br

Carlini & Caniato Editorial (nome fantasia da Editora TantaTinta Ltda.)


Rua Nossa Senhora de Santana, 139 – sl. 03 – Goiabeira
Cuiabá-MT – (65) 3023-5714 / 3023-5715
www.carliniecaniato.com.br - contato@tantatinta.com.br
APRESENTAÇÃO ARCHAEO

É com grande satisfação que a Archaeo Pesquisas Arqueológicas, em parceria com a editora Carlini &
Caniato, traz a público a edição do livro Arqueologia Brasileira: a pré-história e os verdadeiros coloni-
zadores, de André Prous.
Partindo de livro referencial para os estudos arqueológicos no Brasil (Arqueologia Brasileira), lançado
em 1992, e há anos fora de circulação, a obra de Prous ganha agora uma outra edição ampliada e fartamente
ilustrada, com seu conteúdo atualizado a partir de pesquisas realizadas pelo autor ao longo das duas últimas
décadas, bem como de estudos desenvolvidos por outros pesquisadores.
A publicação deste novo livro deve agradecimentos sinceros ao historiador João Carlos Vicente Ferreira,
cujo incentivo foi fundamental para ele se concretizasse por meio da união entre a nossa empresa, a editora
e o autor, vindo ao encontro de nossa filosofia, que desde a sua fundação, em 2005, se pauta na valorização
e promoção das pesquisas arqueológicas e bens culturais de natureza material e imaterial, a partir de ações
de gestão compartilhada que buscam desenvolver atividades educativas voltadas para o campo preserva-
cionista e da sustentabilidade.
Nesse sentido, disponibilizar aos estudantes e profissionais de arqueologia no Brasil uma obra da en-
vergadura da pesquisa de Prous – um livro com mais de 800 páginas, fartamente ilustrado – é uma iniciativa
que muito nos orgulha, pois estamos diante de uma empreitada editorial das mais ambiciosas, justamente em
um momento no qual o mercado livreiro do País enfrenta uma de suas crises mais profundas. Acreditamos
que com esse gesto cumprimos um papel de responsabilidade social que desde o início norteou nossas
atividades no campo da arqueologia, na perspectiva do respeito à diferença, na projeção inclusiva, sempre
comprometidos com atividades educacionais, tanto em Programas Integrados de Educação Patrimonial como
em exercícios de esclarecimentos às comunidades, para que estas possam preservar, na medida do possível,
as práticas tradicionais das populações que antes viviam naquelas regiões que são objeto de nossas pesquisas.
Temos certeza de que, ao trazermos de volta às livrarias a clássica pesquisa de Prous, também prestamos
reconhecimento aos esforços de uma vida inteira desse profissional notável, que trocou seu país natal pelo
Brasil para ajudar a desvendar os vestígios de nossa pré-história.

Suzana Hirooka
Sirlei Hoeltz
Geólogas e Arqueólogas
Archaeo Pesquisas Arqueológicas LTDA
APRESENTAÇÃO

Até os anos de 1970, algumas sínteses da arqueologia brasileira já tinham sido propostas, mas ou eram
muito antigas e não acessíveis ao público, ou não incluíam os resultados da arqueologia "sistemática" e
profissional que se esboçava nesse decênio de 1970. O longo texto de L. Netto, escrito no século XIX,
somente apresenta hoje valor histórico; os livros de dois eruditos, A. Costa e J. A. Pereira Jr., embora não
deixem de ter mérito e apresentem muitas informações, já estavam completamente defasados no último
quarto do século XX.
Por isso, quando ministrei um curso de especialização (1980/1981) para formar uma equipe de pesquisa
arqueológica na UFMG senti a falta de um trabalho de síntese sobre arqueologia brasileira que pudesse
servir de manual, apresentando um panorama detalhado das pesquisas e uma visão crítica do que estava
sendo realizado na época. Escrevi dessa forma a base do que se tornaria o livro Arqueologia Brasileira.
Querendo a seguir disponibilizar este texto para um público mais amplo e não formado em arqueologia,
acrescentei alguns capítulos introdutórios e tentei usar um vocabulário compreensível para qualquer pessoa
de nível superior.
Apesar de existirem as obras anteriores de A. Costa e de J. A. Pereira, o desconhecimento da arqueo-
logia brasileira era quase absoluto no público em geral. As pessoas cultas até podiam falar de arqueologia
mediterrânea, mas nem cogitavam que algo de interessante pudesse ser desenterrado no Brasil. Por isso,
na Apresentação da primeira edição de um livro anterior sobre arqueologia brasileira (publicado pela Unb),
escrito entre 1979 e 1981, senti a necessidade de justificar a existência de um livro sobre um tema que ain-
da era praticamente desconhecido dos leitores brasileiros. De forma inesperada e apesar das suas muitas
imperfeições, o livro foi bem acolhido pelo público universitário em geral.
Desde então, multiplicaram-se as pesquisas em território brasileiro e a divulgação dos resultados co-
meçou a ser feita no grande público. Primeiro por meio da televisão nos anos de 1980 e 1990 e, a partir do
ano 2000, através de grandes exposições nas capitais e de ações de educação ambiental ou patrimonial,
realizadas por vezes nas regiões mais isoladas do país.
Na segunda edição do livro publicado pela Unb, pude somente acrescentar um posfácio de apenas
sete páginas, para mencionar superficialmente os principais campos de pesquisa abertos durante os vinte
anos que se seguiram à redação inicial. Desde então, a explosão dos conhecimentos – principalmente nas
partes ocidental e setentrional do Brasil – tornou este texto totalmente ultrapassado, sem que outro manual
tenha sido publicado para substituí-lo.
Assim sendo, empreendemos a árdua tarefa de fazer este novo livro a partir de um texto antigo, após
consultar as dissertações e teses apresentadas nesses últimos anos e da bibliografia recente. Apesar dos nossos
esforços, estamos cientes de que provavelmente deixamos de consultar algumas das numerosas publicações
posteriores a 1982 e das teses ou dissertações acadêmicas defendidas nos últimos vinte anos. Consultamos
apenas uma pequena porcentagem dos relatórios de pesquisa inéditos conservados nos Serviços regionais SUMÁRIO
do Patrimônio Federal. De fato, se conhecer toda a produção arqueológica brasileira já era difícil para uma
só pessoa nos anos de 1980, isso se tornou absolutamente impossível hoje em dia. Apesar disso, arriscamos
a aventura de propor, como autor único, uma nova apresentação do passado remoto do Brasil, para manter
a unidade que falta às obras escritas com muitas mãos.
De qualquer forma, algumas obras coletivas publicadas nos últimos quinze anos (Coletivo, 1999; Tenório
org., 2000); permitem completar certos aspectos do nosso trabalho, e, sobretudo, apresentam outras visões,
enriquecedoras. Obviamente, os estudantes – a quem se dirige principalmente a presente obra – não devem
privilegiar uma obra única como manual, mesmo quando esta propõe a compilação mais completa disponível.
Desistimos de apresentar a arqueologia histórica brasileira neste volume, pois a explosão quantitativa
1ª Parte
de pesquisas neste campo tornou inviável uma síntese por parte deste autor que, não sendo especialista, não Capítulo 1
poderia apresentar de modo abrangente e crítico a massa de documentos agora disponível. Assim sendo, HISTÓRIA DA PESQUISA ARQUEOLÓGICA
solicitamos que colegas mais competentes se encarreguem de realizar um manual especial de Arqueologia E DA PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA NO BRASIL____________________________________ 15
Histórica, que completará o presente trabalho.
A ilustração da primeira versão de Arqueologia Brasileira foi feita integralmente com desenhos de Capítulo 2
autoria do autor. Na época, publicar fotografias – particularmente, coloridas – significava um custo muito SÍTIOS E VESTÍGIOS PRÉ-HISTÓRICOS NO BRASIL_________________________________ 43
alto. Esses desenhos apresentavam quase exclusivamente peças arqueológicas – uma ilustração um tanto Capítulo 3
árida – pois o autor, autodidata em desenho, não tinha competência para propor cenas ilustrando a vida A NATUREZA E O HOMEM PRÉ-HISTÓRICO NO BRASIL____________________________ 62
cotidiana dos antigos brasileiros. Hoje, os progressos das técnicas facilitam a utilização da fotografia, de forma
que o livro apresenta fotografias de peças especialmente belas e de arte rupestre, mas, sobretudo, mostra Capítulo 4
sítios e achados dentro do seu contexto paisagístico ou local. A utilização de desenhos não foi desprezada: ETNOGRAFIA, ETNOARQUEOLOGIA
aproveitamos as qualificações de dois dos nossos ex-estudantes para apresentar objetos excepcionais ou E ARQUEOLOGIA EXPERIMENTAL NO BRASIL____________________________________ 82
arriscar reconstituições de estruturas, de sítios ou de cenas da vida cotidiana.
Capítulo 5
OS ARTEFATOS: ELEMENTOS DE TECNOLOGIA E CATEGORIAS DESCRITIVAS____________ 97
Bibliografia: sínteses sobre a arqueologia brasileira
Coletivo 1999/2000 Antes de Cabral - Arqueologia brasileira, Revista USP, São Paulo, 44 (1): 1- 189 e 44 (2): 194-327 2ª Parte
(organizado por W. A. Neves)
Costa, J. A. 1934 Introdução à Arqueologia Brasileira, Etnografia e História, São Paulo, Cia Nacional. 348 p. Col. Brasiliana. Capítulo 6
Netto, L. 1885 "Investigações sobre a arqueologia brasileira", Archivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, 6: 257-554. A NOMENCLATURA DAS CULTURAS
Pereira Jr., J. 1967 Introdução ao estudo da Arqueologia Brasileira, São Paulo, 261 p. PRÉ-HISTÓRICAS AMERICANAS E SUA ADAPTAÇÃO NO BRASIL____________________ 153
Prous, A. 1992 Arqueologia Brasileira, UNB, Brasília, 612 p.
Capítulo 7
Prous, A. 2007 O Brasil antes dos Brasileiros, Zahar ed., 130 p.
O BRASIL DOS PRIMEIROS IMIGRANTES_______________________________________ 165
Tenório, M. Org. 2000 Pré-História da Terra Brasilis, UFRJ, Rio de Janeiro, 376 p.
Capítulo 8
O PERÍODO PRÉ-CERÂMICO
NAS TERRAS INTERIORANAS DO BRASIL MERIDIONAL________________________ 202
Capítulo 9
O “PRÉ-CERÂMICO” DO BRASIL CENTRAL E NORDESTE________________________ 235
Capítulo 10
AS CULTURAS DO LITORAL CENTRAL E MERIDIONAL:
O MUNDO DOS SAMBAQUIS MARÍTIMOS___________________________________ 291
Capítulo 11
OUTROS SÍTIOS DE COLETORES-PESCADORES
NO LITORAL MERIDIONAL, CENTRAL E NORDESTINO DO BRASIL ______________________ 362
Capítulo 12
AS CULTURAS CERAMISTAS REGIONAIS DO INTERIOR MERIDIONAL________________ 396
Capítulo 13
AS TERRAS ALAGADIÇAS DO BRASIL MERIDIONAL E OCIDENTAL________________ 425
Capítulo 14
AS CULTURAS CERAMISTAS REGIONAIS DO BRASIL CENTRAL E NORDESTE_______ 458
Capítulo 15
OS CERAMISTAS TUPIGUARANI______________________________________________ 509

