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HIPATIA

1. Introdução
O Objetivo desta pesquisa foi conhecer mais esta filósofa que admiro pela sua fortaleza e
perseverança.
Nasceu em Alexandria, Egipto cerca de 370 e morreu em 415 de nossa era. Criada em
meio as efervescência de idéias científicas e, incentivada pelo pai, estudou matemática e
astronomia na Academia de Alexandria, onde se tornou professora viveu e morreu no meio
da cultura, do conhecimento e mistérios da humanidade.
Foi uma ardente defensora do paganismo numa fase em que o triunfo do cristianismo era
uma realidade.
Celebrizou-se como notável matemática, física, astrónoma e, sobretudo, como filósofa,
tendo dirigido a escola neoplatónica de Alexandria.

2. Sobre o Museu
A cidade de Alexandria no Egito, era um centro intelectual e comercial muito importante, e
era culturalmente muito rica pois viviam egípcios, romanos, gregos, árabes, sírios, persas e
judeus.
A idéia de uma cultura universal, cosmopolita, cultivada na Grécia, foi trazida para o Egito
por Alexandre o Grande, quando da fundação de Alexandria, e por seu parente, o
macedônio Ptolomeu I, o primeiro faraó do Egito sob domínio grego.
Diz a História que Demétrio de Phaleron, sábio da primeira geração de Peripatéticos,
incentivou Ptolomeu I a fundar em Alexandria uma academia similar à de Platão. Ele
fundou uma escola que foi a primeira universidade , tal qual como hoje conhecemos. Levou
a trabalhar os melhores filósofos, médicos, astronomos, poetas matemáticos de sua época e
chamou de MUSEU, palavra grega que significa "lugar donde habitam as musas".
A ideia da criação de Museus provém de Pitágoras, que fundou uma espécie de confraria,
na qual o culto das Musas simbolizava o estudo e a investigação da Ciência (Sophia, ou
seja, o Conhecimento Integral). As casas pitagóricas chamavam-se Museus.
Platão instalou a sua Academia em Atenas, em sua propriedade pessoal, e nela se incluía
um jardim para passeio, salas-de-estar onde decorriam diálogos sobre temas da Sabedoria e
instalações privativas para o director e os alunos.
O Liceu de Aristóteles tinha uma orientação metodológica que pressupunha a cooperação
entre sábios na investigação. Após a morte de Aristóteles, o seu sucessor Teofrasto
organiza, no Liceu, um Museu onde existiam salas de aula, alojamentos para os professores
e a grande biblioteca reunida pelo estagirita.
Demétrio de Falero virá a basear-se nesse modelo e ampliá-lo-á em Alexandria.
O Museu em Alexandria tinha duas bibliotecas, uma para uso exclusivo dos académicos, e
outra que podia ser consultada por qualquer cidadão. Tinha também , um centro de historia
natural com espécies dissecadas, um zoológico para o estudo de animais vivos, salas de
dissecação, um jardim botânico, um observatório, atelier de desenhos e de construção de
aparelhos para facilitar a investigação em astronomia e geografia, pátios, salões de estudos,
salas de música e alojamentos para os acadêmicos.
A localização de Alexandria como um centro comercial, e como o maior exportador de
material para escrever, ofereceu vastas oportunidades para o contato entre diferentes
culturas e formas de pensamento.

