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Profa. Renata de Aquino B. L.

Corrêa

Universidade Federal de Lavras


Departamento de Engenharia

TRANSFERÊNCIA DE MASSA (GNE335)

- Aulas 18 e 19-

Profa. Renata de Aquino B. Lima Corrêa


 Sala Prédio ABI
 renata.correa@ufla.br
 3829-4699
Profa. Renata de Aquino B. L. Corrêa

7. Transferência de Massa por Convecção


7.1. Definição de convecção mássica e coeficiente convectivo de TM

❑ A TM por convecção envolve o transporte de uma dada espécie


entre interfaces: pode ser uma superfície sólida e um fluido em
Fonte: http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?option=com_content&task=view&id=249&Itemid=423.

movimento (a), ou dois fluidos imiscíveis em movimento,


separados por uma interface móvel (b).
CA∞, v∞ (a) (b)
Ar seco

Superfície úmida, CAs


*Situação que será estudada na disciplina

❑ Nestes casos, o transporte (que ocorre na direção em que a


concentração decresce) é auxiliado pelas características
dinâmicas do fluido em movimento.
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7. Transferência de Massa por Convecção


7.1. Definição de convecção mássica e coeficiente convectivo de TM

❑ De acordo com a força motriz que provoca o movimento do


fluido, a TM pode se dar por duas formas distintas:

i. Convecção natural ou livre: quando o movimento é provocado


por forças de empuxo decorrentes de diferenças de densidade,
ou
ii. Convecção forçada: Quando o movimento é imposto por um
agente externo (bomba, ventilador, soprador,...).

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7. Transferência de Massa por Convecção


7.1. Definição de convecção mássica e coeficiente convectivo de TM
❑ Há muitas situações nas quais a convecção envolvendo o
escoamento de um fluido sobre uma superfície gera um processo
Fonte: http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?option=com_content&task=view&id=249&Itemid=423.

de TM.
T≈25°C

A secagem é um
processo superficial,
motivado pela
diferença na
concentração de vapor
d’água.

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7. Transferência de Massa por Convecção


7.1. Definição de convecção mássica e coeficiente convectivo de TM
❑ Se o movimento do fluido representa a contribuição dominante
para a TM (escoamentos com velocidades elevadas), o
tratamento matemático que aplicamos até aqui não serve mais
para descrever o fenômeno.

𝑁𝐴 = −𝐶𝐷𝐴𝐵 ∇𝑦𝐴 + 𝑦𝐴 𝑁𝐴 + 𝑁𝐵 Eq. Fick

Difusivo Contribuição do
(molecular) movimento global
(convectivo)

❑ A difusão não deixa de acontecer (tenho CA), mas massa é


transferida em maior quantidade pelo movimento do fluido!

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7. Transferência de Massa por Convecção


7.1. Definição de convecção mássica e coeficiente convectivo de TM
Imaginemos o escoamento de um fluido sobre uma placa plana,
com transferência de ‘A’ da placa, cuja concentração é CAs para o
fluido em movimento, com CA=CA∞.
❑ Quando o fluido em movimento encontra a superfície parada,
uma camada limite hidrodinâmica se desenvolve na direção do
escoamento.
❑ Teoria da Camada Limite:
considera que se o fluido
escoa paralelamente à
superfície, forma-se um perfil
de velocidades, sendo v=0 na
superfície (partículas
estagnadas) e se aproximando
Fonte: BERMAN, T.L. Incropera fundamentos de transferência de calor e de massa. 8. Rio de Janeiro: LTC, 2019.

de v∞ no limite da CL.
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7. Transferência de Massa por Convecção


7.1. Definição de convecção mássica e coeficiente convectivo de TM

❑ A Teoria do Filme, frequentemente utilizada, sugere que essa CL


está conceitualmente localizada em um filme estagnado de
espessura , próximo à superfície.
Fonte: WELTY, JR et al. Fundamentos de transferência de
momento, de calor e de massa. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2017.

