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NOTAS DE AULA - 3

Aristóteles
 Biografia
 Auge da filosofia grega, é auge do pensamento humano,
é o auge da razão. É o ponto mais alto a que chegou a filosofia.
 Aristóteles nasceu em Estagira, na Calcídia, região dependente
da Macedônia, em 384 a. C. Todavia, nessa região, falava-se
o grego; a cultura era essencialmente grega.
 Mãe – Phaéstis, foi parteira e era originária de Cálcis, cidade da ilha de Eubéia.
Pai – Nicômaco, parece ter vindo da Messênia, era médico célebre e amigo de
Amintas III, pai de Felipe II, pai de Alexandre Magno (356 – 323 a. C.). O pai
de Aristóteles morreu antes de formar o filho na sua arte.
 Depois da morte do pai e da mãe, Aristóteles foi adotado por um tal Próxeno de
Atarnea. Depois da morte de Próxeno, Aritóteles adotará, por sua vez, o filho de
seu benfeitor, Nicanor, a quem dará a sua filha, Pítia, em casamento.
 Da infância e da adolescência de Aristóteles pouco se sabe.
 Aos dezessete anos, por volta de 367 a.C., vai para Atenas, atraído pela intensa
vida cultural da cidade que lhe acenava com oportunidades para prosseguir seus
estudos.
Aristóteles
 Biografia
 Aristóteles não era belo para os padrões vigentes no mundo grego:
tinha longas pernas finas; dificuldade para pronunciar corretamente
as palavras, o que devia causar lhe embaraços numa sociedade que
valorizava a beleza física e a eloquência.
 Duas eram as instituições educacionais que disputavam em Atenas a
preferência dos jovens:
1. Uma liderada por Isócrates (436 a.C. – 338 a.C.), pai da oratória,
que seguia a trilha dos sofistas – ensinava a arte da persuasão por
meio da palavra manipulada com o brilho e a eficácia dos recursos
retóricos;
2. Outra liderada por Platão (428/427 - 348/347 a. C. ) que ensinava a
seus discípulos que a atividade humana não poderia ser norteada
por valores instáveis, formulados segundo o relativismo e a
diversidade das opiniões; requeria uma ciência (episteme) da
realidade.
Diante desses dois caminhos, Aristóteles não hesita e ingressa
na Academia de Platão.
 Aristóteles frequenta a Academia por 20 anos até a morte de seu
mestre em 347 a. C.
Aristóteles
 Biografia
 Aristóteles já trazia como herança de seus antepassados, acentuado
interesse pelas pesquisas biológicas; assim, ao matematismo dominante na
Academia platônica, Aristóteles irá contrapor o espírito de observação e a
índole classificatória, típicas da investigação naturalista.
 Apesar da grande admiração pelo mestre, Aristóteles discorda de certos
elementos da teoria platônica – aqui um traço da personalidade de
Aristóteles – grande amor à verdade: o filósofo deve sacrificar seus
sentimentos mais pessoais e mais íntimos para salvaguardar a verdade.
Entre Platão e a verdade é sagrado preferir a verdade.
 Aristóteles foi movido a vida inteira por um único desejo dominante: o
desejo de conhecimento – esteve voltado, sobretudo, para promover a
descoberta da verdade e aumentar a soma de conhecimento humano.
 Para Aristóteles, “todos os homens desejam por natureza conhecer”.
Dizia ele: “a aquisição de sabedoria é agradável; todos os homens se
sentem à vontade na filosofia e desejam despender tempo nela, deixando
de lado todas as outras coisas”
Aristóteles
 Biografia
 Depois da morte de Platão (347 a. C.), Aristóteles vai para Assos, na Ásia Menor
(Turquia), onde Hérmias, antigo escravo e ex-integrante da Academia, havia se
tornado governante/tirano: aí havia uma comunidade de platônicos. Não se sabe
muito bem o motivo dessa partida; todavia..
 Aristóteles decepciona-se com a indicação do sobrinho de Platão, Espeusipo
(filósofo e professor medíocre que virá a sucumbir de morte sinistra,
devorado por piolhos), para a direção da Academia
