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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE CALDEIRAS

MANUAL DO PARTICIPANTE

Company Details for Booking and Enquiries


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Revisão: 02

UNIDADE VITÓRIA
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pode ser reproduzida, armazenada ou introduzida em um sistema de
recuperação, ou transmitida de quaisquer formas, meios (eletrônico,
mecânico, fotocópia, gravação ou outro), ou propósito, sem a permissão
expressa, por escrito, da West Group.

Os exemplos de empresas, organizações, produtos, endereços de e-mail,


logotipos, pessoas, lugares e acontecimentos aqui mencionados são
fictícios, salvo quando tiver indicação em contrário. Nenhuma associação
com qualquer destes itens acima é intencional ou deve ser inferida.
APRESENTAÇÃO DO CURSO

A filosofia empresarial da West Group Treinamentos Industriais Ltda pode ser


sintetizada no reconhecimento do valor das pessoas e na capacidade em lhes
acrescentar novas competências, objetivando seu desenvolvimento não só
profissional, mas sobre tudo como ser humano integral.

Deste modo, estamos habilitados a oferecer e desenvolver soluções que atendam


às necessidades de consultoria e treinamento empresarial focando a preservação
da vida, em sua acepção mais ampla, contribuindo de forma significativa para o
alcance dos objetivos de excelência empresarial dos nossos clientes.

Este Manual do Participante é aplicado ao treinamento de profissionais para


realizarem as atividades de instalação, operação, manutenção e inspeção em
caldeiras, de forma segura.

Acreditamos que o seu aproveitamento neste curso seja eficaz para o


enfrentamento dos problemas do dia-a-dia e possa contribuir efetivamente para o
seu crescimento individual e profissional.

Seja bem-vindo!

West Group Treinamentos Industriais Ltda


Company Details For Booking and Enquiries
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – NOÇÕES DE FÍSICA APLICADA..................................................... 5

1.1 PRESSÃO ........................................................................................................ 5

1.2 TRANSFERÊNCIA DE CALOR ..................................................................... 12

1.3 TERMODINÂMICA ........................................................................................ 14

1.4 MECÂNICA DOS FLUIDOS ........................................................................... 19

CAPÍTULO 2 – NOÇÕES DE QUÍMICA APLICADA ............................................... 23

2.1 DENSIDADE .................................................................................................. 24

2.2 SOLUBILIDADE ............................................................................................ 26

2.3 DIFUSÃO DE GASES E VAPORES .............................................................. 28

2.4 CARACTERIZAÇÃO DE ÁCIDO E BASE (ÁLCALIS) – DEFINIÇÃO DE pH29

2.5 FUNDAMENTOS BÁSICOS SOBRE CORROSÃO ...................................... 31

CAPÍTULO 3 – TÓPICOS DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS


E REGISTROS ......................................................................................................... 36

3.1 MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS.......................................................... 38

3.2 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ................................................................. 40

3.3 REGISTROS .................................................................................................. 48

CAPÍTULO 4 – CALDEIRAS - CONSIDERAÇÕES GERAIS .................................. 52

4.1 TIPOS DE CALDEIRAS E SUAS UTILIZAÇÕES .......................................... 56

4.2 ACESSÓRIOS DE CALDEIRAS .................................................................... 70

4.3 INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS DE CONTROLE DE CALDEIRAS ...... 72

CAPÍTULO 5 – OPERAÇÃO DE CALDEIRAS ........................................................ 85

5.1 PARTIDA E PARADA .................................................................................... 87

5.2 REGULAGEM E CONTROLE ........................................................................ 92

5.3 FALHAS DE OPERAÇÃO, CAUSAS E PROVIDÊNCIAS ........................... 100


5.4 ROTEIRO DE VISTORIA DIÁRIO ................................................................ 102

5.5 OPERAÇÃO DE UM SISTEMA DE VÁRIAS CALDEIRAS ......................... 103

5.6 PROCEDIMENTOS EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA .......................... 104

CAPÍTULO 6 – TRATAMENTO DE ÁGUA ............................................................ 106

6.1 IMPUREZAS DA ÁGUA E SUAS CONSEQUÊNCIAS ................................ 107

6.2 TRATAMENTO DE ÁGUA DE ALIMENTAÇÃO ......................................... 110

6.3 CONTROLE DE ÁGUA DE CALDEIRAS .................................................... 113

CAPÍTULO 7 – PREVENÇÃO CONTRA EXPLOSÕES E OUTROS RISCOS ...... 116

7.1 RISCOS GERAIS DE ACIDENTES E RISCOS À SAÚDE .......................... 118

7.2 RISCOS DE EXPLOSÃO ............................................................................. 120

7.3 ESTUDOS DE CASO ................................................................................... 128

CAPÍTULO 8 – LEGISLAÇÃO E NORMALIZAÇÃO ............................................. 132

8.1 NORMA REGULAMENTADORA 13 - NR-13 .............................................. 133

8.2 CATEGORIAS DE CALDEIRAS .................................................................. 135


SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
DICAS DE ESTUDO

2. A leitura muito lenta favorece para que no final de


1. Ler todos os títulos. Estar a par do conteúdo um parágrafo, já se tenha esquecido o início do
para que a mente tenha uma visão longa e alcance mesmo e tenha que se voltar para revê-lo. Quem lê
todo o conteúdo. bem e depressa encontra tempo para ler e faz seu
tempo render.

4. Estudar sem distração. Procure um meio de


3. O ambiente de leitura influencia muito no
apaziguar os barulhos externos, o que atrapalha são
desempenho. É preferível ler em ambiente amplo,
ruídos esporádicos, de sons diferentes, do tipo grito,
arejado, bem iluminado e silencioso. Além do texto a
buzina batida, etc. Estudar a noite quando há
ser lido, é importante ter à mão um bom dicionário,
silêncio, ou, bem cedo (domingo de manhã é um
lápis e um bloco de papel.
excelente horário).

5. Sublinhar com inteligência. Sublinhar é uma


arte que ajuda a colocar em destaque as ideias 6. O domínio cada vez mais amplo do vocabulário
mestras, as palavras-chave e os pormenores enriquece nossa possibilidade de compreensão
importantes. Quem sublinha com inteligência está e concorre para aumentar a velocidade na leitura.
constantemente atento à leitura.

7. Não interromper a leitura; a sequência do texto


deixará bem claro o sentido da palavra
desconhecida; anote, a palavra desconhecida em 8. Ler e entender o que leu. Interagir com o
um papel avulso e continue a ler. Ao final de um assunto tornando-o parte do seu dia-a-dia.
capítulo, apanhe o dicionário para esclarecer todas
as palavras anotadas como desconhecidas.

9. Não se lamentar por não ter estudado ontem. 10. Pronunciar as palavras: "Eu vou estudar duas
Começar agora. Nunca diga "segunda-feira eu páginas", "Vou dominar estas regras agora". Diga
começo”; quer passar? Então comece agora, já! tudo com palavras firmes a si mesmo; uma
proposta firme para o seu subconsciente.

11. Também muitas repetições ajudam a fixar. De 12. Dê aula para alguém. Demonstre uma parte da
tanto ver você se acostuma com o assunto. Reveja matéria para um colega e o colega demonstra a
a matéria sempre; pois a cada revisão pequenos parte dele da matéria para você. Estudar em
problemas não percebidos são resolvidos e outros equipe anima quando há participação e um ajuda o
são melhores fixados. outro a não desistir e assim o estudo pode ir mais
longe.

14. Alimentação é a energia da vida, procure


alimentos que contenham açúcares naturais (frutas);
porque o cérebro se alimenta exclusivamente de
13. Corpo cansado assimila menos matéria. Por isso açúcar (procure não se empanturrar e não ficar
o sono é fundamental. comendo durante os estudos porque pode
atrapalhar - vai perder tempo porque a concentração
estará dividida entre comer e ler use este momento
para olhar ao longe e respirar profundamente).

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
CAPÍTULO 1 – NOÇÕES DE FÍSICA APLICADA

A Física é a ciência que estuda os fenômenos existentes na natureza, como


pressão, calor, corrosão, entre outros. Dessa maneira, para estabelecer um
parâmetro de medição e estudos temos as grandezas físicas, que expressam
numericamente a ocorrência desses fenômenos.

A Matemática e a Física são ciências que vêm evoluindo com o passar dos anos e
ao longo da história vêm mudando a nossa percepção sobre os eventos do mundo e
do universo. Até o século XVII os grandes pensadores do mundo acreditavam que o
Planeta Terra era o centro do universo e que o sol e os outros astros gravitavam em
torno de nós. Hoje em dia sabemos que o Planeta Terra é que gravita em torno do
sol e que este é o centro do nosso sistema. Essa teoria de que nosso planeta gravita
em torno do sol começou com a publicação do livro: “Da revolução de esferas
celestes”, em 1543, de Copérnico.

Esse novo conceito, levou pensadores como Galileu Galilei a descrever novas
teorias considerando que o Planeta Terra era redondo, dando origem a muitas das
leis da física que conhecemos hoje.

Mas se o Planeta Terra é redondo e está sempre girando como é que nós nunca
caímos da superfície do planeta?

Essa é uma pergunta que ficou ecoando até que Isaac Newton descreveu a “Lei da
Gravitação Universal” que, entre outras coisas, explica a atração que o centro da
Terra exerce sobre todos os corpos. Essa atração que o centro da Terra exerce
sobre nós é chamada de Força da Gravidade.

O estudo de Isaac Newton mudou a forma de pensar sobre o universo e deu origem
a inúmeros outros modelos matemáticos, baseados em seus ensinamentos que
mais tarde iriam explicar muitos outros eventos, assim como a Pressão, o calor e as
relações entre ambos.

São muitos os conceitos e pensadores que estudaremos neste capítulo para


entender e aprender sobre o universo das Caldeiras.

1.1 PRESSÃO

1.1.1 Pressão atmosférica

O conceito de pressão surgiu da necessidade de entender o que havia além da força


da gravidade aqui no planeta Terra, com o Estudioso Evangelista Torricelli, inspirado
por Galileu Galilei.

Vamos entender passo a passo a experiência de Torricelli, juntando todos os


conhecimentos descritos até esse momento.
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O conceito de pressão pode ser descrito através da seguinte equação matemática:

Onde:

P = Pressão
F = Força Normal à uma superfície
A = Área onde a força está sendo aplicada.

A força da gravidade foi um impulso inicial para a compreensão do que viria a ser o
conceito de pressão. Na primeira experiência, Torricelli, elaborou uma hipótese a
partir de um tubo de vidro contendo mercúrio (cujo peso específico é maior que o da
água) de exatamente 1 metro, emborcado em uma vasilha.

Figura 01: Experiência de Torricelli.

O Tubo preenchido totalmente, ao ser emborcado na vasilha resultava em um


espaço vazio no topo, ao que o estudioso atribuiu ao vácuo. Ao repetir a experiência
mais e mais vezes, em Florença, Torricelli, percebeu que a coluna de mercúrio
sempre ficava à altura de 76cm dentro do tubo de 1 metro. Sua descoberta sobre a
relação entre pressão e vácuo foi tão importante que em sua homenagem foi criada
a unidade de medida “torr”.

A partir desta descoberta, Blaise Pascal, outro importante pensador cuja


homenagem deu origem à principal unidade de medida de pressão, a unidade
utilizada no Sistema Internacional, repetiu a experiência em diferentes cidades com
diferentes altitudes e percebeu que a coluna de mercúrio ficava menor à medida que
a altitude aumentava.

Ou seja, a pressão é menor em maiores altitudes.


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Ao dar continuidade ao seu estudo, Blaise Pascal, experimentou diferentes métodos
para comprovar a sua teoria e ao descrevê-lo matematicamente percebeu a pressão
é uma componente normal da força aplicada em uma superfície.

Figura 2: Força Normal sempre perpendicular à superfície onde está aplicada.

Ou seja, uma força perpendicular (angulada em 90º) à uma superfície portanto,


poderia ser aplicada em qualquer direção e é capaz de alterar significativamente o
comportamento de qualquer fluido, esteja ele no estado líquido ou gasoso.

1.1.2 Pressão manométrica e pressão absoluta

Mesmo sabendo, matematicamente, que a pressão poderia ser aplicada em


qualquer direção não haviam instrumentos de medição capazes de mensurar a
pressão em qualquer situação que não fosse perpendicular à superfície da terra, até
que Eugène Bourdon, inventasse o tubo de Bourdon.

Eugène Bourdon é o inventor do instrumento de medição pressão mais usado e


mais conhecido do mundo, o manômetro.

Figura 3: Manômetro.

O instrumento era composto de um tubo curvo (feito a letra C) aberto na


extremidade que está em contato com o fluido, à priori o alvo de seu estudo era o
vapor, e na outra extremidade interligado a uma série de pequenas engrenagens
(como as engrenagens de um relógio) e estas engrenagens conectadas a um
ponteiro.
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À medida que a pressão do vapor subia o tubo realizava um esforço de retificar-se,


este esforço movia as pequenas engrenagens e em consequência o ponteiro.

A invenção de Bourdon permitiu a medição da pressão em reservatórios fechados e


foi especialmente interessante em sua época já que o mundo passava por uma
revolução industrial cujo vapor era o motor principal.

O instrumento era capaz de mostrar a pressão interna de um equipamento, quando


esta era maior do que a pressão atmosférica. A esta pressão diferencial chamamos
Relativa ou Manométrica.

Figura 04: Tubo de Bourdon no interno de um manômetro.

A pressão atmosférica é a mesma dentro e fora do equipamento, não importa onde


esteja localizado. Se um reservatório está localizado na cidade de Santos/ SP a
pressão dentro e fora dele é de aproximadamente 1 atm e é uma pressão absoluta.
Porém, se o equipamento estiver instalado na cidade de Machu Picchu no Peru a
pressão absoluta dentro e fora do equipamento será de cerca de 0,6 atm.

Assim sendo a pressão absoluta só se modifica com a altitude, assim como Blaise
Pascal provou através de seu estudo, ao passo que a pressão relativa apenas
considera o diferencial, que está acima da atmosfera.

Se uma caldeira instalada em Santos mostra em seu manômetro o valor de 10 atm,


então estará sujeita a uma pressão de 11 atm (10 atm de pressão manométrica mais
1 atm de pressão absoluta). Se a mesma Caldeira for instalada na cidade de Machu
Picchu e seu manômetro indicar a pressão de 10 atm, então sabemos que estará
sujeita a uma pressão de 10,6 atm.

Para nunca esquecer:


Pressão Absoluta = Pressão atmosférica
Pressão Manométrica = Relativa, diferencial.

Para a maior parte dos processos o manômetro que mede a pressão relativa atende
às necessidades, para processos mais críticos onde uma reação deverá ocorrer a
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uma exata pressão utilizam-se manômetros capazes de medir tanto a pressão
absoluta, quanto a diferencial, mas são bastante incomuns.

1.1.3 Pressão interna em caldeiras

As caldeiras são reservatórios destinados à produção do vapor em uma pressão


acima da pressão absoluta, ou seja, em pressão superior à pressão atmosférica, e
onde a pressão está distribuída em toda a sua superfície interna.

Considerando que a pressão é uma componente normal da força sobre uma área de
superfície observe a figura:

Figura 05: Distribuição de forças em uma seção circular.

Note que cada flechinha (que chamaremos de vetor de força) aponta para uma
direção diferente, distribuindo-se ao longo da seção circular por igual.

Agora vamos observar o desenho abaixo:

Figura 06: Distribuição de forças em uma seção plana.

Neste esquema é possível notar que o comportamento dos vetores de força (nossas
flechinhas) mudou! Agora estão todos apontando para a mesma direção. Pode-se
dizer que a há um acúmulo de forças em seções planas e quanto maior a área da
seção plana, maior será o acúmulo de forças naquela direção.

E qual a importância deste conhecimento para o operador de caldeiras?

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Qualquer equipamento pressurizado que possuir seções planas está sujeito a um
acúmulo de forças na mesma direção e, portanto, representa um risco maior.

Tome nota:
O lugar mais seguro durante um teste de pressão em uma caldeira fogo tubular é ao
lado do corpo cilíndrico. NUNCA em frente aos espelhos!

1.1.4 Unidades de pressão

A primeira unidade de medida de que se tem conhecimento é o côvado citado em


diversos livros religiosos (A Bíblia Sagrada Cristã, O Torá Judeu e O Alcorão
Islâmico) para contar a história de Noé.

Na história há uma citação das dimensões da Arca utilizada para salvar os animais
do dilúvio, a arca tinha 3 pavimentos num total de 30 côvados de altura, 50 côvados
de largura e 300 côvados de comprimento, ou seja, convertendo para o Sistema
Internacional de Unidades de Medida seria 13,5 metros de altura, 22,5 metros de
largura e 135 metros de comprimento, estimados pelo matemático russo Yakov
Perelman, que estabeleceu o tamanho de 1 côvado em 45 cm.

Historicamente as unidades de medidas eram medidas antropométricas, ou seja,


medidas de partes do corpo humano.

Com a evolução das construções de moradias e maquinários houve uma


necessidade de unificar essas medidas, visto que o tamanho de cada ser humano é
particular e mais pessoas passaram a fazer parte de um grupo integrado onde cada
um podia construir uma parte, uma peça ou um encaixe para um determinado
equipamento.

A primeira unificação de medidas de que se tem conhecimento era baseada nas


medidas do Rei, Imperador, ou Faraó de uma região. Toda vez que a realeza
ascendia ao trono era necessário que todos os construtores, alfaiates e inventores
agendassem uma reunião para tirar as novas medidas de base.

Esta unidade de medida era chamada de Sistema Imperial, e como se pode


imaginar era particular de cada lugar.

Mas a população cresce, reinos e impérios aumentam de tamanho e o rei nem


sempre está disponível para que se tirem novas medidas, após dias e dias de
viagens a cavalo, ou a pé.

Heis que surge o metro! O metro é uma unidade de medida criada pelos astrônomos
Jean-Baptiste-Joseph Delambre e Pierre-François-Andrè Méchain, na tentativa de
unificar unidades de medida.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
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Ao estabelecer a distância correta de 1 metro, uma barra de platina-irídio com o
exato tamanho da nova unidade fora criada para que todos tivessem acesso à
medida (esta barra atualmente está em exposição no Museu do Louvre em Paris).
A criação de unidades de medida seguiu seu curso, unificando as unidades de
comprimento, tempo e massa. E, a partir destas 3 principais, as derivadas que
utilizamos em nosso dia-a-dia.

Exemplos:
Velocidade = unidade de medida que deriva de uma distância em relação a um
tempo percorrido: m/s; km/h, etc.
Peso = unidade de medida que deriva de uma massa sujeita a uma força: kgf, N, etc.
Pressão = Unidade de medida que relaciona uma força aplicada a uma área:
kgf/cm²; Pa (Pa é Pascal, a unidade de medida cujo nome é uma homenagem a
Blaise Pascal), bar, torr (torr é a unidade de medida cujo nome advém de Torricelli, e
é uma homenagem a Evangelista Torricelli), etc.

O Sistema Internacional se utiliza de Pa e seus múltiplos (kPa, MPa, etc) como


unidade de medida para pressão, mas nem todos os países do mundo utilizam o
Sistema Internacional.

Como saber qual a pressão real de um equipamento quando o fabricante utiliza um


sistema de medidas diferente do que estamos acostumados?

A tabela abaixo traz algumas das principais unidades de medida de pressão


utilizadas no mundo, com suas taxas de conversão.
Tabela 01: Tabela de Conversão de Medidas.

MULTIPLIQUE OS VALORES ABAIXO PELO NÚMERO QUE DESEJA


TABELA DE CONVERSÃO CONVERTER.
DE UNIDADES DE PRESSÃO
kPa bar kgf/cm² PSI
QUE DESEJA CONVERTER
ABAIXO PELO NÚMERO

kPa 1 100 98,0665 6,895


DIVIDA OS VALORES

bar 0,01 1 0,980665 0,06895

kgf/cm² 0,0102 1,0197 1 0,07031

PSI 0,145 14,504 14,223 1

Exemplo:
Suponha que queira converter 15 bar para a unidade em kPa, neste caso multiplique
o número 15 por 100 = 1.500 kPa.
Suponha que queira converter os 32 PSI, usados para calibrar os pneus do seu
carro em bar, multiplique 32 por 0,06895 = 2,2064 bar.

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1.2 TRANSFERÊNCIA DE CALOR

1.2.1 Noções gerais: o que é calor, o que é temperatura

“Calor é energia térmica em trânsito devido a um gradiente de temperatura”. O calor


é a transferência de energia de um sistema para o outro, ou longo de um mesmo
sistema e estará em trânsito sempre que houver diferença de temperatura.

O calor sempre flui do “mais” para o “menos”, sempre será transferido do lugar onde
há maior energia térmica para o lugar onde houver menor energia térmica.
“Temperatura é a medida da quantidade média de energia cinética das partículas em
um corpo ou sistema”.

Todos os corpos e sistemas possuem partículas que ao receber o calor (energia


térmica) se agitam e à medida que se agitam (energia cinética) promovem aumento
de temperatura. A temperatura é uma grandeza física que pode ser sentida.

1.2.2 Modos de transferência de calor

O calor pode ser transmitido de 3 formas diferentes: Condução, Convecção e


Radiação.

Condução é a transmissão de calor de um sólido para o outro, ou ao longo do


mesmo sólido.

Convecção é a transmissão de calor de um fluido para um sólido, ou entre 2 ou mais


fluidos em contato.

Nas duas formas de transferência acima citadas é necessário que haja contato,
entre sólidos, entre fluidos ou entre sólidos e fluidos. Esse contato não é necessário
na transferência de calor por radiação.

A Radiação é a transferência de calor através de ondas eletromagnéticas e é a única


forma de transferência de calor capaz de atravessar o vácuo. É a forma como sol
aquece a superfície da Terra, ou a forma como o micro-ondas de nossas casas
aquece nossa comida, ou ainda a forma como o fogo aquece tudo o que houver ao
seu redor.

As caldeiras utilizam as 3 formas de transmissão de calor.

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Figura 07: Modos de transferência de calor.

Na figura há um exemplo das 3 formas de transferência de calor. O fogo aquece a


panela através da radiação, a panela aquece a água através da convecção, e a
panela aquece o cabo através da condução.

Nas caldeiras os mesmos fenômenos acontecem. O fogo aquece a chaparia da


fornalha por radiação, os gases quentes provenientes da combustão aquecem os
tubos por convecção. Os tubos aquecem a água por convecção. E, enquanto tudo
isso acontece, o material da própria caldeira transfere calor por condução ao longo
de si mesmo e aos componentes e instrumentos que estão em contato direto com a
caldeira.

1.2.3 Calor específico, calor sensível e calor latente

Podemos dividir o calor de 3 formas diferentes: Calor Sensível, Calor Latente e Calor
Específico.

Por definição o “Calor Específico é a quantidade de energia necessária para elevar


um grama de água em 1ºC” e chama-se específico por ser diferente para cada
material e fluido existente no universo, e comanda a energia necessária para elevar
e diminuir a temperatura de um determinado corpo ou fluido e suas transformações
de fase e é normalmente expresso em kJ/ kg.

Figura 08: Diagrama de calor sensível e calor latente da água.

No gráfico que traz a temperatura em função do tempo - TºC(t) da água, pode-se


notar que de 0ºC a 100ºC a temperatura sobe, variando ao longo do tempo. Essa
variação é chamada de calor sensível. A 0ºC a temperatura fica estabilizada por um
tempo, até começar a variar. O mesmo ocorre em 100ºC. Sabemos que o ponto de
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fusão da água é a 0ºC e o ponto de ebulição é a 100ºC, a transformação de fase
nestes dois pontos é chamada de calor latente.

Durante a fase de calor sensível e calor latente é necessário fornecer ou retirar


energia para que haja mudança de temperatura ou de fase, qualquer aumento ou
diminuição da taxa de energia fornecida poderá acarretar em mudanças de maior ou
menor velocidade.

Vamos simplificar o pensamento: É sabido que o ponto de ebulição da água é de


100ºC, ao nível do mar. Ao atingir a temperatura de saturação a água começa a se
transformar em vapor com a temperatura mantida. Essa temperatura só mudará
quando a água estiver totalmente vaporizada. Se adicionarmos mais energia a
temperatura não irá mudar, continuando sempre em 100ºC até que sua
transformação seja completa, porém a velocidade em que o processo ocorre será
maior. O contrário também é verdadeiro, ao diminuir o fornecimento de energia a
velocidade do processo de transformação será menor.

1.2.4 Transferência de calor a temperatura constante

A transferência de calor à temperatura constante nada mais é do que a fase de calor


latente. Como visto anteriormente é a fase de transformação de estado de um fluido.
Nesta fase o fluido está absorvendo ou doando energia térmica continuamente, não
mais para mudar de temperatura, mas para mudar de estado.

Para que uma transferência de calor ocorra à temperatura constante as perdas


geradas em um sistema deverão ser absorvidas de forma reversível, ou seja, não
podem ser dissipadas para fora do sistema onde foi gerada.

1.3 TERMODINÂMICA

A termodinâmica é a ciência que estuda a relação entre calor, temperatura e


pressão em um ou mais sistemas. A palavra termo provém do grego (thermós) e
significa “quente”, “ardente” portanto, significa calor. A palavra dinâmica, que
também provém do grego (dunamokós) faz referência ao movimento. Desta forma a
Termodinâmica é a ciência que estuda as interações e movimentação da energia
térmica e é regida por duas leis principais.

1.3.1 Conceitos

1ª Lei da Termodinâmica: “Princípio da Conservação da Energia”


A energia colocada em um sistema deverá manter-se nele.
2º Lei da Termodinâmica: “A quantidade entropia de qualquer sistema isolado
tende a aumentar com o tempo, até alcançar um valor máximo.”

Estabelecendo as condições nos quais as transformações termodinâmicas deverão


ocorrer.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Para entender os conceitos trazidos pela primeira e a segunda leis da


termodinâmica é necessário conhecer alguns princípios básicos.

Entalpia = a máxima energia de um sistema que pode ser extraída na forma de


energia térmica.
Entropia = determina o grau de irreversibilidade de um sistema.
Exergia = energia útil.

A entalpia é a máxima energia que um fluido é capaz de absorver e doar em um


sistema onde é submetido à variação de energia térmica. A entropia são as perdas
calculadas em cada fase, cada transformação e que não são reversíveis, ou seja,
não voltarão para o fluido. A exergia é a energia útil resultante da máxima com as
perdas calculadas.

Quando fornecemos energia à água, está se aquece e a uma dada temperatura


começa a se transformar em vapor. Ao se transformar em vapor absorve a energia
térmica doada a ela (entalpia), porém nem toda a energia do sistema irá para a
água, uma parte desta energia será perdida, dissipada (entropia), calculando-se a
energia que realmente foi utilizada pela água e as perdas do sistema teremos uma
energia real contida nela (exergia).

Pela primeira lei da termodinâmica toda a energia colocada em um sistema deveria


se manter dentro deste sistema, ou seja, a energia que entra deverá ser a mesma
energia que sai. A mesma massa de água que entra no sistema deverá ser igual a
massa de água que retorna. De forma que um sistema montado onde a caldeira que
gera vapor partir de uma massa X de água, deverá receber no retorno de
condensado a mesma massa X, sem nunca precisar ser abastecida. A energia
térmica dispendida na massa X água deverá retornar em forma de energia térmica,
ou cinética, na mesma magnitude X.

Num ciclo perfeito a bomba adiciona energia apenas à água que entrará na caldeira,
em uma Compressão ideal que chamaremos Adiabática. A Caldeira fornece energia
térmica apenas à água, transformando-a em vapor, e este processo receberá o
nome de Expansão Isotérmica. Em estado de vapor passa pela turbina
transformando toda a sua energia em movimento, resultando em um trabalho ideal
que chamaremos de Expansão Adiabática. Ao sair da turbina o vapor passa por um
condensador entregando todo o seu calor, para retornar ao estado líquido, numa
Compressão Isotérmica.

O ciclo acima descrito, é um ciclo ideal, onde não existem perdas e foi proposto por
Nicolas Léonard Sadi Carnot.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 09: Ciclo ideal proposto por Carnot.

No ciclo ideal de Carnot não há perdas, portanto não há geração de entropia e não
existe!

No ciclo real há geração de entropia em todas as etapas do processo e calor se


dissipa para a vizinhança do sistema.

Suponha que sua esposa, ou mãe, esteja cozinhando um belo almoço de família.
Ela liga o forno e espera que seu interior esteja na temperatura correta para assar
um frango. O calor produzido pelo forno assa o frango, aquece a assadeira, aquece
o próprio forno e até a cozinha. Num ciclo ideal sem perdas todo esse calor seria
absorvido apenas pelo frango. Ou pelo menos retornaria para o frango uma vez que
o forno fosse desligado, mas não é assim que as coisas funcionam, não é mesmo?

Figura 10: Enquanto o homem assa as aves o calor também se dissipa ao longo da cozinha.

Nas caldeiras, o calor fornecido pelo combustível transforma a água em vapor e,


também aquece o próprio material da caldeira e a sala de caldeiras. Ao deixar a
caldeira o vapor aquece a tubulação e assim sucessivamente gerando entropia em
todas as fases deste ciclo até que estas perdas sejam máximas.

Neste ponto, contando com as perdas, em algum lugar próximo deste sistema a
temperatura da vizinhança e do sistema estará em equilíbrio.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
1.3.2 Vapor saturado e vapor superaquecido

Considerando tudo o que foi aprendido até o momento vamos agora juntar todos os
conceitos e conhecimentos adquiridos até este ponto.

Imagine que ao adicionar pressão o ponto de calor latente da água mude, e que o
calor sensível permaneça por mais tempo. Que a água em vez de transformar-se em
vapor a 100ºC transforme-se em vapor apenas ao atingir a temperatura de 150ºC.
Pois é isso mesmo o que a Caldeira faz! Ao adicionar pressão, a caldeira é capaz de
produzir vapor em temperaturas muito maiores do que os 100ºC que nosso fogão é
capaz de produzir.

No anexo desta apostila existem duas tabelas termodinâmicas importantes a de


vapor Saturado e a Tabela de Vapor Aquecido.
Note o quanto a pressão é capaz de modificar o ponto de calor latente. Em 1.000
kPa a água se transforma em vapor a 179,88ºC (lembre-se que a conversão de
1.000 kPa resulta em 10 bar).

Veja a última linha da tabela de vapor saturado e perceba que a máxima pressão a
ser utilizada em uma caldeira não poderá ultrapassar 22.000 kPa (220bar). Este é o
ponto de criticidade máxima e neste ponto de saturação a temperatura é de
373,71ºC.

Mas como é possível a turbina de uma termoelétrica utilizar-se de vapor a


temperaturas superiores a 500ºC se a Caldeira é capaz de produzi-lo no máximo
com cerca 373ºC?

Se você pensou: “Vapor Superaquecido” pensou na resposta correta! Mas o que é o


vapor superaquecido?

Ao transformar-se em vapor a água sai do ponto de calor latente e retorna a um


ponto de calor sensível e poderá aumentar de temperatura novamente se tornarmos
a aquecê-lo.

A grande diferença entre o vapor saturado e o vapor superaquecido é que ao


fornecer calor ao vapor ele perderá a réstia de umidade que contém. O Vapor
Saturado pode conter até 2% de umidade ao deixar a caldeira, o superaquecido tem
sua umidade tendendo a zero e por isso é também denominado Vapor Super Seco!

A produção de vapor superaquecido é mais onerosa, portanto é mais utilizada para a


produção de energia elétrica, mas pode ser usado para refrigeração e transporte.

O vapor superaquecido é produzido através de reaquecimento, para tanto o projeto


deste tipo de caldeira é diferenciado. Para produzir o vapor com essas
características, normalmente, utiliza-se um superaquecedor, que consiste de um
tubo em “W”, conectado à caldeira, que passa pela fornalha para o reaquecimento.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Neste tipo de projeto especial os aços utilizados são os de melhor qualidade e mais
resistentes e os cuidados com o dispositivo são muito maiores.

Já o vapor saturado pode ser usado para processos de cozimento, secagem e


aquecimento.

Nas plataformas de petróleo o uso do vapor saturado é destinado ao aquecimento


para diminuir a viscosidade dos óleos auxiliando na sua subida à superfície.

Em 2006, a Petrobrás anunciou a descoberta de indícios de petróleo em uma área


que se estende do Estado de Santa Catarina até o Estado do Espírito Santo na
costa Brasileira, dando início à prospecção em 2008. O pré-sal recebe esse nome
devido à sua localização à cerca de 5500 metros abaixo da superfície da água do
mar sob um leito de sal.
A formação do petróleo e seus derivados na costa Brasileira provém de matéria
orgânica (mircro-organismos) sedimentada, sujeitos à pressão e ausência de
oxigênio e acredita-se que sua formação remete à cerca de 140 a 60 milhões de
anos atrás.

Figura 11: Desenho esquemático da localização do petróleo no pré-sal.

Após a sua formação, o petróleo permanece contido em uma “Rocha Reservatório”.


