Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
O uso do microscópio atingiu seu apogeu com Leewwnhoek, que é
considerado o primeiro verdadeiro microscopista. Ele usou microscópios de sua
própria construção, dotados de uma única lente (microscópio simples), relatou
formas e comportamentos de microorganismos, por isso ele é considerado o pai
da Microbiologia.
Somente no início do século XIX, quando microscópios de boa qualidade
tornaram-se disponíveis, pode-se descobrir que os tecidos animais e vegetais são
agregados de células. Isso foi proposto por Schleiden e Showann em 1838,
marcando formalmente o início da Biologia Celular.
A visualização no microscópio de luz depende do limite de resolução, que é
a menor distância entre dois pontos que permite distinguí-los separadamente. Ele
permite aumentar o tamanho das células até mil vezes e revelar detalhes até
0,2mm, esta limitação é imposta pela natureza de propagação da luz, pois esta
não segue exatamente a trajetória de um raio, ao contrário, as ondas de luz viajam
através de um sistema óptico por uma variedade de rotas ligeiramente diferentes,
de forma que interferem uma nas outras e causam efeitos de difração óptica. Três
fatores são requeridos para a visualização de células sob o microscópio de luz.
Primeiro, um foco de luz clara deve ser dirigido para o espécime através das
lentes no condensador. Segundo, o espécime deve ser de tal maneira preparada
que permita à luz emitida passar sobre o mesmo. Terceiro, um conjunto de lentes
apropriadas (objetiva e ocular) deve ser arranjado de modo a permitir o foco
correto do espécime no olho. Link para atualidades
Recentemente, sistemas eletrônicos de imagem associados à tecnologia de
processamento de imagens causaram um grande impacto na microscopia óptica.
Eles permitiram que certas limitações práticas dos microscópios fossem
superadas e as limitações do olho humano como: o olho não pode ver bem em
ambientes pouco claros e não percebe pequenas diferenças de intensidade de luz
em ambientes extremamente claros.
O desenvolvimento da microscopia eletrônica e sua aplicação na Biologia
Celular começaram no final do século XIX, quando em 1897 J. J. Thomson
anunciou a existência de partículas carregadas negativamente que mais tarde
2
foram denominadas “elétrons”. Em 1924, de Broglie propõe que um elétron em
movimento tem propriedades semelhantes a ondas e Bush, em 1926, prova que é
possível focar um feixe de elétrons com uma lente magnética cilíndrica, lançando
os fundamentos da óptica eletrônica. Em 1935, Knoll demonstra a viabilidade do
microscópio eletrônico de varredura (MEV) e três anos mais tarde um instrumento
protótipo foi construído por Von Ardene. Logo, em 1939, Siemens produz o
primeiro microscópio eletrônico de transmissão (MET).
A resolução entre o limite de resolução e o comprimento de onda de uma
radiação luminosa é verdadeira para qualquer forma de radiação, seja ela um feixe
de luz ou um feixe de elétrons. Com elétrons, entretanto, o limite de resolução
pode ser muito pequeno o que permite uma resolução 100 vezes melhor que a do
microscópio de luz.
O microscópio eletrônico de transmissão é em princípio similar, a um
microscópio de luz, apesar de usar um feixe de elétrons em vez de feixe de luz, e
uma bobina magnética para focar esse feixe em vez de lentes de vidro. O tecido
observado, depois de quimicamente fixado, colocado em plástico e cortado em
várias secções finas que foram revestidas com sais de urânio e chumbo, é
colocado sob o vácuo do microscópio. Geralmente é obtido um contraste pelo uso
de corantes baseados em metais elétron-densos que absorvem ou espalham
elétrons, removendo-os do feixe à medida que passam através do espécime. O
MET possui um poder de aumento útil de até um milhão de vezes e uma
resolução, com espécimes biológicas, de cerca de 2 nm.