3ª Parte
Capítulo 16
A PRÉ-HISTÓRIA MAIS REMOTA
DAS PARTES BRASILEIRAS DA AMAZÔNIA E DA GUIANA__________________________ 580
Capítulo 17
O DESENVOLVIMENTO DAS GRANDES ALDEIAS
NO MÉDIO CURSO DO RIO AMAZONAS_____________________________________ 605
Capítulo 18
OS ALDEÕES DA AMAZÔNIA ORIENTAL______________________________________ 618
Capítulo 19
MARAJÓ E O LITORAL DO AMAPÁ____________________________________________ 657
Capítulo 20
AS MARGENS DA AMAZÔNIA _____________________________________________ 713
Capítulo 21
GRAFISMOS PRÉ-HISTÓRICOS RUPESTRES _____________________________________ 751
Conclusão
A ARQUEOLOGIA BRASILEIRA EM PERSPECTIVA_________________________________ 811

Caderno de imagens_______________________________________________________ 833

Índice onomástico________________________________________________________ 849

Agradecimentos__________________________________________________________ 877
1ª Parte
Capítulo 1

HISTÓRIA DA PESQUISA ARQUEOLÓGICA


E DA PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA NO BRASIL

A história da bibliografia está, evidentemente, ligada à das pesquisas. As primeiras obras escritas que
apresentam informações aproveitáveis para o arqueólogo não oferecem estudos específicos, mas somente
alusões de ordem etnográfica, que, no entanto, ajudam a localizar as tribos indígenas em vias de extinção e
atribuir a determinados grupos estruturas que conhecemos hoje apenas arqueologicamente, como as casas
“subterrâneas” dos Guaianases, mencionadas por Gabriel Soares de Sousa. Ou, ainda, instrumentos que
não são mais fabricados pelos índios (machados semilunares dos Tapuias, descritos por Yves d’Evreux, pro-
pulsores das populações pernambucanas, pintados pelo holandês Albert Eckhout). Muito raramente sítios
arqueológicos eram reconhecidos como marcas dos antigos indígenas, tais como os sambaquis (descritos
por Fernão Cardim) e inscrições rupestres (vistas pelos soldados do capitão-mor Feliciano Coelho, em 1598).
Há, portanto, pouca coisa no período colonial além dos relatórios de cronistas. Sem dúvida, as autori-
dades da metrópole não procuravam incentivar o estudo das antigas culturas indígenas, cujo resultado só
poderia despertar o já incipiente nativismo brasileiro. No máximo, oficiais da Coroa portuguesa coletavam
objetos exóticos para o Gabinete Real de Curiosidades. Entre eles, podemos mencionar Alexandre Rodrigues
Ferreira, que nos anos de 1780 reuniu algumas pontas de pedra lascada, atribuindo-as corretamente a antigas
populações indígenas; ou Simon Pires Sardinha que, na mesma época, encontrou ossos de megafauna que
atribuiu a uma raça de gigantes extintos. Isso explica o número reduzido de textos aludindo ao passado
remoto do Brasil até o fim do século XVIII. Mas não se deve esquecer que também na Europa e nos Estados
Unidos a arqueologia nasceu somente no final do século XVIII (escavações de Pompeia, de alguns túmulos
da pré-história tardia então considerada “céltica”, na Europa, e de um mound do Mississipi) e que as cul-
turas não urbanas não eram ainda consideradas dignas de interesse científico, apesar da utilização do mito
do “bom selvagem” pelos filósofos iluministas.
No início do século XIX, com a instalação da Corte portuguesa no Brasil, a necessidade de se conhecer
melhor o país a fim de facilitar uma exploração mais diversificada, segundo uma ótica que já não era mais
colonial, valorizou as explorações sistemáticas. Não mais privilégio de bandeirantes – interessados somen-
te em ouro ou pedras preciosas –, passaram a ser realizadas por naturalistas. Geralmente europeus (Peter
Wilhelm Lund, A. de Saint-Hilaire, K. von Martius etc.), vez por outra a serviço dos respectivos governos, se
empenharam com paixão no estudo tanto da natureza virgem quanto das populações indígenas. Nenhum
deles se preocupava particularmente com arqueologia, mas não deixaram de mencionar os vestígios que
encontravam, por vezes atribuindo-os a tribos históricas. Se as informações dos naturalistas não são muito
mais ricas do que as do período anterior, demonstram que as “antiguidades” indígenas eram consideradas
dignas de serem relatadas para a comunidade letrada, preparando assim as discussões acadêmicas caracte-
rísticas do fim do século XIX que apoiariam seus argumentos em verdadeiras escavações.
Descrevemos aqui as atividades precursoras de um desses primeiros estudiosos do Brasil.

André Prous I ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores 15


As ideias de Peter Wilhelm Lund O papel do Instituto Histórico e Geographico Brasileiro (IHGB)

