Você está na página 1de 14

ESCOLA MUNICIPAL GONÇALVES DIAS

LUGAR DE MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA CARIOCA

PROJETO
ROTAS DA MEMÓRIA E MEMÓRIA DOS OBJETOS
Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)
Lugares de Memórias

ROTEIRO DE AULA PASSEIO, ELABORADO PELO PROF.


MÁRCIO BRIGEIRO, PARA APOIAR PROGRAMA
PEDAGÓGICO PERMANENTE, A PARTIR DE UM
TRABALHO DE CAMPO DE RECONHECIMENTO E
VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DAS
DEPENDÊNCIAS DA ESCOLA E DOS SEUS MARCADORES
MATERIAIS E SIMBÓLICOS DO TEMPO HISTÓRICO.

RIO DE JANEIRO
2022.2
ROTEIRO INFORMATIVO DA HISTÓRIA DA EMGD

VALOR HISTÓRICO O lugar da EMGD na história da Cidade e na própria história da educação


DA EMGD brasileira ainda não é totalmente reconhecido, nem pelo poder público municipal,
nem pela historiografia da educação brasileira.
A EMGD está inserida no processo de emergência dos primeiros prédios públicos
apropriados para a instrução primária no Rio de Janeiro, a partir do início da
década de 1870, fase final do período monárquico brasileiro.
Sua pioneira edificação nesse processo inaugura, junto com o prédio da Escola de
São Sebastião, (depois, Escola Benjamim Constant, demolida em 1938), a
trajetória histórica de construção da Rede Municipal de Ensino da Cidade do Rio
de Janeiro, que tem como um dos seus marcos fundamentais, a construção das
denominadas “Escolas do Imperador” no Município da Corte Imperial.
As chamadas “Escolas do Imperador” foram o resultado de um esforço de
edificação de prédios escolares no final do período monárquico brasileiro. Desse
movimento surgiram oito prédios escolares monumentais, construídos entre 1870
e 1877 na Capital Imperial, destinados à instrução primária gratuita, separada e
diferenciada por sexos para os segmentos mais populares da cidadania limitada
imperial.
Foram prédios especificamente construídos para abrigar escolas que iriam
contribuir, naqueles tempos instáveis, na formação de crianças, jovens e adultos
da sociedade carioca em plena e tensa transição do trabalho escravo para o
trabalho livre; conjuntura mobilizadora de uma estruturação social brasileira mais
complexa e prenhe de novas demandas econômicas e sociais. A EMGD
permanece como “próprio nacional” até 1893, quando passa para a
municipalidade, na administração de Barata Ribeiro.
Desta forma, trata-se de revalorizar o peso histórico da EMGD, uma vez que:
• A EMGD sobrevive como marco arquitetônico do ensino público carioca
(uma das primeiras construções edificadas especialmente para abrigar
Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)

escolas públicas em nossa Cidade);


• A EMGD é considerada uma das referências iniciais na história da
formação da atual Rede Municipal de Ensino da Cidade do Rio de Janeiro
Lugares de Memórias

(oficialmente, a mais antiga escola pública municipal da Cidade, ainda em


funcionamento), justamente por se tratar de uma das primeiras unidades
próprias de instrução pública da então capital da Corte imperial;
• A EMGD é reconhecida como a mais antiga existente do conjunto das
chamadas “Escolas do Imperador”, ainda em funcionamento;
• A EMGD é considerada como vetor material e simbólico de uma nova
dinâmica educacional na Cidade do Rio de Janeiro no final do séc. XIX e
como documento-monumento de dois processos inter-relacionados na
História da educação brasileira: o de institucionalização dos
estabelecimentos escolares e o de hegemonia da própria educação
escolarizada sobre outros espaços de educação no nosso país.
Hoje bem tombado pelo patrimônio histórico municipal através do Decreto de
Tombamento nº. 9414 de 21/06/1990, a EMGD, junto com todas as outras quatro
edificações escolares remanescentes do conjunto das “Escolas do Imperador”, em
seus 150 anos de existência contínua como estabelecimento escolar, é
testemunha viva, a céu aberto, da evolução da educação pública da Cidade e da
memória material e imaterial da política educacional adotada em diversos
períodos da história da Cidade do Rio de Janeiro.
ROTEIRO INFORMATIVO DA HISTÓRIA DA EMGD

