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PROPOSTA DIDÁTICO-METODOLÓGICA NO ENSINO FUNDAMENTAL


SOBRE PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO AMAZÔNICO: DO
FORTE DO CASTELO AO MUNICÍPIO DE BELÉM DO PARÁ.
BARBOSA, Stefani F.;
POMPEU, José Henrique S.;
SILVA, Gabriel R. N. R. da.

RESUMO
O presente artigo é resultado de análise bibliográfica sobre a organização do
espaço amazônico cristalizado no bairro da “Cidade Velha” em Belém do Pará e de
sua relevância para o desenvolvimento cognitivo de crianças do ensino fundamental a
partir de uma proposta didático-metodológica em espaço “não formal” para aproximar
o conhecimento científico de seus conhecimentos do cotidiano.

Palavras-chave: Amazônia; Desenvolvimento; Não-formal.

INTRODUÇÃO
Sabe-se que o universo amazônico é repleto de possibilidades para as mais
diversas discussões, mas um questionamento nos motivou a elaborar o presente
artigo: Como os estudos locais, de bairro, considerando os conhecimentos da vida
cotidiana do aluno podem ser utilizados para construir o conhecimento científico dos
alunos do ensino fundamental? A realidade amazônica é a realidade próxima (vivida)
dos discentes, e o município de Belém do Pará, e em especial o bairro da Cidade
Velha, tem um “papel engrenagem” no processo de organização do espaço
amazônico. Nossa justificativa é decorrente de a Cidade Velha ser o “marco zero”, o
início do povoamento português da capital do Estado do Pará e que deu o ensejo da
ocupação do espaço geográfico, no entanto, é importante desde já destacar que
tradicionalmente já se encontravam povos nessa área como a tribo dos Tupinambás,
só em seguida os portugueses se estabeleceram para controlar o território.

O objetivo do presente trabalho é a elaboração de uma proposta didático-


metodológica em espaço não formal, para assim vincular os conhecimentos
construídos em sala de aula aos conhecimentos vivenciados dos alunos. Para isso, se
faz necessário uma análise bibliográfica sobre as palavras chave “Amazônia”, “Forte
do Castelo”, “espaço não formal de ensino”; Os objetivos específicos são o de verificar
como se deu a construção da Cidade Velha a partir da colonização portuguesa e
identificar quais os agentes envolvidos na fundação da capital de Belém do Pará que
estavam envolvidos em suas origens. A presente proposta didático-metodológica pode
ser aplicada nas disciplinas de Estudos Amazônicos e de Geografia por entender que
os conteúdos trabalhados nestas disciplinas estão relacionados a discussões do
processo de organização do espaço amazônico, e que nesse sentido:
Estudar o município é importante e necessário para o aluno, na
medida em que ele está vivendo. Ali estão o espaço e tempo
delimitados, permitindo que se faça a análise de todos os aspectos de
complexidade do lugar. [...] É uma escala de análise que permite que
tenhamos próximos de nós todos aqueles elementos que expressam
as condições sociais, econômicas, políticas do nosso mundo. É uma
totalidade considerada no seu conjunto, de todos os elementos ali
existentes, mas que, como tal, não pode perder de vista a dimensão
de outras escalas de análise. (CALLAI e ZART, 1998, p. 11).
Ao trabalhar o bairro da Cidade Velha como parte do conteúdo referente à
produção do espaço amazônico, permite que os alunos se situem no espaço em que
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vivem e assim compreendam alguns dos processos em que a sociedade constrói. O


ensino fora do espaço formal (o espaço institucionalizado, a própria escola)
proporcionará condições de aprendizagem mais vívidas porque não se restringe
apenas ao uso do pincel, do livro didático, do quadro e da sala de aula em si.

METODOLOGIA
Consideramos o “trabalho em campo” enquanto um método didático importante
para se construir o conhecimento, dado que considera o “além do espaço formal de
ensino” (A escola), considera também a construção do conhecimento através de
espaços não formais de ensino que permite o contato mais direto do aluno com o
ambiente de estudo e a aproximação dos conhecimentos construídos em sala de aula.
Passini (2007, p. 172-176). O trabalho de campo conciliado às salas de aula permite
uma maior sensibilização do conhecimento pelo aluno, principalmente os do ensino
fundamental, dado que, segundo Piaget (1972), as relações espaciais desde o
primeiro estágio, – o de construção do real na criança, que vai de 0 a 2 anos de idade
– o segundo estágio – o “espaço representativo” que surge dos 2 anos de idade em
diante –, o terceiro estágio – o das operações concretas, que surge entre os 7-8 anos
aos 11-12 anos – e o quarto estágio – o das coordenações operatórias, a partir de 11
a 12 anos de idade – são o conjunto de experiências em evolução no discente em que
este percorre para ir além do espaço de vivência cotidiana, da prática concreta (Que
aqui tomamos como o trabalho de campo nesta proposta didático-metodológica) à
reflexão subjetiva do discente.