Em 1834, o botânico dinamarquês Peter Wilhelm Lund, também paleontólogo amador, fixou residência Os vestígios do passado indígena, de qualquer forma, começavam a interessar os intelectuais brasileiros.
na aldeia de Lagoa Santa, Minas Gerais, onde permaneceu até a morte, em 1880. Antes mesmo de 1840, F. de Varnhagem tinha visitado os sambaquis de São Luis do Maranhão, descrevendo-os
Entre 1834 e 1844, pesquisou mais de oitocentas grutas nessa região, dentro das quais ossos de ani- como antigos mausoléus. A criação, em 1838, do Instituto Histórico e Geographico Brasileiro (IHGB) – do
mais fossilizados estavam conservados há milhares de anos. Coletava esse material, descrevia-o, dando qual participavam F. Varnhagem, J. Araújo e Benigno de Carvalho – foi um marco para o estudo das anti-
assim a conhecer numerosas espécies de uma fauna extinta. Por essa razão, ele é considerado o “pai da guidades nacionais. Logo os membros da instituição se a propuseram investigar pinturas rupestres de Minas
paleontologia brasileira”. Na lagoa subterrânea do Sumidouro, encontrou ossos humanos misturados a Gerais, em discurso em que a palavra archeologia aparece pela primeira vez em texto brasileiro. Também
vestígios desses animais, hoje desaparecidos da Terra. A maneira como Lund discutiu o achado, analisando discutiram se as formas erosivas observadas no morro da Gávea, na baía de Guanabara, seriam inscrições
as características da matriz sedimentar e comparando o aspecto dos ossos humanos com o aspecto das fenícias. Em 1851, José de Araújo, o Barão de Porto Alegre, chegou a escrever uma peça humorística sobre
ossadas de fauna desaparecida, evidencia uma grande competência, sobretudo considerando-se a época o debate que cercou uma escultura de pedra supostamente encontrada no Vale do Rio Uaupés. Essa tinha
em que escrevia. sido comprada perto de Manaus pelo naturalista francês F. de Castelnau, mas L. Netto, diretor das coleções
Acontece que, nessa época, a existência de uma humanidade tão antiga a ponto de ter coexistido imperiais no Rio de Janeiro, considerou tratar-se de uma falsificação (o objeto está hoje conservado no Mu-
com uma fauna extinta não era ainda aceita pelo público e nem pela maioria dos cientistas (no grande sée du Quai Branly, em Paris). O escritor brasileiro apresenta caricaturas de cientistas franceses e ingleses
público, imaginava-se que a Bíblia tinha valor não apenas religioso, como também de registro histó- que interpretam a estátua das maneiras mais fantasiosas. Vários europeus fizeram coletas ou escavações em
rico). Pensava-se que o homem era um ser muito tardio na Criação. Tendo que admitir, com o desco- sambaquis: em 1865, o Comte de La Hure (em Santa Catarina) e R. Burton (na região de Santos e Cubatão);
brimento de animais fósseis desde o final do século XVIII, que existiram realmente animais diferentes em 1876, C. Wiener; em 1889, K. Von den Steinen (no Cabo Santa Marta - SC). Estes pesquisadores enviaram
dos atuais, os primeiros paleontólogos, discípulos do Barão de Cuvier – mestre de Lund e fundador da suas coleções para museus de Londres e de Hamburgo.
paleontologia – concebiam uma série de “catástrofes” que teriam destruído sucessivamente várias for-
mas de vida – uma ideia em parte resgatada hoje pela teoria das extinções em massa. O último desses O início da arqueologia brasileira: 1870-1914
acontecimentos teria sido um dilúvio (que, segundo o entendimento de Cuvier, não seria obrigatoria-
mente o mesmo dilúvio bíblico). Nessa perspectiva, podia-se acreditar na existência de um Homem Nesse momento, as teorias evolucionistas em biologia suscitaram a ideia de que, no campo cultural, as
“antediluviano”, com um mundo animal distinto do nosso. Mas tais ideias eram muito avançadas e sociedades se teriam transformado de forma sistemática desde formas mais simples, derivadas do comporta-
ninguém, até então, tinha imaginado que o Homem "antediluviano" pudesse ter existido nas Américas. mento animal, para formas cada vez mais complexas. Este evolucionismo cultural estabelecia vários patamares,
Os ossos humanos que Lund tinha descoberto talvez fossem realmente muito antigos, mas a maneira indo das formas mais primitivas de “selvageria” até a civilização superior (obviamente, esta representada pela
como foram encontrados sugeria que eles poderiam ter sido tardiamente misturados pelas enxurradas dos países da Europa ocidental), passando por várias fases de “barbárie”. O final do século XIX, positivista
provocadas por fortes chuvas com os dos animais desaparecidos. e materialista, media o nível de evolução pelo desenvolvimento da tecnologia – identificado através dos ar-
No entanto, o jovem dinamarquês convenceu-se da antiguidade do Homem de Lagoa Santa, sem tefatos que se produzia. Assim sendo, parecia claro que as diversas populações ainda observáveis no século
ser ouvido pelos cientistas de sua época. Pesquisou profundamente a geologia das grutas, e estabeleceu XIX apresentavam vários graus de evolução, com os caçadores-coletores em vários estágios de “selvageria”,
indícios de antiguidade a partir da pátina e das formas de fossilização dos ossos para sustentar sua tese. agricultores e pastores “bárbaros”, coexistindo com as populações “civilizadas” – elas mesmas mais ou menos
Lund parou de investigar o problema em 1844, submerso na enormidade da sua coleção que precisava evoluídas. Dessa forma, seria possível ver populações atuais como verdadeiros “primitivos”, fósseis vivos de
estudar e publicar. fases evolutivas ultrapassadas pelos ocidentais. A classificação das populações atuais nesse esquema tornava-
Apontando a existência de algumas espécies de mamíferos ainda existentes no meio das faunas “ante- -se possível a partir da descrição de sua tecnologia, e a dos grupos desaparecidos, a partir dos artefatos mais
diluvianas”, Lund começou a duvidar da teoria catastrofista de Cuvier, que implicava extinções completas. duráveis (de pedra e cerâmica) encontrados nas escavações (por isso fala-se em “Idade da Pedra” para os
Dessa forma, Lund parece ter procurado um outro tipo de explicação para o desaparecimento da megafau- estágios/períodos mais remotos). A introdução do método estratigráfico recebido dos geólogos e dos paleon-
na, intuindo talvez uma teoria evolucionista que seria exposta pouco depois. Em 1848, Darwin e Wallace tólogos permitia ver nos sítios arqueológicos, desde as camadas inferiores (mais antigas) até as superiores, a
fundamentavam uma nova teoria evolucionista (inclusive utilizando os estudos realizados pelo pesquisador progressão da humanidade. Determinava-se a evolução de uma idade da pedra lascada para a idade da pedra
dinamarquês) e pouco depois Lund pôde ler a obra do geólogo C. Lyell, que acreditava em transformações polida e dessa para uma idade dos metais, que levaria finalmente à civilização. Paralelamente, se discutia a
graduais da natureza e da paisagem. Aos poucos, abandonou as teorias “catastrofistas” de Cuvier para ex- origem biológica da humanidade: seria ela uma ou múltipla? Deveriam as “raças” ficar separadas geneticamente,
plicar os achados que tinha pesquisado. O patriarca de Lagoa Santa aos poucos se enclausurou no silêncio, sendo os mestiços condenados à degenerescência? Haveria raças inferiores, que deveriam ser eliminadas (após
evitando até receber visitas ilustres como a do explorador Richard Burton. o devido estudo científico) para dar espaço às raças superiores e mais evolutivas?
No século XX, com a aceitação de parte da comunidade científica internacional da possibilidade de A arqueologia, integrada à antropologia nascente, aparecia, portanto, como a forma de documentar a
um Homem americano pleistocênico, a controvérsia sobre a contemporaneidade de animais extintos e do evolução cultural e biológica da humanidade.
homem de Lagoa Santa estendeu-se até os anos de 1970. Assim, Barbosa Rodrigues reuniu coleções etnográficas sobre o norte amazônico, que incluíam peças

16 ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores I André Prous André Prous I ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores 17
Janeiro, uma grande exposição de antropologia – a primeira desse tipo apresentada na América Latina, que estudos etnográficos, de história das “artes primitivas” e da arqueologia. Encontramos manifestações dessa
deu espaço para exposição de crânios e artefatos pré-históricos. Ao mesmo tempo, uma exposição teuto- tendência nos estudos de E. Nordenskjöld ou de P. Rivet sobre a América do Sul. No entanto, os brasileiros
-brasileira realizada em Porto Alegre mostrava a coleção reunida localmente por K. von Kozeritz (a qual pouco participaram desse momento, liderado no exterior por diretores de museus europeus difusionistas e
desapareceu infelizmente no incêndio que marcou o final do evento). Outra coleção foi exposta na World’s por antropólogos culturalistas americanos. Isso porque a área de arqueologia foi praticamente desativada
Columbian Exposition de Chicago, em 1893. tanto no Museu Goeldi, em Belém, quanto no Museu do Ipiranga, em São Paulo, enquanto os etnógrafos
Podia-se esperar que, com um início tão promissor, a arqueologia brasileira se manteria no mesmo do país se desinteressavam pelo passado indígena. Apenas o Museu Nacional manteve algum interesse,
nível da pesquisa europeia e que as escavações estratigráficas seriam logo promovidas pelas três dinâmicas contratando, depois da Primeira Guerra Mundial, o jesuíta e arqueólogo alemão J. A. Padberg-Drenkpohl.
instituições criadas no final do século XIX, permitindo a elaboração de um quadro global da pré-história Este tornou-se, assim, o primeiro “profissional” no Brasil. Em 1926 e 1929 decidiu escavar, em Lagoa Santa
brasileira. Infelizmente, somente o Museu Nacional manteve alguma atividade arqueológica durante o pe- a Lapa Mortuária de Confins.
ríodo compreendido entre as duas guerras mundiais, e até 1950 poucas informações foram acrescentadas Durante esses anos, a controvérsia sobre a antiguidade do homem na América era grande. Apesar de a
aos conhecimentos anteriores a 1914. maioria dos cientistas não acreditar na presença da nossa espécie há mais de 4000 a 6000 anos na América
Como resultado dessa efervescência científica, nasceu uma bibliografia especializada, com muitas pu- (posição esta defendida pelo grande antropólogo americano Ales Hrdlicka), Padberg-Drenkpohl achou que
blicações, geralmente feitas por autores de origem estrangeira, dos quais muitos fixaram residência no os indícios coletados por Lund mereciam ser verificados. Para tanto, precisava encontrar vestígios humanos
Brasil. Os temas principais tratados nas publicações brasileiras eram os sambaquis meridionais e as culturas em níveis arqueológicos não perturbados, juntamente com animais pleistocênicos, cuja extinção se dera
situadas a jusante do rio Amazonas (Marajó, Guiana), enquanto na Europa os antropólogos começavam a uns dez mil anos atrás.
se interessar pelos crânios de Lagoa Santa, coletados por Lund no período anterior, mas cujo interesse apa- Com efeito, até o final do decênio de 1940 não havia outra possibilidade de se avaliar a idade aproximada
receu somente depois que a pré-história foi reconhecida como ciência e que os métodos antropométricos dos vestígios encontrados pelos arqueólogos no Brasil. Infelizmente, Padberg-Drenkpohl não encontrou,
foram desenvolvidos. no cemitério indígena de Confins (Lapa Mortuária) que escavou, animais desaparecidos associados aos
Entre 1880 e 1900, a pré-história brasileira era suficientemente divulgada para inspirar falsários euro- esqueletos humanos. Decepcionado, tornou-se adversário daqueles, como os membros da Academia de
peus. Particularmente, uma pseudoindústria foi “descoberta” no norte da Itália, a qual apresentava os típi- Ciências de Minas Gerais (Aníbal Matos, Arnaldo Cathoud, Harold V. Walter), que acreditavam na antiguidade
cos machados semilunares dos ancestrais das tribos Jês, provocando uma longa discussão entre os céticos do homem local, e nem mesmo chegou a publicar os resultados de suas pesquisas. O mesmo aconteceu
pré-historiadores franceses e seus crédulos colegas italianos. Na mesma época, exemplares de artefatos em 1937 com outra expedição do Museu Nacional, chefiada por Bastos d’Ávila. Orgulhoso de seu saber
falsificados, imitados de peças arqueológicas brasileiras, foram utilizados pelos partidários escoceses das de “profissional”, Padberg passou também a desprezar as informações fornecidas por amadores, como no
construções encontradas no rio Clyde (elas mesmas, falsificações). Os ímpetos nacionalistas levavam a dar caso das galerias subterrâneas de Santa Catarina, descritas com precisão por J. B. Rosa, as quais recusou
credibilidade a objetos que pareciam específicos de cada território e serviam para caracterizar as “raças” considerar pré-cabralinas, sem mesmo ter feito verificações nos locais. A cultura das “casas subterrâneas”
ancestrais (obviamente, a semelhança com artefatos brasileiros não era percebida pelas pessoas iludidas). que as aproveitou continuou, assim, desconhecida até o decênio de 1960 (sabe-se hoje que as galerias são
tocas de animais desaparecidos).
O período intermediário: 1915-1950 Tendo sido muito limitada a atividade de campo de Padberg, a arqueologia brasileira da primeira metade
do século XX foi feita por amadores, pertencentes a profissões diversas, que coletavam achados superficiais
Com efeito, naquele momento, o enfoque evolucionista passou a ser complementado (na Europa) ou e notavam a existência de inscrições rupestres (os engenheiros Teodoro Sampaio, na Bahia, e José Anthe-
substituído (nos Estados Unidos) por outras preocupações. Tratava-se do reconhecimento da diversidade ro Pereira Jr. em São Paulo), contudo raramente se empenhavam em verdadeiras escavações – trabalhos
da cultura material, mesmo entre povos que estivessem em um mesmo “patamar evolutivo”. Nascia a ideia dispendiosos, complicados e demorados. Mencionaremos particularmente o etnógrafo Curt Nimuendaju,
de que seria possível reconhecer culturas pré-históricas (então atribuídas a “raças” específicas) a partir de que, aproveitando suas andanças pela Amazônia, descobriu e divulgou a famosa cultura “Santarém”. No
elementos estilísticos, particularmente em diagnósticos na decoração e na forma, dos artefatos de cerâmica Nordeste, um modesto sertanejo, José de Azevedo Dantas, filho de pedreiro, percorreu entre 1924 e 1926
ou de metal, bem como também, até certo ponto, dos de pedra. Cada etnia teria assim seu repertório de o sertão de Seridó e de Carnaúba, copiando e comentando em seu caderno as pinturas rupestres da região.
formas, que o conservadorismo cultural manteria durante longos períodos, caracterizando tradições regionais. Morreu prematuramente de tuberculose sem ter ousado apresentar seu trabalho aos acadêmicos. Sua obra
Com efeito, considerava-se que a capacidade inventiva da mente humana era muito limitada, de forma que foi resgatada por G. Martin, que publicou seu manuscrito Indícios de uma civilização antiquíssima. No
dificilmente uma mesma inovação poderia surgir em dois momentos e dois lugares distintos. Algo como a Maranhão, o geólogo R. Lopes assinalou as palafitas de Cajari, escavando também em sambaquis fluviais
invenção do arco, ou da cerâmica, por exemplo, teria sido um evento único. Assim sendo, encontrar traços amazônicos (1919). Uma missão etnográfica do Museu de Filadélfia (EUA) escavou um cemitério pré-histórico
semelhantes em regiões diferentes somente poderia ser explicado pela migração do povo inventor, ou em Descalvado (MT), no ano de 1931.
pela difusão do objeto de um território para o outro, por comércio, troca ou rapina. Dessa forma, os fósseis Colecionadores como o médico L. Gualberto (São Francisco do Sul-SC) e Simões da Silva (Rio de Janeiro)
guias passaram a ser procurados não apenas para indicar a cronologia, mas também para determinar áreas publicaram notas sobre os instrumentos encontrados nos sambaquis destruídos, já que as municipalidades
culturais (na América do Norte) ou identificar a presença de determinadas “raças” ou culturas arqueológicas usavam as conchas para pavimentar as estradas litorâneas. O zoólogo Lange, de Morretes, recolhia objetos
(na Europa). Os mapas de distribuição de “traços culturais” tornaram-se uma ferramenta importante nos retirados pelos operários. As poucas escavações nessa região foram feitas perto de Itanhaém (1939) por