 Em Assos, Aristóteles permanece três anos: teria aberto aí uma escola e
feito suas as primeiras pesquisas de história natural.
 Depois da morte de Hérmias, traído por gente vendida aos persas que o
crucificam, Aristóteles casa-se com a sobrinha de Hérmias, Pítia, que lhe deu
uma filha (Pítia) e vai para Mitilene, capital da ilha de Lesbos. Aí permanece
durante 2 anos, dando lições ou simplesmente trabalhando nas suas obras.
 Depois da morte de Pítia, Aristóteles desposa Herpilis que lhe deu um filho,
Nicômaco.
 No ano de 343, tornou-se preceptor de Alexandre Magno (Pela – capital da
Macedônia): um tipo excepcional; a pessoa que realizou a primeira revolução
geopolítica do mundo pagão. Durante 13 anos, Alexandre realizou feitos militares
extraordinários, com um exército de cerca de 35 mil homens. Encontro de duas
inteligências incomuns – Aristóteles foi uma das maiores inteligências que esse
mundo já viu: até quando ele erra, ele acerta; tem ali uma intuição fulgurante.
Aristóteles
 Biografia
 Depois de morte de Filipe II em 336 a. C. (assassinado), Alexandre sobe
ao trono e Aristóteles vai para Atenas. Em Atenas, abre uma escola, o
Liceu.
 Aristóteles, durante 12 anos, ensinou no Liceu todos os ramos do saber
filosófico – o Liceu tornou-se principalmente um centro de estudos
dedicados às ciências naturais.
 Apesar da estima que Alexandre devotava a seu antigo mestre,
uma barreira os distanciava:
 Aristóteles não concordava com a fusão da civilização grega
com a oriental – gregos e orientais possuíam naturezas
distintas com distintas potencialidades, e não deviam
coexistir sob o mesmo regime político.
 Depois da morte de Alexandre em 323 a.C. um sentimento antimacedônio
na Grécia tornou-se forte e violento. A situação de Aristóteles fica
complicada e para impedir que a Grécia pecasse mais uma vez contra a
filosofia, ele então vai para Cálcis (principal cidade da ilha grega, Eubéia) e
morre lá aos 62 anos de idade, em 322 a.C., de uma doença de estômago.
Aristóteles
 Obra
 Aristóteles escreveu muitos livros: cerca de 150, que, tomados em conjunto e
publicados no estilo moderno, equivaleriam a aproximadamente 50 volumes
substanciais.
 É, sem dúvida, uma vasta produção, mas ela é mais notável por seu alcance e
profundidade do que pela mera quantidade (ler p. 11, BARNES)
 Apenas 1/5 dos escritos de Aristóteles chegou até nós.
 Boa parte dos escritos de Aristóteles são anotações de aula, daí seu
estilo irregular – há transições abruptas, repetições deselegantes, a
linguagem é descuidada e sem vivacidade. Isso torna difícil a sua
leitura. Para ler Aristóteles, é preciso preencher os vazios com a sua
experiência pessoal, é preciso expandir e ilustrar os argumentos,
tornar claras as transições etc.
 Não se pode esquecer que 70 a 75% da obra de Aristóteles é constituída por
estudos de ciências naturais – era um cientista no sentido moderno do termo.
Aristóteles já é um de nós (ler p. 24, BARNES)
 Tudo o que veio a ser conhecido como método cientifico a datar de Claude
Bernard, e as mais recentes elaborações de Karl Popper, estava em
Aristóteles. Pode-se dizer que a Física de Aristóteles não é uma física, mas
uma metodologia geral das ciências, uma filosofia geral das ciências.
Aristóteles
 Ensino e conhecimento
 Aristóteles acreditava que:
1. o conhecimento e o ensino eram inseparáveis;
2. um homem não pode afirmar que conhece um assunto a não ser que tenha
condições de transmiti-lo a outras pessoas – método Feynmann;
o o ensino era a manifestação própria do conhecimento
 Suas pesquisas eram feitas na companhia de outros; comunicava ele seus
pensamentos aos amigos e discípulos, nunca pensou em manter esses
conhecimentos como um tesouro particular.

