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Avaliadores de

Artigo Científico

4 O processo de revisão

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Conteudista:
Claudio Paixão Anastácio de Paula (conteudista, 2021);

Eliane Pawlowski de Oliveira Araújo (conteudista, 2021);

Fernanda Oliveto (conteudista, 2021);

Keila Rêgo Mendes (conteudista, 2021);

Diretoria de Desenvolvimento Profissional.

Enap, 2021

Enap Escola Nacional de Administração Pública


SAIS - Área 2-A -70610-900 - Brasília, DF

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Sumário

Unidade 1: Noções básicas do processo de revisão.............................................................4


1.1 Tipos de revisão................................................................................................................................................ 4

1.1.1 Revisão triplo-cego...................................................................................................................................... 6

1.2 Roteiro de revisão............................................................................................................................................ 7

1.2.1 O título............................................................................................................................................................. 9

1.2.2 O resumo.......................................................................................................................................................11

1.2.3 Os gráficos, figuras, tabelas e diagramas..........................................................................................12

Referências..............................................................................................................................................................13

Unidade 2: Decisões possíveis e elaboração do parecer.................................................. 14


2.1 Decisões possíveis.........................................................................................................................................14

2.2 A elaboração do parecer..............................................................................................................................15

Referências..............................................................................................................................................................21

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MÓDULO

4 O processo de revisão

Neste módulo, serão apresentadas noções básicas do processo de revisão, como os tipos de revisões, as
decisões possíveis em uma avaliação e a forma mais assertiva de elaboração do parecer.

O módulo 4 está estruturado da seguinte forma:

• Unidade 1 – Noções básicas do processo de revisão

• Unidade 2 – Decisões possíveis e elaboração do parecer

Unidade 1: Noções básicas do processo de revisão

Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer as noções básicas do processo de revisão, identificando os tipos
possíveis, seguindo um roteiro de revisão e compreendendo os aspectos característicos de uma boa revisão científica.

1.1 Tipos de revisão


Após discutirmos sobre o processo editorial e sobre as competências que um avaliador deve ter para analisar
de forma qualificada um artigo científico, é importante que você reconheça a importância da avaliação e as
diferentes formas de como ela pode acontecer.

Das possibilidades de avaliação, a revisão por pares é considerada a forma mais efetiva e eficaz
de garantir que a literatura acadêmica mantenha a qualidade, confiabilidade, integridade e
consistência. É claro que nenhum processo é perfeito: fraude, plágio, favorecimento e outras
limitações ainda podem ocorrer, mas, mesmo assim, a avaliação por pares é, de longe, o método
mais eficiente de evitar distorções.

Graças à possibilidade de se publicar online, o número de periódicos e artigos aumenta constantemente


em todo o mundo. Como há um pequeno número de pesquisadores disponíveis, o trabalho de revisão por
pares, que demanda tempo e precisa ser minucioso, tem sofrido atropelos. Os prazos são curtos, os autores
são muitos, e são poucos os avaliadores.

Por causa disso, formou-se um consenso nas publicações sobre a necessidade de que sejam treinadas
novas gerações de avaliadores e a consciência de que essa prática é essencial para que o sistema de revisão
por pares possa se manter. Mas quais são os tipos possíveis de avaliação?

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Revisão por pares aberta

Na revisão aberta, todos sabem quem são as partes envolvidas. Uma pequena parcela de pesquisadores a
considera efetiva por oferecer comentários menos cáusticos ou corrosivos do que nos tipos de revisão onde
os avaliadores e/ou os autores não são identificados.

Supostamente essa prática envolveria os avaliadores e os autores em um rico e frutífero debate científico,
além de que, ao se tornarem conhecidos, possibilitaria aos avaliadores entenderem melhor o conteúdo,
o contexto e as motivações da escrita do artigo e ajudar a detectar plágios. Porém, há aqueles que a
criticam justamente por julgarem que essa proximidade faz com que os avaliadores sejam menos críticos
por receio de se exporem (especialmente quando se trata de avaliadores mais jovens) e por dar aos autores
a oportunidade de influenciarem ou pressionarem os avaliadores (e mesmo de se estabelecerem disputas
entre ambos). Há, finalmente, os que acreditam que esses questionamentos não fazem sentido já que
seria muito difícil manter o anonimato absoluto, uma vez que temas, autocitações e estilo acabariam por
denunciar a origem e a identidade dos autores.

Uma das questões relevantes em relação às revisões por pares abertas ou simples-cego (onde se deixa
visível a identificação dos autores – ver abaixo) é viés de gênero, sexo ou étnico-racial. Há muitos estudos
mostrando uma menor propensão a financiar, promover e publicar a produção de mulheres e minorias. Seja
esse enviesamento consciente ou inconsciente, o fato é que menos mulheres e minorias são solicitadas
a revisar artigos, e artigos escritos por mulheres e minorias são menos citados. Esse argumento pesa
bastante em favor dos modelos de revisão por pares nos quais as identidades dos envolvidos estão ocultas.

Revisão simples-cego

Revisão simples-cego.
Fonte: CEPED/UFSC (2021).

Existe a revisão simples-cego (aquela em que autores são conhecidos dos avaliadores, mas os avaliadores
permanecem anônimos para os autores.). Esse tipo de avaliação tem como vantagens, em relação à
revisão aberta ou revisão aberta publicada ao final do artigo, uma menor possibilidade de acontecerem
vieses, encorajarem opiniões honestas e o foco na qualidade do manuscrito, porém estas vantagens são
potencializadas nas avaliações duplo e triplo-cego. É importante ressaltar que os críticos a essa opção
sugerem que instituições de menor prestígio e autores de países em desenvolvimento correm o risco de
serem prejudicados nesta modalidade, além dela permitir que avaliadores de grupos competidores atrasem
a publicação de trabalhos de concorrentes propositadamente.

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Revisão duplo-cego

Revisão duplo-cego.
Fonte: CEPED/UFSC (2021).