20 ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores I André Prous André Prous I ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores 21
modestos, exceto no Rio Grande do Sul. Os sítios litorâneos, tipo sambaqui, foram pouco pesquisados, Uma vez encerrado o Pronapa, o Museu Paraense Emílio Goeldi elaborou um projeto semelhante para a
com exceção do Paraná, talvez por serem já bastante conhecidos e a metodologia escolhida não se aplicar Bacia Amazônica – Pronapaba –, cujos trabalhos de campo terminaram no início dos anos de 1990.
com muito sucesso a eles. Várias instituições importantes, como o Museu Nacional, o Museu Paulista, o Museu de Antropologia
da Universidade Federal de Santa Catarina e o Instituto de Pré-História (IPH) da Universidade de São Paulo,
Mapa 1 - Pesquisas arqueológicas anteriores a 1985 não entraram no esquema do Pronapa. Dedicaram-se de preferência ao estudo minucioso de uns poucos
sítios típicos, procurando as estruturas de habitação, os hábitos alimentares, etc., às vezes deixando até
a prospecção em segundo plano. Essas divergências levaram alguns autores a oporem duas filosofias de
trabalho. Na verdade, as duas são complementares e a divisão encontrada no Brasil, como no restante da
América Latina, entre a escola de Ford (propagada pelos Evans) e outras escolas é um dos entraves ao
desenvolvimento harmonioso da arqueologia nacional. Felizmente, algumas equipes tentaram, depois de
1970, manter concomitantemente intensas atividades de prospecção e algumas de escavações sistemáticas,
considerando-se que isso permite uma visão mais rica dos fatos arqueológicos (Instituto de Arqueologia
Brasileira – IAB, UFMG e UFPI).
Alheios a essas discussões, pesquisadores isolados e associações amadoras, por vezes treinadas e até
integradas em pesquisas oficiais, pessoas como Guy Collet (no estado de São Paulo) ou J. Périé (no estado de
Mato Grosso), iriam prestar relevantes serviços à arqueologia, descobrindo sítios em regiões até então pouco
exploradas, apoiando os arqueólogos universitários e mostrando que havia lugar para não profissionais,
enquanto faltavam arqueólogos para dar conta das necessidades imediatas. Outros aficionados apenas
registravam informações que nem chegavam a publicar ou divulgar, tais como M. Pereira de Godoy, que
em 1974 levantava as pinturas em cerâmica Tupiguarani encontradas no interior de São Paulo.
O pesquisador isolado mais famoso e popular no sul do Brasil talvez seja o Pe. J. A. Rohr, célebre
por sua incansável atividade na defesa dos sambaquis catarinenses e pela riqueza dos sítios-cemitérios
que escavou.
Nos anos de 1980, houve um interesse renovado pela arte rupestre, com a realização, nos estados
do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e no Nordeste, de levantamentos
sistemáticos. Em 1970, um artigo do engenheiro, musicólogo e etnólogo D. Aytai já oferecia uma interpretação
estruturalista que apresenta uma nítida convergência de pensamento com as teorias de Annette Laming (mais
tarde Emperaire) e A. Leroi-Gourhan. Os trabalhos mais complexos nessa área são provavelmente os da
missão franco-brasileira, a partir de 1973. Um grupo do Centre National de la Recherche Scientifique, francês,
orientado por Annette Laming-Emperaire, trabalhou em Minas Gerais, em convênio com o Museu Nacional
e a Universidade Federal de Minas Gerais, e no Piauí, em convênio com o Museu Paulista e a Universidade
Federal do Piauí. Essas missões deviam proporcionar as primeiras datações para obras rupestres e sua inserção
no contexto cultural pré-histórico. Annette Laming-Emperaire faleceu acidentalmente em Curitiba, em 1977,
entretanto seu trabalho, apesar de inacabado, permitiu cristalizar os esforços isolados nesse campo, numa
O relatório final desses estudos ainda não foi publicado, mas já se dispõe, depois desses anos de intensa tentativa de unificação metodológica. Suas escavações em Minas Gerais também demonstraram a grande
atividade, de um quadro aproveitável nas suas grandes linhas, de numerosas datações radiocarbônicas e de antiguidade da presença do homem no Brasil, enquanto estudos pioneiros sobre o paleoambiente da Lagoa
uma massa enorme de documentos – inclusive artigos setoriais. Sobretudo, criou-se entre os participantes Santa foram iniciados. Vários estudantes e pesquisadores brasileiros estagiaram na escavação principal de
uma mentalidade: o hábito de se realizar numerosas prospecções rápidas, interessando, sobretudo, sítios Lapa Vermelha em 1973-1974, abrindo-se novas perspectivas em relação às técnicas de escavações.
superficiais, com coleta de material em superfícies limitadas, para serem estudados como amostragem. No centenário da morte de Peter Wilhelm Lund (1980), o balanço dos últimos anos parecia muito
Essa filosofia de trabalho, à qual aderiram outros pesquisadores (como a importante equipe do Instituto alentador. Vários pesquisadores já ocupavam postos nas universidades, embora houvesse ainda vários estados
Anchietano de Pesquisas de São Leopoldo - RS), preenche bem as necessidades de arqueólogos que iniciam da União sem sequer uma pessoa para trabalhar nessa parte. Surgiram as primeiras experiências de ensino
as pesquisas em regiões desconhecidas, propiciando rapidamente uma visão geral, ainda que superficial. da arqueologia: créditos em nível de graduação eram oferecidos em muitas universidades do Sul, do centro
Por outro lado, ela se presta pouco às reconstruções paleoetnográficas, se não for completada por algumas e em algumas do Norte do país. Criou-se um mestrado em antropologia na USP, com arqueologia como
escavações sistemáticas e demoradas que requerem recursos humanos, financeiros e tempo consideráveis. área de concentração. Cursos de especialização eram ministrados no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte e

26 ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores I André Prous André Prous I ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores 27
A divulgação da pesquisa tornou-se uma vertente importante da atividade dos arqueólogos. Podem-se BARRETO, C. 1998 Arqueologia brasileira: uma perspectiva crítica e comparada. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia,
USP, série Suplemento, 3: 201-212.
citar as grandes exposições realizadas na oportunidade das festividades do Brasil 500 anos, em 2000, no
CHMYZ, Igor (org.). 2007 Anais do Seminário Trajetórias e Perspectivas da Arqueologia Brasileira. Arqueologia, Centro de
Parque Ibirapuera de São Paulo. Vários museus regionais foram criados para abrigar e expor os vestígios e Estudos e Pesquisas Arqueológicas da UFPR (CEPA/UFPR), v. 4, 243 p.
as pesquisas realizadas, particularmente durante projetos de salvamento. O maior desses empreendimentos DOMINGUEZ, M. et al. (org.). 2009 Desafios da Arqueologia – Depoimentos. Erechin: Habilis, 239 p. (incluindo depoimentos
provavelmente seja o Museu de Xingó, que desempenha um importante papel na educação patrimonial nos de 15 arqueólogos brasileiros).
estados de Sergipe e Alagoas. Várias publicações discutem a legislação, os problemas da arqueologia de COLOMBO, André Vieira; CORRÊA, Ângelo Alves. 2014 Cavernas da Babilônia. Cadernos do Leparq, 11(20): 194-207.
contrato e as políticas de preservação dos bens e sítios arqueológicos. No entanto, embora essa diversificação DANTAS, J. A. [ms: 1926] Indícios de uma civilização antiquíssima. João Pessoa : Fundação Casas José Américo e Instituto
seja bem-vinda, nota-se que, na arqueologia de contrato, as atividades e publicações didáticas (palestras de Histórico e Geográfico Paraibano (1994).