3
Para obtenção de imagens tridimencionais utiliza-se o microscópio
eletrônico de varredura. A amostra a ser examinada é fixada, desidratada e
coberta com uma fina camada de metal pesado para ser varrida por um feixe de
elétrons focalizados no espécime por uma bobina eletromagnética e a quantidade
de elétrons espalhados ou emitidos, quando o feixe varre cada ponto sucessivo na
superfície da espécime, é medido pelo detector e usada para controlar a
intensidade de ponto sucessivos em uma imagem projetada em tela de vídeo. O
MEV propicia uma profundidade de foco e uma resolução entre 3 nm e 20 nm.
1.1.1 - Tipos de Microscópios
Hoje há diversos tipos de microscópios que permitem uma moderna e
detalhada compreensão da arquitetura celular básica, entretanto todos tem as
suas especificidades e limitações na forma de visualização das imagens celulares.
Assim, vamos fazer uma breve descrição de alguns microscópios ilustrando a
visão de cada um deles.
Microscópio Óptico (Luz)
Microscópio de Fluorescência Comum
Microscópio de Fluorescência Confocal
Microscópio de Contraste de Fase e Interferência de Nomarski
Microscópio de Polarização
Microscópio Eletrônico de Transmissão
Microscópio Eletrônico de Varredura
Microscópia Crioeletrônica
Corte histológica de uma célula vegetal - Microscopia Corte histológico de uma célula animal - Microscopia
4
de Luz de Luz
Foto de Angelo Cortelazzo (Unicamp) Foto da Profª Adelina Ferreira (UFMT)
5
Imagem retirada do livro: JUNQUEIRA & CARNEIRO, Histologia Básica, 10ª ed., Ed. Guanabara Koogan (Pg.
3 - Fig 1.2)
6
podendo combinar-se a certas substancias presentes nas células permitindo a
localização de determinadas estruturas.
A aplicação destas substâncias como corantes estão hoje, estão fortemente
ligados com métodos imunocitoquimicos, os quais permitem localizar e
quantificar o caminho percorrido de moléculas específicas dentro do tecido em
questão. Exemplo quando se injeta no tecido animal antígeno com coloração
influorescente, este se ligará no órgão em questão ao seu anticorpo específico,
assim o local de ação de onde se encontra o anticorpo dá para ser encontrado.
A técnica usa agentes químicos que emitem luz visível que pode ser verde,
laranjada ou vermelho.
Uma vantagem da microscopia de fluorescência é que podem ser aplicados
a células vivas para se determinar a concentração intracelular de íons de Ca + e
H+ podendo ser utilizado como forma de monitoria do pH de células vivas.
1.1.1.3 - Microscópio de Fluorescência Confocal
7
Imagem de Microscopia de Contraste de Fase
8
isotrópicas O microscópio de polarização serve para individualizar a estrutura que se quer
analisar.
Microscopia de luz polarizada. Um fragmento de mesentério do rato foi corado com o método de
picro-sirius, que cora fibras de colágeno. O mesentério foi colocado sobre a lâmina e observado por
transparência. Sob luz polarizada, as fibras de colágeno exibem intensa birrefringência e aparecem
brilhantes ou em amarelo. Aumento médio.
Imagem retirada do Livro: JUNQUEIRA & CARNEIRO, Histologia Básica, 10ª ed., Ed.Guanabara Koogan (Pg.
5 - Fig. 1.4)
9
Foto de Karina Mancini (Unicamp) Foto de Heidi Dolder (Unicamp)
10
Hoje limite de resolução de um microscópio eletrônico de transmissão é
40.000 vezes melhor do que a resolução do microscópio óptico e 2 milhões de
vezes melhor que a resolução do olho humano. No entanto não se é possível
ainda aproveitar inteiramente a capacidade resolutiva dos melhores microscópios
eletrônicos assim ele passa somente a ter 2.000 vezes melhor resolução que dos
microscópios ótico.
