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RECURSOS FLORESTAIS EM ANGOLA: A EXPLORAÇÃO DA RESERVA DO 2021

BEU, PROVÍNCIA DE UÍGE, MUNÍCIPIO DE MAQUELA DO ZOMBO/2010-2019:


SUA PROTECÇÃO NO DIREITO ANGOLANO

INTRODUÇÃO

Os recursos florestais estão intrinsecamente num conjunto de recursos naturais


que são componentes do meio ambiente e que garantem a sobrevivência das
espécies vivas do planeta. Em regra, todas as espécies vivas dependem de
serviços ecossistêmicos dos recursos naturais, assim, estando sempre em
constantes explorações, é preocupante e, ao mesmo tempo é necessário a
análise das estratégias de actuação pelos agentes exploradores sendo
pessoas físicas como colectivas pelo facto de que as suas actividades estejam
vinculadas, na maioria das vezes, à exploração das florestas, actuando até às
reservas do Estado, gerando resíduos e degradando o meio ambiente sem
considerar os seus valores.

Neste trabalho analisa-se a prática da exploração da reserva florestal do Béu


porque infelizmente são os exploradores florestais negligentes e os que não
têm noção de como preservar o meio ambiente responsáveis pelos problemas
ambientais, propulsionando o esgotamento das florestas, lançando resíduos no
meio ambiente. Com isso, é bom que antes de serem obrigados legalmente a
adequarem-se às formas ecologicamente exploradoras, devem ser submetidos
a um processo de competição dinâmica, abrindo margens para um
questionamento económico para notarem o quanto vale a pena investir no meio
ambiente, podendo por sua vez respeitarem o que está positivado na
Constituição da República de Angola de 05 de Fevereiro de 2010, dizendo que
“os recursos naturais sólidos, líquidos ou gasosos existentes no solo, subsolo,
no mar territorial, na zona económica exclusiva e na plataforma continental sob
jurisdição de Angola serem propriedades do Estado, que determina as
condições para a sua concessão, pesquisa e exploração, nos termos da
Constituição, da lei e do Direito Internacional”1. E o artigo 1.º da Lei número
6/17 de 24 de Janeiro dispõe de que “a lei visa estabelecer as normas que
garantem a conservação e o uso racional e sustentável das florestas e da
fauna selvagem existentes no território nacional e ainda as bases gerais do
exercício de actividades com elas relacionadas”2.

1Cfr. Artigo 16.º da CRA.


2Cfr. Artigo 1.º da Lei n.º 6/17 de 24 de Janeiro – Lei de Bases de Florestas e Fauna
Selvagem, in Diário da República – I série – N.º 13, página. 217.

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1. Problemática

Segundo Carlinhos Zassala, a problemática do estudo, serve para formular o


problema, limitando o seu campo e apresentando as suas características 3.

Os recursos naturais, são elementos da natureza úteis ao ser humano para a


sua sobrevivência. No entanto, a exploração florestal deve ser feita nos
parâmetros legais, muita das vezes diferente do que acontece em Angola.
Sendo assim, no âmbito da investigação do trabalho levou-se a fazer as
seguintes questões:

1- Estaria a actividade dos exploradores florestais implicitamente no


conceito de protecção, assim, tutelada pela Lei n.º 6/17 de 24 de Janeiro?
2- Quais são os actores da exploração da reserva florestal do Béu e como
analisa-se as suas práticas?
3- Qual é a razão da intervenção do Estado quanto a protecção da reserva
florestal?
2. Hipóteses

Definem-se as hipóteses, como respostas prováveis ao problema que se


levantou.

De acordo com a problemática, seguem-se às seguintes hipóteses:

1- Presume-se que a actividade dos exploradores florestais estaria sim


implicitamente no conceito de protecção, assim, tutelada pela Lei n.º 6/17 de 24
de Janeiro.
2- Pelo facto de que as vias de acesso do Béu às outras circunscrições não
estarem em condições, presume-se que os actores da exploração florestal são
os natos daquela comuna e pelo que parece a tal prática é meramente
negativa.
3- Acha-se que o Estado intervém no sentido de criar políticas e
estabelecer regras para que elas sejam bem exploradas com intuito de vierem
a constar sempre nos planos de ordenamento do território4.

3 Cfr. ZASSALA, Carlinhos – Iniciação à pesquisa científica. 3.ª Edição. Luanda: Mayamba.
2015, p. 56.
4 Cfr. N.º 1 do artigo 21.º da Lei n.º 6/17, Op. Cit., p. 226.

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3. Delimitação do estudo

O tema em análise fala dos Recursos Florestais em Angola nomeadamente da


Exploração da Reserva do Béu, Província do Uíge, Município de Maquela do
Zombo no período de 2010 á 2019.

4. Objecto

O presente trabalho tem como objecto de estudo, recursos florestais em


Angola: a exploração da reserva do Béu, província de Uíge, município de
Maquela do zombo/2010-2019: sua protecção no direito angolano.

5. Objectivos

Traduz-se no fim que se deseja atingir ou a meta que se pretende alcançar no


âmbito do desenvolvimento do trabalho.

Como nenhum trabalho realiza-se sem ter um alvo a alcançar. Na verdade, a


realização desta pesquisa tem como pressupostos seguintes:

5.1. Objectivo geral


1- Identificar os problemas da má exploração florestal e a
responsabilização pelos danos causados ao meio ambiente.
5.2. Objectivos específicos

1- Analisar a Lei sobre a protecção florestal especificamente quanto a


exploração da Reserva Florestal do Béu, na Província do Uíge, Município de
Maquela do Zombo;
2- Avaliar a actuação do Estado diante da protecção florestal;
3- Verificar os actos dos agentes exploradores florestais com fim de saber
se vão de acordo com a lei ou não;
4- Estudar mecanismos que possam garantir uma relação saudável entre o
Estado e os agentes exploradores florestais.
6. Justificativa

A escolha do tema deve-se à intenção de fazer compreender e identificar de


forma académica e científica, a razão da existência dos recursos florestais: o
erro que os exploradores da reserva do Béu, província do Uíge, município de
Maquela do Zombo têm cometido, os danos que têm causado ao meio

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ambiente, as responsabilidades que lhes pesam civil e penalmente como dar


algumas sugestões relactivamente ao entendimento do tema de acordo com a
formação que tive nesta universidade.

7. Metodologia

7.1. Métodos

Método é o caminho trilhado no estudo de um caso a fim de indagar a


veracidade. Por isso neste trabalho usa-se os métodos teórico, empírico e
matemático5.

7.2. Técnicas de pesquisa

Para o melhor desenvolvimento do presente trabalho, serão aplicadas técnicas


de inquérito por questionário6.

7.3. Amostra

O estudo em análise suporta uma população aproximadamente de 70


inquéritos, sendo 21 funcionários da Administração Comunal do Béu, 9
Funcionários da Repartição do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) da
Comuna do Béu e 30 Trabalhadores singulares da reserva florestal do Béu7.
7.4. Tratamento dos dados

Os dados recolhidos na amostra deste estudo, estão catalogados e analisados,


visando formular uma opinião sobre o posicionamento da exploração e a
protecção da reserva florestal do Béu8.

8. Plano sumário

Além da introdução, conclusão sugestões e anexo, este trabalho está dividido


em três capítulos.

CAPÍTULO I – conceito de recursos florestais. Todavia neste capítulo fala-se


da noção de recursos florestais começando pelo breve historial das florestas
englobando a idade pré-histórica que são: a idade antiga, a idade moderna, a
idade contemporânea. Aponta alguns conceitos dos recursos florestais e a sua
5 Cfr. Capitulo III – Estudo de caso…, p. 42 seguintes (ss).
6 Ibidem., p. 47.
7 Ibidem., p. 50.
8 Ibidem., p. 52 e ss.

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importância, fala-se dos recursos florestais em angola começando pelo breve


historial, a caracterização do sector, os recursos florestais como bens
ambientais, o enquadramento doutrinal e legal, fala-se ainda das reservas
florestais em Angola começando pela sua definição e constituição, os tipos de
reservas e as suas localizações e quanto ao programa nacional de
repovoamento florestal em Angola, começa pelo seu historial e os resultados, a
situação do programa no momento actual, a importância de existir e quais são
os responsáveis pelo seu repovoamento.

CAPÍTULO II – O quadro jurídico do ambiente. Neste capítulo, todavia, aborda


as matérias concernentes a constitucionalização do ambiente começando pelo
direito do ambiente, ambiente estado social e a concepção legal, o ambiente
como novo bem jurídico englobando a concepção meramente jurídica e
doutrinal na sua amplitude, o direito fundamental ao ambiente. Sobre a
fiscalização do ambiente, começa a tratar sobre o acesso aos recursos
florestais ambientais, autorização e fiscalização dos recursos florestais
ambientais, a responsabilidade de fiscalização onde se aponta o papel dos
Governos central e local, das comunidades locais, dos sectores privado e
cooperativo, das organizações da sociedade civil, dos académicos e
investigadores e dos parceiros da cooperação internacional. Sobre a
responsabilização pelos danos causados ao meio ambiente aborda a
responsabilidade civil dos exploradores florestais englobando nesta temática a
responsabilidade civil subjectiva e objectiva bem como a reparação dos danos
ambientais, e quanto a responsabilização penal aborda sobre a noção de
crimes ambientais a fundamentação da acção e de culpa dos exploradores
florestais terminando com o Direito Penal como instrumento da protecção do
meio ambiente.

CAPÍTULO III – Estudo de Caso: A Exploração da Reserva Florestal do Béu,


Província do Uíge, Município de Maquela do Zombo, 2010-2019. Neste último
capítulo fez-se um estudo de campo, usando a técnica de questionários com
questões abertas aplicando-as aos funcionários da Administração Comunal do
Béu, Funcionários da Repartição do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA)
da Comuna do Béu e Trabalhadores singulares da reserva florestal do Béu,
apresentando o número total da população alvo 70, e onde temos como
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amostra o total de 35. Os inqueridos responderam de livre e espontânea


vontade de tudo por um pouco que têm acompanhado sobre a exploração das
reservas florestais, como demonstram nos gráficos e tabelas abaixo
mencionadas, com a finalidade de sabermos qual é o mecanismo utilizado para
a exploração da reserva do Béu no Município de Maquela do Zombo e qual é o
estado que se encontra até o dia hoje.

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CAPÍTULO I – CONCEITO DE RECURSOS FLORESTAIS

SECÇÃO I – NOÇÃO DE RECURSOS FLORESTAIS

1. Breve historial

1.1. História das florestas

A história é um trabalho de pesquisa e desenvolvimento, originária da


investigação de eventos e processos ocorridos anteriormente. Ao longo do
tempo todas as áreas florestais do planeta sofreram alterações pela interacção
com o homem, de onde viemos, onde estamos e para onde vamos.

1.1.1. A Idade pré-histórica das florestas

A pré-história inclui o surgimento da primeira árvore há 245 milhões de anos,


glaciações e desmatamentos naturais, assim como o processo de integração
entre o homem e a floresta, com a prática de colecta e caça e o domínio do
fogo, há meio milhão de anos. O sistema silvicultural de colecta selectiva e
regeneração natural estava ajustado a uma sociedade que concebia os
recursos florestais como infinitos, retirando aquilo que necessita sem
preocupação com o ritmo da reposição. A colecta selectiva e regeneração
natural foram utilizadas quando existisse o que hoje é uma visão romântica da
sociedade global, apropriada para uma situação de algo como 27 mil árvores
disponíveis para cada cidadão9.

A idade pré-histórica das florestas ocorreu na África, na Ásia, na Europa, na


Oceânia e nas Américas de formas bastante similares, relacionadas com a
evolução climática do planeta. O estudo deste comportamento das florestas
nos diferentes continentes, relacionado directamente com a evolução e
mudanças climáticas históricas, determina o principal mecanismo da co-
evolução entre as florestas e a sociedade, tendo como principal motor os
fenómenos naturais envolvidos. E como a história é dividida entre idades:
Antiga, Média, Moderna e Contemporânea. As florestas têm acompanhado a

9Cfr. ASHIEY, Patrícia Almeida – História do Direito do Ambiente e os danos Ecológicos. 2.ª
Edição. São Paulo: Saraiva. 2005, p. 15.

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história humana desde antes do seu acontecimento, e apresentados diferentes


papéis ao longo da evolução da comunidade global10.

1.1.1.1. A Idade antiga

Idade Antiga, ou Antiguidade, que vai da invenção da escrita de 4000 antes de


Cristo a 3500 antes de Cristo até a queda do Império Romano do Ocidente em
476 depois de Cristo. Neste tempo os homens exploravam as florestas
utilizando machados de pedra e depois serrotes de metal, com a substituição
de áreas para uso agro-pecuário e residencial avançando no mesmo ritmo do
crescimento populacional, ainda bastante pequenos para ter impactos
significativos na modificação dos cenários rurais, aonde vivia praticamente toda
a população mundial. Durante todo período as florestas sempre foram vistas
como infinitas, por isso o corte selectivo e regeneração natural era a prática
usual de manejo das áreas florestais, ajustado para a disponibilidade de cerca
de 27 mil árvores por habitante. Na Amazónia brasileira por exemplo há fortes
evidências de extenso desmatamento para uso agro-pecuário e residencial,
que ainda estava presente no início da colonização europeia11.

1.1.1.2. A Idade média

A Idade Média vai da queda do Império Romano até a queda de


Constantinopla, Império Romano do Oriente, em 1453 ou outro evento
importante em data próxima, conquista de Ceuta, chegada à América. Na Idade
Média ou Idade das Trevas, as florestas representavam perigo. Os bosques
incluíam-se nas áreas denominadas como incultos, por não haver actividade
humana no trabalho da terra, sendo espaço de caça e de extracção vegetal e
mineral. O homem rural trabalhava as florestas como infinitas, sem qualquer
preocupação com seu cultivo efectivo. Durante a Alta Idade Média, entre os
séculos V e XI, a madeira A madeira foi a matéria-prima mais utilizada pela
sociedade em todos os sectores e exerceu uma importante função na produção
material da vida dos homens medievais. O manejo florestal era executado com
base no corte selectivo e regeneração natural, e levava a exaustão e baixa
quantidade dos estoques florestais, ao mesmo tempo em que avançava o

10 Cfr. ASHIEY, Patrícia Almeida – História do Direito do Ambiente…, Op. Cit., p. 16.
11 Ibidem., p. 17.

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crescimento populacional e substituição de áreas para agro-pecuária,


residencial, comercial e outros usos não florestais da terra. As guerras do
período contribuíam para dizimar grandes áreas florestais. Nesta época o
número de árvores por habitante decresce para 25 mil e tem início o uso de
substituição da madeira por outros materiais12.

1.1.1.3. A Idade moderna

A Idade Moderna surge depois do fim do Império Romano do Oriente e segue


até o fim da Revolução Francesa, em 1789. A madeira continua sendo a
principal matéria-prima para todos os sectores da economia. Até o início do
século a exploração das florestas europeias pelo sistema de corte selectivo
com regeneração natural resultou em um estoque médio de 100 m³ hà e uma
produtividade de 1 m³ hà por ano na região. As grandes navegações ocorreram
neste período e com elas a ocupação e substituição de usos da terra florestal
por agro-pecuária, residencial e comercial chegou aos litorais dos países
tropicais13. Na América do Norte ocorreu a conquista do território, e as florestas
nativas foram dando lugar a cultivos de todos os tipos. Foi a Alemanha, que
iniciou o período de mudanças nos sistemas silviculturais, focados na selecção
de indivíduos, colecta de sementes e produção, melhoramento genético de
usos de interesse, plantios planejados com fertilização, com produtividade e
estoques aumentados no final da intervenção. Nesta época o número de
árvores por habitante decresceu para menos de 4 mil. O homem contínua rural,
mas o crescimento populacional fez surgir a preocupação com o cultivo efectivo
das florestas para produção de madeira e outros produtos florestais para
fornecer uma crescente população urbana14.

1.1.1.4. A Idade contemporânea

A Idade Contemporânea é o período que se inicia a partir da Revolução


Francesa, e coincide com a chegada da era industrial no globo. A explosão
demográfica foi acompanhada pelo aumento exponencial do ritmo de

12 Cfr. ASHIEY, Patrícia Almeida – História do Direito do Ambiente…, Op. Cit., p. 19.
13 Cfr. SILVA, Vasco Pereira da – Verdes são também os direitos do homem (Publicismo,
associativismo e privatismo no Direito do Ambiente). 2.ª Edição. Coimbra: Almedina. 1999,
páginas. 140 – 141.
14 Cfr. ASHIEY, Patrícia Almeida – História do Direito do Ambiente…, Op. Cit., p. 27.

