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Prefácio

A apostila de Práticas de Química Geral foi reestruturada e revisada em 2006, em


um projeto coordenado pela professora Cynthia Peres Demicheli, com a participação dos
professores Ana Lúcia Americano Barcelos de Souza, Eduardo Nicolau dos Santos,
Geraldo Francisco A. Reis, Maria Eliza Moreira Dai de Carvalho, Ronaldo Lepesqueur
Fabiano, Ruth Helena Ungaretti Borges e Sandra Carvalho. A equipe contou com a valiosa
contribuição das alunas bolsistas do Projeto de Iniciação à Docência (PID), Jane Lacerda
Bahia, Rachel Lima Marcelino Freire e Tatiana do Nascimento Parreiras.

O texto atual representa uma evolução das propostas anteriores, formuladas com a
participação de vários professores do Setor de Química Inorgânica, ao longo dos anos em
que a disciplina tem sido ofertada. Nesta edição foram feitas algumas modificações em
certos procedimentos, sempre com o objetivo de proporcionar um melhor aproveitamento
por parte dos alunos.

A apostila foi recentemente revisada (2014) com a colaboração dos professores


Walace Doti do Pim, João Cura D`Ars de Figueiredo Junior e Cynthia Peres Demicheli.
Contamos também com a valiosa contribuição da técnica Adalgiza Alvez Perpétuo e da
monitora Camila Moreira.

Esperamos, ainda e sempre, contar com as sugestões e comentários de nossos


alunos e colegas.

À COORDENAÇÃO
Informações
Gerais
Introdução
As atividades propostas para a disciplina experimental da Química Geral visam proporcionar ao
aluno a oportunidade para trabalhar com autonomia e segurança em um laboratório de química.
Procurar-se-á, para isto, não apenas desenvolver a habilidade no manuseio de reagentes e
aparelhagens, mas também criar condições para uma avaliação crítica dos experimentos realizados.

Dinâmica das Aulas Práticas


• Leitura com antecedência, pelos alunos, do assunto a ser abordado na aula;
• Discussão inicial, com o professor, dos aspectos teóricos e práticos relevantes;
• Execução pelos alunos dos experimentos utilizando guias práticos;
• Interpretação e discussão dos resultados juntamente com o professor;
• Apresentação dos resultados de cada experimento em relatório.
Observação: O aproveitamento em uma aula prática depende de maneira geral do cumprimento destas
etapas. Como trabalho complementar, os alunos são estimulados a responder aos questionários
referentes a cada um dos assuntos estudados, visando sedimentar os conhecimentos adquiridos e se
preparar para os testes programados para o curso.

Conteúdo
• Técnicas de laboratório. Alguns métodos comumente usados em experimentos de química, bem
como a maneira correta de expressar os resultados de uma análise.
• Desenvolvimento de diversos experimentos, contendo instruções sucintas a respeito do uso de
alguns equipamentos e de operações básicas de laboratório que serão utilizados no procedimento das
experiências propostas.

Avaliação
A avaliação será feita ao longo do curso prático e abrangerá os seguintes itens:

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• Correção e clareza na redação de relatórios;
• Desempenho na execução do levantamento bibliográfico;
• Competência para trabalhar com independência e eficiência durante as aulas práticas;
• Capacidade de associar conceitos teóricos e práticos avaliados por meio de testes e exercícios
escritos.
A distribuição detalhada dos pontos consta do cronograma do curso apresentado ao aluno no início do
semestre.

Funcionamento do Laboratório
Dependendo da atividade prática, os alunos encontrarão as bancadas organizadas ou serão estimulados a
conhecer os estoques e a selecionar os materiais específicos de cada experimento. O objetivo é que o
aluno assuma responsabilidade e desenvoltura no laboratório de química.

Recomendações aos Alunos


1. O uso da apostila é imprescindível a partir da primeira aula.
2. O aluno deverá tomar conhecimento, a partir da primeira aula, das instalações do laboratório, bem
como de suas normas de funcionamento.
3. É obrigatório, por razões de segurança, o uso de avental durante as aulas.
4. O material do laboratório deve ser usado sempre de maneira adequada e somente aqueles reagentes e
soluções especificados.
5. Não é permitido fumar, comer ou beber nos laboratórios.
6. Todo o material usado deve ser lavado ao final de cada aula e organizado no local apropriado
(mesas, bancadas ou armários).
7. A bancada de trabalho deve estar limpa.
8. Após o uso, deixar os reagentes nos devidos lugares.
9. Devem ser evitadas conversas em voz alta e assuntos alheios à aula.
10. As normas de segurança relacionadas no texto "Segurança no Laboratório" devem ser lidas
atentamente.

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Segurança no Laboratório
É muito importante que todas as pessoas que lidam num laboratório tenham uma noção bastante
clara dos possíveis riscos e de como evitá-los ou diminuí-los. Nunca é demais repetir que o melhor
combate aos acidentes é a sua prevenção. O descuido de uma única pessoa pode por em risco todos
os demais no laboratório. Por esta razão, as normas de segurança descritas abaixo terão seu
cumprimento exigido. Acima disto, porém, espera-se que todos tomem consciência da importância
de se trabalhar em segurança, do que só resultarão benefícios para todos.
1. Será exigido de todos os estudantes e professores o uso de avental ou guarda-pó no laboratório.
A não observância desta norma gera roupas furadas por agentes corrosivos, queimaduras, etc.
2. É obrigatório o uso dos óculos de segurança no laboratório.
3. Os alunos não devem executar nenhuma reação não especificada pelo professor. Reações
desconhecidas podem causar resultados desagradáveis.
4. É terminantemente proibido fumar em qualquer laboratório.
5. É proibido trazer comida ou bebida para o laboratório, por razões óbvias. Da mesma forma, não
se deve provar qualquer substância do laboratório, mesmo que inofensiva.
6. Não se deve cheirar um reagente diretamente. Os vapores devem ser abanados em direção ao
nariz, enquanto se segura o frasco com a outra mão.
7. Não use sandálias no laboratório. Usar sempre algum tipo de calçado que cubra todo o pé.
8. Não use roupas de tecido sintético, facilmente inflamáveis.
9. Use equipamentos apropriados nas operações que apresentarem riscos potenciais.
10. Nunca acenda um bico de gás quando alguém no laboratório estiver usando algum solvente
orgânico. Os vapores de solventes voláteis, como éter etílico, podem se deslocar através de longas
distâncias e se inflamar facilmente.
11. Não deixe livros, blusas, etc., jogadas nas bancadas. Ao contrário, coloque-os longe de onde se
executam as operações.
12. Nunca despeje água num ácido, mas sim o ácido sobre a água. Além disso, o ácido deve ser
adicionado lentamente, com agitação constante. Discuta a razão desta norma com o professor.
13. Não pipete nenhum tipo de produto com a boca.
14. Não leve as mãos à boca ou aos olhos quando estiver trabalhando com produtos químicos.
15. Não use lentes de contato quando estiver trabalhando em laboratórios, porque no caso de um
acidente, pode ocorrer a retenção de líquido corrosivo entre a lente e a córnea.
16. Feche cuidadosamente as torneiras dos bicos de gás depois de seu uso.
17. Não deixe vidros, metais ou qualquer outro material, em temperatura elevada, em lugares em
que possam ser tocados inadvertidamente.
18. Não aqueça tubos de ensaio com a boca direcionada para o seu lado, nem para o lado de outra
pessoa.
19. Não se exponha à radiação ultravioleta, infravermelho, etc.
20. Não aqueça reagentes em sistemas fechados.
21. Feche todas as gavetas e portas que abrir.