Há a revisão duplo-cego (caracterizada pelo anonimato entre autores e avaliadores). A vantagem da


avaliação duplo-cego, e que a mantém como a favorita entre as avaliações, é que ela ajuda a evitar que
os artigos submetidos sejam avaliados subjetivamente segundo a apreciação do avaliador em relação à
identidade do autor e a qual instituição ou grupo ele se afilia. Isso, supostamente, diminuiria as chances de
que autores de países periféricos ou de instituições menos renomadas tenham menos oportunidades de
publicar seus artigos.

Outra vantagem é que o fato de ter o seu nome omitido, ajuda aos avaliadores a se concentrarem na
qualidade das suas avaliações e a se sentirem seguros para emitirem opiniões sinceras sem temer a retaliação
futura de seus colegas acadêmicos por fazer críticas a nomes e instituições com os quais, eventualmente,
possa manter relações. Além disso, o processo duplo-cego evita que um pesquisador renomado ou de uma
instituição considerada “de ponta” tenha seus artigos aprovados apenas com base nesses critérios e não
na qualidade intrínseca da obra em questão.

1.1.1 Revisão triplo-cego

Revisão triplo-cego.
Fonte: CEPED/UFSC (2021).

E há, ainda, a revisão triplo-cego, na qual apenas o editor-chefe conhece a identidade e afiliação dos
autores e avaliadores, porém os editores associados não. Essa avaliação aumenta ainda mais as vantagens
(e possivelmente, também a chance de serem estimulados comentários corrosivos) das versões simples e
duplo-cego.

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Além das avaliações abertas, simples, duplo e triplo-cego, existem as revisões abertas publicadas ao
final do artigo, que abrem espaço para discussões pós-publicação, e a substituição da revisão por pares
por revisão pós-publicação. As pessoas que defendem a revisão aberta publicada em seguida ao artigo
sustentam que ela tem como vantagens assegurar, pela exposição da sua imagem de avaliadores que
precisam exibir publicamente os seus pareceres, a honestidade, a conscienciosidade e a gentileza na
redação dos comentários, além de encorajar o debate entre autor e revisor, envolvendo, inclusive, outros
pesquisadores, caso se aproveite a flexibilidade das interações online e se opte por incluir comentários de
terceiros. O reconhecimento público da importância do trabalho dos avaliadores é outro ponto de destaque.
Ainda assim, nem tudo é perfeito: a pressão grupal pode impor, pelo receio de retaliações ou exposição, um
freio às críticas que, embora severas, precisem ser feitas.

Os defensores das revisões pós-publicação ressaltam a forma como ela incentiva o diálogo e amplia o escopo
dos comentários para além dos revisores, abrindo o diálogo para que outros leitores apontem inconsistências
no artigo. Seus críticos argumentam que, sem uma curadoria adequada, a discussão corre o risco de se
transformar num debate infinito e pouco frutífero entre pontos de vista competidores ou concorrentes.

1.2 Roteiro de revisão


Existem, na literatura, várias sugestões de elementos essenciais que devem constar na avaliação de um
artigo. A maioria delas aponta para a necessidade de se avaliar o escopo do artigo (se ele se encaixa no perfil
da publicação); se ocorreu plágio; se o título, o resumo e as palavras-chave traduzem convenientemente o
conteúdo do artigo; se as citações foram corretamente desenvolvidas; se o artigo possui coerência interna
em suas partes; se o tema é relevante; se problema, hipóteses e objetivos são consistentes; se a metodologia
é adequada aos objetivos e se ela permite que outros pesquisadores reproduzam o experimento ou
compreendam as condições em que as experimentações e observações foram feitas; se os resultados estão
corretamente apresentados e analisados; se a discussão dos resultados está correta (oferecendo sustentação
às conclusões que o artigo sugere ter alcançado); e se as referências foram corretamente apresentadas.

Qualquer que seja o roteiro escolhido, é essencial que o trabalho


equilibre objetividade e correção com cortesia.

Você consegue se lembrar qual é o propósito da revisão? Bem, além de informar ao editor se o trabalho pode
ou não ser publicado (e em que condições), é oferecer aos autores críticas construtivas que os ajudem a
melhorar os artigos ou, no caso de uma rejeição, informar os motivos dela e como eles podem, futuramente,
corrigir essas falhas.

De todo modo, é importante que cada avaliador tenha um roteiro e o siga para proceder a revisão sem
desconsiderar pontos importantes. No entanto, como em todas as atividades, esse processo vem com a
prática e não custa nada consultar o roteiro até que essa experiência vá se automatizando.

O roteiro será extremamente importante para orientá-lo quando você for redigir o parecer final da sua
avaliação de forma a garantir a melhor contribuição possível tanto para o editor quanto para os autores.

Um bom roteiro pessoal poderia seguir a sequência sugerida a seguir (que pode ser adaptada por você de
modo a torná-la mais orgânica ao seu estilo de leitura e escrita). No entanto, lembre-se de que o roteiro
proposto vai e volta através do texto referindo-se a vários movimentos em sua aproximação com obra
(avaliando resumo, conteúdo técnico, escrita e apresentação etc.), esses momentos na realidade são
sobrepostos. Foram divididos assim apenas para facilitar a sua descrição, mas, como você perceberá,
muitas vezes será mais natural desenvolver essas avaliações simultaneamente, na medida em que você for
trabalhando com o material.

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Tabuleiro.
Fonte: CEPED/UFSC (2021)

Agora, acompanhe os detalhes de cada uma das etapas de revisão do roteiro. Avante!

1ª etapa: leitura inicial e elaboração de resumo do conteúdo

Comece lendo o artigo e resumindo o seu conteúdo com suas próprias palavras, isso permitirá que você
identifique se o título, o resumo e as palavras-chave descrevem, de fato, o conteúdo do trabalho. Além
disso, permitirá que você avalie a relevância do tema com mais segurança. Nesse exercício, é importante
incluir o que foi feito, qual a contribuição e quais os impactos dessa contribuição. Após isso ser feito, você
pode utilizar o seu resumo para avaliar a correção e a coerência dos tópicos mencionados. Esse resumo
pode e deve ser incluído no seu parecer final. Isso irá demonstrar para os autores e para o seu editor que
você leu e entendeu o artigo.