O Petróleo é uma mistura de gases, líquidos e sólidos com coloração variando entre
verde, marrom e preto e pode ser classificado de acordo o número de
hidrocarbonetos presentes, ou de acordo com a densidade do produto. Esta última
que considera a densidade é uma classificação proposta pelo API – American

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Petroleum Institute e é largamente aceita tanto no Brasil quanto em outros países no
mundo.

As camadas mais profundas contêm os óleos “mais pesados”, quase sólidos,


produtos betuminosos difíceis de extrair, motivo pelos quais utiliza-se o vapor
saturado.

Para que seja possível a extração dos óleos medianos, pesados e extrapesados é
necessário aquecê-los, para tanto, duas perfurações são feitas nas rochas
reservatório: Uma para extração e uma para injetar o vapor que promoverá o
aquecimento. A sonda de extração está diretamente conectada a um processo de
armazenamento e refino. A sonda de aquecimento está conectada ao processo que
produz vapor (as caldeiras).

Figura 12: Plataforma de Petróleo.

O vapor, ao entrar pela sonda injetora, troca calor com os óleos, mudando suas
propriedades e permitindo que escoem para fora da rocha reservatório.

1.4 MECÂNICA DOS FLUIDOS

A mecânica dos fluidos é dividida em duas ciências diferentes: Hidrostática e


Hidrodinâmica.

A Hidrostática é a ciência que estuda o comportamento dos fluidos quando estáticos.


A Hidrodinâmica é a ciência que estuda o comportamento dos fluidos em
movimento.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
1.4.1 Conceitos fundamentais

Para entender o comportamento dos fluidos é necessário conhecer alguns conceitos


fundamentais: Viscosidade, Compressibilidade e Vazão.

A compressibilidade pode ser descrita como a capacidade de deformação e


diminuição do volume de um fluido em resposta à aplicação de uma pressão.

A água é tida como um fluido incompressível, ao passo que os gases são tidos como
fluidos compressíveis.

Em algumas referências bibliográficas é possível encontrar a informação da água


possuindo a propriedade de até 3% de compressibilidade, isso se deve ao fato da
água possuir em sua composição gases dissolvidos, portanto a compressibilidade
não está na água e sim nos gases dissolvidos nela.

A água ao tornar-se vapor aumenta de 6 a 8 vezes o seu volume. Esse novo volume
pode ser comprimido ao adicionarmos pressão a ele. Em uma caldeira a massa de
vapor e água estão confinados, a água, incompressível por natureza ocupa o espaço
maior e o vapor comprimido forma uma lâmina superior.

Ao ser comprimido o vapor absorve energia ficando pronto para escoar em


velocidade pela saída de vapor.

Outro conceito importante é a viscosidade que pode ser descrita como a resistência
de um fluido ao escoamento. Para que um fluido escoe deverá submetido à forças
de cisalhamento entre suas camadas.

As partículas dos fluidos se distribuem em camadas como bolinhas de isopor em


uma caixa de vidro selada. Ao abrir uma das laterais da caixa de isopor, de baixo
para cima, as bolinhas de isopor começam a escorregar umas sob a outras em
direção a abertura da caixa, esse deslizar entre camadas de bolinhas de isopor
chamamos de cisalhamento. No caso da caixa de vidro as bolinhas de isopor estão
sofrendo forças de cisalhamento provenientes da própria pressão atmosférica que
empurram as bolinhas para baixo em direção à saída.

A viscosidade do fluido está intimamente relacionada com a velocidade com que ele
é capaz de escoar de um reservatório, ou mesmo ao longo de uma linha ou
tubulação.

A velocidade de escoamento de um fluido em uma dada seção é um componente da


vazão.

A Vazão pode ser descrita em função do volume por um tempo determinado, V(t), ou
em função da massa pelo tempo, M(t).

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
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A capacidade de uma caldeira normalmente é expressa em função da vazão
mássica por um tempo determinado, exemplos: 10 quilos de vapor por hora (10kg/
h), ou 50 toneladas de vapor por hora (50ton/ h).

Para aumentar a vazão do petróleo para fora da rocha reservatório é necessário


diminuir a sua viscosidade promovendo calor e aumentar a força de cisalhamento
promovendo aumento da pressão no reservatório que empurrará o petróleo e seus
derivados em direção à sonda de extração.

1.4.2 Pressão em escoamento

Toda vez que aplicarmos pressão em uma linha ou tubulação aumentamos a vazão
naquele ponto, através da promoção de aumento de forças de cisalhantes. Quando
as forças cisalhantes são aplicadas de maneira contínua e regular o fluido responde
com um tipo de escoamento que chamaremos laminar. O escoamento laminar é um
fluxo contínuo e organizado.

Figura 13: Escoamento laminar (a) e turbulento (b).

Quando as forças cisalhantes são aplicadas de maneira abrupta o fluido responde


com um escoamento turbulento. O escoamento turbulento é um fluxo desorganizado
e normalmente barulhento.

Figura 14: Exemplo de instalação que tende a aumentar a perda de carga.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
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Quanto mais turbulento um fluxo, maior será a perda de carga no escoamento. O


conceito de perda de carga se refere à perda de energia cinética das partículas do
fluido durante um escoamento.

1.4.3 Escoamento de gases

À medida que a perda de carga aumenta, a energia contida no fluido diminui. A


perda de carga pode ser promovida por diversos fatores, dentre eles os mais
comuns são: A rugosidade dos tubos, presença de válvulas, curvas e
estrangulamentos.

Toda vez que um fluxo se torna turbulento a média da energia cinética contida no
fluido diminui, acarretando em perda de velocidade e diminuição da pressão do
fluido naquela dada seção.

Quando o vapor perde pressão tende a retornar ao estado líquido, assim sendo o
fluido com partículas em ponto de orvalho torna-se um misto de vapor saturado e
condensado.

Para diminuir a perda de carga as sondas normalmente são constituídas de tubos


cuja rugosidade segue um padrão de qualidade grande, como limites de tolerância
pequenos. O mínimo possível de válvulas estão dispostas ao longo da linha e não
existem curvas ao longo do trajeto.

Para o uso em plataformas de petróleo o título do vapor é extremamente importante.


Chamamos de título o percentual de umidade que o vapor poderá conter. A distância
entre a unidade que produz vapor e o sítio onde será efetivamente usado é muito
grande, cerca de 5,5 km e a vizinhança da sonda injetora muito fria, então é comum
que o vapor produzido chegue ao seu destino com a qualidade diminuída.

Para tanto o operador deverá atentar-se às regras de curva de aquecimento da


caldeira e da sonda injetora e à pressão requerida dentro da caldeira para garantir
que o vapor possua a qualidade e o título desejado ao chegar na rocha reservatório.

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CAPÍTULO 2 – NOÇÕES DE QUÍMICA APLICADA

A química, por definição, é a ciência que estuda as propriedades da matéria, em sua


complexa composição e organização, bem como as mudanças sofridas pela ação de
reações químicas e sua ligação com a energia de forma geral. Atualmente a química
moderna vem focando cada vez mais no estudo de partículas elementares e suas
interações.

A ideia de partículas elementares foi proposta pela primeira vez por Demócrito, um
filósofo grego que viveu no Século V a.C. Demócrito acreditava que tudo era
composto de partículas minúsculas, indivisíveis e imutáveis, movendo-se livremente
em espaços vazios e que ao se chocarem, umas com as outras, formavam ligações
diferentes dando origem aos vários corpos diferentes que existem.

E o que somos nós, se não o resultado da união de muitas partículas dispostas em


arranjos diferentes?

Suas ideias seriam valorizadas no futuro, muitos séculos depois, e explicariam todas
as interações que conhecemos hoje.

Os avanços da química se deram a passos lentos, ao contrário dos avanços da


Física, Matemática, Mecânica Clássica e todas as ciências e conceitos que
estudamos até este momento.

Seria somente a partir do final do Século XVI que a química passaria a ser
reconhecida como uma ciência experimental. Novas teorias sobre ideia de partículas
elementares começaram a nascer dando origem à noção de elementos químicos,
suas interações, ligações e os fenômenos produzidos pela existência deles.

Até o século XIX haviam sido descobertos apenas cerca de 50 elementos diferentes
(dos 118 confirmados atualmente) e até o momento não se sabia como organizá-los.
Foi então que em 1869 o químico russo Dmitri Ivanovich Mendeleiev publicou a
primeira tabela periódica com os elementos dispostos de maneira organizada
listando os elementos em linha ou coluna. A tabela de Mendeleiev era especial em
relação às outras publicadas até o momento, pois o químico pressupôs que existiam
elementos que ainda não haviam sido descobertos, deixando espaço vagos para a
entrada deles no futuro e a organização da tabela seguia uma linha de raciocínio
diferente com os elementos agrupados por famílias e com o números atômicos em
ordem crescente.

A organização de Mendeleiev é de tal importância que a usamos exatamente como


foi proposta até hoje. Por sua contribuição, o elemento químico de número atômico
101 leva seu nome, “Mendelévio”, em uma homenagem.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
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A própria premissa de que haviam elementos faltantes levou aos cientistas a realizar
experimentos para acelerar a descoberta dos mesmos. E foram muitos os momentos
em que as novas descobertas brilharam.

Houve a descoberta do Rádio (utilizado na radioterapia de pacientes com câncer),


que rendeu à Marie Curie um prêmio Nobel em 1911. A descoberta da Penicilina
(para tratar da Sífilis), que rendeu à Alexander Flemming o prêmio Nobel em 1945 e
a partir do qual novos antibióticos foram descobertos e sintetizados.

Figura 15: O elemento atômico Radio (Nobel de 1911) e a Penicilina (Nobel de 195).

A importante ciência nascida através da necessidade de entender o comportamento


dos gases e da combustão, faz parte de nosso dia-a-dia e está associada a tudo o
que conhecemos.

2.1 DENSIDADE

Densidade, por definição é a relação entre o volume e a massa específica de cada


fluido. A densidade dos fluidos está intimamente relacionada ao comportamento dele
e interage com todos os conceitos do capítulo anterior.

Chamamos de massa específica, porque assim como o calor específico, a massa


específica é particular de cada fluido.

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Figura 16: Corpos de diferentes densidades se comportam de maneira diferente quando colocados em recipientes
com água.

A Densidade determina a maneira como fluidos e corpos interagem entre si. Fluidos
e corpos de menor densidade tendem a movimentar-se para cima, ao passo que
fluidos com densidade maior tendem a se movimentar naturalmente para baixo. A
movimentação natural destes fluidos está intimamente relacionada com o conceito
de convecção.

A densidade de um fluido pode ser modificada com o fornecimento de calor.

Exemplo:
1 Litro de água possui uma massa de 1kg. Ao aquecer essa massa de 1 kg de água,
vaporizando-a ela passa a possuir um volume de 6 a 8 vezes maior. Neste caso a
densidade mudou, porque a relação de volume e massa específica mudou, com a
adição do calor.

Em uma caldeira os fluidos, água e vapor, estão confinados e sujeitos à variação de


densidade ocasionada pelo fornecimento de energia térmica.

Água e vapor, com densidades diferentes dividem o mesmo espaço, A água na parte
mais inferior e o vapor na parte superior, movimentados apenas pela convecção
natural que a presença de energia térmica, proveniente do fogo, pode gerar.

A convecção é comandada pelo aumento e diminuição da densidade dos fluidos. Na


fornalha de uma caldeira a densidade dos gases quentes provenientes da
combustão promove uma convecção natural e força a sua saída pela chaminé.

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Figura 17: Ar refrigerado fluindo para baixo.

É por esta razão que o ar condicionado é sempre instalado próximo ao teto dos
ambientes e os aquecedores próximos ao chão. A densidade do ar, quente ou frio,
determina quais partículas se movimentarão naturalmente para cima e quais se
movimentarão naturalmente para baixo.

Curiosidade:
Em 2005, o Furacão Katrina, passou pela costa sudeste do Estados Unidos
provocando cerca de 1800 mortes e mais de 2 bilhões de dólares de prejuízo. Um
dos maiores furacões já registrados com ventos avassaladores de mais 280 km/ h.
De tempos em tempos ouve-se um alerta de furacões e você pode estar se
perguntando por que esses tais ciclones acontecem sempre nos mesmos lugares?

Os furacões, também chamados de Ciclones Tropicais, são o resultado da


convecção natural de ventos em áreas onde há uma baixa pressão atmosférica com
temperatura maior do que suas adjacências.

À medida que os ventos se aquecem e resfriam, sua densidade se altera,


promovendo movimentação (convecção) em circulação fechada.

O calor e a umidade são alimentos principais para a formação e manutenção dos


ciclones que se intensificam à medida que a densidade diferencial dos ventos
aumenta.

2.2 SOLUBILIDADE

O conceito de solubilidade pode ser definido com o a quantidade máxima que uma
substância (chamaremos de soluto) pode se dissolver em um solvente.
A Solubilidade está relacionada com a polaridade do solvente e a polaridade, por
sua vez, está relacionada com a eletronegatividade de um elemento ou molécula.
Cada elemento químico possui uma ou mais camadas contendo elétrons (e⁻),
carregados negativamente. Para que haja equilíbrio, cada camada, em teoria,
deverá possuir um número correto de elétrons, sendo:
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1ª Camada: 2 e⁻, 2ª Camada: 8 e⁻, 3ª Camada: 18 e⁻, 4ª Camada: 32 e⁻, 5ª Camada:
32 e⁻, 6ª Camada: 18 e⁻ e a 7ª Camada: 2 e⁻.

Figura 18: Desenho esquemático das camadas de elétrons.

As moléculas são formadas através de ligações (iônicas ou covalentes) entre


diferentes elementos e o número de elétrons em cada camada de cada elementos
está diretamente relacionada com o tipo e estabilidade da ligação que irá formar com
o próximo.

Em ligações covalentes os átomos dividem, entre si, um ou mais pares de elétrons


de sua última camada.

Em ligações iônicas, cargas negativas provenientes dos elétrons se relacionam com


a carga positiva contida nos núcleos dos átomos. O núcleo dos átomos possui
prótons, carregados positivamente, e nêutrons, que não possuem carga nem
positiva e nem negativas portanto, são neutros.

Figura 19: Estrutura básica de um átomo com seu núcleo contendo prótons e nêutrons e suas camadas de elétrons.

Facilitando o pensamento:
Os átomos possuem cargas positivas (prótons), neutras (nêutrons) e negativas
(elétrons). A Massa de um átomo está relacionada ao número de prótons e neutros
que ele possui. E o número atômico relacionado apenas ao número de prótons que
ele possui. O Número atômico determina o número de camadas de elétrons e de
elétrons em cada camada. Sendo assim o Hidrogênio de número atômico: 1, deverá
possuir 1 elétron. O Oxigênio de número atômico 8 deverá possuir 8 elétrons.

A polaridade, de forma geral, está relacionada à diferença de eletronegatividade


resultante dessas ligações iônicas ou covalentes. Quando maior a polaridade, maior
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a reatividade e, portanto, maior a solubilidade. Substâncias apolares não são
solúveis. A solubilidade também depende da concentração.

O conceito de concentração é definido pela razão entre a quantidade de uma


substância em relação ao volume da mistura de que faz parte. Quando a
concentração de soluto em um solvente é suficiente para que o solvente reaja com a
quantidade total de soluto chamamos a mistura de solução saturada. Quando a
concentração de soluto excede a quantidade máxima que o solvente é capaz de
dissolver, chamamos a mistura de solução insaturada.

A solubilidade também pode ser alterada ao fornecimento ou retirada de calor de


uma mistura. Quando a solubilidade de uma mistura aumenta com o fornecimento
de calor a chamamos de dissolução endotérmica. Quando a solubilidade de uma
mistura diminui com o fornecimento de calor a chamamos de dissolução exotérmica.
A dissolução exotérmica é o comportamento comum de todos os gases. À medida
que fornecemos mais calor aos gases a solubilidade deles diminui. Em contrapartida
quando aumentamos a pressão a solubilidade dos gases aumenta.

Facilitando o pensamento:
Quando aquecemos a água no estado líquido um fenômeno de formação de bolhas
precede a vaporização da água, isso ocorre porque à medida que a água se aquece
os gases, que antes estavam dissolvidos nelas, têm sua solubilidade diminuída e
começam a se soltar. Como a densidade dos gases é menor do que a da água é
possível perceber a movimentação natural das bolhas para cima, explodindo quando
chegam à superfície.

O Vapor e a água possuem comportamentos diferentes frente ao fornecimento e


retirada do calor.

2.3 DIFUSÃO DE GASES E VAPORES

A difusão é o fenômeno de transporte caracterizado por uma movimentação natural


dos gases através de outros meios.

A difusividade, capacidade de difusão, poderá ser aumentada ou diminuída com a


ação de forças externas.

Toda vez que houver um gradiente de concentração entre duas ou mais substâncias
um fluxo de partículas será produzido, ou seja, quando houver diferença de
concentração entre duas seções uma movimentação natural ocorrerá, com o
objetivo de promover equilíbrio entre as duas seções devido à diferença de potencial
químico entre as substâncias. Este potencial químico é uma forma de energia
potencial que poderá ser absorvida ou libertada durante uma reação química.

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Figura 20: Reação Química.

As reações químicas podem ser endotérmicas ou exotérmicas. As reações químicas


onde energia térmica é liberada, causando elevação da temperatura, chamamos de
exotérmicas. As reações químicas onde energia térmica é absorvida, causando
diminuição da temperatura, chamamos de endotérmicas.

A combustão é uma reação química exotérmica, visto que a oxidação de um


combustível libera energia térmica, elevando a temperatura ao seu redor.

Outra forma de pensar na difusão e nas reações químicas é a diferença de


concentração ou de densidade entre fluidos diferentes. Fluidos de menor densidade
se movimentarão com maior facilidade através de fluidos de menor densidade. O
mesmo se dá em fluidos de diferentes concentrações.
A difusão, assim como a segunda lei da termodinâmica, dita as regras, a direção e a
velocidade com que uma mistura ou uma reação química irá ocorrer.

Em uma caldeira pode-se observar a difusão quando da abertura da válvula de


saída do vapor. Ao sair da caldeira, para o ar livre, o vapor começa a se condensar.
Neste momento pode-se observar a formação de uma nuvem branca de água
condensando em gotículas muito pequenas e suspensas. Essa nuvem começa a se
movimentar e espalhar-se por uma grande área. Essa movimentação é a difusão,
causada pela diferença de densidade e temperatura entre os fluidos.

Além da movimentação do vapor de água e dos gases quentes da combustão a


difusão também torna-se importante para o tratamento de água das caldeiras, que é
feito através de muitas reações químicas entre substâncias com o objetivo de tornar
a água o mais próximo do ideal para o uso.

2.4 CARACTERIZAÇÃO DE ÁCIDO E BASE (ÁLCALIS) – DEFINIÇÃO DE pH

O pH é um valor adimensional (não tem unidade de medida) que determina a acidez


ou basicidade de uma solução.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 21: Escala de pH com exemplos práticos.

Substâncias com pH menor do 7 são consideradas ácidas, substâncias com pH


maior do 7 são consideradas básicas e substâncias com pH de exatamente 7 são
consideradas neutras. A água pura possui pH mais próximo do neutro.

São muitos os elementos capazes de aumentar ou diminuir o pH de uma substância


ou meio. A presença de CO2, por exemplo diminui o pH, tornando o meio ácido,
assim como a presença de moléculas de nitrogênio e enxofre (em sua forma
oxidada) que são os principais responsáveis pelo fenômeno de chuva ácida. Por isso
a importância de controlar as emissões de poluentes em nossa atmosfera. Também
podemos citar os álcalis como sal de cozinha e carbonato de cálcio, responsáveis
pela elevação do pH, tornando os meios mais básicos.

Veremos mais sobre essas substâncias no Capítulo 6 desta apostila, e sua utilização
no tratamento de água.

Em caldeiras, a fim de evitar a corrosão, utiliza-se água com pH mais elevado, mais
básico (alcalino).

Como sabemos a água possui cerca de 3% de seu volume de gases dissolvidos


nela, entre eles o oxigênio. O oxigênio é um elemento químico extremamente
reagente, visto que possui facilidade em formar compostos com as mais diversas
substâncias e materiais. O oxigênio possui a segunda maior eletronegatividade de
todos os elementos químicos o que facilita suas reações químicas com outros
elementos através de ligações firmes.

Além de ser o terceiro elemento mais abundante na natureza, é também o elemento


mais comum em substâncias em seu estado natural e reage com maior facilidade
em ambientes com temperaturas e pressões elevadas e principalmente em
ambientes ácidos.

Nas caldeiras, a temperatura e a pressão estarão sempre elevadas, porém a acidez


pode ser controlada.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
2.5 FUNDAMENTOS BÁSICOS SOBRE CORROSÃO

A corrosão em termos gerais é a oxidação de uma substância. E ocorre de forma


natural.

Os aços dos quais são fabricadas as caldeiras, vasos de pressão e demais


equipamentos da indústria são materiais compostos, principalmente, por ferro e
carbono.

A produção dos aços é um processo metalúrgico que se inicia com a obtenção do


minério de ferro. O Brasil possui uma das maiores jazidas de minério de ferro do
mundo.

O minério de ferro, nada mais é do que o ferro em sua forma natural, ou seja,
oxidada. As formas mais usuais de minério de ferro nas principais jazidas do mundo
são as magnetitas e as hematitas, contendo cerca de 70% de material metálico e
30% de oxigênio.
Tabela 02: Composição química e Percentual de Ferro dos principais Minérios de Ferro.

Fórmula
Minério % de Ferro % de Oxigênio
Química
Magnetita Fe3O4 69 31
Hematita Fe2O3 70 30

O processo metalúrgico consiste de aquecer o minério de ferro, em um ambiente e


processo controlado, para a extração do Oxigênio da molécula e substituição por
Carbono. Para isso, nas siderúrgicas, os minérios são aquecidos em temperaturas
superiores a 900ºC e durante o aquecimento é fornecido o carbono. Assim, à altas
temperaturas, o Ferro reage com o Carbono, se desprendendo do Oxigênio e
formando a molécula: Fe3C, como mostra a reação abaixo.

3 Fe2O3 + 3 C → 2 Fe3C + 4,5 O2

Infelizmente, em razão da entropia gerada no processo, após o processo também


são gerados CO e CO2 como principais poluentes, por isso a indústria siderúrgica é
tida como uma das indústrias mais poluentes existentes.

Além de ferro e carbono em percentuais diferentes, também são comuns a adição


de molibdênio, cromo, manganês, silício e níquel, que conferem características
diferentes aos aços.

A oxidação, também chamada corrosão é o processo natural, contrário ao


siderúrgico, onde Oxigênio forma ligações com o Ferro existente no material, já que
possui maior afinidade com ele, e causa modificações no comportamento dos aços,
tornando-os mais frágeis e diminuindo sua resistência mecânica.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
A corrosão pode se dar de várias formas, quando da exposição do material à meios
contendo umidade, oxigênio e hidrogênio.

A corrosão pode ser descrita quanto ao tipo (mecanismo) e quanto à forma


(geometria) de acometimento, do material, como se processa ao longo do tempo
onde se instala, pode ser mais ou menos profunda e pode nem sempre ser visível a
olho nu.

Corrosão uniforme:
A corrosão uniforme é aquela em que o ataque é homogêneo em toda a superfície
do material, causando perda de espessura uniforme ao longo de toda a área
acometida e se apresenta de forma superficial.

Figura 22: Corrosão Uniforme.

Corrosão alveolar:
A corrosão alveolar tem a imagem de pequenas bolhas (buraquinhos) onde o
diâmetro de superfície é maior do que sua profundidade, são comuns em casos de
corrosão por aeração.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 23: Corrosão Alveolar.

Corrosão por placas:


A corrosão pela formação de placas, de produtos da corrosão, que se desprendem
do material.

Figura 24: Corrosão por Placas.

Corrosão por pites:


A corrosão por pites, diferente da corrosão alveolar, é a corrosão onde a formação
de “buraquinhos” tem menor diâmetro de superfície e maior profundidade.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 25: Corrosão por Pites.

Corrosão intergranular:
A corrosão intergranular é a corrosão que se dá na estrutura do cristalino do
material, entre os grãos que o compõe. Este tipo de corrosão é observável apenas
através do microscópio. Para tanto, sua avaliação deve ser realizada através da
retirada de uma seção do material (corte), ou quando não houver possibilidade corte,
através de Ensaio de Réplica Metalográfica.

Figura 26: Corrosão Intergranular.

Corrosão filiforme:
A corrosão filiforme se dá através de pequenas trincas que se alastram através do
material, formando um emaranhado de vias.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 28: Corrosão Filifome.

Corrosão galvânica:
A corrosão galvânica é resultante da formação de uma camada elétrica, promovida
pela própria umidade, na superfície do material formando áreas catódicas e
anódicas.

A presença de íons, comuns na umidade da atmosfera e da água, reage com o


material causando oxidação por troca entre os cátions do material e agente
causador da corrosão.

Corrosão por concentração diferencial ou corrosão por efeito pilha:


A corrosão por concentração diferencial ocorre o agende causador e o material
apresentam diferença de concentração de íons e quando há diferenças na
concentração de oxigênio que causam um gradiente e consequente corrosão.

A prevenção à corrosão é um dos maiores desafios na indústria, para tanto são


muitos os tratamentos disponíveis.

Nas caldeiras os maiores riscos estão localizados na fornalha e tubos de troca


térmica e são decorrentes da alta temperatura e pressão na caldeira.

Na parte interna da caldeira (parte úmida) a prevenção da corrosão através do


tratamento de água.

Na parte sujeita à chama a corrosão normalmente é proveniente da própria umidade


gerada na queima do combustível.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

CAPÍTULO 3 – TÓPICOS DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS


E REGISTROS

Existem 5 pilares que garantem a segurança de um equipamento: O projeto, a


instalação, a manutenção, a operação e a inspeção e estão todos sobre uma base
de Legislação e Normalização.

As normas internacionais mais comuns nos quais se baseiam os 5 pilares são o


ASME (“American Society of Mechanical Engineerig”) e o NB (“National Board”).

O ASME é uma organização, sem fins lucrativos, composta de engenheiros com


especialidades na mais diversas áreas e foi fundada em 1880 com o objetivo de
promover conhecimento e segurança em equipamentos pressurizados, preservando
vida e evitando acidentes. O ASME é aceito em mais de 140 países no mundo e
possui mais de 100 mil membros.

O NB foi criado em 1919 focando nos mesmos interesses de segurança e


preservação da vida e regulamente e verifica se diretrizes do ASME para a
construção, instalação, manutenção, inspeção e operação de equipamentos
pressurizados estão sendo seguidos.

Ambos têm o objetivo de pesquisar novas tecnologias, materiais e métodos que


garantem que um equipamento tenha uma longa vida útil, sem oferecer maiores
riscos.

Com a revolução industrial a partir de 1760 o uso de máquinas revolucionou os


processos de manufatura. Antes da industrialização o processo de fabricação de
objetos, utensílios e a própria obtenção de matéria-prima eram totalmente manuais e
artesanais.

Figura 29: Artesãos do Antigo Egito produzindo objetos decorativos.

Com o processo industrial o uso de maquinários e a implantação de linhas e


processos de fabricação os artesãos passaram a ceder lugar para grandes
indústrias.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
O rápido crescimento industrial trouxe melhora da qualidade de vida para a
população, com um crescimento desenfreado, os preços dos objetos e utensílios
tornaram-se acessíveis, mas também trouxe muitos problemas em relação à
segurança. Não existiam leis trabalhistas e o conceito de segurança do trabalho não
estava nem perto de tornar o que é hoje.

“Somente pensamos quando confrontados com um problema” era a premissa de


John Dewey, um filósofo do início do século XX. De forma geral Dewey trouxe um
conceito de que os problemas só passam a existir quando pensamos sobre eles. O
fato é que a revolução industrial trazia milagres para a economia moderna e um
desastre para a qualidade de vida do proletariado.

As jornadas de trabalho eram longas, o pagamento pelos esforços do trabalhador


era baixo e não havia segurança nenhuma de que o trabalhador voltaria para a sua
casa ao final de sua jornada, não haviam garantias.

Muitas máquinas explodiam, trabalhadores perdiam as vidas corriqueiramente em


todos os lugares e o uso do vapor estava na moda. E foi só após um enorme
acidente ocorrido nos Estados Unidos da América que que o mundo passou a olhar
com mais atenção para os equipamentos pressurizados.

A primeira publicação contendo diretrizes para fabricação de Caldeiras e Vasos de


pressão foi em 1915 e sua aceitação foi de crescimento rápido. Atualmente o ASME
contém inúmeras seções relativas à Projeto, Materiais, Métodos de Construção e
Análise, Inspeção e Ensaios Destrutivos e Não-destrutivos e como conduzi-los. São
milhares e milhares de páginas com o propósito de garantir segurança em Caldeiras,
Vasos de Pressão, Reatores Nucleares, Tubulações, tanques de armazenamento,
etc.

Até 1921, ainda que de posse do material produzido pelo ASME, cada estado e país
possuía suas próprias regras para equipamentos pressurizados. Uma caldeira que
fosse construída no Estado da Califórnia raramente atendia aos pré-requisitos do
Estado de Nova York, a Caldeira projetada em Nova York não atendia as regras de
Massachusetts e assim por diante, então houve a necessidade de criar um órgão
regulamentador, que garantisse a todos os estados e a grande maioria dos países
que as regras de construção do ASME fossem seguidas. Atendendo à necessidade
de tornar os equipamentos aceitos para Instalação e Operação em qualquer lugar foi
criado o NB.

O NB é o órgão que assegura que um determinado equipamento fora construído


seguindo todas as regras propostas pelo ASME.

Para que um fabricante receba o estampo do NB é necessário que envie ao órgão o


projeto do equipamento, contendo amostras de materiais, certificado de qualidade
do mesmo, memória de cálculo, desenho, registros de ensaios e métodos utilizados
para fabricação, bem como certificação dos profissionais envolvidos em cada fase
do processo de fabricação. O estampo NB é garantia de segurança e qualidade.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Em plataformas marítimas o Estampo NB é uma exigência, visto que as plataformas
e navios são provenientes de diversos países do mundo. Todas as manutenções e
inspeções relativas aos equipamentos seguem as diretrizes do ASME e a NR-13 se
apoia nele.

Em inúmeras seções da NR-13 você irá encontrar a expressão “apoiado em códigos


e normas vigentes” que remetem, entre outras normas, ao ASME.

3.1 MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS

A vida útil da maioria dos equipamentos pressurizados está estimada, no momento


de sua fabricação, em no mínimo 25 anos.

O que garante que tais equipamentos terão durabilidade igual ou maior do que os 25
anos propostos é justamente os próximos 4 pilares: Instalação, Manutenção,
Operação e Inspeção.

Figure 30: Manutenção.

Para que um equipamento opere satisfatoriamente é necessário que tenha sido bem
instalado e que tenha sido submetido a manutenções de qualidade.

Existem 3 tipos de Manutenção: a manutenção corretiva, a manutenção preventiva e


a manutenção preditiva.

A Manutenção Corretiva é a manutenção que realiza uma intervenção no


equipamento após uma falha.
A Manutenção Preventiva é a manutenção que realiza uma intervenção no
equipamento antes que uma falha ocorra, baseada nos cálculos estimados da vida
útil de um componente ou material.
A Manutenção Preditiva é a manutenção que realiza uma intervenção no
equipamento de forma pontual, baseada em dados e inspeções coletadas em
campo. Essa é a manutenção que chamamos “just-in-time”, que significa
“exatamente no tempo certo” e segue um conceito de ‘QUEBRA ZERO’, criado a
partir da década de 70.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Até a década de 40 as manutenções ocorriam por ocasião, ou seja, um componente
quebrava e uma parada obrigatória para o conserto daquele componente ocorria.

Com o crescimento econômico e a rápida industrialização, impulsionada por 2


grandes guerras mundiais, houve uma necessidade de modificar essa consciência.

Toda vez que uma linha de produção para toda a matéria prima e produtos não
finalizados que aquela linha contém são perdidos e isso resulta em uma grande
perda financeira.

Diante de um momento de crise econômica vivido pelo mundo entre a primeira


guerra mundial, a quebra da bolsa de Nova York e a segunda guerra mundial,
seguida pela guerra fria a necessidade de disponibilidade de produtos baratos e
disponíveis aumentou. E isso impulsionou a mudança de pensamento em relação à
manutenção.

Na década de 40 a maneira como o mundo pensava sobre manutenção sofreu sua


primeira grande revolução. Para que as linhas não parassem mais, para que
produtos e matérias-primas não fossem perdidos as empresas passaram a realizar
manutenções preventivas periódicas. Uma parada geral de manutenção era
programada e todos os componentes com vida útil próximas àquela data eram
substituídos. Havia um grande senso de organização para evitar falhas. Mas a
economia está sempre crescendo e modificando a forma como as indústrias se
relacionam entre si e com seus clientes. E então, uma nova consciência começou a
ganhar espaço a partir da década de 70, trazendo o conceito de Confiabilidade e
Disponibilidade.