 Filosofia grega antes de Aristóteles


 Heráclito de Éfeso (535 – 475 a. C.) – “a guerra,
o combate é o pai de todas as coisas e o rei de
todas as coisas”; em fluxo perpétuo o universo
continua a existir. Ninguém se banha no mesmo
rio duas vezes.
 Parmênides de Eléia (530-460 a. C.) - filósofo do imobilismo universal. A via da
verdade é o pensamento que se identifica com o ser. A verdade é exclusiva
dos deuses, entre os mortais há a via da opinião (dóxa), causada pelas ilusões
dos nossos sentidos.
Aristóteles
 Filosofia grega antes de Aristóteles
 Parmênides de Eléia (530-460 a. C.) -
 Para Parmênides, o ser é uno, imóvel, indestrutível e ingênito (isto é,
incriado, não nascido, não gerado). O nada não existe e não pode ser
dito nem pensado. Portanto, o ser não pode ter surgido, porque ou teria
surgido do nada, o que é impossível, ou teria surgido de outro ser, daí o
ser já existia e sempre existirá; logo, é eterno. O ser não pode se
movimentar, pois assim haveria alteração dele; ele tornar-se-ia outro
ser. E se não foi criado, nem gerado, também não pode ser destruído, É
ETERNO.
 Todavia, no mundo sensível não vemos nada assim eterno e imutável, mas
apenas uma pluralidade em constante devir (ou seja, em um fluxo
permanente de mudança):
1. Ora, a verdade não pode ser apreendida pelos sentidos; e
2. por trás da desordem aparente das coisas, há um LOGOS que tudo
ordena
 Em suma, temos duas teses radicalmente opostas: Heráclito é o que vê o
fluxo e o refluxo do universo; Parmênides não vê senão a imobilidade e a
fixidez do ser uno; todavia, ambos, por vias opostas chegam a mesma
conclusão: a negação do conhecimento científico.
Aristóteles
 Filosofia grega antes de Aristóteles
 A influência de HERÁCLITO e PARMÊNIDES não para de crescer em
Atenas – estas duas tendências aparecem como verdadeiramente irredutíveis
e, de alguma maneira, exclusivas. A diversidade dessas tendências e a
incapacidade, nesse momento, de captar a profundeza e o valor das
divergências leva a uma decadência filosófica: o terreno fica favorável para
o surgimento dos sofistas.
 Eram estrangeiros que mostravam o seu “belo saber” e seu belo jeito
de falar para ficar rico ou conquistar o poder. Instauram a retórica: a
arte de persuadir o adversário, a arte de ser vitorioso em qualquer
situação e a propósito de qualquer assunto. Já não se trata de
procurar a verdade, mas somente do que pode parecer verdadeiro, do
que pode ser aceito como verdadeiro – o homem se torna medida de
todas as coisas. Um relativismo/subjetivismo se apodera da filosofia;
já não cabe considerar nada senão o interesse imediato e prático do
homem.
 Sócrates (469 - 399 a. C.) – é nessa atmosfera de falência do verdadeiro
conhecimento filosófico e de admiração pela retórica que ocorre a enérgica
reação de Sócrates.
 Sócrates dedica-se basicamente à procura leal e sincera da verdade, do
bem, do conhecimento da alma e das virtudes: “Conhece-te a ti
mesmo”.
Aristóteles
 Filosofia grega antes de Aristóteles
 Platão (448/447 - 348/347 a. C.) –, discípulo amado de Sócrates,
unificará, em síntese original, os diversos conhecimentos filosóficos, à luz
dos ensinamentos de seu mestre.
 Sugere uma resposta para o dilema das teses opostas de Heráclito e
Parmênides: para o fluxo e a imobilidade do ser
 Para serem verdadeiras, fixas e necessárias, as definições
referentes às coisas requerem fundamento. Daí é preciso considerar
certas realidades imutáveis e perfeitas para além da instabilidade e
da mobilidade do mundo sensível = Teoria das Ideais:
 Segundo essa teoria, as formas (ou ideias), que são abstratas,
não materiais (mas substâncias: é o que permanece, mesmo na
mudança, seria o realmente existente), eternas e imutáveis, é
que seriam dotadas do maior grau de realidade - e não o
mundo material, mutável, conhecido por nós através das
sensações. As formas ou essências das coisas seriam
independentes dos objetos comuns - cujo ser e cujas
propriedades participariam das essências, porém num grau
inferior.
Aristóteles
 Filosofia grega antes de Aristóteles
 As ideias não são, pois, no sentido platônico, representações
intelectuais, formas abstratas do pensamento, são realidades
objetivas, modelos e arquétipos eternos de que as coisas
visíveis são cópias imperfeitas e fugazes. Assim, a ideia de
homem é a do homem perfeito e universal de que os indivíduos
humanos são imitações transitórias e defeituosas.
 Todas as ideias existem num mundo separado, o mundo dos
inteligíveis, situado na esfera celeste.
 Aristóteles
 Recusa categoricamente a teoria das formas ideais de seu mestre.
Essa teoria não é verdadeira, pois fundamenta-se em realidades que
existem somente no nosso pensamento: seguir Platão significa
afastar-se da realidade.
 É preciso retornar à experiência, ao universo físico: o homem capta
a forma inteligível dos entes, capta a essência deles.
 Se para Platão, a ideia de cavalo vinha primeiro e depois todos
os cavalos do mundo sensível; para Aristóteles, a ideia de cavalo
não passava de um conceito criado pelos homens e para os
homens, depois de eles terem visto certo número de cavalos.
Aristóteles
 Filosofia de Aristóteles
 Aristóteles
 A forma galinha está em todas as galinhas; corresponde às
características que lhes são próprias, à sua espécie.
 O homem conhece pelos sentidos – ele é um animal
racional; ele chega às ideias imateriais pelos sentidos
 A ideia é o meio pelo qual a inteligência alcança a
essência das coisas – a inteligência pode entender o que as
coisas são. Ela permite responder à pergunta: Quid est?
 Para entender a natureza, Aristóteles valeu-se de ideias
que todos nós possuímos, que constituem o patrimônio
comum do pensamento humano a respeito de tudo: são ideias
que compõem o senso comum.
 O pensamento de Aristóteles começou com o senso comum,
mas ele vai além: sua compreensão das coisas é mais profunda,
trata-se de um senso comum incomum.
Aristóteles
 Homem como animal filosófico
1. Classificação – a grande divisória.
 Há um tipo de jogo que é o de classificar todos os elementos da
Terra em três categorias distintas: animal, vegetal e mineral. Esse
é um tipo de jogo filosófico
 A Filosofia entra em cena quando precisamos classificar objetos
do mundo físico
 Se consideramos o universo dos objetos que podem ser pensados,
veremos que ele é muito maior do que os que se encontram no mundo
físico. Daí Aristóteles propõe uma linha divisória, uma grande
divisão, que separa os corpos (toda coisa no mundo físico é um
corpo de algum tipo) dos objetos que não são corpos.
 Entre os possíveis tipos de não corpos:
1. objetos matemáticos (triângulos e raízes quadradas);
2. espíritos sem corpo de todos os tipos (fantasmas e anjos);
3. deuses ou Deus;
4. seres mitológicos (centauros e sereias)
Aristóteles
 Homem como animal filosófico