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22. Planeje o trabalho a ser realizado.
23. Verifique as condições da aparelhagem.
24. Não trabalhe com material imperfeito ou defeituoso, principalmente com vidro que tenha
pontas ou arestas cortantes.
25. Conheça a periculosidade dos produtos químicos (Ficha de Informação de Segurança de Produtos
Químicos – FISPQ).
26. Conheça a localização e a utilização do extintor de incêndio existente no corredor.
27. Referentes ao Laboratório:
• Mantenha as bancadas sempre limpas e livres de materiais estranhos ao trabalho;
• Faça limpeza prévia, do material apropriado usado antes de colocá-los para lavagem;
• Rotule os reagentes ou soluções preparadas e as amostras coletadas;
• Jogue papéis usados e materiais imprestáveis no lixo somente quando não apresentar riscos;
• Use pinça e materiais de tamanho adequado e em perfeito estado de conservação;
• Utilize a capela ao trabalhar com reações que liberem fumos venenosos ou irritantes;
• Evite descartar produtos químicos nas pias do laboratório;
• Em caso de derramamento de produtos tóxicos, inflamáveis ou corrosivos, tome as seguintes
precauções:
A) Pare o trabalho, isolando na medida do possível a área;
B) Advirta pessoas próximas sobre o ocorrido;
C) Alertar o professor;
D) Só efetuar a limpeza após consultar a ficha de emergência do produto;
E) Verifique e corrigir a causa do problema;
F) No caso de envolvimento de pessoas, lave o local atingido com água corrente e procure o serviço
médico.
28. Saiba tomar certas iniciativas em caso de pequenos acidentes. Exemplos:
• queimaduras por agentes corrosivos como ácidos ou álcalis: lavar a área atingida repetidas vezes
com bastante água de torneira e depois com solução de bicarbonato de sódio (para neutralizar ácidos)
ou ácido acético (para neutralizar bases). Esta última etapa deve ser suprimida se a queimadura for
muito severa, pois o calor da reação resultante poderá piorar a situação. Neste caso, usar apenas água e
chamar o professor. Sugere-se aos portadores de lentes de contato que não as usem no laboratório;
• todas as vezes em que ocorrer um acidente com algum aparelho elétrico (centrífuga, por exemplo),
puxar imediatamente o pino da tomada;
• ao cortar um tubo de vidro ou tentar inserí-lo numa rolha de borracha, enrolar ambos num pedaço
de pano a fim de evitar cortes caso o vidro se quebre;
• cuidado com mercúrio entornado (de termômetros quebrados, por exemplo). O mercúrio, além de
corrosivo, é muito tóxico. Deve-se coletá-lo ou cobri-lo com enxofre ou zinco em pó;
• procurar conhecer a toxidez dos vários reagentes usados e tratá-los com a devida seriedade;
• lembrar que em caso de incêndio, na ausência de um extintor, um avental pode servir como um
cobertor para abafar as chamas.
29. Comunique imediatamente ao professor qualquer acidente ocorrido.

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30. Finalmente, lembre que a atenção adequada ao trabalho evita a grande maioria dos acidentes. É
muito importante ter a certeza de que se sabe perfeitamente bem o que se está fazendo e fazê-lo com
profissionalismo.

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Materiais e reagentes

Introdução
I - Materiais de Laboratório
O objetivo do nosso curso é desenvolver habilidades e competências por meio de experimentos
simples e equipamentos de uso rotineiro em laboratório. Acreditamos que o sucesso acadêmico e a
segurança deste laboratório dependem essencialmente do emprego correto de determinados
equipamentos e vidraria, tais como:

1 - BALANÇA: As substâncias químicas não devem jamais ser


colocadas diretamente sobre os pratos da balança, e sim sobre papel
apropriado ou num recipiente qualquer como béquer ou cápsula de
porcelana previamente tarados.

2 - BICO DE BUNSEN: O bico de Bunsen é uma fonte direta de calor. Somente determinadas
vidrarias podem ser aquecidas diretamente na chama (tubos de ensaio
e cadinhos de porcelana); outras podem ser aquecidas indiretamente,
em banho-maria ou em béquer sobre tela de amianto e outras, nunca
devem ser aquecidas (proveta, balão volumétrico, pipetas e buretas). A
figura ao lado representa um bico de gás típico e a sua utilização
implica na seguinte seqüência de operações:
a) Abra ligeiramente a válvula geral e a válvula de entrada de gás que
fica na bancada;
b) Regule o dispositivo de entrada de ar de forma que fique meio
aberto;
c) Acenda o fósforo;
d) Abra a válvula que permite o acesso do gás ao queimador,
aproximando o palito de fósforo aceso na extremidade do queimador;
e) Ajuste a altura da chama regulando a entrada de gás;
f) Ajuste a cor da chama regulando a entrada de ar (uma chama azul
tendo um cone interno é a mais adequada).

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3 - BALÃO VOLUMÉTRICO: Recipiente calibrado, de precisão, destinado a
conter um determinado volume de líquido, a uma determinada temperatura
(geralmente a 20C), podendo ser usado sem erro apreciável em temperaturas
de mais ou menos 8C acima ou abaixo da indicada. Utilizado no preparo de
soluções de concentrações definidas.

