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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

GEISIANE DORNELLES DE CAMARGO

AS METODOLOGIAS E AS RELAÇÕES ENTRE O ENSINO DE HISTÓRIA E


GEOGRAFIA.

BOM RETIRO DO SUL


2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

GEISIANE DORNELLES DE CAMARGO

AS METODOLOGIAS E AS RELAÇÕES ENTRE O ENSINO DE HISTÓRIA E


GEOGRAFIA

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em METODOLOGIA
DO ENSINO E DA HISTÓRIA E
DA GEOGRAFIA.

BOM RETIRO DO SUL


2023
AS METODOLOGIAS E AS RELAÇÕES ENTRE O ENSINO DE HISTÓRIA E
GEOGRAFIA

Autor1, Geisiane Dornelles de Camargo

Declaro que sou autora¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO- o presente artigo busca considerar sobre as metodologias e as relações entre o ensino de
História e Geografia no Ensino Fundamental, englobando a importância das duas disciplinas para a
formação dos discentes, de forma que estes possam construir conhecimentos no cotidiano escolar
através de um ensino mais humano, vinculado às suas experiências de vida. Atualmente, ensinar História
e Geografia para crianças e adolescentes nas etapas do Ensino Fundamental e Médio vem sendo um
desafio a ser enfrentado pelos docentes que, para isso, precisam estar munidos com o domínio do
conhecimento destas áreas do saber, assim como também é necessário ter uma boa estrutura teórica e
metodológica. É nesta etapa da vida escolar que os alunos devem explorar as possibilidades de
interpretação consciente do mundo, e cabe ao professor viabilizar ao discente o entendimento consciente
de que nele ela está inserida, contribuindo para a formação e compreensão dos seres humanos, seu
espaço, suas sociedades, construídas historicamente, e as dinâmicas envolvidas nos processos espaço-
temporais, através do ensino de História e Geografia.

PALAVRAS-CHAVE: História. Geografia. Metodologia. Ensino. Relações.

INTRODUÇÃO

Este artigo busca refletir sobre a importância do professor proporcionar aos seus
alunos a compreensão do espaço histórico e geográfico, as intervenções humanas e

1
gegedornelles@gmail.com
suas organizações econômicas, sociais e culturais de modo que o aluno saiba
relacionar e interligar os conceitos e conteúdos de ambas as disciplinas, de História e
Geografia. Portanto, é preciso possibilitar que o aluno entenda que as atividades
propostas para o ensino das disciplinas de História e Geografia têm como foco oferecer
instrumentos para a compreensão da vida humana e, consequentemente, resultar na
formação de personalidades democráticas, questionadoras e analíticas, essenciais ao
exercício da cidadania. Segundo Paulo Freire:

O homem enche de cultura os espaços geográficos e


históricos. Cultura é tudo o que é criado pelo homem. Tanto uma
poesia como uma frase de saudação. A cultura consiste em recriar e
não repetir. O homem pode fazê-lo porque tem uma consciência
capaz de captar o mundo e transformá-lo. [...] A educação não é um
processo de adaptação do indivíduo à sociedade. O homem deve
transformar a realidade para ser mais. (FREIRE, 1982, p. 30-31).

Assim, este artigo se trata de uma reflexão acerca da construção de um ensino e


uma aprendizagem de maneira mais “humana” e “crítica”, considerando o aluno como
sujeito principal do processo de sua aprendizagem, salientando a valorização do papel
do professor, que, através das atividades e situações educativas, pode promover
habilidades de pensamento e possibilitar uma educação com base em princípios que
valorizem o ser humano para além de suas capacidades técnicas.
DESENVOLVIMENTO

Podemos afirmar que, atualmente, o componente curricular brasileiro é muito


amplo e, frequentemente, as disciplinas pouco interagem entre si ou com o dia a dia
dos alunos. Deste modo, este artigo procura discutir formas de interligar o ensino de
História e Geografia, buscando a maior ligação dos conteúdos com as vivências e
cotidiano dos discentes, visto que essa proposta pode aproximar as disciplinas e os
alunos na construção de uma educação mais humana e ativa, por parte dos alunos.
Ensinar História e Geografia para as turmas dos anos iniciais e finais do Ensino
Fundamental vem sendo um desafio para os docentes, pois é nesta fase escolar que é
preciso enfatizar para a criança a importância de explorar o seu conceito do mundo e
de como ela está inserida nele. Para isso, o professor deve oferecer os elementos
necessários para tal, como uma interpretação autônoma e crítica da realidade, que
supere o antigo ensino, que se resumia ao ato de memorizar datas, nomes e
acontecimentos. Assim, como afirma Callai (2005):

