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Fontes da Pesquisa Científica
Lucelmo Lacerda

É muito comum que na fase da pesquisa científica exista uma dúvida


sobre que fontes utilizar para meu trabalho, quais são confiáveis, quais são
suscetíveis de referência acadêmica e quais não podem ser utilizadas. Esta é
uma questão complexa, então primeiramente é preciso dizer que existem dois
tipos de fontes para sua pesquisa científica, as fontes primárias e as fontes
secundárias e ambas são fundamentais para o desenvolvimento dos estudos
científicos.
As fontes primárias são aquelas que são objeto de nossa pesquisa e
isso pode ser um documento como um currículo escolar ou um planejamento
de aula, uma lei, enfiam, algo que será objeto da minha pesquisa, pode
inclusive ser um artigo científico ou um livro, desde que ele seja meu objeto de
pesquisa e não uma ferramenta teórica para eu compreender algo, e aí já
começamos a entrar nas fontes secundárias.
Isaac Newton disse que foi tão longe porque estava sobre o ombro de
gigantes, a alegoria que ele criou representa bem o elemento fundamental da
ciência, ninguém redescobre a roda, ninguém começa do zero, toda
contribuição científica, mesmo de grandes gênios como Newton, na verdade é
um pequeno tijolo em um enorme edifício de conhecimento em que uma
pesquisa dá uma pequenina contribuição.
A primeira tarefa então, de toda pesquisa, é apresentar o quanto deste
edifício já está construído e descrever com precisão que lugar precisa ainda
ser constituído, assim, já no próprio projeto de pesquisa, é imprescindível que
façamos um amplo apanhado das pesquisas científicas até o momento.
Se meu tema é a inclusão das pessoas com autismo, por exemplo, a
tarefa é ler quem já escreveu sobre este tema, expressar o que a literatura
indica sobre o que seja o autismo, o que seja a inclusão escolar, a história
deste processo e todas as considerações relevantes na literatura, apontar o
que ainda não foi visto ou ainda não suficientemente e demonstrar que quer
justamente contribuir nesta construção, colocando este tijolo específico
neste edifício de conhecimento.

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Para escrever esta introdução, o tipo de fonte utilizada não são as
fontes primárias, o pesquisador não irá a arquivos olhar documentos dos
primeiros médicos que diagnosticaram o autismo, ele irá pegar um artigo de
outro autor que fez isso porque este era o objeto de pesquisa dele, este era o
tijolo que ele colocaria neste edifício de conhecimento. Ele também não vai
estudar as primeiras atas das primeiras convenções internacionais sobre a
inclusão escolar e sim ler um artigo ou um livro de autores que fizeram isso.
Estes autores, que lidaram com os documentos e construíram o
conhecimento, produziram pesquisas científicas que são agora consideradas
como referência para que se escrevam coisas mais avançadas. Estas
pesquisas científicas são, portanto, aquilo que chamamos de fontes
secundárias.
O processo de revisão da literatura científica da área é, portanto, o
processo de perscrutar as fontes secundárias sobre o tema, isto é, os estudos
de autores que tiveram contato com as fontes primárias e elaboraram
interpretações delas e estas interpretações agora nos servem de apoio para
escrevermos outros trabalhos.
Isto é muito importante porque o conhecimento é algo cumulativo, os
primeiros humanos que desenvolveram um conhecimento mais elaborado
sobre o mundo passaram este conhecimento para as gerações seguintes, que
também acumularam e transmitiram conhecimento sobre o mundo, de modo
que cada geração sabe um pouco mais do que a geração anterior. Com a
invenção e a facilitação dos processos de escrita, este acúmulo foi
multiplicado e conseguimos ter acesso também aos conhecimentos
elaborados mesmo em outras partes do mundo.
O modo pelo qual uma pesquisa científica usufrui desta acumulação
para não dizer mais do mesmo é através da consulta às fontes secundárias
sobre o mesmo tema.
Essas fontes secundárias, bibliográficas, devem ser escolhidas de
modo criterioso, já que há muita coisa boa e muita coisa ruim produzida.
Existem muitos suportes em que eles podem estar, mas nos limitaremos a dois
deles, os livros e os artigos científicos, que conformam a grande maioria
das fontes secundárias.