4 - BURETA: Utilizadas para medidas precisas de volume,


especialmente nos casos de titulação. As torneiras esmerilhadas das
buretas devem ser cuidadosamente lubrificadas com silicone ou
vaselina. Se o líquido for uma base forte as buretas com torneiras
improvisadas com tubos de borracha são mais usadas que as
esmerilhadas. Uma bureta está limpa quando o líquido, ao escoar,
não deixar gotas nas paredes internas. Antes de serem usadas devem
ser lavadas com água destilada e com três porções do líquido a ser
medido. A figura ao lado representa uma montagem com duas
buretas, e para utilizá-la, o seguinte procedimento deve ser
observado:
a) Fixe a bureta a um suporte, com auxílio de uma garra, de forma a
mantê-la na posição vertical;
b) Encha a bureta com o líquido a ser medido com o auxílio de um
funil;
c) Deixe cair, rapidamente, porções do líquido contido na bureta até
expulsar o ar retido abaixo da torneira;
d) Zerar a bureta deixando escoar o líquido até que a parte inferior do
menisco (líquidos translúcidos) ou superior (líquidos não
translúcidos) coincida com o zero da escala. A leitura deve ser feita
posicionando o nível de nossos olhos perpendicularmente ao ponto
da escala onde se encontra o menisco correspondente ao líquido a
ser medido.

5 - PIPETAS: Usadas para medidas precisas de volume. Existem dois tipos: volumétricas (1) e
graduadas (2). Uma pipeta volumétrica mede o volume correspondente à sua capacidade. A pipeta
graduada pode medir frações da sua capacidade total. As pipetas são calibradas sempre a uma
determinada temperatura. Antes de serem usadas devem ser lavadas tomando-se os mesmos
cuidados descritos para as buretas.

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Para se encher uma pipeta, coloca-se a ponta no líquido e faz-se sucção
com a pêra. Deve-se ter o cuidado de manter a ponta da mesma sempre
abaixo do nível da solução ou líquido, caso contrário, ao se fazer a
sucção, o líquido alcança a pêra de borracha. A sucção deve ser feita até
o líquido ultrapassar o traço de referência. Feito
isto, deixar escoar o líquido lentamente até o traço
da referência (zero). O ajustamento deve ser feito
de maneira a evitar erros de paralaxe. Para escoar o
líquido, deve-se colocar a pipeta na posição
vertical, com a ponta encostada na parede interna
do recipiente que vai receber o líquido; retirar a
pêra para que o liquido escoe totalmente.

6 - PROVETA ou CILINDRO GRADUADO:


Utilizado para medir volumes de líquidos quando não se precisa de uma precisão maior que 0,5%.
Geralmente recomenda-se que a capacidade de uma proveta usada não seja maior que dez vezes o
volume a ser medido.

7 - BÉQUER: Muito utilizado para o preparo e aquecimento


de soluções, para filtrações etc. Não é instrumento medidor.

8 - ERLENMEYER: Usado para titulações e aquecimento de líquidos.

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Outros materiais de laboratório podem ser encontrados na relação abaixo:

1. Tubo de ensaio
2. Béquer
3. Erlenmeyer
4. Balão de fundo chato
5. Balão de fundo redondo
6. Balão de destilação
7. Proveta ou cilindro graduado
8. Pipeta volumétrica
9. Pipeta graduada
10. Funil de vidro
11. Frasco para reagentes
12. Bico de Bunsen
13. Tripé de ferro
14. Tela de Amianto
15. Cadinho de porcelana
16. Triângulo de porcelana
17. Estante para tubos de ensaio
18. Funil de decantação
19. Funil de decantação
20. Pinça de madeira
21. Almofariz e pistilo
22. Cuba de vidro
23. Vidro de relógio
24. Cápsula de porcelana
25. Placa de Petri
26. Dessecador
27. Pesa-filtro
28. Lima triangular
29. Bureta
30. Frasco lavador
31. Pisseta
32. Balão volumétrico
33. Picnômetro
34. Suporte universal
35. Anel para funil
36. Mufa
37. Garra metálica
38. Kitassato com funil de Büchner
39. Funil de Büchner
40. Trompa d'água

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41. Termômetro
42. Vara de vidro
43. Bagueta ou bastão de vidro
44. Furador de rolhas
45. Kipp
46. Tubo em "U"
47. Pinça metálica Casteloy
48. Escovas de limpeza
49. Pinça de Hoffman
50. Pinça de Mohr
51. Garra para condensador
52. Condensador reto
53. Condensador de bola
54. Condensador de serpentina
55. Espátula de porcelana
56. Espátula de metal
57. Estufa
58. Mufla

II - Reagentes - Frascos de Reagentes

Os reagentes químicos são guardados em frascos de vidro ou de plástico tampados e rotulados.


Quando qualquer frasco de reagente for aberto, deve-se colocar a sua tampa na mesa sobre um papel
toalha, virada para cima. Após o reagente ser usado, tampar novamente o frasco.
Uma porção qualquer de reagente, retirada do frasco de estoque, jamais deve retornar ao
mesmo. O aluno deve aprender a estimar a quantidade que necessita, retirando dos frascos de reagente
somente o necessário, evitando desperdícios.
No caso de reagentes sólidos uma espátula, quando usada para retirar um reagente de um frasco,
só poderá ser usada para manipulação de outro reagente após devidamente lavada e seca.
Verter o reagente líquido, a ser medido, em um pequeno béquer limpo e seco, para ser
transferido ou pipetado. Não se devem introduzir pipetas, conta-gotas etc., nos frascos que os contêm.
Para transferir um líquido para um recipiente qualquer se deve segurar o frasco de maneira que a mão
tampe o rótulo e inclinar o frasco para o lado oposto ao do rótulo. Deste modo, se algum líquido
escorrer pelas paredes externas do frasco, não estragará o rótulo, mas se tal ocorrer deve-se limpá-lo
imediatamente.

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Experiência 1
Reações Químicas
Introdução
O fenômeno pelo qual uma ou mais substâncias são transformadas em outra(s) é chamado de
reação química. A equação química é uma representação simplificada da transformação ocorrida,
envolvendo as substâncias transformadas (reagentes), as substâncias produzidas (produtos), o estado
físico dos reagentes e produtos e as condições (temperatura, pressão, solventes, etc.) nas quais a reação
se processa. A equação deve ter a massa e as cargas devidamente balanceadas. A equação química pode
ser escrita nas formas: molecular, iônica ou iônica simplificada.

Exemplos:
BaCl2(aq) + Na2SO4(aq) ⎯→ BaSO4(s) + 2NaCl(aq) (Equação molecular)
Ba2+(aq) + 2 Cl-(aq) + 2Na+(aq) + SO42-(aq) ⎯→ BaSO4(s) + 2Na+(aq) + 2Cl-(aq) (Equação iônica)
Ba2+ (aq) + SO42-(aq) ⎯→ BaSO4(s) (Equação iônica simplificada)

Cada reação química exige condições próprias que devem ser satisfeitas para que ela ocorra. Uma
condição comum a todas as reações químicas é que, sendo responsáveis pela transformação da matéria,
todas obedecem ao princípio da conservação das massas.