...ler o mundo vai muito além da leitura cartográfica, cujas representações


refletem as realidades territoriais, por vezes distorcidas por conta das
projeções cartográficas adotadas. Fazer a leitura do mundo não é fazer
uma leitura apenas do mapa, ou pelo mapa, embora ele seja muito
importante. É fazer a leitura do mundo da vida, construído cotidianamente
e que expressa tanto as nossas utopias, como os limites que nos são
postos, sejam eles do âmbito da natureza, sejam do âmbito da sociedade
(culturais, políticos, econômicos).(CALLAI,2005,P.228)

Não podemos deixar de enfatizar a importância e da necessidade de utilizar


fontes históricas no planejamento e na prática das aulas de História, de forma que o
professor contribua para a construção de conhecimento. Já no ensino de Geografia, é
preciso que o professor dê uma atenção maior ao processo de alfabetização
cartográfica, que deve ser desenvolvido juntamente ao letramento e à alfabetização, a
partir de metodologias que incluam jogos, brincadeiras, e outras dinâmicas.
Porém, a realidade em que se encontra o professor de História e de Geografia no
Brasil nos mostra que existem muitos mais obstáculos a serem enfrentados do que se
imagina, principalmente no contexto da desvalorização dessas duas áreas do
conhecimento nas escolas, que pode ser comprovado no número reduzido da carga
horária de ambas as disciplinas, isso sem contar a falta de vontade e interesse por
parte dos alunos nos conteúdos. Sobre este fato, Rubem Alves diz que:

“Caro professor: compreendo a sua situação. Você foi


contratado para ensinar uma disciplina e você ganha para
isso. A escolha do programa não foi sua. Foi imposta. Veio
de cima. Talvez você tenha idéias diferentes. Mas isso é
irrelevante. Você tem de ensinar o que lhe foi ordenado.
Pelos resultados do seu ensino você será julgado – e disso
depende o seu emprego. A avaliação do seu trabalho se
faz por meio da avaliação do desempenho dos seus
alunos. Se os seus alunos não aprenderem,
sistematicamente, é porque você não tem competência.”
(Rubem Alves, 2002, p. 109)

Para compreender como chegamos nesta realidade escolar, é preciso analisar


como aconteceu a trajetória do ensino de História e Geografia no Brasil. A disciplina de
História iniciou um objetivo prático de ser enquadrado como uma espécie de ciência
política, que buscasse a construção de uma identidade nacional e, para isso, era
preciso que se estudasse a sua própria história. Apenas no final da década de 1980
que a historiografia brasileira iniciou um significativo processo de renovação, até se
chegar aos dias atuais, onde o professor deve proporcionar ao aluno as ferramentas
necessárias para que ele aprenda os conceitos e conhecimentos que permitam o
desenvolvimento do respeito à diversidade, da cidadania e autonomia, a compreensão
das diferentes temporalidades, para reconhecer as mudanças e permanências que
constituíram a configuração da realidade presente.
Já o trajeto da Geografia no mundo tem origens muito antigas, tanto que ela
iniciou como ciência, sendo muitas vezes confundida com a cartografia ou a
astronomia, pois durante períodos, como a Pré-História e Idade Média, a geografia era
usada para desenhar roteiros a serem percorridos ou analisar as relações
meteorológicas, por exemplo. No Brasil, a Geografia se tornou disciplina curricular para
contribuir para a construção da ideia de nação e nacionalidade junto aos alunos, assim
como aconteceu com a disciplina de História.
Devemos considerar que houve a influência de algumas correntes filosóficas no
desenvolvimento da ciência geográfica no Brasil. Inicialmente, havia uma forte presença
do positivismo. Depois, a partir da década de 1970, com o surgimento da Geografia
Crítica, o marxismo apareceu com força nas reflexões geográficas. Todavia, Kaercher
(2007) aponta que elas são de pouca relevância na constituição de uma prática mais
reflexiva no ensino de gegrafia:

[...] seja qual for a corrente epistemológica ou teórica da Geografia, elas


pouco se refletiram na Geografia escolar no sentido de construir uma
prática reflexiva e consistente! É difícil provar isso, e nem sei se é
possível ou útil. Seja a Geografia positivista, seja a Geografia dos
teoréticos (neopositivistas), seja a Geografia Radical/crítica, seja
qualquer linha, no fundo elas chegaram muito pouco à Geografia
Escolar. Ou seja, o debate teórico é muito pouco comum entre os
professores do Ensino Fundamental e Médio. O que predomina,
hegemonicamente, na Geografia escolar, é uma sucessão de
informações sobre os lugares da Terra. Tudo cabe como sendo
Geografia. Nós, de fato, falamos de tudo nas aulas, mas
paradoxalmente, com muito pouca relação às categorias consideradas
basilares à Geografia (espaço, território, região, paisagem, lugar etc.)
(2007, p. 28).