1. Classificação – a grande divisória.


 Os corpos dividem-se em animados (coisas vivas) e inanimados
(coisas não vivas/inertes). Os organismos vivos (animados) podem
ser classificados em: animal e vegetal; e as coisas não vivas
(inanimados) são vagamente abrangidas pelo termo mineral
 Que diferencia os corpos animados dos corpos inanimados? Ao
contrário dos últimos, os primeiros se nutrem, crescem e se
reproduzem. Que diferencia os vegetais dos animais? Os animais
não possuem raízes na terra como as plantas, eles têm a capacidade
de ir de um lugar a outro por seus próprios meios de locomoção.
Sua nutrição não vem do ar e do solo, como a das plantas; e a maioria
dos animais têm órgãos dos sentidos.
 Outro tipo de classificação - os indivíduos podem ser agrupados de
acordo com uma natureza que lhes é comum (essência): o que
diferencia uma classe de indivíduos de outra classe de indivíduos
é a sua essência = substância segunda (é o que marca a diferença
específica).
Aristóteles
 Homem como animal filosófico
1. Classificação
 Todavia, nem todas as características de uma coisa definem sua
essência: é o caso das diferenças superficiais ou menores entre os
seres. Aristóteles chamava-as de acidentais. Daí, os seres humanos
e as bestas são essencialmente diferentes; e os seres humanos
altos e baixos, ou os gordos e os magros, são acidentalmente
diferentes.
 Verifica-se ainda outra distinção que se pode fazer considerando o
mundo físico: a que separa os corpos e seus atributos. Por exemplo,
as rosas e os tomates são corpos, mas a fragrância das rosas e a cor
dos tomates não são corpos. Da mesma forma não falamos do
tamanho nem do peso de uma pedra como se fossem corpos: não
podemos pedir a alguém que nos entregue o tamanho ou o peso de
uma pedra.
 Ao contrário dos corpos em si, os atributos nunca estão sujeitos a
mudança. A aspereza nunca se torna lisura, o verde nunca se torna
vermelho. É a pedra áspera que se torna lisa; é o tomate verde que
fica vermelho quando amadurece
Aristóteles
 Homem como animal filosófico
1. Classificação

 De todos os atributos que uma coisa física possui, os mais importantes


são os que ela mantém durante toda a sua existência, que não se
alteram enquanto a coisa existir (ex: um atributo permanente dos
mamíferos é parir filhos vivos e amamentá-los).

 Esses atributos (essenciais) permitem classificar os entes em


grupos particulares de entes (classe);

 A capacidade de buscar conhecimento pela proposição de


perguntas e de repostas a essas perguntas com base na
observação e na reflexão, a capacidade de pensar
filosoficamente é um atributo permanente dos seres humanos e
por isso Aristóteles define o homem como animal racional.