SITUAÇÃO A constituição histórica do EMGD como um dos primeiros “Palácios Escolares”


HISTÓRICA DA EMGD construídos entre 1870 e 1877 na Capital Imperial favorecerá, doravante, a
associação do prédio a um conjunto definido tradicionalmente como “Escolas do
COMO UMA DAS Imperador”. Historicamente a explicação mais vulgarizada da construção dessas
“ESCOLAS DO pioneiras edificações escolares, próprias, está associada a uma iniciativa do
Imperador D. Pedro II diante de um dos desdobramentos do fim da Guerra do
IMPERADOR”
Paraguai (1870). Em meio a diversas comissões, abrindo subscrições públicas
para solenizar a terminação da guerra e perpetuar a lembrança da vitória
brasileira, o Imperador recusaria os festejos e, sobretudo, o plano de elevação de
uma estátua equestre de bronze em sua homenagem. Como contrapartida, D.
Pedro II sugeriu, então, em carta de 19/03/1870 dirigida ao Ministro do Império,
Conselheiro Paulino José Soares de Souza, que os recursos estatais e de
doações públicas fossem investidos na construção de escolas públicas em prédios
próprios, inexistentes até aquele momento na Capital Imperial, mas uma demanda
antiga no contexto educacional do Município da Corte. A falta de edifícios
apropriados para o ensino público e as críticas sociais diante da inércia do Estado
Imperial em atender essa dimensão essencial do progresso da “instrução popular”
acossava o governo para a questão educacional e fora, sem dúvida, um elemento
levado em conta pelo Imperador D. Pedro II ao sugerir sua contrapartida à
homenagem que pretendiam lhe oferecer pelo fim da Guerra do Paraguai.

Todo o movimento de construção desses primeiros prédios escolares próprios, a


partir do final da Guerra do Paraguai, em 1870, constituiria, sem dúvida, em
importante ponto de inflexão na História da educação brasileira e da educação
carioca. Até então, em vez de escolas públicas em prédios próprios nacionais,
predominava a oferta pública de instrução primária através de professores
particulares consignados, de escolas particulares subsidiadas e de escolas
públicas em casas alugadas sem as mínimas condições que são indispensáveis
em prédios destinados a tal fim. O quadro do ensino público da época era precário
e os investimentos governamentais em instrução pública não eram compatíveis
com o desafio da sua expansão, que tinha dimensões já há muito conhecidas e
Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)

defasadas, mas, até aquela época, não devidamente enfrentadas. A construção


desses edifícios iria possibilitar à política educacional do Império um caráter de
materialidade de que carecia e de visibilidade a uma, enfim, “rede” escolar em
Lugares de Memórias

construção, ainda que incipiente e insuficiente para atender os desafios daquela


especial conjuntura histórica e sem força para adquirir a especificidade e a
capilaridade material e simbólica que iria conquistar ao longo do século seguinte.

Em face de todo esse contexto, a ressonância na sociedade da corte à atitude de


D. Pedro II expressou-se de imediato na organização de várias comissões, a fim
de angariar donativos para a construção de prédios públicos para abrigar escolas
no município da Corte, movimento também constatado em algumas províncias do
Império. Entre as entidades da sociedade imperial que acompanharam de
imediato a ideia do Imperador D. Pedro II em prol do progresso da instrução
pública, destacam-se a Câmara Municipal da Corte e o principal agente da
proposta da ereção da estátua equestre ao Imperador, a Associação Comercial
do Rio de Janeiro (ACRJ), cujas iniciativas deram origem ao financiamento e
construção de dois pioneiros e imponentes prédios escolares: um na Freguesia de
Sant’Anna, a Escola de São Sebastião, construída pela Câmara Municipal da
Corte e o outro na Freguesia de São Christovão, a atual Escola Municipal
Gonçalves Dias (EMGD), a partir de uma subscrição aberta junto ao Corpo do
Comércio da Corte. A ação da Câmara Municipal da Corte é considerada, junto
com a iniciativa da ACRJ, as primeiras respostas sociais concretas para marcar a
vitória brasileira na Guerra do Paraguai, terminada em 1870, a partir da sugestão
do Imperador.
ROTEIRO INFORMATIVO DA HISTÓRIA DA EMGD