educação patrimonial, cartilhas para crianças) passam por vezes a substituir os relatórios científicos como EREMITES, J. 2002 A arqueologia brasileira da década de 1980 ao início do século XXI: uma avaliação histórica e historiográfica.
Estudos Ibero-Americanos, 28(2): 25-52.
produto de pesquisa, em vez de completá-los. Dessa forma, a divulgação patrimonial em nível elementar
FERREIRA, L. Menezes. NOELLI, F. 2007 Richard Burton, Os sambaquis e a arqueologia no Brasil imperial. Revista do Museu
corre o risco de se tornar uma desculpa para que muitas equipes negligenciem a aquisição de informações de Arqueologia e Etnologia, USP, 17: 149-168.
e a elaboração de conhecimentos. FERREIRA, L. Menezes. NOELLI, F. 2009 João Barbosa Rodrigues: precursor da Etnoclassificação na arqueologia amazônica.
Amazônica, revista de Antropologia, 1(1).
A ação das agências de fomento e a arqueologia acadêmica HOLTEN, B.; STERLL, M. 2011 P. W. Lund e as grutas com ossos em Lagoa Santa. Belo Horizonte : Editora UFMG,
335 p.
O financiamento na formação de profissionais e de pesquisas acadêmicas depende de agências
JORGE, M. 2004 O Ateliê da Luzia. Vídeo. Curitiba : Zencrane.
federais e estaduais. A Finep chegou a apoiar alguns projetos arqueológicos (pesquisas e museus),
mas fica fora de acesso da maioria das equipes. O CNPq (federal) proporciona numerosas bolsas para LANGER, J. 2001 Os sambaquis e o império: escavações, teorias e polêmicas, 1840-1889. Revista do Museu de Arqueologia
e Etnologia, São Paulo, 11: 35-53.
estudantes de graduação e pós-graduação, assim como para pesquisadores. Também concede verbas
LANGER, J. 2001 Peter Lund e as polêmicas arqueológicas do Brasil império. História e perspectivas, Uberlândia, 24: 51-69.
para um número restrito de pesquisas de campo e de laboratório nacionais ou binacionais. Algumas
LANGER, J. 2002 Vestígios na Hiléia: a arqueologia amazônica durante o segundo império. Boletim do Museu Paraense
Fundações de Amparo à Pesquisa estaduais dispõem de recursos razoáveis e investem regularmente Emilio Goeldi, série Antropologia, Belém, 18(1): 59-87.
no campo da arqueologia (Fapesp e Fapemig, por exemplo), enquanto outras pouco contribuem à LANGER, J. 2004 Raças e pré-história: as pesquisas arqueológicas no Império brasileiro. Estudos de História, UNESP, Franca,
pesquisa nessa especialidade. 10(1): 89-116.
LANGER, J. 2014 A arqueologia e as origens imaginárias da nação brasileira, 1839-1889. Labirinto, revista eletrônica da
Universidade Federal de Rondônia.
A Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB) e a comunidade de arqueólogos
LANGER, J.; SANTOS, S.F. 2002 Império selvagem: a arqueologia e as fronteiras simbólicas da nação brasileira (1850-1860).
Essa Sociedade foi fundada em Goiânia em 1980, numa reunião de arqueologia realizada a partir de uma Revista de História, UFES, 14: 37-64.
iniciativa dos alunos do curso de Arqueologia das Faculdades Estácio de Sá do Rio de Janeiro, preocupados
LIMA, T. Andrade. 1988 Patrimônio Arqueológico, ideologia e poder. Revista de Arqueologia, 5(1): 19-28.
com a ausência de um fórum de debates e de oportunidades para compartilhar os resultados das pesquisas.
LIMA, T. Andrade (org.). 2002 A Arqueologia no meio empresarial. Atas do Simpósio de Goiânia, Instituto Goiano de Pré-
A reunião de Goiânia congregou algumas dezenas de participantes, entre os quais praticamente todos os história e Antropologia, Universidade Católica de Goiás.
pesquisadores da época. Além da criação da Sociedade (SAB), decidiu-se que esta organizaria reuniões LIMA. T. Andrade (org.). 2007 Patrimônio Arqueológico: o desafio da preservação. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico
(atualmente, congressos) a cada dois anos e manteria a Revista de Arqueologia. A SAB contava com 380 Nacional, Brasília, 33.
filiados em 2009 e tem sociedades regionais vinculadas nas diferentes regiões do país, que organizam MIRANDA, M. P. de Souza. 2006 Tutela do Patrimônio Cultural Brasileiro. Belo Horizonte : Del Rey, 480 p.
congressos locais em anos alternados com os congressos nacionais. NAUE, G.; HILBERT, K.; MONTICELLI, G. 1996 O Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas (CEPA): 10 anos de pesquisas
arqueológicas na PUC-RS. In: KERN, A. (org.). Anais da 8ª reunião científica da Sociedade de Arqueologia Brasileira,
Entre arqueólogos formados e técnicos treinados que acompanham regularmente as grandes equipes, Porto Alegre, Coleção Arqueologia, v. 1, p. 155-166.
a comunidade que vive da arqueologia (de contrato, principalmente) conta provavelmente com 3.000 a NETTO, L. 1885 Investigações sobre a Archeologia brasileira. Archivos do Museu Nacional, 6: 257-554.
4.000 pessoas nesse segundo decênio do século XXI. É possível que a crise que afeta atualmente o Brasil e NEVES, W.; PILÓ, L. 2008 O Povo de Luzia. São Paulo : Globo, 334 p.
as legislações restritivas que se tentam impor para reduzir a obrigatoriedade e a intensidade da arqueologia
OLIVEIRA, J. 2002 História da arqueologia paranaense 1876-2001. Dissertação de mestrado. Universidade Estadual de
preventiva provoquem uma retração nos próximos anos. Quer isso ocorra ou não, será importante agora Maringá, 308 p.
investir mais na qualidade da formação dos pesquisadores do que em sua quantidade, e que se exija OLIVEIRA, R.; PROUS, A.; TOBIAS, R. 2014 Bibliografia da arqueologia brasileira – 4. Arquivos do Museu de História Natural,
dos relatórios da área um melhor nível técnico-científico que permita um aproveitamento maior para os v. 22. (disponível na internet, no site do Setor de Arqueologia pré-histórica do Museu de História Natural UFMG – no item
“pesquisa”).
pesquisadores acadêmicos.
PELEGRINI, S.; FUNARI, P. P. A. 2008 O que é patrimônio cultural imaterial. São Paulo : Brasiliense, 118 p.
PROUS, A. 1979/80 História da pesquisa e da bibliografia arqueológica no Brasil. Arquivos do Museu de História Natural
Bibliografia UFMG, Belo Horizonte, 4: 11-24.
PROUS, A. 1994 L’archéologie brésilienne aujourd’hui: problèmes et tendances. In: LÉVÊQUE, P. et al. (ed.). Études Brésiliennes
BARBOSA, E.; SOARES, I. D. 1996 Valentín Calderón: Vida e Obra. In: KERN, A. (org.) Anais da 8ª reunião científica da (Annales littéraires de l’Université de Besançon), Besançon, 130: 9-43.
Sociedade de Arqueologia Brasileira. Porto Alegre, Coleção Arqueologia, 1(1): 131-150.

40 ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores I André Prous André Prous I ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores 41
PROUS, A. 1996 Histórico do Setor de Arqueologia UFMG e papel das missões franco-brasileiras. In: KERN, A. (org.). Anais Capítulo 2
da 8ª reunião científica da Sociedade de Arqueologia Brasileira, Porto Alegre, Coleção Arqueologia, 1(1): 131-150.
PROUS, A. 2013 As muitas arqueologias de Minas Gerais. Revista Espinhaço, Diamantina, UFVJM, 2(2): 36-54.
SAFRA, 2007. O Museu Nacional. São Paulo : Banco Safra. 359 p. SÍTIOS E VESTÍGIOS PRÉ-HISTÓRICOS NO BRASIL
SOUZA, A. Mendonça de. 1991 História da Arqueologia Brasileira. Pesquisas, série Antropologia, São Leopoldo, Instituto
Anchietano de Pesquisas, 46, 147 p.
SCHMITZ, P. I.; VERARDI, I. 1996 A pesquisa arqueológica no Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS. In: KERN, A. (org.).
Anais da 8ª reunião científica da Sociedade de Arqueologia Brasileira, Porto Alegre, Coleção Arqueologia, 1(1): 167-178.
TENÓRIO, M. C.; FRANCO, T. C. (org.). 1994 Seminário para implantação da temática Pré-História Brasileira no Ensino
de 1º, 2º e 3º grau. Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O pré-historiador procura estudar as sociedades do passado remoto da humanidade nos seus aspectos
mais diversos: físico, demográfico, patológico, tecnológico, dieta, sociedade, economia, padrões de ocupação
do território e até rituais. Como o pesquisador não dispõe de textos escritos, utiliza exclusivamente os vestígios
materiais deixados por nossos longínquos predecessores nos sítios arqueológicos, que são coletados por
meio das técnicas arqueológicas. A arqueologia é, portanto, o único meio para o pré-historiador conseguir
sua documentação, enquanto para o historiador ela fornece informações complementares àquelas trazidas
pelos textos escritos.
Neste capítulo, daremos uma breve exposição do que são os vestígios atualmente estudados e mostraremos
algo da variedade dos sítios e da forma de estudá-los. Destacaremos as condições peculiares ao Brasil, que
tornam necessária uma adaptação das técnicas às realidades locais.