1.1.1.7 - Microscópio Eletrônico de Varredura
11
1.2 – Organização Geral das Células: Procarióticas e Eucarióticas
A célula, segundo De Robertis e Hib (2006), é a unidade estrutural e
funcional fundamental dos seres vivos, assim como o átomo é a unidade
fundamental das estruturas químicas. Se, por algum meio, a organização celular
for destruída, a função da célula também será afetada. Os estudos bioquímicos
demonstraram que a matéria viva é composta pelos mesmos elementos que
constituem o mundo inorgânico, embora com diferenças em sua organização. No
mundo inanimado, existe uma tendência contínua para o equilíbrio termodinâmico,
no curso do qual são produzidas transformações eventuais entre energia e
matéria. Ao contrário, nos organismos vivos, existe um ordenamento manifestado
nas transformações químicas, de modo que as estruturas e as funções biológicas
não se alteram.
Toda a matéria viva é composta de células e todas as células são
originadas a partir de células preexistentes, que contém as informações
hereditárias dos organismos dos quais elas são uma parte.
Essas afirmações compõem a teoria celular que possui implicações
importantes como: ao estudar a biologia da célula, se está estudando a vida e,
essa vida continua de célula parental para célula filha.
Todas as células possuem dois elementos essenciais: a membrana
plasmática, conhecida também por plasmalema ou membrana celular, que separa
os conteúdos celulares do ambiente externo. E o outro é o material genético, que
constitui a informação hereditária, que regula todas as atividades celulares e
características que são passadas para outros descendentes.
A organização desse material genético é uma das principais características
que separam as células procarióticas das eucarióticas. As células procarióticas
são representadas atualmente pelas Archaea e Bactéria, incluindo as
cianobactérias. E as células eucarióticas são representadas pelos Eukaria, que
são células que constituem os reinos: Protista, Fungi, Plantae e Animália.
12
Os componentes de célula, sem considerar o núcleo e a parede celular,
quando presentes, constituem-se do citoplasma e da membrana celular que o
envolve.
No citoplasma ou citossol encontram-se todas as moléculas e organelas da
célula, é onde ocorrem as reações bioquímicas. As organelas são estruturas
especializadas que desempenham funções específicas dentro da célula, como por
exemplo as mitocôndrias, o complexo de Golgi, vacúolos, etc.
A organização celular em procariotas e eucariotas apresentam características
peculiares, conforme se observa no quadro a seguir.
Cromossomas Múltiplos
Únicos
Nucléolos Presentes
Ausentes
Endomembranas Presentes
Ausentes
Mitocôndrias Presentes
Ausentes
Citoesqueleto Presente
Ausente
13
principalmente as bactérias, e algumas algas (cianofíceas e algas azuis) que
também são consideradas bactérias.
Por sua simplicidade estrutural (esquema abaixo) e rapidez na
multiplicação, a célula Escherichia coli é a célula procarionte mais bem estudada. Ela
tem forma de bastão, possuindo uma membrana plasmática semelhante à de células
eucariontes. Por fora dessa membrana existe uma parede rígida, com 20nm de espessura,
constituída por um complexo de proteínas e glicosaminoglicanas. Esta parede tem como
função proteger a bactéria das ações mecânicas.
14
Foto da bactéria Escherichia coli
15
Célula procarionte em forma de bastonete
16
1.3 – Origem das Células
O problema da origem das células está diretamente relacionado com a
origem da vida em nosso planeta.
Admite-se que as primeiras células que surgiram na terra foram os
procariontes. Isso deve ter ocorrido há 3,5 bilhões de anos.
Naquela época a atmosfera provavelmente continha vapor de água,
amônia, metano, hidrogênio, sulfeto de hidrogênio e gás carbônico. O oxigênio
livre só apareceu depois, graças à atividade fotossintética das células autotróficas.
Antes de surgir a primeira célula teriam existido grandes massas líquidas,
ricas em substâncias de composição muito simples. Estas substâncias, sob a ação
do calor e radiação ultravioleta vinda do Sol e de descargas elétricas oriundas de
tempestades frequentes, combinaram-se quimicamente para constituírem os
primeiros compostos contendo carbono. Substâncias relativamente complexas
teriam aparecido espontaneamente.