CONSTRUÇÃO E Construída entre 1870 e 1872, a partir de projeto em “estilo classicizante” eclético pela
firma Ballariny e Bosísio, contratada pela ACRJ, em terreno da Praça de D. Pedro I,
FUNDAÇÃO DA EMGD atual Campo de São Cristóvão e inaugurada como Escola da Freguesia de São
Christovão, A EMGD teve a sua pedra fundamental assentada em 21/12/1870, sendo
inaugurada em 31/08/1872. Na foto abaixo, vemos a futura EMGD, em um dos seus
registros mais antigos, onde é possível ver gravado na fachada: “1872 - Escola S.
Christovão edificada pelo Commercio da Corte”.

Escola da Freguesia de S. Cristovão, 1873. Acervo da Biblioteca do Estado do Rio de Janeiro.

SITUAÇÃO Abrigando uma das primeiras “Escolas do Imperador”, o Campo de São Cristóvão - já
chamado de Largo da Igrejinha, Campo de São Christovão, Praça de D. Pedro I (a
URBANÍSTICA DA partir de fevereiro de 1866) e, depois de 1890, Praça Marechal Deodoro - é uma das
EMGD principais referências do Bairro Imperial de São Cristóvão. A situação urbanística da
Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)

EMGD, em frente ao Campo de São Cristóvão, dotou-a do privilégio histórico de


acompanhar inúmeros acontecimentos da história brasileira e da história da cidade: do
Rio agrário e escravocrata, passando pela fase industrial e proletária, até chegar na
fase urbano global contemporânea. Na 2ª metade do século XIX, já na posição de
Lugares de Memórias

destaque no cenário carioca, São Cristóvão se constituía em um importante bairro


aristocrático da Corte e o Campo de São Cristóvão, um espaço privilegiado que
abrigou diversas experiências sociais. A EMGD presenciou, assim, a forma como o
bairro se integrou e se relacionou com a cidade e sua história e diversos exemplos
poderiam ser citados como, por exemplo, a missa campal de ação de graças pela
abolição da escravidão no Brasil, que se desenvolveu em frente à escola, em
17/05/1888. (foto ao lado).

Campo de São Cristovão em dois momentos: ante e depois da inauguração das obras de melhoramento e
embelezamento, 11/11/1906 (Fonte: col. Augusto Malta)
ROTEIRO INFORMATIVO DA HISTÓRIA DA EMGD

ROTEIRO EXTERNO ADOÇÃO DO ATUAL NOME DA ESCOLA, ESCOLA GONÇALVES DIAS, EM 1905.
DA EMGD: A ânsia dos governos do início do período republicano por apagar a memória das
instituições do Império alterou o nome da antiga Escola da Freguesia de São
Christovão para Escola Gonçalves Dias. Essa mudança de nome aconteceu em
ELEMENTOS DO 1905, no período do prefeito Pereira Passos, proposta do então Diretor Geral de
EDIFÍCIO E Instrução Pública do Distrito Federal, Medeiros e Albuquerque, autor da letra do
Hino da República, fundador da Cadeira n. 22 da Academia Brasileira de Letras.
EVOLUÇÃO
Sendo uma das principais figuras do simbolismo literário, aproveita as
ARQUITETÔNICA DA prerrogativas do cargo de Diretor Geral de Instrução Pública e eterniza a memória
FACHADA da literatura brasileira nomeando prédios públicos escolares com o nome de
expoentes de escolas literárias do Brasil. Ao lado, recorte do Jornal do Brasil de
novembro de 1905, informando mudança de nome de escolas do Rio de Janeiro.
EVOLUÇÃO ARQUITETÔNICA DA FACHADA DO EDIFÍCIO DA EMGD

As mudanças, todavia, não se restringiram somente na alteração do nome e


começaram a incluir também uma série de transformações internas e acréscimos.
O edifício exibe todas as características básicas arquitetônicas observadas na
concepção geral das Escolas do Imperador: monumentalidade conferida pelas
dimensões, escala e elementos decorativos: Destaca-se a boa qualidade da
construção e dos materiais, como a pedra de cantaria, presente nas vergas e
ombreiras das portas e janelas, no embasamento e nas três escadas de acesso,
ladeadas por blocos de granito. A fachada da sede da EMGD
preponderantemente horizontal; subdivisão simétrica em três corpos, sustentando
frontões. Inicialmente, o prédio caracterizava-se por um corpo central com apenas
um pavimento e pavilhões laterais de 2 pavimentos, seguindo o modelo de
instrução da época, separada e diferenciada por sexos.