A trajetória do ensino de História e Geografia no Brasil tiveram características


parecidas entre si e, atualmente, ambas caminham para o ponto em que seu ensino
resulte em um aprendizado de qualidade, que instigue o aluno a ter curiosidade pelo
conhecimento dessas áreas. Para chegar neste resultado, o professor precisa estar
atento a novas dinâmicas e metodologias, sem deixar de lado a constante autorreflexão
da sua própria prática em sala de aula.
Nesse sentido, o professor deve considerar em sua prática pedagógica as
estratégias para identificar os conhecimentos prévios dos alunos, de forma a planejar
suas práticas de ensino. Para tanto, é importante que o professor tenha em mente o
conteúdo da aprendizagem, suas características mais importantes e os conceitos que
serão trabalhados, assim como, que considere os objetivos que propôs para o ensino
desse conteúdo e em relação ao tipo de aprendizagem que deseja mediar. Como
instrumentos para a investigação há questionários, mapas conceituais, diálogos entre
alunos e professores, entre outros.
Todo esse processo ainda deve estar atrelado a uma metodologia “humana”
onde o aluno se sinta protagonista de seu aprendizado e saiba relacionar os conteúdos
aprendidos com as suas vivências e seu cotidiano fora da escola. Nesse sentido, para
Castrogiovanni, (2000, p. 13), ainda é pequena a aproximação da escola com a vida,
com o cotidiano dos alunos, pois o mundo que se encontra fora dos muros da escola
ainda é cheio de curiosidades, emoções, desejos e fantasias. Nesse sentido, “é urgente
teorizar a vida, para que o aluno possa compreendê-la e representá-la melhor e,
portanto, viver em busca de seus interesses”.
Nessa direção, compreendemos que, se trabalhássemos um ensino sem
significação, baseado apenas na memorização de conceitos e teorias usadas para
serem repetidas em provas, estaríamos sendo retrógrados para com os discentes, pois
segundo Castrogiovanni (2000, p. 12), alguns conceitos trabalhados nas escolas pelas
ciências sociais (Geografia, História e Sociologia) tendem a aparecer mortos frente ao
mundo do aluno, pois “os significados são acadêmicos e muitas vezes incompreendidos
pelos próprios professores. Faltam significações para os educandos”.
Tendo em vista o que foi exposto, podemos utilizar desse aporte teórico mais
“humano” para pensarmos nossa prática em sala de aula, e assim, criarmos estratégias
para a superação dos principais desafios encontrados pelos professores de História e
geografia nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. É importante também que o
professor compreenda que a narrativa da sua metodologia não precisa ser
necessariamente uma produção escrita, existem também narrativas orais, visuais,
encenadas, que podem ser adaptadas de acordo com a faixa etária dos alunos e a
série na qual o trabalho está sendo desenvolvido, tornando as aulas mais dinâmicas e
as trocas de conhecimento mais interessante para os alunos.
Ensinar história para uma criança do ensino fundamental pode ajudá-la a pensar
sobre sua própria história. “Isso representa tomar consciência de seus hábitos,
compreender melhor a cultura e o ambiente em que vive, e conhecer a realidade de
seus colegas. Ao perceber quem é e de onde veio, ela tem condições de projetar para
onde vai” (FERMIANO; SANTOS, 2014, p. 10).
Para isso, é interessante propor atividades que estabeleçam a ação dos alunos,
ou seja, que os estimulem a participar ativamente da aprendizagem, seja através da
reflexão, imaginação, pesquisa, comparações, entre outras estratégias. O simples
exercício de perguntar-lhes o que pensam sobre um determinado assunto e, em
seguida, considerar suas respostas como ponto de partida para novas perguntas, já
contribui para envolver o aluno do desenvolvimento da aula. Segundo as autoras
Schmidt e Garcia (2006), ao pensar sobre o ensino e a aprendizagem de história, é
necessário que:
[...] o aluno seja entendido como agente de sua formação, com ideias
prévias e experiências diversas e o professor como investigador social e
organizador de atividades problematizadoras; o conhecimento histórico
deve ser visto a partir de sua natureza multiperspectivada e nos seus
vários níveis: senso comum, ciência e epistemologia [...]