 SENSO DE HIERARQUIA, SENSO DE PROPORÇÕES


Aristóteles
 Homem como animal filosófico
2. Três Dimensões do Homem
 Considerando os homens simplesmente como corpos – ou simplesmente
como coisas físicas – possuí ele três dimensões: comprimento, altura e
largura. É dessa maneira que qualquer corpo ocupa o espaço. No espaço,
a dimensão consiste na direção na qual posso mover-me; são três
dimensões: posso mover-me da direita para a esquerda, da frente para
trás e de cima para baixo ou vice-versa A física clássica descreve o
espaço usando três dimensões: grosseiramente falando, qualquer
movimento pode ser decomposto em três componentes: cima/baixo,
direita/esquerda e frente/trás.
 A ação humana admite também três dimensões: o fazer, o agir e o
conhecer:
 No fazer, temos o homem como artista ou artesão – o produtor de
toda a sorte de coisas. No agir, temos o homem como ser moral e
social. No conhecer, temos o homem como ser que aprende, que
conhece.
Aristóteles
 Homem como animal filosófico
2. Três Dimensões do Homem
 Em todas essas três dimensões, o homem é um pensador, mas o tipo de
pensamento que cada uma dessas dimensões demanda é diferente. Como
fazedor => pensamento produtivo; como agente => pensamento prático; e
como conhecedor =>pensamento especulativo ou teórico.
 Cada uma dessas dimensões da atividade humana, corresponde um valor
universal. No fazer => beleza; no agir => bondade; e, no conhecer =>
verdade. Então temos:
 Homem como produtor / Homem como agente / Homem como conhecedor
Aristóteles
 Homem como conhecedor
1. Mudança e permanência
 Para dar conta da mudança e da permanência dos entes, Aristóteles
recorre à opinião dos sábios.
 Heráclito e Parmênides tinham visões extremadas sobre o mundo.
Heráclito dizia que tudo, estava em constante mudança. E
Parmênides dizia que a permanência reinava absoluta: aquilo que é é,
aquilo que não é não é.
Ninguém banha-se duas vezes no mesmo rio”, dizia Heráclito de
Éfeso. Mas o sentido da frase permanece.
 Heráclito e Parmênides estavam parcialmente corretos e a verdade
inteira consistia em combinar as duas verdades parciais: em toda
a mudança algo deve permanecer o mesmo, enquanto fica
diferente sob algum aspecto.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
1. Mudança e permanência
 Tipos de mudanças:
1. locomoção (mudança de lugar). Ex: cair da maçã (locomoção natural) e bola de
tênis que é arremessada (locomoção artificial). Na locomoção o objeto
permanece e posição espacial muda.
2. alteração num atributo do ente (mudança de qualidade). Ex:
amadurecimento de um tomate, ele era verde e tornou-se vermelho. Houve,
nesse caso, uma mudança na qualidade, nas propriedades e características,
do tomate, todavia, ele permaneceu no mesmo lugar. Um tomate que
amadurece é alteração natural, uma casa que é pintada pelo homem é uma
alteração artificial.
3. mudança de quantidade. Ex: Um balão de aniversário que inflamos sofre
duas mudanças artificiais ao mesmo tempo – uma mudança de qualidade (a
alteração do formato do balão) e uma mudança de quantidade (um aumento ou
diminuição do tamanho do balão); um coelho que cresce conforme envelhece
sobre uma mudança de qualidade (seu formato muda) e pelo menos duas
mudanças de quantidade – mudança de tamanho e de peso.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
1. Mudança e permanência
 Tipos de mudanças:
4. corrupção .Ex: balão que estoura e coelho que morre. O que permanece o
mesmo quando o balão estoura? O que permanece o mesmo quando o coelho
morre? A carcaça em decomposição não é o coelho a que demos cenoura; as
tiras de borracha não são o balão que estouramos. Nesse tipo de mudança o
que permanece o mesmo, no caso do balão, é o material usado para fazê-lo
e, quanto ao coelho, resta a matéria orgânica dele que pode entrar na
composição do lobo que o devorou.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
2. Quatro causas
 Mudanças resultam de causas, e quatro são as causas que Aristóteles
identifica em relação às mudanças que conhecemos da experiência
comum. Considerar as mudanças efetuadas pelos seres humanos, e
particularmente as coisas que eles produzem ou fazem, pode nos ajudar
a compreender a operação dessas quatro causas na dinâmica da natureza.
 Quatro questões do senso comum servem ao propósito de dar a conhecer
as quatro causas:
1. De quê é feita? Essa é a causa material. Por exemplo, a causa material
de um sapato é o couro.
2. Quem fez? Essa é a causa eficiente . A causa eficiente de um sapato é
o sapateiro.
3. Que está sendo feito? No que a coisa se torna. Essa é a causa formal –
essência ou forma. Por exemplo, o a sapatidade é a causa formal do
sapato. Quando você tem uma ideia do que é comum a todos os
sapatos, de todos os formatos, tamanhos e cores, aí terá percebido o
que Aristóteles chama de sapacidade.
4. Para quê está sendo feito? ou Por quê está sendo feito? Essa é a causa
final. Por exemplo, a causa final de um sapato é a proteção dos pés,
proporcionar conforto ao caminhar etc.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
2. Quatro causas