Entre 1912 e 1913, o edifício da Escola Gonçalves Dias foi reformado tendo-se a
preocupação de preservar, na medida do possível, a unidade do conjunto original
de estilo eclético, acrescentando-se um segundo pavimento ao corpo central que,
Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)

mantendo o frontão, deu lugar a mais salas de aula, no sentido de atender a


demanda que crescia na região. Esses acréscimos podem ser destacados ao
direcionarmos o olhar atento do estudante ao novo conjunto resultante e
Lugares de Memórias

constatarmos a ausência das pedras de cantaria nas novas aberturas e a


diferença no partido arquitetônico
Nas fotos abaixo observamos a Escola Municipal Gonçalves Dias nesses dois
momentos. Pode-se reparar a escola na foto da esquerda com sua conformação
original, a conformação simétrica em alas e a presença do relógio acima da ala
central. Na foto da direita, o prédio recém-reformado com um novo andar sobre a ala
central. Observa-se também um detalhe da amurada do Campo de São Cristóvão,
executada por Pereira Passos na sua grande reforma de toda a região.

Escola Municipal Gonçalves Dias em dois momentos – na sua conformação original e após a
reforma de um novo andar sobre a ala central. Acervo Augusto Malta.
ROTEIRO INFORMATIVO DA HISTÓRIA DA EMGD

ROTEIRO EXTERNO ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS DA SEDE DA EMGD.


DA EMGD: A arquitetura escolar também dialoga com demandas e expectativas do seu
tempo, A arquitetura escolar é uma forma de programa, concebendo o espaço
escolar como uma construção cultural, que expressa e reflete, para além de sua
ELEMENTOS DO materialidade, representações em torno do que seja escola, do saber e do ser aí
EDIFÍCIO E construído.
EVOLUÇÃO Observando a planta, notamos um prédio subdividido em três corpos, edificado
ARQUITETÔNICA DA simetricamente em torno de um pátio central. O corpo central (originalmente com
um único pavimento, coroado com um frontão sustentando um relógio e as armas
FACHADA da cidade) e dois corpos laterais (com dois pavimentos cada um). Segundo Maria
Pace Chiavari, este esquema correspondia às suas funções: o corpo central
destinava-se originalmente à administração, ficando as duas laterais reservadas,
separadamente, às salas de aula, com oferta de espaços distintos para o ensino
de meninos e de meninas, como era padrão na época. As meninas aprendiam as
letras, matemáticas e prendas domésticas. Os meninos, além das letras e
matemáticas, as ciências. (Escolas do Imperador, 2005).

Por outro lado, a arquitetura imponente e monumental, a grande dimensão das


salas, a altura do pé direito, as boas dimensões e localização das janelas, revelam
preocupação com a iluminação, a ventilação (ventilação cruzada), racionalidade e
higienização dos espaços já representavam a demanda por um alinhamento
arquitetônico com princípios de modernização pedagógica ainda em construção.

É interessante notar também que o espaço destinado na época à biblioteca e ao


auditório ocupava lugar central e podiam ser utilizados pelo público desvinculado
da escola, pois o acesso exterior é independente nas salas do térreo.

A formação resultante permanece até hoje, assim como a instituição educativa. O


prédio passou por uma grande reforma interna em 1982, onde novos
equipamentos e salas de aula foram instalados dentro do histórico prédio, sem
Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)

alterar muito o padrão do aspecto exterior. O objetivo de não interferir no


patrimônio histórico também foi atendido quando da construção do prédio anexo
mais moderno para as aulas do 1º segmento, situado atrás do edifício principal
Lugares de Memórias

PLANTA DOS PAVIMENTOS DO EDIFÍCIO DA EMGD EM SUA CONFORMAÇÃO


ATUAL, COM AMPLIAÇÃO DA ALA CENTRAL
ROTEIRO INFORMATIVO DA HISTÓRIA DA EMGD

ROTEIRO EXTERNO FRONTÕES LATERAIS COM ATRIBUTOS MITOLÓGICOS DO COMERCIO.


