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ENG 6620 – FUNDIÇÃO II

Departamento de Metalurgia

Prof. Marcelo Stahlschmidt 2013/2


Mercado Econômico da Fundição

Fundidos ferrosos
“Os metais ferrosos são ligas de ferro e carbono, que se dividem em aço e ferros fundidos”.
Os ferros fundidos são ligas do sistema ternário Fe-C-Si, contendo teores de carbono super
iores a 2%. O aço, por sua vez, contém teores de carbono inferiores a 2%.
As propriedades mecânicas dos ferros fundidos são definidas, basicamente, por sua microe
strutura, isto é, pela forma como o carbono se encontra distribuído: ele pode estar tanto co
mbinado diretamente ao ferro (cementita) como em estado livre (grafita).

Tipos de fundidos
Mercado Econômico da Fundição
A indústria global de fundição

A produção global de fundidos é de 90 milhões de toneladas. Até a eclosão da cris


e financeira internacional, no fim de 2008, a indústria de fundição vinha mostrando
crescimento consistente de 4,5% ao ano, desde 2000. Com a crise, a produção de
fundidos apresentou decréscimo de 2% frente a 2007 – a primeira queda em oito
anos.
Mercado Econômico da Fundição
Mercado Econômico da Fundição

Mão de Obra

A mão de obra está entre os principais custos da indústria de fundição, e


a diferença entre os custos de países desenvolvidos e emergentes pode
chegar a 25 vezes.
Mercado Econômico da Fundição
Mercado Econômico da Fundição
Mercado Econômico da Fundição
A indústria brasileira de fundição

A produção brasileira de fundidos é de 3 milhões de toneladas anuais, o


que coloca o Brasil na 7ª posição do ranking entre os maiores produtores
globais, gerando aproximadamente, 60 mil empregos diretos.

A partir de 2001 a indústria brasileira de fundição passou a apresentar


crescimento consistente, ultrapassando a barreira de 3 milhões de t em
2005.
Mercado Econômico da Fundição
Emprego de mão de obra

De 1970 a 1990, o número de empregados acompanhou o ritmo de produção. A


partir de 1990, com a abertura do mercado, a indústria de fundição foi forçada a
se modernizar. O novo ciclo de investimentos pelo qual passou a indústria automo
tiva elevou não só a demanda como também o nível de qualidade exigido dos forn
ecedores de fundidos. Desde então, houve um descolamento entre produção de
fundidos e número de empregados, caracterizando um ganho significativo de
produtividade, que passou de 22 t/h.ano, em 1990, para 45t/h.ano, em 2000.
Mercado Econômico da Fundição
Mercado Econômico da Fundição
Mercado Econômico da Fundição

Localização geográfica

A produção está concentrada nas Regiões Sudeste e Sul, principais dema


ndantes de fundidos, dada a importância das indústrias metal-mecânica e
automotiva. A desconcentração da indústria automotiva nas últimas décad
as e a consolidação (fusões e aquisições) da indústria de fundição, especi
almente no Sul, explicam a migração de empresas para esta região.
Mercado Econômico da Fundição
Mercado Econômico da Fundição

Atualmente, o setor automotivo responde por 67% das vendas nacionais.


O setor de bens de capital aparece em seguida, com participação de 19
%. A demanda do setor de siderurgia, que atualmente corresponde a ape
nas 2% da demanda de fundidos, já representou 16,5% no passado.
Mercado Econômico da Fundição
Mercado Econômico da Fundição
Fusão dos Metais e Ligas
Refratários
• É atribuído a um grupo de materiais, em sua maioria cerâmicas, capazes
de suportar altas temperaturas sem perder suas propriedades físico-
químicas.
• Materiais refratários são fabricados em combinações variadas e de formas,
dependendo das suas aplicações.
Refratários
Refratários
Refratários
Na condição de refratário,os materiais devem possuir:

• Alta refratariedade, capacidade de suportar altas temperaturas


sem deformar (acima de 1100ºC);
• Estabilidade mecânica, resistentes a carregamentos severos em
condições de serviço;
• Estabilidade química, resistentes à ação de escórias, fundidos
vítreos, gases quentes, etc., e não contaminantes de cargas;
• Estabilidade dimensional, baixo coeficiente de expansão térmica;
• Estabilidade ao choque térmico, resistente a variações bruscas
de temperatura;
• Baixa condutividade térmica, devem ser conservadores de calor;
• Baixa permeabilidade.
Refratários
Classificação dos refratários com base na sua natureza química:

Refratários Componentes

Ácido - que apresentam algum grau de Silicosos (~ 94% Si02)


combinação com refratários Básicos Silico-aluminosos (20 a 44% Al2O3)
Aluminosos (~ 50% Al2o3)