Em várias situações, é possível identificar algumas substâncias através de reações que


produzem efeitos macroscópicos visíveis (mudança de cor, formação de precipitado, evolução de gás)
ou percebidos pelo olfato. Por exemplo:

(a) Reações em que há mudança de coloração:


Fe3+(aq) + 6CNS-(aq) ⎯→ [Fe(CNS)6]3-(aq)
(amarelo) (incolor) (vermelho)

(b) Reações em que há formação de precipitado (sólido), ou seja, formação de uma substância insolúvel
no meio (estas reações são chamadas reações de precipitação):
Ag+(aq) + Cl-(aq) ⎯→ AgCl(s)

(c) Reações em que há desprendimento de gás, em geral com cheiro característico:


S2-(aq) + 2H+ (aq) ⎯→ H2S(g)

(d) Reações que envolvem absorção ou emissão de luz e/ou calor



2AgCl(s) ⎯→ 2 Ag(s) + Cl2(g)

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As reações químicas pertencem a dois grupos principais:
1) Reações químicas em que há transferência de elétrons (oxi-redução);
2) Reações químicas em que não há transferência de elétrons.

Objetivo
Neste trabalho prático, o aluno tomará conhecimento de alguns tipos mais comuns de reações
químicas e fará a comprovação da ocorrência e suas caracterizações.

Parte Experimental
Materiais
Tubos de ensaio; proveta (10 mL); béquer de 1 L ou 600 mL (1); tubos de segurança (2,5 cm de
diâmetro e 23 cm de comprimento) (1);conta-gotas (1); garra (1); vidros de relógio; espátula
metálica (1); pinça metálica (1) e pinça de madeira(1); suporte para tubo de ensaio (1); bastão de
vidro (1); mufa (1); palitos de madeira; conjunto para aquecimento (bico de gás, fósforo); frasco para
resíduo (1).

Reagentes e indicadores

Ácido sulfúrico 3,5 mol L-1; dióxido de manganês (0,2 g); clorato de potássio (1 g); magnésio em
fita (2 cm); água oxigenada diluída 1:100; sódio metálico (0,5 g); solução de hidróxido de amônio
0,5 mol L-1(2 mL); solução de sulfato de cobre 0,1 mol L-1 (1 mL); solução de permanganato de
potássio 0,02 mol L-1(2 mL) ; solução de nitrato de prata 0,5 mol L-1 ; solução alcoólica de
fenolftaleína 1% m/v (1 mL); Ácido clorídrico 1 mol L-1; hidróxido de sódio 1 mol L-1.

Procedimentos

Procedimento 1
• Coloque cerca de 0,5 g de KClO3 em um tubo de ensaio.
• Adicione pequena quantidade de MnO2 e misture as duas substâncias.
• Segure o tubo de ensaio com a pinça de madeira e aqueça-o à chama do bico de Bünsen.
• Com palito em brasa, verifique se o gás produzido e liberado na extremidade do tubo alimenta a
combustão. Anote o resultado e interprete.
• Espere o tubo esfriar, adicione 5,0 mL de água destilada e agite. Deixe decantar. Enquanto isso,
execute os demais procedimentos.
• Transfira a solução límpida transparente e incolor para um outro tubo de ensaio com o auxílio de
um conta-gotas e a este tubo, adicione 2 gotas da solução de nitrato de prata 0,5 mol L-1. Anote o
resultado e interprete.
• Descarte os resíduos de prata nos recipientes apropriados.

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Procedimento 2
• Observe um pedaço de fita de magnésio de cerca de 2 cm de comprimento e anote suas
características físicas.
• Segure a fita por uma das extremidades com auxílio de uma pinça metálica.
• Leve a outra extremidade da fita na chama de um bico de gás.
• Assim que observar o início de uma reação, afaste o conjunto da chama mantendo-o ao ar sob um
vidro de relógio de modo a recolher o pó formado.
• Adicione água e fenolftaleína ao pó formado. Interprete.

Procedimento 3
• Coloque em um béquer, de 1 L de capacidade, água destilada até 2/3 de seu volume.
• Adicione 5 gotas da solução alcoólica de fenolftaleína à água do béquer.
• Fixe a um suporte, um tubo de vidro resistente, que deve ficar com, aproximadamente, 4 cm de
seu comprimento imerso na água.
• Corte pequeno fragmento de sódio, limpe-o e coloque-o no interior do tubo.
• Iniciada a reação, caracterize o gás que se desprende com o palito de fósforo em chama.
Interprete.
CUIDADO: Nunca se deve tocar o sódio metálico com as mãos ou deixar que entre em contato
com a umidade.

Procedimento 4
• Adicione 10 gotas de KMnO4 0,02 mol L-1 em tubo.
• Adicione cerca de 5 gotas de ácido sulfúrico 3,5 mol L-1.
• Goteje H2O2 até que o meio reacional se torne incolor.
• Observe e interprete.

Procedimento 5
• Coloque 1 mL de solução 0,1 mol L-1 de Cu2+ em dois tubos de ensaio previamente numerados.
• No primeiro tubo, adicione, gota a gota, pequena quantidade da solução de hidróxido de amônio
(0,5 mol L-1). Observe e anote o resultado.
• A seguir, adicione maior quantidade da solução de hidróxido de amônio, ao mesmo tubo, até que
haja nova transformação. Observe e anote o resultado.
• Adicione ao segundo tubo, gota a gota, pequena quantidade de solução de hidróxido de sódio
(1,0 mol L-1). Observe e interprete.

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Procedimento 6
• Coloque 2 mL de água destilada em um tubo de ensaio.
• Adicione 3 gotas de solução de fenolftaleína.
• Adicione 5 gotas de ácido clorídrico 1,0 mol L-1. Agite.
• Adicione gota a gota a solução de hidróxido de sódio 1,0 mol L-1. Observe e explique o
ocorrido.

Regras de Solubilidade:

1)Sais de amônio (NH4+) e dos metais alcalinos são solúveis.

2)Nitratos (NO3-), cloratos (ClO3-), percloratos (ClO4-) e acetatos (CH3CO2-) são solúveis.

3)Cloretos, brometos, iodetos são solúveis. Exceções: sais desses ânions com Pb2+, Hg22+e
Ag+(insolúveis).

4)Sulfitos (SO32-), carbonatos (CO32-), cromatos (CrO42-) e fosfatos (PO43-) são insolúveis.
Exceções: aquelas previstas no item 1.