Os vestígios arqueológicos

Consideramos vestígios arqueológicos todos os indícios da presença ou atividade humana em


determinado local, dentro do seu ambiente. Alguns são macroscópicos, ou seja, podem ser vistos a olho
nu. Outros são microscópicos: grãos de pólen ou de amido, fitólitos, ou até elementos químicos cujo teor
na matriz sedimentar possa indicar atividades humanas. Para se inserir tais vestígios no contexto natural
(clima, vegetação, fauna, proximidade da água) é preciso preocupar-se também com os restos indiretamente
ligados ao homem, pois eles também revelam em que condições estava vivendo.

Vestígios diretos. Chamaremos vestígios diretos os testemunhos materiais presentes e observáveis


nos níveis arqueológicos. Podem ser visíveis (macrovestígios) ou não (microvestígios).
Os vestígios mais frequentemente encontrados nos sítios são aqueles de matérias quase indestrutíveis:
pedras (instrumentos, elementos de muros, pedras de fogueira etc.) e cerâmica quando bem queimada
(porém, a cerâmica ocorre apenas nos períodos mais recentes, e pode ser destruída caso o arado tenha sido
passado muitas vezes). Fragmentos de carvão vegetal são também vestígios importantes, por fornecerem
datações (radiocarbônica) e permitirem a identificação dos vegetais (estudos de antracologia).
Não devemos esquecer que pedra, cerâmica e carvões são apenas uma pequena fração dos materiais
utilizados ou modificados pelo homem. Imagine-se a pobreza da informação que fornecem a respeito dos
homens pré-históricos, comparando-a à que teria um arqueólogo do futuro, achando na terra exclusivamente
objetos de plástico. O pré-historiador está numa situação semelhante, quando dispõe apenas de vestígios
líticos e/ou cerâmicos.
Os vestígios de conservação regular são os que se podem encontrar em determinadas condições, no

42 ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores I André Prous André Prous I ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores 43
de paleogenética através dos quais podem ser desvendadas relações entre populações pré-históricas por Figura 1 - Formação de pseudoartefatos e pseudoestruturas
vezes muito distantes.
Coprólitos (fezes fossilizadas) oferecem desde material para estudos genéticos até as informações mais
precisas possíveis sobre a dieta pré-histórica – já que os vestígios ósseos de animais e raros restos de plantas
encontrados fora do corpo podem não ser representativos do que era efetivamente consumido. Os grãos de
pólen contidos nessas dejeções indicam até a estação do ano em que foram expelidos.
É bom frisar que os vestígios encontrados num sítio não são obrigatoriamente representativos do que
ocorria no passado. Por exemplo, os restos de alimentos consumidos casualmente durante uma estadia
rápida em abrigo natural podem ser bem diferentes daqueles que correspondem às refeições costumeiras
nas habitações a céu aberto.

A noção de estrutura arqueológica

Os vestígios de um sítio não aparecem isoladamente, mas em um conjunto cujo sentido procuramos
desvendar. Assim, uma estrutura arqueológica é um conjunto significativo de vestígios. Nesse aspecto,
um buraco escavado dentro de um solo endurecido e avermelhado é um vestígio, e carvões pré-históricos
são outros vestígios. Todavia, o preenchimento, por carvões, de uma depressão ou fossa, cujo fundo terroso
é endurecido pelo calor, forma uma estrutura de combustão – nesses casos, uma fogueira ou um forno. No
contexto de uma estrutura, os vestígios se explicam um pelo outro, numa totalidade inteligível. Tratando-
se de arte rupestre, a identificação de constantes permite evidenciar estruturas. Por exemplo, a associação
preferencial entre certos temas, certas cores ou até mesmo a localização constante de um tipo de grafismo
em determinada posição topográfica.
A arqueologia moderna é caracterizada, em grande parte, pela passagem do simples estudo dos vestígios
de cada época para uma busca de estruturas a serem interpretadas. Em consequência, a coleta dos vestígios
durante as escavações é feita dentro de técnicas que permitem determinar as relações entre todos os elementos
do quebra-cabeça arqueológico. Enquanto algumas estruturas são perceptíveis ainda in situ (sepultamentos,
por exemplo), muitas são “discretas” e somente aparecem no laboratório quando é analisada, nas plantas
realizadas pelos arqueólogos, a posição dos vestígios uns em relação aos outros.
Exemplificaremos aqui, apresentando várias grandes categorias que se inter-relacionam frequentemente.
Podemos classificá-las pelo tamanho e pela função.
Propomos chamar macroestrutura o que se relaciona com a organização de todo o território de uma
mesma população. Por exemplo, a tentativa de se evidenciar as diferentes áreas de exploração econômica, os
sítios permanentes e os sítios satélites de acampamentos sazonais. Essas macroestruturas reúnem, portanto,
conjuntos de sítios.
Propomos chamar estrutura de nível médio a organização geral de um sítio para determinada época.
Serão diferenciadas, por exemplo, as áreas culinárias, sepulcrais, de refugo, de preparação culinária, de
atividades estéticas ou rituais. Um solo de ocupação dentro de um sítio de acumulação sedimentar rápida
forma uma estrutura desse tipo.
Propomos chamar microestrutura cada conjunto significativo estudado isoladamente dentro de um sítio.
Referem-se a inúmeras categorias: microestruturas de habitat, como alinhamentos de vestígios de postes ou
sustentáculos, paredes, muros, canalizações etc.; microestruturas de combustão, como áreas de combustão
(partes queimadas), fogueiras, lentes de resíduos queimados retirados pelo homem (limpeza de fogueira)
ou pela erosão (lixiviação); microestruturas escavadas (fossas, silos, esconderijos); microestruturas de
sepultamento, etc.

46 ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores I André Prous André Prous I ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores 47
Alguns pioneiros I

Variedade de sítios

Caderno de Imagens
832 ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores I André Prous André Prous I ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores 833
IV Pré-cerâmico interiorano Pré-cerâmico em Minas Gerais V

836 ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores I André Prous André Prous I ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores 837
XVI Arte rupestre amazônica Índice onomástico

1 –Antropônimos (em negrito); etnonimos (em escrita Arawetê.......................................................................... 572.


normal) e categorias linguísticas (em itálico). Aruã.........................................................................685, 689.
Aruaque (Arawak).............. 85, 92, 554, 605, 690, 739, 748.
Abel................................................................................ 826 Ávila, J. E...................................................................... 699.
Abbeville, C. d’–.......................................................... 527. Assis, V. de –........................................................515, 573.
Ab’Saber, A.N..........................................72, 173, 174, 585. Asteca............................................................................. 827.
Absy, M.L...................................................................... 173. Asurini (Assurini)................................85, 92, 509, 525, 538.
Aché (ou: Guayaki)................................................242, 827. Avila, B. d’–.............................................................. 21, 22.
Acosta, D.......................................................511, 552, 556. Aytai, D..27, 90, 352, 751, 753, 755, 759, 760, 765, 778, 802.
Acunha, C. de –.......................................................... 639. Azevedo, L. de –.......................................................... 408.
Acuto, F............................................................................ 39
Adovasio, D.................................................................. 192. Baeta, A.. 473, 520, 529, 551, 640, 648, 752, 755, 786, 789.
Afonso Coutinho, M.................................................... 399 Baffa, O......................................................................... 179.
Aguiar, A...............................771, 772, 775, 776 , 781, 803. Bakairi............................................................................ 797.
Agostinho, P.......................................................... 91, 593. Balée, W.................................................................... 72, 73.
Albisetti, C...................................................................... 88. Bandeira, A...................................391, 596, 598, 598, 599.
Albuquerque, M...................................272, 274, 278, 511. Bandeira, D...................................316, 319, 335, 363, 759.
Alcântara, H................................................................. 836. Baniwa........................................................................... 745.
Alemães ......................................................................... 575. Barata, F........................................621, 622, 624, 629, 639.
Almeida, F. de –........... 514, 527, 542, 550, 559, 562, 846. Barbosa, A. Sales –..............................................261, 734.
Almeida, L. de –.......................................................... 800. Barbosa de Faria, J..............................................633, 635.
Almeida, R. Trindade de –.................................751, 772. Barbosa, M................................................................... 305.
Alonso, M. Lima...........................................255, 552, 770. Barleu, G....................................................................... 129.
Alves, C......................................................................... 368. Barreto, C..............................................179, 671, 681, 692.
Alves, J.......................................................................... 668. Barreto, L......................................................178, 488, 495.
Alves, Marcia Angelina...............................255, 482, 887. Barnichta, F................................................................. 678.
Alves, Marcony.... 623, 628, 634, 635, 637, 640, 641, 648. Barth, M........................................................................ 836.
Alvim, M. C. M. e –.196 286, 309, 337, 338, 339, 340, 470, Beber, M. V...........................................402, 405, 408, 410.
480, 553, 555, 585. Beck, A.... 158, 297,306, 308, 310, 320, 332, 333, 334, 337,
Amanã Waiwai............................................................ 836. 344, 348, 350, 351, 352, 374, 436.
Amâncio, S. Gleyde Martinelli ver: Martinelli Becker, I.I........................................................74, 217, 218.
Amaral, M. do – ......................................................... 319. Becker, M. ver: Beltrão, M.
Ambrosetti, J. B........................................................... 544. Becquelin, P..................................................712, 713, 715.
Ameghino, F................................................................. 197 Behling, H..................................................................... 206
Amenomori, S. Name –............................................. 371. Beletti, J.........................................................600, 609, 612.
Angelis, W. d’–.....................................................421, 422. Beltrão, M. C. de M. C....179,180, 181,188, 190, 204, 213
Angrizani, R.................................................................... 555. 297, 305, 473, 553, 555, 744, 760, 777, 778, 792, 802, 803.
Anthonioz, S................................................................ 765. Benedetto, C................................................................ 218.
Antunes, C.................................................................... 502. Berenhauser, C........................................................... 393.
Aquino, J. d’–.............................................................. 632. Berra, J...........................................................752, 789, 799.
Aparia, o Grande (chefe indígena)......................... 615. Betendorf, J. F. (Pe)................................................... 631.
Araona............................................................................ 738. Bezerra, F..................................................................... 781.
Arachanes....................................................................... 437. Bianchi, N. O............................................................... 169.
Araona............................................................................ 738. Bigg–Wither, T............................................................ 421.
Araripe, T. de A........................................................... 781. Biocca, E......................................................................... 22.
Araújo, A...................................17, 92, 236, 241, 247, 399. Bitencourt, A. L........................................................... 774.
Arechavaleta, J............................................................ 426. Bigarella, I.K. & J.J................. 23, 173, 190 304, 347, 363.