Básico - consistem de óxidos metálicos que Magnesíticos (MgO ~ 82%)


resistem à ação de bases Forsteríticos (MgO 40 a 55%)
Cromo-magnesíticos (MgO 30 a 75%)
Magnésio-cromiticos (Cr2O3 10 a 45%)
Dolomiticos (CaO 40 a 55%

Neutro - não apresentam Cromíticos (Cr2O3 35 a 50%)


combinação com refratários De carbono semi-amorfo (C>90%)
ácidos ou básicos Grafíticos (C variável)

Especiais Carbeto de silício, zircônia


Refratários
Siderurgia Integrada

FEA

O FEA pode estar presente ou não


nas Usinas Integradas de grande porte
Aciaria (EAF Mini-Steel):
Processo reciclador de sucata por excelência; não há restrição para proporção
de sucata na carga. A participação da aciaria elétrica no mundo vem crescendo.
FLUXOGRAMA GERAL DE UMA USINA SEMI-INTEGRADA
Forno Elétrico a Arco (EAF)
• Objetivo: fundir sucata metálica,
convertendo-a em aço líquido,
utilizando energia elétrica,
convertida em calor através pela
radiação de arcos elétricos criados
entre o(s) eletrodo(s) e peças de
sucata sólida (Metalurgia
Primária).
• Após a fusão, a composição do
aço é ajustada no processo
subseqüente de “Metalurgia
Secundária” ou “Metalurgia de
Panela” .
Desenvolvimento do Processo
• Século 19: primeiros desenvolvimentos do uso de arcos voltáicos
– 1810: Sir Humphry Davy demonstrou uso do arco elétrico para fundir ferro
– 1815: Pepys usa o arco elétrico para solda
– 1853: primeira tentativa de desenvolvimento de um forno de fusão elétrico
– 1878/9: patente para um forno elétrico a arco por Sir William Siemens
• 1907: é instalado nos EUA o primeiro forno elétrico a arco comercial por
Paul Héroult
• Após II Guerra:
– Investimento em uma usina integrada: 1.000 US$/t capacidade
– Investimento em uma mini-steel (EAF): 140 – 200 US$/t cap.
– Alta demanda de aço e grande disponibilidade de sucata no pós-guerra
– Surgem empresas siderúrgicas na Europa a base de EAF para concorrer com as
grandes usinas integradas americanas (Bethlehem Steel, US Steel) para
produção de produtos longos a menor custo
Forno Elétrico Médio Porte

Capacidade 80 toneladas/corrida

Potência 60 MVA

Voltagem 400 - 900 volts

Tap-to-tap 50 - 60 minutos
Classificação dos FEA quanto à potência:

Potencia Específica
Classificação
(KVA/t)

<200 Baixa Potencia

200 - 400 Média Potencia


400 - 700 Alta Potencia

>700 Ultra Alta Potencia (UHP)


Circuito elétrico
Linha de alta tensão

Transformador

Disjuntor

Sub Estação Primário Secundário


Formas de Vazamento

bica/canal
de vazamento

vazamento
EBT
Ciclo de produção do metal

Carregamento Fusão Refino Vazamento Aço Vazamento Escória


Ciclo de produção do metal
Comportamento Termodinâmico dos Elementos
Comportamento
Grupo Elemento
Termodinâmico

Elementos que são Ca, Mg, Si, Al, Zr,


I
incorporados à escória Ti, B

Elementos que se
II dividem entre aço e Mn, P, S, Cr, Nb, V
escória

Elementos que são Cu, Ni, Sn, Sb, Mo,


III
incorporados ao aço Co, As, W

Elementos que são


IV Zn, Cd, Pb
vaporizados
Sucata
• Fator custo:
• nível de limpeza
• presença de contaminantes
Efeito da densidade da sucata:
• Carregamento com 2 cestões:
• custo mais elevado (sucata de maior densidade)
• menor tap-to-tap (~ 5 minutos)
• menor perda térmica (~ 10 kWh/t)
• menor oxidação (maior rendimento metálico)

• Carregamento com 2 cestões ou 3 cestões:


• Mercado com alta demanda: produtividade é mais importante
• Mercado sem demanda: custo é mais importante
Preparação dos cestões de sucata

Adição de carburante
(coque ou restos de
eletrodos)

Sucata de chapa leve


para amortecer o impa
cto da sucata pesada e
facilitar a rápida formaç
ão do banho
Preparação dos cestões de sucata

Sucata pesada coloc


ada abaixo do nível
dos eletrodos
Preparação dos cestões de sucata

Sucata média/pesada
com tamanho limitado
para evitar a quebra
dos eletrodos
Preparação dos cestões de sucata