DA EMGD: Observando os frontões laterais, pode-se notar que o prédio da EMGD é ladeado
por figuras representando o deus Hermes / Mercúrio, figura mitológica da Grécia e
da Roma antigas que, entre outros atributos, presidia as atividades mercantis e
ELEMENTOS DO comerciais, numa referência à atividade da instituição financiadora e construtora
EDIFÍCIO E da EMGD, a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).
EVOLUÇÃO
ARQUITETÔNICA DA
FACHADA

PAINEL DO RELÓGIO DO FRONTÃO CENTRAL DO EDIFÍCIO DA EMGD

Uma das marcas presente nos prédios escolares de grande parte das Escolas do
Imperador é o relógio incrustrado no tímpano da fachada, cujo painel se destaca
no frontão central do edifício, abaixo das armas da cidade. Sua máquina,
infelizmente, fora retirada na reforma de 1982 e, desde então, nunca mais
Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)

funcionou. Destaca-se que o relógio não é um mero aspecto formal das escolas
desse período, mas um símbolo da modernidade a marcar uma ruptura com a
supremacia da Igreja Católica na educação, que pode ser notada perante a
substituição dos sinos pelos relógios engastados nos tímpanos, caracterizando um
Lugares de Memórias

ar de modernidade intencionado pelo Estado e sua afirmação laica. Na foto


abaixo, destaque ao frontão, onde observamos o relógio e as armas da cidade.
ROTEIRO INFORMATIVO DA HISTÓRIA DA EMGD

ROTEIRO INTERIOR MEMÓRIA DA ESCADA DE PINHO NO PÁTIO CENTRAL DO PRÉDIO DA EMGD


DA EMGD: Uma das memórias para explorar do pátio interno do EMGD é a escada
monumental de pinho que fora demolida nos anos 80 e que dava acesso ao
segundo andar do prédio. Em 1982 foi realizada uma reforma que alterou as
ELEMENTOS DO esquadrias originais na fachada lateral, substituindo as de vidro por outras de
EDIFÍCIO E OBJETOS madeira. Nesse contexto, a escada que ligava o térreo ao segundo pavimento foi
substituída por outra interna, mais segura. Os espaços internos foram subdivididos
DE MEMÓRIA NO
com o objetivo de evitar a subutilização das salas de aula, superdimensionadas
AUDITÓRIO E NAS para os padrões de ensino atuais. Nos fundos da escola foi construído um anexo.
SALAS Durante as obras, foram encontrados vestígios de um antigo muro, constituído de
tijolos de adobe.

PINTURA MURAL ORIGINAL PRESERVADA NA ANTIGA SALA DE AULA


DESTINADA AO ENSINO DAS MENINAS
Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)

No fundo da sala entre as janelas, foi preservada na última reforma de 2013, uma
parte da pintura floral que decorava a sala de aula destinada ao ensino das
meninas.
Lugares de Memórias
ROTEIRO INFORMATIVO DA HISTÓRIA DA EMGD

ROTEIRO INTERIOR ARQUITETURA DO AUDITÓRIO DA EMGD


DA EMGD: O auditório da EMGD é um lugar de memória fundamental, tanto por abrigar
objetos de memória, como por sua condição de ponto de encontro de todos os
atores educativos da EMGD ao longo de mais de 150 anos. O auditório já recebeu
ELEMENTOS DO um presidente da República, Rodrigues Alves, em 1906, além de outros visitantes
EDIFÍCIO E OBJETOS ilustres como o governador Carlos Lacerda (que chegou, várias vezes, a
despachar no auditório da EMGD) e o jornalista Nelson Rodrigues. Destacam-se
DE MEMÓRIA NO
alterações na sua arquitetura como a comunicação com a sala que hoje abriga a
AUDITÓRIO E NAS sala de direção (cf. foto da direita, de 1956, numa homenagem à profa. Eulália de
SALAS Nazareth, filha de Ernesto Nazareth e profa. e diretora da EMGD por muitos anos).