As quatro causas são fatores indispensáveis que precisam estar presentes
e operantes, sempre que o homem produz qualquer coisa. Observe que, em
si, as quatro causas são necessárias, mas nenhuma delas, em si, é suficiente.
Se plantarmos uma semente de milho e essa semente, nutrida pela luz do
sol, pela chuva, pelos nutrientes do solo, torna-se um pé de milho,
verificamos que o pé de milho é simultaneamente a causa final e a causa
formal da semente de milho. Assim, o fim a ser atingido e a forma a ser
desenvolvida no processo de crescimento estão presentes desde o primeiro
momento. Todavia, admitiria Aristóteles, estão presentes em potência e não
em ato.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
3. Ser e não ser (Metafísica de Aristóteles)
 Ainda quanto à mudança, a Metafísica de Aristóteles ocupa-se do ser e da
possibilidade de ser, tem ela como objeto: o ser enquanto ser. Nessa
Metafísica, os conceitos de matéria e forma, de potência e ato são
fundamentais.
1. Matéria = aquilo de que a coisa é feita.
2. Forma = aquilo que faz com a coisa seja o que é, confunde-se com a
essência.
3. Potência = é a capacidade que a matéria tem de assumir alguma forma, é
um conjunto de possibilidades do que ela pode vir a ser.
4. Ato = é a possibilidade manifesta de uma potência.
 Quando alguém pega certa matéria-prima, como pedaços de madeira, e transforma
esses pedaços de madeira numa cadeira, uma coisa artificial – algo que não existia
antes – passa a existir. A “cadeiridade” estava em potência nos pedaços de madeira,
eles possuíam a capacidade de adquirir essa forma. Assim, quando a matéria adquire
a forma para qual tem potência, essa potência é atualizada.
 Todavia, não é verdade que todo o tipo de matéria que carece de certa forma,
sempre têm a potência de adquiri-la. Por exemplo, a água e o ar carecem da forma de
cadeira, mas, ao contrário da madeira, a água e o ar não possuem a capacidade, a
potência de adquirir forma de cadeira.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
4. Do conhecer em Aristóteles
 Para Aristóteles e Platão, a essência das coisas constitui o objeto
da filosofia. Diferença entre ambos:
 Platão colocou as essências num mundo separado, no mundo das ideias
(era um idealista), achava que o que nós víamos era uma sombra das
realidades (ex: a essência da cadeira está num mundo das essências é lá
que está a cadeiridade) – o que você enxerga aqui não é a cadeira é uma
sombra, a verdade é a ideia, só que ela está num mundo separado. Ao
olhar a sombra das cadeiras aqui eu me recordo de que numa vida
passada eu estava no mundo das ideias e vi a cadeira ideal.
 Aristóteles diz não é assim, a essência das coisas está nas coisas, o
que existe são cadeiras verdadeiras. A essência da cadeira está na
cadeira. Então somos capazes de captar a forma inteligível dos entes,
a essência deles.
 Platão era o matemático, um geômetra; Aristóteles tinha formação de
biólogo, daí as diferentes concepções
Essência e círculo de latência
Aristóteles
 Homem como conhecedor
4. Do conhecer em Aristóteles
 Então para captar a essência dos entes (os universais), a sensação
nos apresenta os objetos individuais e o entendimento, pela
abstração de suas notas individuantes, conhece nesses objetos o
que é comum a eles. Esse é o conhecimento intelectual dos entes
que, para Aristóteles, é superior ao conhecimento sensível. Ex: você
olha vê um objeto redondo com ponteiros que marca horas, para
dizer que é um relógio, você tem de ter o conhecimento intelectual
dele. Se você ficar só no sensível você vai ter o conhecimento
individual, nunca chegará ao relógio. A ideia de relógio é
imaterial, é por isso que ela pode ser aplicada a diferentes relógios;
é uma ideia suprassensível. É feita uma abstração: retira-se o que
individual e se busca o que comum em todos os relógios. Aí temos
uma ideia universal que serve para todos os relógios: o relógio
instrumento que marca as horas.
 O conceito que tenho de relógio não está formalmente no relógio. Esse
conceito é um ser de razão, é um ser que só existe no espírito, ele não
existe na realidade como tal.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
4. Do conhecer em Aristóteles
 O objeto do conhecimento é o universal, pois a ciência é a ciência
dos universais. Tudo o que singular você conhece imperfeitamente,
por que o singular não é dizível. Do singular se fala sempre em
comparação com outros singulares.
 Fica claro que a experiência sensível é o fundamento do conhecimento
intelectual, é a base – os cegos não sabem o que é cor. Todavia, o que
nós conhecemos por experiência própria é apenas uma fração do que
podemos imaginar e conceber, o que só conhecemos por experiências ou
narrativas de terceiros: sem a herança cultural — nós não podemos
sequer começar a pensar. Existem várias fontes de conhecimento que,
embora sendo de confiabilidade diferente, todas elas são necessárias:
quando você toma determinada questão para investigar, você nunca é o
primeiro, porque para uma questão chegar a se tornar uma questão é
preciso que haja muita experiência acumulada, que haja uma massa
crítica de discurso em torno do tema.