Já o ensino da Geografia, durante a etapa do ensino fundamental, deve partir de


uma abordagem interdisciplinar, que deve abarcar toda a proposta pedagógica pensada
sobre o currículo oficial, ou seja, além dos conteúdos nele presentes, o docente deve ir
além, propondo reflexões e problemáticas que versem sobre o cotidiano e a realidade
circundante dos alunos. E para isso, o professor precisa manter o foco sobre a
alfabetização cartográfica, usando metodologias alternativas para o ensino de
geografia, iniciando este processo nos anos iniciais do ensino fundamental.
Essas metodologias buscam inovar o ambiente escolar nas aulas de Geografia,
proporcionando momentos de ensino que tragam também o elemento lúdico, nos quais
o ensinar e o aprender geografia sejam processos significativos, através de simples
ações como refletir em grupo sobre os diferentes caminhos “de casa para a escola”
podem iniciar as considerações acerca do processo alfabetização cartográfica. Assim,
importância de se trabalhar a alfabetização cartográfica está relacionada à leitura de
mundo que o aluno desenvolverá, a partir de suas vivências, e também ao domínio da
leitura dos elementos e objetos cartográficos.
Seguindo esses passos, tanto no ensino de História quanto no de Geografia, o
papel do professor passa a ser de um mediador da aprendizagem, deixando de ser
apenas um transmissor de conhecimento e usando as fontes históricas e cartográficas
como recursos pedagógicos, ou seja, como ferramentas para ensinar sobre a cultura
material, visual e simbólica produzidos pela sociedade ao longo da história.
Portanto, nas aulas de História, as fontes históricas devem se tornar o ponto de
partida para o trabalho do professor nas séries iniciais. “Gradativamente, os alunos
podem ser introduzidos ao estudo da História, a partir do documento. Começando por
aprender a observá-lo, descrevê-lo, identificá-lo [...]" (SCHIMIDT, 1997, p. 13). Entende-
se que fontes históricas são tudo o que pertenceu, e ainda pertence, ao homem e se
relaciona ao seu modo de viver. São exemplos de fontes históricas, os documentos
escritos, as cartas, jornais, documentos oficiais, diários, entre outros; e os não escritos,
como os utensílios domésticos, os fósseis, imagens, moedas, entre outras. Também
podemos classifica-las em escritas, visuais, materiais e orais.
Já nas aulas de Geografia, os materiais didáticos são utilizados para exemplificar
um conteúdo, propor desafios sobre ele ou até dele ser parte. Para isso, o professor
pode criar e confeccionar estes materiais com seus próprios alunos, como, por
exemplo, maquetes do relevo do bairro ou até mesmo brinquedos recicláveis.
O alfabeto cartográfico é composto pelos seguintes elementos: linha, ponto e
área e deve ser trabalhado junto ao processo de leitura e alfabetização dos alunos do
ensino fundamental. Trata-se de uma linguagem geométrica e simbólica para a
representação do espaço, assim como de seus elementos. Principalmente, ponto, linha
e área devem ser discutidos com os alunos para que eles consigam compreender as
variadas formas de representação dos elementos da superfície terrestre. É necessário
que o aluno possua curiosidade para as aulas de Geografia, isto ocorrerá somente se
cada aula preparada pelo professor possuir momentos reflexivos e dinâmicos. Segundo
Falavigna:

É muito importante o uso de meios e recursos didáticos variados como


alternativas criativas dos professores na apresentação e
desenvolvimento de determinados temas em sala de aula,
proporcionando ao aluno melhores condições de aprendizagem
(FALAVIGNA, 2009, p. 83).

Todavia, as diversas possibilidades de práticas pedagógicas a serem aplicadas


nos anos iniciais do ensino fundamental somente serão relevantes caso forem
utilizadas com metodologias definidas pelo professor, pois somente dessa maneira
possibilitam transformar as disciplinas de História e Geografia em práticas dinâmicas,
reflexivas, críticas, vivas e não apenas baseadas em atividades de repetição ou
memorização de fatos, capitais, rios. Estudando diferentes temas e documentos, pode-
se romper com abordagens unicamente tradicionais de ensino, contribuindo para que o
aluno tenha contato com a diversidade e heterogeneidade humanas, aprendendo assim
a respeitá-las e compreenda a possibilidade de múltiplas historicidades, se coloque na
posição de sujeito de sua aprendizagem e também de sujeito da história, tratando-se,
assim, de um passo importante para a formação do cidadão. Como afirma Paro:

Talvez o problema com grande número de educadores é não perceber a


insuficiência dos argumentos racionais para interessar os alunos pelo
estudo. Parece que não basta a motivação extrínseca, tentando fazer o
estudante interessar-se pelos estudos porque isto é bom para o futuro, ou
mesmo que “estudar é gostoso”. É preciso fazer uma escola que estudar
seja de fato gostoso. (PARO, 2000,p. 16).