OBJETOS DE MEMÓRIA NO AUDITÓRIO DA EMGD: PIANO E PLACAS DE


FUNDAÇÃO DA EMGD

Na parede lateral do auditório estão conservadas duas placas de mármore


evocando marcos materiais da fundação da EMGD: uma placa evocando a
colocação da pedra de fundação do prédio da EMGD assentada pelo Imperador
Pedro II, então com 45 anos, em 21/12/1870, e outra placa indicando a
composição da diretoria da ACRJ, entidade que representava o Corpo de
Homenagem ao Comercio da Corte e financiadora da construção do prédio da EMGD.
Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)

jornalista Nelson
Rodrigues na EMGD,
em novembro de 1969.
Lugares de Memórias

Ao fundo do auditório jaz os restos de um piano ¼


de calda da marca francesa Pleyel, totalmente
danificado. O instrumento, por ocasião de estudos e
constituição de documentação oral com professores
e alunos antigos da instituição, já tivera papel
importante na vida pedagógica da escola, na
constituição de famoso coral de vozes, tendo
registros de que nele tocaram e se apresentaram
grandes vultos da música brasileira da primeira
metade do século XX, como Ernesto Nazareth,
Heitor Villa-Lobos, entre outras personalidades. A
Nazareth é atribuída a doação do piano à escola.
ROTEIRO INFORMATIVO DA HISTÓRIA DA EMGD

ROTEIRO INTERIOR PRIMEIROS PROFESSORES DA EMGD.


DA EMGD: O professor José Gonçalves Paim, nasceu
em 1843 no Rio de Janeiro, capital da Corte e
morreu em 1930 em São Paulo. Morador de
MEMÓRIA IMATERIAL São Cristóvão funda a 1ª escola de meninos
NAS SALAS DE AULA da freguesia de São Christóvão, localizada na
antiga Praia de São Christóvão. Em 1872 a
E NA DA DIREÇÃO DA
sua escola, junto com a 1ª escola de meninas
EMGD: de São Christóvão, são transferidas por
ordem do Ministro dos Negócios do Império
da época - João Alfredo Correa de Oliveira -
DIRETORES E CORPO para o novo prédio da Praça Pedro I, atual
DOCENTE prédio da EMGD.

O prof. Paim, então com 29 anos, passa a lecionar e dirigir a instituição, sendo
responsável pela escola de meninos e pela escola noturna para adultos,
recebendo para isso uma subvenção do governo. O professor Paim atua na
escola de 1872 até 1886, quando é substituído pelo professor Adalberto
Octaviano Arthur de Siqueira Amazonas, 2º professor de meninos da EMGD
(de 1887 a 1903). Paim alcança a jubilação pelo governo da corte em 1889.

Paim convive com a colega de instrução,


Anna Alexandrina de Vasconcellos
Medina (?-1919), primeira professora da
escola de meninas do novo prédio.
Atuou como professora da 1ª Escola
Pública de Instrução Primária de
Meninas da freguesia de São Christóvão
de 1872 até 1877, quando fora
Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)

transferida para a 3ª Escola Pública de


Meninas da freguesia do Espírito Santo,
seguindo como catedrática da mesma
até a sua jubilação em 1897. Falece em
Lugares de Memórias

04/10/1919.

Na sequência de sua transferência, a


cátedra da Escola de Meninas na EMGD
foi ocupada, na ordem, pelas
professoras: Anna América da Rosa e
Souza (1878-1880), Felisdora América
da Rocha e Souza (1881-1885), Maria
Dias França (1885-1886), Guilhermina
Augusta Bandeira Barradas (1887-
1889), Maria Francisca de Azevedo
Barroso (1889-1902).
Acima à direita, página do Almanak Laemmert de 1873, com os nomes dos
primeiros professores da EMGD. Abaixo, assinatura dos 1ª professores da EMGD,
D. Anna Alexandrina de Vasconcellos Medina e José Gonçalves Paim.
ROTEIRO INFORMATIVO DA HISTÓRIA DA EMGD

ROTEIRO INTERIOR PRINCIPAIS DIRETORAS DA EMGD DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX


DA EMGD: A EMGD teve vários (as) diretores(as), ao longo de seus 150 anos de existência.