5)Sulfetos (S2-) são insolúveis. Exceções: aquelas previstas no item 1 e os sulfetos dos
metais alcalino-terrosos (solúveis).

6)Sulfatos (SO42-) são solúveis. Exceções: os sulfato de Sr2+, Ba2+,Hg22+,Hg2+, Pb2+


(insolúveis) e os de Ca2+ e Ag+(moderadamente solúveis).

7)Hidróxidos são insolúveis. Exceções: aquelas previstas no item 1 e os hidróxidos de


Ca2+,Sr2+e Ba2+(moderadamente solúveis)

Referências
1. Giesbrecht, E.; "Experiências de Química, Técnicas e Conceitos Básicos - PEQ - Projetos de
Ensino de Química"; Ed. Moderna - Universidade de São Paulo, SP (1979).
2. Trindade, D.F., Oliveira, F.P., Banuth, G.S. & Bispo,J.G.; "Química Básica Experimental";
Ed. Parma Ltda., São Paulo (1981).

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Experiência 2
Cinética Química

Introdução

Da experiência cotidiana em laboratório sabemos que algumas reações se passam


rapidamente, enquanto outras se processam lentamente. A neutralização de um ácido por uma
base se processa tão rapidamente quanto o tempo necessário para misturá-los. Do mesmo modo
um precipitado de cloreto de prata (AgCl(s)) se forma de modo visível, imediatamente após a
mistura de uma solução de Ag+(aq) com uma solução de Cl-(aq). Outras reações, tal como
combustão da gasolina, ocorrem rápida ou lentamente, dependendo do modo como os reagentes
são postos em contato.
Estamos também familiarizados com reações químicas lentas, tais como oxidação do ferro e
o amadurecimento de um fruto.
Geralmente, os processos que envolvem interações de íons ocorrem muito rapidamente.
Quando íons de cargas opostas se aproximam, eles são capazes de se atrair e reagir entre si. Ao
contrário, as espécies covalentes, na maioria das vezes reagem lentamente. As principais razões
para que isso ocorra são: quando se processa a reação, pelo menos uma ligação se rompe e as
partículas devem colidir tendo suas ligações covalentes direcionais devidamente orientadas.
Pela observação experimental, verificou-se que a velocidade das reações químicas é
controlada por apenas alguns fatores. Quatro desses fatores de controle de velocidade, mais
freqüentemente encontrados são: concentração de reagentes, temperatura, natureza dos reagentes
e catalisadores.
Para que duas moléculas reajam, elas devem colidir uma com a outra. Esta é a teoria da
colisão segundo a qual a velocidade é controlada por dois fatores:
i. o número de moléculas reagentes na unidade do tempo.
ii. a fração de colisões eficazes que levam à transformação química
O primeiro fator nos informa que quanto maior for a concentração de reagentes, maior será a
probabilidade de haver colisões entre as moléculas. Porém, nem todas as colisões são eficientes;
as espécies devem colidir com uma energia mínima, denominada Energia de Ativação e com
orientação adequada. A natureza dos reagentes e a temperatura têm influência sobre a fração de
colisões que resultam em uma reação química. Em geral, quanto mais elevada for a temperatura
dos reagentes, tanto mais rápida será a reação. O aumento da temperatura aumenta o número de
moléculas com energia suficiente para reagir.
Os catalisadores atuam proporcionando um caminho alternativo de energia de ativação do
sistema, aumentando, desta forma, a sua velocidade.

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Nas reações heterogêneas, a natureza física dos reagentes é particularmente importante devido à área
de interface entre as fases reagentes.
Em geral, a velocidade de uma reação química hipotética
aA + bB + cC ..., é:
velocidade = k[A]x [B]y [C]z ...
onde x, y e z são índices obtidos do estudo do mecanismo da reação. Em alguns casos coincidem
com os coeficientes estequiométricos, a, b e c, respectivamente. Exemplos:
H3CCO2C2H5 (l) + H2O(l) → H3CCO2(l) + C2H5OH(l)
V = k [H3CCO2C2H5(l) ]1.[H2O]1  os índices coincidem com os coeficientes

S2O82-(aq) + 3I-(aq) → 2 SO42-(aq) + I3-(aq)


V = k [S2O82-]1.[I-]1  os índices não coincidem com os coeficientes

Objetivo
Neste experimento, o aluno estudará os efeitos da concentração e temperatura na velocidade de
reação, bem como o efeito de catalisadores.

16
Parte Experimental
Materiais
Tubos de ensaio 18 x 150 mm (10); tubos de ensaio 12 x 120 mm (3); pipetas graduadas de 10
mL (2); béquer de 50 mL (1); béquer de 100 mL (1); béquer de 250 mL (1); conta-gotas (4);
suporte para tubos de ensaio (1); termômetro (0C a 100C) (1); cronômetro (1); pró-pipeta ou
pêra (1); frasco de resíduos (1).

Reagentes e indicadores
Solução 0,01 mol L-1 de KIO3 (50 mL); solução a 0,04% m/v de NaHSO3 (70 mL) em dispersão
de amido 0,2%; H2O2 10 volumes (5 mL); solução de FeCl3 0,5 mol L-1 (1 mL); solução de
CuSO4 0,5 mol L-1 (1 mL); solução de Na2HPO4 0,25 mol L-1 (1 mL); gelo.

Procedimento
Efeito da concentração na reação:
2 IO3-(aq) + 5 HSO3- (aq) + 2 H+ (aq) → I2(aq) + 5 HSO4(aq) + H2O(l)
• Em um suporte para tubos de ensaio coloque tubos de ensaio limpos de 18 x 150 mm;
• Numere os tubos de ensaio de 1 a 5.
• Ao tubo número 1 adicione 5 mL da solução 0,01 mol L-1 de KIO3.
• Adicione aos demais tubos, 4, 3, 2 e 1 mL, desta solução, respectivamente na ordem crescente
de suas numerações.
• Adicione, em seguida, no segundo tubo (número 2), 1 mL de água destilada.
• Prosseguindo em ordem crescente de 1 mL de volume para cada tubo, até o número 5, o qual
deve receber 4 mL de água destilada, de forma que após todas as adições, todos os tubos de
ensaio deverão conter 5 mL de solução.
• Agite cada tubo para homogeneizar a solução.
• Coloque no tubo número 1, 5 mL de solução a 0,04% m/v de NaHSO3 .
• Com auxílio de um cronômetro, marque o tempo (inclusive os segundos) desde o momento
em se começou a se adicionar a solução de NaHSO3 até o início do aparecimento de uma
coloração azul.
• Anote os resultados no quadro a seguir.
• Repita este procedimento para os demais tubos de ensaio.
• Construa um gráfico do volume da solução de KIO3 em função de 1/t (proporcional à
velocidade). Obs.: No relatório o gráfico deverá ser feito em papel milimetrado.