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substituição dos usos da terra florestal em todo o mundo. Novas áreas de


cultivo e criação de animais domésticos, novas áreas residenciais, comerciais,
industriais e para a deposição de resíduos foram sendo incorporadas e a
urbanização planetária tornou-se uma realidade. Até surgir o Direito
Internacional Público que primeiro traduziu em normas as angústias nascentes
verdes15 passaram a ser também os direitos do homem16. O Pacto
Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais aprovado, em 1966,
no seio da Organização das Nações Unidas, consagrou, no n.º 1 do artigo 12.º,
um dever de promoção da qualidade do meio ambiente por parte dos Estados
e, em 1972, surge a Declaração de Estocolmo, fruto da primeira Conferência
Mundial sobre a questão ambiental, convocada pela Assembleia Geral da
ONU17.

Ao ambiente foi então reconhecido um valor transgeracional, que implica, para


os Estados, um dever de uso racional dos recursos naturais, com vista à sua
preservação para uso das gerações futuras18.

2. Conceito e definição

2.1. Definição

Os recursos são os bens ou as matérias-primas que têm utilidade em função


de algum objectivo. O conceito também se refere àquilo que é necessário para
a subsistência. Florestal, por sua vez, é um adjectivo que qualifica aquilo que
está relacionado com a floresta e a extracção ou exploração das suas árvores,
e plantas19.

15 Desde logo ao nível das Organizações Internacionais, com a criação, em 1948 da União
Internacional para a conservação da natureza e dos recursos naturais, sob a égide da
UNESCO. Esta Organização não-governamental foi a responsável pela elaboração da primeira
lista de espécies a proteger e da estratégia mundial da conservação. DRON, Dominique –
Ambiente e escolhas políticas – 1.ª Edição. Lisboa: Gato Bravo. 1998, pp. 25 – 28.
16 Cfr. SILVA, Vasco Pereira da – Verdes…, Op. Cit., p. 22.
17 Declaração de Estocolmo de 1972. Disponível em www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/–

Arquivos/Estocolmo.doc. Acesso em 28 de Novembro de 2019. 10 Horas e 45 minutos.


18 Cfr. CABANILLAS, Rabbi Baldi R – A defesa do ecossistema constitui um bem comum

internacional - Nota para a fundamentação do Direito Ambiental, in Tese de Mestrado.


Barcelona: Universidade Pompeu Fabra. 1996. Capítulos I e II, pp. 45 – 62.
19 Cfr. SILVA, Vasco Pereira da – Breve Ensaio sobre a Protecção Constitucional das Gerações

Futuras, in Homenagem ao Prof. Doutor Diogo Freitas do Amaral. Coimbra: Almedina. 2010,
pp. 132 – 134.

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3. Importância
As florestas têm uma grande importância socioeconómica devido ao uso da
madeira como combustível, materiais de construção, e aproveitamento de
outros recursos para fins de alimentação e medicinais20. Um recurso florestal,
por conseguinte, é bastante importante porque protege o meio ambiente
garantindo uma vida saudável as populações e ao que se obtém nele permitem
satisfazer alguma necessidade humana21.

SECÇÃO II – RECURSOS FLORESTAIS EM ANGOLA

1. Breve historial

Desde o início da sua exploração excessiva, caracteriza-se em dois grandes


períodos como:
1- É desde a década 50 - 1975, ano em que Angola conquistou sua
independência de Portugal. Esse período, denominado de período da
colonização portuguesa, é caracterizado pelo início da extracção industrial de
madeira, que acontecia de forma completamente rudimentar.
O volume de madeira exportada era maior que o consumido localmente, sendo
exportadas apenas as espécies que podiam flutuar nos rios, único modo de
transporte das matas até as estradas.
2- Período, de 1975 até hoje é denominado de período pós-independência,
pode ser dividido em dois subperíodos:
a) De 1975-1992 o período de mercado centralizado onde a prática de
exploração florestal não foi de forma liberal, somente o Estado poderia praticar
tal acto.
b) De 1992 até hoje é o período de mercado descentralizado onde o
Estado deu a oportunidade de certas pessoas físicas ou colectivas a exercerem
práticas de exploração florestal de forma livre e independente, facto que tem
sido um desastre autêntico porque por exemplo na relação População Área de
Floresta Densa Húmida (Pop. /AFDH) nas diversas províncias demonstra que
em algumas províncias a desflorestação é muito intensiva, como é o caso das

20 Cfr. Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas. 2018 – 2030. Angola – Publicada em
Agosto de 2019, conteúdo da tabela 19 sobre Gestão das florestas e outros usos do solo, p.
49.
21 Cfr. GOMES, Amado Carla – Introdução ao Direito do Ambiente. 2.ª Edição. Lisboa: Gato

Bravo. 2012, p. 67.

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províncias de Cabinda, Benguela, Bengo, Huambo e Uíge, tanto que no caso


de Luanda, já não existe mais Áreas de Floresta Densa Húmida22.
2. Caracterização do sector
O País apresenta uma extensão florestal de aproximadamente 53 milhões de
hectares, o que corresponde a 43,3 % da sua superfície territorial. Mais de 2 %
da floresta densa húmida de alta produtividade estão localizadas nas
províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Bengo e Kuanza Norte23.
3. Recursos florestais como bens ambientais
3.1. Enquadramento legal

Os recursos florestais têm uma definição legal na al. xx do artigo 3.º do Decreto
Presidencial n.º 171/18, de 23 de Julho sobre o Regulamento Florestal,
Recursos Florestais, são bens tangíveis e intangíveis que aparecem ou
crescem na floresta, de valor actual ou potencial para a humanidade, incluindo
qualquer organismo vivo ou qualquer produto deste dentro de uma floresta,
bem como os serviços cios ecossistemas florestais24. Sendo componente
directo do meio ambiente tem uma concepção legal baseada na CRA referindo-
se aos direitos, liberdades e garantias, artigo 39.º, assim como no título
respeitante à Constituição Económica, al. h do artigo 89.º e n.º 2 do artigo 91.º
em virtude da sua importância na defesa dos interesses das gerações actuais e
futuras e na concepção de um desenvolvimento sustentado da economia
nacional25 e com base a o n.º 2 do anexo da Lei n.º 5/98, de 19 de Junho 26,
pelo facto de definir o meio ambiente como conjunto dos sistemas físicos,
químicos, biológicos e suas relações e dos factores económicos, sociais e
culturais com efeito directos ou indirecto, mediato ou imediato sobre os seres
vivos e a qualidade de vida dos seres humanos.

3.2. Enquadramento doutrinal

Os recursos florestais são considerados bens ambientais porque gozam um


papel fundamental na garantia de uma vida saudável dos membros existentes

22 Cfr. VAZ Pinto, P. – Ciência agrária. Revista n.º 45, in Luanda: Mayamba. 2006, pp. 59 – 78.
23 Cfr. Estratégia Nacional…, Op. Cit., p. 21.
24 Al. 20 do artigo 3.º do Decreto Presidencial n.º 171/18 de 23 de Julho sobre o Regulamento

Florestal, in Diário da República – I Série – N.º 107, p. 3894.


25 N.ºs 1, 2 e 3 do Artigo 39.º, al h) do artigo 89.º e n.º 2 do artigo 91.º todos da CRA.
26 Cfr. Lei n.º 5/98 de 19 de Junho – Lei de Bases do Ambiente, in Diário da República – I Série

- n.º 27, p. 362.

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numa determinada comunidade. Os recursos florestais representam tudo aquilo


que nos cerca, abrangendo todos os bens naturais, artificiais e culturais de
valor juridicamente protegido, desde o solo, as águas, o ar, a flora, a fauna, as
belezas naturais e artificiais, do ser humano ao património histórico, artístico,
paisagístico, monumental, arqueológico, além das variadas disciplinas
urbanísticas contemporâneas27.

Porém, o ambiente é um direito para cada pessoa humana em virtude de ser a


interacção do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que
propiciam o desenvolvimento equilibrado da pessoa humana.

Por exemplo, HELITA BARREIRA CUSTÓDIO defende que o meio ambiente é


o conjunto de condições, leis, influências e interacções de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas, considerando-se ainda o meio ambiente como um património público a
ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso colectivo 28
ao passo que JOÃO PEREIRA REIS, entende que os conceitos de ambiente e
natureza não são sinónimos, não pertencem à mesma realidade. Para este
autor o conceito de ambiente seja qual for a definição perfilhada terá uma
vocação mais ampla do que o conceito de natureza.29.

SECÇÃO III – RESERVAS FLORESTAIS EM ANGOLA

1. Definição e constituição

1.1. Definição

As reservas florestais, são áreas de conservação natural sob tutela do Estado


de um determinado país com intuito de procurar garantir uma estabilidade
ambiental sadia para as sociedades presentes e vindouras30. Considerando-se
assim como medidas de gestão cujas finalidades podemos encontrar nas als

27 Cfr. CUSTÓDIO, Helita Barreira – Legislação Ambiental como Mecanismo Indutor e


Regulador do Crescimento Económico e Qualidade Ambiental. Rio de Janeiro, in Revista n.º 13
do Curso de Mestrado em Direito. 1988, p. 180.
28 Idem., p. 181.
29 Na medida em que tende a abarcar a totalidade do quadro de vida do homem, no qual se

incluem os factores criados ou constituídos pelo próprio homem e não apenas os elementos
naturais que o homem veio encontrar à face da terra. REIS, João Pereira – Contributos para
uma Teoria do Direito do Ambiente. 2.ª Edição. Lisboa: Academia de Ciências. 1987, p. 18.
30 Cfr. ARAÚJO, Raul – A Protecção do Ambiente e das suas Reservas. Coimbra: Almedina.

2012, p. 39.

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a): assegurar a gestão sustentável, a qualidade, a diversidade e a


disponibilidade de recursos florestais; b): assegurar a exploração sustentável
dos recursos florestais, em especial o equilíbrio a longo prazo entre os recursos
disponíveis e a sua procura; c): contribuir para o combate à desertificação e à
mitigação dos efeitos da seca, em especial pela recuperação de terras
degradadas; d): assegurar a contribuição dos recursos florestais nacionais para
a satisfação contínua e suficiente das necessidades dos cidadãos,
designadamente em matéria de alimentação, saúde, energia, construção,
mobiliário, artesanato, lazer, educação e formação e investigação científica; e):
contribuir para a utilização e transformação no País, designadamente na área
de extracção, dos produtos florestais para a promoção das empresas
angolanas e para a criação de emprego a nível local; f): assegurar a
contribuição dos recursos florestais para o abastecimento da indústria nacional
em produtos florestais, bem como a geração de emprego; g): contribuir para o
desenvolvimento rural, mediante a integração nas actividades de exploração
florestal das empresas comunitárias e familiares, bem como de outras micro e
pequenas empresas; h): promover a integração das comunidades rurais na
economia formal, com vista a assegurar o seu próprio desenvolvimento e a
aumentar a sua contribuição para o desenvolvimento económico e social do
País; i): assegurar a coordenação institucional em matéria de protecção da
cobertura florestal e de gestão de recursos naturais, em especial a
compatibilização das medidas de ordenamento florestal com as medidas de
ordenamento do território e de gestão de solos e de águas; e, j): contribuir para
o controlo da comercialização de produtos florestais do artigo 48.º da Lei nº
6/17 de 24 de Janeiro31.

1.2. Constituição

A sua constituição vária de acordo a legislação de cada país onde no caso de


Angola a sua constituição é feita pelos governadores por meio de portaria, e
sobre proposta dos serviços de agricultura e florestas, abrangendo tractos de
terrenos do património da província ou do domínio público. Tal como diz o n.º

31Cfr. Als. a), b), c), d), e), f), g; h), i) e j) do artigo 48.º da Lei n.º 6/17 de 24 de Janeiro…, Op.
Cit., pp. 230 – 231.

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1, alíneas a), b) e c) do n.º 2, n.º 3, alíneas a), b), c) d), e) e f) do n.º 4, alienas
a), b), c) e d) do n.º 5 e n.º 6 do artigo 21.º da Lei nº 6/17 de 24 de Janeiro32.

2. Tipos e localizações das reservas florestais em Angola

Angola é um país tão rico em recursos naturais onde o sector florestal é uma
das evidências mais concreta e explorada, tanto que o Estado achou
conveniente conservar algumas para manter o bem-estar do meio ambiente e
garantir uma vida sadia para as gerações vindouras como33:
 RESERVAFOLRESTAL DO KAKONGO (MAIOMBE): situada em
Cabinda, contém a área de 650 Km2, tem a localização geográfica na Junção
do meridiano 12 15 com paralelo 4 20 e com os seus limites do Norte, Fronteira
com o Congo; do Leste, Rio Luali; do Oeste, com o Rio Inhuca; e Sul,
Confluência do rio Inhuca com o rio Luali.

 Tipos de vegetação: Floresta húmida de nevoeiros e de baixa altitude.

 RESERVA FLORESTAL DE CALUCALA / KUANZA-NORTE: contém a


área de 800 Km2, a sua localização geográfica consagra-se na Junção do

32 N.º 1. Após a realização dos pertinentes estudos científicos, o Estado deve assegurar que
sejam definidas as áreas de florestas de protecção e para fins especiais que vierem a constar
dos planos de ordenamento do território, al. a) A protecção e conservação da diversidade
biológica e de fontes de armazenamento de água, al. b) A protecção e conservação de bacias
hidrográficas e de recursos hídricos, em especial a protecção de nascentes e margens de rios
e de lagos, lagoas, albufeiras e barragens, al. c) A protecção e conservação de solos,
protecção contra os ventos e movimentação de areias, de terrenos agrícolas, de pastagens e
de vias de comunicação do n.º 2 sobre a visão da protecção das florestas, n.º 3 as florestas de
protecção são naturais ou plantadas al. a) Nas áreas desérticas, al. b) Nos ecossistemas de
montanha (escarpa ou altitude) al. c) Nas nascentes e margens dos rios, num perímetro de 50
metros e faixa mínima de 50 a 500 metros, respectivamente, al. d) Ao redor das lagoas, lagos
ou reservatórios de água, num raio de 50 a 100 metros, al. e) Nos ecossistemas dos mangais e
al. f) Nas cinturas verdes de zonas urbanas ou periurbanas do n.º 4, sobre a protecção
permanente das florestas, al. a) A protecção e conservação de espaços verdes em áreas
urbanas ou urbanizadas, al. b) A protecção e conservação de paisagens de valor estético, al c)
A protecção e conservação de valores culturais, incluindo históricos, nacionais e locais e al. d)
A protecção e conservação de objectos e locais estratégicos de interesse económico ou militar
do n.º 5, sobre a visão particular das florestas para fins especiais e n.º 6 dizendo que cabe ao
Estado assegurar que nos planos urbanísticos seja prevista a criação de florestas referidas no
número anterior, em especial para a manutenção de espaços verdes em áreas urbanas ou
urbanizadas. Do art. 21.º da Lei n.º 6/17 de 24 de Janeiro…, Op. Cit., p. 226.
33 Cfr. Angola – Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural. 2001. Relatório Nacional

sobre a Situação dos Recursos Zoogenéticos para a alimentação e agricultura. www.angop.ao


Consultado em: 23 de Novembro de 2019. 15 Horas e 10 minutos – Estes dados constam nos
resultados preliminares da primeira fase do primeiro Inventário Florestal Nacional (I.F.N) pós-
independência, apresentado pelo Ministério da Agricultura, em parceria com a Organização das
Nações Unidas (O.N.U) para a Alimentação e Agricultura.

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meridiano 14 10 com o paralelo 900, é delimitada pelo Norte e Oeste, ao Rio


Zenza e ao Leste e Sul, pelo Rio Calucala.

 Tipos de Vegetação: Floresta húmida de nevoeiros.

 Dizer que é uma floresta Cafeeira.

 RESERVA FLORESTAL DO GOLUNGO-ALTO / CUANZA-NORTE:


contém á área de 558 Km2, fica localizada na Junção do meridiano 14 30 com
o paralelo 900, tem o seu limite ao Norte e Leste, pelo Rio Zenza; a Oeste,
Com a reserva do Calucala; e a Sul pelo Rio Caculama.