2ª etapa: avaliação do conteúdo técnico

Cumprida essa etapa, você pode começar a avaliar o conteúdo técnico. De novo, a leitura que você fez
inicialmente e o resumo que você elaborou irão ajudá-lo. O conteúdo que você avaliou quando fez a leitura
para o resumo é relevante? Se sim, registre isso para o seu parecer. O trabalho responde a uma questão
válida de pesquisa? Se não, registre o porquê (lembre-se do seu parecer). A metodologia de pesquisa
está bem descrita? (além de estar atento a universo, amostra, possíveis sujeitos etc. Lembre-se que os
leitores precisam ter acesso às condições em que o experimento foi realizado para que possam reproduzi-
lo). Registre. Como você avalia a qualidade dos resultados e argumentos utilizados na apresentação deles?
Registre. Existe alguma incoerência que o faça suspeitar da ocorrência de falhas? Registre. Faça uma
avaliação geral da análise e da discussão dos resultados e avalie o impacto delas. Você tem conhecimento
de trabalhos relacionados que os autores não consideraram? Isso teria sido relevante? As conclusões
derivadas do trabalho proposto se sustentam?

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3ª etapa: avaliação da escrita do artigo

Um outro momento da avaliação deve ser dedicado à escrita e à apresentação do trabalho. Uma sugestão é
que você comece seguindo a ordem que o leitor normalmente segue para se decidir se ele irá se interessar,
ou não, pela leitura do trabalho. O leitor, usualmente, começa sua relação com o trabalho a partir da leitura
do título. O título é um elemento fundamental do trabalho. Se o título chamou a atenção dele, ele passa ao
resumo, se o resumo o interessou, ele pode até fazer o download do trabalho, mas talvez ele não o leia.
Tendo baixado o trabalho, ele irá olhar a apresentação geral do trabalho, os gráficos, tabelas, quadros e
figuras. Se ele encontrar coisas que lhe chamem a atenção ele será capturado e fará o que todo autor ou
editor deseja: o mergulho na obra.

Mesmo nesse processo, se ele perceber que foi enganado, e a promessa feita no título e no resumo não
forem cumpridas pelo texto, ele irá abandonar a leitura do trabalho que correrá o risco de se tornar apenas
mais um trabalho relegado ao ostracismo. Nenhuma revista deseja isso! Por isso, a escrita e a apresentação
são tão importantes. Elas são a porta de entrada do leitor no universo do autor e, considerando que as
pessoas têm que começar a se relacionar com uma publicação por algum lugar, são a porta de entrada da
própria revista.

4ª etapa: adequação das partes do artigo

Feito isso, mãos à obra! Comece avaliando o argumento básico do artigo. É possível entender como ele
se desenvolveu? O desenvolvimento foi bom ou não? Registre o motivo para seu parecer final. Em caso
negativo, aponte sugestões para salvá-lo, caso isso seja possível. Agora, você pode ir avaliando ponto a
ponto.

5ª etapa: elaboração do parecer

Cumpridas essas etapas, você está pronto a finalizar o seu parecer e utilizar as suas anotações para: a)
preencher o formulário padronizado com base no roteiro que você aplicou para orientar a avaliação e
b) identificar, dentre as decisões possíveis de serem assinaladas, aquela opção que melhor descreve a
condição do trabalho após a avaliação que você efetuou.

Finalmente, você pode elaborar, de modo embasado e qualificado, o parecer da avaliação.

1.2.1 O título
Como já foi mencionado, o título é um elemento fundamental do trabalho. Ele é o caminho que conduz o
leitor ao trabalho. Sendo assim, o título deve:

• ser curto (considere sugerir a extração de palavras em excesso. Identificar o assunto com o menor
número de palavras possível);

• demonstrar fidelidade ao conteúdo (não vender uma coisa que não será entregue pelo texto – o
essencial é que o título indique a conclusão, se não for possível, que indique o tema ou o objetivo);

• ser compreensível (não somente para os especialistas da área, mas também para as áreas correlatas).

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Veja os exemplos de análises e sugestões dos títulos:

• Exemplo 1

Avaliação sobre o impacto do acúmulo de rejeitos de: mineração nas margens dos rios em hábitos
reprodutivos de aves migratórias (note que há diversos elementos não essenciais e que não contribuem em
nada para a transmissão da ideia central).

Assoreamento por rejeitos de mineração e reprodução de aves migratórias.

• Exemplo 2

Apontamentos sobre atropelamentos de animais, poluição e contaminação em uma unidade de conservação


atravessada por rodovias: o caso da Reserva Biológica de Sooretama (note que além de elementos
desnecessários, a identificação do local onde foi feito o estudo só faria diferença caso o local fosse uma
variável essencial ao estudo. No caso, os pontos essenciais são o fato de existirem rodovias cruzando
unidades de conservação e isso produzir impactos ambientais).

Unidades de conservação atravessadas por rodovias: impactos ambientais.

• Exemplo 3

Estudo sobre a experiência inovadora com Educação ambiental no Parque Estadual do Morro do Diabo
(observe que toda pesquisa é um estudo, não é necessário escrever o óbvio e que, nesse caso, é importante
incluir o local – que é uma variável – no título).

Inovação em educação ambiental no Parque Estadual do Morro do Diabo.