Existem várias formas de entender e se relacionar com a manutenção e o mundo já


produziu diversos artigos e métodos que auxiliam uma fábrica ou processo a extrair
o melhor de produção através de procedimentos, normativas e selos de qualidade
como o ISO (“Internacional Standardization Organiozation”). Quando uma empresa
recebe o selo ISO a garantia de qualidade de sua produção está atestada.
O conceito de quebra zero é um conceito extremamente interessante e muito
difundido, porém nem tudo precisa seguir um conceito onde as falhas deixem de
existir.

Exemplo:
Se uma lâmpada, na sala de Caldeiras, queima a troca da mesma não exige a
parada da produção, não representa nenhum custo superior ao custo da própria
lâmpada e não há necessidade de contratar uma equipe especializada para a sua
troca, portanto não há necessidade de deslocar um engenheiro para realizar um
estudo extenso e cuidadoso à cerca da vida útil desta lâmpada, testando-a e
realizando ensaios periódicos. Neste caso a lâmpada teria um custo muito maior do
que precisa realmente ter, assim sendo a manutenção corretiva cabe perfeitamente.
Cada componente e cada equipamento pode ser submetido aos 3 tipos de
manutenção. As caldeiras normalmente passam por manutenções preventivas

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
anuais, que coincidem com as Inspeções, alguns de seus componentes podem
receber manutenção preditiva e alguns manutenção corretiva.

De forma geral a manutenção preventiva tem por objetivo a limpeza do


equipamento, a troca de gaxetas de válvulas, juntas de vedação de partes
pressurizadas e quentes, ou seja, todo material cuja substituição não poderá ser
rápida e simples.

Manutenções preditivas são dedicadas às bombas de alimentação (motor e rotor),


painel elétrico e demais componentes elétricos e eletrônicos.

Manutenções corretivas podem ocorrer em partes frias ou cuja manutenção não


ofereça risco grave e iminente ou que podem ser isoladas sem causar transtorno.

Os cuidados nas manutenções em caldeiras estão voltados à escolha dos materiais


a serem substituídos. Existem escolhas específicas para cada faixa de pressão e
temperatura.

Figura 31: Vazamento de vapor.

3.2 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS

As Inspeções realizadas por profissionais qualificados são compostas de Exames e


Ensaios que garantem que a perspectiva de vida útil da data de projeto está mantida
e que a Manutenção e Operação estão dentro das diretrizes propostas pelo
fabricante do equipamento. Além disso, o profissional também verifica as condições
de projeto e a instalação do equipamento e se estão de acordo com as diretrizes do
ASME, ou qualquer órgão ou norma vigente em que se apoie.

Segundo a NR-13, toda caldeira deverá passar por inspeção durante a sua fase de
fabricação, antes de ser colocada em funcionamento, em seu local de instalação
definitivo, periodicamente para garantir que esteja em condições satisfatórias de
operação e extraordinária quando passar por manutenção com solda ou
mandrilhamento ou por algum tipo de intervenção que possa influir em sua vida útil.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Durante a fase de fabricação, para receber o estampo NB, um engenheiro


acreditado por órgão competente (PG-91) deverá inspecionar e testar cada parte
sujeita à pressão e altas temperaturas, verificando se os métodos de construção
estão de acordo com as diretrizes do ASME, participar e testemunhar os testes de
pressão necessários para estabelecimento da PMTA (“Pressão Máxima de Trabalho
Permissível”) e verificar os certificados de qualidade de materiais e métodos, bem
como acreditação dos profissionais envolvidos em cada etapa do trabalho.

Ao final das primeiras etapas o Profissional certificado deverá proceder com o Teste
Hidrostático obrigatório.

Figura 32: Diagrama de Alívio de Tensões durante TH.

O Teste Hidrostático deverá seguir as seguintes recomendações:

A. Ser realizado exclusivamente com água em temperatura ambiente, nunca


menor do que 20ºC.
B. A pressão de teste deve ser elevada gradualmente em no mínimo 1,5 vezes a
PMTA (PG-99.1 ASME I – Ed. 2007).
C. A temperatura do material testado não poderá exceder 50ºC.
Durante o primeiro teste hidrostático, o de fabricação, não é necessário ensaio visual
para vazamentos (PG-99.1), o objetivo deste teste é aliviar as tensões no material e
nas soldas.

Todos os testes e inspeções requeridas durante o processo de fabricação deverão


estar documentados e são de responsabilidade do fabricante. Se aprovada em todos
os testes a caldeira seguirá para seu local definitivo de instalação.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Curiosidade:
Não é obrigatório que uma caldeira possua o estampo ASME ou NB para operar
num determinado país ou região, desde que o equipamento cumpra com as regras
estabelecidas naquele lugar. Ainda que não receba o estampo, as caldeiras no
Brasil passam por rigorosos testes e ensaios antes de ser colocadas em
funcionamento e esta é justamente a função da NR-13.

Algumas caldeiras já vêm montadas do fabricante, em caminhões, outras cujo


projeto possui muitos quilômetros de área, normalmente são montados e soldados já
no seu local definitivo de instalação. No segundo caso o próprio fabricante é
responsável pela montagem e poderá realiza-la ou indicar uma empresa certificada
que cumpra com os pré-requisitos exigidos para garantia da qualidade daquele
equipamento.

Ao ser instalado em seu local de instalação definitivo a caldeira passa a ser


responsabilidade do Empregador, assim sendo a Inspeção Inicial do Equipamento é
de responsabilidade da fábrica onde foi instalada.

Curiosidade:
São muitos os fabricantes que submetem seus equipamentos a uma radiografia das
soldas. Essas radiografias podem ser em 100% das soldas ou menos, mas não são
obrigatórias. O código ASME prevê que nem sempre serão realizadas as
radiografias em todos os cordões de solda, portanto oferece coeficientes para o
cálculo que variam de 0,7 a 1 de margem de erro.

Se um equipamento não possui nenhum tipo de radiografia de solda o coeficiente a


ser utilizado será 0,7. Se um equipamento apresenta radiografia de 100% dos
cordões de solda o coeficiente a ser utilizado será 1, pois qualquer número
multiplicado por 1 terá como resultado ele mesmo.

A Inspeção Inicial de uma Caldeia deve compreender Exames Internos e Externos e


um Teste de Estanqueidade, conforme exigência da NR-13 em item: 13.4.4.2.
Normalmente o Profissional Habilitado procede com Ensaio Visual Interno e Externo,
fazendo registro fotográfico obrigatório de cada etapa do processo, Os Ensaios
Visuais têm por objetivo a verificação:

A. Das condições gerais do equipamento;


B. Se o equipamento está construído conforme a documentação que o
acompanha (desenhos e dados para o monitoramento da vida útil);
C. Se houve algum dano ao equipamento durante a montagem ou transporte;
D. Se há sinais de corrosão ou qualquer indicativo de vazamento e/ ou sinal de
que o equipamento pode apresentar problemas;
E. Verificação dos dispositivos de segurança e demais instrumentos necessários
para a operação segura do equipamento.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 33: Corrosão detectada em Ensaio Visual.

Nesta fase, bem como em inspeções periódicas e extraordinárias, é comum que o


Engenheiro realize o Ensaio de Medição de Espessura por Ultrassom, para verificar
a espessura nominal do material do equipamento e confrontar com os cálculos e
documentos enviados pelo fabricante.

Figura 34: Medidor de Espessura.

No ensaio o Engenheiro utilizará o instrumento dedicado à medição de espessura,


como o mostrado na figura 3.2. Para a realização do ensaio é necessário utilizar um
acoplante que poderá ser graxa, ou gel aquoso.

Durante a Inspeção de Segurança Inicial também poderá ser necessária a


realização de uma limpeza química para eliminar processos corrosivos que possam
comprometer o funcionamento da caldeira e/ ou restos de graxa e óleos usados
durante a fase de fabricação do equipamento, ou mesmo para sua proteção durante
o transporte ou montagem e instalação em seu local definitivo.

Mais detalhes deste tipo de limpeza serão apresentados no Capítulo 6.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Após todas as verificações iniciais o profissional habilitado prosseguirá com o Teste
de Estanqueidade.

O Teste de Estanqueidade é um teste hidráulico cujas premissas são parecidas com


o Teste Hidrostático de Fabricação e segue a seguinte rotina:

A. A água utilizada no teste de estanqueidade deverá estar na temperatura


ambiente, no mínimo a 20ºC.
B. A pressão utilizada para este teste poderá estar abaixo da pressão de Teste
Hidrostático afixada na placa de identificação do equipamento pelo fabricante,
normalmente utiliza-se a pressão da bomba de alimentação do próprio
equipamento ou a PMTA.
C. Nesta fase o engenheiro deverá realizar um ensaio visual em busca de
vazamentos (diferente do TH inicial), principalmente nos espelhos e seções
soldadas ou mandriladas.
Todos esses ensaios garantirão que o equipamento responderá de maneira
satisfatória às suas condições de trabalho normais e sem quaisquer inconvenientes.
A verificação dos Dispositivos de Segurança e instrumentos necessários para uma
operação segura também segue critérios estabelecidos pelo ASME, tais como:

A. O Manômetro ou instrumento que indique a pressão deverá ser graduado em


não menos do que 1,5 vezes a PMTA e deverá ter tamanho suficiente para o
acompanhamento da elevação gradativa da pressão durante os testes e
operação normal, usualmente utiliza-se manômetros com o dobro da PMTA.
Também torna-se necessário que o manômetro possua a mesma unidade de
medida de pressão utilizada na placa de identificação do equipamento e no
processo para o qual esta destinado. É comum em casos onde o
equipamento e o processo tenham unidades de medida diferentes que o
manômetro possua duas escalas diferentes, dispostas uma sobre a outra.

Figura 35: Manômetro.

B. A Válvula de segurança deverá ter capacidade suficiente para eliminar o


excesso de vapor sem permitir sobrepressão maior do que 6% da PMTA da
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
caldeira onde está instalada (PG-67.2). Em caldeiras com superfície de troca
térmica maior de 47m² é necessário que existam 2 ou mais válvulas de
segurança (PG-67.1), que garantam a vazão total sem martelar.

Figura 36: Válvula de Segurança.

C. Os visores de nível deverão ter dimensionamento e disposição tal que o


operador possa enxergá-lo com facilidade.

Figura 37: Visor de Nível.

A inspeção inicial também conta com ensaios e testes iniciais em alarmes,


dispositivos de alimentação, sistemas de intertravamento, sistemas acessórios de
alimentação de água para caldeiras de combustível sólido, sistema de detecção de
vazamento de gases em caldeiras à combustível gasoso, etc.

Ao final da inspeção o Engenheiro deverá realizar a abertura do “Livro de Registros


de Segurança” do equipamento e realizar a sua primeira anotação. E produzir num
prazo máximo de 90 dias o Relatório de Inspeção de Segurança.

Agora a caldeira está pronta para entrar em funcionamento e ser operada por
profissional qualificado, segundo exigências da NR-13.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Durante toda a vida útil da Caldeira, esta passará por inspeções periódicas até seus
25 anos, quando a inspeção deverá ser mais rigorosa.

As inspeções periódicas em caldeiras seguirão as mesmas premissas da Inspeção


Inicial, com Ensaio Visual Interno e Externo, Teste de Estanqueidade e poderão
incluir mais ensaios a critério do Engenheiro Responsável, conforme o ASME V,
dedicado a Ensaios não destrutivos.

Dentre os ensaios não destrutivos mais usuais estão o Ensaio por Líquido
Penetrante.

O Líquido Penetrante é um ensaio que tem por objetivo a detecção de


descontinuidades, como fissuras, porosidades e laminações em um material. É
muito utilizado em seções sujeitas a atlas temperaturas e pressão.

O escopo da realização de Líquido Penetrante está especificado em ASME V, T-


600.

De modo geral a realização de um LP segue o seguinte escopo resumido:

A. Preparação da Superfície que será testada que deverá estar limpa e livre de
sujidades e seca. A temperatura adequada para o ensaio, proposta pelo
ASME, está afixada entre 10ºC e 52ºC.
B. Aplicação do passo nº 1 que consiste de um líquido vermelho. Cobrindo toda
a superfície testada.
C. Aplicação de um removedor, à base de solvente, que eliminará todo o
excesso de pigmento vermelho da superfície testada.
D. Aplicação de um revelador, na cor branca, que revelará as falhas contidas no
material.

Figura 38: Ensaio de Líquido Penetrante em um Flange.

O Ensaio é muito comum em espelhos e fornalhas de caldeiras fogotubulares,


cordões de solda de paredes de água em caldeiras aquatubulares e suas uniões aos
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
coletores inferiores. Todas essas seções estão sujeitas à pressão e alta
temperatura.

Existem outros ensaios não menos importante, porém menos corriqueiros. Entre
eles pode-se citar o ensaio por Partícula Magnética e o Ensaio de Réplica
Metalográfica.

De modo geral o ensaio por Partícula Magnética (PM) é um ensaio destinado a


detecção de descontinuidades e presença de cavitações em soldas. Normalmente é
utilizado em materiais submersos em água, que não poderiam ser testados com
Líquido Penetrante, mas podem ser utilizados em superfícies secas também.

Figura 39: Desenho esquemático de um Ensaio po Particula Magnética extraída do National Board.

O Ensaio por réplica metalográfica é um ensaio que tem por objetivo definir o tipo de
material com os quais a caldeira fora construída e suas condições gerais.
Normalmente é utilizado quando necessária a reconstrução de um prontuário de
equipamento ou quando há indicativos de condições que alteram a microestrutura do
material, como fluência de carbono e demais estresses mecânicos e térmicos que
podem ocasionar mudanças não visíveis a olho nu.

Figura 40: Lâmina Observada em Microscópio contendo corrosão intergranular.

De todos os ensaios acima descritos os mais comuns não destrutivos são o Teste de
Estanqueidade, Medição de Espessura por ultrassom e o Ensaio por Líquido
Penetrante em Caldeiras durante sua inspeção periódica.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Os demais ensaios normalmente são dedicados à inspeção de integridade quando o
equipamento completa 25 anos de uso e quando for necessário realizar uma
manutenção com solda ou mandrilhamento e neste caso, submetendo o
equipamento a uma inspeção extraordinária.

As Inspeções Extraordinárias ocorrerão sempre que o equipamento for submetido a


manutenções com solda, mandrilhamento ou à modificações que possam alterar a
suas condições originais de projeto, bem como sua vida útil, acidentes ou incidentes
de maiores proporções.

3.3 REGISTROS

De forma geral cada caldeira deverá possuir, no mínimo, um prontuário com


conjunto de desenhos construtivos e demais dados para monitoramento da vida útil,
relatórios de inspeção e um livro de registro de segurança. Para equipamentos que
foram submetidos a manutenções com solda ou mandrilhamento, ou mesmo cujo
projeto original tenha sido modificado serão necessários também um PAR (projeto
de alteração e reparo) e registros da inspeção extraordinária ao qual fora submetido
após a manutenção.

O prontuário do equipamento é composto de:

A. Uma capa e/ ou uma folha de rosto que contém todos os dados contidos na
placa de identificação do equipamento e dados de projeto.
B. Conjunto de desenhos e especificações necessárias para acompanhamento e
manutenção do referido equipamento.
C. Espessuras mínimas requeridas dos materiais utilizados pelo fabricante, para
a operação na pressão de projeto e por vezes a espessura nominal dos
mesmos.
D. Conjunto de certificados de qualidade dos materiais, ensaios realizados,
qualificação dos profissionais envolvidos em cada fase do projeto e
fabricação.
E. Dados dos dispositivos de segurança e certificados de calibração referentes à
fase de fabricação.
F. Memória de cálculo e descritivo dos métodos de fabricação utilizados.
G. Registros e documentos referentes às inspeções, testes e ensaios realizados
durante a fabricação.
H. Registro do Teste Hidrostático de Fabricação.

Sem um prontuário o equipamento não pode ser operado, pois não haverá
referências e parâmetros seguros para a operação em segurança.

Além do prontuário, os equipamentos deverão possuir todos os relatórios de


inspeção a que foram submetidos ao longo de sua vida útil, desde a inspeção inicial.
Relatórios de Inspeção trazem informações sobre as reais e atuais condições gerais
da caldeira.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Os relatórios de inspeção deverão conter, assim como no prontuário, os dados


constantes da placa de identificação do equipamento bem como os dados de projeto
necessários para fazer a comparação dos dados obtidos durante a inspeção com os
dados originais.

Durante a inspeção de segurança periódica serão realizados ensaios e testes (já


descritos anteriormente) com o objetivo de determinar a vida útil do equipamento
frente às suas solicitações rotineiras. É de responsabilidade do engenheiro, através
dos dados coletados em sua inspeção, determinar se a operação rotineira está
dentro dos parâmetros determinados pelo fabricante e se as regras de segurança
estão sendo seguidas.

Caso necessário, direcionar tanto o empregador quanto os operadores e indicar


novos procedimentos.

Durante a validade daquela inspeção o engenheiro que a executou é responsável


pelo equipamento.

Ao contrário do que pensamentos o Teste Hidrostático não é um ensaio obrigatório


durante as inspeções de segurança periódicas, devendo ser substituído por outros
ensaios não destrutivos.

Para saber:
O Teste Hidrostático, embora muito difundido, é destinado apenas à fase de
fabricação e após manutenções com solda ou mandrilhamento em equipamento
pressurizados e NUNCA deverá ser realizado em pressão acima da pressão
proposta na placa de identificação do equipamento.

O teste hidrostático, embora obrigatório na fase de fabricação é tido como um ensaio


destrutivo, visto que causa estresse mecânico no equipamento e não deve ser
realizado a esmo.

As inspeções de segurança periódica em caldeiras seguem uma regra simples,


proposta pela NR-13, item: 13.4.4.4

1. Anualmente para estabelecimentos que não possuam Serviço Próprio de


Inspeção de Equipamentos (SPIE).
2. 15 meses para caldeiras de recuperação de álcalis.
3. 24 meses para caldeiras de categoria de A, cujas válvulas de segurança
tenham sido testadas quanto à sua abertura aos 12 meses.
Estabelecimentos que possuam SPIE seguirão regras diferentes quantos aos prazos
de inspeção, mas são muito incomuns, devido à necessidade de manter uma equipe
totalmente voltada e exclusiva para este fim.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Todos os documentos citados acima devem estar disponíveis para a equipe
responsável pela segurança do trabalho, CIPA e principalmente para os operadores
envolvidos diretamente com o trabalho com caldeiras.

Ao término da inspeção o engenheiro fará uma anotação no livro de registro de


segurança do equipamento em questão.

O Livro de Registro de Segurança, conforme a NR-13 cita no item: 13.4.1.9 deverá


conter todos os registros de inspeções e todas as ocorrências capazes de influir na
vida útil do referido equipamento.

Figura 41: Livro ATA, destinado a "Registro de Segurança de Caldeiras".

O livro de registros de segurança deverá ser de páginas numeradas ou sistema


informatizado que não permita, em hipótese alguma, sua violação. São exemplos de
anotações importante que o livro deverá conter:

A. Inspeções (Inicial, Periódicas e Extraordinárias)


B. Ocorrência de Incidentes relativos ou relacionados ao Equipamento em
questão.
C. Manutenções (sejam elas com solda ou mandrilhamento ou não)
D. Ocorrências não usuais (válvulas dando passagem, válvulas de segurança
abrindo antes ou depois do “set-point” referido no certificado de calibração,
suspeitas de vazamento, furo em tubos e linhas, corrosão, termômetros de
chaminé indicando temperatura diferente da temperatura de operação
proposta pelo fabricante, etc.).
E. Falhas em componentes elétricos/ eletrônicos.
F. “Delay” ou falha em respostas automáticas.
G. Resultados do tratamento de água.
H. Modificações, alterações, pelos quais a caldeira fora submetida ao longo dos
anos, etc.
O livro de registros de segurança é uma transcrição do comportamento da caldeira
ao longo dos anos.
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quaisquer formas, meios (eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro), ou propósito, sem a permissão expressa, por escrito, da West Group Treinamentos
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Todos os documentos acima citados deverão estar disponíveis na fábrica ou


processo do qual a caldeira é parte integrante e deverá seguir com o equipamento
caso seja vendido para outra fábrica, ou mantidos em lugar seguro quando o
equipamento eventualmente for sucateado.

Caso a caldeira venha a ser inadequada para o uso, antes de sucateada, deverá
receber um encerramento formal, a ser registrado no Livro de Registro de
Segurança.

Toda a documentação referida passa a fazer parte do prontuário da caldeira e será


consultada pelos engenheiros, operadores, segurança do trabalho e mesmo pelo
Ministério do Trabalho ao longo dos anos e não pode ser destruída. É dever do
empregador mantê-la disponível e, também, em segurança.

Caso a documentação de uma caldeira seja extraviada o empregador deve cuidar


para que seja reconstituída, para tanto, o profissional habilitado responsável por este
trabalho deverá reproduzir um memorial de cálculo e projeto “as built” do
equipamento, neste caso é comum que se realize um Ensaio de Réplica
Metalográfica para detectar o material com o qual fora construída.

Além de todos os documentos citados é necessário que a caldeira possua um


manual, em língua portuguesa, com procedimentos de partida e parada e
procedimentos em caso de emergência. A maior parte dos manuais vêm com um
esquema elétrico e o indicativo de quais materiais e elementos comprar quando
necessário realizar reparos e substituições nos equipamentos. Sempre que os
parâmetros e diretrizes de operação forem modificados o manual deverá ser
atualizado, assim como o prontuário da caldeira.

É dever do operador ler o manual fornecido pelo fabricante antes de operar uma
caldeira!

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

CAPÍTULO 4 – CALDEIRAS - CONSIDERAÇÕES GERAIS

A NR-13 define as Caldeiras como: “Equipamentos destinados a produzir e acumular


vapor sob pressão superior à atmosférica, utilizando qualquer fonte de energia,
projetados conforme códigos pertinentes, excetuando-se refervedores e similares.”

Historicamente a primeira experiência com vapor de que se sabe a respeito remete à


Heron de Alexandria a sua criação, a Eolípila. Pode-se dizer que a experiência, que
consistia de uma esfera fixada por dois eixos (um de cada lado), montada em um
recipiente destinado à queima de carvão, tinha muito valor ao mostrar que o vapor
era capaz de gerar movimento, ou seja era capaz de realizar trabalho, mas ainda
não se sabia como utilizá-lo.

Apenas se sabia que ao adicionar calor (energia térmica) à água no estado líquido
ela vaporizava e que o vapor continha uma grande quantidade de energia térmica
nele e por isso era capaz de realizar trabalho.

Figura 42: Eolípila de Heron.

Ao aprofundar-se no estudo das propriedades do calor e adicionando a pressão,


Denis Papin, em 1679 criou o primeiro equipamento capaz de elevar a pressão de
saturação da água acima dos conhecidos 100ºC, ao nível do mar. O equipamento é
composto por um cilindro contendo uma pequena abertura de mão para a
alimentação do combustível (essencialmente carvão). Dentro do primeiro cilindro há
um outro cilindro, que é alimentado com água, e este é fechado por uma tampa com
vedada por um parafuso. Nesta tampa está localizada uma haste e na pontinha
desta haste pode-se colocar um contrapeso.

A pressão pode ser aumentada ou diminuída dentro do cilindro com água de acordo
com a massa do contrapeso escolhido.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 43: Marmita de Papin.

Pois bem, sabendo que a energia contida no vapor é capaz de realizar trabalho e
que a pressão é capaz de alterar o ponto de saturação da água, Thomas Savery
criou a primeira máquina movimentada por vapor destinada a remover água de
minas inundadas em 1698.

Figura 44: Máquina a Vapor de Thomas Savery.

E como funcionava esta grande invenção?


O motor a vapor de Thomas Savery consistia de um eixo conectado a um cilindro em
uma das pontas de uma viga em balanço fixada pelo meio na estrutura de alvenaria.
Na outra ponta da viga um duto. O funcionamento da máquina é fascinante! A figura
mostra um forno de alvenaria utilizado para utilizado para aquecer a água do cilindro
logo acima dele. Quando a água vaporiza dentro dele a viga em balanço pende para
o lado da água da mina e o duto mergulha. Longe do calor proveniente da
combustão do calor no forno a água condensa formando uma condição de vácuo no
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
cilindro que suga a água de dentro da mina e puxa a viga em balanço de volta para
a sua posição inicial.

Curiosidade:
A água na forma líquida ocupa um espaço (volume) de 6 a 8 vezes menor do que o
vapor.

A invenção de Savery era muito grandiosa e permitiu que muitas minas de carvão
inundadas voltassem à ativa, mas a maior das invenções daquela época ainda
estaria por vir.

O motor a vapor de james watt!

A primeira máquina capaz de utilizar o vapor para movimentar rodas! Em 1769,


quase 100 anos depois da invenção de Denis Papin, James Watt solicita a patente
para seu equipamento.

O Equipamento consistia de um gerador de vapor ligado a um sistema de eixos com


um pistão (um tanto mais rudimentar do que esses que temos em nossos carros
hoje em dia).

Figura 45: Pistão.

A cabeça do pistão fica localizada dentro de um cilindro e realiza um movimento


linear (para frente e para trás). A outra extremidade do pistão é anexada a um eixo
que está conectado à roda. Como a cabeça do pistão está fixa em seu corpo através
de um pequeno mancal o pistão é capaz de transformar o movimento linear em um
movimento de giro.

Essa invenção de James Watt seria nos anos seguintes o maior impulsionador da
Revolução Industrial. E a partir dela o mundo inteiro se movimentaria com maior
rapidez e segurança.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
A máquina de James é a precursora da locomotiva a vapor.

Figura 46: Motor a Vapor de James Watt.

Depois desta invenção o vapor tornou-se popular, sendo utilizado em locomotivas,


navios e até carros e motos foram construídos com motores a vapor! A invenção foi
um sucesso!

Curiosidade:
Em meio a tantas invenções utilizando vapor um americano chamado Sylvester H.
Roper produziu a primeira motocicleta à vapor. Certo de que sua invenção seria um
total sucesso ele desafiou ciclistas campeões da época em uma corrida onde iria
estrear sua invenção. E foi mesmo uma surpresa! O Americano conseguiu atingir a
incrível velocidade de 48 km/ h! Ao terminar a primeira volta da corrida, empolgado,
Rope se pôs a começar uma segunda volta com o objetivo de alcançar uma nova
marca! E acidentou-se! Caindo morto na pista. Todos pensavam que ele tinha
morrido no acidente, porém a autópsia do corpo de Rope revelou mais tarde que o
acidente, na verdade, foi causado por um infarto fulminante sofrido pelo inventor.

Acredita-se que Rope infartou de tanto entusiasmo e felicidade ao perceber que seu
invento era realmente fabuloso!

Hoje em dia o vapor é muito utilizado nas indústrias de todos os seguimentos em


sua forma Saturada e Superaquecido.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 47: Utilizações do Vapor na Indústria.

4.1 TIPOS DE CALDEIRAS E SUAS UTILIZAÇÕES

Existem essencialmente 4 tipos de Caldeiras: Fogotubulares (ou flamotubulares),


Aquatubulares, Mistas e Elétricas. Qualquer fabricante que deseje construir
Caldeiras deverá seguir códigos de projeto e construção nacionais e internacionais.
Dos códigos existentes os mais largamente aceitos são o ASME (American Society
of Mechanical Engineers) e o NB (National Board).

O ASME e o NB são organizações sem fins lucrativos, composta de vários


engenheiros de todas as especialidades voltados ao desenvolvimento de pesquisas
em materiais métodos de construção e manutenção, publicações, normativas,
conferências com objetivo de promover segurança e tecnologia aplicadas a
Caldeiras e Vasos de Pressão.

Tanto um quanto outro dão diretrizes para Construção, Instalação, Manutenção,


Inspeção e Operação destes equipamentos e são amplamente aceitos em vários
países do mundo.

O mais aceito e conhecido é o ASME.

Nesta seção do curso falaremos muito sobre as Seções I (diretrizes para o projeto e
construção de Caldeiras) e Seção II (lista de materiais ensaiados e disponíveis para
a construção de equipamentos pressurizados).
Todo material destinado à construção de Equipamentos pressurizados deve ter suas
características conhecidas, tanto no quesito composição, quanto no quesito
resistência.

De acordo com parágrafo PG-6 da Seção I do ASME todos os materiais utilizados


para a construção de qualquer parte de uma caldeira que esteja submetido à
pressão, estando ou não sujeito à chama, ou produtos da combustão, deverão ter
sua qualidade atestada de acordo com as seguintes especificações:

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Tabela 03: Especificações de qualidade dos materiais segundo ASME.

MATERIAL Designação
SA-202 Liga de aço, cromo, manganês e silício
SA-204-405 Liga de aço molibdênio
SA-240-405 Liga de aço (ferrítico inoxidável) e cromo
SA-285 Aço-carbono de baixa e média resistência à tração
SA-299 Aço-carbono, manganês e silício
SA-302 Liga de aço, molibdênio-manganês e manganês-
molibdênio-níquel.
SA-387 Liga de aço, cromo-molibdênio
SA-515 Aço carbono para média e alta temperatura
SA-516 Aço-carbono para moderadas e baixas temperaturas
SA/AS 1548 Aço para equipamentos pressurizados
SA/EM 10028-2 Aço para fabricação de seções planas sujeitas a pressão
SA/JIS G3118 Aço carbono para média temperatura.

Para que um material possa fazer parte desta lista ele deve ser submetido a uma
série de exames e ensaios. Entre eles, os mais importantes são a Metalografia, e o
Ensaio de Resistência à Tração.

A Metalografia permite que a estrutura interna do aço seja conhecida. Uma amostra
do material é enviada a um laboratório, no laboratório o material recebe uma
preparação com técnicas de lixamento e polimento para que a sua superfície fique
livre de quais matérias (orgânicas e/ ou inorgânicas) que são sejam essencialmente
do material. A seguir aplica-se um ataque químico que revelará a microestrutura do
material e o deixará pronto para a visualização no microscópio.

A Metalografia pode ser quantitativa ou qualitativa. A análise quantitativa permite


identificar uma liga e o método de processamento de um material, além de ser
possível identificar o percentual de cada fase constituinte do aço, bem como o
percentual de carbono e o tamanho dos grãos da amostra. Já a análise qualitativa
permite que conheçamos o material por sua estrutura, principalmente por seus
constituintes. Nos aços-liga para utilização em equipamentos pressurizados os
principais constituintes a serem observados são: Ferrita, Austenita, Martensite.

 Ferrita é um aço que contém baixo teor de carbono, portanto apresentará um


comportamento frágil, pouca resistência à tração e a não responde bem a
tratamentos térmicos de endurecimento.
 Austenita é um aço altamente dúctil, portanto possui boa resistência à tração
e responde bem à tratamentos térmicos de endurecimento e boa resistência à
corrosão e a altas temperaturas, o aço SA-302, listado na tabela acima, faz
parte deste grupo.
 Martensite é o aço endurecido após o tratamento térmico de têmpera de um
aço austenítico. A têmpera confere ao aço uma superfície mais dura, que

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
depende do teor de carbono apresentado pelo aço original. A têmpera é um
processo de aquecimento do aço seguido de um rápido resfriamento.
Ainda no campo da ciência dos materiais é necessário entender o que o teor de
carbono é capaz de influenciar no comportamento de um aço:

 Aços de baixo teor de carbono (contendo menos de 0,2% de carbono)


 Aços de médio teor de carbono (contendo entre 0,2 e 0,5% de carbono)
 Aços de alto teor de carbono (contendo mais de 0,5% de carbono)
O teor de carbono em um aço diz tudo o que é necessário saber sobre seu
comportamento em uma situação de estresse.

Quanto maior o teor de carbono maior será sua resistência à tração (ductilidade),
maior será sua dureza e menor será sua resistência ao teste de impacto de Charpy,
que determina a quantidade de energia que o aço é capaz de absorver antes de
fraturar-se.

Agora que conhecemos os aços torna-se necessário conhecer o Ensaio de


Resistência à Tração.

Para este ensaio um corpo de prova com seção cilíndrica e extremidades roscadas é
fabricado conforme exigido pelo ASME.

Figura 48: Teste de Tração.

O corpo de prova é roscado dois travessões, um superior e um inferior. O superior é


fixo e o inferior é móvel. Quando o teste começa a extremidade inferior começa a se
mover para baixo, causando um estresse de tração no corpo de prova. Um
extensômetro ligado a um computador começa a descrever um diagrama do ensaio
na tela.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
O diagrama mostra o comportamento do aço ensaiado ao receber o estresse de
alongamento e descreve as seguintes curvas:

Figura 49: Comportamento do aço durante o Teste de Tração.

Existem 3 zonas de deformação:

 Zona Elástica: Nesta fase o aço se alonga, mas não ocorrem danos à sua
microestrutura. Caso o ensaio seja abortado neste momento o aço volta à sua
condição original.
 Zona Elástico-Plástica: Nesta fase do ensaio o aço começa a absorver
energia para ruptura, a estrutura do cristalino começa a modificar-se e os
grãos se reorganizam para continuar resistindo ao estresse aplicado. Nesta
fase a taxa de alongamento diminui tendendo a zero.
 Zona Plástica: Nesta fase a deformação do cristalino é completamente
irreversível é possível observar uma nova taxa de alongamento. Desta vez o
material sofre uma diminuição na espessura de sua seção cilíndrica
(adelgaçamento) que permite essa última taxa de alongamento que antecede
a sua ruptura.