 . Tipo de vegetação: Floresta húmida de nevoeiros semi-decidua e muito


cafeeira.

 RESERVA FLORESTAL DO CAMINHO DE FERRO DE MALANGE/


MALANGE: contém a área de 200 Km2, está localizada na Junção do
meridiano 14 30 com o paralelo 1 15, com os seus Limites, ao Norte, pela
Picada Zenza do Itombe ao Cambondo; a Oeste, pelo Zenza do Itomba; a
Leste, pela Picada que sai do Cambondo à estrada do Ndalatando e a Sul, pela
Linha recta que sai do Zenza do Itombe ao encontro da picada do Cambonda
com a estrada de Ndalatando.

 Tipos de vegetação: Mosaico de savana zembenziana e floresta


cafeeira.

 RESERVA FLORESTAL DE SAMBA-LUCALA / MALANGE: contém a


área de 400 Km2 tem sua Localização Geográfica, da Junção do meridiano 15
30 com o paralelo 8 55, com os seus Limites, a Norte, Rio Kionga; a Oeste,
pelo Rio Kionga e a Sul e Leste, pelo Rio Camuneia.

 Tipo de vegetação: Mosaicos de balcedos e savanas, mesoplanalticas.

 RESERVA FLORESTAL DE QUIÇAMA / BENGO: contém a área é de


200 Km2, localizada na Junção do meridiano 14 30 com o paralelo 8 35, com
Limites a Norte e Leste, pelo Rio Loma; e a Sul e Oeste, pelo Rio Ucua.

 Tipos de vegetação: Floresta húmida de nevoeiros e semi-decidua.

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 RESERVA FLORESTAL DE KIBINDA / BENGO: com a área de 100


Km2, Localizada na Junção com o meridiano 14 75 com o paralelo 7 75 tendo
Limites, a Norte, pela Picada que vai de nova Caipemba ao Kitexe; a Leste,
para o Rio Loge; a Oeste; para o Rio Vamba; e a Sul, a Estrada que vai do
Kitexe à aldeia viçosa.

 Tipos de vegetação: Floresta húmida de nevoeiros, semi-decidua.

 RESERVA FLORESTAL DO KAVONGUE / HUAMBO: com a área de


39 Km2, Localizada Geograficamente na Junção do meridiano ao Kuito-Bié,
com Limites, de Leste, a Picada que vai do Kuito-Bié a Gandavira; e de Sul e
Oeste, para a Estrada que vai do Huambo a Gandavira.

 Tipos de vegetação: Miombo, savanas e Ongate.

 RESERVA FLORESTAL DA CATUMBELA E CUBAL/ BENGUELA:


com a área de 600 Km2, Localizada na Junção do meridiano 13 50 com o
paralelo 14 20, com Limites, a Norte, para o Kendo e o rio Cavira; a Leste, para
o Rio Jamba; a Oeste, para o Rio Catumbela e a Sul para o Rio Cubal da
Hanha.

 Tipos de vegetação. Bosques e savanas de árvores baixas e arbustos.

 RESERVA FLORESTAL DO CHONGOROI / BENGUELA: tem a área


de 650 Km2, com a Localização Geográfica da Junção do meridiano 13 50 com
o paralelo 13 30 e Limites, a Norte e Oeste, pelo Tchialaviavi e os rios
Morjombue e Hanja; a Leste, pelo Rio Chongoroi e a estrada Chongoroi e
Cutembo; e Sul, pela Linha recta Cutembo até ao rio Hanja.

 Tipos de vegetação: Bosque seco, deciduo e mosaico de savana e


estepe.

 RESERVA FLORESTAL DO LÓVUA / MOXICO: tem a área de 150


Km2, Localizada na Junção do meridiano 23 00 com o paralelo 12 50 com
Limites, a Norte, pelos Rios Lue e Luce; a Oeste, pelo Rio Lue; a Leste, pelo
Rio Condoge e a Sul, pelo Rio Lodoge.

 Tipos de vegetação: Miombo mediano ou alto, de 10-25 metros.

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 RESERVA FLORESTAL DO LUENA / MOXICO: tem a área de 1800


Km2 com a Localização Geográfica, da Junção do meridiano 20 30 com o
paralelo 1200, os seus limites estão do Norte, ao Rio Luena; a Oeste, para o
Rio Luena; a Leste, para o Rio Canage e a Sul, com a Estrada que vai do
Luena ao rio Cange.

 Tipos de vegetação: Mosaico de savana herbosas ou com arbustos


bosques e floresta densa seca

 RESERVA FLORESTAL DO LUCUSSE / MOXICO: contém a área de


2450 Km2, a sua Localização Geográfica fica da Junção do meridiano 20 45
com o paralelo 12 40, os seus Limites visam-se a Norte, para o Rio Luchibe; a
Oeste, para o Rio Cuelo; a Leste, para o Rio Mulondoia e a Sul, para o Rio
Lunge-Bumgo.

 Tipos de vegetação. Mosaico de savanas herbosas ou com arbustos,


bosques e floresta densa seca

 RESERVA FLORESTAL DO CASSAI / MOXICO: a sua área é de 190


km2, contém a Localização Geográfica, da Junção do meridiano 19 30 com o
paralelo 1200, com os Limites, do Norte, ao Rio Cassai; a Oeste, para o Rio
Lue; e a Sul e Leste, para o Rio Munhango.

 Tipos de Vegetação: Miombo mediano ou alto de 10-25 metros.

 RESERVA FLORESTAL DO MACONDO / MOXICO: contém a área de


750 Km2, tem a Localização Geográfica, da Junção com meridiano 24 00 com o
paralelo 12 15, com os Limites, do Norte e Oeste ao Rio Mayinga; do Leste,
Fronteira com a Zambia e os rios Camulele e Muanamouze; e Sull, para o Rio
Milla.

 Tipos de vegetação: Floresta seca densa, sempervirente.

 RESERVA FLORESTAL DO LUISAVO / MOXICO: contém a área de


400 Km2, co a Localização Geográfica, Junção com meridiano 23 50 com o
paralelo 11 45 e os seus Limite observam-se do Norte, ao Rio Mudilege; do
Leste, ao Rio Luisavo e fronteira com a Zambia; e a Sul e Oeste com o Rio
Lucaia.

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 Tipos de vegetação: Miombo mediano ou alto de 10-25 metros.

 RESERVA FLORESTAL DO GUELENGUE E DONGO / HUÍLA: contém


a área de 1200 Km2, tem a Localização Geográfica, da Junção com meridiano
1500 com o paralelo 14 30, os seus limites consubstanciam-se a Norte, para o
Rio Chicusse; a Leste, para o Rios Chissanda e Cusso; a Oeste, para o Rio
Cunene; e a Sul para Rio Cussava.

 Tipos de vegetação: Miombo, savanas e engate.

 RESERVA FLORESTAL DA UMPULO / BIÉ: contem uma área de 4500


Km2, a sua Localização Geográfica fica situada a Junção com meridiano 18 00
com o paralelo 13 00, e o seu Limites fica do Norte, ao Rio Cuine; do Leste, ao
Rio Chimbandianga; a Oeste, para o Rio Cuanza; e Sul, com o Rio
Chimandianga.

 Tipos de vegetação: Miombo mediano ou alto de 10-25 metros.

 RESERVA FLORESTAL DO BEU / UÍGE: contém uma área de 1400


Km2, está Localizada Junto do meridiano 15 30 com o paralelo 600, tem os
seus Limites, a Norte, Fronteira com o Zaire; a Oeste, com o Rio Teu; e a sul
com Comuna do Béu (Maquela do Zombo).

 Tipos de vegetação: Mosaico e é uma floresta densa.

Todavia são vinte (20) Reservas Florestais, todas de extrema relevância onde
quanto ao nosso trabalho vamos referir-nos simplesmente na reserva do Béu,
Província de Uíge, Município de Maquela do Zombo.

3. Programa nacional de repovoamento florestal

3.1. Breve historial

No ano de 1993, foram estabelecidos vários polígonos florestais


principalmente nas províncias do litoral e algumas do interior, em áreas
consideradas críticas do ponto de vista da fragilidade dos seus ecossistemas e
onde a concentração populacional e a pressão sobre os recursos florestais
foram mais notórias devido ao movimento migratório das populações das zonas

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rurais versus cidades, correspondente a uma superfície total de mais de 700


Hectares (hà) plantados34.

3.2. Resultados do programa de repovoamento florestal

Estas experiências não conheceram o progresso desejado, por falta da


sustentabilidade técnica, financeira e humana35.

3.3. Situação do programa do momento actual

O Programa está paralisado devido aos factores citados quando abordamos


sobre os resultados do programa de repovoamento florestal, limitando-se a
trabalhos silviculturais de manutenção das plantações existentes. As taxas
anuais de repovoamento são muito baixas ou mesmo insignificantes, tanto que
de 2018-2022 estava a se prever reflorestar cerca de 250.000,000 há36.
Destaca-se por exemplo o Projecto de Combate à Desertificação do Tômbwa
(P.C.D.T), Província do Namibe, que consiste na implantação de uma floresta
de protecção à base de Casuarina equisetifolia, Prosopis juliflora e Acacia
cyanophyla, numa superfície de 600 metros de largura e 8,5 km de
comprimento para estabilização e colonização das dunas amovíveis do deserto
do Kalahari cuja progressão ameaça a cada dia que passa o soterramento de
importantes infraestruturas industriais e habitacionais da localidade, assim
como o repovoamento massivo das margens do rio Curoca para a produção de
material combustível (lenha e carvão) numa extensão de 600 hectares e a
instalação de 50 km não lineares de cortina quebra ventos para proteger as
culturas e as margens do mesmo rio que embora sendo difícil o seu progresso
vai crescendo paulatinamente e forma positiva37.

3.4. Importância do repovoamento florestal

O reflorescimento é uma exigência importante, para atender requerimentos


ecológicos vitais como a estabilização e recuperação de solos, possibilitando a
conservação dos recursos.

34 Cfr. Estratégia Nacional..., Op. Cit., p. 30.


35 Ibidem., pp. 30 – 31.
36 Ibidem., p. 36.
37 Ibidem., p. 38.

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Porém, através da agro - silvicultura e da agricultura de conservação, é


possível a recuperação, melhoramento dos solos e aumento da produtividade
agrícola, com consequente melhoria da qualidade de vida das populações
rurais que passa a obter mais e melhores benefícios numa mesma unidade de
terra.

3.5. Responsáveis pelo repovoamento florestal

A plantação para o reflorescimento dos recursos florestais é uma exigência de


quem explora sob pena de poder causar danos que possam meter em risco o
bem-estar das sociedades abundantes no meio ambiente, estando por sua vez
o Estado sujeito a criar normas para a sua protecção como por exemplo as
finalidades que constam nas als. a): estabelecer os princípios e regras gerais
de protecção e gestão dos recursos florestais e faunísticos e seus
ecossistemas. Assegurando que sejam utilizados e explorados de forma
sustentável, integrada e responsável; b): assegurar a contribuição das florestas
e da fauna selvagem, bem como das actividades a elas relacionadas, para a
segurança alimentar, a satisfação de necessidades básicas, a geração de
rendimentos e emprego e a progressiva melhoria da qualidade de vida das
gerações actuais e futuras, tendo em consideração os seus usos múltiplos; c):
estabelecer os princípios e critérios gerais de acesso aos recursos florestais e
faunísticos e da sua gestão sustentável ordenamento e desenvolvimento, tendo
em consideração os aspectos ecológicos, tecnológicos, económicos, sociais,
culturais, ambientais e afins; d): contribuir para a exploração, transformação e
utilização dos produtos florestais e faunísticos, para a promoção das empresas
angolanas e empresas de direito angolano para a criação de emprego a nível
local; e): promover a investigação científica e tecnológica relativa às florestas e
á fauna selvagem, bem como a disseminação dos conhecimentos, incluindo os
tradicionais dela resultantes, do Artigo 3.º da LBFFS38.

Para além das finalidades estabelecidas no artigo 3.° da presente lei, são ainda
objectivos das medidas de protecção das florestas, bem como da sua
diversidade biológica as als. a): protegera diversidade biológica florestal e
faunística e manter os processos ecológicos essenciais à vida e aos sistemas

38 Cfr. Als. a), b), c), d) e e) do artigo 3.º da Lei n.º 6/17 de 24 de Janeiro…, Op. Cit., p. 2017.

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de apoio à vida; b): contribuir para assegurar a conservação, a longo prazo,


das florestas e da fauna selvagem, dos ecossistemas e da diversidade
biológica, em especial dos ecossistemas frágeis, a nível nacional, sub-regional,
regional e internacional; c): contribuir para assegurar a gestão sustentável dos
recursos florestais e faunísticos; d): contribuir para a conservação e
sustentabilidade dos recursos hídricos; f): contribuir para a conservação e
aumente da e produtividade dos solos; g): contribuir para assegurar a
qualidade do ar atmosférico e minimizar os efeitos das alterações climáticas,
em especial as inundações e as secas; h): prevenir e minimizar os impactos
ambientais negativos, directos ou indirectos, das actividades económicas nas
florestas e na fauna selvagem nos ecossistemas e na sua diversidade
biológica; i): promover a regeneração de espécies em vias de extinção,
ameaçadas de extinção e vulneráveis, bem como de ecossistemas
degradados; j): promover a resposta rápida a situações de emergência que
ponham em perigo as florestas, a fauna selvagem, os ecossistemas e a
respectiva diversidade biológica; e, k): promover a investigação científica e
tecnológica relativa às florestas, do Artigo 16.º39.

Em fim, para sustentar estes pressupostos vamos conferir os objectivos do


povoamento e repovoamento florestal onde para além das finalidades referidas
nos artigos 16.º e 48.º da Lei n.º 6/17, de 24 de Janeiro existem também as
finalidades das als. a): produção de produtos madeireiros e não madeireiros;
b): Recuperação de áreas desflorestadas e degradadas; c): protecção
ambiental, sequestro de carbono e lazer; e, d) Investigação e desenvolvimento
do n.º 1 do artigo 101.º do Decreto Presidencial n.º 171/18, de 23 de Julho
sobre o Regulamento Florestal, visto que o povoamento e repovoamento
florestal realizam-se mediante programas nacionais que visam em especial,
contribuir para os fins constantes nas als. a): produção de matéria-prima para
abastecimento da indústria nacional; b): protecção e gestão sustentável dos
recursos florestais; c): protecção de bases hidrográficas e cursos de água; d):
prevenção da degradação de terras e para a recuperação de terras
degradadas, em particular as terras sob exploração florestal ou afectadas por

39 Cfr. Als. a), b), d), e), f) g), i), e j) do Artigo 16.º da Lei n.º 6/17 de 24 de Janeiro…, Op. Cit.,
p. 225.

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queimadas e incêndios florestais; e): protecção e valorização de espécies


endémicas e outras nativas; f): desenvolvimento sustentável a nível local, em
particular a criação de emprego e o aumento da oferta de produtos florestais;
g): melhoria da qualidade de vida, em pa1ticular pela criação e disponibilidade
de espaços de lazer; h): captação (sequestro) de carbono; i): prevenção e
mitigação das alterações climáticas; e j): Investigação e desenvolvimento nos
domínios abrangidos pelo programa, do n.º 2 do Artigo 101.º do mesmo
Diploma40.

40Cfr. Als a), b), c) e d), no n.º 2 als. a), b), c), d), e), f), g), h), i) e j) do n.º 1 do artigo 101.º do
D.P n.º 171/18 de 23 de Julho…, Op. Cit., p. 3917.

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CAPÍTULO II – O QUADRO JURÍDICO DO AMBIENTE

SECÇÃO I – A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO AMBIENTE

1. Direito do ambiente

O Direito Ambiental é a área do conhecimento jurídico que estuda as


interacções do homem com a natureza e os mecanismos legais para protecção
do meio ambiente. É uma ciência holística que estabelece relações intrínsecas
e transdisciplinares entre campos diversos, como antropologia, biologia,
ciências sociais, engenharia, geologia e os princípios fundamentais do direito
internacional, dentre outros. O Direito Ambiental diz respeito à protecção
jurídica do meio ambiente. Para facilitar a sua abordagem didáctica, Celso
Fiorillo e José Afonso da Silva dividem o meio ambiente em natural, artificial,
cultural e do trabalho41.