Construção do imaginário. A alta literatura = preenchimento


dos vazios de experiência etc.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
5. Investigação científica
 Formação do conceito/ideia:
1. Começa pelos dados dos sentidos;
2. Esses dados são transferidos para a memória, que os agrupa em
imagens segundo suas semelhanças.
3. Sobre essas imagens retidas na memória, a inteligência exerce a
triagem e a reorganização com base nas quais cria os esquemas
eidéticos ou conceitos abstratos das espécies.
4. Com base nos esquemas eidéticos constroem-se os raciocínios e
os juízos.
 A investigação científica passa por quatro etapas:
1. a elaboração do imaginário, que abre uma possibilidade
2. do qual nascem hipóteses contrárias cada uma com sua
verossimilhança própria;
3. a organização dessas verossimilhanças em confronto constitui a
própria elaboração científica – probabilidade
4. a formalização lógica e matemática é produto final.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
5. Investigação científica
 A cada uma dessas etapas corresponde uma modalidade de discurso que
corresponde a um grau de certeza na ordem do conhecer:
1. Poético versa sobre o possível:
i. Conta histórias, expressa situações que não aconteceram
necessariamente que, no entanto, são possíveis.
ii. Não afirma nada; não ensina nada
iii. Dirige-se, sobretudo, à imaginação.
iv. Deixa uma profunda impressão.
v. Não permite tirar conclusão quanto à veracidade ou falsidade
do que foi relatado.
2. Retórico versa sobre o verossímil:
i. Visa a levar o expectador a adotar uma opinião, a fazê-lo
tomar uma decisão
ii. Retórica surge numa atmosfera social e linguística
propiciada pelo discurso poético
iii. Não se pode fazer uma ciência dos discursos persuasivos se
não há antes uma ciência dos discursos impressivos.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
5. Investigação científica
2. Dialético versa sobre o provável
i. Se estrutura para persuadir não outra pessoa, mas a si
mesmo, para melhorar a própria opinião.
ii. Submete as opiniões retóricas à prova – busca verdade entre
erros e o erro entre as verdades
iii. Busca alcançar o maior grau de certeza possível.
3. Lógico ou analítico versa sobre certeza apodíctica.
i. Baseia-se em premissas admitidas como indiscutivelmente
certas e universalmente aceitas.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
6. DIALÉTICA
 Método de investigação graças ao qual podemos racionaciocinar,
à luz de opiniões aceitas, sobre qualquer problema que nos seja
proposto - (forma de racionalidade). Lembrar que, para
Aristóteles:
i. Conhecer é conhecer a verdade e não o erro.
ii. Ter ciência é conhecer o que é e o porquê de certo estado
de coisas. Conhecer é conhecer as causas.
• Possuímos a ciência quando conhecemos a causa pela
qual a coisa é, quando sabemos que está é a causa da
coisa – não é possível que a coisa seja e não seja
(princípio de não contradição).
iii. Grosso modo, o método consiste em examinar uma tese
para refutá-la: se ela não resiste a refutação deve ser
abandonada.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
6. DIALÉTICA
 Passos do método (caminho):
i. Formulação do problema (é difícil formular uma boa questão)
 Aberto à possibilidade de respostas entre si contraditórias
ii. Arrolar/levantar as repostas dos sábios a respeito do problema.
Status questionis – reconstituição histórica das discussões
sobre determinado tema/problema
iii. Classificação das respostas de acordo com o tipo de causa:
material, eficiente, formal e final.
iv. Por à prova as respostas - verificar se elas resistem à
refutação; se abrigam contradições internas. Manter as
respostas que resistem à refutação e abandonar as que não
resistem.
v. Daí, formular a resposta mais provável
Aristóteles
 Observações finais
 Identidade = a memória está nas coisas, são elas que nos
permitem reconhecer a sua presença no mundo. Ex: a gente
acorda e não sabe onde está
 Admitir a perspectiva epistemológica de ver o que
Aristóteles tem a dizer aos cientistas de agora.
 Fundador da área de pesquisa conhecida como história das
ideias Arthur O. Lovejoy dizia que toda a história
intelectual do Ocidente é apenas um conjunto de notas de
rodapé a Platão e Aristóteles
Aristóteles
 Homem como conhecedor
6. Da Aplicação do Método Aristotélico – Santo Tomás de
Aquino e as cinco vias que provam a existência de Deus
 Tomás de Aquino (Condado de Aquino – Reino da Sicília, 1225
– Fossanova, 7 de março de 1274) foi um padre dominicano,
filósofo, teólogo, distinto expoente da escolástica,
proclamado santo e Doutor da Igreja cognominado Doctor
Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Católica.
 Seu maior mérito foi a síntese do cristianismo do com a visão
aristotélica do mundo, ou melhor, de evitar uma ruptura entre
a cultura sacra e a cultura pagã. Admitia que, com o uso da
razão, é possível demonstrar a existência de Deus. Duas
coisas não podem ser provadas a evidência e o mistério: a
existência de Deus não é evidente e não é mistério, então
pode ser provada.
 E, para isso, propõe as cinco vias de demonstração da
existência de Deus.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
6.1 Primeiro motor imóvel => prova do movimento do
movimento: a mudança (Aristóteles)
 Aqui o movimento não apenas o deslocamento de um lugar para
outro – a mudança de local é apenas um tipo de mudança,
existem muitos tipos de mudança. Se há coisas que mudam
diz Aristóteles, há coisas que não mudam. Exemplos de
coisas que não mudam: a verdade (1+1=2), o bem não muda (o
que era crime no tempo de Moisés é crime hoje), a beleza (o
por do sol sempre será belo). DEUS é verdade, bondade e
beleza absolutos.
 Fórmula do movimento => movimento = potência de X para ato
de X
 Na natureza vemos que tudo muda, mas nada muda sozinho,
porque se o ser mudasse sozinho ele teria de ter aquela
qualidade que ele vai receber nele mesmo. Ex: parede cinza
que vai ser pintada de vermelho recebe este vermelho da
tinta vermelha que é vermelha em ato.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
6.1 Primeiro motor imóvel => prova do movimento do movimento:
a mudança (Aristóteles)
 Há uma série enorme de movimentos, de potência ao ato, ora, o