848 ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores I André Prous André Prous I ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores 849
Bittar, L......................................................................... 495. Carapamin...................................................................... 739. Coroados (do Rio de janeiro).................................471, 473. Eremites, J. de Oliveira, ver: Oliveira, J. Eremites de –
Blasi, O.......................... 236, 303, 531, 543, 554, 751, 765. Carbonera, M........................................................220, 228. Costa, A..................................................................670, 677. Etchevarne, C....................... 266, 389, 476, 477, 496, 497.
Blasis, P. De –....................... 213, 262, 310,342, 354, 365. Carijós.....................................................................378, 559. Costa, C. O. da –......................................................... 267. Espanhóis....................................................................... 569.
Blog, C.......................................................................... 593. Carle, M........................................................................ 519. Costa, F. A...................................................................... 22. Estrada, E..................................................................... 545.
Boëda, E.................................................................192, 194. Cardim, F............................................................... 15, 389. Costa, F. Walter –........................................507, 591, 592. Europeus.................................................573, 575, 613, 821.
Boggiani, G.................................................................. 530. Cardoso, J..................................................................... 460. Coudreau, H. & O..............................507, 6446, 700, 783. Evans, C.............................. 25, 27, 92, 143, 157, 510, 581,
Bischoff, T...................................................................... 513. Carneiro, R...................................................583, 746, 828. Courty, M. A................................................................. 192. 582, 583, 584, 598, 599, 611, 612, 618, 619, 645, 657, 660,
Boggiani, G.................................................................. 440. Cartelle, C.............................................................181, 383. Coutinho, M. Afonso ver: Afonso. 661, 662 – 668, 670, 673, 677, 683, 686, 687, 688, 689, 691,
Bóglar, L....................................................................... 523. Carvajal, G...........................................6011, 613, 631, 633. Cruz, D.......................................................................... 563. 694, 697, 700, 701, 705, 706, 708, 739, 835.
Boksar, R. Bracco ver: Bracco Boksar Carvalho, A..........................................470, 531, 544, 842,. Cruz, Miranda da –.................................................... 685. Evreux, Y. d’ – (Pe.)......................15, 630, 739, 740, 751.
Bombim, M.................................................................. 178. Carvalho, B. de –.......................................................... 17. Cunha, C....................................................................... 213.
Boomert, A....................................................586, 645, 744. Carvalho, C.................................................................. 339. Cunha, Euclides da –........................................... 22, 816. Fairbridge, R...................................................18, 295, 341.
Borba, T........................................................................ 421. Carvalho, E. Teixeira de –.383, 384, 386, 387, 465, 471, 472. Cunha, E. Salles..................... 24, 338, 339, 383, 385, 472. Falcão, A....................................................................... 781.
Borba Gato, M............................................................. 484. Carvalho, Feliciano de –........................................... 749. Cunha, F....................................................................... 348. Farabee, W............................ 665, 669, 670, 676, 690, 695.
Borges, M..................................................................... 770. Carvalho, O...................................................283, 286, 498. Cunha, L. Moreira da –......................................180, 181. Faria, J. Barbosa de –, ver: Barbosa de Faria, J.
Bororo (Boe wadáru)............... 78, 127, 242, 493, 660, 801. Carvalho, S............................................................530, 543. Cunhambebe........................................................564, 571. Faria, E.......................................................................... 553.
Borreto.......................................................................... 546. Castelneau, F. de –....................................................... 17. Curina............................................................................. 736. Faria, L. de Castro...................................................... 358.
Botocudos...............................................................286, 552. Castilho, P. de –.......................................................... 346. Cuvier, G........................................................................ 16. Farias, M....................................................................... 555.
Bracco, R. Boksar.................................426, 427, 429,437. Castro, E. Viveiros de –............................................. 572. Femenias, J.................................................................. 426.
Brandt, P. A................................................................. 751. Castro, F. Paula –....................................................... 717. Daniel, Pe. João.......................................................... 632. Fernandes, Florestan............................................. 564.
Breuil, H. (Pe.)............................................................ 792. Cataguás (Cataguazes)............................................492, 493. Danon, J................................................................662, 689. Fernandes, J. Loureiro –..................................... 24, 833.
Brito, M.......................... 464, 467, 531, 537, 602, 772, 846. Cathoud, A........................................................21, 23, 285. Dantas. J. de Azevedo –............................................... 21 Fernandes, J. Silvestre............................................... 391.
Brochado, J.J.P........ 83, 84, 134, 138, 218, 220, 221, 222. César, J. C..................................................................... 474. Dantas, V...................................................................... 488. Fernandes, L. Abraham..............................476, 477, 479.
Brown Jr................................................................174, 585. Chandler, D. & E........................................................ 734. Darwin, Ch.................................................................... 16. Fernandes, S................................................................ 488.
Bryan, A. L..... 25, 130, 185, 188, 189, 236, 261, 302, 303, Chamacoco.................................................................... 454. Dauvois, M................................................................... 146. Ferraz, S. de Souza..............................286, 339, 553, 739.
306, 308, 330, 332, 335, 371, 398, 420. Chané............................................................................. 454. De Blasis, P., ver: Blasis, P. De – Ferreira, A. Rodrigues –.............................................. 15.
Buarque, A.................... 465, 520, 521, 523, 525, 557, 561. Chanoca, M... 175, 403, 443, 463, 571, 675, 687, 797, 848. Debret, J. B.................................................................. 801. Ferreira, P.................................................................... 554.
Buchaim, J................................................................... 208. Charrua........................................................................... 437. DeMasi, M. Nadal de –. 31, 213, 305, 308,333, 335, 348, Ferreira Penna, D. ver: Penna, D. Ferreira...................
Buc, N............................................................................ 130. Chehuiche, L.M.T.................................................384, 386. 349, 379, 405, 411, 420. Ferri, M.G..................................................................... 488.
Buco, C...................................................282, 767, 769, 792. Chiara, W........................................................83, 801, 802. Denevan, W................................................................. 607. Figueira, J..................................................................... 426.
Budweg, H.................................................................... 788. Chmyz, I.. 78, 134, 215, 223, 254, 332, 353, 379, 392, 398, Desana........................................................................... 816. Figuti, L..................................................................335, 346.
Bueno, L........................................................262, 263, 460. 402, 404, 405, 409, 418, 510, 512, 515, 517, 520, 521, 528, Dias, A. Schmidt –...............................158, 209, 210, 226. Fillipini,........................................................................ 366.
Burton, R...........................................................17, 18, 741. 531, 532, 533, 543, 545, 553, 554, 559, 790, 835. Dias Jr., O.F..252, 381, 382, 385, 465, 470, 469, 470, 471, 472, Fish, P........................................................................... 362.
Clastres, P....................... 90, 566, 572, 820, 828, 829, 830. 473, 474, 479, 482, 486, 555, 561, 713, 733, 736, 738, 835. Flexor, J. M.................................................................. 291.
Cabeça de Vaca, A. Nuñez..................................444, 453. Clement, C......................................................71, 594, 748. Dole, G.......................................................................... 714. Fogaça, E................................................................ 26, 282.
Cabral, M. Petry –.591, 657, 692, 693, 695, 700, 702, 706, Clottes, J....................................................................... 803. Dougherty, B................................................716, 718, 739. Ford, J.A....................................................................... 143.
816, 844. Coelho, F........................................................................ 15. Drenkpohl, J. H., ver: Padberg–Drenkpohl Franceses....................................................................... 685.
Cabral, O...................................................................... 325. Coelho, I....................................................................... 339. Duarte, D. Talim –..............................592, 601, 637, 648. Freitas, F....................................................................... 834.
Cabral, P. Alvares....................................................... 812. Coelho, V. Penteado.................................................... 800 Duarte, P.........................................................24, 306, 348. Frikel, P. 73, 586, 636, 637, 641, 644, 646, 650, 651, 652,
Cabrera, L..................................................................... 437. Coimbra, M...................................................718, 729, 782. Duviol. P....................................................................... 827. 709, 784.
Cadogan, L., s. j.......................................................... 572. Collet, G–C................. 27, 90,203, 227, 363, 364, 759, 760. Frot, A........................................................................... 486.
Caim.............................................................................. 826. Colombel, P................................................................. 765. Eble, A. B...............................................................301, 410. Fulnió............................................................................. 801.
Caixeta, R....................................................................... 75. Comerlato, F.................................................752, 762, 763. Eckhout, A................................................................ 15, 90. Funari, P. P.............................................................. 29, 39.
Calandra, H...........................................................716, 739. Combes, J. L................................................................. 607. Eickstedt, E. von–....................................................... 284. Fundurlick, A.............................................................. 326.
Caldarelli, S.. 212, 227, 399, 401, 409, 411, 412, 414, 589. Constenla, R................................................................ 556. Emerillon........................................................................ 745. Furer, B......................................................................... 774.
Calderón, V..266, 267, 281, 314, 388, 389, 390, 474, 496, 498. Copé, S. Moehlecke –......... 399, 400, 402, 407, 437, 500. Emperaire, A. ver: Laming–Emperaire, A.
Calipo, F....................................................................... 368. Correa, A....................... 511, 530, 531, 549, 550, 557, 602. Emperaire, J..... 24, 30, 302, 304, 306, 310, 316, 329, 333, Gadelha, O..................................................................... 31.
Camões, L. de –............................................................. 56. Correa, C. G..........................................506, 622, 627, 640. 335, 345, 348, 363, 510, 548, 751. Galdino, L..............................................................486, 776.
Campos, A. Pires de –............................................... 438. Correa, M. Pio –............................................................ 73. Enawene Nawe...............................................139, 141, 801. Garcia, J........................................................................ 782.
Capdepont, I................................................................ 429. Corrêa, M. V...................................................785, 786, 787 Engels, F................................................................. 19, 817. Garcia del Rio, C.................... 90, 293, 328, 334, 342, 344.
Carajá (Inã), ver: Karajá. Coroados (Kaingang).............................................404, 421. Epine, P. L’–.................................................................. 19. Gardiman, G................................................................ 484.