Sucata leve/média que p


ermita a penetração
da chama dos maçaricos
+ cal
Preparação dos cestões de sucata
Sucata leve para permitir
uma rápida penetração
dos eletrodos
Restrições no carregamento:
Sucata leve no topo da carga:
• evitar radiação sobre a abóbada
• operação com baixa potência (aumenta tap-to-tap)
• rápida penetração dos eletrodos de modo que a sucata sirva
de barreira à radiação
Restrições no carregamento
Sucata em frente dos queimadores:
• evitar rebote da chama sobre os painéis
• permitir uso de chamas longas
Peças de grande peso(lingotes, restos de distribuidor):
• baixa relação área para transferência de calor/massa
• baixa velocidade de fusão
• conseqüências
• aumentam o tempo de fusão
• aumentam o consumo de energia e eletrodos
• obstrução do vazamento
• limite: 2 a 3% do peso da carga
Restrições no carregamento
Sucata contendo materiais isolantes:
• pneus, borracha (sucata contaminada) pois propiciam a quebra de
eletrodos
Sucata contendo elementos não oxidáveis:
• Cu, Ni, Sn, Sb, Mo, Co, As, W
Ferro Gusa:
4,2 %C
0,2 -0,6 %Si
0,3 – 0,6% Mn
1280 – 1400 ºC
Economia de Energia
sólido: 1,0 kWh/t gusa carregado
líquido: 3,5 a 4,5 kWh/t gusa carregado
antecipa a oxidação do carbono
maior consumo de oxigênio e cal
maior volume de escória (perda metálica)
O Arco Elétrico

 Arco elétrico como condutor


 flexível
 movimenta-se de acordo com as
forças eletromagnéticas
 a posição do eixo do arco e seu
comprimento determinam a
direção do fluxo de calor
 volume do arco depende:
 tensão (comprimento)
 corrente (diâmetro)
 condições de transferência de
calor dependem da tensão e
corrente
O Arco Elétrico
Tensão constante

corrente
O Arco Elétrico

baixa corrente: alta corrente:


fluxo horizontal fluxo vertical
Tensão constante

direção do fluxo de calor

corrente
O Arco Elétrico

ignição do arco penetração eletrodos formação do banho líquido


arco curto arco longo arco longo
baixa tensão alta tensão alta tensão
alta corrente baixa corrente baixa corrente
Queimadores

Zonas Zonas
Quentes Quentes Queimador 3

Eletrodo
Eletrodo

Queimador 1

Queimador 2
Radiação nas paredes
Injetores de carbono/oxigênio
• Refino e Vazamento.

• Objetivo do refino (ou oxidação)


1. Atingir o nível de carbono especificado para o aço a ser produzido
2. Reduzir o teor de fósforo no aço líquido abaixo da especificação
(usualmente abaixo de 0,015%)
3. Homogeneizar a composição e temperatura do aço
4. Aquecer o aço líquido até a temperatura necessária para o vazamento.
Vazamento

Vazamento com EBT


Vazamento com Bica
(Eccentric Bottom Taping)
Restrições no Vazamento

1. Reduzir a passagem de escória para a panela


 escória com altos teores de FeO e P2O5
 eleva consumo de desoxidantes
 provoca o retorno do fósforo
 camada mínima de escória para
 evitar absorção de gases
 reduzir a queda de temperatura
 excesso escória
 perda de tempo para remoção antes do forno panela
 perda metálica durante a remoção
2. Reduzir a absorção de gases
 forma do jato durante vazamento: aberto/fechado
 absorção de nitrogênio durante vazamento é menor
 quando o teor de oxigênio alto
 aços com alto teor de enxofre
 Absorção de hidrogênio é função da pressão parcial do vapor d’água
no ar:
 depende umidade do ar (dias úmidos, maior absorção)
 depende temperatura ambiente (dias quentes, maior absorção)
 varia ao longo do dia

3. Reduzir a temperatura do aço


 queda de temperatura durante vazamento depende das condições
prévias da panela
 jato aberto e jato fechado (condições do furo)
Esquema de potência no FEA

Injeção de C

Injeção de O2

Queimadores

!00%
Potencia do transformador

Carregamento Cesta 1

Carregamento Cesta 2

75%

Vazamento
50%
Fusão Cesta 1 Fusão Cesta 2

25%
Refino

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80

Tempo (min)
Cestas para carregamento
Aquecedores de panela
Sistema de limpeza de gases
Sistema de limpeza de gases
Pré-aquecimento de sucata
Cesta de carga
de sucata

Eletrodos

Pré-aquecedor
de sucata

Lanças de
carvão e Sistema de
oxigênio injeção de ar de
combustão

Queimadores

EBT
Forno de carcaça dupla
Injeção de gases pelo fundo
Sistema de basculamento
Sistema Supervisório do forno

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