O ambiente ou como referem alguns autores o meio ambiente, é entendido


como sendo um património comum a todos os membros da comunidade que
não pertence a nenhuma pessoa individualmente. Ele representa tudo aquilo
que nos cerca, abrangendo todos os bens naturais, artificiais e culturais de
valor juridicamente protegido, desde o solo, as águas, o ar, a flora, a fauna, as
belezas naturais e artificiais, do ser humano ao património histórico, artístico,
paisagístico, monumental, arqueológico, além das variadas disciplinas
urbanísticas contemporâneas42.

1.1. Ambiente, estado social e concepção legal

1.1.1. Estado social

O ambiente tem a característica de ser do interesse de toda a humanidade,


sendo os principais problemas ambientais, nomeadamente, o buraco de ozono,
o aquecimento global e o destino reduzido das florestas tropicais, a destruição
dos habitats e a extinção de espécies, a poluição das águas e do ar, os
resíduos e as descargas residuais ou as questões ligadas às políticas

41 Cfr. FIORILLO, Celso; SILVA, Afonso José da – Direitos Humanos e Meio – Ambiente. 2.ª
Edição. Rio de Janeiro: Forense. 1974, pp. 174 – 176.
42 Cfr. CUSTÓDIO, Helita Barreira – Legislação Ambiental como..., Op. Cit., p. 180.

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energéticas e as chuvas ácidas, do interesse e preocupação comum dos


cidadãos, independentemente da sua nacionalidade.

Por esta razão, é pacífico, considerar-se que as questões ligadas à protecção


do ambiente têm um reflexo directo nos direitos das pessoas. Tanto que de
acordo com o Preâmbulo da Carta Universal dos Direitos Humanos, «Todo ser
humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno
desenvolvimento de sua personalidade é possível 43».

O ambiente também é entendido como o conjunto de objectos, fenómenos e


circunstâncias em que se vive e se desenvolve um organismo. Ou melhor, dito
de outro modo, o ambiente é um sistema constituído por diferentes elementos,
fenómenos e processos naturais, sociais e culturais, que condicionam, num
dado lugar e momento, a vida e o desenvolvimento dos organismos, elementos
que, na complexidade das suas relações, constitui o quadro, o meio e as
condições de vida do homem, tal como são ou tal como são sentidos44.

1.1.2. Concepção legal

Em Angola no n.º 1 do anexo à Lei de Bases do Ambiente, Lei n.º 5/98, de 19


de Junho, define o conceito de ambiente como sendo «o conjunto dos sistemas
físicos, químicos, biológicos e suas relações e dos factores económicos,
sociais e culturais com efeito directos ou indirecto, mediato ou imediato sobre
os seres vivos e a qualidade de vida dos seres humanos»45.

Os aspectos ligados ao Ambiente têm um tratamento constitucional da seguinte


forma:

Na parte referente ao II Titulo sobre os Direitos Fundamentais do Cidadão


concretamente no II Capítulo sobre os Direitos, Liberdades e Garantias
Fundamentais e na I Secção sobre Direitos e Liberdades Individuais e
Colectivas a luz dos nºs 1 “todos têm o direito de viver num ambiente sadio e
não poluído, bem como o dever de o defender e preservar”, 2 “o Estado adopta

43 N.º 1 do Artigo 29.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, Proclamada no dia 10 de
Dezembro de 1948, p. 15.
44 Cfr. CONDESSO, Fernando dos Reis – Direito do Ambiente. 1.ª Edição. Coimbra: Almedina.

2001, pp.122 – 123.


45 Cfr. Anexo à Lei de Bases do Ambiente n.º 5/98 de 19 de Junho…, Op. Cit., p. 362.

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as medidas necessárias à protecção do ambiente e das espécies da flora e da


fauna em todo o território nacional, à manutenção do equilíbrio ecológico, à
correcta localização das actividades económicas e à exploração e utilização
racional de todos os recursos naturais, no quadro de um desenvolvimento
sustentável e do respeito pelos direitos das gerações futuras e da preservação
das diferentes espécies” e 3 “a lei pune os actos que ponham em perigo ou
lesem a preservação do ambiente” do artigo 39.º da CRA, aos Direitos,
Liberdades e Garantias do artigo 39.º da CRA. Que diz:

No título respeitante à Constituição Económica tendo referenciado na al. h do


artigo 89.º da CRA a defesa do consumidor e do ambiente e no n.º 2 do artigo
91.º da CRA, referenciando que o planeamento tem por objectivo promover o
desenvolvimento sustentado e harmonioso do País, assegurando a justa
repartição do rendimento nacional, a preservação do ambiente e a qualidade
de vida dos cidadãos.

Isto é, a construção de um Estado Social em Angola pressupõe a existência de


uma economia que tenha como base a justiça social e o desenvolvimento
harmonioso do país tal como vem expressamente descrito no n.º 2 do artigo
91.º da CRA “o planeamento tem por objectivo promover o desenvolvimento
sustentado e harmonioso do País, assegurando a justa repartição do
rendimento nacional, a preservação do ambiente e a qualidade de vida dos
cidadãos”. No entanto pelo que n.º 3 do artigo 39.º diz faz com que a protecção
do meio ambiente seja uma necessidade fundamental onde aqueles que
infringirem contra as normas que as asseguram sejam punidos para que a
exploração racional dos recursos florestais e diante dos parâmetros legais
garanta o bem-estar das sociedades e os produtos neles adquiridos contribuem
positivamente para o desenvolvimento sustentável do país.

2. O Ambiente como novo bem jurídico

2.1. Concepção meramente jurídica

Numa perspectiva jurídica o ambiente é um sistema em que deve existir um


equilíbrio entre as várias componentes, a que se denomina de “equilíbrio
ecológico”. Havendo alteração dos bens ambientais individualmente

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considerados (ar, água, solo, flora, fauna, etc.) ou o equilíbrio do sistema


estamos perante danos ambientais.

Estes bens e nomeadamente os componentes ambientais naturais com maior


importância, tais como a água, o ar e o solo, são alvos de tutela jurídica no
sentido da sua regularização, equilíbrio, racionalização e utilização.

Assim sendo considera-se o ambiente como um novo bem jurídico pelo facto
de ser o conjunto de bens naturais e culturais, unificados, pela característica de
serem relevantes para a qualidade de vida ecológica e existencial do ser
humano, sendo ele um objecto indivisível da tutela dos interesses difusos. E
que por merecer uma tutela jurídica o ambiente enquadra-se nos bens jurídicos
lato sensu, em que há uma tutela directa por parte da lei e no interesse da
colectividade ao contrário dos bens económicos objecto de apropriação
individual que são agrupados no conceito de bens jurídicos em sentido estrito.
Porém, não se pode afirmar que tudo o que é ambiente é bem jurídico, uma
vez que o direito apenas toma em consideração as coisas que estão na
disponibilidade humana e não as que estão fora do seu alcance.

2.2. Noção doutrinal na sua amplitude

Para outros estudiosos o conceito de ambiente deve incluir não apenas os


chamados “componentes ambientais naturais”, mas também os “componentes
ambientais humanos”. Assim, neste conceito amplo, o ambiente, abarcaria
tanto os elementos ambientais naturais, como o ar, a luz, a água, o solo vivo e
o subsolo, a flora e a fauna46, como também os componentes ambientais
humanos, que sejam: a paisagem, o património natural e constituído e a
poluição.

Segundo LUÍS FILIPE COLAÇO ANTUNES47 o conceito extensivo de ambiente


não é viável em virtude de fazer apelo a factores de bem-estar e qualidade de
vida (económica, social e cultural) cuja tutela conduziria a uma convocação de
todos os direitos (habitação, saúde, segurança social, etc).

46 Cfr. CANOTILHO, José Joaquim Gomes – Introdução ao Direito do Ambiente. 1.ª Edição.
Lisboa: Ancora Limitada (Lda). 1998, p. 22.
47 Cfr. ANTUNES, Luís Filipe Colaço – O Procedimento Administrativo de Avaliação de Impacto

Ambiental. 2.ª Edição. Coimbra: Almedina. 2010, p. 33.

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Dizer que pelas razões que se aponta o ambiente encontra-se inserido entre os
denominados direitos difusos «pois ultrapassa o plano dos interesses de cada
pessoa ou grupo (transindividual), caracterizando-se pela sua indivisibilidade,
isto é, o seu objecto diz respeito a todos os membros da sociedade, ao mesmo
tempo em que não é destinado a alguém exclusivamente (natureza indivisível),
e possuindo titulares indeterminados cuja relação entre estes tem origem em
uma situação de facto»48.

Assim sendo, pelo que eu pude perceber, apesar do ambiente se enquadrar no


conceito de bens pertencentes a universitas rerum49 e de ser um direito
fundamental dos cidadãos ele não deixa de ser avaliável economicamente,
mesmo que não comercializável, já que a sua deterioração dá lugar a
ressarcimento ou a sua reconstituição à situação anteriormente existente e é
um bem em sentido jurídico, lato, patrimonial e não comercializável.

3. O Direito fundamental ao ambiente

A Constituição da República de Angola nos termos dos n.ºs 1 e 2 do Artigo 39.º


declara “o direito dos cidadãos de viverem num ambiente sadio e não poluído
bem como o dever de o defender e preservar”. Esta mesma norma determina a
obrigatoriedade do Estado de adoptar as medidas pertinentes para a protecção
do ambiente e do equilíbrio ecológico e a punição dos actos lesivos à
preservação do ambiente no quadro de um desenvolvimento sustentável e do
respeito pelos direitos das gerações futuras e da preservação das diferentes
espécies50.

A lei fundamental angolana, à semelhança das constituições modernas,


consagra o direito ao ambiente como um direito subjectivo, autónomo e distinto
de outros direitos também constitucionalmente protegidos.

48 Cfr. CATALAN, Marcos – Protecção Constitucional do Meio Ambiente e seus Mecanismos de


Tutela. São Paulo: Editora. Método. 2008, p. 14.
49 Ibidem. p. 48.
50 N.º 1. Todos têm o direito de viver num ambiente sadio e não poluído, bem como o dever de

o defender e preservar. 2. O Estado adopta as medidas necessárias à protecção do ambiente e


das espécies da flora e da fauna em todo o território nacional, à manutenção do equilíbrio
ecológico, à correcta localização das actividades económicas e à exploração e utilização
racional de todos os recursos naturais, no quadro de um desenvolvimento sustentável e do
respeito pelos direitos das gerações futuras e da preservação das diferentes espécies do artigo
39.º da CRA.

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O direito ao ambiente possui simultaneamente uma dimensão subjectiva,


enquanto direito fundamental do cidadão, e ao mesmo tempo objectiva, como
mandato de actuação dos poderes públicos.

A consagração constitucional da protecção do ambiente traz para o Estado


novos poderes e deveres uma vez que as normas constitucionais estabelecem,
por um lado, a obrigatoriedade de se determinar uma política do ambiente, mas
também a existência de um dever jurídico-constitucional do Estado e, por
conseguinte, da administração de protecção do ambiente.

Coloca-se aqui a questão de se saber a quem compete o desenvolvimento


normativo do ambiente: ao legislador comum ou também à administração? Isto
é, há ou não uma reserva de lei a favor da matéria ambiental?

A resposta a esta questão passa pela necessidade de se destrinçar as normas


constitucionais ambientais, enquanto normas de direitos fundamentais e as que
respeitam à regulamentação da actividade das associações ambientalistas, que
se integram na reserva legislativa absoluta da Assembleia Nacional, as normas
ambientais enquanto mandato dos poderes públicos que se inserem no âmbito
da reserva relativa da competência legislativa do Poder Legislativo 51.

SECÇÃO II – A FISCALIZAÇÃO DO AMBIENTE

1. Acesso aos recursos florestais ambientais

O acesso para a exploração dos recursos florestais é concedido através dos


Órgãos do governo nacional ou provinciais, a quem cabe também a
fiscalização e os programas de reflorestamento. O governo actua na execução
da política florestal, através do Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento
Rural (MINADER), com a Direcção Nacional de Agricultura e Floresta (DNAF),
como Órgão normativo, o Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) e o
(IDA), como Órgãos executores. Cabe ao IDF atribuir o licenciamento e o IDA a
fiscalização da actividade florestal em Angola em nível nacional e através de
seus escritórios locais em nível provincial.

51 Cfr. Artigo 165.º da CRA.

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2. Autorização aos recursos florestais ambientais

A responsabilidade de autorização para a exploração dos recursos florestais é


do Estado, atribuindo as competências aos demais Órgãos que o representam
a nível das provinciais municípios e comunas.

3. Fiscalização dos recursos florestais ambientais

Em Angola, é de realçar que a fiscalização da exploração florestal dos recursos


florestais, vem prevista no n.º 1 do artigo 142.º da LBFFS, cabe ao
Departamento Ministerial que superintende o Sector Florestal e Faunístico, por
delegação de poderes do Titular do Poder Executivo, coordenar a execução
das acções de avaliação e acompanhamento do estado dos recursos florestais
e faunísticos. Bem como de fiscalização das actividades com elas
relacionadas52.

Entende-se por fiscalização florestal a inspecção, supervisão e vigilância das


actividades relativas a recursos florestais, com vista a garantir o cumprimento
da legislação aplicável53.

Até ao momento a fiscalização é o único modo de materialização do princípio


da prevenção de exploração dos recursos florestais, sobre situações, acções
ou omissões que possam causar danos ao ambiente, isto é, promove a
conservação e penaliza a má utilização dos recursos e, além disso, nos termos
das als. a), b), c) e d) do Artigo 147.º da LBFFS54 também tem como finalidade:

a) Assegurar o cumprimento da legislação sobre florestas;

b) Garantir a protecção ecossistemas e espécies da flora;

c) Contribuir para gestão sustentável dos recursos florestais;

d) Assegurar a informação às comunidades locais e rurais sobre a


importância da preservação e protecção dos seus conhecimentos tradicionais.

52 Cfr. Artigo 142.º da Lei n.º 6/17 de 24 de Janeiro…, Op. Cit., p. 246.
53 Cfr. TEIXEIRA, Carlos – A Responsabilidade por Danos ao Ambiente, in Seminário sobre a
legislação do ambiente em Angola. Luanda: Ministério das Pescas e ambiente e Universidade
Agostinho Neto (UAN). 1999, p. 66.
54 Cfr. Artigo 147.º da Lei n.º 6/17 de 24 de Janeiro…, Op. Cit. p. 247.

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Mas os exploradores não obedecem as regras impostas pelo Ministério da


Agricultura, pressupondo que há incumprimento escrupuloso das disposições
normativas que regulam esta actividade, isto é, não aceitam as orientações das
autoridades, que impõem o repovoamento florestal por imperativo legal nos
termos da al. d) do Artigo 70.º da LBFFS, que dispõe o seguinte: «os titulares
do direito de exploração florestal têm a obrigação de aplicação dos métodos e
processos de colheita ou corte e de repovoamento55.

4. Responsabilidade de fiscalização dos recursos florestais


ambientais

No n.º 1 do Artigo 6.º da Lei de Bases de Florestas e Fauna Selvagem diz que
as florestas e a fauna selvagem de Angola são património nacional, cuja
protecção, preservação e conservação constituem obrigações do Estado, dos
cidadãos e das pessoas singulares e colectivas que realizam actividades
económicas com elas relacionadas. E o n.º 2 do mesmo Artigo diz que os
recursos florestais, com excepção das espécies cultivadas, designadamente
plantações florestais, e dos exemplares resultantes, de melhoramento de
variedades de plantas realizados por particulares, são propriedade do Estado e
integram o domínio público do Estado e das autarquias locais56.

Nos artigos 5.º, 6.º, 13.º e o n.º 4 do artigo 14.º, da Lei de Bases do Ambiente57,
o Estado consagra a adopção de medidas tendentes à manutenção dum
ambiente propício à qualidade de vida dos angolanos, à obrigatoriedade de
protecção da biodiversidade, à execução de programas de gestão que
responsabilizem todos os estratos da população, e à proclamação de áreas de
conservação ambiental e dos recursos biológicos.

Porém, o IDF é responsável pela fiscalização florestal que funciona de forma


descentralizada, actuando em todos os níveis, isto é, desde o nível central,
provincial, municipais e comunais porque a obrigação de fiscalização é de
todos pois que o meio ambiente é um bem necessário para as camadas de

55 Cfr. Al. d) do artigo 70.º da Lei n.º 6/17 de 24 de Janeiro…, Op. Cit., p. 234.
56 Idem., p. 222.
57 Cfr. Artigos 5.º, 6.º, 13.º e n.º 5 do artigo 14.º da Lei n.º 5/98 de 19 de Junho…, Op. Cit., pp.