• Exemplo 4

Descrição sumária do impacto de flores afetadas pelo fungo Fusarium sacchari no universo das Melipona
scutellaris => Esse é um caso onde o contrassenso do próprio título sugeriria que ele fosse reescrito.
Como se pode descrever sumariamente um universo? E, como alguém pode pretender incluir em um artigo
tudo (que é o que dá a entender o uso da palavra universo) o que diz respeito a uma espécie de abelhas?
Finalmente, quem, além de um público muito específico, sabe que as Melipona scutellaris são abelhas?
Após uma cuidadosa leitura do texto, as contribuições do artigo, caso existissem, poderiam ser resumidas
como:

Inflorescências transformadas pelo fungo Fusarium sacchari e ciclo vital das abelhas Uruçu (Melipona
scutellaris).

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1.2.2 O resumo
Analisado o título, você pode se dedicar ao resumo. Indicações sobre esse tema já foram feitas anteriormente
neste curso, e você pode consultá-las se necessário. Em linhas gerais, o resumo (caso seja adotado um
modelo estruturado) deve conter as seguintes partes:

Introdução: Informando, sinteticamente, o contexto e a problemática estudada;

Objetivo: claramente explicitado;

Métodos: procedimentos metodológicos adotados, população estudada, local, análises estatísticas


utilizadas, amostragem, etc.;

Resultados: devem ter sido selecionados apenas os mais relevantes em relação aos objetivos. Se for um
trabalho quantitativo, devem ser incluídos resultados numéricos e seu significado estatístico;

Conclusões: apenas as conclusões mais relevantes, novos estudos recomendados e as limitações do


estudo. No caso de um resumo não estruturado (ou criativo), esses elementos essenciais também devem
estar presentes ainda que não em uma apresentação linear.

Constatada a presença desses elementos, você deve avaliar: o resumo descreve o que foi lido no artigo? Ou,
partindo do caminho inverso, você sabia o que iria ler quando leu o resumo? Registre sua avaliação para o
seu parecer.

Você deve guardar isso! Duas partes essenciais do texto de um artigo são a introdução e a conclusão que,
apesar de se comunicarem com o todo do trabalho, devem contar histórias próprias de forma a dar ao leitor,
quando ele as lê separadamente, uma clara noção de continuidade interna. Por isso, nesse momento, é
importante avaliar: a introdução e conclusão contam uma história própria?

Como avaliar se o que foi escrito em uma introdução apresenta essa coerência narrativa? Uma boa sugestão
é observar se, através da redação do texto introdutório, o autor foi capaz de demonstrar que o problema
no qual se insere a pesquisa é relevante e se o objetivo é uma proposta que merece atenção. Caso seja
um tema já bem explorado, existe uma novidade metodológica? Ou caso nada disso seja novidade, existe
um contexto novo? Esse contexto novo é relevante? Se existirem associações de variáveis, como essas
variáveis se associam para influenciar a questão estudada? O autor deixou isso claro?

A mesma preocupação com a lógica interna da subseção deve ter existido e ser facilmente identificada
na conclusão (no caso de existir uma seção específica para isso) ou, no caso de as conclusões serem
apresentadas na discussão, elas devem estar claramente expressas nesse bloco. Em ambos os casos,
os dados ou evidências devem sustentá-las. É essencial que os resultados (dados e abstrações) sejam
diferenciados claramente das conclusões.

Um aspecto mais formal que não deve ser deixado de lado, por parte dos autores, na avaliação de um artigo,
trata-se das orientações quanto ao formato, tamanho e outros parâmetros especificados nas diretrizes para
submissão de trabalhos. Eles seguiram? Se não seguiram, registre e reserve para a redação do seu parecer final.

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1.2.3 Os gráficos, figuras, tabelas e diagramas

Gráficos, figuras, tabelas e diagramas.


Fonte: CEPED/UFSC (2021).

Gráficos, figuras, tabelas e diagramas são legíveis Paralelamente, é importante ressaltar que,
e claros? O que vai definir a necessidade desses embora muitas publicações brasileiras utilizem
elementos de comunicação deve ser a lógica da como orientação as normas da ABNT para
pesquisa. A presença desses elementos sempre referências (NBR 6023:2018 e suas erratas de
deverá estar amparada por alguma necessidade 2020) e citações (NBR 10520:2002), outras
lógica na apresentação do conteúdo da pesquisa. publicações utilizam outros sistemas de
normas, como Vancouver ou mesmo as normas
É claro que a beleza da apresentação ou a preferência da American Psychology Association (APA).
do autor pode ser levada em consideração, porém É preciso levar em consideração esse detalhe,
esses elementos não podem se sobrepor à clara e porque muitos autores, por hábito, costumam
correta apresentação dos dados. Deve-se observar, misturar estilos por esquecimento ou, muito
ainda, se existem informações desnecessárias ou comumente por aproveitarem (copiando e
faltantes nesses elementos. Os gráficos e figuras colando) partes das referências já formatadas
devem ter o máximo de informações possíveis de artigos redigidos sob outros modelos.
(sem, no entanto, poluí-lo), as informações
complementares devem constar na legenda. Os É essencial avaliar e apontar a existência de erros
gráficos são utilizados, geralmente, para ressaltar de digitação e outros tipos de erro semelhantes.
visualmente as diferenças. Se for importante que Sugere-se fazer uma lista com os principais
sejam destacados números detalhados (com casas tipos de erros apontados, indicando-os por
decimais, por exemplo), a melhor apresentação categorias: gramaticais (referentes ao conjunto
deverá ser através de uma tabela. É importante de prescrições e regras que determinam o
levar tudo isso em consideração. Se existirem uso considerado da língua escrita e falada),
quaisquer dessas inconsistências, elas devem ser ortográficos (referentes ao desconhecimento
registradas e apontadas. das regras para a correta grafia das palavras),
de digitação (chamados de typos) e outros.
Você precisa se lembrar, finalmente, que nenhum Se existirem muitos erros (mais de 10), é
desses elementos deve ficar “flutuando” entre os importante advertir ao autor de que há múltiplos
parágrafos do texto, eles precisam sempre ter a e erros sérios e que se faz necessária atenção a
sua entrada anunciada de alguma forma. eles antes da publicação. Se o uso do idioma no
artigo for fraco (seja o Português ou o Inglês),
É essencial verificar se as referências e citações estão deve ser aconselhada a procura de ajuda para a
formatadas adequadamente. Para isso, recorra às revisão ou mesmo a reescrita do texto antes da
especificações da revista a qual o artigo foi submetido. submissão final.