Nesse sentido, podemos citar uma excelente ferramenta de ensino, que são
estudos extraclasses, ou seja, atividades de campo, que são excelentes oportunidades
para que os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental compreendam que o
conhecimento histórico e geográfico ultrapassa os muros da escola. Práticas
pedagógicas que envolvam o estudo do Patrimônio Cultural, a partir de trabalhos de
campo, devem fazer parte do planejamento do professor, relacionar-se aos conteúdos
estudados em sala e às experiências de vida dos alunos. De forma alguma, essas
atividades devem ser tomadas apenas como passeios, mas, sobretudo, como
momentos de aprendizagem e construção do conhecimento.
As diversas possibilidades de práticas pedagógicas serão efetivas para a
aprendizagem do aluno e significativas para a sua constituição como sujeito,
enquanto parte de um planejamento organizado pelo professor, com base em um aporte
teórico e que apresentem, de forma clara, os objetivos de se trabalhar dessa forma.
Somente dessa maneira, essas práticas possibilitam transformar as disciplinas de
história e geografia em experiências dinâmicas, reflexivas, críticas, vivas e não apenas
em conteúdos baseados na repetição ou memorização de fatos e conceitos. Monteiro
(2007) afirma que:
Tornar acessível aos alunos o conhecimento constituído sobre as
sociedades e ações humanas do passado, passado recomposto pelos
historiadores a partir de documentos constituídos como fontes;
possibilitar a leitura de textos e imagens, a escrita de suas
apropriações, aprendizagens, a (re)construção de representações,
selecionar quais saberes, quais narrativas, quais poderes legitimar ou
questionar, são alguns de seus desafios. (MONTEIRO, 2007, p. 76-77).

Não podemos deixar de lado o fato de que há uma interdisciplinaridade entre as


disciplinas de História e Geografia, já que as mesmas buscam mostrar ao aluno
conceitos interligados, como por exemplo, espaço, território e região. Em espaço,
podemos apresentar concepções de área e espaço social, em território, podemos
apresentar ideias de lugares históricos e o território em que vive e, em região podemos
mostrar a região de fatos históricos e os lugares que em que as pessoas moram. Para
que isso acontece, cabe ao professor o desafio de saber diferenciar os componentes e
buscar estratégias de ensino, com intuito de que o aluno possa absorver os conteúdos
e levar para a vida pessoal.
Em vista disso, concluímos que as disciplinas de História e Geografia são
interligadas e essenciais no Ensino Fundamental, para o desenvolvimento educacional
das crianças. A importância das duas disciplinas nessa etapa se dá no ponto de ajudar
os discentes a descobrir em qual sociedade estão inseridos, o seu lugar no mundo, a
sua cultura, seu território e antepassados. Claro que, para conseguir bons resultados, é
primordial que aconteça a participação dos alunos nas aulas, para que eles possam
interagir com as temáticas e construir conhecimentos para sua vida.
Assim, com uma metodologia pautada de forma mais humana, podemos
conquistar um ensino de História e Geografia no qual os alunos possam se identificar e
relacionar com vida prática e no cotidiano pessoal, sendo exercidas para além de um
conteúdo técnico, que possibilite desenvolver nos estudantes uma consciência crítica e
autônoma para que possam ser agentes de transformação no mundo contemporâneo.

CONCLUSÃO

Enfim, o presente artigo buscou refletir sobre propostas atuais para o ensino de
história e geografia nos Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental, e a posição do
aluno frente essas propostas, traçando um caminho para o professor trabalhar as
disciplinas de História e Geografia de forma mais “humana”, chegando ao objetivo final,
que é o de construir conhecimentos para a vida dos alunos, se tornando cidadãos
críticos e ativos na sociedade na qual estão inseridos.
Portanto, ao trabalhar estas disciplinas de forma interligada e relacionada com a
vida cotidiana dos estudantes, o professor poderá deixar de ser um mero transmissor
de conhecimento para ser um ferramenta ativa no processo de construção de
conhecimento de seus alunos, que poderão levar para a vida todos os conceitos
necessário para que possam ser agentes ativos no mundo contemporâneo.

1 REFERÊNCIAS

FREIRE, P. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.


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