358 – 360.

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todos os níveis visto que a sua degradação é um aspecto muito preocupante


para as sociedades actuais e futuras que nela habitam.

4.1. Papel do Governo Central e Local

4.1.1. Papel do Governo Central

Cabe ao Governo central a coordenação do sector florestal garantir a


formulação de políticas e assegurar a sua implementação, a adequação e
aplicação da legislação, designadamente através da fiscalização, bem como
definindo a função e as responsabilidades dos diferentes actores, criando as
condições para o exercício de actividades privadas, cooperativas, comunitárias
e familiares relativas à exploração dos recursos da flora58.

4.1.2. Papel do Governo Local

Os Órgãos da Administração Local são os principais veículos para a


implementação, fiscalização e controlo da política nacional do sector, apoiando
os Órgãos centrais para a gestão integrada e descentralizada nas matérias de
tomada de decisão local, nos termos da Lei. Esta função será cabalmente
cumprida com a integração das actividades de protecção, conservação e
desenvolvimento florestal nos planos locais de desenvolvimento, promovendo
medidas que rentabilizem economicamente o sector59.

4.2. Comunidades Locais

As Comunidades Locais constituem o alvo central da política nacional do


sector, por constituírem os principais utilizadores e guardiões desses
recursos60.

A participação comunitária na gestão dos recursos naturais permite integrar as


necessidades locais nos planos e programas de desenvolvimento, e o uso
racional dos recursos florestais, o que por sua vez pode contribuir para a
geração de rendimentos, sustentabilidade da segurança alimentar e redução da
pobreza.

58 Cfr. Estratégia Nacional…, Op. Cit., p. 56.


59 Ibidem., p. 57.
60 Ibidem., p. 58.

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Por outro lado, as comunidades locais são os principais actores para o êxito da
prevenção e fiscalização, em especial para o controlo das queimadas e do
corte ilegal de madeira.

4.3. Sectores Privado e Cooperativo

Os Sectores Privado e Cooperativo devem, dentro das condições de


investimento, incluindo incentivos, criados pelo Estado, tomar iniciativas para a
execução e materialização das políticas no domínio económico, investindo nas
acções que visam a produção sustentável de bens e serviços de origem
florestal. A formalização de associações, o diálogo entre o sector privado e as
comunidades e entre estes e o Governo, através de um processo permanente
de consultas, podem ser encorajadores61.

4.4. Organizações da Sociedade Civil

As Organizações da Sociedade Civil devem ser chamadas a participar na


formulação e implementação da política nacional do sector, através do seu
envolvimento na planificação, protecção, conservação e uso da flora,
assegurando que as preocupações e necessidades dos grupos vulneráveis e
carenciados estejam incorporados nos planos de gestão e desenvolvimento
dos recursos62.

As Organizações Não-Governamentais (ONGs) podem ser encorajadas, em


particular, a desempenhar um papel central na mobilização, sensibilização,
educação da população em geral e das comunidades locais em particular, com
vista a sua participação nas actividades inerentes à protecção, conservação e
gestão das florestas, bem como na captação de fundos adicionais para
implementar medidas de conservação e uso sustentável dos recursos.

4.5. Académicos e Investigadores

A informação técnica e científica sobre a base dos recursos em Angola é


escassa e deficiente, pelo que a investigação é considerada uma prioridade
para a geração do conhecimento que permita uma gestão efectiva das
florestas. Neste sentido, os académicos e investigadores devem ser

61 Ibidem., p. 58.
62 Ibidem., p. 59.

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convidados a participar, com o seu saber, no aprofundamento do


conhecimento, promovendo o intercâmbio e a divulgação da informação
relacionada com os recursos florestais63.

4.6. Parceiros da Cooperação Internacional

Pelo que entende-se, as organizações e instituições internacionais são


convidadas a participar no desenvolvimento do sector, através de protocolos ou
acordos de cooperação no domínio da gestão e utilização racional dos recursos
florestais64. Neste sentido, o desenvolvimento da política do sector florestal,
faunístico e de áreas de conservação reflecte os objectivos e as prioridades
consagradas nos capítulos 3, 11, 12 e 15 da Agenda 21, aprovada na
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e Desenvolvimento,
realizada no Rio de Janeiro, Brasil, em 1992, especificamente em relação a 65:

1- Combate à Pobreza;

2- Geração de benefícios económicos e sociais da actual e futura geração;

3- Envolvimento de pessoas dependentes dos recursos florestais na


planificação e seu aproveitamento sustentável, e conservação dos recursos de
base, incluindo a diversidade biológica;

4- Gestão de Ecossistemas Frágeis, e;

5- Conservação da Biodiversidade.

Ainda, existe a Política Nacional de Florestas, que também toma em


consideração os princípios dos instrumentos internacionais que são parte dos
compromissos assumidos pela República de Angola e estão consagrados nas
Convenções, Tratados, Protocolos e outras iniciativas internacionais e
regionais66:

1- Convenção sobre Biodiversidade (CBD);

2- Convenção de Combate à Desertificação;

63 Cfr. Estratégia Nacional…, Op. Cit., p. 60.


64 Ibidem., p. 62.
65 Ibidem., p. 64.
66 Ibidem., p. 64.

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3- Convenção sobre as Alterações Climáticas;

4- Convenção sobre o Comércio de Espécies de Fauna e Flora Ameaçadas


de Extinção.

Ainda, para a Protecção Florestal, Angola Toma consideração o Acordo


Internacional sobre Florestas no âmbito do Fórum das Nações Unidas sobre
Florestas67. Tendo em conta os princípios e objectivos sobre o estabelecimento
de outras políticas e medidas administrativas comuns, o reforço das leis que
governam a conservação e uso dos recursos da flora e da capacidade das
respectivas instituições de administração, consagrados nos Protocolos
Regionais da SADC68.

SECÇÃO III – A RESPONSABILIZAÇÃO PELOS DANOS CAUSADOS AO


MEIO AMBIENTE

1. Responsabilidade civil dos exploradores florestais

1.1. Responsabilidade civil subjectiva

A responsabilidade civil subjectiva dos exploradores florestais, encontra-se


regulada no n.º 2 do artigo 190.º da LBFFS quando estatui o seguinte “As
representações ou indemnização por danos não abrangidos do n.º 1 deste
artigo, causados pelas actividades regulares pela mesma lei, aplicam-se os
preceitos da lei geral, isto é, quer os danos ecológicos, quer os pessoais69.

Assim, parece-nos constatar que no citado artigo da LBFFS quando refere a


aplicação dos preceitos da Lei Geral, nos remete para 483.º ss do Código
Civil70, este último Artigo dispõe que “aquele que com dolo ou mera culpa,
violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer outra disposição legal
destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado
pelos danos resultantes da violação”.

67 Cfr. Estratégia Nacional…, Op. Cit., p. 65.


68 Ibidem., p. 66.
69 Cfr. Lei n.º 6/17 de 24 de Janeiro…, Op. Cit., p. 255.
70 Cfr. Código Civil. Edição Académica. Angola. Plural Editores. Abril. 2013, p. 113.

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No entanto, a obrigação de indemnizar faz depender antes a verificação e


cumulativamente alguns requisitos como71:

1- Facto humano – exige-se que o facto de destruição da flora ou


desflorestamento, seja praticado de forma voluntária pelas pessoas físicas;

2- O facto verificado tem que ser ilícito – não basta a verificação do


primeiro requisito, também é necessário que deste acto seja ilegal, isto é, que
tenha sido praticado em desconformidade com as normas ambientais e as
normas de exploração florestais. Nesta senda, corresponde a violação de um
dever imposto pelas normas que regulam o exercício da sua actividade, que
pode revestir a violação de direitos subjectivos, estando abrangidos os bens
jurídicos de natureza moral como patrimonial ou violação de normas de
protecção, como é o caso da LBA e LBFFS72.

3- Culposo ou imputável – o facto praticado pelos exploradores florestais


devesse se verificar se a mesma actuou de forma intencional (dolo) ou de
forma desleixosa ou ainda mesma descuidada (negligencia) durante a sua
actividade, para que este requisito seja reunido.

4- Dano – o facto Humano, ilícito e culposo dos exploradores florestais é


necessário que tenha causado danos ecológicos consequentemente danos
pessoais, apenas assim, será possível haver indemnização ou compensação
aos lesados pelos danos causados com a actividade. O dano apresenta-se
como condição essencial da responsabilidade civil.

5- Nexo de causalidade – deve existir um nexo de causalidade entre o facto


ilícito e o dano (o dano tem de ser causado ou provocado pelo facto em causa),
isto significa que, não deve responsabilizar um explorador madeireiro cuja
actividade de exploração não tenha uma relação com o dano causado.

A verificação de todos estes pressupostos, devidamente provados, constitui


aos exploradores florestais na obrigação de indemnizar ou compensar os

71Cfr. SILVA, Carlos Alberto B. Burity da – Teoria Geral do Direito Civil, Colecção Faculdade de
Direito da UAN. Luanda: Gráfica de Coimbra. 2004, pp. 152 – 154.
72 Cfr. SÁ, Sofia – Responsabilidade Ambiental: Operadores Públicos e Privados. Porto:

Editorial Sá. 2011, pp. 34 – 35.

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lesados ou a reconstituição natural, isto é, na situação antes de se verificar o


dano se for possível.

1.2. Responsabilidade civil objectiva

Na responsabilização civil objectiva, a imputação pelo risco que funda-se na


concepção de que cada explorador deve responder pelos riscos e pelos danos
resultante da actividade de que tira proveito independentemente da culpa 73.

Entretanto, entende-se no regime legal previsto nos termos do disposto do


Artigo 499.º Código Civil74, são extensivas aos casos de responsabilidade civil
pelo risco, na parte aplicável e na falta de preceitos legais em contrário, as
disposições que regulam a responsabilidade por factos ilícitos75.

1.3. A reparação dos danos

Tradicionalmente o Direito angolano adoptou uma concepção restritiva da


responsabilidade pelo risco, consagrando de forma taxativa a sua
admissibilidade apenas nos casos previstos na lei, tal como vem plasmado o
princípio geral do Artigo 483.º n.º 2 do Código Civil Conjugado com o Artigo
190.º n.º 1 da LBFFS que dispõe o seguinte:

Todos aqueles que, independentemente de culpa e nos termos da LBFFS


tenham causado danos a flora, são obrigados a reparar os danos ou
indemnizar o Estado ou terceiros pelos prejuízos causados, também se
encontra ainda inserida nos termos do Artigo 28.º n.º 1 da LBA, que dispõe o
seguinte:

Constitui-se na obrigação de repara os prejuízos ou indemnizar o Estado, todos


aqueles que, independentemente da culpa, tenham causado danos ao
ambiente, assim, a responsabilidade objectiva ou pelo risco, é entendida como
a obrigação por lei a um sujeito de reparar os prejuízos causados a uma
pessoa física ou colectiva, independentemente da culpa.

73 Cfr. SÁ, Sófia. Responsabilidade…, Op., Cit., pp. 63 – 64.


74 Cfr. Código Civil…, Op. Cit., p. 116.
75 Cfr. VALERA, João de Matos Antunes – Das Obrigações em Geral. Volume I. 10.ª Edição.

Coimbra: Almedina. 2000, pp. 646 – 647.

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Diz-se pelo risco para significar que qualquer explorador florestal na situação a
que ocorreu o dano teria causado, e este risco não é apenas para os danos
ecológicos como também estes últimos causarem danos pessoais.

Baseia-se no princípio de justiça ubi commoda ibi incomoda76 que significa


qualquer sujeito que exerce uma actividade para obter vantagem própria deve
ser responsabilizada pelos danos causado, mas é necessário verificar-se
determinados pressupostos desta responsabilidade para a sua aplicação 77,
nomeadamente:

a) Existência de obrigação de indemnizar por parte do sujeito causador do


dano.

É necessário que haja uma obrigação imposta por lei de indemnizar, como vem
plasmado nos termos da I. ª parte do n.º 1 do artigo 28.º da LBA conjugados
com o n.º 1 do Artigo 6.º do Decreto Presidencial (DP) n.º 194/11, de 7 de
Julho.

b) Danos causados por exercícios das funções próprias

O dano a ser reparado ou a ser prevenido pelos sujeitos deve resultar durante
a execução da actividade de exploração floresta, como vem no Artigo 28 n.º da
LBA, ou seja, desde que haja nexo de causalidade ainda que, os danos forem
causados contra as instruções dadas desde que a actividade de exploração
florestal tenha sido realizada.

Com tudo, do supra exposto no âmbito da responsabilidade civil ao


entendermos assim, facilmente podemos afirmar que a luz do ordenamento
jurídico civil angolano, os exploradores florestais podem ser responsabilizados
quando causam danos, que ecológico, quer pessoais, salvo melhor
entendimento78.

76 Cfr. SILVA, Carlos Alberto B. Burity da – Teoria Geral…, Op. Cit., pp. 154 – 336.
77 Cfr. MARQUES, António Vicente – Direito das Obrigações. Volume I. Luanda: Polis Editores.
2008, pp. 241 – 244.
78 Cfr. ASSUNÇÃO, Filipe Vasconcelos de – A Responsabilidade penal das pessoas colectivas,

em Especial a problemática da culpa. Dissertação de Mestrado no Instituto Superior de


Estudos Judiciários. Disponível em: http://www.iadb.org/eticab, p.,15. Consultado em 30 de
Novembro de 2019. 17 Horas e 03 minutos.

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2. A responsabilização penal

2.1. Noção de crimes ambientais

Em Angola, a previsão dos crimes ambientais foi feita pela primeira vez diante
da LBA no seu artigo 29.º que dispõe o seguinte:

 As infracções de carácter criminal bem com as contravenções relativas


ao ambiente, são objecto de regulamentação em legislações específicas, isso
pressupõe que o legislador já previa os crimes ambientais e a criação de uma
legislação específica que criminaliza certas actividades pessoais que danificam
o meio ambiente.

Na perspectiva do Artigo 1.º do Código Penal Angolano (CPA), define o crime


como facto Angolano declarado, punível pela lei penal, este pressupõe um
conceito formal de crime, significando assim, a contrariedade ou desobediência
de uma conduta ao imperativo da norma penal ou norma de carácter penal, isto
é, como um facto penal, típico ilícito culposo, por isso surge a aplicação de
sanções penais. Do ponto de vista material, é necessário que o facto lese ou
ponha em perigo interesses fundamentais da sociedade.

Na perspectiva específica do crime contra o ambiente entende-se, como


qualquer dano e prejuízo causado pelos elementos especiais que compõem o
meio ambiente protegido pela legislação, como resultado da actividade de certa
pessoa.

O professor RAUL ARAÚJO por exemplo define o crime ambiental ou ecológico


– como sendo a rema desobediência aos preceitos (lei, regulamentos e as
obrigações) impostas pelas autoridades estatal competentes em disciplinar o
uso dos recursos ambientais79. Coincidindo com o que diz a lei de que quem
em violação dos preceitos da lei, regulamentos em vigor ou obrigações
impostas pelas autoridades competentes, criar o perigo de extinção de als. a):
uma ou mais espécies animais ou vegetais eliminando exemplares da fauna ou
flora; b): espécies da fauna ou flora legalmente protegidas, destruindo ou

79Cfr. ARAÚJO, Raul – A Protecção do Ambiente e a Constituição em Angola. Coimbra:


Almedina. 2012, p. 46.

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deteriorando o seu habitat natural, do n.º 1 do Artigo 33.º da Lei n.º 3/1480,
incorre ao crime de agressão ao ambiente.

2.2. Fundamentação da acção e de culpa dos exploradores florestais

Entendesse por culpa o juízo de reprovação ou censura ética dirigido ao agente


que praticou um ilícito civil ou penal, isto é, quando determinada pessoa viola o
dever não por em perigo bens jurídico fundamental na sua actuação 81.