Com este tópico, você termina o estudo do conteúdo selecionado para esta unidade. Vamos fazer uma
verificação se está conseguindo aprender o que tratamos aqui? Execute as atividades disponibilizadas.
Qualquer dúvida, retorne ao texto!

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Referências
BRAGA, Maria Elisa Rangel. Como escrever artigo científico. 2013. Disponível em:
http://aai.bireme.org/wp-content/blogs.dir/2/files/2013/08/Como-avaliar-artigo-
cientifico_2013.pdf.

BRANDÃO, Anarosa Alves Franco; COSTA, Anna Helena Reali. Metodologia de Pesquisa
Científica em Engenharia de Computação. 2019. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/
pluginfile.php/2097205/mod_resource/content/2/Aula3-2016.pdf.

LEMLE, Marina. Revisão por pares: entre o ‘duplo-cego’ e a transparência total do processo
de avaliação de artigos.[online] Blog de HCS-Manguinhos. 2019. Disponível em: http://www.
revistahcsm.coc.fiocruz.br/revisao-por-pares-do-duplo-cego-a-abertura-total/.

NASSI-CALÒ, Lilian. Avaliação por pares: modalidades, prós e contras [online]. SciELO em
Perspectiva, 2015. Disponível em: https://blog.scielo.org/blog/2015/03/27/avaliacao-por-
pares-modalidades-pros-e-contras/.

OLIVEIRA, Carla. O processo de revisão por pares aberta [online]. Periódicos UFMG, 2020.
Disponível em: https://www.ufmg.br/periodicos/o-processo-de-revisao-por-pares-
aberta/.

PORTO, Flávia; GURGEL, Jonas Lírio. Sugestão de roteiro para avaliação de um artigo
científico. Rev. Bras. Ciênc. Esporte 40 (2), Apr-Jun 2018. https://doi.org/10.1016/j.
rbce.2017.12.002.

SILVA, Cláudio N. N.; SILVEIRA, Murilo A. A.; MUELLER, Suzana P. M. Sistema de revisão por
pares na ciência: o caso de revistas científicas do Brasil, da Espanha e do México. Estudos
em Comunicação n. 21, 2015. DOI: 10.20287/ec.n21.a17.

SPINAK, Ernesto. Sobre as vinte e duas definições de revisão por pares aberta… e mais [online].
SciELO em Perspectiva, 2018. Disponível em https://blog.scielo.org/blog/2018/02/28/
sobre-as-vinte-e-duas-definicoes-de-revisao-por-pares-aberta-e-mais/.

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Unidade 2: Decisões possíveis e elaboração do parecer
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar as decisões possíveis a serem tomadas após a avaliação,
além de reconhecer o método de elaboração do parecer.

2.1 Decisões possíveis


Lembre-se de que o seu parecer deve comunicar e justificar assertivamente, ao editor e ao autor, a decisão
tomada. Em síntese, o seu texto de conclusão da revisão deve informar o motivo pelo qual o artigo irá
interessar à audiência do periódico. Lembre-se de que a sua orientação geral deve ser muito bem justificada.

Geralmente há algumas opções padronizadas pelo periódico que deverão ser utilizadas como recomendação geral.

Aceitar ou rejeitar?
Fonte: CEPED/UFSC (2021)

1 Aceitar o texto em sua versão atual sem revisões; 4 Rejeitar, mas com o incentivo de que ele
seja reenviado em outro formato (por exemplo,
2 Aceitar após revisões menores (novo artigo de opinião, ensaio ou relato de pesquisa
processo de avaliação é desnecessário); em andamento – caso exista alguma dessas
opções disponíveis).
3 Aceitar depois de maiores revisões (e após
uma nova avaliação);

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Com base no que acabou de ler, você consegue responder o que pode ser levado em conta ao se aceitar
ou rejeitar um artigo? Bem, há vários motivos possíveis para se aceitar ou rejeitar um artigo. Um artigo
pode ser aprovado, por exemplo, quando for excelente (com uma grande contribuição para a área); quando
o artigo for muito bom (quando ele apresenta boas contribuições); quando ele atende aos requisitos para
ser publicado (apresenta algumas contribuições) e, finalmente; quando ele pode vir a ser aceito se for
modificado (quando ele apresenta contribuições, mas apresenta pontos que merecem ser corrigidos e, caso
isso seja feito, pode ser recomendada aceitação).

No que diz respeito à rejeição, um artigo deve ser rejeitado:

1 Quando não se encaixa no escopo da indicar que, caso outros avaliadores divirjam,
revista (nesse caso isso deve ser indicado você não se oporia fortemente à sua aceitação);
aos autores e pode ser feita uma sugestão de
publicação alternativa); 4 Quando for inaceitável admiti-lo na
publicação (quando ele não apresentar
2 Se for fraco (quando apresenta pouca ou nenhuma contribuição, quando ele for falho
nenhuma contribuição para a área ou quando – apresentar erros graves, falhas éticas na
ele não está pronto para a publicação); condução do estudo, falhas metodológico-
científicas, equívocos de análise e
3 Quando você tem dúvidas se o artigo deve interpretação dos resultados e outros erros
ou não ser aceito (mas, nesse caso, você deve que o desqualifiquem).