3. A vida de Hipatia
Quando Hipatia nasceu , o Museu de Alexandría já existia há sete séculos e o cristianismo,
que acabara de converter-se em religião oficial, estava a ponto de terminar com ele, pois
representava "o centro mais importante do saber grego" que para os cristãos era sinônimo
do "saber pagão" que deveria ser perseguido e exterminado.
Seu pai, Theón, ilustre filósofo e matemático trabalhava no Museu, foi o mestre de Hipatia
desde pequena.
Theón foi uma exceção, pois permitiu que sua filha se convertesse em astrônoma, filósofa
e matemática, fato inusitável, uma vez que nessa época as mulheres não tinham direito a
educação e suas vidas transcorriam nos espaços privados de suas casas, com suas famílias,
suas amigas e com as tarefas femininas.
A infância de Hipatia transcorreu sempre em ambiente propício ao estudo, como o Museu e
sua legendária biblioteca.
Era reconhecida em Alexandria por sua beleza e eloquência, foi para Atenas continuar seus
estudos. Na Grécia lhe deram o cognome de “A Filósofa”, e onde quer que estivesse,
impressionava a todos que a conheciam pela sua inteligência.
Em Atenas, fez-se discípula de Plutarco, o qual professava um ensinamento neoplatônico
para os iniciados, baseado nos Oráculos Caldéicos e nos segredos da teurgia. ou trabalho
divino, ou a Magia Sagrada. Acredita-se que Hipatia foi admitida junto com Siriano
(discípulo de Plutarco) a tais lições de filosofia esotérica das quais tomava parte ativa
Asclepigenia, a filha de Plutarco.
Quando Hipatia regressou à sua pátria, os magistrados convidaram-na para ensinar, dando-
lhe a cátedra que havia ocupado o célebre Plotino. A reputação de sua sabedoria e de sua
habilidade para o ensino se estendeu por todas as partes, e rapidamente cresceu de forma
assombrosa o número de seus discípulos.
Contam os biógrafos que Hipatia , quando estava ainda sob a tutela e orientação do seu pai,
ingressou numa disciplinada rotina física para assegurar um corpo saudável para uma mente
altamente funcional. Pelas manhãs ela dedicava várias horas aos exercícios físico, depois
tomava banho que a relaxava e lhe permitia concentrar a mente para dedicar-se, o resto do
dia, ao estudo das ciências , à música e a filosofia .
Foi tal sua reputação, que ao Museu, vinham estudantes da Europa, Ásia e Africa a assistir
suas aulas de “A Aritmética de Diofanto" e a sua casa converte-se em um grande centro
intelectual.
Herdera da escola Neoplatonica de Plotino, explicava todas as ciências filosóficas a quem
desejasse. Por esse motivo, que quem desejasse pensar filosóficamente , iria ao encontro
dela. Mais do saber da filosofía era também uma incansável trabalhadora das ciencias
matemáticas"
Hipátia é um marco na História da Matemática que poucos conhecem, tendo sido
equiparada a Ptolomeu (85 - 165), Euclides (c. 330 a. C. - 260 a. C.), Apolônio (262 a. C. -
190 a. C), Diofanto (século III a. C.) e Hiparco (190 a. C. - 125 a. C.).

Do seu trabalho, infelizmente, pouco chegou até nós. Alguns tratados foram destruídos com
a Biblioteca, outros quando o templo de Serápis foi saqueado. Grande parte do que sabemos
sobre Hipátia vem de correspondências suas e de historiadores contemporâneos que dela
falaram.
Um notável filósofo, Sinesius de Cirene (370 - 413), foi seu aluno e escrevia-lhe
freqüentemente pedindo-lhe conselhos sobre o seu trabalho. Através destas cartas ficou-se a
saber que Hipátia inventou alguns instrumentos para a astronomia (astrolábio e planisfério)
e aparelhos usados na física, entre os quais um hidrômetro.
Sabemos que desenvolveu estudos sobre a Álgebra de Diofanto ("Sobre o Canon
Astronômico de Diofanto"), que escreveu um tratado sobre as seções cônicas de Apolônio
("Sobre as Cônicas de Apolônio") e alguns comentários sobre os matemáticos clássicos,
incluindo Ptolomeu. E em colaboração com o seu pai, escreveu um tratado sobre Euclides.

4. A sua morte
No ano 390 , Teófilo, o bispo de Alexandria, mandou queimar e destruir todos os templos
gregos o que provocou o levante de grande parte do povo; o conflito terminou em uma
terrível matança. Era claro que o catolicismo não ia permitir que a inteligencia e a cultura
grega continuasse florescendo e a única maneira de acabar com ela ou pelo menos de
mantê-la distante da vida dos cidadãos (agora cristãos) era matando seus defensores. O
único lugar donde a cultura continuou crescendo foi precisamente o Museu de Alexandria,
pois tornara-se famoso em muitos lugares e sábios de todo o mundo vinham trabalhar nele.
Alexandria era uma cidade em conflito. A escravidão já havia minado a civilização
clássica. A Igreja Cristã em expansão estava consolidando seu poder e tentando erradicar a
influência e a cultura pagãs. Hipátia estava no meio, no epicentro destas forças sociais.
Cirilo, o bispo de Alexandria desprezava-a, em parte por ela ser muito amiga do governador
Romano, Orestes, mas também por que ela simbolizava o estudo e a ciência que a Igreja
associava com o paganismo.
Conseguiu levantar o espírito decaído dos poucos que restaram , mas pagou caro pela sua
ousadia. Fazendo pouco caso aos pedidos de Orestes, Hipatia se negou a trair seus ideais e
converter-se ao cristianismo, apesar de saber perfeitamente que era considerada altamente
perigosa para os interesses da igreja, por conhecer e entender muito bem as tramas do
Patriarca Cirilo e ter um profundo conhecimento dos ritos e cerimônias que a nascente
religião cristã estava plagiando do paganismo.