Diante da fundamentação acima exposta, VICENTE ANTÓNIO MARQUES, um


dos defensores da rejeição da responsabilidade jurídica invoca como outro
pressuposto não verificado para o efeito, a capacidade de acção e de culpa
que da origem a responsabilização civil pelos causadores de danos ao meio
ambiente e que na falta da reparação do dano causa a responsabilidade penal.
Pois, não se pode confundir a responsabilidade civil com a responsabilidade
penal uma vez que existe discrepância entre elas. A responsabilidade civil é
uma obrigação imposta por lei que tem como objectivo reparar ou compensar
os danos sofridos por alguém; ao passo que, a responsabilidade penal tem
como objectivo sancionar o infractor com uma pena, pela violação de bens
sociais ou da colectividade para assegurar a paz social e a prevenção. Mas,
apesar desta diferença, um único acto praticado por uma pessoa física ou
jurídica pode implicar que ela fique sujeita às duas modalidades de
responsabilidade jurídica82.

2.3. O Direito Penal como instrumento da protecção do meio ambiente

Para a protecção ou prevenção do meio ambiente, em função do avanço


económico, não é suficiente apenas o Direito do ambiente e o Direito civil, mas
sim da intervenção do direito penal para que tenhamos um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, em homenagem ao princípio da intervenção
mínima ao direito penal ou a utilização de lei penal como ultimo recurso (última
80 Cfr. N.º al. a) e b) do n.º 1 do artigo 33.º da Lei n.º 3/14 de 10 de Fevereiro – Lei Sobre a
Criminalização das Infracções Subjacentes ao Branqueamento de Capitais, in Diário da
República – I Série – N.º 27, p. 20.
81 Cfr. SOUSA, Idalécio Rodrigues de – Critério da Responsabilidade Penal das Pessoas

Colectivas: A problemática da (não Identificação do Agente do Crime)


http://softwarelivre.org/portal/legislativo/, pp., 12 – 13. Consultado em: 29 de Novembro de
2019. 13 Horas e 19 minutos.
82 Cfr. MARQUES, António Vicente – Direito das Obrigações…, Op. Cit., pp. 205 – 206.

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ratio), para a resolução de litígios quando são afectados os bens jurídicos.


Pois, o Direito Penal realiza a protecção dos valores ou interesses
fundamentais que os outros ramos do direito não conseguem assegurar ou
solucionar para impedirem ou minimizarem a reiteração dos actos ilícitos, por
isso, considera-se um Direito subsidiário de recurso, dominado pelo princípio
da intervenção mínima que, segundo este, o Direito penal em função das
medidas gravosas que estabelece só devem intervir, se por um lado a situação
for necessária. É a partir desta ideia que o professor Orlando Rodrigues
desdobra o princípio da intervenção mínima em dois outros princípios83:

1. Princípio da necessidade: segundo este princípio, para criminalizar


certas condutas e ameaça-las com pena, é quando se verifica que a protecção
dos bens jurídicos em causa, não está assegurada por outros ramos do direito
que estabelecem mediadas menos gravosas;

2. Princípio da eficácia: diz que não basta a necessidade da intervenção


mínima do direito penal, também é preciso que se esteja convencido que o
direito apenas será eficaz, ou seja, que serão atingidos os objectivos
pretendidos, neste caso a prevenção e a protecção do direito ao ambiente e os
demais direitos afectados.

Assim, entende-se que a exploração desordenada das florestas tem sido uma
prática reiterada pelo facto de o Direito Administrativo e o Direito do Ambiente
estabelecerem medidas menos gravosas, considerando que as multas
administrativas aplicadas não causam grandes roturas económicas na esfera
de cada sujeito e muitos deles furtam-se em cumprir.

Por tanto, existem razões suficientes de se recorrer ao Direito Penal como


última ratio para que haja efectiva protecção do meio ambiente84. Pois que o
incumprimento da reparação dos danos causados nos remete ao crime de
desobediência previsto e punido pelo artigo 188.º do CP.

83 Cfr. RODRIGUES, Orlando – Apontamentos de Direito Penal Escolar. Luanda: Gráfica de


Coimbra. 2014, p. 22.
84 Cfr. MARTINS, José Renato – A Utilização do Direito Penal na Efectividade da Tutela do

Meio Ambiente em Face da Sociedade de Risco, disponível em:


http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/. Consultado em: 29 de Novembro de 2019. 13 Horas e
07 minutos.

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CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO: EXPLORAÇÃO DA RESERVA


FLORESTAL DO BÉU PROVINCIA DO UÍGE MUNICIPIO DE MAQUELA DO
ZOMBO/2010 - 2019

SECÇÃO I – A COMUNA DO BÉU

1. A caracterização da Comuna do Béu

1.1. Localização geográfica

É uma vila e comuna angolana que se localiza na província do Uíge,


Pertencente ao município de Maquela do Zombo85.

Figura 01. Mapa da reserva florestal do Béu

Fonte: Administração Municipal de Maquela do Zombo86, 2019.

85 Cfr. Administração Comunal do Béu – Estudo Demográfico e estatístico sobre a Comuna.


2010, p. 11.
86 Cfr. ___________________________ – Mapeamento da Comuna. 2019, p. 15.

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2. Apresentação da Comuna do Béu

2.1. População e grupos étnicos linguísticos

A população da Comuna do Béu é aproximadamente de 21.034 habitantes


considerada como subgrupo dos Mbatas do Município de Maquela do Zombo e
falam mais a língua KIKONGO que se subdivide por duas que são: quincadi,
uihungo e lingala87.

2.2. Caracterização física e ambiental


O ambiente de devastação que a comuna, contrasta com a sua potencial
riqueza e a relativa prosperidade alcançada nos últimos anos do período de
crise no Município de Maquela do Zombo. É uma Comuna de características
essencialmente camponesa e caçadora, que através destas actividades
conseguem sustentar-se uns com os outros.
2.3. Média pluviométrica

A comuna tem a média pluviométrica anual de 1402 mm, com uma estação
seca no período de Junho à Agosto. A temperatura média anual é de 22.2 °C.
A floresta é classificada como tropical húmida, onde ocorrem mais de 80
espécies88.

2.4. Vegetação, fauna e flora


A comuna do Béu tem a vegetação do tipo Mosaico, é floresta densa, ribeirinho
muxito, periguineense, em aluvioses, bosques e savana, zambeziaco.
É uma região de caça e agricultura abundante, de uma maneira geral, há por
toda parte um pouco de cada espécie de animais e terras férteis susceptíveis a
prática da agricultura.
E quanto a flora, a Comuna possui grandes manchas florestais e bastante
arborizada, razão pelo qual o Governo Angolano achou conveniente delimitar a
floresta do Béu com intuito de ser reserva para que a sua exploração possa ser
feita daqui mais a alguns anos89.

87 Cfr. Administração Comunal do Béu – Estudo Demográfico…, Op. Cit., p. 14.


88 Idem., p. 16.
89 Idem., p. 17.

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2.5. Recursos naturais (outros)

A Comuna do Béu possui um clima quente propício ao cultivo de mandioca,


dendém, amendoim (jinguba), batata-doce e feijão.
Também está incluída a produção de gado bovino, suíno e caprino. A
actividade pescatória do Município é desenvolvida nas diversas lagoas e rios.
Na exploração florestal, o abate das árvores se baseia no corte de essências
rústicas e na transportação das madeiras que por falta de meios para o
escoamento só circula mesmo dentro do Município.

2.6. Actividades produtivas


A Economia na comuna baseia-se fundamentalmente em 2 Sectores, a
agricultura e comércio. A indústria não representa uma percentagem elevada,
por causa do fraco investimento feito no sector. Estes sectores empregam a
maior parte da população e garantem o sustento das famílias. Em termos de
estrutura, sendo uma comuna que está em via de reestruturação, o governo
local está evidenciando esforços para fazer com que todas as pessoas
competentes levam para lá os serviços sociais básicos como por exemplo:
escolas, postos médicos, bancos, água potável, luz eléctrica etc.
2.7. Comércio
O comércio é desenvolvido principalmente pelo mercado informal e em
quantidades insuficientes para satisfazer a enorme procura de bens e serviços
por parte da população. A gama de produtos de consumo oferecidos pelos
comerciantes é igualmente insuficiente. Nesta conformidade, não existem
estabelecimentos comerciais de grande e média dimensão, existindo apenas
pequenas cantinas em algumas áreas. A fonte de abastecimento do mercado
local é o Município do Uíge e algumas vezes também a RDC, de onde provêm,
a preços muito altos, os seguintes produtos: peixe, açúcar, arroz, sal, bebidas
alcoólicas e espirituosas assim como também alguns meios tecnológicos como:
Telefones, rádios do tipo Bluetooth e lanternas.

A exploração florestal de forma comercial em Maquela não está estreitamente


limitada na extracção de madeira. Mas sim também aos produtos florestais não
madeireiros.

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De 2010 a 2019, regista-se que as toneladas de madeiras exploradas sem


certificação são maiores que sinceramente estão a meter em causa o bem-
estar da população, o que origina um acompanhamento incipiente visto que o
real valor da floresta no sentido ecológico, económico e social até agora tem
sido ignorado, sem, no entanto, serem considerados, no critério de uso os
cuidados necessários para manter o equilíbrio ecológico. Há também falta de
investimentos de importância social e económica para atender as comunidades
que fazem dela sua fonte de alimento e sobrevivência.

2.8. Indústria
Este sector não contribui na economia do Município visto que o mesmo ainda
está em via de desenvolvimento90.
3. Exploração não madeireira

Esta forma de manejo refere-se aos produtos não madeireiros que são
extraídos da floresta com possibilidade de manejo florestal sustentado. Entre
estes produtos, encontram-se: óleos, resinas, bambu, produtos medicinais,
látex, frutas etc91.

O efeito da condução prática do manejo dos produtos não madeireiros sobre a


composição florística encontra-se directamente relacionados com a forma de
extracção dos produtos, sendo que métodos inadequados levarão a danos aos
indivíduos produtivos, assim como prejuízos à produção futura. A intensidade
da exploração resultará em alterações na regeneração e no estoque de cada
espécie, como no caso por exemplo da conservação de sementes. Logo, além
do monitoramento florestal e avaliações do ambiente, sejam incorporados
procedimentos de acompanhamento das práticas de rotina da actividade
(colecta de frutos, extracção do látex, etc), a fim de se manter controlo.

Actividades extractivas desta natureza tendem a provocar mudanças na


composição florística e redução da abundância das espécies provocada por
sucessivas colheitas sem o devido manejo, gerando uma drástica redução,
chegando até a perda da variabilidade genética de parte da população.

90 Inquérito feito aos funcionários da Repartição do Instituto de Desenvolvimento Agrário de


Maquela do Zombo.
91 Cfr. Administração Comunal do Béu – Mapeamento…, Op. Cit., p. 4.

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3.1. Exploração convencional

Exploração convencional é a prática de descoberta de novas formas de


actuação sem planeamento com base regras comuns ou cultural sem
necessariamente respeitar nenhuma lei92.

Segundo CARLOS ALBERTO MORAES PASSOS, “a exploração da Reserva


florestal é a utilização quer óptima, regular ou não dos produtos da floresta em
uma determinada área limitada”93.

Porém, a Exploração Convencional é a mais utilizada em toda a floresta do


Béu. Suas etapas partem de uma definição da área de exploração, sem um
prévio conhecimento da localização dos produtos e das árvores de interesse de
corte.

Desde o ano 2010 até ao momento actual, está floresta tem sido explorada de
modo extremamente selectivo e que a capacidade de derrube anual é de 1000
000 m3. Quanto à produtividade, os dados oficiais apontam que o incremento
médio anual dos produtos é de 0,3 m 3 há por 1 ano e a taxa anual de
desmatamento é da ordem de 0,40 %.

3.2. Exploração madeireira

Tradicionalmente este conceito refere-se ao manejo empresarial, e isto sugere


grandes áreas exploradas pelas empresas anualmente. Aqui refere-se
principalmente a forma do chamado manejo convencional (exploração feita
pelos munícipes, com base regras próprias, não respeitando as leis sobre a
protecção do meio ambiente e sem terem noção das áreas protegidas e não
protegidas das zonas em que possam actuar) em que a média de exploração
varia de ano por ano94. Quanto à produtividade, os dados oficiais apontam que
o incremento médio anual dos produtos é de 0,3 m3 hectares por 1 ano e a taxa
anual de desmatamento é na ordem de 0,40 %95.

92 Cfr. ALIER, Juan Matínes – Da economia ecológica ao ambientalismo popular. 2.ª Edição.
Barcelona: Editorial Planeta. 1994, p. 115.
93 Cfr. PASSOS, Moraes Alberto Carlos – Manejo de Florestas Naturais Tropicais. 1.ª Edição.

Rio de Janeiro: Editora Record. 2005, p. 10.


94 Cfr. 4.1. Hectares Explorados, p. 51.
95 Cfr. Administração Comunal do Béu – Mapeamento…, Op. Cit., p. 22.

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3.2.1. Espécies extraídas

Dados apurados nas localidades de extracção revelaram que, na actualidade,


as quatro principais espécies extraídas e comercializadas são96:

1- Periguineense árvore na categoria de 1.ª classe, cuja sua utilidade serve


para fazer móveis e construção civil;

2- Aluviões, árvore na categoria de 2.ª classe, cuja sua utilidade serve para
fazer laminados e contraplacados;

3- Bosques, árvore na categoria de 1ª classe, cuja sua utilidade serve para


fazer madeira robusta de construção civil e;

4- Savanas, árvore na categoria de 1ª classe, cuja sua utilidade serve para


fazer móveis e pavimentos robustos.

4. Actores da colheita

A actividade é feita por pessoas singulares, mas não são só os natos da


Comuna do Béu que têm praticado a actividade explorativa, mas também
outros indivíduos do mesmo Município, mas provenientes de Comunas
diferentes como por exemplo: de Sacandica, Kuilo Futa e Kibocolo.

5. Mercado consumidor

Por falta de condições de escoamento dos meios arrecadados na floresta, o


mercado local tem sido o maior consumidor. Tanto que em alguns momentos,
os empresários com condições de se deslocarem, saem do Uíge para lá a fim
de fazerem compras de alguns produtos dos seus interesses extraídos naquela
floresta.

SECÇÃO II – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DO ESTUDO

1. Dados gerais

A colecta dos dados da exploração florestal é feita pelo IDA. Com tudo, para
melhor entendimento do problema, optar-se-á pela pesquisa descritiva, no
estudo de caso, com o uso da técnica de questionários.

96 Ibidem., p. 5.

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Ao que se refere a amostra, apôs de terminar a aplicação do questionário


indicarei o número da população e a amostra resultante da pesquisa.

1.1. População trabalhadores por conta de outrem e pessoas singulares

1.1.1. População

Pressupõe o conjunto de sujeitos a serem inqueridos numa determinada zona,


região ou área97.

O inquérito vai centrar-se no seguinte público-alvo:

 Funcionários da Repartição do IDA da Comuna do Béu – 09 pessoas;

 Funcionários da Administração Comunal do Béu – 21 pessoas;

 Trabalhadores singulares da reserva florestal do Béu – 40 pessoas.

Num total de 70 pessoas.

1.1.1.1. População, trabalhadores por conta de outrem

São aquelas que estão vinculadas a um contrato laboral por conta de outrem,
estando na posição de empregados. São consideradas empregadas todas as
pessoas que desempenham qualquer função remunerada ou que apesar de
terem emprego estão ausentes por motivos de doença, greve ou férias.

O número de trabalhadores por conta de outrem da Comuna do Béu é


aproximadamente de 5.09998. Para o presente trabalho, dos trabalhadores da
Comuna apenas vai se inquerir apenas uma parte desta população num total
30 pessoas99.

População, trabalhadores por conta de outrem alvo do inquérito

População: Ocupação social Masculino Feminino TOTAL


dos sujeitos inqueridos
01 Administração da Comuna do Béu 11 10 21
02 Funcionários da Repartição do IDA 07 02 09
da Comuna do Béu

97 Cfr. RAMOS, C.T. Santa, NARANJO. S. Ernan – Metodologia da investigação Científica. 1.ª
Edição. Luanda: Editora Escolar. 2009, p. 189.
98 Cfr. Administração Comunal do Béu – Estudo Demográfico…, Op. Cit., p. 15.
99 População alvo do Inquérito.

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TOTAL 18 12 30

Fonte: Inquérito feito a Administração da Comuna do Béu, Trabalhadores singulares da reserva


florestal do Béu e Funcionários da repartição do IDA da Comuna do Béu.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Nota da tabela

Este terceiro quadro, faz uma menção do total de trabalhadores por conta de
outrem a serem inqueridas, são 30, em primeiro lugar temos um grupo de
trabalhadores da Administração Comunal do Béu, que são 21 pessoas, na qual
11 do sexo masculino e 10 do sexo feminino.