É sugerido que, ao enviar seus comentários ao editor, caso seja possível assinalar a opção de não mostrar
essa parte da avaliação aos autores, você informe ao editor sobre as condições em que a avaliação foi
conduzida. Caso isso não seja possível, e existam situações a serem relatadas, você deve utilizar outros
canais de comunicação com ele para informar:

• Qual é o seu nível de expertise na área específica do artigo e, em função disso, o quão confiante você
está quanto à sua visão do artigo;

• Quanto tempo você usou nesta revisão, e se você teve a oportunidade de verificar realmente as
equações e dados apresentados. Se não tiver podido se comunicar de tal maneira, é essencial dizer
isso ao editor para que ele possa ser capaz de contornar a dificuldade (o mesmo se aplica se você não
dominar parte do conteúdo);

• Você tem, ainda, o dever de informar se existem potenciais conflitos de interesse, e caso tenha recorrido
a colegas, você deve informar que recorreu a eles e dar reconhecimento a essas pessoas que o ajudaram.

2.2 A elaboração do parecer


Finalmente, ao elaborar o seu parecer para dar o feedback ao autor inserindo-o no local apropriado do
formulário, você deve utilizar todas as anotações que fez ao longo da avaliação do trabalho para redigir,
abordando ponto por ponto, a partir do resumo que você fez, os aspectos positivos e negativos do trabalho
– em outras palavras, elaborar, de modo embasado e qualificado, o parecer final da avaliação. Lembre-se de
introduzir o resumo que você fez para orientar a sua compreensão do texto no início do parecer, colocar em
evidência para o autor que você realmente leu e compreendeu o trabalho.

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LEMBRE-SE: ao redigir o feedback, tenha três coisas em mente: coloque o conteúdo claramente,
escreva numa forma neutra e polida, e procure elaborar suas frases de uma maneira equilibrada
(utilizando exemplos e sendo respeitoso, ainda que tenha que falar com firmeza). Isso ajudará o
autor a compreender melhor o que você tem a dizer.

Exemplos práticos

Leia os pareceres e a justificativa para cada um, analisando se é um bom parecer ou se precisa ser melhorado,
no sentido de auxiliar, de fato, os autores no aperfeiçoamento de sua competência como pesquisadores e
escritores de artigos científicos.

PARECER 1

Ainda que o artigo se insira dentro da temática relevante da promoção da higiene oral e dos cuidados bucais
voltados para prevenir cáries e que esta seja de extrema importância, ele é mal formulado e apresenta resultados
pífios. Desconsidera que a relação entre a percepção de educadores e alunos sobre os bochechos fluorados
e a motivação dos pesquisados, embora subentendida, não é explicitada em momento nenhum no texto.
Ao ignorar essa ideia, falha miseravelmente na tentativa de tornar o artigo interessante e passa a sustentar
pesquisa inteira pela, pobre, justificativa de que bochechos fluoretados são preconizados. A motivação dos
autores não fica clara. O impacto para a área de conhecimento é pobre e os métodos de pesquisa propostos
são simplórios. Falando de questões pontuais, o escopo do artigo se encaixa no perfil da publicação e não
há sinais de plágio. O título e o resumo traduzem convenientemente o conteúdo do artigo, no entanto,
as palavras-chave não, faltando mencionar “percepções individuais”. As citações foram corretamente
desenvolvidas e o artigo possui coerência interna em suas partes. O tema é pouco relevante e de pouco
impacto. O problema foi mal formulado e as hipóteses que os autores perseguem sem muita convicção não
claras. Os objetivos são simplórios e a pesquisa não tem relevância explicitada. A metodologia é adequada
ao objetivo pobre e espelha a limitação dos autores como um todo, porém utiliza escolas sem e com atenção
de saúde bucal por cirurgião-dentista, mas não explicita se as utilizou como grupo controle. Ainda que ela
permita que outros pesquisadores reproduzam o experimento e compreendam as condições em que as
experimentações e observações foram conduzidas, a pergunta é: para quê eles se dariam a esse trabalho? Os
poucos resultados são corretamente apresentados e analisados numa discussão primária e infantil (quase
risível), ainda que correta (uma mera reafirmação do óbvio). As conclusões são tão pobres e óbvias que o
artigo e, obviamente, a pesquisa da qual ele resultou, poderiam perfeitamente não existir. As referências
foram corretamente apresentadas. Nesse sentido o meu parecer é de que o artigo deve ser rejeitado por
considerá-lo inadequado à publicação.

Não é um parecer adequado.

Embora os argumentos e a avaliação estejam corretos, eles são apresentados de forma pouco

polida, chegando, em alguns momentos a ser deselegante e beirar o ofensivo chegando a

fazer juízos de valor sobre as capacidades intelectuais dos autores. Ainda que a argumentação

apresente, em alguns pontos, alguns exemplos que ilustrem os seus argumentos, em grande

parte da conclusão do parecer isso não acontece. Essa forma de se expressar limita a capacidade

comunicativa do texto, dificultando que o autor compreenda em que elas se fundamentam.

Finalmente, o parecer não apresenta sugestões que possam corrigir as limitações encontradas.