❑ Neste caso, a resistência que controla o transporte convectivo é o


resultado desse ‘filme’ de fluido.
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7. Transferência de Massa por Convecção


7.1. Definição de convecção mássica e coeficiente convectivo de TM

❑ Como o soluto ‘A’ está se transferindo, haverá também um


perfil de concentração, definido por uma camada limite mássica,
com concentrações CAs na superfície e CA∞ na corrente livre.
Fonte: BERMAN, T.L. Incropera fundamentos de transferência de

Bem próximo à
superfície, o fluido
calor e de massa. 8. Rio de Janeiro: LTC, 2019.

adquire a concentração
CAs, que vai sendo
‘transmitida’ para as
camadas adjacentes
provocando um
gradiente de CA ao
longo de y.

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7. Transferência de Massa por Convecção


7.1. Definição de convecção mássica e coeficiente convectivo de TM

Para escoamento sobre uma superfície estagnada, devido


à existência de uma subcamada laminar, o mecanismo de
TM na interface é sempre molecular, independente da
natureza da corrente livre.

❑ Se o escoamento do fluido for laminar: todo o transporte entre a


superfície e o fluido em movimento será molecular.
Fonte: BERMAN, T.L. Incropera fundamentos de transferência de
calor e de massa. 8. Rio de Janeiro: LTC, 2019.

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7. Transferência de Massa por Convecção


7.1. Definição de convecção mássica e coeficiente convectivo de TM
❑ Se o escoamento for turbulento: massa será transportada por
turbilhões presentes na corrente (associados à ↑ taxas de TM).
❑ Assim, a distinção entre escoamento laminar e turbulento será
importante em qualquer situação convectiva.
Fonte: BERMAN, T.L. Incropera fundamentos de transferência de
calor e de massa. 8. Rio de Janeiro: LTC, 2019.

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7. Transferência de Massa por Convecção


7.1. Definição de convecção mássica e coeficiente convectivo de TM

❑ A transferência de ‘A’ por convecção entre a superfície e a


corrente livre do fluido é determinada pelas condições na
camada-limite, e nós estamos interessados na determinação da
taxa na qual essa transferência ocorre.

❑ Em analogia com a ‘lei’ de Newton de resfriamento, temos para


o fluxo convectivo de TM de ‘A’, NA, em termos molares:

𝑁𝐴 = 𝑘𝑐 ∆𝐶𝐴 Eq. (1)

em que: kc é o coeficiente convectivo de transferência de massa,


∆CA é a diferença entre a concentração na superfície de contorno e a
concentração média na corrente de fluido.
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7. Transferência de Massa por Convecção


7.1. Definição de convecção mássica e coeficiente convectivo de TM
❑ kc tem dimensão de velocidade. No SI é expresso em m.s-1.
𝑀𝑂𝐿 𝐿 𝑀𝑂𝐿
= ∗
𝐿2 .𝑡 𝑡 𝐿3

❑ Observamos que kc (assim como h na TC), não é uma


propriedade física do meio, como DAB. Na verdade, ele depende
de parâmetros como geometria, condições de escoamento,
propriedades físicas dos fluidos, etc.
❑ Existem quatro métodos para se estimar kc:
i. Análise dimensional (experimentos);
ii. Solução exata da CL laminar;
iii. Solução aproximada da CL laminar, e
iv. Analogias entre transferência de momento, calor e massa.
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7. Transferência de Massa por Convecção


7.2. Números adimensionais relevantes para a convecção mássica
❑ Parâmetros adimensionais são frequentemente usados para
correlacionar dados de transporte.

❑ As difusividades para os três FT’s:

(a) Difusividade mássica: DAB


Têm a mesma
𝑘 dimensão de
(b) Difusividade térmica: 𝛼 = 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜2
𝜌𝐶𝑝
𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜
𝜇
(c) Difusividade de momento: ν =
𝜌

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7. Transferência de Massa por Convecção


7.2. Números adimensionais relevantes para a convecção mássica
❑ Relações entre essas três grandezas definem, portanto, grupos
adimensionais:
𝜈 𝜇 𝜌𝐶𝑝 𝜇𝐶𝑝
(c/b) = ∙ = = Pr Número de Prandtl
𝛼 𝜌 𝑘 𝑘

𝜈 𝜇
(c/a) = = Sc Número de Schmidt
𝐷𝐴𝐵 𝜌𝐷𝐴𝐵

𝛼 𝑘
(b/a) = = Le Número de Lewis
𝐷𝐴𝐵 𝜌𝐶𝑝 𝐷𝐴𝐵

Esses adimensionais envolvem apenas propriedades físicas do


fluido.
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7. Transferência de Massa por Convecção