A escola teve o privilégio de ser administrada por personalidades pedagógicas do


MEMÓRIA IMATERIAL magistério do ensino primário da primeira metade do século XX, quando a EMGD
NAS SALAS DE AULA foi Escola Modelo e Escola de Aplicação, como a primeira normalista do Brasil,
professora Olympia do Coutto (1867-1950) que dirigiu a EMGD de 1902 a 1917 e
E NA DA DIREÇÃO DA
que consolidou a condição de Escola Modelo à EMGD e Ubaldina Dias Jacaré
EMGD: (1890-1950) que dirigiu a EMGD de 1928 a 1946.

DIRETORES E CORPO .
DOCENTE

DIRETORES DA EMGD
NA 1ª ½ DO SÉC. XX

Profa. Olympia do Coutto Profa. Ubaldina Dias Jacaré


Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)
Lugares de Memórias

Professoras, estudantes e diretoras em foto de 1905


DOCUMENTOS

Carta do Imperador Pedro II, de 19/03/1870, dirigida ao Ministro do Império, Conselheiro Paulino José
Soares de Souza, exortando que os recursos estatais e de doações públicas fossem investidos na
construção de escolas públicas em prédios próprios.

Sr. Paulino,

O senhor e seus predecessores sabe como sempre tenho


falado no sentido de cuidarmos seriamente da educação pública, e
nada me agradaria tanto como ver a nova era da paz, firmada sobre
o conceito da dignidade dos brasileiros, começar por uma grande
iniciativa dêles em bem da Educação Pública. Leio no “Diário” que
se pretende fazer uma subscrição para elevar-me uma estátua. O
senhor conhece os meus sentimentos, e desejo que declare,
quanto antes, á Comissão de que fala o mesmo “Diário”, que, se
querem perpetuar a lembrança de quanto confiei no patriotismo dos
Brasileiros para desagravo completo da honra nacional e prestígio
do nome brasileiro, por modo que não se contrarie na minha
satisfação de servir a pátria unicamente pelo cumprimento de um
dever de coração, muito estimaria que só empregassem os seus
esforços na aquisição do dinheiro preciso para a construção de
edifícios apropriados ao ensino das escolas primárias e o
Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)

melhoramento de material de outros estabelecimentos de instrução


pública. Agradecido da idéia que tiveram da estátua, estou certo
Lugares de Memórias

que não serei forçado a recusá-la.

D. Pedro II
Rio, 19 de março de 1870.
DOCUMENTOS

Abaixo o registro do Relatório da Associação Comercial do Rio de Janeiro, relatando as deliberações para
iniciar o processo de edificação do prédio das Escolas da Freguesia de São Cristovão.
Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)
Lugares de Memórias

Relatório da Associação Comercial do Rio de Janeiro, 1870, p. 7.


DOCUMENTOS

No dia 31 de agosto de 1872, o prédio é


entregue ao governo pela ACRJ e inaugurada como
Escola de São Cristóvão para abrigar a 1ª Escola de
Meninos e a 1ª Escola de Meninas da Freguesia de
São Cristóvão. A revista A Instrução Pública, de
1872, ao noticiar a cerimônia de entrega, indicando
erroneamente o dia 1 de setembro como a data da
entrega da escola, chama a atenção de um fato já
evidenciado pela comparação fotográfica: a escola
que estava sendo inaugurada tinha projeto
arquitetônico e decorativo “igual” à Escola de São
Sebastião, primeira das “Escolas do Imperador”,
mandada edificar pela Câmara do Município da
Corte e considerado o primeiro prédio escolar
próprio de instrução primária do Município da Corte
em virtude de um pequeno atraso nas obras da
EMGD que favoreceu a inauguração da Escola de
São Sebastião 27 dias antes da Escola de São
Escola Municipal Gonçalves Dias (1872-2022)

Christovam, no dia 04 de agosto de 1872. A escola,


posteriormente chamada de Benjamim Constant
em 1897, foi demolida em 1938, como toda a antiga
Lugares de Memórias

Praça XI, primeiro movimento preparatório para o


projeto futuro da a passagem da Av. Pres. Vargas. A Instrução Pública, nº 22, Ano I, 08/09/1872, p. 187-8.

Nesse sentido, a EMGD é também, a memória viva do primeiro prédio escolar público, a demolida Escola de São
Sebastião (depois, Escola Benjamin Constant)

Você também pode gostar