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26/07/2022 11:17 Globo.

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O fungo que vale ouro


Edição 230 - Dez/04
O Agaricus blazei, conhecido popularmente como
cogumelo-do-sol, é nativo do Brasil mas conquistou
fama no exterior. Foi encontrado pela primeira vez na
década de 70 por um agricultor da cidade paulista de
Piedade. Enviado ao Japão e à Europa para estudos, foi
batizado depois com o nome de cogumelo piedade.
Hoje, o destino de grande parte da produção brasileira
é abastecer o mercado externo, principalmente o
Japão, onde o consumidor chega a pagar mil dólares
por um quilo de cogumelo-do-sol desidratado.

O motivo de tanto interesse são suas propriedades


terapêuticas. Acredita-se que na forma de extrato o
agaricus tenha um efeito antitumoral. O que se sabe, e
vários estudos já comprovaram, é que ele pode
fortalecer o sistema imunológico graças à ação do
Em regiões de climas quente ou frio é Beta-d-Glucan, polissacarídeo que atua sobre as
necessário controlar a temperatura com ar- células de defesa do corpo. Pode ainda ser utilizado
condicionado ou estufa; a umidade relativa como coadjuvante no tratamento de algumas doenças,
precisa estar acima de 80% como a hepatite C, pois é estimulante do apetite. Ainda
assim esses estudos não são suficientes e conclusivos
para que o cogumelo-do-sol seja utilizado como base de qualquer tratamento de doenças graves. O
mais sensato é que ele seja utilizado como um suplemento alimentar.

A produção do cogumelo-do-sol inicia-se na inoculação


de micélios (filamentos) do fungo, produzidos em
laboratório, em compostos orgânicos, formados por
bagaço de cana, capim, farelos e farinhas. O composto
passa por um período de colonização do fungo e em
seguida acrescenta-se terra desinfetada.

Para quem está iniciando a produção, é recomendável


adquirir os sacos de composto já inoculado e realizar
apenas as etapas de frutificação, colheita e
desidratação. Dessa maneira, a produção exigirá
menos espaço e menos investimento. Quando o
produtor dominar o manejo e se familiarizar com o
cultivo, ele pode realizar todo processo.
O cultivo pode ser feito diretamente no solo, a
pleno sol O cultivo pode ser feito diretamente no solo, a pleno
sol, ou em sacos, dentro de barracões, sendo este o
processo mais indicado, pois se tem um controle maior sobre a temperatura e umidade. As condições
climáticas são fatores determinantes para o sucesso da cultura. Temperaturas superiores a 30 graus e
inferiores a dez graus são prejudiciais ao desenvolvimento deste cogumelo.

O barracão que vai abrigar o cultivo pode ter de 200 a 300 metros quadrados
de área e pode ser bem rústico, de madeira ou alvenaria. É importante instalar
telas, para evitar a entrada de insetos, e sombrite para controlar a
luminosidade. O piso, onde serão colocados os sacos, deve ser de madeira, do
tipo estrado. Se o clima da região for muito quente ou muito frio, é preciso
controlar a temperatura, com um aparelho de ar-condicionado ou uma estufa.
A umidade relativa deve ser mantida acima de 80%, por isso é conveniente
adquirir também um sistema de irrigação por nebulização. Uma irrigação
semanal é suficiente para manter a terra úmida, mas não encharcada.

O composto deve ser de qualidade, livre de outros fungos e insetos. Pode-se


começar o cultivo com dois mil sacos (com 12 a 18 quilos), que são vendidos a
cinco reais cada. Assim que o composto chegar, deve-se abrir os sacos e
acrescentar dois ou três centímetros de terra esterilizada.

Depois de 20 dias, os cogumelos começam a brotar e


a produção se estende por mais 90 dias. Os cogumelos devem ser colhidos
quando as bordas ainda estiverem viradas para baixo. Após a colheita eles
devem ser levados imediatamente para o desidratador, instalado na
propriedade. Para cada 12 quilos de composto obtém-se uma produção de
10% de cogumelo fresco, ou seja, 1,2 quilo e 120 gramas de cogumelo
desidratado.

É importante que o pequeno produtor esteja em contato com cooperativas


que possam orientá-lo sobre a melhor maneira de comercializar sua produção.
Em geral, o mercado está concentrado nas mãos dos exportadores, que

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também são os fornecedores de composto. A longo prazo, o ideal é que o
produtor consiga desenvolver sua própria marca e realizar a venda
diretamente para farmácias ou lojas de produtos naturais. No mercado
interno, o preço do cogumelo desidratado varia de 100 a 160 reais o quilo,
quando vendido a intermediários.

Após a colheita eles


devem ser levados
imediatamente para o
desidratador
CONSULTOR: HUGO CESAR RAVAGNANI VENTURELI, consultor técnico da Bio-
Lógica Consultoria Agroambiental Ltda., rua Três, 721, CEP 13500-030, Rio Claro
SP, tel. (19) 3523-1614, hugo@biologicaagroambiental.com.br
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CERTIFICADO
•ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE AGRICULTURA NATURAL, rua Tibiriçá,
755, CEP 04622-011, Brooklin Paulista, São Paulo, SP, tel. (11) 5542-6034
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CEP:13501-030, Centro, Rio Claro, SP, tel. (19) 3523-1614
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•ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE AGRICULTURA NATURAL, rua Tibiriçá,
755, CEP 04622-011, Brooklin Paulista, São Paulo, SP, tel: (11) 5542- 6034
•FUNGIBRAS, tel. (14) 3815-2255, Botucatu, SP, Guilherme Eira
•GRUPO AGARICUS DE PILAR LTDA., Caixa Postal 50, Pilar do Sul, SP, Telefax
(15) 278-1956
•FLÁVIA BRUNOSSI, tel: (19) 3481-2034
•UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, UNESP, CAMPUS DE BOTUCATU,
Departamento de Defesa Fitossanitária, módulo de cogumelos
tel. (14) 821-3883, ramais 167, 205, 206.
•FAZENDA GUIRRA, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP. Tel: (12) 3912-3525 - Sandra
Abe

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