Figura 50: Corpos de Prova antes e após sofrer adelgaçamento.

Todos os dados de todos os materiais conhecidos e ensaiados estão na Seção II do


ASME. O ASME também fornece diretrizes para a fabricação e conformação de

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CALDEIRAS
aços, caso um fabricante deseje fornecer material para construção de equipamentos
pressurizados.

4.1.1 Caldeiras ogotubulares (ou flamotubulares)

A Caldeira fogotubular é o projeto mais usual empregado na indústria, podendo ser


classificadas em: Horizontais (o mais comum) e Verticais.

Usualmente esse tipo de equipamento é constituído por um corpo cilíndrico,


espelhos (dianteiro e traseiro ou superior e inferior), fornalha e feixes de tubos de
troca térmica.

Neste tipo de equipamento a chama e os gases quentes provenientes da combustão


percorrem a parte interna dos tubos (partes secas) e a água fica dentro do corpo,
entre os espelhos, cobrindo todo o feixe de tubos de troca térmica.

Normalmente os tubos que compõe o feixe são laminados e soldados


longitudinalmente. Cada um deste tubos é fixado nos espelhos dianteiro e traseiro,
por solda ou mandrilhamento, formando um carretel água fica dentro do corpo, entre
os espelhos, cobrindo todo o feixe de tubos de troca térmica.

As fornalhas das caldeiras podem ser construídas em alvenaria (projetos muito


antigos) ou na forma de um tubulão ou área de combustão interna, na parte inferior
do equipamento.

Nas figuras abaixo estão caldeiras fogotubulares. À esquerda a caldeira fechada,


pronta para partir. Á direita a caldeira aberta onde um colaborador realiza a limpeza
mecânica dos tubos de troca termina para a remoção de fumos e fuligem
provenientes da combustão. Ambas caldeiras nas figuras queimam gás e são do tipo
Escocesas.

Figura 51: Caldeiras fogotubular aberta para a manutenção.

As Caldeiras Marítmas Escocesas são as mais utilizadas em plataformas de


petróleo, pois tem um tamanho reduzido (o que permite sua instalação em
containers marítimos), são econômicas e de fácil instalação.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 52: Caldeira Marítima.

Esses equipamentos são dividos em duas classificações: “Wet-Back” (em tradução


literal: fundo molhado) e “Dry-Back” (em tradução literal: fundo seco). Wet-back são
projetos onde o tubulão inferior (fornalha) é circundado por água, diferente da dry-
back, cujo fundo da fornalha é aberto para a caixa de fuligem no espelho traseiro.

Também podem ser divididas por número de passes:

1 Passe: Gases quentes da combustão passam uma só vez ao longo da fornalha e


saem pela chaminé no lado contrário ao queimador.
2 Passes: Gases quentes da combustão passam pela fornalha, fazem uma reversão
na caixa de reversão (ou caixa de fuligem) e retornam pelo feixe de tubos mais
próximo da fornalha.
3 Passes: Gases quentes passam pela fornalha, fazem uma primeira reversão na
caixa traseira voltando pelo feixe de tubos mais próximo da fornalha. Fazem outra
reversão na caixa dianteira ganhando o próximo feixe de tubos agora localizados
logo acima da fornalha.
4 Passes: Gases quentes atravessam a fornalha, fazem a primeira reversão na caixa
traseira, retornam pelo primeiro feixe de tubos, fazem nova reversão na caixa
dianteira, ganhando o feixe de tubos acima da fornalha, fazem nova reversão na
caixa traseira ganhando o ultimo e mais superior feixe de tubos;

Figura 53: Passes em uma caldeira fogotubular.


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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Em caldeiras wet-back os gases quentes da combustão fazem a primeira reversão


dentro da fornalha e retornam para a caixa dianteira. No projeto de Caldeiras
Marítmas Escocesas as tampas dianteiras e traseiras são seladas com refratário
apropriado para altas temperaturas e cordões de vedação de para impedir que o
calor se dissipe para fora da Caldeira e também para proteção do aço.

Os aços utilizados, apesar de sua alta resistência ao calor e à pressão são


projetados para suportar temperaturas não superiores a 600ºC, do contrário pode
ocorrer fluência de carbono que tornará o aço frágil e, portanto, ineficiente.
As juntas de vedação da parte úmida em uma caldeira devem receber atenção
especial e serem apropriadas para o uso do vapor, do contrário ocorrerão
vazamentos e a estanqueidade do equipamento ficará prejudicada.

Devido ao seu método de construção as caldeiras fogotubulares tem um limite


máximo de projeto para a produção de vapor em 25 ton/ h em uma pressão de
operação de cerca de 21 kgf/ cm², ocorre que os materiais necessários para este
tipo de projeto devem possuir espessura muito grande tornando proibitiva a sua
construção, portanto para necessidades maiores é indicado o uso de Caldeiras
Aquatubulares.

4.1.2 Caldeiras aquatubulares

Caldeiras Aquatubulares são aquelas onde água e vapor de água circulam na parte
interna dos tubos. Normalmente são aplicadas em plantas que geram energia
elétrica como atividade exclusiva ou em alguma parte de seu processo como
Termoelétricas, Usinas de Álcool e Açúcar e Fábricas de Papel e Celulose.

São constituídas de tubos “risers”, tubos “downcomers” Tubulão (ou tubulões)


superior (es), tubos coletores e uma fornalha.

Os tubos Risers são os tubos ascendentes por onde a água quase em ponto de
saturação sobe para tornar-se vapor no tubulão superior. Downcomers são
descendentes, nestes tubos a água condensada desce para os coletores inferiores.
O Tubulão Superior (ou tubulões superiores) é a alma da caldeira. Nele estão água
pressurizada em ponto de saturação e vapor (usualmente 2/3 preenchidos com água
no estado líquido 1/3 com vapor).

A fornalha deste tipo de caldeira usualmente é construída de alvenaria e uma parede


de tubos sujeitos aos gases quentes provenientes da combustão.

As Caldeiras aquatubulares podem ser de convecção natural ou circulação positiva.


Nas caldeiras de convecção natural a medida que a água dos coletores se aquece
em ponto de saturação sua densidade diminui com a formação de microbolhas e
isso faz com que o fluido mova-se naturalmente para cima. Em caldeiras de
circulação positiva bombas de circulação são instaladas entre a entrada de água e o

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
tubulão superior. Esse tipo de aplicação serve para controlar a velocidade de
vaporização e proteger a parede de tubos da fornalha.

As caldeiras aquatubulares normalmente resultam de um projeto especial e


personalizado para cada planta e aplicação, porém atualmente existem fabricantes
que fazem caldeiras aquatubulares compactas e econômicas para médias e baixas
pressões.

4.1.3 Caldeiras elétricas

Existem 2 tipos de Caldeiras elétricas: As que aquecem a água por meio de


resistências e as que aquecem a água por meio de eletrodos.

Curiosidade:
A Energia Elétrica no Brasil teve um caminho mais lento e tortuoso do que em
alguns países do mundo. Até meados dos anos 60 a energia elétrica produzida era
pouca. A maior parte das casas não possuíam aparelhos elétricos/ eletrônicos e o
maior consumo era feito pelas indústrias. Com a criação da Eletrobrás em 1961
(proposta por Getúlio Vargas e sancionada por Jânio Quadros) passou a trabalhar
em projetos de criação de Usinas para Geração de Energia Elétrica e melhorias na
transmissão e distribuição, o que deu um grande impulso para uma nova onda de
industrialização e aqueceu a economia.
De fato a oferta de energia elétrica era tão grande que o governo ofereceu incentivo
às industrias pra consumi-lo. É válido dizer que a energia elétrica gerada, não pode
ser reservada, ou estocada. Ou utiliza-se a energia elétrica ou se perde (já existem
pesquisadores dedicados à novas possibilidades de uso e armazenamento de
energia elétrica, porém não há nada concreto ainda para ser utilizado em larga
escala).
Com o novo incentivo do governo e energia elétrica a preços baixíssimos muitos
investidores decidiram pela compra de Caldeiras Elétricas no Brasil, mas seu uso
não durou muito. Já na década de 80 e 90 o custo da utilização da energia elétrica
tornava inviável o uso de Caldeiras Elétricas. Adicione-se a isso a crescente
necessidade de vapor para aumento da produção de bens de consumo e outros e
ficam mais claras as razões pelos quais esse tipo de Caldeira caiu em desuso.

As Caldeiras Elétricas de resistência seguem um princípio de funcionamento


bastante parecido com o chuveiro elétricos de nossas casas. Neste tipo de Caldeira
o calor é gerado pela passagem de uma corrente elétrica em resistências em fiações
especiais que estão submersas na água.

Nos chuveiros em casa o elemento controlador de temperatura é a vazão que


escolhemos ao abrir o registro, nas caldeiras elétricas o volume de água é fixo e,
portanto, a vazão também então o elemento controlador de temperatura é o
Controlador de Corrente.

Este tipo de Caldeira é normalmente utilizado para produzir médias pressão em


pequenos volumes de água logo, sua capacidade de produção de vapor é baixa.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

No segundo tipo de Caldeira Elétrica, a de eletrodos, há controlador de corrente


ligado a um eletrodo. Neste tipo de equipamento a corrente está em contato direto
com a água que converte energia elétrica em energia térmica.

Figura 54: Desenho esquemático de uma caldeira elétrica.

Essas pequenas caldeiras ainda existem em laboratórios de ensaios que possuem


pouca e sazonal necessidade de uso de vapor.

4.1.4 Caldeiras a combustíveis sólidos

Caldeiras a combustíveis sólidos geralmente são caldeiras Aquatubulares ou Mistas


(a Caldeira mista é um projeto especial que normalmente consiste de um corpo com
espelhos e feixes de tubos, como as fogotubulares, porém são construídas com uma
fornalha de alvenaria e parede de tubos, como as aquatubulares).

Caldeiras a combustível sólido permitem uma operação entre 30 e 100% de sua


capacidade e são vantajosas em processos onde o fornecimento de vapor deve
oscilar.

Curiosidade:
Normalmente o projeto de uma caldeira começa pelo combustível que se deseja
queimar e pela quantidade de vapor que se deseja gerar à uma determinada
pressão.

Os combustíveis sólidos costumam ser os mais baratos. Entre os mais comuns


podemos citar: carvão e lenha, mas existem muitas outras possibilidades.

Os combustíveis normalmente são selecionados por seu custo e poder calorífico. O


poder calorífico é a quantidade de energia que um combustível libera quando da sua
oxidação. Ou seja, quanto de calor é possível gerar durante a queima.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

A qualidade de um carvão é dada pelo teor de carbono e grau de umidade e cinzas


nele contido.

Figura 55: Qualidade dos carvões, quanto ao seu teor de carbono.

Em média o poder calorífico superior de um carvão mineral brasileiro é 6.500 kcal/


kg, da lenha 3.500 kcal/ kg e do cavaco de eucalipto é 4.300 kcal/ kg.

Composição do carvão: Matéria Volátil + Carbono Fixo + Cinzas + Enxofre.


Composição da lenha: Umidade + Matéria Volátil + Carbono Fixo + Cinzas.

Após a seleção do combustível inicia-se o projeto da fornalha. Cada combustível


produz uma geometria de chama diferente. Combustíveis sólidos que apresentam
Enxofre em sua composição produzem uma chama mais longa e para estes é
necessário produzir uma fornalha maior.

Existem muitos projetos diferentes de fornalha para combustível sólido, os principais


são de alvenaria, com parede de tubos que podem ser alimentados manualmente,
ou através de esteiras rolantes e alimentação por gravidade, grelhas basculantes e
outros.

A geometria da chama recebe atenção especial quando do projeto de uma fornalha,


isso porque o fogo não pode tocar a chaparia dos tubos da parede de água.

Sabe-se que o combustível transmite calor por radiação, sabe-se também que a
fornalha está exposta à radiação e à convecção dos gases quentes produzidos pela
combustão. Quanto um combustível sólido queima a sua chama produz calor à
temperaturas superiores a 1500ºC, porém o material do qual a caldeira é construída

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
suporta até cerca de 600ºC. Sendo assim, a chama ao tocar a chaparia resulta em
estresse térmico.

Sabendo desta informação o operador deverá controlar a queima (manualmente ou


pelo painel) de modo a manter a chama sempre numa distância razoável da parede
de tubos de água.

Para que ocorra uma combustão é necessário a presença de Combustível e


Comburente. O combustível poderá ser selecionado, porém o comburente sempre
será o Oxigênio. A combustão antes de mais nada é uma reação de oxidação de um
combustível.

Em Caldeiras utiliza-se o próprio ar atmosférico que contém cerca de 21% de


Oxigênio. O Ar pode entrar naturalmente nas fornalhas por aberturas de ar
(chamamos de “dampers”) e através de ventiladores.

O volume de ar atmosférico a ser usado para a combustão é calculada em função


desses 21%. O Nitrogênio que corresponde aos outros 79% é um gás inerte.
Portanto se há necessidade de um volume de 2m³ de Oxigênio dentro da fornalha é
necessário que o volume de ar total seja de cerca de 9,5m³. Além disso para garantir
que a queima do combustível seja a melhor possível, mais próxima ao ideal, as
caldeiras trabalham com excesso de ar variando entre 20 e 30%. A quantidade de
excesso de ar é calculada em função das reações de oxidação dos diversos
componentes de um combustível (em especial o carbono) e dos fumos que ele
produz (em especial o controle das emissões dos poluentes NO, NO2, NO3 e SO2).

Como não se pode garantir que um combustível terá sempre as mesmas


características é necessário estar sempre analisando a composição dos fumos que
saem pela chaminé. Ao operador cabe a apenas controlar a quantidade de ar
necessária para a queima através da abertura manual dos dampers e da velocidade
dos ventiladores.

As vantagens da utilização dos ventiladores é que permitem um controle maior da


combustão, neste caso o operador de painel controla a velocidade da esteira de
alimentação, quando houver, e dos ventiladores seguindo uma curva de combustão
muito próxima do ideal.

De forma geral a partida de uma caldeira envolve entrada de ar + entrada de


combustível. No início do ciclo de partida a primeira ação a se tomar é cuidar da
entrada de ar. Em caldeiras de alimentação manual, que não possuem ventiladores,
o operador faz a abertura dos dampers cerca de 30 segundos antes de acender o
fogo. Uma “cama” de lenha é colocada pelo operador e uma tocha acesa é jogada
dentro da fornalha.

Nas caldeiras automatizadas, operadas por painel, alimentadas por esteiras


rolantes, o operador, ao dar o comando de aumento de velocidade no painel, a

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
caldeira responde com aumento de ventilação primeiro e depois aumento da
velocidade de esteira.

Já para realizar a diminuição da chama o processo é inverso. Primeiro a alimentação


diminui e em sequência a ventilação. Ventilação entra sempre primeiro e sai por
último!

A maior parte das caldeiras movidas a combustível sólido são acendidas através de
tochas de gás ou de algum combustível líquido, pois é necessário que a fornalha já
esteja em uma temperatura apropriada para que o combustível sólido comece a
queimar e para que as emissões de poluentes sejam minimizadas.

Além disso as caldeiras mais modernas também podem possuir fornalhas com leito
fluidizado. O leito fluidizado consiste na deposição de grânulos sobre uma grelha por
onde ar circula em velocidade suficiente para revolver os grânulos e criar um fluxo
de partículas dentro da fornalha.

Facilitando o pensamento:
Imagine uma tempestade de areia no deserto, imagine que essa tempestade está
criando um pequeno tornado com essa areia. Esta é a imagem que o leito fluidizado
tem.

O leito fluidizado possui 4 principais vantagens:

1ª Maior eficiência na queima de combustíveis sólidos


2ª Temperaturas de combustão mais baixas e mais controladas (excelente para
prevenção de superaquecimento dos tubos da parede).
3ª Diminuição de poluentes. Os grânulos podem conter calcário que absorvem o
dióxido de enxofre.
4ª O produto final (fumos e poluentes) da queima dos combustíveis neste tipo de
fornalha são mais fáceis de controlar.

Cada projeto tem a sua especificidade, quanto maior o projeto, maior a tecnologia
empregada.

4.1.5 Caldeiras a combustíveis líquidos

Os combustíveis líquidos mais comuns para caldeiras são o Diesel e Óleo BPF. O
poder calorífico do Diesel é cerca de 10.000 kcal/ kg e do Óleo BPF 9.500 kcal/ kg.
Tanto o Diesel quanto o BPF possuem chamas alongadas e de diâmetro curto,
excelentes para Caldeiras Fogotubulares.

Para queimar estes combustíveis é necessário um queimador especial.

Os queimadores são acessórios desenvolvidos para a queima de combustíveis


líquidos e gasosos. Os queimadores são responsáveis por preparar os combustíveis

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
para a queima aspergindo o óleo combustível com vapor ou ar comprimido ou o
atomizando.

Facilitando o pensamento:
Imagine um desodorante spray. Quando acionamos a válvula o conteúdo do frasco
sai em forma de uma pequena nuvem úmida.

Ao aspergir um combustível a área de contato dele com o comburente aumenta,


garantindo a melhor queima possível. Pode-se atomizar um combustível adicionando
pressão com vapor ou ar comprimido, ou adicionando pressão através de um bico
especial, ou ainda adicionando um componente de força centrífuga que dissolve o
combustível em pequeníssimas partículas.

Neste tipo de caldeira o conjunto do queimador é composto pelo bico, uma câmara
interna de mistura (ar ou vapor), quando houver e um ventilador responsável por
soprar o ar dentro da fornalha.

O ventilador entra primeiro realizando uma purga na fornalha. Essa purga inunda a
fornalha de comburente e também tem o objetivo de eliminar qualquer excesso ou
sobra de uma combustão anterior dentro daquele espaço. Após o ventilador em uma
fração de segundo de diferença ocorre a entrada do combustível (abertura da
solenoide do óleo) e um centelhador cria um arco de corrente elétrica responsável
pela ignição. Uma vez em chama a própria temperatura da fornalha cuidará para que
o combustível faísque e continue a se queimar.

O centelhador é fixo em uma proteção de cerâmica que serve como isolamento para
que o arco de corrente fique apenas entre os dois eletrodos e não se dissipe.

Facilitando o pensamento:
Com o avanço tecnológico os fogões de nossas casas passaram a possuir
centelhadores também. Atualmente não é mais necessário acender a chama com
fósforos ou isqueiros. O princípio de funcionamento do centelhador de uma caldeira
é o mesmo dos fogões de nossas casas.

Todo este processo entre a purga e a ignição ocorre em cerca de 1 minuto. Após
essa primeira fase uma fotocélula detecta a permanência ou não da chama através
da emissão de sua luz. Enquanto a fotocélula detectar luz a solenoide do óleo
permanece aberta. Caso haja falha na luz a fotocélula envia um comando ao painel
de fechamento da solenoide do óleo e a alimentação de combustível cessa. Em
caso de falha na ignição o processo recomeça com a purga, combustível e ignição.
Em geral esse processo ocorre 3 vezes, se em nenhuma das 3 houver chama a
caldeira desarma automaticamente por segurança.

Os queimadores normalmente possuem um bico de alta e um de baixa (fogo alto e


fogo baixo). As caldeiras sempre partem em fogo baixo e é necessário controlar para
que permaneçam em fogo baixo durante toda a curva de aquecimento do

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
equipamento durante a partida quando ele estiver frio para que não ocorra
superaquecimento de nenhuma área da Caldeira.

As caldeiras movidas a óleos combustíveis normalmente operam entre 60 e 100%


de sua capacidade.

4.1.6 Caldeiras a gás

As Caldeiras à gás normalmente são dotadas de queimadores parecidos com os


queimadores de óleo ou de pequenas tochas responsáveis pela alimentação de gás
dentro da fornalha da Caldeira.

A geometria da chama do gás é curta e possui um diâmetro maior em leque


portanto, a fornalha de Caldeiras a gás deverá ser mais curta e com diâmetro maior.
Gás é muito utilizado em caldeiras verticais, caldeiras aquatubulares e como
combustível de partida de caldeiras a combustível sólido.

A principal vantagem em queimar gás é o melhor controle da emissão de poluentes.


A combustão dos gases é tida como uma combustão mais limpa pois não produz
fuligem e demais materiais particulados.

Os gases mais comuns a serem queimados em Caldeiras são GN (gás natural) e


GLP (gás liquefeito de petróleo), sendo o GLP o de menor aplicação devido a seu
custo.

O poder calorífico inferior do GN é em média: 8.500 kcal/ m³ e do GLP é em média


11.000 kcal/ m³.

Gases não precisam ser aspergidos e normalmente já estão pressurizados na linha


e/ ou reservatório portanto, o projeto de seus queimadores é mais simples, mesmo
possuindo centelhadores. A maior preocupação no projeto de um queimador a gás é
a área de passagem do combustível pelo bico garantindo sempre a vazão ideal.

Queimadores a gás sempre são instalados com válvulas de redutoras de pressão


para que a pressão de passagem do combustível esteja dentro dos parâmetros
requeridos para a vazão ideal.

As fornalhas designadas para queimar o gás também deverão possuir fotocélulas


para detecção de luz proveniente da chama, com o mesmo propósito de
comunicação com o PCL (sigla em inglês para “controladores logicamente
programáveis”), de abertura e fechamento da solenoide de gás.

Todas as conexões, acessórios, válvulas e linhas de gás deverão ser sinalizadas


com a cor amarelo ouro por determinação da NR-26. Além da sinalização é
necessário possuir um sistema de detecção de gases como determina a NR-13 no
item: 13.4.2.4, alínea d).

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

4.2 ACESSÓRIOS DE CALDEIRAS

As caldeiras podem possuir superaquecedores, economizadores, sistema de


lavagem de gases, ramonadores, purgadores e sua linha entre outros acessórios
dependendo de seu projeto.

Quando determinamos a pressão em um projeto de caldeira determinamos também


a temperatura de ebulição do vapor dentro do equipamento, como visto
anteriormente nas tabelas de vapor saturado. Sabemos também que o vapor
saturado é o vapor que contém até 2% de umidade. Mas como transformar um vapor
saturado em um vapor superaquecido?

Para projetos destinados à Geração de Energia Elétrica é necessário um


superaquecedor. O superaquecedor recebe o vapor saturado e o transforma em
vapor superaquecido o devolvendo a seu estado de calor sensível.

No geral os superaquecedores são linhas instaladas na saída de vapor de um


equipamento, em formato de W, que passam por dentro da fonalha novamente para
que saiam a uma temperatura superior à produzida pela caldeira e com percentual
de umidade tendendo a zero (vapor super seco), antes de passar pelas turbinas. O
vapor para elegível para a turbina deverá ter uma temperatura maior de 560ºC.

Consideremos uma caldeira crítica que produza vapor saturado à 200 bar em uma
temperatura de 365ºC, destinada à produção de energia elétrica. Como fazer quem
com que esse vapor chega à temperatura de 560ºC¿ Para estes casos é necessário
o projeto do superaquecedor.

Ao adicionar pressão mudamos os pontos de calor sensível e latente de um fluido. A


água, uma vez transformada em vapor volta ao seu estado de calor sensível e
poderá mais uma vez mudar de temperatura, saindo dos 365ºC e indo para os
560ºC. Para aumentar a temperatura deste vapor é necessário fornecer mais
energia térmica portanto, nada mais natural do que submetê-lo à chama novamente.
Superaquecedores podem ser construídos na própria fornalha do equipamento ou
em fornalhas acessórias. São comuns em projetos de caldeiras para fábricas de
papel e celulose, geração de energia térmica pura e produção de fertilizantes.

O projeto de um acessório deste deve considerar a capacidade de absorção de


energia térmica da massa de vapor contida naquela linha, bem como a velocidade e
pressão do fluido que o percorre e da turbina que irá mover.

O vapor que move a turbina deve passar por ela superaquecido e sair saturado em
teoria, porém nas aplicações práticas o vapor entra e sai superaquecido. A sobra
deste vapor será usada no processo da fábrica de papel e celulose ou mesmo em
uma usina de Álcool e Açúcar.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Para que haja economia de combustível pode-se também instalar economizadores.
Os economizadores são sistema de pré-aquecimento da água antes de sua entrada
na Caldeira.

Os economizadores normalmente aquecem a água perto de 90ºC. Neste caso,


instalados na saída dos gases quentes de combustão aproveitando o calor
produzido na fornalha para aquecimento da água de alimentação. E pode ou não ser
usado em sistemas com retorno de condensado.

Os economizadores podem sem Integrais ou Em Separado. Utilizam-se


economizadores em separado em caldeiras que operam abaixo de 25 kfg/ cm², sua
construção é simples em tubos de aço ou ferro fundido, onde água passa dentro dos
tubos e os gases quentes provenientes da combustão no lado externo. Os
economizadores integrais podem ser empregados nos mais diversos tipos de
projeto, porém destinados apenas à projetos com água desaerada. O economizador
integral é um trocador de calor, um projeto mais complexo, portanto sua aplicação
requer que a água que por dentro dele circula seja livre de gases dissolvidos para
que não haja corrosão nos tubos.

O retorno de condensado é muito usual em fábricas de todos os tipos. Uma vez


produzido o vapor em um sistema fechado ele é transmitido para os equipamentos
produzindo calor e/ ou movimento e retorna para um reservatório de reuso.
A vantagem de usar o condensado é que a água já vem tratada. A água que vem em
forma de condensado retorna pura.

Outro acessório interessante é o ramonador. Ramonadores são acessórios


utilizados para a limpeza dos turbos da parede de água da fornalha.

Os tubos de troca térmica que formam a parede de água na fornalha de caldeiras


aquatubulares e mistas estão sujeitos à fuligem da combustão dos mais diversos
tipos de combustível. Portanto pode ser necessário ter um acessório destinado à
limpeza dessas sujidades. Os ramonadores são sopradores localizados dentro da
fornalha com o objetivo de remoção de sujidades e podem ser de acionamento
manual ou automático. Tudo sempre dependendo do grau de automação de do
projeto.

Um sistema de lavagem de gases também pode ser necessário dependendo do


combustível que a caldeira queima. Neste caso, separadores ciclônicos podem ser
uma aplicação necessária para separar o material particulado dos fumos da
combustão utilizando líquidos para separar, resfriar e reagir com as mais diversas
substâncias, com objetivo de purificar o ar para devolvê-lo a atmosfera.

Existem também acessórios para o tratamento de água. Destes acessórios o mais


comum é o abrandador. O abrandador é aplicado sempre que houver necessidade
de diminuição da dureza da água. Veremos a maior parte dos acessórios para
aplicação de tratamento de água em um capítulo reservado apenas para este
assunto.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

A complexidade de alguns projetos de fornalha pode exigir que o ar para a


combustão entre previamente aquecido. Neste caso, aquecedores de ar podem ser
utilizados. Os aquecedores de ar de combustão são trocadores de calor que utilizam
vapor ou o próprio ar quente proveniente da combustão para aquecer o comburente
que será utilizado na queima. O Objetivo desta aplicação é a economia de
combustível, bem como uma queima mais próxima ao ideal.

4.3 INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS DE CONTROLE DE CALDEIRAS

Os instrumentos que permitem a operação segura de caldeiras são os dispositivos


de alimentação, Visor de Nível, Sistema de Controle de Nível, Indicadores de
Pressão e Dispositivos de Segurança. Sem esses instrumentos a operação de
caldeiras pode tornar-se perigosa e sujeita à risco de explosão.

4.3.1 Dispositivos de alimentação

Os dispositivos de alimentação garantem a alimentação adequada de uma caldeira.


No geral, para um projeto, é necessário ter um dispositivo de alimentação que vença
a pressão interna da Caldeira. Em 90% dos casos a alimentação de uma caldeira se
dá através de uma bomba centrífuga. As bombas centrífugas são muito utilizadas
por oferecer boas vazões com altas pressões.

Figura 55: Bomba centrífuga.

Bombas Centrífugas são turbomáquinas que transformam energia cinética em


energia hidrodinâmica.

Um motor elétrico gira o rotor interno da bomba que transfere energia a água para
vencer a pressão à montante.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Importante:
O termo “à montante” refere-se ao fluxo contra-corrente. No caso de Bombas
centrífugas o fluido chega à turbo máquina em uma pressão mais baixa do que a
pressão que deverá vencer para entregar a água ao equipamento. Como a pressão
inicial do fluido é mais baixa do que a pressão final após a bomba, chamamos de
pressão “à montante”. O fluxo contrário, onde a pressão inicial é mais baixa e a final
é mais alta, é denominado “à jusante”.

A altura manométrica da bomba (pressão que ela é capaz de promover) está


relacionada com a vazão que ela é capaz de entregar. Quanto maior a altura
manométrica menor será a vazão. Para tanto, em caldeiras de alta pressão poderá
ser necessária a instalação de 2 ou mais bombas centrífugas para a alimentação e
água.

As bombas podem ser instaladas em série ou em paralelo. Quando instaladas em


série, a associação das bombas, promove maior altura manométrica. Quando
instaladas em paralelo, a associação das bombas, promove maior vazão.

As bombas também podem ser de um ou mais estágios. As bombas de apenas um


estágio possuem apenas um rotor, as bombas multiestágios possuem 2 ou mais
rotores. Os rotores são dispostos em série portanto, são capazes de vencer maiores
pressões.

O fluxo nas bombas é unidirecional logo, é necessária a instalação de válvulas de


retenção na saída delas para que o fluxo não retorne danificando o rotor. Além do
cuidado com o fluxo unidirecional também é necessário o cuidado com as
cavitações. A cavitação é um fenômeno de formação de bolhas de ar. Os rotores
das bombas são sensíveis à cavitação e podem danificar-se quando expostos a
esse fenômeno. Usualmente a tomada de entrada da bomba promove um pequeno
vácuo na sucção para garantir que não haja cavitação nos rotores.

Em caldeiras alimentadas por combustível sólido a NR-13 exige que haja um


sistema independente de alimentação de água, conforme item: 13.4.13, alínea c). O
mais usual dos sistemas independentes de alimentação de água para evitar o
superaquecimento é o injetor de água.

Ao contrário das caldeiras a gás ou óleo, que os queimadores são cortados no caso
de falta de energia, as caldeiras a combustível sólido permanecem com a chama
acesa até que o combustível dentro de sua fornalha queime por completo.

O sistema auxiliar, neste caso, deverá garantir que a caldeira mantenha o nível de
água acima do feixe superior de tubos.

Os injetores são acessórios de funcionamento simples que garantem a entrada de


água em uma caldeira no caso de falta de energia elétrica em uma planta. Seu
funcionamento segue o mesmo princípio da Máquina à Vapor de Thomas Savery.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 56: Injetor de Vapor.

Dentro do dispositivo há um êmbolo que move-se para frente e para trás. O êmbolo
está acoplado a um tubo onde água transforma-se em vapor (aumentando seu
volume de 6 a 8 vezes) empurrando-o para frente. Ao ser empurrado para frente o
injetor alimenta a caldeira. Em seguida, ao resfriar-se, o vapor ali contido condensa
(diminuindo seu volume). À condensação promove-se um pequeno vácuo que puxa
o êmbolo para trás carregando seu corpo de água novamente, para reinício do
processo.

A utilização de injetores data da primeira caldeira construída para locomotivas. As


“Marias-Fumaça” eram alimentadas através de injetores, visto que precisavam
percorrer grandes distâncias e não dispunham de energia elétrica para a sua
alimentação. As locomotivas eram dotadas de uma caldeira de construção mais
simples, um reservatório de combustível (lenha ou carvão) e um reservatório de
água com o tamanho adequado (calculado) para o maior trecho de uma viagem. A
cada parada (em cada estação) o reservatório de combustível era realimentado e o
de água também.

4.3.2 Visor de nível

Os visores de nível permitem ao operador visualizar o nível da água dentro da


Caldeira. De acordo com o PG 12.2 do ASME, as caldeiras que operam em até 60
bar podem utilizar-se de sistemas acessórios para indicar o nível de água. Os
dispositivos podem incluir um flutuador acoplado magneticamente dentro do tubulão
superior (caldeiras aquatubulares) ou do corpo cilíndrico (caldeiras fogotubulares ou
mistas) para indicar o nível de água.

No geral, a maior parte das caldeiras utiliza-se de visores de nível de tubo cilíndrico
de vidro.

Em caldeiras fogotubulares ou mistas o visor de nível deverá ser instalado cerca de


20 cm acima do último feixe de tubos. Em caldeiras aquatubulares o visor de nível
deverá ser instalado no 1/3 superior do tubulão de água/ vapor.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 57: Visor de Nível.

As caldeiras mistas ou fogotubulares estão sujeitas ao superaquecimento dos tubos


do feixe mais superior. Uma vez que a água, ao transformar-se em vapor retorna ao
seu estado de calor sensível.

Suponha que uma caldeira opera em 10 bar (1.000 kPa), a tabela termodinâmica
anexada ao seu material mostra que o ponto de saturação da água dentro da
Caldeira é em cerca de 180ºC, observe no gráfico abaixo os pontos de calor sensível
e latente deste fluido.