17
Tempo de reação em relação ao volume de solução adicionado

Tubo Número KIO3 / mL Água Destilada / mL NaHSO3 / mL Tempo Decorrido / s

5
Volume de mL IO3- / mL

1/t /s-1

Efeito da temperatura na reação:


2 IO3-(aq) + 5 HSO3-(aq) + 2 H+(aq) → I2(aq) + 5 HSO4(aq) + H2O(l)
Coloque em um tubo de ensaio de 18 x 150 mm, 5 mL de solução de KIO3 .
• Coloque em outro tubo de ensaio de 18 x 150 mm, 5 mL de solução de NaHSO3 .
• Meça a temperatura no interior dos tubos (temperatura ambiente) e adicione ao tubo com a
solução KIO3 a solução de NaHSO3.
• Agite para homogeneizar.
• Marque o tempo necessário para que a reação se processe.

18
• Observe e anote os resultados.
• Repita o mesmo procedimento para duas temperaturas diferentes da ambiente.
• Coloque os tubos em banho de gelo para que atinjam a temperatura desejada, por exemplo 15°C
e 5°C.
• Anote os resultados no quadro abaixo.

Tempo de Reação em Função da Temperatura

Tubo Número Temperatura (C) Tempo Decorrido (s)

Efeito do Catalisador sobre a Reação: H2O2(aq) → H2O(l) + ½ O2(g)


• Em um suporte para tubos de ensaio coloque 3 tubos de ensaio.
• Adicione, com pipeta conta-gotas, cerca de 1,0 mL de água oxigenada a 10 volumes em cada
tubo.
• Utilizando outra pipeta conta gotas, adicione em cada tubo as seguintes soluções:

Tubo Solução a ser Volume a ser Observações


Número Adicionada Adicionado

1 FeCl3 2 gotas

2 CuSO4 2 gotas

Na2HPO4 3 gotas
3
FeCl3 2 gotas

• Examine os tubos em conjunto e em separado, observando e anotando a influência de cada


substância adicionada, na velocidade de desprendimento de gás.

19
Referências
1. Trindade, D.F.; Oliveira, F.P.; Banuth, G.S. & Bispo, J.G.; "Química Básica Experimental";
Ed. Parma Ltda., São Paulo (1981).
2. Giesbrecht, E.; "Experiências de Química, Técnicas e Conceitos Básicos - PEQ - Projetos de
Ensino de Química"; Ed. Moderna - Universidade de São Paulo, SP (1979).
1. Russell, J.B.; "Química Geral", 2a Edição, Makron Books Editora Ltda., São Paulo (1994).

20
Experiência 3
Equilíbrio Químico

Introdução

Em um sistema químico reversível, podemos considerar como reagentes ou como produtos as


espécies colocadas à direita ou à esquerda da equação. Isto depende da escolha do experimentador.
Assim, na reação do iodo com hidrogênio:
H2(g) + I2(g) → 2 HI(g) velocidade 1 (v1)
2 HI(g) → H2(g) + I2(g) velocidade 2 (v2)
ambos podem ser reagentes ou produtos, dependendo do sentido considerado. Por outro lado, há uma
renovação de reagentes e produtos provocada pelo processo inverso e assim, as reações nunca cessam
e o equilíbrio é dinâmico. Dizemos então que um sistema está em equilíbrio quando a velocidade no
sentido direto for igual à do sentido inverso. Para sistemas com reagentes ou produtos gasosos, este
estado de equilíbrio só é possível em sistema fechado.
A natureza dinâmica do equilíbrio pode ser enfatizada pela consideração das velocidades da
reação nos dois sentidos. Assim, no caso do sistema acima, teremos:
v1 = k1 [H2] [I2]
v2 = k2 [HI]2
No equilíbrio teremos então v1 = v2
k1 [H2] [I2] = k2 [HI]2

k1 [HI]2 K −1 =
1 k 2 [ H 2 ][ I 2 ]
= =
K= = K k1 [ HI ]2
k 2 [H2 ][I2 ]

O estado de equilíbrio de um sistema pode ser alterado por variações tais como a temperatura,
pressão e concentração dos reagentes. Esta alteração pode ser prevista pelo princípio de Le Chatelier:
“Quando um sistema em equilíbrio é submetido a uma ação, o equilíbrio se desloca no sentido de
contrabalançar esta ação”.
Ao adicionar iodo no sistema em equilíbrio, a velocidade no sentido direto (v1) será favorecida.
Quando se restabelece o novo equilíbrio, [I2] e [HI] serão mais elevadas e [H2] será mais baixa, mas K
terá o mesmo valor.

21
Objetivo
Estudo de sistemas em equilíbrio químico: verificação experimental do princípio de Le Chatelier.

Parte Experimental
Materiais
Suporte para tubos de ensaio (1); tubo de ensaio (4); béquer de 50 mL (2), béquer de 100 mL (2) e
béquer de 250 mL (2); chapa de aquecimento(1); pinça de madeira (1); pipeta graduada de 10 mL
(2); proveta de 5 mL (1); prô-pipeta ou pêra (1); frasco para resíduo (1).
Reagentes e indicadores
Soluções aquosas de: K2CrO4 0,05 mol L-1 (2 mL); K2Cr2O7 0,05 mol L-1 (8 mL); NH4OH 0,5 mol
L-1 (2 mL); HCl 1 mol L-1 ; NaOH 1 mol L-1; Ba(NO3)2 0,3 mol L-1 (2 mL); HCl conc. (2 mL);
CoCl2 (solução hidro-alcoólica) (4 mL); solução alcoólica de fenolftaleína.
Procedimentos
Estudo do Equilíbrio do Sistema:

2 CrO42-(aq) + 2 H+(aq) Cr2O72- (aq) + H2O (l)


amarelo alaranjado
Este sistema é utilizado devido à fácil observação do deslocamento, por meio da diferença de cor do
íon cromato - amarelo - e do íon dicromato - alaranjado. Deve-se observar que mesmo
predominando a cor amarela (o que indica maior concentração de íons cromato) pode existir
pequena quantidade de íon dicromato e vice-versa.
• No suporte coloque 3 tubos de ensaio. Em dois deles coloque 2 mL de K2Cr2O7 0,05 mol L-1
(laranja) e no outro coloque 2 mL de K2CrO4 0,05 mol L-1 (amarelo).
• Faça as reações do item a até c.
• Anote os resultados dos experimentos (variações macroscópicas).
a) Em um tubo de ensaio contendo solução de íons dicromato, adicione 0,5 mL (aproximadamente
10 gotas) da solução de NaOH 1 mol L-1.
• Compare a cor da solução com a dos outros tubos.
• Anote a variação observada.
b) Adicione, ao mesmo tubo, 1 mL de HCl 1 mol L-1 .
• Agite e compare novamente com os outros tubos (Leve em consideração a diluição).
• Escreva as equações de reação e anote esta nova variação.
c) No tubo de ensaio contendo K2CrO4 0,05 mol L-1, adicione 2 gotas de solução de Ba(NO3)2 0,5
mol L-1 .
• Agite e observe se houve formação de precipitado.
• No tubo de ensaio contendo K2Cr2O7 0,05 mol L-1, repita o mesmo procedimento.
Observação: A solubilidade do BaCrO4 é de 8,5 x 10 -11mol L-1 e BaCr2O7 é solúvel.