7.2. Números adimensionais relevantes para a convecção mássica
❑ Falta ainda um adimensional que relacione a TM difusiva e
convectiva na CL.
❑ Considere o escoamento de um fluido sobre uma placa contendo
um soluto ‘A’. A espécie ‘A’ é transferida do sólido para o meio
fluido e os perfis de velocidade e concentração são mostrados
Fonte: WELTY, JR et al. Fundamentos de transferência de
momento, de calor e de massa. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2017.

abaixo:

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7. Transferência de Massa por Convecção


7.2. Números adimensionais relevantes para a convecção mássica

❑ O fluxo convectivo de transferência de massa de ‘A’ é dado por:

𝑁𝐴 = 𝑘𝑐 𝐶𝐴𝑠 − 𝐶𝐴∞ Eq. (2)

❑ Na interface, vx=0, e a transferência de massa se dá por


mecanismo molecular (difusivo puro):
𝑑𝐶𝐴
𝑁𝐴 = −𝐷𝐴𝐵 ቤ
𝑑𝑦 𝑦=0

Para CAs constante, a equação acima pode ser reescrita:


𝑑 𝐶𝐴 − 𝐶𝐴𝑠
𝑁𝐴 = −𝐷𝐴𝐵 ቤ Eq. (3)
𝑑𝑦 𝑦=0
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7. Transferência de Massa por Convecção


7.2. Números adimensionais relevantes para a convecção mássica

❑ As equações (2) e (3) definem o mesmo fluxo (‘A’ que deixa a


superfície por difusão = ‘A’ que ‘entra’ no fluido por convecção.
Logo:
𝑑 𝐶𝐴 −𝐶𝐴𝑠
𝑘𝑐 𝐶𝐴𝑠 − 𝐶𝐴∞ = −𝐷𝐴𝐵 ቚ
𝑑𝑦 𝑦=0

Multiplicando ambos os lados por L (comprimento da placa ou


comprimento característico) e rearranjando:
𝑑 𝐶𝐴 −𝐶𝐴𝑠
𝐿 ∙ 𝑘𝑐 𝐶𝐴𝑠 − 𝐶𝐴∞ = −𝐿 ∙ 𝐷𝐴𝐵 ቚ ∴
𝑑𝑦 𝑦=0

𝐿 ∙𝑘𝑐 𝑑 𝐶𝐴 −𝐶𝐴𝑠 𝐿
= − ቚ ∙ 𝐶 −𝐶 ∴
𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑦 𝑦=0 𝐴𝑠 𝐴∞

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7. Transferência de Massa por Convecção


7.2. Números adimensionais relevantes para a convecção mássica

𝐿 ∙𝑘𝑐 −𝑑 𝐶𝐴 −𝐶𝐴𝑠 1
= ቚ ∙ ∴
𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑦 𝐶𝐴𝑠 −𝐶𝐴∞
𝑦=0 ൗ𝐿

𝐿 ∙𝑘𝑐 −𝑑 𝐶𝐴 −𝐶𝐴𝑠 1
= ቚ ∙ 𝐶 −𝐶 ∴
𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑦 𝑦=0 𝐴𝑠 𝐴∞ ൗ
𝐿

𝐿 ∙𝑘𝑐 𝑑 𝐶𝐴𝑠 −𝐶𝐴 1


= ቚ ∙ 𝐶 −𝐶
𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑦 𝑦=0 𝐴𝑠 𝐴∞ ൗ
𝐿

Sh ou NuAB Razão entre o gradiente


de concentração na
superfície e a diferença
global de concentração.

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7. Transferência de Massa por Convecção


7.2. Números adimensionais relevantes para a convecção mássica

A relação adimensional anterior, que pode ser considerada também


uma razão entre a resistência ao transporte molecular e a resistência
à TM por convecção é denominada número de Sherwood (Sh) ou
Nusselt de massa (NuAB):

𝐿 ∙ 𝑘𝑐
𝑆ℎ =
𝐷𝐴𝐵

❑ Os parâmetros adimensionais aqui definidos são encontrados na


análise de problemas de transferência de massa por convecção
que veremos nesta unidade.

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