16
PARECER 2

Embora a temática global da promoção da higiene oral e dos cuidados bucais como alternativas para a
prevenção às cáries seja de extrema importância, o artigo apresenta alguns problemas que merecem ser
destacados. A relação entre a percepção de educadores e alunos sobre a realização de bochechos fluorados
e a motivação dos professores para incentivá-la e dos alunos para praticá-la, embora subentendida, não é
explicitada em momento nenhum no texto (que apoia a pesquisa inteiramente na preconização dos referidos
bochechos, levando o leitor (nos melhores casos) a trabalhar com a suposição de que a percepção seja o
elemento importante do estudo e, nos piores casos, a simplesmente ignorá-la. Em função disso, uma vez que
a motivação do estudo não é claramente exposta nesse quesito (e que, talvez, ela nem esteja suficientemente
clara para os próprios autores), a metodologia utilizada acaba não sendo adequada ao aprofundamento
dessa questão, o que resulta em um estudo pouco relevante, tanto do ponto de vista do tema específico (a
investigação da percepção de professores e alunos quanto a uma ação de cuidado oral específica), quanto
em termos de seu impacto para a área de conhecimento. Ainda sobre a metodologia, qual é o propósito de se
incluírem escolas onde a prática da atenção bucal não é praticada se esse material não é utilizado na análise
como elemento de comparações (na condição de grupo controle)? O artigo se beneficiaria da realização de
uma etapa qualitativa onde fosse aprofundada a análise das percepções dos sujeitos investigados através de
uma amostragem destes, ou da introdução de outras alternativas no questionário utilizado (uma adaptação do
instrumento) que vinculassem percepções e motivações de forma mais elaborada e, na análise, pudessem ser
tratadas através de estatística multivariada. Isso aprofundaria o valor de uma avaliação que trabalha com dados
complexos como os de natureza psicológica. Falando de questões pontuais, o escopo do artigo se encaixa
no perfil da publicação e não há sinais de plágio. O título e o resumo traduzem convenientemente o conteúdo
do artigo, no entanto, as palavras-chave não, faltando a menção às “percepções individuais” ou algum termo
semelhante que expresse esse descritor. As citações foram corretamente desenvolvidas e o artigo possui
coerência interna em suas partes. O tema, devido à forma como a pesquisa foi formulada, tornou-se pouco
relevante e de pouco impacto. Uma vez que o problema não foi bem formulado em função da não explicitação
da relação entre as percepções dos envolvidos e a prática efetiva do hábito de higiene bucal, as hipóteses dele
derivadas não ficaram claras e, consequentemente, objetivos embora consistentes com os de uma pesquisa
de natureza descritiva não tem a sua relevância explicitada (ou seja, não é demonstrado, na apresentação
da ideia, o motivo pelo qual se deva realizar tal investigação). Como já exposto acima, a metodologia é
adequada ao objetivo, proposto, porém falha em cumprir o papel subentendido e não explicitado no texto, e
embora permita que outros pesquisadores reproduzam o experimento e compreendam as condições em que
as experimentações e observações foram conduzidas, se revela incapaz de demonstrar a associação entre
importância das percepções dos pesquisados e a prática da higiene bucal. Falta ainda à metodologia, uma
explicação quanto aos motivos de ter sido proposto o estudo de escolas sem e com atenção de saúde bucal
por cirurgião-dentista e, no entanto, os resultados desses dois grupos terem sido analisados em bloco sem
nenhuma comparação entre eles. Embora os resultados estejam corretamente apresentados e analisados,
pela falha estrutural original do trabalho, a discussão dos resultados, embora correta, oferece contribuições
mínimas para o aprofundamento do tema. Isso se traduz, não somente nas conclusões pobres e óbvias, mas
também na pobreza de sua sustentação. As referências foram corretamente apresentadas. Nesse sentido, o
meu parecer é de que o artigo deve ser rejeitado por apresentar pouca ou nenhuma contribuição para a área.
Sugiro que a pesquisa seja reformulada e que uma nova etapa seja elaborada para atender às necessidades
da relação que ele se propôs a estabelecer e, nesse meio tempo, sugiro que ele seja reenviado em outro
formato (como o relato da primeira etapa de uma pesquisa em andamento).

É um parecer adequado.

Na sua formulação, o parecer utilizou todas as anotações feitas ao longo da avaliação do trabalho e

abordou, ponto por ponto, os aspectos positivos e negativos do trabalho, apresentando de modo

embasado e qualificado, o parecer da final avaliação, colocando em evidência para o autor que o trabalho

foi lido e compreendido. O feedback colocou o conteúdo claramente, foi escrito de forma neutra e polida,

embora firme, procurou elaborar as frases de uma maneira equilibrada, utilizou exemplos e foi respeitoso.

17
PARECER 3

O resumo utiliza o modelo estruturado e, dentro dessa perspectiva é bem feito. A Introdução informa de
modo sintético, o contexto e a problemática que foram estudados e finaliza com o objetivo que é claramente
explicitado. A metodologia apresenta claramente os procedimentos metodológicos adotados, bem como
outros elementos essenciais como: população estudada, local, análises estatísticas utilizadas e amostragem.
No que diz respeito à discussão, ela é objetivamente conduzida e os resultados, selecionados entre os mais
relevantes são compatíveis com ela e levam em consideração os resultados numéricos e seu significado
estatístico. Finalmente as conclusões mais relevantes são apresentadas, ainda que o artigo não faça indicações
de novos estudos recomendados e as limitações do estudo. Tendo isso em vista, recomendo a publicação do
artigo sem revisões.

Não é um parecer adequado.

O parecer, embora escrito em linguagem objetiva e respeitosa, não é bem redigido e, por

não considerar as suas limitações, aparenta ter sido escrito sem uma apreciação detida

do documento. Não foi abordada a incongruência de se terem estudado as escolas sem e

com atenção de saúde bucal por cirurgião-dentista e, no entanto, os resultados desses dois

grupos terem sido analisados em bloco sem ter sido feita nenhuma comparação entre eles.

Não foi levada em consideração, na sua redação, pequena contribuição do estudo para

a discussão temática em questão e nem a ideia subentendida no título e não explorada

convenientemente no estudo: a suposta relação entre as percepções dos envolvidos e as

motivações para a prática efetiva do hábito de higiene bucal através de bochechos fluoretados.

PARECER 4

O escopo do artigo se encaixa no perfil da publicação e não há sinais de plágio. O título e o resumo traduzem
convenientemente o conteúdo do artigo, porém, as palavras-chave não incluem o termo “percepções”,
mencionado como ponto fundamental da pesquisa. As citações foram corretamente desenvolvidas e o artigo
possui coerência interna em suas partes. O tema foi mal desenvolvido e resultou numa pesquisa de pouca
relevância e de impacto limitado. O problema não foi bem formulado e as hipóteses dele derivadas não
deixam claras as ideias que subjazem o estudo. Os objetivos, embora consistentes com os de uma pesquisa
de natureza descritiva, não têm relevância prática. A metodologia é adequada ao objetivo proposto e, embora
permita a reprodução do experimento e descreva com clareza as condições em que as experimentações
e observações foram conduzidas, se mostra insuficiente para aprofundar discussão da associação entre
importância das percepções dos pesquisados e a prática da higiene bucal. O artigo não indica porque utilizou
grupo estudo e grupo controle e porque, apesar de tê-lo feito, analisou os resultados em bloco. Dessa forma,
ainda que os resultados tenham sido corretamente apresentados e analisados, a discussão dos resultados,
apesar de correta, contribui pouco para o aprofundamento do tema, resultando em conclusões pobres e
pouco sustentadas. As referências foram corretamente apresentadas. Em vista do exposto, recomendo a
rejeição do artigo por considerar que seus resultados contribuem pouco para a área.