Funcionários da Repartição do IDA na Comuna do Béu, que são 09, na qual 07


masculino e 02 feminino.

1.1.1.2. População, trabalhadores singulares

Importa salientar que esta temática se refere é a sujeitos trabalhadores por


conta própria, ou seja, trabalhadores das reservas florestais do Béu, mas que
têm capacidades psicológicas para contribuírem de forma positiva no
desenvolvimento de uma sociedade em detrimento do conhecimento científico.
Os trabalhadores singulares da Comuna do Béu é aproximadamente de
7.035100. Mas apenas vamos inquerir uma parte num total de 40 trabalhadores
da reserva florestal101.

População, trabalhadores singulares alvo do inquérito

População: Ocupação social Masculino Feminino TOTAL


dos sujeitos inqueridos
01 Trabalhadores singulares da 25 15 40
reserva florestal do Béu
TOTAL 25 15 40

Fonte: Inquérito feito aos Trabalhadores singulares da reserva florestal do Béu.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

100 Cfr. Administração Comunal do Béu – Estudo Demográfico…, Op. Cit., p. 17.
101 População alvo do Inquérito a ser realizado.

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Nota da tabela

Este quarto quadro, faz uma menção do total de trabalhadores singulares a


serem inqueridas, sendo eles trabalhadores singulares da reserva florestal do
Béu, que são 30 pessoas; na qual, 25 masculino e 15 femininos102.

2. Amostra

Amostra - É a fracção de alguma coisa dada para observar, provar ou analisar


com a finalidade que a qualidade de todo venha a ser avaliada.

Características da amostra

População: Ocupação social Masculino Feminino TOTAL


dos sujeitos inqueridos
01 Administração da Comuna do Béu 11 10 21
02 Funcionários da Repartição do IDA 07 02 09
da Comuna do Béu
03 Trabalhadores singulares da 25 15 40
reserva florestal do Béu
TOTAL 40 27 70

Fonte: Inquérito feito a Administração da Comuna do Béu, Funcionários da Repartição do IDA


da Comuna do Béu e Trabalhadores singulares da reserva florestal do Béu.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Nota da tabela

Amostra é o número verdadeiro das pessoas na qual aplicamos o questionário.

Todavia, dos 70 previstos só tivemos o total de trinta e cinco (35) entrevistados


com a fraca participação dos homens.

3. Método de recolha de dados

Método - É o caminho a seguir no estudo de um caso com a finalidade de


averiguar a veracidade dos factos. Porém, neste inquérito usar-se-á os

102 Ibidem.

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métodos bibliográfico e de entrevista, para o estudo de caso da recolha de


dados103.

a) Teórico:

 Bibliográficos - são os materiais fundamentais, linhas mestras que


tornaram o trabalho possível (Doutrinais, livros e legais).

 Dedutivo e Indutivo - reflecte-se o caso em moldes gerais e inferindo-


se em particular, e avesso.

b) Empírico:

 O Inquérito - Foi necessário fazer um estudo focalizado aos


funcionários da Administração Comunal do Béu ligados a especialidade da
protecção do meio ambiente, Funcionários da Repartição comunal do IDA da
Comuna do Béu responsáveis pela protecção das florestas naquela localidade
e Trabalhadores singulares da reserva florestal do Béu, pessoas que trabalham
na floresta do Béu, utilizando tal actividade o seu ganha-pão do dia-a-dia.

c) Matemático:

 Estatístico - Por um lado usou-se a descritiva para caracterizar os


métodos utilizados para simplificar os dados obtidos no inquérito, e por outro,
usou-se a indutiva para caracterizar as vias seguidas para avaliar as difusões
encontradas a partir dos dados recolhidos.

4. Definição de prática da exploração florestal

São as actividades realizadas em florestas de produção naturais do domínio


público do Estado ou das autarquias locais, exercida pelas pessoas singulares
ou colectivas às quais tenha sido ou não concedido o direito de exploração
florestal.

4.1. Hectares explorados

Durante o ano fez-se um estudo pelo IDF onde descobriu-se que a floresta tem
sido explorada intensamente de forma ilegal com base ao critério da colecta
florestal convencional obtendo assim os seguintes dados104:

103 Cfr. SINGH, Simon – Estudos de métodos científicos. São Paulo: Editora. Record. 2006, p.
13.

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Hectares Explorados na Reserva do Béu no Município de Maquela do Zombo


de 2010 a 2019.

Anos
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
301 350 400 453 420 399 402 407 415 433

Fonte: Inquérito feito a Repartição Comunal do Instituto de Desenvolvimento Agrário do Béu.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Nota da tabela

Estes números são referentes a exploração florestal afecta a uma das maiores
reservas de Angola. A variação dos resultados consubstancia-se na variação
da produção onde em 2014 por causa da crise os produtores recuaram dando
um intervalo até em 2015, começando se restabelecer em 2016. Fruto dessa
prática maliciosa considera-se ainda que de 2010 a 2019 a reserva florestal do
Béu sofreu graves alterações que influenciaram muito nas alterações climáticas
e na poluição do ar atmosférico. Afirma os serviços do IDF que foram cerca de
50% hà que os munícipes daquela localidade deram cabo105.

SECÇÃO III – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

1. Inquérito

Pergunta n.º 1.1

1). Conheces o que é a reserva florestal? Sim ou Não.


Opinião dos funcionários da Administração Comunal do Béu, Funcionários da
Repartição comunal do IDA da Comuna do Béu e Trabalhadores singulares da
reserva florestal do Béu106.

Tabela n.º 01

INQUERIDOS Respostas Percentagem (%) TOTAL 100 %


Sim 12 34,28 12 34,28 %
35 Não 23 65,71 23 65,71 %

104 Cfr. Repartição do Instituto de Desenvolvimento Agrário da Comuna do Béu – Relatório


sobre a exploração ilegal da reserva florestal do Béu do Município de Maquela do Zombo.
2019, p. 18.
105 Cfr. Administração Comunal do Béu – Estudos, planeamentos e estatística. 2019, p. 22.
106 Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

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Total 35 100 35 100

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Representação gráfica

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Interpretação dos dados

Na pergunta n.º 1.1, solicitou-se para saber junto aos funcionários da


Administração Comunal do Béu, Funcionários da Repartição comunal do IDA
da Comuna do Béu e Trabalhadores singulares da reserva florestal do Béu, se
conhecem o que é a reserva florestal. Os dados apresentados indicam que das
35 pessoas inqueridas, 12 pessoas correspondentes a 34,28 % responderam
sim que conhecem o que é a reserva florestal e 23 inqueridos correspondentes
a 65,71 % responderam não conhecem o que é a reserva florestal.

Todavia, sobre o inquérito feito 85 % pessoas responderam negativamente, ou


seja, negam ter conhecimento sobre o que é reserva florestal, o Estado não
cria políticas de sensibilização e não integra disciplinas com esta temática nos
níveis mais preliminares.

Pergunta n.º 1.2

2). Qual é o destino dos produtos produzidos na reserva florestal do Béu?

Nesta pergunta temos 3 hipóteses: 1). Para consumo familiar; 2).


Comercialização; 3). Diversos.

Respostas dos inqueridos sobre o destino dos produtos produzidos na reserva


florestal do Béu.

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Tabela n.º 02

Inqueridos Respostas Percentagem (%) Total 100 %


Para consumo 20 57,14 20 57,14 %
familiar
35 Para 10 28,57 10 28,57 %
comercialização
Diversos 5 14,28 5 14,28 %
Total 35 100 35 100

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Representação gráfica

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Interpretação dos dados

Na pergunta n.º 1.2, procurou-se saber junto aos sujeitos inqueridos, a fim de
saber qual é o destino dos produtos produzidos na reserva florestal do Béu. As
análises feitas, demonstram que nos 35 inqueridos, 20 pessoas responderam
que o destino dos produtos produzidos na reserva florestal do Béu é para
consumo familiar, correspondente a 57,14 %, 10 responderam que o
verdadeiro destino é para comercialização correspondente a 28,57 %. E 5
responderam destina-se a diversos destinos, correspondente a 14,28 %.

No entanto, no inquérito feito, 57,14 % responderam significativamente que o


destino dos produtos produzidos na reserva florestal do Béu é para o consumo
familiar, pois que, a falta de condições de escoamento não lhes tem dado
muitas possibilidades de venderem dentro ou fora da comuna e que muitos

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deles só praticam estas actividades por motivos de diversas necessidades


referenciando a pobreza.

Pergunta n.º 1.3

3). Tens noção sobre as leis que visam assegurar a protecção do meio
ambiente?

Opinião dos inqueridos, na questão sobre se têm noção das leis que visam
assegurar a protecção do meio ambiente, sim ou não.

Tabela n.º 03

INQUERIDOS Respostas Percentagem (%) TOTAL 100 %


Sim 9 25,71 09 25,71 %
35 Não 26 74,28 26 74,28 %
Total 35 100 35 100

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Representação gráfica

Fonte: Resultados dos entrevistastes.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Interpretação dos dados

Na pergunta n.º 1.3, pesquisou-se para saber a percentagem de pessoas que


têm noção sobre as leis que visam assegurar a protecção do meio ambiente.
Dos 35 inqueridos, 09 pessoas correspondentes a 25,71 % responderam sim
têm noção sobre as leis que visam assegurar a protecção do meio ambiente. E
26 pessoas correspondentes a 74,28 % responderam não têm noção sobre as
leis que visam assegurar a protecção do meio ambiente.

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Todavia, notou-se que 74,28 % responderam insignificativamente que não têm


noção sobre as leis que visam assegurar a protecção do meio ambiente.
Atendo o resultado acima encontrado, o meu apelo vai para os responsáveis
superiores hierárquicos dos funcionários do IDA, que devem criar mecanismos
de capacitação dos seus quadros para que estes por sua vez passem
informações convincentes de como cuidar o meio ambiente a população.

Pergunta n.º 1.4

4). Quais são os motivos que fazem com que o pessoal recorre de forma
abundante na exploração das reservas florestais do Béu? Falta de
conhecimento b) pobreza c) facilidade de acesso.

Tabela n.º 4

De acordo com os inqueridos, responderam de formas diferentes para quem é


funcionário e para quem é trabalhador.

Inqueridos Respostas Percentagem (%) Total 100 %


Falta de 13 37,14 13 37,14 %
conhecimento
35 Facilidade de 10 28,57 10 28,57 %
acesso
Pobreza 12 34,28 12 34,28 %
Total 35 100 35 100

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Representação gráfica

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Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Interpretação dos dados

Nesta pergunta n.º 1.4, procurou-se saber perante as pessoas inqueridas para
saber quais são os motivos que fazem com que o pessoal recorre de forma
abundante na exploração das reservas florestais do Béu. No conjunto de 35
pessoas, 13 pessoas correspondentes a 37,14 % responderam que é falta de
conhecimento, 10 pessoas correspondentes a 28,57 % responderam facilidade
de acesso. E 12 pessoas que correspondem a 34,28 % responderam que é a
pobreza. Portanto, nesta sondagem, notou-se que 37,14 % foram unânimes em
responder que é falta de conhecimento e através desta pesquisa podemos
perceber outro indicador importante que outros factores que contribuem
negativamente para a exploração excessiva da floresta do Béu são107: A
pobreza, as limitadas capacidades institucionais, a falta da actualização do
conhecimento do património florestal e faunístico existente, o abandono das
áreas de conservação, a falta de planos de gestão dos recursos naturais e a
baixa participação do sector florestal e faunístico na economia do país,
resultado da fraca produção actual. E isso é bastante preocupante porque
segundo THOMAS P. HOLMES, os impactos negativos causados pela
exploração das florestas geralmente não são contabilizados em termos
económicos e causam um grande défice ambiental108.

Pergunta n.º 1.5

5). Os exploradores da reserva florestal do Béu são autorizados Sim, Não ou


Talvez.

De acordo com as pessoas que foram inqueridas, procurou-se saber se os


exploradores da reserva florestal do Béu são autorizados e obtemos os
seguintes resultados.

107 Cfr. Administração Comunal do Béu – Questionário sobre os problemas sociais que afectam
a reserva florestal. 2018 – 2019, pp. 18 – 19.
108 Cfr. HOLMES, Thomas P. Custos e Benefícios Financeiros da Exploração Florestal de

Impacto Reduzido em Comparação à Exploração Florestal Convencional na Amazónia Oriental.


2.ª Edição. Coimbra: Almedina. 2004, p. 2.

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Tabela n.º 5

INQUERIDOS Respostas Percentagem (%) TOTAL 100 %


Sim 12 34,28 12 34,28 %
Não 15 42,85 8 42,85 %
35 Talvez 8 22,85 15 22,85 %
Total 35 100 35 100

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Representação gráfica

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Interpretação dos dados

Pergunta n.º 1.5, procurou-se saber perante os inqueridos se os exploradores


da reserva florestal do Béu são autorizados, das 35 pessoas, 12 pessoas
correspondentes a 34,28 % responderam que sim os exploradores da reserva
florestal do Béu são autorizados, 15 pessoas correspondente a 42,85 %
responderam que os exploradores da reserva florestal do Béu não são
autorizados e 08 pessoas correspondentes a 22,85 % responderam talvez são
autorizados.

Todavia, neste inquérito, nota-se que 42,85 % responderam da mesma forma


responder que os exploradores da reserva florestal do Béu não são
autorizados, por falta de informação sobre as medidas de conservação e de

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actuação das florestas por parte da administração comunal ou negligencia dos


mesmos109.

Pergunta n.º 1.6

6). Qual é o seu nível de conhecimento sobre a protecção das reservas


florestais? a) bom, b) péssimo, c) normal.

Tabela n.º 06

Segundo a opinião dos questionados responderam os seus níveis de


conhecimento sobre a protecção das reservas florestais do Béu é péssimo110.

Inqueridos Respostas Percentagem (%) Total 100 %


Bom 4 5,71 04 5,71 %
Normal 10 20 10 20 %
35 Péssimo 21 60 21 60 %
Total 35 100 35 100

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Representação gráfica

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Interpretação dos dados

Das 35 pessoas que participaram no inquérito 4 correspondentes a 5,71 %


responderam que o seu nível de conhecimento sobre a protecção da reserva

109 Dados provenientes da entrevista feita ao público-alvo da pesquisa.


110 Resultado do inquérito feito ao público-alvo da pesquisa.

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florestal do Béu é bom, vinte 10 pessoas que corresponde a 20 % responderam


que é normal e 60 % correspondente a 21 pessoas responderam que é
péssimo.

Pergunta n.º 1.7

7). O Estado intervém rigorosamente na protecção da reserva florestal do Béu?


Sim ou Não

Tabela n.º 07

Segundo o questionário o Estado não intervém rigorosamente na protecção da


reserva florestal do Béu.

Inqueridos Respostas Percentagem (%) Total 100 %


Sim 10 28,57 10 28,57 %
35 Não 25 71,42 25 71,42 %
Total 35 100 35 100

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Representação gráfica

Fonte: Inquérito feito ao governo provincial do Uíge

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Interpretação dos dados

Na questão 1.7, procurou-se saber se o Estado intervém rigorosamente na


protecção da reserva florestal do Béu, do inquérito feito pode se perceber das
pessoas que foram submetidas ao inquérito 25 pessoas responderam não
correspondendo a 71,42 % e 10 pessoas responderam sim, que corresponde a
28,57 %. Finalmente, neste inquérito, notou-se que 71,42 % responderam que

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o Estado não intervém rigorosamente na protecção da reserva florestal do Béu.


Porém alguns aspectos que fazem com que a fiscalização tenha sido um
fracasso são os baixos salários oferecidos na função pública, em que um
guarda-florestal ganha o equivalente à, aproximadamente, 33.000,00 Kz (Trinta
e três mil Kwanzas) por mês, estrangula qualquer processo de fiscalização, por
falta de incentivo. Por outro lado, a falta de pessoas formadas na área dificulta
o processo de actuação naquela circunscrição. o IDA na Comuna do Béu só
possui 3 técnicos com formação média, 6 técnicos com formação de base, não
possuindo nenhum técnico com formações superior sendo todos eles
absorvidos por contrato e pelo trabalho administrativo, tendo no total 09
funcionários111.