T ºC

Saturação
Observe as temperaturas de
transformação água/ vapor em uma
Calor Calor caldeira que opera em 10 bar
Calor Latente Sensível
Sensível

180ºC 180ºC

Figura 59: Diagrama do calor sensível e latente da água.

Ao atingir a temperatura de 180ºC a água sai do estado de calor sensível e entra no


estado de calor latente. Durante a transformação a temperatura se mantém, porém
após a transformação o vapor retorna ao seu estado de calor sensível e poderá
mudar de temperatura novamente se adicionado calor.

Enquanto o último feixe de tubos estiver coberto com água no estado líquido é
garantido que a temperatura neles não ultrapasse os 180ºC, porém do momento em
que a lâmina de água descer e estiver abaixo dos tubos, o vapor poderá absorver
mais energia térmica e aumentar de temperatura colocando em risco a segurança do
equipamento.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Não existe operação segura de caldeiras sem que o operador saiba exatamente
onde está o nível de água de uma caldeira.

4.3.3 Sistema de controle de nível

Além do visor de nível, a NR-13 estabelece que todas as caldeiras deverão possuir
“sistema automático de controle de nível com intertravamento que evite o
superaquecimento”, como consta no item: 13.4.1.3, alínea e).

Os sistemas de controle de nível podem ser constituídos de eletrodos de nível,


bóias, termostáticos, termo hidráulicos ou por pressão diferencial.

Os sistemas de controle de nível por bóias são os mais simples. Consistindo de uma
bóia ligada a uma chave que comanda o circuito elétrico do painel para acionamento
da bomba d’água. Quando a bóia desce com nível de água a chave é acionada e o
painel responde ligando a bomba. Assim que o nível de água é reestabelecido, a
subida da bóia envia um comando de desligamento da bomba d’água.

O material do qual é construída a bóia deverá ter uma densidade menor que a da
água de forma de flutue sobre a mesma.

Os sistemas de controle de nível por eletrodos consistem de 2 ou 3 eletrodos que se


comunicam com o painel da Caldeira. E se aproveitam da condutividade da água
para enviar os comandos de ligar e desligar as bombas de alimentação.

Os eletrodos são instalados em um recipiente cilíndrico (vulgarmente chamado de


“garrafão”) anexado à caldeira, na mesma altura do visor de nível e normalmente
fazem parte de um conjunto.

Cada eletrodo instalado dentro do garrafão possui um tamanho diferente e está


designado a levar informação ao painel de níveis diferentes de água.

Em sistemas de 3 eletrodos a caldeira recebe informações de nível adequado, nível


baixo e nível extra baixo.

Figura 60: Sistema de controle de alimentação por eletrodos.


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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

O eletrodo mais alto ao perceber a condutividade da água desliga as bombas, o


intermediário (nível baixo) envia o comando de ligar as bombas. Caso haja algum
problema com a alimentação seja por vazamento, seja por problemas nas bombas
de alimentação ou qualquer motivo que implique no nível continuar descendo o
terceiro e mais baixo eletrodo ao não detectar a condutividade da água envia um
comando geral para desligar os queimadores de caldeiras à óleo ou a gás
paralisando a caldeira.

O controle por sistema termostático se utiliza do princípio da dilatação dos corpos.


Numa das extremidades do tubo termostático está uma serpentina de aquecimento a
outra extremidade é livre para dilatar-se e comprimir-se em resposta ao grau de
aquecimento. Ao aumentar a temperatura na extremidade dilatadora o sistema
termostático nota o nível baixo e envia ao painel o comando de ligar as bombas.
Quando a extremidade sensível à mudança de temperatura comprime-se, envia ao
painel o comando de desligar a bomba.

O controle termo hidráulico é o de funcionamento mais simples. O tubo termo


hidráulico é instalado no tubulão superior da caldeira e acompanha o nível contendo
água e vapor em seu interior, de forma que quando o vapor ocupa maior volume
dentro do tubo a pressão em seu interior aumenta. Quando a pressão no interior do
tubo aumenta a válvula reguladora anexada a ele se expande e abre e água é
admitida dentro da caldeira. Quando água ocupa a maior parte do tubo termo
hidráulico a pressão cai e a válvula reguladora fecha.

Os reguladores por pressão diferencial percebem a diferença de densidade entre


fluidos. A diferença de densidades cria uma pressão diferencial ao qual o regulador
responde com abertura ou fechamento da válvula de admissão de água.

No geral a escolha do tipo de controlador de nível depende do tipo de projeto da


caldeira em que será aplicado. Os mais comuns são eletrodos e bóias para caldeiras
de aplicação marítima.

4.3.4 Indicadores de pressão

O dispositivo mais representativo para indicação de pressão é o Manômetro de


Bourdon. O Manômetro de Bourdon é composto de um tubo em “C” conectado a um
pequeno sistema de engrenagens nos quais o ponteiro está anexado.

Figura 61: Manômetro.


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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

O vapor, ao preencher o tubinho em “C” exerce uma ação retificadora do tubinho. Ao


tentar retificar-se o tubinho aciona o sistema de engrenagens movendo o ponteiro
para cima.

Os manômetros podem possuir 1 ou mais escalas de unidades de medida


sobrepostas.

E podem ser de classes precisão diferentes. Para a maior parte das aplicações a
classe de precisão será B. Os manômetros de classe de precisão B registram as
pressões com mais ou menos 2% de margem de erro. Já os manômetros de classe
de precisão A1 registram as pressões com mais ou menos 1% de margem de erro.
Os de classe de precisão A2 com mais ou menos 0,5% de margem de erro. No geral
os manômetros de classe A de precisão são utilizados para calibração e na indústria
petroquímica.

Os manômetros funcionam de acordo com o princípio de Bernoulli. Esse princípio


defende a “Lei de Conservação de Energia” admitindo que a energia que entra em
um dispositivo ou linha deverá ser a mesma energia que sai de um dispositivo ou
linha, ou a massa que entra deve ser a mesma massa que sai, obedecendo a
seguinte equação:

Onde:

= Velocidade do fluido ao quadrado


= Pressão
= Densidade do Fluido
= Força da gravidade
= Altura manométrica do fluido em estudo.

Além dos manômetros existem medidores de pressão diferencial que seguem a


mesma linha de raciocínio dos medidores de nível por pressão diferencial, através
da diferença de densidade de um fluido. Todos utilizando o princípio de Bernoulli.

A operação em segurança de uma caldeira só é possível quando o operador tem


conhecimento do nível de água e da pressão interna do equipamento. Em caldeiras
a óleo e gás outros dispositivos reguladores e de segurança poderão ser utilizados
para entrada e saída do queimador. Porém em caldeiras à combustível sólido de
alimentação manual, principalmente, o controle da combustão e a pressão de
operação da caldeira está à critério e sob responsabilidade do operador que precisa
estar atento às variações de pressão do equipamento.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
4.3.5 Dispositivos de segurança

O mais importante dispositivo de segurança de uma caldeira é a Válvula de


Segurança. A Válvula de Segurança é o último recurso do equipamento para a
prevenção de explosão quando da sobrepressão.

O ASME determina que para o uso em Caldeiras as Válvulas de Segurança


dimensionadas de acordo com o ASME I permitam até 6% de sobrepressão quando
totalmente abertas. Para os demais equipamentos que contenham fluidos
compressíveis as Válvulas de Segurança ASME VIII poderão ser aplicadas,
permitindo sobrepressão de até 10% quando totalmente abertas. E para fluidos
incompressíveis a aplicação de Válvulas de Alívio.

As válvulas de segurança devem ser fabricadas segundo critérios propostos pelo


fabricante da Caldeira para permitir descarreguem todo o excesso de vapor
necessário para reestabelecimento da pressão de operação do equipamento.

Segundo o ASME I, PG-67 relativo à Válvulas de Segurança, cada caldeira deverá


ter uma ou mais válvulas de segurança instaladas a depender de sua capacidade.
Uma válvula para caldeiras de até 47m² de área de troca térmica e 2 ou mais para
caldeiras com maiores áreas de troca térmica.

A capacidade da válvula de segurança deve ser tal que consiga eliminar todo o
vapor gerado pela caldeira e devem ser fabricadas através de carregamento por
mola.

Figura 62: Válvula de Segurança e seus internos.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Quando duas ou mais válvulas forem instaladas na mesma caldeira todas elas
deverão, quando totalmente abertas, descarregar 100% do vapor causando
sobrepressão sem “martelar”. Assim sendo não deverão ultrapassar a marca de 30%
a mais destes 100% de descarga de vapor.

Para que uma válvula seja elegível para fabricação e aplicação segundo o método
ASME I ela deverá passar pelo teste de descarga durante sua fabricação.
As válvulas são obrigatoriamente constituídas de mola, sede, corpo e capuz,
podendo ou não possuir alavanca de teste.

Devem ser instaladas diretamente no corpo de caldeiras fogotubulares ou mistas, ou


no tubulão superior de caldeiras aquatubulares. É expressamente proibida a
instalação de válvulas ou quaisquer dispositivos que possam causar bloqueio
inadvertido entre estes dispositivos e o equipamento que protegem.

Caldeiras que possuem superaquecedores deverão tem uma válvula de segurança


instaladas exclusivamente para este acessório, usualmente sem alavanca de teste.

Os materiais para a construção de válvulas de segurança estão listados no ASME II


parte A e B, a construção de sedes com ferro fundido não é permitida e os materiais
selecionados para esta parte deverão ser resistentes à corrosão e erosão.

No geral as válvulas poderão ser de conexão roscada quando o diâmetro da


conexão de entrada for de até 3” (3 polegadas), no mais acima de 3” deverão ser
flangeadas.

Em equipamentos de projeto mais complexo as válvulas de segurança poderão ter


abertura escalonada. Onde cada uma delas abrirá em uma pressão acima da
anterior.

Para que uma válvula funcione corretamente é necessário que siga as seguintes
regras:

 A Abertura da válvula deverá acontecer apenas na pressão para o qual foi


ajustada e nunca antes disso.
 Abrir totalmente quando a pressão atingir o valor pré-fixado.
 Permanecer aberta enquanto a pressão não for reestabelecida.
 Fechar instantaneamente assim que reestabelecida a pressão normal de
operação da caldeira.
 Permanecer fechada e vedada durante a operação normal do equipamento.

A construção deste tipo de dispositivo é bastante complexa e prevê diferenças de


pressão durante a própria abertura da válvula. A sede possui duas áreas diferentes.
Uma área menor responsável pelo “pop” de abertura e uma área maior responsável
pela abertura total da válvula.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

A saída das válvulas de segurança devem permanecer livres de qualquer oclusão ou


impedimento da saída livre do vapor. Para o caso onde uma linha ou tubo for
conectado à saída da válvula deve-se calcular a perda de carga que poderá
produzir. Lembrando sempre que este é o último recurso contra explosões por
sobrepressão.

4.3.6 Dispositivos auxiliares

Os dispositivos auxiliares serão instalados sempre que houver necessidade ou


aplicação para tal.

O dispositivo auxiliar mais comum é o pressostato. O pressostato comanda, junto ao


painel, a entrada e a saída do queimador em caldeiras à óleo e gás. E é comandado
pela pressão de operação estabelecida na caldeira.

Os pressostatos são ajustados de acordo com os parâmetros de operação da


Caldeira e/ ou do processo ao qual a caldeira está interligada.

Em algumas caldeiras o pressostato age diretamente na abertura e fechamento da


solenoide do combustível, em outras está ligado a um comando principal que dá
início ao processo de entrada do queimado de forma secundária ao primeiro sinal.

Em caldeiras de combustível sólido o pressostato irá comandar a velocidade do


ventilador (quando possuir) e da esteira de alimentação (quando possuir), lembrando
sempre que a combustão continua enquanto houver combustível na fornalha.

O Pressostato pode ser entendido como um dispositivo auxiliar a de segurança de


um equipamento.

Além do pressostato existem também dispositivos para a purga da fornalha


(discutidos anteriormente) e o painel de comando que seleciona a ordem, de acordo
com a sua programação da entrada e saída de cada um dos dispositivos instalados
em uma caldeira.

4.3.7 Válvulas e tubulações

Via de regras as válvulas mais utilizadas em caldeiras são as esféricas, válvulas de


globo, válvula de gaveta, solenoides, reguladoras pressão e retenção. Mas a
aplicação de válvulas não se limita apenas nestas.

As válvulas podem ser categorizadas de acordo com a perda de carga que


promovem ou de acordo com a sua aplicação.

Quanto maior a perda de carga, mais turbulento será o fluxo depois delas.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Válvulas esféricas são válvulas que tem como princípio o controle do fluxo e
recebem esse nome devido ao seu obturador.

Figura 63: Válvula esférica.

Essa válvula tem uma particularidade interessante, quando a sua manopla está
alinhada com a tubulação significa que ela está aberta. Quando sua manopla está
em perpendicular à tubulação significa que ela está fechada. As válvulas esféricas
normalmente são aplicadas nas descargas de fundo de uma caldeira. Sua função é
causa um turbilhonamento no fluxo de saída, revolvendo a lama.

As válvulas esféricas podem ser monobloco, bipartidas ou tripartidas. As válvulas


monobloco são construídas com corpo inteiriço e normalmente são mais robustas.
As bipartidas são construídas de duas partes, sendo corpo e tampa e as tripartidas
em 3 partes sendo um corpo e duas tampas.

As válvulas de globo são destinadas a regular o fluxo em uma tubulação ou linha. A


construção das válvulas de globo consiste de uma sede em formato de trapézio em
um corpo monobloco acionadas por volantes circulares.

Figura 64: Válvula de globo.

O tamanho dos volantes e das manoplas de qualquer válvula correspondem


exatamente à força ou torque que deverá ser aplicado nelas. Se uma válvula não
está vedando completamente é o momento de fazer manutenção. Não se deve

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
aplicar mais força a ela. As válvulas de globo são normalmente aplicadas na saída
de vapor de uma caldeira.

As válvulas de gaveta seguem a mesma linha de raciocínio, porém normalmente são


usadas em linhas e tubulações cujo diâmetro interno exceda 4” (4 polegadas).

As válvulas solenoides já citadas por tantas vezes anteriormente, são válvulas auto-
atuadas e podem ser permanentemente abertas ou permanentemente fechadas.

As válvulas permanentemente abertas mantém-se abertas até que o painel de


controle envie um comando de fechamento, ou seja, enquanto não houver comando
elétrico de fechamento elas permanecerão abertas. As válvulas permanentemente
fechadas funcionam exatamente ao inverso. Enquanto o painel não enviar o
comando elétrico de abertura elas permanecerão fechadas. Estas últimas
normalmente são aplicadas na abertura do combustível para alimentação do
queimador.

Existem ainda as válvulas redutoras, responsáveis por reduzir a pressão de um


fluido. Válvulas retentoras que são responsáveis por fluxos de mão única e
normalmente são instaladas na saída das bombas de alimentação.

As linhas de vapor e de alimentação de combustível devem seguir uma regra de


instalação e seleção conforme regra proposta pelo fabricante da caldeira. No geral
ambas linhas serão constituídas de tubos sch 40# e terão seus diâmetros iguais ao
diâmetro de entrada do queimador, ou saída da válvula de globo do vapor.

No geral as linhas devem conter o máximo de seções retas possível para evitar a
perda de carga e quando da necessidade da aplicação de curvas ou ramais devem
ser calculadas quanto à perda que causarão.

As linhas de vapor normalmente recebem isolamento térmico para minimizar a troca


de calor do fluido com a vizinhança.

4.3.8 Tiragem de fumaça

A tiragem de fumaça pode ser de forma natural ou través de ventiladores. No geral


os queimadores de caldeiras fogotubulares são fornecidos em conjuntos com os
ventiladores para a tiragem forçada. E as caldeiras de combustível sólido podem ou
não possuir esse dispositivo.

Os ventiladores para a tiragem forçadas serão aplicados sempre que a tiragem por
convecção natural não for suficiente para eliminar os fumos provenientes da
combustão.

Os ventiladores, além de eliminar os fumos provenientes da combustão também


realizam a purga da fornalha. Durante a purga o ventilador elimina as sobras de
combustível de uma queima passada e inunda a fornalha com novo ar. A aplicação
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
de ventiladores também reduz a quantidade de fuligem nas caixas de fuligem e
diminuem a probabilidade de estresse térmico por acúmulo de particulados.

A tiragem, forçada ou não, deve ser calculada de acordo com a necessidade da


altura da chaminé da caldeira e quantas caldeiras são servidas pela mesma
chaminé.

No geral as chaminés deverão ser constituídas de linhas retas e na altura exata de


serventia de cada caldeira, quando isso não é possível é necessário adicionar
pressão positiva para a garantia de saída dos gases.

4.3.9 Sistema instrumentado de segurança

Sistemas instrumentados de segurança podem ser de maior ou menos


complexidade. Em caldeiras de alta pressão a instrumentação é mais complexa e o
operador pode modular a maior parte das respostas através do painel.

Algumas caldeiras de média e baixa pressão a instrumentação é mais simples e está


relacionada às respostas obtidas através dos pressostatos e dos controladores de
nível. Quanto maior a complexidade da automação maiores serão os controles sob
responsabilidade do operador.

As caldeiras podem ser manuais, semi-automatizadas ou completamente


automatizadas.

Em caldeiras manuais todas as operações deverão ser realizadas por um ou mais


operadores responsáveis pelas caldeiras. Desde a alimentação e o controle da
pressão de operação, até a alimentação de água.

Em caldeiras semi-automáticas os controles de entrada e saída dos queimadores,


bem como entrada e saída das bombas de alimentação de água normalmente são
operadas pelo painel da caldeira. Os controles de descarga de fundo e alguns dos
parâmetros de tratamento de água ficam à cargo do operador.

O grau de automatização depende muito do projeto, mas não dispensa a


necessidade do operador qualificado. Tanto para caldeiras com baixo ou nenhum
grau de automatização, quanto para caldeiras totalmente automatizadas é
necessário um operador para tomar decisões.

A NR-13 não faz distinção quanto ao grau de automatização de caldeiras para a


fazer a exigência de operadores qualificados conforme o item: 13.4.3.4.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

CAPÍTULO 5 – OPERAÇÃO DE CALDEIRAS

A operação de caldeiras deverá estar sob responsabilidade operador qualificado


conforme item: 13.4.3.4. A NR-13 entende como operador qualificado aquele que
possui o curso teórico de “Segurança na Operação de Caldeiras” de pelo menos 40
horas conforme ANEXO I da norma vigente e/ ou o operador que possui certificado
teórico conforme a edição da NR-13 de 1984 ou 1994. E ainda participar do estágio
supervisionado na Caldeira em que opera, sendo 80 horas para Caldeiras da classe
A e 60 horas para caldeiras da classe B.

Antes de operar uma caldeira é necessário conhecer algumas regras de segurança


e relembrar de tudo o que foi aprendido até este momento.

As regras a seguir são baseadas em acidentes que já ocorreram no passado e


alguns deles serão conversados no decorrer deste capítulo.

Figura 65: Cuidado.

As 15 regras de ouro de uma operação segura:

1ª Esteja sempre atento! A maior parte dos acidentes SEMPRE podem ser evitados
quanto tomamos medidas ao primeiro sinal de que algo não vai bem. NUNCA deixe
para pensar depois da ocorrência de um acidente ou incidente.
2ª Não corra! Você provavelmente pensará melhor em qual ação ou medida tomar
se mantiver-se calmo e andando tranquilamente. Correr pode aumentar ainda mais o
risco de acidentes!
3ª Crie o hábito da realização de testes de segurança na caldeira! Não negligencie
um teste de segurança. Principalmente das Válvulas de Segurança!
4ª Lembre-se sempre de anotar quaisquer intervenções (Inspeções, Manutenções,
Testes de Segurança) ou anomalias que presenciar ou observar na caldeira.
5ª Lembre-se sempre de conferir se TODAS as válvulas estão em posição de
operação (se as válvulas que devem permanecer fechadas estão efetivamente
fechadas e as que devem permanecer abertas estão efetivamente abertas).
6ª Esteja atento aos instrumentos o tempo todo. Não existe operação segura sem
Visores de Nível e Manômetros!

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
7ª Consulte SEMPRE o Manual do equipamento, o Prontuário e os documentos
gerados pelas Inspeções, eles contêm informações valiosas sobre a real condição
da caldeiras e instruções importantes para uma operação segura.
8ª NUNCA permita que curiosos e pessoas não autorizadas circulem livremente e
desacompanhados na sala ou área de Caldeiras.
9ª NUNCA permita o aumento o “set point” da calibração das válvulas de segurança
em pressões acima de 10% da pressão original estampada pelo fabricante!
10ª NUNCA permita qualquer tipo de manutenção ou intervenção por pessoas não
autorizadas e sem o consentimento e responsabilidade de um Profissional
Habilitado. Consulte o Engenheiro Responsável antes de proceder com qualquer
trabalho em uma caldeira.
11ª NUNCA parta uma caldeira antes de ter certeza que o equipamento está em
plena condição de operação.
12ª SEMPRE certifique-se das reais condições em que o equipamento fora entregue
aos seus cuidados. Leia o Relatório de Marcha do Operador anterior a você.
13ª NUNCA deixe de comunicar qualquer tipo de anomalia ou comportamento fora
do padrão da caldeira que está operando. As vezes um pequeno sinal, pode levar à
grandes consequências!
14ª NUNCA receba ou dê ordens verbais de mudança nos procedimentos aos
demais colaboradores envolvidos com o equipamento. Todas as mudanças
significativas deverão estar por escrito, por profissionais habilitados e responsáveis
pelo equipamento.
15ª Em caso de dúvida converse com o engenheiro responsável pelo equipamento.
Duas cabeças pensam melhor do que uma!
A operação segura de equipamentos exige conhecimento, responsabilidade e
atenção!

Caso a se pensar:
Em 1986, em um mundo em plena guerra fria, uma notícia mudou o curso da
história.
Na madrugada de 26 de Abril explodia o reator número 4 da usina Nuclear de
Chernobyl. A usina Nuclear de Chenobyl, construída na Ucrânia (antiga união
soviética), à poucos quilômetros de Kiev, era a mais nova aposta em produção de
energia elétrica. A usina possuía, até aquele momento, 3 reatores totalmente
operantes e um reator novo, o reator número 4 que acabara de entrar em operação.
O reator número 4 deveria produzir 3,2 MWatts de energia elétrica (hoje em dia esse
número seria considerado pequeno levando em conta que Itaipu possui 20 turbinas
geradoras de 700 MWatts cada).
Uma cidade fora construída à cerca daquela usina, Pripyat. Todos os trabalhadores
da usina moravam na cidade com seus familiares.
Um teste de segurança havia sido agendado para aquela madrugada, porém todos
os procedimentos de segurança na operação de instalações nucleares foram
negligenciadas pelo engenheiro chefe, o que levou à explosão do equipamento à
1:23h da manhã.
Muitas são as teorias que explicam as falhas e consequente explosão do reator
número 4, entre elas: Falhas no Projeto, Instalação, Manutenção e Operação.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
O desastre de Chernobyl custou muitas vidas, de forma direta e indireta. Aos que
não morreram em decorrência da explosão sobrou uma vida de sofrimentos
decorrentes da exposição à radiação e uma cidade fantasma que conta uma história
de destruição.

Figura 66: Vista aérea do reator nº 4 após a explosão.

Acidentes com equipamentos pressurizados acontecem o tempo todo. Não seja


mais um número em uma dessas estatísticas! Faça hoje, neste exato momento, um
pacto consigo mesmo de preservar a sua vida!

5.1 PARTIDA E PARADA

Antes de partir uma caldeira é necessário verificar todos os instrumentos.

A. Verifique os visores de nível. Preencha a Caldeira com água tratada, quando


necessário, ou elimine o excesso de água que pode estar contido nela.
NUNCA, em hipótese alguma, parta uma caldeira sem saber onde está o
nível de água.
B. Verifique se o sistema de controle de nível (quando houver) está em boas
condições de operação. Se as bombas de alimentação entram quando do
nível baixo no equipamento e se as bombas param de alimentar a caldeira
quando o nível está adequado.
C. Teste os alarmes! Todos eles! E em especial o de nível baixo e extra-baixo.
D. Verifique se há vazamentos visíveis!
E. Verifique o reservatório de água e o de combustível.
F. Certifique-se de que a atmosfera que envolve o equipamento não está poluída
com fluidos explosivos. Não precisamos de atmosfera explosiva dentro da
fornalha da caldeira.
G. Verifique se a sala ou área de caldeiras está bem iluminada, ventilada e se há
espaço suficiente para o operador realizar todas as manobras e intervenções
necessárias à operação segura.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
H. Verifique se está usando todos os EPIs necessários.
I. Verifique a documentação da Caldeira (manuais, prontuário, relatórios de
inspeção e livro de registro de segurança).
J. Faça a verificação das Válvulas:

a) Verifique se as válvulas de descarga de fundo estão fechadas, quando


operadas manualmente;
b) Válvulas de admissão de água devem estar abertas;
c) Tomadas do Visor de Nível devem estar abertas;
d) Válvula de Engenheiro do Manômetro deve estar aberta, quando houver.
e) Entradas de Ar da fornalha devem estar desobstruídas;

K. Lubrifique os mancais dos compressores, se houver.

Figura 67: Check list.

5.1.1 Caldeiras a combustível sólido

Figura 68: Fornalha para a queima de combustível sólido.

As caldeiras à combustível sólido possuem muitas particularidades. Na maior parte


das vezes o combustível de partida não será o mesmo combustível utilizado em uma
operação normal. Esteja atento para que as condições de acendimento da chama
piloto estejam adequadas.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Cada caldeira possui uma curva de aquecimento que deve ser respeitada quando da
partida fria. E o primeiro passo começa na chama piloto, geralmente a gás.

A curva de aquecimento pode durar muitas horas e esta é uma informação valiosa
que está contida no manual da Caldeira e deve ser seguida.
Nas caldeiras à combustível sólido a curva de aquecimento deverá ser realizada, na
maior parte dos casos, com a combustão modulada em 30% de sua capacidade
total.

Para tanto além das tarefas já citadas anteriormente o operador deve:

A. Abrir as entradas de ar, quando de abertura manual, ou acionar os


ventiladores para realizar a purga da fornalha e permitir que o comburente
preencha o espaço onde se iniciará a combustão.
B. Alimentação:
C. Em caldeiras alimentadas manualmente o operador deverá fazer a “cama” de
combustível. Alimentada a caldeira o operador pode inserir a chama piloto
através de uma tocha acesa.
ATENÇÃO: Ao inserir a tocha na fornalha não tente recuperá-la!
D. Nas caldeiras automatizadas o operador realizará através do comando no
painel o acendimento da chama piloto.
E. Acione as esteiras rolantes em 30%.
F. Comece a reduzir a admissão de combustível nos bicos da chama piloto à
medida que a fornalha se aquece e que o combustível sólido começa a
queimar, até sua retirada total.
G. Mantenha a chama acesa em 30% de sua capacidade até que a curva de
aquecimento seja completa.

Em Caldeiras de circulação positiva a bomba de circulação deverá seguir o padrão


imposto pela combustão, se 30% deverão circular na mesma carga, se em carga
total, a bomba de circulação seguirá da mesma forma.

ATENÇÃO: Não pule etapas neste processo, a maior causa de


superaquecimento nos tubos da parede de água é justamente a partida da
Caldeira quando fria!

A Parada da caldeira de combustível sólido não ocorre de forma instantânea. Para


que a caldeira pare é necessário que todo o combustível dentro dela seja
consumido. Neste caso as ações serão:

A. Diminuir a entrada de ar e parar a alimentação.


B. Diminuir a velocidade da bomba de circulação, se houver.
C. Fechar a válvula do superaquecedor, quando houver.
D. Continuar a alimentação de água até a parada total da caldeira.
E. À extinção da chama, fechar completamente os “dampers” e a saída de vapor.
ATENÇÃO: Não feche completamente as entradas de ar enquanto
houver chama, se a porta de entrada de combustível estiver fechada
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
também. Ao consumir todo o comburente a fornalha poderá entrar em
vácuo.
F. Aguardar o resfriamento enquanto a alimentação de água continua sempre
que for necessário.
G. Quando a caldeira estiver totalmente fria fechar a válvula de admissão de
água, após inundá-la com água tratada.

5.1.2 Caldeiras a óleo

Figura 69: Caldeira a óleo.

A grande maioria das caldeiras à óleo possuem um queimador que se comunica


direto com o Controlador Logicamente Programável (PLC). A seguir veremos os
passos que o controlador executa quando Ligamos a Caldeira.

A. Purga da fornalha através da entrada automática dos ventiladores, com


duração de 30 segundos a 1 minutos (essa purga pode variar, mas no geral
segue essa regra).
B. Abertura da solenoide do óleo, atomização do combustível dentro da fornalha
e ignição através do centelhador. Esses processos ocorrem quase em
concomitância, com uma diferença de fração de segundos entre uma etapa e
outra.
C. CHAMA!
D. Leitura da Fotocélula para percepção da permanência desta chama. Se há luz
o processo de queima continua, se não há luz o processo recomeça desde a
purga (alínea A.).

ATENÇÃO: Em geral, ao realizar os processos por 3 vezes as caldeiras


desarmam no painel. Antes do rearme é necessário abrir a fornalha e limpar
quaisquer excessos de combustível das 3 tentativas anteriores.

Causas prováveis para falha:

A. Válvula de Admissão de Ar fechada, se houver.


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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
B. Válvula de Admissão de combustível (entre o reservatório e a solenoide)
fechada, se houver.
C. Falta de combustível no reservatório.
D. Presença de ar na linha de combustível.
E. Falha no centelhador, por vezes os bicos estão trocados, por vezes há
fissuras, ou rachaduras na porcelana, por vezes durante a manutenção os
eletrodos foram montados desalinhados, etc.
F. Sujidades na fotocélula, que impedem a sua leitura de presença de chama.

ATENÇÃO: Somente execute o rearme da Caldeira quando todos os problemas


foram sanados. E em caso de pane elétrica chame um eletricista certificado
conforme NR-10.

As Caldeiras à óleo normalmente operam apenas entre 60% e 100% de sua


capacidade total e não é possível modular em 30% como nas caldeiras à
combustível sólido portanto, o processo da rampa de aquecimento deve ser feito
pelo operador, ligando e desligando o equipamento, durante o período de tempo
indicado pelo fabricante.

Exemplo:
Ligar em fogo baixo por 15 minutos, desligar e aguardar 30 minutos. Repetir o
processo 15 vezes, ou durante 3 horas.

As paradas em caldeiras de combustível líquido são mais simples, e seguem os


passos a seguir:

A. Desligar o queimador no painel.


B. Manter a alimentação de água enquanto a caldeira continuar vaporizando.
C. Fechar a saída de vapor.
D. Fechar a válvula de alimentação de combustível (quando houver).
E. Inundar a caldeira de água tratada quando a pressão indicada no manômetro
for zero.
F. Desligar o painel elétrico.
G. Fechar a válvula de admissão de água quando a caldeira estiver fria.

5.1.3 Caldeiras à gás

Figura 70: Caldeira a gás.


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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Nas caldeiras à gás o processo de acendimento segue a mesma regra das caldeiras
à óleo.

A. Purga da fornalha através da entrada automática dos ventiladores, com


duração de 30 segundos a 1 minutos (essa purga pode variar, mas no geral
segue essa regra).
B. Abertura da solenoide do gás e ignição através do centelhador
C. CHAMA!
D. Leitura da Fotocélula para percepção da permanência desta chama. Se há luz
o processo de queima continua, se não há luz o processo recomeça desde a
purga (alínea A.).

Assim como na Caldeira à óleo, a caldeira à gás também repetirá o processo por
algumas vezes antes de desarmar.
Causas prováveis para a falha:

A. Válvula de Admissão de Ar fechada, se houver.


B. Válvula de Admissão de combustível entre o cavalete de entrada e a caldeira,
ou entre o reservatório de combustível e a caldeira.
C. Presença de ar na linha de combustível.
D. Falha no centelhador.
E. Sujidades na fotocélula, que impedem a sua leitura de presença de chama.
F. Detector de gás acusando vazamento. Se o detector acusar vazamento ele
envia um comando de corte ao painel que impede que o processo se inicie,
neste caso busque o auxílio de um profissional da segurança do trabalho para
medir os gases daquela atmosfera. Se constatado o vazamento dirija-se ao
engenheiro responsável pelo equipamento e pela instalação.

Somente após a solução de todas as falhas faça o rearme no painel. A parada de


caldeiras à gás seguirá exatamente os mesmos passos das caldeiras à óleo.

5.2 REGULAGEM E CONTROLE

Após a partida o operador assume novas tarefas para manter a caldeira funcionando
em segurança. Todos os instrumentos devem ser mantidos calibrados e em boas
condições operacionais, segundo o item: 13.4.3.2

5.2.1 De temperatura

O Controle de temperatura pode ser realizado por termômetros, termopares e


sensores diversos. Destes o mais comum é o termômetro de chaminé.