Stanley Miller realizou em 1953 experimentos fundamentais que
corroboraram essa possibilidade.
17
Produzindo descargas elétricas em um recipiente fechado, contendo vapor
de água, Hidrogênio, Metano e amônia, descobriu que se formavam aminoácidos,
tais como alanina, glicina, e ácidos aspárticos e glutâmicos. Estudos posteriores,
simulando as condições pré-bióticas, permitiram a produção de 17 aminoácidos
(dos 20 presentes nas proteínas).
Também foram produzidos açúcares, ácidos graxos e as bases
nitrogenadas que formam parte do DNA e RNA.
Esta etapa de evolução química foi provavelmente precedida de outra na
qual se formaram as proteínas pela polimerização dos aminoácidos. Essa etapa
posterior provavelmente teve lugar em meios aquosos onde as moléculas
orgânicas se concentravam para formar uma espécie de "Sopa Primordial" na qual
foram favorecidas as interações e onde se formaram complexos maiores
denominados coacervados ou proteinóides, com uma membrana externa
envolvendo um fluido no interior (micelas).
Posteriormente originou-se o código genético, talvez primeiro como RNA, e
em seguida o DNA e as diversas moléculas que participaram na síntese de
proteínas e na replicação, produzindo células capazes de se autoperpetuarem.
É razoável supor-se que a primeira célula a surgir foi precedida por
agregados de micelas que apresentavam apenas algumas das características hoje
consideradas peculiares dos seres vivos (metabolismo, crescimento e
18
reprodução). Isto é a primeira célula era das mais simples, porém mesmo uma
célula desse tipo é ainda complexa demais para admitir-se que ela tenha surgido
ao acaso, já pronta e funcionando.
É possível, que não havendo Oxigênio na atmosfera, os primeiros
procariontes foram heterotróficos e anaeróbicos. Posteriormente surgiram os
procariontes autotróficos, tais como as algas azul-esverdeadas que contêm
pigmentos fotossintéticos. Através da fotossíntese se produziu o Oxigênio da
atmosfera e este permitiu o surgimento de organismos aeróbicos a partir dos quais
recém originaram-se os eucariontes. Até aquele momento a vida só estava
presente na água, porém, finalmente, as plantas e os animais colonizaram a Terra.
Há 3 teorias para explicar o fato do aperfeiçoamento das células
procariontes autotróficas iniciais.
19
contém informação genética que se transmite de uma célula a outra, de um modo
comparável à informação contida no DNA dos cromossomas nucleares. Ainda
mais, ao menos no que se refere às mitocôndrias, demonstrou-se também que a
molécula de DNA é circular, como nas bactérias. Estas e outras observações nos
levam à conclusão de que mitocôndrias e cloroplastos de fato se originaram por
simbiose.
1.3.3 - Teoria Mista
É possível que as organelas que não contêm DNA, como o retículo
endoplasmático e o aparelho de Golgi tenham se formado a partir de invaginações
da membrana celular, enquanto as organelas com DNA (mitocôndrias,
cloroplastos) apareceram por simbiose entre procariontes.
1.3.4 - Conclusão:
As primeiras células vivas provavelmente surgiram na terra por volta de 3,5
bilhões de anos por reações espontâneas entre moléculas que estavam longe do
equilíbrio químico. Do nosso conhecimento acerca dos organismos existentes nos
dias atuais, e das moléculas neles contidas, parece plausível que o
desenvolvimento de mecanismos autocatalíticos fundamentais para os sistemas
vivos tenha começado com a evolução de uma família de moléculas de RNA, que
poderiam catalisar sua própria replicação. Com o tempo, uma das famílias do RNA
catalisador desenvolveu a habilidade de dirigir a síntese de polipeptídeos.
Finalmente, o acúmulo adicional de proteínas catalisadoras permitiu que células
mais complexas evoluíssem, o DNA dupla hélice substituiu o RNA como uma
molécula mais estável para a estocagem de uma quantidade crescente de
informações genéticas necessárias às células. (Fonte: www.hurnp.uel.br)
20