850 ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores I André Prous André Prous I ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: a pré-história e os verdadeiros colonizadores 851
Gaspar, M. D................. 103, 300, 334, 343, 351, 353, 838. Hoehne, F..................................................................... 568. Klökler, D.............................................303, 311, 339, 349. Lima, E.......................................................................... 648.
Glaziou, A....................................................................... 19. Holandeses.............................................................629, 686. Kneip, L.M............................................................320, 382. Lima, H..........................................................608, 611, 614.
Gauleses......................................................................... 825. Howard, G.................................................................... 580. Koch–Grünberg, T..................................................... 783. Lima, J. Dias –..............................281, 282, 283, 333, 340.
Gaulier, P..............................................................554, 573. Humboldt, A. von –..................................................... 92. Koeller Asseburg, I.............................................630, 640. Lima, K......................................................................... 445.
Gazzeano, M................................................................ 377. Hubbes, M.............................................................338, 381. Koenigswald, G. von –.............................................. 421. Lima, L. F. Erig –........................................................ 453.
Germanos....................................................................... 825. Hure, B. Comte de La –............................................. 217. Koole, E.........................................................215, 248, 255. Lima, M. Alonso ver: Alonso Lima, M.
Girelli, M...............................................444, 757, 760, 761. Hurt Jr., W. R.................... 24, 25, 158, 236, 304, 317, 320. Kozeritz, H. von –........................................................ 20. Lima, M. Amaral –...................................................... 621.
Glória, E. Lima............................................................ 645. Krahó............................................................................. 801. Lima, Marjorie......................................................602, 842.
Gobineau, J.A................................................................ 19. Ihering, H von ..............................................19, 334, 543. Kren–a–Kororé (= Panarás) Lima, T. Andrade –.28, 138, 328,329, 342, 342, 353, 381,
Godoy, M. Pereira de –................................................ 27. Imazio da Silveira, M. ver: Silveira, M. Imazio Kreutz, M. R................................................................. 557. 383, 384, 385, 435, 473, 511, 538, 558, 563, 804.
Goeldi, E................................................592, 639, 697, 700. Imbelloni, J...................................................284, 338, 432. Krone, R.. 78, 302, 305, 317, 332, 333, 341, 344, 348, 420. Lima, T. Vargas –........................................................ 757.
Goffergé, C. N.............................................................. 347. Imhof, A....................................................................... 338. Kuhloff......................................................................... 314. Limaverde, R............................................................... 762.
Goitacá............................................................129, 333, 472. Imo Waiwai.................................................................. 641. Kuikuru............................................................................ 85. Linke, V........................................................................ 404.
Gomes, D...... 584, 601, 618, 620, 621,622, 623, 624, 626, Inã ver: Karajá Kumu, Umusin............................................................ 803. Lopes, D........................................................................ 589.
628, 630, 632, 640, 643, 644. Inuit (Esquimó).............................................................. 165. Kunzli, R...................................................................... 789. Lopes, J..................................................................435, 436.
Gomes, J....................................................................... 612. Iriarte, J.................................................426, 427, 433, 436. Kwatta............................................................................ 664. Lopes, R.......................................................................... 21.
González, E. Robrahn.................................552, 723, 799. Izidro, J..................................................................379, 380. López, F. Solano.......................................................... 149.
Gorcex, C....................................................................... 19. Isnardis, A..................... 236, 248, 460, 463, 839, 847, 848. Labre, A........................................................................ 738. Loponte, D............................ 220, 228, 229, 416, 513, 552.
Gorotire............................................................................ 72. Lage, A. L...................................................................... 780. Lourenço, J.S............................................................... 668.
Grandemagne................................................................ 320. Jabotão, Frei A. –........................................................ 129. Lage, W......................................................................... 781. Lousada, J..................................................................... 203.
Green, D....................................................................... 664. Jácome, C..............................................492, 529, 533, 842. Laming–Emperaire, A. (ou Emperaire, A. )......... 24, 25, Lozano, P. de –........................................................... 512.
Grenand, P..................................................................... 72. Jê (Gê) .... 92, 286, 446, 472, 473, 492, 493, 505, 506, 527, 27, 82, 84, 156, 183, 212, 302, 304, 206, 310, 316, 329, 333, Lumley, M. A. & A. de –............................................ 188.
Gruhn, R....................................................................... 189. 562, 745, 802, 829. 335, 345, 348, 363, 509, 510, 548, 767, 792, 804, 812, 835. Luna, S.......................................................................... 543.
Gualberto, L................................................................... 21. João Daniel (Pe.) ver: Daniel, J. Langer, J....................................................................... 800. Lund, P. W................... 15, 16, 18, 165, 167, 174, 175, 751.
Guapindaia, V.............. 601, 618, 633, 636, 63&, 657, 695. Jobim, P. de Campo Mello, P. ver: Mello, P. Jobim de Lanna, A. L................................................................... 765. Lyell, C............................................................................ 16.
Guedes, A. Pinto de Lima.....................88, 691, 685, 697. Campo – Lanning, E. P............................................................... 345.
Guanases.................................................................. 15, 483. Jorge, M.......................................................................... 39. Laraia, R. B................................................................... 516. Maaz, J.......................................................................... 427.
Guarani.. 92, 229, 363, 419, 433, 437, 444, 511, 512, 554, Junqueira, P.A......................................254, 255, 484, 561. Laroche, A. F. G...................................157, 190, 197, 502. Mabilde, P.............................................................399, 404.
559, 561,562, 573–575, 793, 829. La Salvia, F.......134, 138, 390, 401, 402, 404,408, 415,417, Macedo Neto, L....................................................266, 267.
Guato............................................................................. 438. Kaapor (Urubu)....................................................... 72, 799. 428, 429, 530. Machado, A.................................................................. 743.
Guayaki, ver: Aché Kadiveú (= Caduveo, Guaycuru).................................. 444. Lathrap, D..................... 582, 583, 584, 615, 616, 682, 748. Machado, J............................................611, 610, 613, 839.
Guaycuru, (Guaicuru, Kaduveo)................................... 454. Kaiapó (Kayapó, Caiapó).............70, 79, 85, 229, 488, 493. Lavina, R................................................376, 545, 550, 551. Machado, L................................................................... 460.
Guidon, N...... 159, 191, 275, 306, 333, 334, 528, 751, 767, Kaingang..... 21, 74, 404, 407, 409, 416, 418, 419, 421, 660. Lazzaroto, D................................................................. 406. Machado, N...........................................................399, 402.
768, 771, 772, 780. Kalapalo........................................................................... 85. Leão, A. E. de –............................................................. 19. Maku.............................................................................. 585.
Guimarães, C. M..........................................352, 636, 770. Kamaiurá (Kamayurá)............................................. 85, 566. Ledru, M. P............................................................174, 206. M’bya (Guarani)......................................................454, 574.
Kamakã (Camaquã)....................................................... 554. Leite Filho, D........................................598, 739, 740, 741. McDonald, R................................................................ 626.
Hammen, T. van der –.......................................170, 173. Kamaso, L.................................................................... 399. Leite, S...........................................................516, 544, 743. McEwan, C................................................................... 656.
Hansen, S..................................................................... 285. Kamayura....................................................................... 717. Leme, F. Dias Paes –............................................ 84, 561. McNeish, R. S............................................................... 155.
Hartmann, T.................................................................. 90. Kant, I........................................................................... 751. Leroi–Gourhan, A............................27, 82, 254, 801, 820. Magalis, J...................................................................... 681.
Hartt, C. F..................................................................... 672. Karajá (Carajá, Inã).........................493, 521, 627, 678, 800. Letourneau, F................................................................ 87. Maku.............................................................................. 585.
Hatzinguen, N. von –................................................. 641. Karib (Carib).............................................................. 85, 92. Léry, J........................................................................ 89, 90. Makuxi....................................................592, 626, 787, 850.
Heckenberger, M.........................583, 584, 714, 715, 716. Kashimoto, E................................229, 231, 438, 440, 450. Lessa, A......................................................................... 340. Malta, I. M.....................................................254, 255, 484.
Henriques, G............................................................... 473. Kaxuyana....................................................................... 650. Lessa, I.......................................................................... 239. Manizer, H............................................................404, 421.
Herder, J......................................................................... 92. Kempf, V. G................................................................. 416. Lessa, R......................................................................... 834. Maori.............................................................................. 821.
Heredia, O.............................................................305, 445. Kenhiri, Tolamân........................................................ 803 Levi, F............................................................................ 736 Maranhão, M............................................................... 553.
Heriarte, M............................................................632, 633. Kern, A..........................................211, 225, 304, 327, 426. Lévi–Srauss, C....................................................... 87, 766. Marques, M.................................................................. 504.
Hilbert, K......................................226, 592, 600, 601, 692. Kern, D. C.................................................................... 606. Lessa, R......................................................................... 836. Maranca, S...............................................54, 520, 526, 528.
Hilbert, P.P. .. 25, 581, 583, 584, 596, 600, 601, 602, 611, Kestering, C..........................................................268, 775. Lewis–William, D....................................................... 803. Marin, W....................................................................... 846.
612, 613, 614, 618, 633, 634, 636, 704, 709. Khaldun, A. ibn –....................................................... 830. Lima, A. Pessoa –................. 546, 674, 677, 842, 843, 847. Martin, Dilamar.......................................................... 254.
Hoeltz, S........................................107, 217, 225, 227, 232. Kipnis, R.......................................236, 264, 589, 720, 723. Lima, B............................................................................ 73. Martin, Gabriela............. 21, 203, 266, 390. 767, 768, 774.

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