O termômetro de chaminé indica a temperatura de saída dos gases provenientes da


combustão e devem ser mantidos na temperatura indicada pelo fabricante. Em
caldeiras marítimas que operam em cerca de 10 bar o termômetro irá indicar,
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
geralmente, uma temperatura cerca de 50ºC acima do ponto de saturação da água
dentro da caldeira.

O termômetro de chaminé indica se a temperatura na fornalha está adequada. Ao


acompanhar o termômetro o operador saberá se o calor produzido pela chama está
sendo bem aproveitado pela caldeira, ou se está abaixo, ou acima do que deveria.

Quando a energia gerada pela chama está abaixo do esperado poderá haver
acúmulo de fuligem nas caixas de reversão de caldeiras à óleo.

Quando a energia gerada pela chama está acima do esperado poderá haver
superaquecimento de partes pressurizadas dentro da caldeira, principalmente na
fornalha.

Existem projetos em que o controle da temperatura é feito na fornalha, na chaparia e


na chaminé. Neste caso o operador deverá estar atento às informações de
temperatura durante a curva de aquecimento do equipamento mantendo a válvula
de saída do vapor para o superaquecedor fechada.

No momento em que todos os instrumentos indicarem temperatura por igual em


todas as partes da chaparia o operador pode sair dos 30% de carga e começar a
subir lentamente, acompanhando o tempo todo todas as transferências de calor. No
momento em que a caldeira atingir a temperatura e pressão de operação normais a
válvula de saída de vapor para o superaquecedor será aberta.

5.2.2 De pressão

O controle da pressão será realizado através do indicador de pressão e do


pressostato. Em caldeiras à óleo ou à gás, os pressostatos comandam o
acendimento e o apagar da chama (entrada e saída do queimador).

O pressostato deverá ser ajustado de acordo com a pressão de operação do


equipamento, sempre abaixo da PMTA. Ao atingir a pressão de ajuste do
instrumento a caldeira corta a chama sozinha. Quando a pressão cai para o mínimo
a caldeira recomeça o processo de acendimento da fornalha e mantém a chama até
que atinja a pressão de ajuste do pressostato.

O ajuste do pressostato poderá ser feito pelo próprio operador quando necessário.
Em caldeiras totalmente manuais o operador é o único responsável pelo controle da
pressão na caldeira através da combustão. Neste caso a alimentação do
combustível e entrada de ar deve seguir uma rotina.

Em caso de sobrepressão em caldeiras à óleo ou gás o operador deve:

A. Parar a caldeira no painel;


B. Fechar a válvula de alimentação de combustível;
C. Manter a válvula de admissão de água e a de saída vapor abertas;
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
D. Aguardar que a pressão se reestabeleça abaixo da PMTA.

Em caso de sobrepressão em caldeiras à combustível sólido as ações serão:

A. Abafar a fornalha da caldeira e parar a esteira de alimentação de combustível


ou parar a alimentação manual de combustível.
B. Manter a válvula de admissão de água e de saída do vapor abertas;
C. Aguardar que a pressão se reestabeleça.

Em qualquer caso é necessário fazer uma verificação das razões que levaram a
caldeira à sobrepressão, caso se torne um problema recorrente e sem causa
aparente é necessário acionar o engenheiro responsável pelo equipamento e/ ou
instalação.

5.2.3 De fornecimento de energia

O fornecimento de energia elétrica normalmente está garantido pela concessionária,


porém inúmeros fatores como as chuvas, sobrecarga do uso de energia ou acidente
em geral podem causar a queda do fornecimento. No caso de falta de energia o
painel elétrico parará de funcionar. Todas as ações comandadas pelo painel estarão
paradas, restando ao operador apenas ações manuais.

Em caso de falta de energia, as caldeiras em caldeiras à óleo a única ação será


fechar a saída de vapor, a válvula de admissão de combustível e aguardar.
Já em caldeiras à combustível sólido o procedimento é ligeiramente mais complexo,
visto que a queima do combustível remanescente na fornalha continuará. Neste
caso, proceda da seguinte maneira:

A. Feche a Válvula de saída de vapor;


B. Abafe a fornalha da caldeira manualmente;
C. Opere a válvula injetora ou sistema acessório de admissão de água.
D. Aguarde que a energia elétrica se reestabeleça ou a chama na fornalha se
extinguir completamente.

Algumas Caldeiras possuem um gerador próprio em caso de falta de energia. Neste


caso antes de começar suas tarefas diárias o operador deverá certificar-se que o
gerador está em boas condições de funcionamento e se está abastecido.

Ações me caldeiras à combustível sólido que possuem geradores:

A. Fechar a válvula de saída de vapor;


B. Abafar a fornalha da caldeira e parar a esteira de alimentação de combustível
ou parar a alimentação manual de combustível.
C. Aguardar que a energia elétrica se reestabeleça ou a chama se extinguir
completamente.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
As quedas de energia não são usuais, mas quando ocorrem normalmente não é
possível prever o seu retorno.

Os geradores normalmente estão dimensionados para o fornecimento de energia


adequado para a execução da parada total da caldeira em segurança e algumas
horas a mais.

Não se desespere diante de uma situação de queda de energia, porém não confie
demais no gerador.

5.2.4 Do nível de água

O principal instrumento para controle de nível de água é o Visor de Nível. O visor de


nível é responsável por indicar ao operador a posição (altura) da superfície do
líquido dentro da caldeira. O mostrador do visor é projetado de forma que o nível
possa ser lido do lado de fora do equipamento.

Visores de Nível de tubos de vidro normalmente são utilizados em caldeiras que


operam em temperaturas inferiores a 230ºC, acima disso utiliza-se tubo reflexivo.

A primeira ação que o operador deve realizar é a abertura das tomadas (válvulas) de
entrada e saída (comunicação) do visor com a caldeira. A segunda ação é a limpeza
do tubo.

Para limpar o tubo o operador deverá:

A. Fechar as tomadas de entrada e saída do tubo;


B. Abrir a válvula de descarga do tubo;
C. Abrir a tomada de vapor e aguardar alguns segundos (entre 10 e 20 segundos
geralmente é o suficiente);
D. Fechar a tomada de vapor
E. Certificar-se visualmente de que o tubo do visor está limpo, caso não esteja
repita novamente as ações anteriores C e D;
F. Feche a válvula de descarga do visor;
G. Abra as tomadas de água e vapor.

Com o visor de nível limpo, proceda com as demais ações relativas à alimentação
de água.

O controle de nível de água dentro de uma caldeira garante que o material da qual
fora construída esteja protegido conta o superaquecimento. Esse controle
normalmente será realizado de forma automática. Neste caso a atenção do operador
deverá estar voltada para a entrada e saída da bomba de água quando o visor de
nível mostrar nível baixo de água.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
A função do operador acompanha o grau de automatização das caldeiras e nunca se
tornará obsoleta. Em caso de falta de água em caldeiras à óleo ou à gás o operador
deverá realizar as seguintes ações:

A. Fechar a saída de vapor;


B. Parar a caldeira no painel;
C. Fechar a válvula de admissão de combustível;
D. Verificar se a válvula de admissão de água está aberta;
E. Verificar o sistema de alimentação.

Em caso de caldeiras à combustível sólido as ações serão:

A. Fechar a saída de vapor;


B. Acionar a válvula injetora de vapor ou sistema de controle de nível
secundário;
C. Abafar a fornalha da caldeira e parar a esteira de alimentação, ou cessar
alimentação manual.
D. Aguardar a queima completa do combustível remanescente na fornalha.
E. Verificar o sistema de alimentação de água.

As caldeiras cujo sistema automático é através de bóia interligada ao painel podem


apresentar problemas:

1. Braço móvel manter-se em posição fixa devido a depósitos em suas partes


móveis, isso acontece principalmente em caldeiras cujo tratamento de água
externo é ineficiente e é comum em caldeiras marítimas.
2. Pane elétrica no painel.

Já as caldeiras cujo controle é realizado por eletrodos os problemas normalmente


estão relacionados a:

1. Sujidades nos eletrodos. Neste caso o operador deverá proceder com a


limpeza do garrafão.
2. Pane elétrica no painel.

As caldeiras também podem apresentar excesso de água, neste caso o operador


deverá:

1. Abrir a descarga de fundo;


2. Fechar a válvula de admissão de água acompanhando o nível pelo visor até
que se reestabeleça;
3. Fechar a descarga de fundo.

Caso não seja possível parar o processo o operador deverá operar a admissão de
água manualmente até que a parada total seja possível, do contrário deverá parar a
caldeira.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
5.2.5 De poluentes

O controle de poluentes normalmente é realizado através de um sistema de lavagem


de gases em caldeiras de grande capacidade e que queimam combustível
emissores de material particulado.

Para estas caldeiras um acessório de lavagem será instalado de acordo com as


diretrizes do próprio fabricante.

Outra maneira de controlar as emissões de poluentes é realizar a medição da


concentração de poluentes presentes nos fumos da combustão através de sua saída
na chaminé.

Sabe-se que a combustão é o processo de oxidação através do qual as moléculas


presentes no combustível reagem quimicamente com o oxigênio produzindo energia
em forma de calor, água e resíduos.

Existem 3 condições que deverão ser satisfeitas para que uma queima seja o
máximo possível próxima ao ideal:

1. A proporção entre combustível e comburente deverá estar calculada e ser


apropriada
2. A mistura entre combustível e oxigênio deverá ser equilibrada de forma que o
oxigênio tenha contato com a máxima área de combustível possível.
3. A temperatura da fornalha deverá estar próxima da temperatura de
autoignição do combustível.

Os elementos chave para produção de energia térmica são o carbono, o hidrogênio


e seus compostos. O enxofre, quando oxidado rapidamente também fornece grande
quantidade de energia térmica. Tendo em vista que o comburente está presente no
ar atmosférico essa massa de ar deverá ser calculada de acordo com o combustível
que será queimado. Os 21% de Oxigênio contidos no ar representam uma massa de
23,15% e o resto é Nitrogênio. As misturas entre combustível e comburente podem
ser denominadas: Pobres ou Ricas (não existe mistura ideal devido às perdas).

Misturas ricas são aquelas onde o aporte de oxigênio é insuficiente. Misturas pobres
acontecem quando o aporte de oxigênio está acima da quantidade suficiente para a
oxidação completa do combustível. No caso de uma mistura rica, portanto
incompleta, a combustão ocasionará emissão de fumaça escura (preta) indicando
que há combustível de sobra. No caso de uma mistura pobre a fumaça sairá da
chaminé como uma nuvem branca. Para saber a exata quantidade de ar e
combustível que deve conter uma mistura um medidor de gases de combustão
deverá ser utilizado. O mais conhecido instrumento de medição é o ORSAT.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 71: ORSAT.

O ORSAT é um equipamento composto de 3 pipetas de absorção contendo


soluções químicas conectadas a uma bureta através de um capilar de vidro. Como o
aparelho é constituído em vidro normalmente é montado em uma caixa de madeira.
As soluções químicas absorventes utilizadas são: Hidróxido de Potássio, Pirogalol
alcalino e Cloreto Cuproso Amoniacal.

O Objetivo do equipamento é a medição de Dióxido de Carbono, Monóxido de


Carbono e Oxigênio.

A quantidade de cada um desses elemento à saída na chaminé mostrará se o


excesso de ar calculado é suficiente.

Considerando que a combustão é uma reação química, o esperado é que todo


oxigênio fornecido reaja com o carbono contido no combustível resultando em fumos
contendo exatamente 21% de Dióxido de Carbono + 79% Hidrogênio, uma queima
completa e ideal. Sabemos que na inexistência de uma combustão ideal é
necessário trabalhar com excesso de ar, para evitar que uma queima incompleta
resulte em vestígios de combustível na fornalha.

Em geral trabalha-se com o excesso de ar variando entre 20 e 30% a depender do


combustível e a utilização do medidor mostrará a quantidade de ar em volume que
deverá entrar na fornalha para garantir a queima completa do combustível e garantir
a segurança do equipamento, evitando ao máximo as perdas.

Além do ORSAT existem também medidores infravermelho que permite essa leitura
em tempo real, durante o funcionamento da caldeira, neste caso o operador poderá
ajustar a posição das entradas de ar com base nestes dados, para garantir o
máximo aproveitamento.

O mais interessante no sistema de leitura em tempo real é que o operador pode


ajustar o excesso de ar de acordo com cada combustível. Ainda que uma caldeira
queime apenas carvão, não se pode garantir que as remessas de carvão terão
sempre a mesma qualidade e a mesma quantidade de Carbonos, como vimos no
capítulo anterior. Desta forma a emissão de poluentes será sempre ajustada e
personalizada.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
5.2.6 De combustão

O controle da combustão se dará através das leituras da Pressão Interna do


Equipamento, da geometria e altura da chama.

Como dito anteriormente, é necessário controlar a altura da chama de forma que ela
não toque a chaparia da fornalha. O controle de combustão durante a partida e
parada das caldeiras está citado no subtítulo 5.1 deste capítulo.

Durante a operação normal é a manutenção da pressão da caldeira e da chama que


recebem atenção.

Em caldeiras manuais à combustível sólido de a principal ação dos operadores é a


alimentação de combustível. Neste caso o operador deverá estar sempre atento ao
Indicador de Pressão Interna para saber quando alimentar. No momento da
alimentação o operador deve:

A. Aumentar a abertura das entradas de ar;


B. Abrir a porta de entrada de entrada de combustível;
C. Depositar gentilmente o combustível no interior da caldeira.

ATENÇÃO: Nunca alimente a caldeira antes de abrir ou aumentar a abertura


das entradas de ar. O Combustível, ao ser oxidado, consome o ar dentro da
fornalha o que pode ocasionar diminuição da pressão da fornalha e efeito
vácuo.

Cada caldeira está projetada para uma capacidade e uma pressão determinada e
afixadas. Não é possível aumentar a capacidade de uma caldeira aumentando a
chama. Ao aumentar a chama a caldeira consumirá mais combustível, e a
temperatura dos gases quentes provenientes da combustão aumentará na chaminé.
Esteja de olho no termômetro de chaminé. Ao atingir a pressão de trabalho
requerida para o processo em que a caldeira está interligada o aumento da
combustão apenas causará estresse térmico sem trazer benefício algum.

Nas caldeiras automáticas ou semiautomáticas o controle da combustão poderá ser


modulado ou regulados para entrada e saída do queimador conforme ajuste do
pressostato.

Em caldeiras marítimas, normalmente alimentadas por óleo diesel, o controle da


combustão será realizado essencialmente pelo pressostato. Neste caso a caldeira
lida e desliga o queimador sempre que houver oscilação da pressão. Quando a
pressão cai o queimador é ligado, quando a caldeira atinge a pressão de operação o
queimador é desligado.

As caldeiras à gás e demais óleos combustíveis funcionarão da mesma forma. Nas


caldeiras automatizadas a manutenção da chama pode ser modulada, neste caso o

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
operador poderá selecionar uma faixa de operação e mantê-la, levando em
consideração as informações de medição de poluentes em tempo real, se houver.

Ao acionar o controle de aumento da velocidade da esteira de alimentação, o PLC


responderá com aumento da ventilação e após isso se dará o aumento da
velocidade da esteira.

5.3 FALHAS DE OPERAÇÃO, CAUSAS E PROVIDÊNCIAS

As falhas em caldeiras podem ocorrer por muitas razões e por isso a presença de
um operador é imprescindível.

As falhas de operação normalmente ocorrem quando o operador já se sente seguro


com o equipamento, quando a sua atenção diminui e quando a maior parte das
tarefas se torna automática.

5.3.1 Falhas na alimentação de água

As falhas na alimentação podem ser causadas por mal funcionamento na bomba de


alimentação, falhas na comunicação do sistema de alimentação com o painel ou
pane elétrica.

Nas bombas as causas mais usuais são:

A. Cavitação: A cavitação poderá ocorrer sempre que houver ar na linha de


entrada de água e pode ser resultado de furos na linha ou mesmo do
aumento indevido da temperatura da água (perto de 100ºC).
B. Desgaste no rotor: Todos os componentes têm uma vida útil estimada e
portanto, é necessário realizar manutenções preventivas para evitar suas
falhas.
C. Problemas na Instalação Elétrica: Painel não energizado corretamente ou
inversão dos fios, neste caso chame um eletricista.
D. Filtros de água sujos: Quando os filtros de água estão sujos a bomba não é
capaz de succionar a água de forma eficaz, neste caso é necessário realizar
a sua limpeza.

No sistema de alimentação por eletrodos ou bóias:

A. Sujeiras: Os eletrodos não fazem a leitura correta do nível de água. Nas bóias
poderá ocorrer a paralização do braço móvel. Neste caso é necessário
realizar a sua limpeza.
B. O sistema não se comunica com o painel: Pane elétrica ou corrosão nos fios
não são incomuns, neste caso chame um eletricista.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Falta de água no reservatório de alimentação de água:

A. Certifique-se abrir as válvulas na linha de alimentação pré e pós bomba.


B. Certifique-se de que há água disponível para a alimentação da caldeira.
C. Certifique-se de que não há vazamentos e escape de água para fora da linha.

5.3.2 Falhas na alimentação de combustível

Em geral as falhas na alimentação de combustível são menos preocupantes, pois


não oferecem risco de superaquecimento ou explosões.

As falhas de alimentação de combustível geralmente são decorrentes de:

A. Válvulas de Alimentação de Combustível fechadas


B. Falta de combustível no reservatório
C. Falhas no queimador ou nas esteiras rolantes.

Certifique-se de que os motores das esteiras estão em boas condições de operação.


Pode acontecer do próprio combustível entrar em partes móveis causando o
travamento da esteira, neste caso desligue a esteira no painel e ponha as travas
mecânicas antes de desobstruir a parte móvel bloqueada.

5.3.3 Falhas nos instrumentos

Sem os instrumentos indicadores de nível e pressão o operador não pode realizar


seu trabalho.

As falhas em visores de nível geralmente são decorrentes de tomadas fechadas, ou


da descarga de nível aberta. Certifique-se de que as tomadas estejam abertas e a
válvula de descarga fechada. Outra falha que pode ocorrer decorre justamente da
alcalinidade da água. O vidro do tubo do visor pode se tornar embaçado, neste caso
faça a manutenção e substituição do tubo, por outro correspondente.

Já as falhas em manômetros podem ocorrer pelo fechamento inadvertido da válvula


de engenheiro, se houver. Ou mesmo da quebra do manômetro. Neste caso
substitua-o.

Esteja atento acompanhando se as ações automáticas da caldeira estão em


concordância com o que está indicado nos instrumentos, para detectar falhas em
instrumentos ou sistemas. ATENÇÃO: Nunca ignore alarmes!

5.3.4 Falhas nos queimadores

Se um queimador não entra quando deveria, ou não para quando deveria, verifique
se o pressostato está ajustado na pressão correta. Caso esteja poderá haver um
problema no painel, ou ainda a necessidade de calibração deste instrumento.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Podem haver falhas no ciclo de acendimento, como visto no subtítulo 5.1.2 e 5.1.3
deste capítulo. Verifique a fotocélula. A maior parte das ocorrências de falha dos
queimadores são provenientes de sujidades na fotocélula ou do fechamento
inadvertido das válvulas de alimentação do combustível. Panes elétricas e
problemas na solenoide do óleo são raros, mas se acontecerem chame um
eletricista e faça sua manutenção.

5.3.5 Falha da válvula de segurança.

A válvula de segurança é seu último recurso de segurança. Se a válvula de


segurança não abriu quando deveria pare o equipamento. Suspenda a alimentação
de combustível mantendo a válvula de saída de vapor aberta e a alimentação de
água.

As causas mais comuns de falha de válvula de segurança são:

A. Presença de sedimentos na sede da válvula


B. Válvula descalibrada
C. Válvula dando passagem

Em todos os casos não haja sozinho, proceda com a parada do equipamento e


chame o engenheiro responsável pela caldeira e/ ou instalação, para ver a
necessidade de troca ou manutenção da mesma.

5.4 ROTEIRO DE VISTORIA DIÁRIO

O Roteiro de Vistoria Diário deverá conter informações de como se encontrava o


equipamento antes de sua operação começar e como está sendo entregue ao
próximo operador.

Esse roteiro deve conter:

A. Informações dos instrumentos: Verificação do Visor de Nível, verificação do


manômetro e termômetros.
B. Realização dos testes de segurança programados para o dia. Normalmente
as válvulas são testadas uma vez por semana acionando a alavanca de teste.
Os sistemas de alimentação de água e alarmes são testados sempre que um
novo turno começa.
C. Faça as descargas de fundo conforme diretrizes do fabricante.
D. Verifique a qualidade de água, ou os resultados da verificação da equipe
designada para esta tarefa.
E. Movimente periodicamente todas as válvulas da caldeira.
F. Faça a limpeza do visor de nível.
G. Faça o teste da fotocélula, quando houver.
H. Mantenha a sala de caldeira limpa e organiza e seus acessos desobstruídos.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Verifique sempre toda a documentação produzida pelo colega do turno anterior e as
recomendações do engenheiro que realizou a última inspeção de segurança do
equipamento.

Esteja atento aos prazos de Inspeção do equipamento e Calibração dos


instrumentos. Cheque o Livro de Registros de Segurança toda vez que for iniciar seu
turno.

5.5 OPERAÇÃO DE UM SISTEMA DE VÁRIAS CALDEIRAS

Sistemas contendo 2 ou mais caldeiras não são comuns, porém alguns processos
podem se beneficiar com este tipo de aplicação.

Sistemas de duas ou mais caldeiras são comuns a processos que envolvem a


fabricação de papel e celulose e em lugares onde o lixo produzido por uma cidade
ou país é queimado dentro da caldeira para a geração de energia elétrica (como é
feito na Suécia).

Neste tipo de sistema as caldeiras podem funcionar de forma independente e


concomitante, cada uma destinada a uma fase processo. Ou as caldeiras podem
funcionar em concomitância alimentando a mesma fase do processo.

No primeiro caso cada caldeira será dimensionada para a fase do processo em que
irá atuar. No segundo caso as caldeiras estarão dimensionadas para funcionarem
em conjunto alimentando a mesma linha, neste tipo de aplicação normalmente
necessita-se de grandes quantidades de vapor a baixas pressões. Ao combinar duas
ou mais caldeiras no mesmo sistema, alimentando a mesma linha, a capacidade
esperada de cada equipamento pode cair em até 50%. Outro fator importante é que
as PMTAs das caldeiras devem ser as mesmas.

Nos sistemas onde existem 3 caldeiras alimentando a mesma linha é usual que duas
operem entre 70 e 80% de sua capacidade máxima enquanto a terceira permanece
em Stand-by, ciclando semanalmente o stand-by. Este tipo de aplicação exige
alguns cuidados:

A. Instalação de uma válvula de retenção na saída de vapor de cada caldeira


que impeça que, quando a pressão for maior em uma das caldeiras, o vapor
retorne para dentro da caldeira de pressão menor.
B. Instalação de um coletor de vapor comum às duas caldeiras, com válvula de
manobra de vapor em separado cada caldeira.
C. Alimentação de água e combustível independentes para cada caldeira.

Neste tipo de instalação a manutenção da pressão de operação deverá ser mais


rigorosa, visto que não é de grande valia um delta de variação entre as duas
caldeiras em operação, para que o fornecimento de vapor não seja prejudicado
durante todo o processo. O mesmo tipo de instalação poderá ser feito com caldeiras
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
de PMTAs diferentes, mas a capacidade de fornecimento de vapor poderá cair muito
com a variação de pressões.

Em plantas com caldeiras de funcionamento independente para cada fase do


processo cada operador cuidará de sua caldeira em resposta à anterior.

Nas plantas de papel e celulose, cada caldeira faz parte de uma fase. Existe uma
fase primária que queima cavaco como combustível principal e nesta primeira fase
do processo normalmente há cogeração de energia elétrica que poderá ser usada
na própria plante e/ ou vendida para a concessionária da região (com uma turbina de
vapor).

Na segunda caldeira será queimado o líquor resultante do primeiro processo de


produção de celulose. Ao queimar o líquor negro a caldeira executa também a
recuperação do elemento que será usado para a fase de branqueamento do papel.
O Líquor negro é produzido através do cozimento à vapor do cavaco no digestor
combinado a sulfeto de sódio e hidróxido de sódio. O resultado desta reação
química, proveniente da combustão do líquor é soda, que poderá ser extraída das
cinzas resultantes da queima.

Neste tipo de sistema cada caldeira no processo depende da anterior. Se a caldeira


responsável pelo cozimento no digestor não produzir vapor faltará combustível para
a segunda, se a primeira caldeira cozer numa velocidade muito alta o cavaco o risco
de superaquecimento por excesso que combustível e comburente poderá ser
catastrófico. Por este motivo as caldeiras de recuperação vêm equipadas com um
sistema de drenagem de emergência.

O Sistema de drenagem de emergência retira todo o líquor negro de dentro da


fornalha em caso de emergência.

5.6 PROCEDIMENTOS EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA

Se você está pensando que: “Fechar a saída de vapor é o primeiro passo” você
acertou na resposta para a grande maioria dos casos!

Essa resposta é verdadeira para os casos de:

A. Falta de água;
B. Problemas no painel elétrico das caldeiras;
C. Falta de energia elétrica;
D. Problemas na alimentação em geral.

A maior parte das ações já foram explanadas nos subtítulos anteriores dentro deste
mesmo capítulo. E a maioria das respostas para os problemas é, de verdade, fechar
a saída de vapor e cortar a combustão o mais rápido possível.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Em situações onde há chama na sala de caldeiras, fora da fornalha, execute os
passos de parada da caldeira e ligue para a equipe de combate à incêndio.

Figura 72: Extintor de Incêndio.

ATENÇÃO: Nunca tente combater o fogo se não for treinado para isso!

No capítulo 7 falaremos sobre situações emergenciais, casos verdadeiros e como


poderiam ter sido evitados os acidentes causados.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

CAPÍTULO 6 – TRATAMENTO DE ÁGUA

Sistemas de Tratamento de água são imprescindíveis para a manutenção da vida


útil de uma Caldeira. Além da necessidade de controlar a corrosão existe uma
necessidade de controle de incrustações.

Incrustações são o resultado de depósitos aderentes à superfície do material


prejudiciais à troca térmica do equipamento, que podem causar acidentes por
superaquecimento em uma determinada seção.

Figura 73: Diferença entre o metal novo e o metal que sofreu incrustação e o metal íntegro.

A corrosão no entanto, é dada essencialmente pela presença de Oxigênio e


resultante do uso de água com baixos valores de pH.

Para fazer a escolha correta do tipo de tratamento de água a ser usado em uma
Caldeira é necessário dividi-las em classes de pressão, conforme a tabela abaixo.
(Dantas, E. V.; 1988)
Tabela 04: Classes de Pressão.

MUITO BAIXA PRESSÃO Até 7 kgf/cm²


BAIXA PRESSÃO Entre 7 e 14 kgf/cm²
MÉDIA PRESSÃO Entre 14 e 49 kgf/cm²
ALTA PRESSÃO Entre 49 e 105 kgf/cm²
MUITO ALTA PRESSÃO Entre 105 e 225,6 kgf/cm²
SUPERCRÍTICA Acima de 225,6 kgf/cm²

O Tratamento de água eficiente é aquele que previne tanto a corrosão, quanto a


incrustação e é uma exigência da NR-13 conforme item: 13.4.3.3 “A qualidade da
água deve ser controlada e tratamentos devem ser implementados, quando
necessários, para compatibilizar suas propriedades físico-químicas com os
parâmetros de operação da caldeira definidos pelo fabricante.”

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CALDEIRAS
6.1 IMPUREZAS DA ÁGUA E SUAS CONSEQUÊNCIAS

A água de alimentação é obtida através de fontes naturais e contém uma série de


sólidos e gases dissolvidos que são prejudiciais à Caldeira, portanto toda a água de
alimentação deve ser conhecida e controlada. (Pera, H. 1966).

O aço é uma liga metálica cuja composição é feita principalmente por ferro e
carbono. O ferro é naturalmente encontrado no planeta em sua forma oxidada – FeO
ou Fe2O3, é o processo metalúrgico que promove a retirada do oxigênio de sua
estrutura e adiciona o Carbono (C) e, quando requerido, outros elementos.

Importante:
O código ASME traz uma lista de aços e suas características de para fabricação de
Caldeiras na SEÇÃO II e só é permitida a construção de equipamentos com os
materiais ali contidos.

A quantidade de Ferro e Carbono, bem como outros elementos, contida em uma liga
metálica influi diretamente em suas características e sua resistência, portanto é
necessário certificar-se de que a estrutura interna dos aços permaneçam sempre
próximas de sua estrutura original, quando da data de fabricação. Sabendo que o
ferro é encontrado em sua forma oxidada na natureza é fácil prever que a corrosão é
uma reação química natural e que a afinidade entre Fe e O2 é muito grande.

2 Fe + O2 → 2 FeO
4 Fe + 3 O2 → 2 Fe2O3

Assim sendo, a exposição do material ao oxigênio deve ser controlada com muita
atenção. A maior incidência de corrosão em caldeiras se dá durante as paradas para
inspeção e manutenção. Durante esse período o material fica exposto ao ar
atmosférico que contém muito oxigênio e este difunde-se na água da Caldeira
formando áreas de concentração diferencial de oxigênio. O mesmo fenômeno pode
ocorrer na linha de alimentação quando a água utilizada não é desaerada.

Nestes casos o tipo de corrosão mais usual é a corrosão puntiforme. A corrosão


puntiforme torna-se especialmente perigosa por ser uma local de concentração de
agentes corrosivos.

Figura 74: Corrosão Puntiforme em uma seção de metal.


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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

A corrosão também pode ser resultante da limpeza química incorreta em uma


Caldeira. Limpezas Químicas são utilizadas para diminuir a quantidade de depósitos
nos tubos de troca de térmica ou, em caldeiras novas, para a remoção de óleos e
graxas utilizados para a proteção do material durante a sua fase de fabricação.

Os produtos químicos mais usuais para limpeza de caldeiras são: Ácido Clorídrico
(HCl) e o Ácido Sulfâmico (H3NSO3). Durante a limpeza é necessário respeitar o
tempo de aplicação dos produtos, temperatura correta da água que contém a
solução de tratamento, circulação e neutralização ao final do processo.

Além da corrosão há também o problema de incrustação, como dito anteriormente.


Os principais elementos relacionados à incrustação são: Carbonato de Cálcio
(CaCO3) e Magnésio (MgCO3), Bicarbonatos (HCO3), Hidróxidos (OH) e Sulfatos
(SO42-) dos mesmos metais e Cloretos de Sódio (NaCl), e de Cálcio (CaCl 2) e Sílica
(SiO2). (Pera, H. 1966)

Estima-se que a incrustação pode diminuir entre 10 e 12% a eficiência de troca


térmica em uma Caldeira e em casos mais sérios promover a ruptura do material.
(Pera, H. 1966)

Abaixo uma tabela com os principais elementos citados, sua solubilidade e o tipo de
incrustação que pode causar:
Tabela 05: Tipos de Incrustação e sua Solubilidade.

Elemento Solubilidade Tipo de Incrustação


Bicarbonato de cálcio Moderada Semidura e lama
Carbonato de cálcio Ligeiramente solúvel Semidura e lama
Hidróxido de cálcio Ligeiramente solúvel Semidura e lama
Sulfato de cálcio Moderada Dura
Sílica Ligeiramente solúvel Muito dura
Óleos e Graxas Ligeiramente solúvel Formação de espuma
Matéria orgânica Altamente solúvel Formação de espuma

Para pensar:
Note na tabela o quanto a presença de Sílica pode ser preocupante, pois de todos
os elementos citados este é o elemento mais crítico! O tipo de incrustação
promovido pela Sílica é o mais trabalhoso de remover e pode causar, quando muito
extenso, a condenação do equipamento.

Quanto mais dura a incrustação causada por um elemento, mais difícil será removê-
la!

Os depósitos incrustantes formam um isolamento térmico, na região isolada o


material sofre um fenômeno que chamamos de superaquecimento, pois não
consegue transferir o calor e por isso o retém. Em resposta ao superaquecimento o
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CALDEIRAS
material sofre um estufamento (embarriga, forma uma meia laranja) e em seguida se
rompe.

Em caldeiras fogotubulares esse fenômeno ocorre com maior frequência nos feixes
de tubos que estão localizados mais perto da fornalha e costuma ser visível
formando um sinal de meia lua na luz do tubo (ao olhar por dentro do tubo contra a
luz nota-se uma curva, abaulamento). Em caldeiras aquatubulares esse fenômeno
ocorrerá com mais frequência nos “Risers” quando a vaporização estiver muito
intensa.

Figura 75: Esta figura traz a diferença entre a luz de um tubo íntegro e a luz de um tubo com estufamento.

Isso ocorre porque a região da fornalha está mais exposta ao calor da radiação da
chama e taxa de evaporação nesta região é maior. A este fenômeno de estufamento
chamamos de fluência.

Curiosidade:
Um fenômeno parecido poderá ocorrer no último feixe de tubos de uma caldeira
fogotubular quando houver falta de nível de água.

A fluência é uma deformação plástica, portanto uma vez que o material se deformou
não mais retornará à sua forma original, ainda que o elemento estressante seja
retirado.