A esse respeito a Mestra Blavatsky nos diz o seguinte: “... Hipatia ensinava as doutrinas do
divino Platão e Plotino, dificultando com isso o proselitismo cristão, pois descobria o
fundamento dos mistérios religiosos engendrados pelos Padres da Igreja e declarava a
origem platônica do idealismo do qual a nova religião se havia apropriado para seduzir um
grande número de pessoas. Além disso, Hipatia era discípula de Plutarco, chefe da escola
ateniense, e conhecia os segredos da teurgia; portanto, seus ensinamentos eram um
gravíssimo obstáculo para a crença popular nos milagres, cuja causa a insígne mestra podia
explicar satisfatoriamente. Não é de estranhar que sua sabedoria e eloquência
conclamassem.
Ao que parece, os assassinos de Hipatia eram clérigos, monges fanáticos da igreja de São
Cirilo de Jerusalém. Não se sabe se Cirilo coordenou diretamente o assassinato, mas pelo
menos criou o clima político que possibilitou fatos tão atrozes. Mais tarde, Cirilo foi
canonizado.
A respeito da morte de Hipatia, a Mestra Blavatsky nos diz: “Como repulsivo exemplo da
justiça humana, vemos glorificado com auréola de santidade o astuto, cruel e intrigante
bispo de Alexandria, e em contrapartida proscritos e perseguidos os gnósticos. Por um lado
o clero cristão impetra a maldição divina contra a teurgia, e por outro pratica durante
séculos a magia negra e a feitiçaria.
Vemos Hipatia, a gloriosa filósofa, despedaçada pelas turbas cristãs, e frente a ela levanta-
se triunfante o fanatismo, ou a falta de pudor de Catarina de Médicis, Lucrécia Borgia,
Juana de Nápoles e Isabel de Espanha, apresentadas ao mundo como fiéis filhas da igreja.
Verdadeiramente ímpio é o idolátrico culto à Maria como deusa imaculada quando a
acompanham semelhantes exemplos...”.
Na quaresma , em março de 415, acusada de conspirar contra o patriarca cristão de
Alexandria, foi assassinada..
"A arrancaram de sua carruagem, a deixaram totalmente nua; lhe retalharam a pele e a
carne com conchas afiadas, até que seu alento deixou seu corpo..."
Sócrates Escolástico
Orestes informou o assassinato e solicitou à Roma que se iniciasse uma investigação. A
investigação postergou-se por diversas vezes por falta de testemunhas e mais tarde Cirilo
proclamou que Hipatia estava viva em Atenas. O brutal assassinato desta grande mestra
marcou o final do ensinamento neoplatônico em Alexandria.
Ao assassinar Hipatia mataram a uma mulher, a uma matemática e filósofa, a primeira na
história e a mais notável de sua época; mas não puderam assassinar o pensamento filosófico
e matemático grego..

5. Conclusão

Hipatia, como todos os grandes seres, soube morrer com dignidade, e não teve medo da
morte; sabendo-se em perigo, permaneceu dando seu ensinamento e vivendo suas
convicções até o final. Esta maravilhosa personagem que a história nos deu é um exemplo
de fortaleza e nobres virtudes; soube viver com valor em um mundo que lhe era
abertamente hostil. Sua inteligência, sua beleza, suas convicções, sua ciência e sua filosofia
foram vividas com plenitude por esta extraordinária mulher à qual o mundo não pôde impor
sua obscuridade.
Do ponto de vista individual, a nobreza de Hipátia, a última grande luz da (Biblioteca) de
Alexandria, refulge ainda mais em face da ignorância, do fanatismo e da crueldade de que
foi vítima; de um ponto de vista coletivo, porém, este foi (mais) um episódio trágico e
marcante das perseguições contra o saber antigo, das quais resultou uma época de
obscuridade e ignorância.
É com esses belos exemplos que marchamos os acropolitanos, pois aprendemos que o Ser
Humano deve comprometer-se firmemente com o seu Destino Histórico, com os seus
antecessores Divinos , com o momento atual e com o Futuro.

Bibliografia
http://biosofia.net/2003/09/29/gloria-e-ruina-de-alexandria/
http://www.matematica.ucb.br/sites/000/68/00000074.pdf
http://www.levir.com.br/teosofia/teosofia17.php
http://juliano.multiculturas.com/textos/JBlazquez_Sinesio_Hypatia.pdf
http://redescolar.ilce.edu.mx/redescolar/act_permanentes/mate/nombres/mate1h.htm
http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/Hipatia0.html
http://www.nova-acropole.org.br/revista/revistana42.htm

Rosio Narda Aparício Hernandez


São Jorge- 2009

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