Pergunta n.º 1.8

8). Qual é o mecanismo que o Estado tem adoptado para fiscalizar a reserva
florestal do Béu? Anual ou Mensal. As pessoas inqueridas responderam que a
o mecanismo que o Estado tem adoptado para fiscalizar a reserva florestal do
Béu a anual.

Tabela n.º 08

Inqueridos Respostas Percentagem (%) Total 100 %


Anual 20 57,14 20 57,14 %
35 Mensal 15 42,85 15 42,85 %
Total 35 100 35 100

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Representação gráfica

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

111 Grupo alvo do Inquérito a ser realizado.

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Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Interpretação dos dados

Na Pergunta n.º 1.8, nesta pergunta procurou-se inquirir para saber qual é o
mecanismo que o Estado tem adoptado para fiscalizar a reserva florestal do
Béu. Neste caso, dos 35 inqueridos, 20 pessoas correspondentes a 57,14 %
responderam que é anual e 15 pessoas correspondentes a 42,85 %
responderam que é mensal.

Todavia, importa salientar que os responsáveis pela fiscalização das florestas


na Comuna devem traçar planos semanais para fiscalizar a respectivas floretas
e criarem condições para contratação de guardas florestais a fim de
protegerem constantemente a reserva florestal do Béu.

Pergunta n.º 1.9

9). Em que mercado é comercializado os produtos arrecadados na reserva


florestal do Béu? Local ou externos

Tabela n.º 09

Segundo os questionados, o mercado em que têm comercializado os produtos


extraídos na reserva florestal do Béu é o interno tudo por falta de possibilidades
para o escoamento.

Inqueridos Respostas Percentagem (%) Total 100 %


Local 25 71,42 25 71,42 %
35 Externos 10 28,57 10 28,57 %
Total 35 100 35 100

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Representação gráfica

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Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Interpretação dos dados

Nesta questão 1.9, procurou-se saber aos indivíduos inqueridos em que


mercado é comercializado os produtos arrecadados na reserva florestal do
Béu. Dos 35 inqueridos, 25 pessoas correspondentes a 71,42 % responderam
que o no mercado local porque é aqui onde nós realizamos as nossas
actividades constantemente e 10 pessoas correspondentes a 28,57 %
responderam que é no mercado externo.

Pergunta n.º 1.10

10). Como é que se analisa o acto de exploração florestal da reserva florestal


do Béu? Bom; Muito bom; Normal; Razoável.

Tabela n.º 10

As pessoas inqueridas, opinaram que o acto de exploração florestal da reserva


florestal do Béu é bom e muito bom.

Inqueridos Respostas Percentagem (%) Total 100 %


Bom 9 25,71 9 25,71 %
Muito bom 18 51,42 18 51,42 %
35 Normal 5 14,28 5 14,28 %
Razoável 3 8,57 3 8,57 %
Total 35 100 35 100

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Representação gráfica

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Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Interpretação dos dados

Na pergunta n.º 1.10, pediu-se à população que nos informe como classificam
como é que se analisa o acto de exploração florestal da reserva florestal do
Béu. Num grupo de 35 indivíduos inqueridos, 03 pessoas correspondentes a
8,57 % responderam que tem sido razoável, 05 pessoas correspondentes a
14,28 % responderam que tem sido normal; 18 pessoas correspondentes a
14,28 % responderam que tem sido muito bom; e por fim 09 pessoas
correspondentes a 25,71 % que responderam que tem sido bom.

Pergunta n.º 1.11

11). Será que os trabalhadores da reserva florestal do Béu têm licenças de


autorização? Sim ou Não.

Tabela n.º 11

Segundo a opinião dos entrevistados, responderam que não.

Inqueridos Respostas Percentagem Total 100 %


35 Sim 0 0 0 0%
Não 35 100 35 100 %

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

Representação gráfica

Fonte: Resultados do inquérito feito a população alvo da pesquisa.

Elaboração: Honésimo Domingos Vieira Manuel, 2019.

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Interpretação dos dados

Na pergunta 1.11, a intenção foi para saber se os trabalhadores da reserva


florestal do Béu têm licenças de autorização, tivemos uma resposta negativa.
Os trabalhadores da reserva florestal do Béu não têm licenças de autorização.

2. Cruzamento dos resultados

A população, trabalhadores por conta de outrem da Comuna do Béu é


aproximadamente de 5.099112 habitantes. E a população, pessoas singulares é
aproximadamente 7.035113 habitantes. O inquérito feito sobre a matéria em
causa, deixou claro que a população, trabalhadores por conta de outrem da
Comuna do Béu e os trabalhadores singulares da mesma, por um lado têm o
conhecimento da protecção das reservas florestais e do meio ambiente numa
percentagem de 20 %, e outra parte não tem conhecimento, por falta de
informação porque o Estado não cria politicas de inovação dos conhecimentos
sobre a protecção do meio ambiente, porém esta outra parte que não tem
informação a protecção dos recursos florestais e do meio ambiente
correspondeu a 80 %. Porém fez-se uma análise negativa.

3. Discussão Final

A discussão final surgiu por intermédio da análise das questões levantadas no


estudo de caso. Falou-se sobre o que é a reserva florestal, qual é o destino dos
produtos produzidos na reserva florestal do Béu, noção sobre as leis que visam
assegurar a protecção do meio ambiente, se os exploradores da reserva
florestal do Béu são autorizados, qual é o nível de conhecimento sobre a
protecção das reservas dos inqueridos, será que o Estado intervém
rigorosamente na protecção da reserva florestal do Béu, qual é o mecanismo
que o Estado tem adoptado para fiscalizar a reserva florestal do Béu, em que
mercado é comercializado os produtos arrecadados na reserva florestal do
Béu, como é que se analisa o acto de exploração florestal da reserva florestal
do Béu e será que os trabalhadores da reserva florestal do Béu têm licenças de
autorização, é destas questões onde vamos nos basear para apresentar a
discussão final.

112 Cfr. 1.1.1.1. População, trabalhadores por conta de outrem, p. 48.


113 Cfr. 1.1.1.2. População, trabalhadores por singulares, p. 49.

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Conseguiu-se perceber que cabe ao Governo central na coordenação do sector


florestal garantir a formulação de políticas e assegurar a sua implementação, a
adequação e aplicação da legislação, designadamente através da fiscalização,
bem como definindo a função e as responsabilidades dos diferentes actores,
criando condições para o exercício de actividades privadas, cooperativas,
comunitárias e familiares relativas à exploração dos recursos da flora. E os
Órgãos da Administração Local são os principais veículos para a
implementação, fiscalização e controlo da política nacional do sector, apoiando
o Órgão central para a gestão integrada e descentralizada nas matérias de
tomada de decisão local, nos termos da com intuito de se trabalhar com a
população a fim de se banir o desflorestamento excessivo das florestas visto
que a exploração ilegal, sendo ela danosa, mesmo por falta do conhecimento,
leva o explorador independentemente de culpa e nos termos da lei, é obrigado
a reparar os danos ou indemnizar o Estado ou terceiros pelos prejuízos
causados a luz do n.º 1 do artigo 28.º da Lei de Bases do ambiente114.

114 Cfr. n.º 1 do artigo 28.º da Lei n.º 5/98 de 19 de Junho…, Op. Cit., p. 361.

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Conclusão

Ao terminar está abordagem científica, as hipóteses foram confirmadas bem


como as questões foram aclaradas tanto que com base às respostas do
inquérito realizado, concluiu-se que:
1. A actividade dos exploradores florestais está sim implicitamente no
conceito de protecção, assim, tutelada pela Lei n.º 6/17 de 24 de Janeiro, mas
a falta de conhecimento sobre a preservação das reservas florestais por parte
da comunidade exploradora de Maquela do Zombo e a falta de implementação
de uma disciplina que aborda sobre esta matéria nos níveis mais preliminares
tem sido um factor primordial;
2. Os actores da exploração florestal do Béu são natos do Município de
Maquela do Zombo e embora uns sabendo que a prática é meramente negativa
e outros não insistem em fazer por intermédio do nível de vida económico que
é muito baixo;
3. Não obstante o facto de não existir uma formação adequada a todos os
níveis no que concerne a protecção das reservas florestais, nota-se também
que os que já estão formados nesta área não têm ajudado o Estado no sentido
de divulgar as boas práticas para a preservação das reservas florestais;
4. Há um défice até mesmo no ponto de vista dos legisladores que
abordam temáticas sobre esta matéria pois em muitos casos, as Leis não se
assemelham e isso deixa baralhado a mente de quem pratica tal ilicitude e o
próprio Estado por falta de rigorosidade não fiscaliza as actividades de
exploração, tanto que o seu sentimento de justiça tem sido muito sensível;
5. O Estado intervém no sentido de criar políticas e estabelecer regras para
que eles sejam bem explorados com intuito de vierem a constar sempre nos
planos de ordenamento do território, mas a sua aplicabilidade no ponto de vista
operacional tem sido um fracasso notando-se também que não há uma
responsabilização sancionatória rigorosa pelos danos ambientais;
6. Não existe um pacote de relatórios credíveis sobre os levantamentos e
tratamentos de informações relativas ao ambiente, e assim questiono: «como é
que pode haver uma fiscalização rigorosa?» se a intervenção se baseia naquilo
que se vê;

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7. Em suma constatou-se que as demais reservas florestais existentes no


País não constam taxativamente quer na LBA como na LBFFS e isso fez com
que no âmbito do nosso trabalho não citamos nenhum artigo que fala sobre a
Reserva florestal do Béu.

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Recomendações finais ou sugestões


1- É necessário que exista um sistema de formação de professores de
educação ambiental e a inserção da disciplina nos currículos escolares aos
níveis mais preliminares;
2- O estado deve criar programas inclusivos para combater a fome e a
pobreza para que os cidadãos evitem a recorrer em meios não apropriados a
procura de sobrevivência;
3- É necessário que os formados na área ambiental criem iniciativas
avulsas, cfr. As als. a e b do artigo 20.º da LBA que dispõe de que a
sensibilização ambiental é essencial porque sem ela o índice de
implementação de um Direito que envolve uma atitude de respeito dos valores
naturais estará votado ao fracasso, mais a mais num Estado ainda
minimamente industrializado;
4- A formação de pessoal especializado para o desenvolvimento da missão
formativa é também fundamental para legitimar o poder sancionatório do
Estado, pois sem consciência da ilicitude o seu exercício afronta o mais básico
sentimento de justiça;
5- O Estado deve procurar criar estratégias para incentivar a vida financeira
e económica dos fiscalizadores ambientais porque nota-se que a aplicabilidade
da sua intervenção tem sido um fracasso por motivos de falta de motivação por
parte de quem tem está responsabilidade, bem como as formas de actuações
para responsabilizações pelos danos ambientais devem ser revisadas e
actualizadas no sentido de que todos aqueles que infligem com a lei
responsabilizam-se rigorosamente uma vez provada;
6- Uma vez resolvidos os aspectos de base, quer no ponto de vista
informativo (levantamento e tratamento da informação relativa ao ambiente),
quer formativo (implementação de uma estratégia de educação ambiental,
tanto para crianças como para adultos), é necessário se fazer cumprir algumas
injunções legiferantes que resultam da LBA e da CRA, como a regulamentação
das condições dos seguros ambientais, o regime da responsabilização por
dano ecológico puro, um regime de avaliação estratégico de planos e
programas, uma lei dedicada à legitimidade popular para defesa de interesses
difusos e suas especificidades;

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7- Em fim, sugere-se que se faça revisão das Leis para que as demais
reservas florestais existentes no Pais possam constar taxativamente na LBA e
na LBFFS para que sejam evidências claras sempre que alguém desenvolva
um tema relacionado.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Dezembro de 1948.

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in Diário da República – I Série – N.º 13.

Lei n.º 5/98 de 19 de Junho – Lei de Bases do Ambiente, in Diário da República


– I Série – N.º 27.

Lei n.º 3/14 de 10 de Fevereiro – Lei Sobre a Criminalização das Infracções


Subjacentes ao Branqueamento de Capitais, in Diário da República – I Série –
N.º 27.

Doutrina

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Coimbra: Almedina. 2012.

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Almedina. 2012.

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de Impacto Ambiental. 2.ª Edição. Coimbra: Almedina. 2010.

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Edição. Barcelona: Editorial Planeta. 1994.

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de Mestrado. Barcelona: Universidade Pompeu Fabra. 1996.

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Publicada em Agosto de 2019, conteúdo da tabela 19 sobre Gestão das
florestas e outros usos do solo.

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Edição. Lisboa: Academia de Ciências. 1987.

RODRIGUES, Orlando – Apontamentos de Direito Penal Escolar. Luanda:


Gráfica de Coimbra. 2014.

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(Publicismo, associativismo e privatismo no Direito do Ambiente). 2.ª Edição.
Coimbra: Almedina. 1999.

______________________ – Breve Ensaio sobre a Protecção Constitucional


das Gerações Futuras. in homenagem ao Prof. Doutor Diogo Freitas do
Amaral. Coimbra: Almedina. 2010.

SILVA, Carlos Alberto B. Burity da – Teoria Geral do Direito Civil. Colecção


Faculdade de Direito da UAN. Luanda: Gráfica de Coimbra. 2004.

SÁ, Sofia – Responsabilidade Ambiental: Operadores Públicos e Privados.


Porto: Editorial Sá. 2011.

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http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/. Consultado em: 29 de Novembro de
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SOUSA, Idalécio Rodrigues de – Critério da Responsabilidade Penal das


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http://softwarelivre.org/portal/legislativo/. Consultado em: 29 de Novembro de
2019. 13 horas e 19 minutos.

Instituições consultadas

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2019.

__________________________ – Estudos, planeamentos e estatística. 2019.

__________________________ – Estudo Demográfico e estatístico sobre a


Comuna. 2010.

__________________________ – Questionário sobre os problemas sociais


que afectam a reserva florestal. 2018 – 2019.

___________________________________ – Mapeamento da Comuna. 2019.

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Repartição do Instituto de Desenvolvimento Agrário da Comuna do Béu –


Relatório sobre a exploração ilegal da reserva florestal do Béu do Município de
Maquela do Zombo. 2019.

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ANEXO

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ANEXO 1

FICHA DE INQUÉRITO DIRIGIDA AOS FUNCIONÁRIOS DA REPARTIÇÃO


DO IDA DA COMUNA DO BÉU, FUNCIONÁRIOS DA ADMINISTRAÇÃO
COMUNAL DO BÉU E TRABALHADORES SINGULARES DA RESERVA
FLORESTAL DO BÉU.

Caríssimos inqueridos, a exploração das reservas florestais, não obstante o


facto de ser crime por ser ilegal, tem sido um grande problema no que
concerne a conservação do meio ambiente em que habitamos no nosso dia-a-
dia, assim como mete em causa o nosso bem-estar, também meterá em causa
o bem-estar das sociedades vindouras. Para o efeito, queremos recolher
algumas informações através desta ficha que poderás preencher à vontade
sem qualquer receio pois a mesma é anónima (não precisa escrever o seu
nome).

Para tal, assinala apenas com X onde achares conveniente:


Idade: ______ anos;
Funcionário Publico na Instituição de_________________________________
É estudante com o nível académico:
Ensino Médio Ensino Superior

1. Conheces o que é a reserva florestal? Sim Não


2. Qual é o destino dos produtos produzidos na reserva florestal do Béu?

Nesta pergunta temos 3 hipóteses:

1) Para consumo familiar

2) Para comercialização

3) Diversos

3. Tens noção sobre as leis que visam assegurar a protecção do meio


ambiente? Sim Não
4. Quais são os motivos que fazem com que o pessoal recorre de forma
abundante na exploração das reservas florestais do Béu?
Falta de conhecimento
Pobreza
Facilidade de acesso

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5. Os exploradores da reserva florestal do Béu são autorizados? Sim Não

6. Qual é o seu nível de conhecimento sobre a protecção das reservas


florestais? Bom Péssimo Normal

7. O Estado intervém rigorosamente na protecção da reserva florestal do Béu?

Sim Não

8. Qual é o mecanismo que o Estado tem adoptado para fiscalizar a reserva


florestal do Béu? Anual Mensal

9. Em que mercado é comercializado os produtos arrecadados na reserva


florestal do Béu? Local Externos

10. Como é que se analisa o acto de exploração florestal da reserva florestal do


Béu? Bom Muito bom Normal Razoável

11. Será que os trabalhadores da reserva florestal do Béu têm licenças de


autorização? Sim Não

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