Para pensar:
Na grande maioria dos projetos a temperatura dos gases quentes na saída da
chaminé é cerca de 50ºC acima do ponto de saturação da água dentro da Caldeira.
O aumento da temperatura de saída dos gases quentes provenientes da combustão
podem indicar a presença de incrustação em uma Caldeira. Outro fator a ser
observado é o consumo do combustível. O consumo pode aumentar
significativamente na presença de incrustação

Em caldeiras marítimas (para o uso em plataformas de petróleo) o problema com a


incrustação poderá ser ainda maior, isso porque a água utilizada para a alimentação
das caldeiras nem sempre recebe um tratamento de água apropriado e
personalizado para cada equipamento. No entanto, por serem Caldeiras de Baixa
Pressão (usualmente trabalham em pressão inferior a 10,5 kgf/cm²) sofrem menor
risco de corrosão por pilhas galvânicas, isso porque a magnetita protetora dentro da
Caldeira só será rompida, expondo o material à corrosão, em pressões maiores de
12kgf/cm².
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 76: Plataforma de Petróleo.

6.2 TRATAMENTO DE ÁGUA DE ALIMENTAÇÃO

O tratamento de água de uma caldeira pode ser: Interno (no interior da Caldeira),
Externo (pré-bomba, antes de entrar na Caldeira) ou Combinado. A escolha do
método de tratamento dependerá da classe de pressão e das impurezas contidas na
água.

Para os tratamentos externos, pré-bomba, a primeira ação será a remoção de


sólidos em suspensão e clarificação da água com um agente coagulador composto
de alumínio. O agente coagulador adere aos sólidos em suspensão formando flocos
e em seguida decantam. A reação química mostra a coagulação (floculação) que
resulta na formação de Hidróxido de Alumínio.

Na2Al2O4 + Ca(HCO3)2 + 2H2O → 2 Al(OH)3 + CaCO3 + Na2CO3

Após esse processo é necessário filtrar a água para remover a matéria floculada.
Filtros de areia são a aplicação mais usual nesta etapa. Filtrada a água torna-se
necessário abrandá-la. O abrandador é responsável por remover a dureza da água e
ajustar o valor do pH. Dureza é uma característica que indica a concentração dos
sais de cálcio presentes na água e está intimamente relacionada à incrustação.
Quanto maior a dureza da água, mais incrustação haverá.

Figura 76: Sistema de Tratamento de água em uma sala de caldeiras.


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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Em caldeiras de média e alta pressão e em caldeiras críticas é necessário ainda a


implementação de outros processos de tratamento de água, além do abrandador,
pois este não é capaz de diminuir a quantidade de sólidos totais.

Neste caso um Desmineralizador (também chamado Deionizador), ou um Destilador,


deverá ser usado. No processo de Desmineralização (Deionização) usa-se uma
resina sintética, apropriada para altas temperaturas, que tem efeito sequestrante de
cátions e ions. Já o processo de Destilação elimina quase totalmente os sais
contidos na água, ao final deste processo é obtida a água pura (apenas H 2O com a
presença de sais tendendo a zero).

Há ainda o processo de degaseificação realizado por Desaeradores, que tem por


objetivo a eliminação dos gases dissolvidos na água, principalmente, O 2 (oxigênio),
CO2 (dióxido de carbono) e N2 (nitrogênio).

Como dito anteriormente, o tratamento de água também pode ser realizado dentro
da Caldeira, com a adição de produtos químicos. O mais usual destes produtos é o
Trifostato de Sódio. O objetivo deste tipo de tratamento é remover a dureza da água
tornando os sais de cálcio solúveis (formação de lama no fundo da Caldeira) que
serão removidos através das Descargas de Fundo.

As tabelas a seguir mostram valores médios para acompanhamento de alguns dos


parâmetros a serem verificados e controlados em tratamentos Externos e Internos
de acordo com suas classes de pressão.
Tabela 06: Controle de dureza da água para tratamento externo.

TRATAMENTO EXTERNO
Classe de Pressão pH Dureza
Muito Baixa Pressão Entre 8 e 9 0,5
Baixa Pressão Entre 8 e 9 0,5
Média Pressão Entre 8 e 9 0,2
Atla Pressão Entre 7,5 e 8 0,02
Muito Alta Pressão Entre 7,5 e 8 0,02
Supercrítica Entre 7,5 e 8 < 0,02

Os valores apresentados aqui são apenas uma base. Esses valores podem ser
alterados de acordo com a prescrição do fabricante e é personalizado para cada
equipamento.
Tabela 07: Controle de dureza da água para tratamento interno.

TRATAMENTO INTERNO
Classe de Pressão pH Concentração de Sólidos
em Suspensão (ppm)
Muito Baixa Entre 10 e 11 300
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
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Pressão
Baixa Pressão Entre 10 e 11 300
Média Pressão Entre 8,5 e 10 Ente 100 e 150
Atla Pressão Entre 8,5 e 10 Entre 20 e 60
Muito Alta Pressão Entre 8 e 9 Entre 5 e 10
Supercrítica Entre 8 e 9 <5

Obs.:
ppm = Valores em Partes Por Milhão.
Quanto maior a pressão da Caldeira menores serão os valores em ppm com o qual
devemos trabalhar.

Por mais eficaz que seja um tratamento de água, ou uma combinação de


tratamentos, nunca será perfeito, portanto faz-se necessário realizar descargas de
fundo para eliminação dos sais em solução (lama).
A periodicidade das descargas de fundo depende da qualidade da água e da
prescrição do fabricante ou de acordo com os resultados laboratoriais obtidos
através da coleta e análise desta água.
As descargas de fundo deixam de ser eficazes quando a dureza da água precipitada
na parte interna da Caldeira atinge valores maiores de 300 ppm. De uma forma
simplificada pode-se dizer que o percentual de descargas de fundo é uma razão
ente a dureza de alimentação e a dureza na parte interna da Caldeira e é dada pela
seguinte equação:

% de Descargas = Dureza de alimentação/Dureza na parte interna da Caldeira x 100

O tempo de cada descarga de fundo é calculado em função da Pressão de


Operação de uma Caldeia e o diâmetro interno da válvula de descarga.

Quanto melhor o tratamento de água menor será a necessidade de descarga de


fundo, porém esse número nunca será zero.

Todas essas informações são encontradas no Manual de Operação da Caldeira, que


deve estar disponível em língua portuguesa, conforme exigência da NR-13 em item:
13.4.3.1

Importante:
Leia atentamente o manual da Caldeira antes operá-la. Sempre!

Além dos problemas com superaquecimento (pela presença de lama e incrustações)


e de corrosão (oxidação) existe também o problema do arrasto, que decorre da
formação de espuma.

A espuma, normalmente, resulta da presença de óleos e graxas na parte interna da


Caldeira e é formada por uma grande quantidade de bolhas na superfície da água
(interface água/ vapor) dentro da Caldeira.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 77: Interface água/ vapor.

A formação de bolhas é um processo natural da vaporização da água. Em uma


caldeira com água tratada essas bolhas tendem a explodir quando chegam a
superfície da lâmina de água, porém na presença de agentes contaminantes há uma
permanência destas bolhas formando essa camada de espuma. Ao abrir a saída de
vapor essa espuma é arrastada para a linha, e é daí que vem o nome de Arrasto.

Se constatada a presença de espuma, ou de incrustação grave através da análise


da qualidade do vapor ou da água da descarga de fundo, é necessário a realização
de uma Limpeza Química ou adição de antiespumantes (no caso de espuma
branda) no tratamento de água.

Limpezas Químicas são feitas através de soluções de produtos químicos,


cuidadosamente selecionados, de acordo com a avaliação dos depósitos, crostas ou
mesmo da presença de óleos e graxas.

Há 3 tipos de Limpeza Química que devemos conhecer: Limpeza de uma cadeira


nova, limpeza de uma caldeira incrustada e limpeza ácida e passivação, desta 3 as
mais comuns são a limpeza voltada para a Caldeira Incrustada e Limpeza de
Caldeiras novas para entrada em Operação.

Os procedimentos adotados para a seleção da solução adequada se inicia com a


coleta e análise de água de diferentes partes da Caldeira; poderá ser necessária a
realização de um corte em uma seção dos tubos para a observação interna e
externa (quando de incrustação); deve-se medir a espessura das incrustações e
fazer análises químicas da natureza desses depósitos (quando houver necessidade)
e ao final da limpeza é necessário realizar um ensaio metalográfico no material da
caldeira, para constatar que ainda possui as características necessárias para a
manutenção da vida útil do equipamento na PMTA estabelecida pelo fabricante e
conferir se não há rachaduras, corrosão intergranular, etc.

6.3 CONTROLE DE ÁGUA DE CALDEIRAS

O controle de água de Caldeiras e do Vapor gerado por elas deve ser realizado por
profissionais adequados ou laboratórios especializados.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 78: Controle é essencial no processo.

Podemos dividir o suprimento natural de água em duas categorias diferentes:

Superfície e Subsolo (subterrâneo). As reservas de superfície são os rios, lagos,


represas, etc. Reservas de subsolo são poços e lençóis freáticos. Essas reservas
em contato com o solo absorvem impurezas e minerais. Em geral a água
proveniente de um reservatório de superfície contém uma quantidade maior de
matéria orgânica e sólidos em suspensão, ao passo que reservatórios subterrâneos
são mais ricos em minerais.

Curiosidade:
Para o ser humano a água boa para consumo é a água rica em minerais (limite
máximo de tolerância de sólidos totais de 500 ppm, segundo as normas americanas
de saúde pública – 1962), uma água deionizada não hidrata e nem mata a nossa
sede!

Novos métodos de análise e a tecnologia empregada na instrumentação tornaram os


tratamentos de água cada vez mais acurados, no geral as análises em laboratório
são conduzidas por colorimetria, por condutividade e por adsorção atômica. Matérias
orgânicas normalmente são determinadas por métodos de oxidação.

A colorimetria é realizada por Espectrofotômetro. Através da energia da luz emitida


pelo equipamento é possível observar como diferentes elementos absorvem e
refletem a luz e através do comportamento da passagem desta luz pelos elementos
é possível constatar a presença/ ausência de impurezas e sua concentração na
amostra. Cada elemento produz uma cor e em uma intensidade diferente.

Figura 79: Processo da Colorimetria por condutividade.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
A condutividade da água é medida por um equipamento chamado Condutivímetro. A
medição da condutividade é análoga à dureza da água.

Você se lembra de realizar uma experiência na escola onde a professora colocava


uma lâmpada a ser acendida de um lado da mesa e uma bateria (ou pilha) do outro
lado e as terminações de ambos fios dentro da água? Pois é! Esta é uma
experiência para mostrar a presença de íons negativos.

Figura 80: Desenho Esquemático do funcionamento de um Condutivímetro.

Os íons negativos fluem de um polo do para o outro (veja os polos dentro do


recipiente contendo água) transmitindo a energia elétrica para a lâmpada que se
encontra do outro lado circuito. Na água deionizada a concentração de íons tende a
zero e caso a água dentro do recipiente fosse deionizada a lâmpada não se
acenderia, pois não haveria a fluência de íons.

A adsorção atômica é utilizada para medir a aderência de elementos a um


determinado material.

E os métodos de oxidação são utilizados no geral para medir a quantidade de


matéria orgânica medindo as taxas de reações com oxigênio em uma determinada
amostra.

Toda essa tecnologia e instrumentação serve para dar os parâmetros que serão
utilizados no tratamento de água.

Idealmente a coleta de amostras de água pré-bomba, de descarga de fundo


(superficial e profunda) e vapor deveria ser realizada em intervalos específicos de
tempo: Antes da partida de uma caldeira, durante a curva de aquecimento, durante e
durante a operação normal para o ajuste do tratamento. Quando ajustado
corretamente pode-se aumentar o intervalo das coletas de amostras e então realizá-
las apenas para o controle do mesmo.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

CAPÍTULO 7 – PREVENÇÃO CONTRA EXPLOSÕES E OUTROS RISCOS

Todos os dias, em algum lugar do planeta, um incidente, ou acidente, de maior ou


menor magnitude acontece envolvendo Caldeiras e/ ou Equipamentos
pressurizados.

Um estudo de 2016, publicado em uma conferência do ASME, dedicado à


Segurança e “Fator Humano” mostra que cerca de 95% dos acidentes na indústria
marítima são causados por erro humano.

Um dos maiores casos de sucesso na história da indústria começou com um plano


focado em segurança, proposto por Paul O’Neill, em 1987, aos trabalhadores da
ALCOA. O plano era simples, com foco em segurança no trabalho, apostando que
os trabalhadores passariam a adotar novas medidas e criando novos hábitos, o
grande executivo foi capaz de reerguer uma indústria que estava à beira de um
colapso. Devido ao foco em segurança a ALCOA que caminhava em direção à
falência, tornou-se novamente uma potência em alumínio.

Os hábitos seguros vêm sendo estudados ao longo dos anos, afim de preservar a
saúde do trabalhador, mas não é tarefa fácil criar hábitos seguros e desligar-se dos
hábitos que colocam a segurança em risco.

David Hume, um filósofo do século XVIII, propôs que “O hábito é o grande guia da
vida”, ainda que não tenhamos uma explicação lógica ou racional para um
determinado procedimento, estamos condicionados a repetir os mesmos
comportamentos, seguros ou inseguros, quando realizamos as mesmas tarefas
diariamente.

Você pode agora imaginar quantas vezes já ouviu a frase: “Eu aprendi assim”, “Isso
vem sendo feito desta maneira desde que eu me lembro”, “Todo mundo faz isso” e
outras bem comuns que indicam que o hábito tomou conta de um determinado grupo
ou empresa. Os hábitos podem ser tanto bons, quanto prejudiciais a uma
organização.

Mas como saber quais hábitos são bons e quais são ruins para a segurança?

De fato é difícil, quando estamos envolvidos em um grupo com hábitos arraigados,


desenvolver o pensamento crítico e questionar as razões das ações que realizamos
todos os dias, mas é necessário “pensar fora da caixa”, questionar e procurar novas
informações de fontes confiáveis (em livros, manuais, normas, etc).

Todo o tipo de negligência, seja ela inadvertida ou mesmo por desconhecimento das
normas e regras de segurança poderá causar um incidente ou acidente de trabalho.
O acidente de trabalho por definição é aquele que ocorre no local e no período de
trabalho levando a lesões corporais, perturbação funciona ou doença capaz de
diminuir a capacidade de trabalho, ganho ou até mesmo a morte.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Para entender a lógica da Segurança do Trabalho é necessário definir “Condição


Insegura de Trabalho” de “Ato Inseguro”. A condição insegura é aquela em que os
riscos fazem parte do trabalho e são inerentes à função. Já o ato inseguro é aquele
em há negligência de uma norma ou regra colocando o trabalhador em risco.

Curiosidade:
Em 20 de Abril de 2010 explodia a DeepWater Horizon, uma plataforma de
perfuração de poços petróleo instalada no golfo do México, operando através da
cessão da Transocean para a BP (British Petroleum). Acredita-se que a explosão,
que causou o maior derramamento de óleo da história dos Estados Unidos da
América, fora ocasionada por uma negligência da empresa Halliburton ao escolher
pasta nitrogenada para cimentar o último revestimento do poço, que garante que a
pressão seja contida, permitindo maior controle e promovendo condições seguras
de trabalho. O ato inseguro da escolha da pasta nitrogenada causou a explosão de
proporções catastróficas. O incêndio na plataforma durou 87 dias, estima-se que
cerca de 955 milhões de litros de óleo foram derramados naquela região e 11
trabalhadores morreram no acidente.

Figura 81: Combate a Incêndio na Plataforma DeepWater Horizon.

Nem sempre a condição insegura pode ser evitada no trabalho, mas atos inseguros
sempre!

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
7.1 RISCOS GERAIS DE ACIDENTES E RISCOS À SAÚDE

Quando uma criança corre com uma faca, garfo, ou qualquer objeto pontiagudo nas
mãos, normalmente leva uma bronca do seu responsável ou cuidador. Isto porque
correr com tais objetos aumenta o risco de acidente e constitui um ato inseguro.
Quando uma criança começa a andar em casa os pais geralmente passam a trancar
os armários onde se encontram os produtos de limpeza, as gavetas contendo os
talheres e cuidam para que as condições inseguras inerentes de uma casa sejam
controladas.

O Objetivo dos pais é manter a segurança, desta forma diminuem ao máximo as


condições inseguras do ambiente, visto que é muito difícil morar em uma casa sem
talheres, produtos de limpeza, louças e demais objetos que podem representar
perigo quando operados por mãozinhas despreparadas.

Na indústria, tanto quanto em nossas casas, alguns trabalhos e situações


constituem condições inseguras e recebem atenção especial da Segurança do
Trabalho.

Seguindo a Legislação e Normalizações do Ministério do Trabalho, a Segurança do


Trabalho fornece treinamentos e equipamentos de proteção individual e coletiva que
asseguram a saúde do trabalhador. São muitas as NRs a serem atendidas pelo
Empregador e pelo Trabalhador.

As empresas devem se enquadrar às regras do MTB de acordo com o grau de risco


que apresentam em sua atividade principal, no ramo de extração de petróleo e seus
derivados e minerais o grau de risco a ser enquadrado é de magnitude 4, o maior
grau de risco, assim como as indústrias metalúrgicas, por isso a atenção voltada a
essas empresas é uma das maiores.

Os riscos podem envolver acidentes de trabalho origens diversas, desde pequenos


acidentes como escorregões e topadas até explosões, para isso um plano de
segurança deve ser proposto, através da mitigação de todos os fatores de risco, e
cumprido.

Via de regra, através de um LTCAT (Laudo Técnico das Condições do Ambiente de


Trabalho) que analisa as condições de trabalho de cada área de uma indústria
(desde os escritórios até os processos de manufatura, manutenção e serviços
gerais), é proposto um PPRA (Programa de Prevenção de Riscos e Acidentes) e um
PCMSO (Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional).

É dever do empregador providenciar os documentos e os programas acima citados,


que podem ser impostos dependendo do número de trabalhadores em uma
determinada instalação e o grau de risco no qual a empresa fora enquadrada. São
esses laudos e programas que levantam os dados para fornecimento de EPIs
(Equipamentos de Proteção Individual) como capacetes, sapatos de segurança,
óculos, protetores auriculares, etc. EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva) como
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
sistemas de intertravamento em maquinários e equipamentos, etc. E também se há
necessidade da empresa possuir médicos e enfermeiros do trabalho no site, CIPA,
etc.

Figura 82: Profissional da Segurança do Trabalho.

A condição insegura poderá existir em qualquer trabalho, a função do MTB é


assegurar que essa condição seja melhorada e/ ou sanada.

Se um trabalhador realiza suas tarefas diárias em um ambiente com barulho


excessivo um protetor auricular deverá ser fornecido. Se mesmo com o protetor
auricular a condição que pode causar lesão em seus ouvidos não for sanada, uma
estratégia de descanso auricular com pausas durante a jornada será proposta. Se
ainda assim o risco não for sanado, então a empresa pagará um adicional no salário
do trabalhador por estar prejudicando a saúde deste trabalhador e esse adicional
pode ser maior ou menor dependendo do risco a que está exposto.

Pode-se entender, portanto, que quando recebemos um adicional no salário para a


realização de alguma tarefa, estamos recebendo pela saúde gasta durante o período
de trabalho.

São formas de evitar acidentes:

1. Usar os EPIs necessários para a realização de sua atividade profissional;


2. Obedecer as regras de segurança e sinalização da empresa onde estiver
trabalhando;
3. Não operar equipamentos para os quais não fora treinado e não seja
capacitado para fazê-lo;
4. Criar hábitos para testar dispositivos de segurança dos equipamentos que
opera;
5. Participar de palestras e treinamentos de reciclagem de conhecimentos em
segurança do trabalho;
6. Exercer o direito de recusa ao trabalho em situações que apresentem risco
grave e iminente;
7. Ler o manual de instruções do equipamento que opera;
8. Não utilizar ferramentas e equipamentos avariados em situações diferentes
das situações para os quais foram destinados;
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
9. Conhecer os procedimentos corretos em caso de acidentes, vazamentos de
gases especiais e combate a incêndio;
10. EM CASO DE DÚVIDA NÃO FAÇA!

Sempre que tiver uma dúvida consulte o manual e os responsáveis pelo


equipamento ou pela instalação. Estude sobre os assuntos que envolvem suas
tarefas e os equipamentos que opera.

“Estudo é poder”, já dizia Francis Bacon! Nunca negligencie uma possibilidade de


aprender algo novo.

7.2 RISCOS DE EXPLOSÃO

Em um processo que envolve a aplicação de Caldeiras e demais equipamentos


pressurizados sempre haverá o risco de explosão.

Figura 83: Símbolo que indica o risco de explosão.

Explosão, por definição, é um processo definido por aumento de volume de uma


massa qualquer acompanhado de uma reação que libera energia de forma súbita.
Na maioria dos casos as explosões são acompanhadas de aumento de temperatura
e princípio de incêndio.

Em uma sala ou área de caldeiras a resultante de uma explosão pode ser


catastrófica.

São muitos os motivos que podem levar à explosão de caldeiras, os mais perigosos
ocorrem por falhas em partes pressurizadas e fornalhas, sendo assim, para fins
didáticos, dividiremos em subtítulos as possíveis falhas, como ocorrem e como
devemos proceder para evitar explosões e em caso de explosões quais ações
tomar.

Falhas em fornalhas de caldeiras fogotubulares


As falhas em fornalhas ocorrem quase sempre por superaquecimento do material
das paredes da fornalha. Em caldeiras fogotubulares a fornalha fica localizada no
ponto mais crítico em relação a calor de pressão.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Lembre-se que neste tipo de equipamento a chama e os gases quentes
provenientes da combustão percorrem a parte interna dos tubos (partes secas) e a
água fica dentro do corpo, entre os espelhos, cobrindo todo o feixe de tubos de troca
térmica.

Em caldeiras fogotubulares a falha na fornalha pode ocorrer quando:

1. A chama toca as paredes da fornalha:


a. Em casos onde há troca do queimador, de óleo para gás, ou de gás para
óleo, ou mesmo quando há troca de um queimador por outro de maior
potência que seja incompatível com as dimensões da fornalha;
b. Quando a regulagem do queimador, mesmo o original está fora dos padrões e
diretrizes propostas pelo fabricante;
2. Tratamento de água ineficiente:
a. Quando há acúmulo de lama na área inferior da parte água da caldeira e
incrustações no dorso da fornalha;

Em todos os casos citados acima há superaquecimento do material da fornalha e a


dinâmica da falha segue sempre o mesmo padrão, onde um fenômeno chamado
“Fluência de Carbono” ocasiona o desprendimento do elemento Carbono (C) do
Ferro (Fe), tornando o material frágil e sujeito à trincas que poderão romper-se
subitamente. Ou uma situação onde o material torna-se maleável, deformando-se
como num efeito elástico, ocorrendo adelgaçamento e consequente diminuição de
espessura na área afetada tornando o material menos resistente e sujeitos à ruptura
na área afetada.

Pode ocorrer corrosão na área seca (parte fogo) da caldeira, mas é menos comum,
porém não menos perigoso, resultando em diminuição de espessura da área afetada
e consequente fragilidade na área afetada.

Os procedimentos e abordagens relativos à prevenção são:

1. Não trocar o combustível de alimentação de caldeiras.


Normalmente a caldeira que fora construída para a queima do diesel possui
uma fornalha mais longa e com diâmetro menor, ao passo que a fornalha da
caldeira que fora construída para queimar o gás possuirá uma fornalha de
diâmetro maior e mais curta. Cada fornalha é dimensionada para o
combustível que irá queimar e são raros os casos de construção de caldeiras
bi-combustível.
Caso ainda seja necessário realizar a troca do combustível atente-se ao fato
de que a capacidade da caldeira poderá diminuir em razão de manter a
chama em uma distância razoável da parede da fornalha.
2. Não trocar o queimador, ainda que mantido o mesmo combustível, por um
queimador que não atenda exatamente os parâmetros dimensionados pelo

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
fabricante, garantindo que a chama se mantenha a uma distância razoável
das paredes da fornalha.
3. Nunca aumentar a vazão de combustível/ comburente na fornalha
inadvertidamente, do aumento da chama poderá decorrer os mesmos
problemas acima citados.
4. Nunca modificar o projeto original da Caldeira, sem que um responsável
técnico (PH ou mesmo o Fabricante) tenha estudado o caso.
5. Mantenha o tratamento de água da caldeira com os parâmetros propostos
pelo fabricante ou profissional responsável, realize as descargas de fundo e
superfície, quando houver, com a periodicidade proposta no manual ou de
acordo com a necessidade relatada pelo profissional responsável.
6. Se durante a partida do queimador, a chama não entrar e houver necessidade
de rearme no painel não se esqueça de que pode haver excesso de
combustível das tentativas anteriores dentro da fornalha. Neste caso é
necessário parar o equipamento e abrir as portas dianteiras para a remoção
deste excesso dentro da fornalha.
MUITO CUIDADO A TEMPERATURA DA FORNALHA DE UMA CALDEIRA
EM FUNCIONAMENTO ESTARÁ MUITO ALTA E ESSA ENERGIA
TÉRMICA NÃO SE DISSIPA RAPIDAMENTE, PODERÁ SER NECESSÁRIO
ESPERAR ALGUMAS HORAS PARA A RETIRADA DO BPF COQUEADO
OU ALGUNS MINUTOS PARA A VAPORIZAÇÃO COMPLETA DO
EXCESSO DE COMBUSTÍVEL.
Em ambos casos, tenha em mente que a atmosfera na área ou sala de
caldeias poderá tornar-se explosiva ao abrir as portas que dão acesso à
fornalha.
Faça a verificação das válvulas, fotocélula, etc, antes de parti-la novamente.
7. Passe o menor tempo possível em frente aos espelhos e queimadores,
desloque-se para frente das seções retas apenas quando for imprescindível
para a realização de alguma tarefa. Procure estar sempre ao lado do corpo
cilíndrico, a maior parte das explosões ocorre com deslocamento do espelho
dianteiro, em segundo lugar o traseiro, raramente no corpo cilíndrico tornando
esse lugar o mais seguro dentro da área ou casa de caldeiras.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 84: Resultado do superaquecimento em uma parede de tubos de uma caldeira mista. Figura extraída do NB.

Falhas em fornalhas de caldeiras aquatubulares e mistas


As falhas em fornalhas de caldeiras aquatubulares e mistas quase sempre decorrem
de superaquecimento da parede de tubos.

Lembre-se que as fornalhas de caldeiras aquatubulares normalmente são


construídas de parede de tubos dentro de uma estrutura de alvenaria, a parede de
alvenaria de concreto refratário tem por objetivo a manutenção do calor dentro da
fornalha, evitando que se dissipe para a vizinhança.

As falhas poderão ocorrer das seguintes formas:

1. Excesso de chama, que toca as paredes da fornalha fragilizando os tubos da


parede de água;
2. Tratamento de água ineficiente, que cause acúmulo de lama e incrustações
nos tubos da parede de água e coletores inferiores;
3. Excesso de fuligem nos tubos da parede de água, resultante de queimas
anteriores.

Figura 85: Fuligem aderida na parede de tubos da fornalha de uma caldeira aquatubular.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Em todos esses casos a dinâmica de falhas seguirá as mesmas regras da dinâmica
de falhas em caldeiras fogotubulares. O Superaquecimento poderá fragilizar ou
tubos, tornando-os susceptíveis à ruptura ou adelgaçá-los. Em qualquer uma das
hipóteses poderá haver falha súbita causando explosões.

Os procedimentos e abordagens relativos à prevenção neste caso são:

1. Nunca aumentar a vazão de combustível/ comburente na fornalha


inadvertidamente, do aumento da chama poderá decorrer superaquecimento
dos tubos da parede de água da fornalha.
2. Nunca modificar o projeto original da Caldeira, sem que um responsável
técnico (PH ou mesmo o Fabricante) tenha estudado o caso.
3. Mantenha o tratamento de água da caldeira com os parâmetros propostos
pelo fabricante ou profissional responsável, realize as descargas de fundo e
superfície, quando houver, com a periodicidade proposta no manual ou de
acordo com a necessidade relatada pelo profissional responsável.
4. Teste o funcionamento dos ramonadores, quando houver, para garantir que
não haverá depósito de fuligem nos tubos da parede de água da fornalha.

Figura 86: Chaminé em alta temperatura em uma fábrica.

Uma boa forma de acompanhar a temperatura da fornalha é através do termômetro


de chaminé, a maior parte das caldeiras econômicas opera com um delta de
temperatura de 50ºC entre o ponto de saturação da água e da saída dos gases
quentes na chaminé. Uma Caldeira que opera em 10 bar, tem o ponto de saturação
da água em cerca de 180ºC, neste caso o termômetro de chaminé deverá mostrar
uma temperatura de cerca de 230ºC.

Falhas por superaquecimento resultante de alimentação deficiente


O nível de água em uma caldeira é uma das maiores preocupações do operador. A
NR-13 entende como risco grave e iminente a operação de caldeiras na ausência de
dispositivo operacional de controle do nível de água caldeira, conforme item: 13.3.1
alínea d). O nível de água de forma protetora do material.

O visor de nível em uma caldeira, está instalado sempre em ¾ do diâmetro superior


do corpo das caldeiras fogotubulares (entre 15 a 20 cm acima do último feixe de
tubos de troca térmica) ou do tubulão superior em caldeiras aquatubulares.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Lembre-se que enquanto o material da cadeira estiver coberto com água no estado
líquido é garantido que a temperatura estará abaixo do ponto de saturação da água
na pressão em que a caldeira está operando, seguindo as tabelas termodinâmicas
do anexo desta apostila. No momento em que a massa de água começa a vaporizar
dará lugar ao vapor e este, ao retornar ao ponto de calor sensível poderá subir de
temperatura, superaquecendo-se e expondo todo o material com o qual tem contato
a temperaturas mais elevadas ocasionando estresse térmico.

O nível de água é uma preocupação especialmente importante em caldeiras a


combustível sólido, pois uma vez que a chama se inicia só irá terminar quando todo
o combustível dentro da fornalha terminar de se oxidar, por isso a NR-13 determina
que em caldeiras a combustível sólido é obrigatório que haja injetor ou sistema de
alimentação de água independente que evite o superaquecimento por alimentação
deficiente, conforme item: 13.4.1.3, alínea c).

Neste caso as medidas prevencionistas a ser tomadas são:

1. Teste do sistema de alimentação de água no início do turno do operador,


compreendendo teste dos eletrodos de nível, ou bóia, etc. É importante
verificar se o sistema obedece aos comandos de entrada quando o nível
estiver baixo e parada quando o nível for atingido;
2. Limpeza do visor de nível, para que operador tenha total ciência do nível
dentro da caldeira durante toda a sua operação;
3. Teste da injetora, ou sistema de alimentação de água independente, em caso
de falta de energia elétrica, para garantir que estará funcionando
satisfatoriamente caso requerido;
4. Verificar o reservatório de água antes, durante e depois de seu turno;
5. Verificar se as bombas estão funcionando satisfatoriamente e realizar o
rodízio semanal das bombas de alimentação quando a caldeira for dotada de
mais de duas ou mais.
6. Realizar e/ ou acompanhar a manutenção das válvulas de retenção pós-
bomba para garantir que não haverá retrocesso de água na contra-mão do
rotor danificando-o.
7. Verificar a temperatura de entrada da água na caldeira, quando houver
sistema de retorno de condensado ou quaisquer sistema de aquecimento da
água de alimentação.
ATENÇÃO: A solubilidade dos gases em meios líquidos diminui com o
aumento de temperatura levando à formação de bolhas de ar. A
formação dessas bolhas de ar poderá levar à cavitação em bombas
centrífugas, danificando os rotores.
8. Testar os alarmes de controle de nível baixo e extra baixo.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Figura 87: Válvula Injetora de Vapor de Caldeiras à Combustível Sólido.

Já nas caldeiras fogotubulares, normalmente o PLC envia um comando de corte de


chama para o queimador quando detectado nível baixo e extra baixo.

A falta de água pode ser resultante de falta de energia, ou de falta de abastecimento


da concessionária, ou vazamento que decorra do esgotamento do reservatório de
água em uma planta.

No caso de falta de água resultante de falta de abastecimento as medidas contra a


explosão serão:

1. FECHAR A SAÍDA DE VAPOR! No caso de falta de água por falta de


abastecimento acionar as injetoras não surtirá efeito algum. O correto é
proceder com o fechamento da válvula de saída do vapor e acompanhar a
pressão através do indicador de forma impedir que a válvula de segurança se
abra. Ao notar que a pressão continua se elevando é necessário que o
operador a controle liberando o vapor aos poucos.
2. Abafar a caldeira à combustível sólido, de forma a extinguir a chama do
combustível por completo, proceda com parada total da alimentação de
combustível, seja por esteiras ou manual.
CUIDADO: Não feche completamente as entradas de ar, pois a oxidação do
combustível consumirá todo o volume de oxigênio contido na fornalha
podendo causar um efeito vácuo na fornalha, diminua a entrada de ar
controlando a extinção da chama de forma gradual.
3. Bloqueie as descargas de fundo. No caso de falta de água por abastecimento
torna-se necessário manter o máximo possível de água dentro da caldeira.