22
Estudo do Equilíbrio do Sistema:
NH3(aq) + H2O(l) NH4+ (aq) + OH-(aq) ; H < 0

• Em um tubo de ensaio, adicione 2 mL de água, 3 gotas da solução de amônia (0,5 mol L-1) e uma
gota de solução de fenolftaleína.
• Despeje esta solução sobre um pano branco e agite ao ar por cerca de cinco minutos.
• Anote as observações.
• Tente explicar, do ponto de vista químico, e proponha experimentos para reforçar suas hipóteses.
• Consulte o professor antes de realizá-los.

Estudo do Equilíbrio do Sistema:

[CoCl4]2-(alc) + 4H2O(l) [Co(H2O)4Cl2](alc) + 2 Cl-(aq) ; H < 0


Azul Vermelho

• Em um tubo de ensaio, coloque 2 mL da solução vermelha.


• Adicione, cuidadosamente, HCl concentrado (que se encontra na capela) até observar qualquer
variação. Justifique.
• Ao mesmo tubo de ensaio adicione, lentamente, H2O destilada até observar alguma mudança
macroscópica.
• Anote o resultado. Considere a diluição efetuada. Justifique.
• Aqueça o mesmo tubo de ensaio na chapa em banho-maria.
• Observe e justifique.
• Resfrie o tubo em água corrente.
• Observe e justifique.

23
Referências

1. Trindade, D.F.; Oliveira, F.P.; Banuth, G.S. & Bispo, J.G.; "Química Básica Experimental";
Ed. Parma Ltda., São Paulo (1981).
2. Giesbrecht, E.; "Experiências de Química, Técnicas e Conceitos Básicos - PEQ - Projetos de
Ensino de Química"; Ed. Moderna - Universidade de São Paulo, SP (1979).

24
Experiência 4
Eletroquímica

Introdução
A Eletroquímica estuda os fenômenos químicos e elétricos gerados por reações químicas
espontâneas (em pilhas ou baterias) e a transformação química gerada pela passagem da corrente
elétrica numa solução (eletrólise).
A principal condição em uma reação de oxi-redução é a transferência de elétrons do agente
redutor para o oxidante. Assim, foi preciso estabelecer potenciais relativos de oxidação e redução
para os elementos, tomando como padrão o eletrodo padrão de hidrogênio, ao qual foi atribuído,
arbitrariamente, o potencial de 0 (zero) volt. Aos eletrodos que perdem elétrons mais facilmente que
o hidrogênio são atribuídos potenciais positivos e àqueles que ganham elétrons facilmente,
potenciais negativos.
H+(aq) + e-→ ½ H2(g) ( = 0,000 volt)
Utilizando esses valores, encontrados em tabelas de Potencial Padrão de Redução ou Oxidação,
é possível prever a espontaneidade de reações de oxi-redução. Se o potencial apresentar valor
positivo, a reação será espontânea; caso contrário, o sistema somente sofrerá transformação às custas
de um trabalho elétrico. Além disso, pode ser calculada a variação da energia livre de Gibbs e
analisado o critério de espontaneidade para uma reação química.

G = - nFE (joules) ou G = -nFE / 4186 (em Kcal.mol-1)

Onde: n = número de mols de elétrons transferidos


G >0: reação não-espontânea
F = Faraday ( 96.500 coulombs)
E = potencial da pilha em volts G <0: reação espontânea

25
Potencial Padrão de redução

SEMI-REAÇÃO  (volts)
K (aq) + e → K(s)
+ -
-2,92
Ca2+(aq) + 2 e-→ Ca(s) -2,87
Al3+(aq) + 3 e-→ Al(s) -1,66
2 H2O(l) + 2 e-→ H2(g) + 2OH-(aq) -0,83
Zn2+(aq) + 2 e-→ Zn(s) -0,76
Fe2+(aq) + 2 e-→ Fe(s) -0,44
Ni2+(aq) + 2 e-→ Ni(s) -0,25
Pb2+(aq) + 2 e-→ Pb(s) -0,12
H+(aq) + e-→ 1/2H2(g) 0
Cu2+(aq) + 2 e-→ Cu(s) +0,34
½ I2(s) + e-→I-(aq) +0,54
Hg22+(aq) + 2 e-→ 2Hg(l) +0,78
Ag+(aq) + e-→ Ag(s) +0,79
Hg2+(aq) + 2 e-→Hg(l) +0,85
O2(g) + 4 H+(aq) + 4 e-→ 2H2O(l) +1,23
H2O2(g) + 2 H+(aq) + 2 e-→ 2H2O(l) +1,77
F2(g) + 2 e-→ 2F-(aq) +2,65

Para se ter uma tabela de potencial padrão de oxidação invertem-se as semi-equações e os


sinais.

Objetivo

Neste experimento, o aluno irá observar a espontaneidade de reações de oxidação e redução;


montará a pilha de zinco e cobre (Pilha de Daniell) e reconhecerá os produtos da reação de eletrólise.

Parte Experimental
Materiais
Fontes de energia (1); eletrodos de grafite (2); multímetros (1); eletrodo de cobre (1); eletrodo de
zinco (1); ponte salina (1); tubo em U para eletrólise (1); béquer de 50 mL (1); béquer de 25 mL(1);
garra (1); condutores metálicos (fios de cobre) (2); palha de aço; suporte de ferro (4); pipetas
graduadas de 10 mL (2); frasco para resíduo (1).
Reagentes e indicadores
Solução aquosa de : KI 0,5 mol L-1 (20 mL); alcoólica de fenolftaleína (1 mL);dispersão de amido (1
mL); ZnSO4 1,0 mol L-1 (30 mL); CuSO4 1,0 mol L-1 (30 mL); solução saturada de KCl (30 mL); 1
prego ; lâminas metálicas: cobre (2) e zinco (1). Se possível, as lâminas deverão ter as dimensões de 3
cm x 4 cm.