O que deve ser feito é uma construção do conhecimento com os alunos de


forma que os conteúdos aprendidos em sala de aula possam ser aplicados em seu
cotidiano, sendo assim um conhecimento significativo importante para o
desenvolvimento do alunado, como uma pratica complementar. É possível ser
elaborado junto com os alunos a construção de trajetos, de croquis (mapas mentais),
de pequenos textos que exprimam o que significa tal fenômeno ou tal fato para o
aluno, maquetes, montagem de fotos e figuras que podem culminar em murais na
escola e seminários com os próprios alunos, tudo isso de acordo com o planejamento
e organização estabelecidos pelo professor. Para que essas etapas metodológicas
sejam implementadas é fundamental, também, que encontremos na escola um
ambiente favorável a essas práticas de ensino.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Analisando essas abordagens se depreende que o papel culminante do Forte
do Castelo é o de um símbolo materializado na paisagem intraurbana da cidade de
Belém do Pará que requer considerar uma interpretação e correlação espaço-temporal
e social das vivências das pessoas que frequentam e convive nesses espaços, local
que reúne elementos de condições histórico-geográfica da cidade de Belém e formas
de ocupação territorial de uma geopolítica de caráter colonial. Este símbolo com
múltiplos papéis ao longo do tempo deve servir para construir o conhecimento do
alunado a partir de trabalho “in loco”, no espaço não formal de ensino, sempre com o
planejamento, supervisão do professor e estabelecimento de objetivos claros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nosso objetivo foi criar uma proposta didático-metodológica em espaços não
formais de ensino que pudesse servir para os profissionais da educação,
principalmente para a aplicação pelos professores, mas podendo ainda ser aberto o
leque de sua discussão e inclusão da proposta de “aulas de campo” no próprio Projeto
Político-Pedagógico do sistema de ensino, culminando em um aprendizado mais
significativo e estimulante para os estudantes.
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Dominar o interior da colônia, fazendo “vista grossa” para os limites de


Tordesilhas, era uma pretensão portuguesa, para isso seria necessário expulsar
estrangeiros para confirmar a posse do território, o que aconteceu com os franceses
em São Luiz do Maranhão no ano de 1615 ponto de partida para as expedições até a
foz do rio das Amazonas. O local escolhido foi a ponta de um istmo, de onde se podia
ver os cursos d’água que o margeavam. Iniciou-se então a construção do Forte do
Castelo e posteriormente na consolidação do território, “irradiando” pelo bairro da
Cidade Velha através dos casarios e arruamentos antigos e gerando a atual
configuração espacial do município de Belém do Pará. A ocupação da cidade de
Belém parte de uma lógica centrada nas ações do projeto português de controle
econômico, domínio e expansão territorial a partir da construção de fortes como área
que poderia representar as condições favoráveis para os fins políticos e militares, que
encontra na dizimação de grande parte de grupos indígenas (tupinambás) uma forma
de colocar em prática seu projeto de ocupação territorial, sem contar o papel exercido
pelas ordens religiosa baseado no modelo social e econômico de exploração e
catequização dos indígenas como forma de propagar os costumes europeus. O Forte
do Castelo é repleto de conteúdos, formas e funções que existiam e se reconfiguram
de acordo com o tempo.

Analisando essas abordagens depreende-se que o papel culminante do Forte


do Castelo é o de um símbolo materializado na paisagem intraurbana da cidade de
Belém do Pará que requer considerar uma interpretação e correlação espaço-temporal
e social das vivências das pessoas que frequentam e convive nesses espaços, local
que reúne elementos de condições histórico-geográfica da cidade de Belém e formas
de ocupação territorial de uma geopolítica de caráter colonial. Este símbolo com
múltiplos papéis ao longo do tempo deve servir para construir o conhecimento do
alunado a partir de trabalho “in loco”, no espaço não formal de ensino, sempre com o
planejamento, supervisão do professor e estabelecimento de objetivos claros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Ministério da cultura, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Disponível em: <http://www.infopatrimonio.org/?p=20278#!/map=38329&loc=-
1.4543589999999957,-48.50524399999998,17> Acesso em: 02/09/2018.
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