Frequentemente as caldeiras de combustível sólido possuem um reservatório de


alimentação separado para o caso de falta de água por falta de abastecimento,
neste caso o reservatório deverá possuir um volume que garanta a parada total da
caldeira em segurança. Verifique o nível de água do reservatório antes, durante e
depois de seu turno, ele é a garantia do sucesso de sua operação em casos de falta
de água!

Em caldeiras a combustível líquido e gasoso, da falta de água por falta de


abastecimento, o operador deverá proceder da seguinte forma:
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

1. FECHAR A SAÍDA DE VAPOR! No caso de falta de água por falta de


abastecimento acionar as injetoras não surtirá efeito algum. O correto é
proceder com o fechamento da válvula de saída do vapor e acompanhar a
pressão através do indicador de forma impedir que a válvula de segurança se
abra. Ao notar que a pressão continua se elevando é necessário que o
operador a controle liberando o vapor aos poucos.
2. Bloqueie as descargas de fundo. No caso de falta de água por abastecimento
torna-se necessário manter o máximo possível de água dentro da caldeira.

As caldeiras à combustível líquido ou gasoso nem sempre terão reservatórios de


alimentação para casos de emergência, portanto mantenha o foco no indicador de
pressão para evitar que a válvula de segurança se abra.

Falhas por sobrepressão


Os principais casos de falha por sobrepressão poderão ocorrer por alguns fatores:

1. Falha no painel elétrico ocasionando permanência da chama em caldeiras


a combustível líquido ou gasoso.
2. Falha por excesso na alimentação de caldeiras à combustível sólido, seja
ela por esteira ou manual.
3. Retrocesso de vapor na linha de saída que pode decorrer de bloqueio
inadvertido da tubulação ou mesmo do término de um processo cuja
demanda de vapor seja alta.

Neste caso as medidas prevencionistas a ser adotadas serão:

1. Teste regular da válvula de segurança. As válvulas dotadas de alavanca


poderão ser testadas com periodicidade que varia de semanalmente à
mensalmente. Na dará combinada para o teste o operador deverá realizar
uma pequena elevação da alavanca de teste permitindo que o vapor seja
liberado através da válvula.
O ASME propõe que o teste das válvulas seja realizado quando a pressão
da caldeira esteja em cerca de 75% da pressão para o qual a válvula fora
calibrada, portanto se uma válvula de segurança fora calibrada para
abertura em 10 bar, o teste através da alavanca deverá ser realizado
quando a caldeira estiver em 7,5 bar. O teste poderá ser realizado durante
a partida da Caldeira sem maiores problemas quando a partida for
semanal.
2. O operador deverá estar sempre atento ao indicador de pressão. Ao
perceber que a pressão está se elevando acima da pressão de operação
deverá proceder com parada manual do queimador no painel, ou
abafamento da caldeira a combustível sólido.
3. O operador poderá abrir a descarga de fundo manualmente, ao passo que
alimenta a caldeira com água em temperatura ambiente para consumir o
excesso de energia térmica que fora fornecido à caldeira, se possível e
necessário.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Atenção:
A abertura da válvula de segurança é o último recurso do equipamento contra
explosões por excesso de pressão, portanto é necessário mitigar as causas da
abertura das válvulas de segurança sempre que ocorrerem!

Figura 88: Abertura de uma válvula de segurança.

Mantenha as válvulas calibradas e prontas para a entrada em operação, verifique os


prazos de calibração dos instrumentos e certifique-se de que estão em boas
condições operacionais, sem estes dispositivos não há qualquer garantia de
segurança na operação de caldeiras.

7.3 ESTUDOS DE CASO

Acidentes e explosões envolvendo caldeiras ocorrem com enorme frequência, uma


rápida pesquisa em qualquer site de busca retornará com inúmeros casos e
reportagens todos os dias. E os números e estatísticas estão se tornando cada vez
mais alarmantes.

Em 28 de Janeiro de 2016 foi publicado no G1, um site de notícias, a explosão de


uma Caldeira na Cervejaria Heineken em Jacareí, deixando 2 trabalhadores mortos
e 1 gravemente ferido. Segundo as investigações conduzidas pelo Ministério do
Trabalho a causa da explosão decorreu de falta d’água na caldeira, listando 3
causas prováveis:

1. Inibição do controle do PLC para comando de parada do queimador


(“jumper” do contato para realização de teste de acumulação das válvulas
de segurança durante a inspeção do equipamento);
2. Operação da caldeira com válvula da linha de alimentação de água
fechada;
3. Aumento excessivo da pressão interna da caldeira durante a realização
dos ensaios conduzidos pelos engenheiros e operadores na inspeção do
equipamento.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Todas as hipóteses podem ser verdadeiras e ter se somado para que a tragédia da
explosão acontecesse.

A caldeira em questão estava fora de operação e a equipe de inspeção estava


realizando uma série de testes e ensaios para que o equipamento voltasse a
produzir vapor.

O histórico da caldeira diz muito sobre as condições em que poderia estar. A


caldeira fora projetada inicialmente para a queima de combustível líquido e havia
passado por manutenção para a troca de combustível, passando a queimar
combustível gasoso.

1º Alerta:
A troca de combustível em uma caldeira poderá ser indicativo de fragilização do
material da fornalha. Cada combustível produz uma geometria de chama diferente.
Combustíveis líquidos normalmente possuem uma chama alongada de diâmetro
curto. Combustíveis gasosos normalmente possuem chama curta e de diâmetro
maior. Admitindo-se que a chama promovida pela troca do queimador possa ter
tocado a fornalha da caldeira poderia haver fragilização do material por fluência de
carbono. Neste caso, seria necessário realizar o ensaio de réplica metalográfica
para garantir que o material ainda estivesse em condições satisfatórias para o
retorno à operação.

Durante os ensaios e testes executados pela equipe de engenharia, um teste


hidrostático fora realizado. O teste hidrostático é um ensaio destrutivo e pode ter
auxiliado a criticar um defeito que até o momento estivesse em estado sub-crítico,
permitindo o aumento de uma possível trinca ou rachadura não visível a olho nu.

Ao término da primeira fase de testes a equipe de engenharia, acompanhada pelo


operador deu início a fase final com aquecimento e preparação para o teste de
acumulação.

2º Alerta:
Dado ao fato que a caldeira estivera parada por um longo período torna-se
necessário que a curva de aquecimento seja feita com o maior critério possível,
acompanhando a geometria da chama através do visor, garantindo que a chama não
toque as paredes da fornalha.

No caso da combinação de fatores incluindo: “jumper” + alimentação deficiente +


pressão excessiva o resultado se deu por explosão.

O superaquecimento do material da caldeira devido à falta d’água, junto a inibição


dos controles de segurança do queimador culminou em sobrepressão na caldeira.

É ainda possível que devido ao longo período em que estivesse parada a caldeira
estivesse exposta à corrosão causando a diminuição da espessura da parede da

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
fornalha. É possível também que o ajuste do queimador não estivesse correto,
causando fornecimento excessivo de energia térmica.

A sucessão de fatores combinatórios não se deve apenas a falhas humanas pela


equipe de inspeção e todos esses fatores acima citados são indicativos de falhas
humanas em todos os níveis.

A explosão se deu através do deslocamento do espelho dianteiro da fornalha, onde


o acúmulo de forças por unidade de área é maior, dado ao fato que todos os vetores
apontam a mesma direção em uma seção reta. O acidente poderia ser de menor
magnitude se a equipe estivesse posicionada ao lado do corpo cilíndrico da caldeira
e tivesse seguido todas as regras de segurança necessárias à operação segura do
equipamento.

Em 2004 a explosão de uma caldeira na Bahia tirou a vida de um operador. A perícia


determinou que a falha ocorreu devido a trincas em uma “peça” sujeita a calor e
pressão.

O acidente na Dow Brasil S.A. fora causado por negligência do empregador.

Sabemos que o aparecimento de falhas e trincas pode ser decorrente de corrosão,


golpes de aríete em linhas tubulações, superaquecimento por alimentação de água
deficiente, falta de controle da chama que toca as paredes da fornalha, entre outros
fatores. Para garantir que um equipamento esteja em condições satisfatórias de
operação as manutenções deverão ser realizadas com base nas características de
projeto do fabricante do equipamento.

Toda vez que houver necessidade da realização de uma manutenção com solda,
uma inspeção extraordinária deverá ser realizada de forma a garantir que o
procedimento de soldagem esteja em condições satisfatórias. O soldador deverá ser
qualificado para a realização do trabalho em equipamentos pressurizados, os
materiais utilizados devem ter certificado de garantia, e ensaios não destrutivos na
região onde a solda fora feita deverão ser conduzidos.
De forma geral a verificação de partes soldadas visa garantir que não haja trincas ou
cavitações nos cordões de solda, para que seja efetiva, e que o material esteja
preservado.

A negligência, por parte da Dow Brasil, em relação aos ensaios e testes necessários
para garantia da segurança da parte soldada falhou, levando ao seu colapso durante
a curva de aquecimento da caldeira.

Todos os procedimentos que envolvem soldagem deverão passar por ensaios e


exames com responsabilidade técnica de PH, conforme item: 13.3.3.5. Item que fora
deliberadamente negligenciado por parte da Dow Brasil, ao optar pela não
realização do raio X no cordão de solda da parte sujeita à pressão.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
Na ausência de documentação que comprove que a operação de uma caldeira é
segura o trabalhador com base em sua experiência e capacitação poderia ter
exercido o direito de recusa ao trabalho, segundo item: 13.3.6.3. Neste caso o direito
de recusa poderia ter-lhe preservado a vida.

É importante conhecer o equipamento com os quais estamos trabalhando e seu


funcionamento, bem como criar hábitos seguros e prevencionistas, como apontado
no início deste capítulo 95% das falhas em equipamentos pressurizados decorrem
de falha humana, portanto esteja sempre atento! O objetivo da segurança do
trabalho, das leis e normas regulamentadoras é garantir que o trabalhador deixe o
seu local de trabalho com saúde e que retorne seguro para seu lar para seu
merecido descanso.

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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

CAPÍTULO 8 – LEGISLAÇÃO E NORMALIZAÇÃO

A primeira relação entre Empregador e Trabalhador de que se tem notícia vem da


antiguidade. A civilização egípcia. Muito se pesquisa em relação a essa civilização
organizada e que construiu grandes monumentos que existem até hoje. Estudos
recentes mostram que, ao contrário do que pensávamos, existiam trabalhadores
livres no Egito e que estes, por sua vez, eram bem remunerados para sua época.

As relações trabalhistas ditaram as regras do desenvolvimento e deram origem ao


mundo como o conhecemos.

Bertrand Russell, um grande filósofo e matemático inglês, afirmava que muitas das
nossas ideias sobre trabalho são “pouco menos do que superstições que deveriam
ser eliminadas pelo pensamento rigoroso” e que o trabalhador deveria dedicar-se a
horas de lazer necessários para uma vida significativa. Tão importante quanto o
trabalho é o descanso. Tão necessário quantos as horas de trabalho, são as horas
de ócio.

Adam Smith, o “pai da economia moderna”, dizia que as linhas de produção são
uma “incrível máquina de ganhar dinheiro”, mas alertava que sem regulamentação
poderia causar danos aos trabalhadores nela envolvidos.

Mas que regulamentação? Como garantir que o trabalhador possa desfrutar de suas
horas de lazer? Quantas horas? E quem garante que ele as desfrute com saúde?
Quem garante que ele execute seu trabalho em segurança? Quem garante que haja
equilíbrio entre a relação Empregador x Trabalhador? E de que forma?

Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia

A SIT- Secretaria de Inspeção do Trabalho, órgão da Secretaria do Trabalho do


Ministério da Economia é responsável por fiscalizar as relações de trabalho no
Brasil, bem como elaborar as diretrizes para geração de emprego e renda para a
população. É a SIT que regulamenta o período e as condições do trabalho, que
assegura que os trabalhadores realizem as suas atividades em segurança.

São várias as normas que regulamentam o trabalho. Atualmente somos regidos por
37 Normas, cuja primeira publicação fora aprovada pela Portaria Nº 3.217 de 8 de
Junho de 1978 e vem se atualizando no decorrer dos anos.

São elas:

NR-01 – Disposições Gerais


NR-02 – Inspeção Prévia
NR-03 – Embargo ou Interdição
NR-04 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
NR-05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA
NR-06 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
NR-07 – Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)
NR-08 – Edificações
NR-09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)
NR-10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
NR-11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
NR-12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos
NR-13 – Caldeiras, Vasos de Pressão, Tubulações e Tanques Metálicos de
Armazenamento
NR-14 – Fornos
NR-15 – Atividades e Operações Insalubres
NR-16 – Atividades e Operações Perigosas
NR-17 – Ergonomia
NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
NR-19 – Explosivos
NR-20 – Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis
NR-21 – Trabalho a Céu Aberto
NR-22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração
NR-23 – Proteção Contra Incêndios
NR-24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho
NR-25 – Resíduos Industriais
NR-26 – Sinalização de Segurança
NR-27 – Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho
NR-28 – Fiscalização e Penalidades
NR-29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário
NR-30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário
NR-31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura,
Exploração Florestal e Aquicultura
NR-32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde
NR-33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados
NR-34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção,
Reparação e Desmonte Naval
NR-35 – Trabalho em Altura
NR-36 – Segurança e Saúde no trabalho em Empresas de Abate e Processamento
de Carnes e Derivados
NR-37 – Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo
Cada uma dessas normas se destina a um assunto diferente. Neste curso
estudamos a NR-13, que trata de Caldeiras, Vasos de Pressão, Tubulações e
Tanques Metálicos.

8.1 NORMA REGULAMENTADORA 13 - NR-13

Esta NR estabelece requisitos mínimos para a gestão da integridade estrutural de


caldeiras a vapor, vasos de pressão, suas tubulações de interligação e tanques
metálicos de armazenamento nos aspectos relacionados à instalação, inspeção,
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
operação e manutenção, visando à segurança e a saúde dos trabalhadores. (NR-13
– Item: 13.1.1)

Figura 89: Conjunto de Regras.

A adoção das medidas determinadas por esta norma é dever do Empregador com
Responsabilidade Técnica de um Profissional Habilitado – PH, que deve ser um
Engenheiro Mecânico ou Naval, ou que possua estudos condizentes com os pré-
requisitos mínimos propostos pelo Conselho Federal de Engenharia.

São considerados abrangidos pela norma os equipamentos abaixo referenciados,


conforme o item: 13.2.2:

a) todos os equipamentos enquadrados como caldeiras conforme subitens 13.4.1.1


e 13.4.1.2;
b) vasos de pressão cujo produto P.V seja superior a 8 (oito), onde P é a pressão
máxima de operação em kPa, em módulo, e V o seu volume interno em m³;
c) vasos de pressão que contenham fluido da classe A, especificados na alínea “a”
do subitem 13.5.1.2, independente das dimensões e do produto P.V;
d) recipientes móveis com P.V superior a 8 (oito) ou com fluido da classe A,
especificado na alínea “a” do subitem 13.5.1.2.
e) tubulações ou sistemas de tubulação ligados a caldeiras ou vasos de pressão,
categorizados, conforme subitens 13.4.1.2 e 13.5.1.2, que contenham fluidos de
classe A ou B, conforme a alínea “a” do subitem 13.5.1.2 desta NR;
f) tanques metálicos de superfície para armazenamento e estocagem de produtos
finais ou de matérias primas, não enterrados e com fundo apoiado sobre o solo, com
diâmetro externo maior do que 3 m (três metros), capacidade nominal maior do que
20.000 L (vinte mil litros), e que contenham fluidos de classe A ou B, conforme a
alínea “a” do subitem 13.5.1.2 desta NR.

Tais equipamentos devem seguir uma série de regras de segurança impostas pela
NR-13. Dentre elas, as mais comuns referem-se ao dimensionamento e calibração
de dispositivos de segurança, regras gerais para manutenções e intercorrências que
podem influir sobre a vida útil do equipamento, regras e periodicidade das inspeções
realizadas por PHs, regras de instalação dos equipamentos, documentos que o
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
empregador deve possuir, regras para a formação de Operadores de Caldeiras, para
manutenção com solda ou mandrilamento e prevê multas e sanções legais quando
do não cumprimento de quaisquer destas regras.

Curiosidade:
Cada item numerado de cada uma das NRs corresponde a uma sanção legal ou
multa (cujo valor é calculado em UFIR). As multas são calculadas em relação ao
número de funcionários que a empresa possui, se está qualificada como S
(Segurança do Trabalho) ou M (Medicina do Trabalho) e de acordo com a infração
(número que varia de 1 a 4, ou de I1 a I4).

Para se tornar um Operador de Caldeiras o trabalhador deverá ter Ensino Médio


Completo e Participar do Curso Teórico de “Segurança na Operação de Caldeiras”
com duração de pelo menos 40 horas, que deverá ser presencial.

Figura 90: Anotações.

Após a realização do curso, o Operador deverá passar por estágio prático


supervisionado por PH no próprio equipamento que irá operar. O estágio pode ter
duração mínima de 80 ou 60 horas, dependendo da categoria da Caldeira.

Todo Operador deverá reciclar seus conhecimentos toda vez que houver
modificação na Caldeira ou que houver acidentes/ incidentes ou mesmo incidentes
recorrentes com o equipamento que estiver operando.

8.2 CATEGORIAS DE CALDEIRAS

De acordo com a NR-13, item: 13.4.1.1: “Caldeiras a vapor são equipamentos


destinados a produzir e acumular vapor sob pressão superior à atmosférica,
utilizando qualquer fonte de energia, projetados conforme códigos pertinentes,
excetuando-se refervedores e similares”. E são categorizadas conforme o item:
14.4.1.2

a) caldeiras da categoria A são aquelas cuja pressão de operação é igual ou


superior a 1.960 kPa (19,98 kgf/cm²), com volume superior a 100 L (cem litros);
b) caldeiras da categoria B são aquelas cuja a pressão de operação seja superior a
60 kPa (0,61 kgf/cm²) e inferior a 1 960 kPa (19,98 kgf/cm2), volume interno superior
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
a 100 L (cem litros) e o produto entre a pressão de operação em kPa e o volume
interno em m³ seja superior a 6 (seis).

Essa categorização é uma novidade da NR-13 e foi publicada pela primeira vez em
2017, antes eram categorizadas em A, B e C. A partir desta publicação entende-se
que a categoria C fora fundida com a B.

Sabe-se que para produzir vapor em uma temperatura superior à 100ºC (ao nível do
mar) é necessário adicionar pressão, como visto anteriormente neste curso, portanto
é considerado um equipamento que oferece risco ampliado. Sendo assim é
necessário seguir uma porção de regras quanto à Projeto, Instalação, Manutenção,
Inspeção e Operação. Os 5 pilares do sucesso! Estes 5 pilares estão baseados em
normas Nacionais e Internacionais entre os quais as mais largamente aceitas são o
Código ASME (American Society of Mechanical Engineering) e o NB (National
Boarding).

Ambas organizações são compostas por Engenheiros dedicados ao estudo de


equipamentos pressurizados com o intuito de promover segurança na construção,
instalação, manutenção, inspeção e operação destes equipamentos.

Ao apoiar-se em normas e códigos vigentes a NR-13 entende que tanto o ASME


quanto o NB, enquanto diretrizes, são aceitos no Brasil e são os códigos mais
comumente seguidos são só on-shore, mas também off-shore.

Curiosidade:
A industrialização desenfreada foi responsável pelo projeto de inúmeras Caldeiras
no mundo todo. Com o advento do uso do vapor o mundo todo passou a usá-lo para
produzir os mais diversos produtos, nos mais diversos seguimentos, causando
muitos acidentes por explosões.
O mais famoso acidente com Caldeiras foi em Massachusetts em 1905, onde uma
Caldeira explodiu, atravessando 3 andares do prédio de uma fábrica de sapatos,
matando 58 pessoas e machucando mais 117. O acidente abriu os olhos dos
engenheiros do mundo inteiro. E em 1908 o Estado de Massachusetts publicou a
primeira Lei em relação a Caldeiras no país.
No Brasil, a atenção com as normas regulamentadoras aumentou com uma
denúncia feita por um canal televisivo, coincidentemente, a uma fábrica de sapatos
onde a maioria dos trabalhadores já havia sofrido inúmeros acidentes de trabalho e
muitos deles amputações ao trabalhar com o maquinário da fábrica a alguns anos
atrás.

Nenhum equipamento poderá ser embarcado em uma plataforma sem que


cumpridas as regras de segurança, documentação e na ausência de um Operador
de caldeiras.

Todas as Caldeiras devem estar dotadas de Válvulas de Segurança, instrumentos


indicadores de pressão, sistema automático de controle de nível com
intertravamento em caso de superaquecimento, sistema de alimentação de água
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
independente em Caldeiras que queimam combustível sólido e sistema de
drenagem rápida em caldeiras de recuperação de álcalis. Além disso, para o
embarque de Caldeiras off-shore é requerido sistema de prevenção e combate a
incêndio, são usuais redundâncias em sistemas/ dispositivos de segurança,
sinalização correta e em concordância com as diretrizes de outras NRs.

Para o embarque em plataformas ainda será exigido que os equipamentos estejam


instalados em módulos interligáveis (containers marítimos devidamente construídos
e documentados seguindo regras Nacionais e Internacionais), serem testados
quanto à sua estanqueidade após o içamento e quando devidamente interligados ao
processo de que fará parte. As exigências para embarque em plataforma estão
relacionadas na NR-37 e se somam às exigências da NR-13. Além dos sistemas de
segurança a NR-13 prevê que a seguinte documentação esteja atualizada, conforme
o item: 13.4.1.6.

a) Prontuário da caldeira, fornecido por seu fabricante, contendo as seguintes


informações:
- código de projeto e ano de edição;
- especificação dos materiais;
- procedimentos utilizados na fabricação, montagem e inspeção final;
- metodologia para estabelecimento da PMTA;
- registros da execução do teste hidrostático de fabricação;
- conjunto de desenhos e demais dados necessários para o monitoramento
da vida útil da caldeira;
- características funcionais;
- dados dos dispositivos de segurança;
- ano de fabricação;
- categoria da caldeira;
b) Registro de Segurança, em conformidade com o subitem 13.4.1.9;
c) Projeto de instalação, em conformidade com o subitem 13.4.2.1;
d) Projeto de alteração ou reparo, em conformidade com os subitens 13.3.3.3 e
13.3.3.4;
e) Relatórios de inspeção de segurança, em conformidade com o subitem
13.4.4.16;
f) Certificados de calibração dos dispositivos de segurança.
Todos esses documentos devem ser mantidos em dia e devem estar disponíveis
para consulta de todos os colaboradores envolvidos com este trabalho, de forma
física ou digital.

Figura 91: Documentos arquivados.


Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste documento pode ser reproduzida, armazenada ou introduzida em um sistema de recuperação, ou transmitida de
quaisquer formas, meios (eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro), ou propósito, sem a permissão expressa, por escrito, da West Group Treinamentos
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

O Prontuário traz todas as informações necessárias sobre o equipamento ele é a


certidão de nascimento da Caldeira. Novas tecnologias permitem que novos
materiais se tornem disponíveis para utilização, bem como novos tratamentos e
novos métodos para conformação, portanto cada edição de códigos e normas
trazem novos materiais para serem utilizados e com eles novas possibilidades de
projetos, com novos limites de tolerância para falha de partes pressurizadas. Todos
os materiais e métodos construtivos selecionados devem possuir Certificado de
Qualidade.

Para fazer uma manutenção ou inspeção adequadas os engenheiros e


colaboradores envolvidos devem ter conhecimento dos métodos construtivos da
Caldeira.

Um Registro de Segurança deve conter todos os relatos que possam influir na vida
útil do equipamento, são exemplos: Manutenções, Inspeções, Anomalias e
Intercorrências durante a operação e caso a Caldeira seja considerada inadequada,
recebendo um encerramento formal.

O projeto de Alteração e Reparo refere-se à todo tipo de manutenção com solda ou


mandrilhamento, ou qualquer modificação do projeto original que possa influir sobre
a vida útil do equipamento.

Todos os códigos e normas vigentes (Nacionais ou Internacionais) fazem exigências


em relação aos profissionais envolvidos com este tipo de trabalho. No Brasil a
ABEND (Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos) é a organização
certificadora da qualidade dos serviços prestados em uma manutenção, alteração e/
ou reparo que possa trazer transformações significativas no equipamento.

A Inspeção de Segurança do Equipamento é como uma consulta de rotina. É


durante a Inspeção que o Engenheiro avalia as condições reais do equipamento e
declara se está em condições satisfatórias de Operação e Manutenção. Ao final da
Inspeção o engenheiro emitirá um Relatório que contém todas as informações
coletadas.

As inspeções devem ocorrer com periodicidade anual em Caldeiras, tanto as


inspeções Internas quanto as Externas, e é comum que durante este período todos
os seus instrumentos sejam calibrados, dado que a periodicidade da Calibração dos
Instrumentos não poderá ser superior à periodicidade da Inspeção Interna do
Equipamento que protege.

Os Relatórios de Inspeção elaborados pelos engenheiros devem conter no mínimo


os itens citados em: 13.4.4.16

a) dados constantes na placa de identificação da caldeira; (a placa de identificação


da Caldeira deve conter o fabricante, número de série, ano de fabricação, PMTA,
PTH, Capacidade, Área de Troca Térmica e código de projeto com o ano de edição)
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
b) categoria da caldeira; (A ou B)
c) tipo da caldeira; (Flamotubular, Acquatubular ou Mista)
d) tipo de inspeção executada; (Inicial, Periódica ou Extraordinária)
e) data de início e término da inspeção;
f) descrição das inspeções, exames e testes executados; (Será sempre Interna e
Externa)
g) registros fotográficos do exame interno da caldeira;
h) resultado das inspeções e providências;
i) relação dos itens desta NR, relativos a caldeiras, que não estão sendo atendidos;
(se possui todos os instrumentos de segurança, se estão calibrados e em boas
condições, se estão bem dimensionados. Se a Área ou Casa de Caldeiras contém
todos os requisitos exigidos pela norma, se está sob cuidado de Operadores de
Caldeiras conforme exigência do ANEXO I desta NR, etc.)
j) recomendações e providências necessárias; (este é um item muito importante para
o Operador, pois existem recomendações que podem promover mudanças na
Rotina de Operação. É necessário certificar-se sempre de que as recomendações
do PH sejam seguidas)
k) parecer conclusivo quanto à integridade da caldeira até a próxima inspeção; (se a
Caldeira pode continuar operando na PMTA calculada pelo fabricante ou pelo
engenheiro que a inspecionou anteriormente, se há necessidade de promover algum
tipo de manutenção significativa, etc.)
l) data prevista para a nova inspeção de segurança da caldeira;
m) nome legível, assinatura e número do registro no conselho profissional do PH e
nome legível e assinatura de técnicos que participaram da inspeção.

Os prazos de Inspeção Periódica para estabelecimentos que não possuem SPIE


serviço Próprio de Inspeção, conforme ANEXOII desta NR estão no item: 13.4.4.4

a) 12 (doze) meses para caldeiras das categorias A e B;


b) 15 (quinze) meses para caldeiras de recuperação de álcalis de qualquer
categoria;
c) 24 (vinte e quatro) meses para caldeiras da categoria A, desde que aos 12 (doze)
meses sejam testadas as pressões de abertura das válvulas de segurança.
E para serviços que possuam SPIE no item: 13.4.4.5
a) 24 (vinte e quatro) meses para as caldeiras de recuperação de álcalis;
b) 24 (vinte e quatro) meses para as caldeiras da categoria B;
c) 30 (trinta) meses para caldeiras da categoria A.

Além da Inspeção Periódica existem também a Inspeção Inicial e a Inspeção


Extraordinária. Toda vez que um equipamento fabricado novo for entrar em
operação ele deverá passar por uma Inspeção Inicial, nesta inspeção serão
atendidos os mesmos itens de uma inspeção periódica e também poderá ser
executado um TH, caso o equipamento não possua um documento certificando que
o TH tenha sido realizado em sua fase de fabricação. A Inspeção Extraordinária, por
sua vez, ocorrerá sempre que o equipamento passar por uma manutenção
significativa ou alteração de suas condições originais de projeto, quando a caldeira
permanecer inativa por 6 meses ou quando houver dano significativo.
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS

Normalmente uma Inspeção Extraordinária vem acompanhada de um PAR (Projeto


de Alteração e Reparo).

A Instalação de Caldeiras, como dito anteriormente, poderá ocorrer em Área ou Sala


de Caldeiras. Para cada instalação haverão regras a serem seguidas, como expõe
os itens:13.4.2.3 e 14.4.2.4 e são de responsabilidade do PH.
Instalação em ambiente aberto (13.4.2.3):

a) Estar afastada de, no mínimo, 3,0 m (três metros) de:


- outras instalações do estabelecimento;
- de depósitos de combustíveis, excetuando-se reservatórios para partida com até
2000 L (dois mil litros) de capacidade;
- do limite de propriedade de terceiros;
- do limite com as vias públicas;
b) dispor de pelo menos 2 (duas) saídas amplas, permanentemente desobstruídas,
sinalizadas e dispostas em direções distintas;
c) dispor de acesso fácil e seguro, necessário à operação e à manutenção da
caldeira, sendo que, para guarda-corpos vazados, os vãos devem ter dimensões
que impeçam a queda de pessoas;
d) ter sistema de captação e lançamento dos gases e material particulado,
provenientes da combustão, para fora da área de operação atendendo às normas
ambientais vigentes;
e) dispor de iluminação conforme normas oficiais vigentes;
f) ter sistema de iluminação de emergência caso opere à noite.

Instalação em Sala de Caldeiras (13.4.2.3):

a) constituir prédio separado, construído de material resistente ao fogo, podendo ter


apenas uma parede adjacente a outras instalações do estabelecimento, porém com
as outras paredes afastadas de, no mínimo, 3,0 m (três metros) de outras
instalações, do limite de propriedade de terceiros, do limite com as vias públicas e
de depósitos de combustíveis, excetuando-se reservatórios para partida com até
2.000 L (dois mil litros) de capacidade;
b) dispor de pelo menos 2 (duas) saídas amplas, permanentemente desobstruídas,
sinalizadas e dispostas em direções distintas;
c) dispor de ventilação permanente com entradas de ar que não possam ser
bloqueadas;
d) dispor de sensor para detecção de vazamento de gás quando se tratar de caldeira
a combustível gasoso;
e) não ser utilizada para qualquer outra finalidade;
f) dispor de acesso fácil e seguro, necessário à operação e à manutenção da
caldeira, sendo que, para guarda-corpos vazados, os vãos devem ter dimensões
que impeçam a queda de pessoas;
g) ter sistema de captação e lançamento dos gases e material particulado,
provenientes da combustão, para fora da área de operação, atendendo às normas
ambientais vigentes;
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SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE
CALDEIRAS
h) dispor de iluminação conforme normas oficiais vigentes e ter sistema de
iluminação de emergência.

Em ambas instalações existem regras iguais ou parecidas, como exemplo a alínea


a) e b). O Objetivo desta regra é prevenir que um acidente com risco ampliado
coloque em risco a saúde de pessoas que não estão diretamente envolvidas com o
equipamento, bem como diminuir os riscos às outras instalações da empresa e
permitir uma evacuação rápida do local onde o acidente ou incidente ocorrer.

As alíneas c) e d) também são parecidas no quesito de circulação de ar. São regras


para a prevenção de explosões caso haja vazamento de gases e impedem que os
trabalhadores fiquem expostos a gases nocivos à sua saúde.

No caso da Sala de Caldeiras há regras adicionais, como as alíneas e), f) e g), por
se tratar de um ambiente fechado.

Para pensar:
Imagine que a Sala de Caldeiras é também um depósito ou almoxarifado, e que
ocorra um pequeno incêndio. A magnitude do incêndio poderá aumentar na
presença de outros objetos, peças e maquinários e seu combate irá tornar-se
bastante dificultoso.

Como visto anteriormente a NR-13 traz condições especiais para Empresas que
possuam um SPIE (Serviço Próprio de Inspeção) conforme ANEXO II. Em geral o
SPIE é composto por profissionais com dedicação exclusiva para serviços de
Inspeção. Não é usual, mas é uma possibilidade.

Os profissionais contratados pra integrar esta equipe deverão ser certificados para
Ensaios Não Destrutivos, deverá contar com pelo menos um PH e contar com
aparelhagem condizentes com a realização das atividades propostas.

O SPIE também deve receber certificação por um órgão competente (OCP, Cgcre/
INMETRO) e possuir procedimentos escritos (manual) para as principais atividades
executadas.

A partir de 2018 um terceiro anexo passa a fazer parte da NR-13 que disserta sobre
Certificação Voluntária de Competências do Profissional Habilitado. Esta novidade
permite que o engenheiro possa certificar-se através do SBAC (Sistema Brasileiro
de Avaliação de Conformidade) atestando assim a sua competência profissional,
através de avaliação de comprovação acadêmica, cursos, experiência profissional e
realizando uma prova.

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