26
Procedimentos
Verificação qualitativa da tabela de potencial de oxidação
• Coloque em um tubo de ensaio pequena quantidade da solução de cobre(II)
• Mergulhe nesta solução um prego (previamente limpo com a palha de aço).
• Observe as condições iniciais de reação e anote alguma evidência de transformação.
• Escreva a equação que descreve a reação química.
• Qual é o fenômeno que ocorreu na superfície do metal ?
• Explique o que ocorreu baseando-se no potencial da reação .
• Coloque em um béquer a solução de Zn (II) e mergulhe uma lâmina de cobre.
• Observe e anote os resultados.

Montagem da pilha de cobre e zinco (Pilha de Daniell)


• Coloque, em um béquer, 20 mL da solução de sulfato de cobre(II) e num outro, 20 mL da solução
de sulfato de zinco(II).
• Com a ponte salina em gel que já se encontra preparada, mergulhada em KCl (aq), com auxílio de
uma pinça retirá-la do béquer e em seguida monte o sistema conforme o esquema da figura abaixo.

ZnSO4 (aq) CuSO4 (aq)

• Feche o circuito intercalando o voltímetro entre os eletrodos (ligue o eletrodo de zinco ao


terminal negativo e o eletrodo de cobre ao terminal positivo do voltímetro).
• Escreva as equações das semi-reações que ocorrem nos eletrodos (cátodo e ânodo) e a reação
global.
• Leia a diferença de potencial no voltímetro.
• Após a leitura, desligue o multímetro, retire os eletrodos das soluções e em seguida a ponte salina
enxaguando-a com água destilada, devolva em seguida para o béquer com solução de KCl.
• Com o auxílio da Tabela de Potencial Padrão de Redução, calcule a diferença de potencial (Δ)
da pilha.
• Compare o valor experimental com o valor teórico.

27
Obs:As soluções de sulfato de cobre(II) e de sulfato de zinco(II) deverão ser reaproveitadas.

Eletrólise
• Faça uma montagem conforme o esquema da figura abaixo.

• Faça a ligação entre os pólos da fonte e os eletrodos de carbono (grafite) imersos em um tubo em
U.
• Coloque no tubo em U a solução de KI 0,5 mol L-1 até enchê-lo quase completamente.
• Deixe que a eletrólise se processe por 2 a 3 minutos.
• Observe e anote o que ocorre no cátodo e no ânodo.
• Remova os eletrodos de carbono.
• Retire, com uma pipeta, aproximadamente 2 mL de solução de um dos ramos do tubo em U e
coloque em dois tubos de ensaio; faça o mesmo com o outro ramo do tubo em U, utilizando outros
dois tubos de ensaio.
• Adicione 1 gota de fenolftaleína a um tubo de ensaio de cada par.
• Observe e anote o resultado.
• Adicione 1 gota de dispersão de amido a um tubo de ensaio de cada par.
• Observe e anote o resultado.
• Interprete os resultados obtidos.

Referências
1. Trindade, D.F.; Oliveira, F.P.; Banuth, G.S. & Bispo, J.G.; "Química Básica Experimental";
Ed. Parma Ltda., São Paulo (1981).
2. Giesbrecht, E.; "Experiências de Química, Técnicas e Conceitos Básicos - PEQ - Projetos de
Ensino de Química"; Ed. Moderna - Universidade de São Paulo, SP (1979).
3. Russell, J.B.; "Química Geral", 2a Edição, Makron Books Editora Ltda., São Paulo (1994).
28
4. Semichin, V.; "Práticas de Química Geral e Inorgânica"; Ed. Mir Moscou, URSS (1979).
5. Hunt, H.R. & Block,T.F.; "Laboratory Experiments for General Chemistry"; Saunders College
Publishing, Orlando (1994).
6. Lenzi,E.;Favero,L.O.B.;Tanaka,A.S.;Vianna,E.A.F.;Silva,M.B.;Gimenes,M.J.G.;”Química
geral experimental”. Ed. Freitas Barros; Rio de Janeiro(2004)

29
30
C L A S S I F I C A Ç Ã O P E R I Ó D I C A D O S E L E M E N T O S
PRÁTICAS DE QUÍMICA GERAL - 1999

Classificação Periódica dos Elementos

1 Número Atômico 18
1 Massa atômica relativa. A incerteza no 21 2
H último dígito é  1, exceto quando Sc Símbolo He
1 2 13 14 15 16 17
1,0079 indicado entre parênteses. Os valores 44,956 4,0026
3 4 com * referem-se ao isótopo mais 5 6 7 8 9 10
Li Be estável B C N O F Ne
2
6,941(2) 9,0122 10,811(5) 12,011 14,007 15,999 18,998 20,180
11 12 13 14 15 16 17 18
Na Mg Al Si P S Cl Ar
3 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
22,990 24,305 26,982 28,086 30,974 32,066(6) 35,453 39,948
19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr
4
39,098 40,078(4) 44,956 47,867 50,942 51,996 54,938 55,845 58,933 58,693 63,546 65,39(2) 69,723 72,61(2) 74,922 78,96(3) 79,96(3) 83,80
37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54
Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te I Xe
5
85,468 87,62 88,906 91,224 92,906 95,94 98,906* 101,07(2) 102,91 106,42 107,87 112,41 114,82 121,76 121,76 127,60 126,90 131,29(2)
55 56 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86
57 a 71
Cs Ba Hf Ta W Re Os Ir Pt Au Hg Tl Pb Bi Po At Rn
6 La - Lu
132,91 137,33 178,49(2) 180,95 183,84 186,21 190,23(3) 192,22 195,08(3) 196,97 200,59(2) 204,38 207,2 208,98 209,98* 209,99* 222,02*
87 88 104 105 106 107 108 109
89 a 103
Fr Ra Db Jl Rf Bh Hn Mt
7 Ac - Lr
223,02* 226,03* 261* 262* ---- ---- ---- ----

57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71
La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu
138,91 140,12 140,91 144,24(3) 146,92* 150,36(3) 151,96 157,25(3) 158,93 162,50(3) 164,93 167,26(3) 168,93 173,04(3) 174,97
89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103
Ac Th Pa U Np Pu Am Cm Bk Cf Es Fm Md No Lr
227,03* 232,04* 231,04* 238,03* 237,05* 239,05* 241,06* 244,06* 249,08* 252,08* 252,08* 257,10* 258,10* 259,10* 262,11*

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