passar de uma qualidade de um para outro ou é uma série
infinita ou é finita. Vejamos: se a série fosse infinita não
haveria a primeira mudança, nem a segunda etc., então não
haveria mudança alguma.
 Vimos que cada movimento começa por potência que passa para
ato então haveria sempre a potência no início, ora o mudar exige
primeiro o ato: a parede cinza para ficar vermelha depende da
existência de um ser que seja vermelho em ato, a tinta vermelha.
Assim, a série de movimentos tem de se iniciar com um ato.
Assim, tem de existir um primeiro ser que possui todas as
qualidades em ato, porque se ele tivesse potência para ser
alguma coisa ele mudaria e, assim, dependeria da força de um
ser anterior para mudar. Então, tem todas as qualidades em ato
e em grau absoluto.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
6.1 Primeiro motor imóvel => prova do movimento do movimento:
a mudança (Aristóteles)
 Moisés pergunta para Deus: QUAL É O TEU NOME? EU SOU
AQUELE QUE É!!!
 Deus é o ser absoluto, perfeito que tem todas as qualidades em
grau máximo em ato, que não pode receber, aumentar ou diminuir,
nem perder nenhuma.
 Deus pode ter matéria? É claro que não, porque toda matéria tem
muita potência (ex da madeira), o ser que tem mais potência é
matéria porque tem menos ato, ora Deus é o que tem todo o ato
então não pode ter matéria. Deus é espírito e não muda. Por isso, a
verdade, o bem e a beleza são imutáveis.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
6.2 Causa primeira ou causa eficiente (Sócrates)
 Vemos na natureza uma sequencia de causas e efeito. Ex: pais e
filhos etc. essa série é finita ou infinita? Ora, é finita, porque
se fosse infinita não haveria a primeira causa e não haveria o
primeiro efeito, também não haveria a segunda causa nem
segundo efeito, daí, nada existiria. Daí, é necessário que haja
uma causa primeira que por ninguém tenha sido causada. A causa
de todas as causas, a causa primeira chama-se Deus.
 O que vem primeiro o ovo ou a galinha? O que vem primeiro tem
de ser a galinha, pois ovo é efeito da galinha e é menos que a
galinha; é a galinha que produz o ovo, ela é perfeita, o ovo está
ainda numa situação de potência.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
6.3 Ser necessário e ser contingente (prova da contingência)
 Contingente é tudo que existe, mas poderia não existir, é tudo
que se existe começou a existir e pode deixar de existir.Tudo o
que vemos a nossa volta é contingente, e. g., essa cadeira existe,
mas poderia não existir; ela recebeu a existência. A cadeira
não é o ser ela tem o ser, tem a existência. Na definição de
ser cadeira não entra a existência
 A essência tem potência de existir. Quando ela é realizada seja
uma coisa natural ou artificial a ideia passou a existir em ato, a
essência foi atualizada. Então tudo que existe é contingente,
então, cabe a pergunta: como é que as coisas contingentes
passaram a existir? Ora, receberam a existência de um ser
que é a existência e dá a existência que ele tem para outros
seres existirem. Deus é a existência e deu a existência para
outros seres que não a tinham. Deus é o ser necessário, ou
seja, aquele cuja essência inclui a existência.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
6.4 Ser perfeito e causa da perfeição dos demais – prova dos
graus de perfeição (Platão)
 Exemplo: se digo Valadares é muito, mas muito, mais bonita do
que o Rio de Janeiro. Temos aqui três elementos: beleza, Rio de
Janeiro e Valadares. Valadares está mais próxima da beleza em
si do que o Rio. Valadares tem mais participação na beleza do
que o Rio.
 Se disser Weber é infinitamente mais bondoso do que o André;
estou a dizer que Weber participa mais da bondade do que
André.
 Assim, toda comparação de qualidades supõe a existência da
qualidade em si mesma. Então existiria a beleza, a bondade, a
justiça etc.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
6.4 Ser perfeito e causa da perfeição dos demais – prova dos
graus de perfeição (Platão)
 Verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais
perfeitos que outros, o universo está ontologicamente
hierarquizado - seres racionais corpóreos, animais, vegetais e
inanimados) qualquer gradação pressupõe um parâmetro
máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão
máximo de perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais
seres.
 Anjos, homens, animais, vegetais e minerais que são os mais
distantes de Deus.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
6.5 Inteligência ordenadora – prova da finalidade dos entes
(Aritóteles e Santo Tomás)
 Exemplo das bolas de bilhar: pressupõem um ser, jogador, que
tem a intenção. Disposição da terra é a única que permite a
vida. Estante, disposição dos livros implica a existência do
bibliotecário. É claro que é necessário a existência de um
ordenador do universo, é claro que tem de ter uma finalidade.
 Existe uma ordem admirável no Universo, ora toda ordem é
fruto de uma inteligência ordenadora, não se chega à ordem
pelo acaso, logo há um ser inteligente que dispôs o universo na
forma ordenada.
Aristóteles
 Homem como conhecedor
6.5 Inteligência ordenadora – prova da finalidade dos entes
(Aritóteles e Santo Tomás)
 Aquilo que não tem conhecimento não tende a um fim, a não ser
dirigido por algo que conhece e que é inteligente, como a
flecha pelo arqueiro. Logo existe algo inteligente pelo qual
todas as coisas naturais são ordenadas ao fim, e a isso nós
chamamos Deus.
 Da mesma forma as letras de um livro não são colocadas ao
acaso. Logo a ordem existente no mundo prova a existência de
uma Inteligência que ordenou todas as coisas nos mínimos
detalhes.
Aristóteles
 Observações finais
 Identidade = a memória está nas coisas, são elas que nos
permitem reconhecer a sua presença no mundo. Ex: a gente
acorda e não sabe onde está
 Admitir a perspectiva epistemológica de ver o que
Aristóteles tem a dizer aos cientistas de agora.
 Fundador na área de pesquisa conhecida como história das
idéias Arthur O. Lovejoy segundo o qual toda a história
intelectual do Ocidente é apenas um conjunto de notas de
rodapé a Platão e Aristóteles

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