18
Não é um parecer adequado.

Apesar de escrito de forma objetiva e respeitosa, e de abordar os pontos essenciais do

estudo, a conclusão do parecer não esmiúça os motivos que levaram a sua rejeição, não

deixando claro (e com exemplos) para os autores quais foram as suas limitações dificultando

para eles o aprendizado a partir da experiência. Outro ponto limitante é que o parecer não

oferece sugestões para melhorar o material, novamente limitando o potencial educativo da

experiência de rejeição.

PARECER 5

O artigo enfoca a temática global da promoção da higiene oral e dos cuidados bucais como alternativas para a
prevenção às cáries, mas, embora esse tema seja de extrema importância, ao fazê-lo, o artigo não consegue
apresentar a relação que sugere entre a percepção de educadores e alunos sobre a realização de bochechos
fluorados e a motivação dos professores para incentivá-la e dos alunos para praticá-la. Desse modo, baseia
toda a sua construção apenas na justificativa de que existe uma preconização de bochechos fluoretados,
supondo que isso basta para justificar um estudo quanto às percepções dos sujeitos de pesquisa sobre o
assunto. Uma vez que a motivação para o estudo não é claramente explicitada, isso tem impacto direto
na concepção da metodologia utilizada que acaba não sendo adequada ao aprofundamento da “questão
subjetiva” sugerida. Também impacta nos resultados, pouco relevantes e que contribuem pouco para a área
de conhecimento. O artigo se beneficiaria de uma etapa qualitativa para aprofundar a análise das percepções
dos sujeitos investigados ou de outra proposta metodológico-estatística capaz de vincular, através de
um estudo quantitativo, as percepções e motivações dos envolvidos de forma mais complexa (estatística
multivariada?). Diante do exposto, recomendo que o artigo seja rejeitado por não apresentar maturidade
suficiente na formulação e contribuições pouco relevantes para a área.

Não é um parecer adequado.

A proposta de conclusão, apesar de ter sido escrita de forma objetiva e respeitosa e centrar-

se na limitação principal do artigo, não evidencia que o avaliador percorreu todo o texto com

sua análise, o que pode deixar margem para os autores imaginarem que a sua apreciação

negativa se deveu a uma leitura parcial ou superficial do mesmo.

A análise não apontou a incongruência de se terem estudado as escolas sem e com atenção

de saúde bucal por cirurgião-dentista e, no entanto, os resultados desses dois grupos terem

sido analisados em bloco sem ter sido feita nenhuma comparação entre eles. Finalmente,

o parecer não reconhece os méritos do trabalho como uma possível etapa inicial de um

trabalho posterior melhor elaborado.

19
Com esse tópico, terminamos a apresentação do conteúdo selecionado para esta unidade. Vamos fazer
uma verificação de como foi sua aprendizagem? Execute as atividades disponibilizadas a seguir e veja se
você compreendeu os principais pontos desenvolvidos. Qualquer dúvida, retorne ao texto!

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Referências
BRAGA, Maria Elisa Rangel. Como escrever artigo científico. 2013. Disponível em
http://aai.bireme.org/wp-content/blogs.dir/2/files/2013/08/Como-avaliar-artigo-
cientifico_2013.pdf.

BRANDÃO, Anarosa Alves Franco; COSTA, Anna Helena Reali. Metodologia de Pesquisa
Científica em Engenharia de Computação. 2019. Disponível em https://edisciplinas.usp.br/
pluginfile.php/2097205/mod_resource/content/2/Aula3-2016.pdf.

LEMLE, Marina. Revisão por pares: entre o ‘duplo-cego’ e a transparência total do processo
de avaliação de artigos.[online] Blog de HCS-Manguinhos. 2019. Disponível em http://www.
revistahcsm.coc.fiocruz.br/revisao-por-pares-do-duplo-cego-a-abertura-total/.

NASSI-CALÒ, Lilian. Avaliação por pares: modalidades, prós e contras [online]. SciELO em
Perspectiva, 2015. Disponível em https://blog.scielo.org/blog/2015/03/27/avaliacao-por-pares-
modalidades-pros-e-contras/.

OLIVEIRA, Carla. O processo de revisão por pares aberta [online]. Periódicos UFMG, 2020.
Disponível em https://www.ufmg.br/periodicos/o-processo-de-revisao-por-pares-aberta/.

PORTO, Flávia; GURGEL, Jonas Lírio. Sugestão de roteiro para avaliação de um artigo científico
Rev. Bras. Ciênc. Esporte 40 (2), Apr-Jun 2018. https://doi.org/10.1016/j.rbce.2017.12.002.

SILVA, Cláudio N. N.; SILVEIRA, Murilo A. A.; MUELLER, Suzana P. M. Sistema de revisão por
pares na ciência: o caso de revistas científicas do Brasil, da Espanha e do México. Estudos em
Comunicação n. 21, 2015. DOI: 10.20287/ec.n21.a17.

SPINAK, Ernesto Sobre as vinte e duas definições de revisão por pares aberta… e mais [online].
SciELO em Perspectiva, 2018. Disponível em https://blog.scielo.org/blog/2018/02/28/sobre-as-
vinte-e-duas-definicoes-de-revisao-por-pares-aberta-e-mais/.

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