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Quando se fala em livros, é preciso ter certa experiência na área de
pesquisa para saber se o livro foi escrito por pesquisadores experientes e se é
bem reputado na área, algumas vezes, uma editora de renome e que publica
somente trabalhos com forte critério são formas de avaliar a qualidade do
material. Outra coisa que pode ajudar o pesquisador a definir a utilização de
um livro é se ele explicita como cada conhecimento descrito foi construído e
referencia publicações de qualidade.
Quando se trata de ciência, contudo, a principal matéria-prima são os
artigos científicos, eles é que formam a base do conhecimento científico
disponível. Artigos são publicados em revistas científicas que passam por
revisão por pares, isto é, quando alguém envia um artigo, ele é mandado para
dois pesquisadores experts na área e eles dão um parecer para aquele artigo,
que pode ser pela publicação do artigo (se ambos concordarem, ele é
publicado), pela recusa do artigo (se ambos concordarem com a recusa, ele é
rejeitado), pela correção para publicação (pode ser pedido por qualquer um
dos dois) ou caso um dos pareceristas peça a rejeição e outro a aprovação, o
artigo é encaminhado a um terceiro avaliador, que toma a decisão final sobre
a publicação ou rejeição.
Este processo de avaliação por pares é cego, isto é, o avaliador não
sabe de quem é o artigo que ele avalia e o avaliado não sabe quem deu os
pareceres de seu trabalho, de modo que isso visa coibir a aprovação ou
reprovação de trabalhos por afetos ou desafetos e também simplesmente pela
fama do pesquisador.
Estes artigos sofrem processo de avaliação que são mais ou menos
rigorosos, a depender da revista e este rigor, além de outros critérios, afeta a
nota da revista, que é um índice que, de alguma forma, reflete ao menos
parcialmente a qualidade deste periódico. Em nível internacional, o índice
mais usado é o chamado Fator de Impacto e ele é um dos critérios que podem
nos ajudar a escolher bem nossas referências. No Brasil, a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES elabora e divulga o
índice QUALIS, que dá nota às revistas científicas e também ajudam a
que escolhamos boas publicações para nossos trabalhos.

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Mas mesmo revistas de qualidade podem publicar pesquisas de má
qualidade, é importante verificar a metodologia da pesquisa para saber o quão
forte é aquele resultado. Dois elementos especialmente importantes são a
quantidade de pessoas avaliada (quando se trata de pesquisa experimental
com a finalidade de demonstrar a eficácia de algo) e o delineamento de
pesquisa, que altera o valor da pesquisa.
Quando vamos citar uma pesquisa é importante notarmos se aquela
pesquisa PROVOU uma relação e não se o autor anterior simplesmente falou
algo. Assim, por exemplo, se vamos dizer que a inclusão escolar favorece o
desenvolvimento das crianças com autismo, não adiante citarmos alguém que
tenha dito isso, precisamos citar uma pesquisa que tenha pegado pessoas
com autismo em escolas inclusivas e escolas especiais, de maneira
randômica e tenha avaliado o desenvolvimento delas em ambas as situações,
com uma grande quantidade de pessoas para afirmar a existência desta
relação. Se vamos escrever que professores têm mais depressão do que
outras categorias, não basta citar um livro importante que traz a informação,
precisamos citar alguém que tenha medido a depressão nos professores e
outros grupos profissionais. Esses são alguns exemplos do que é
efetivamente o processo de cumulatividade da ciência e da boa referenciação
em fontes secundárias.
Simplesmente procurar alguém que já tenha dito uma coisa, sem
procurar como aquela coisa foi provada é um grande risco porque uma grande
besteira escrita uma vez por alguém importante passa a circular como se
verdade fosse e, pior ainda, como se fosse ciência. Por isso é fundamental
destacar que em ciência um discurso nunca é considerado verdadeiro
simplesmente porque saiu da boca de alguém importante mas somente quando
ele é demonstrado por meio de evidências claras.

Relatório de Pesquisa
Após a pesquisa pronta, é preciso que a aprontemos para a entrega.
Existem muitos tipos de relatórios, mas falaremos de dois, o artigo científico e
a monografia.

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No artigo científico, o texto é muito direto. Há algumas formas
ligeiramente diferentes de escrever mas a base é a seguinte divisão.

Resumo – Em poucas linhas o autor descreve o tema, o objetivo, a


metodologia e os resultados da pesquisa.
Introdução – Um brevíssimo apontamento de revisão bibliográfica.
Métodos (ou Materiais e Métodos) – O autor descreve como fez a pesquisa.
Resultados (ou Resultados e Discussão) – O autor descreve os dados
produzidos e os interpreta.
Conclusão – O autor faz um breve apanhado do texto.
Referências – O autor coloca as obras que utilizou como fontes de pesquisa.
No caso da monografia, a introdução se torna normalmente um capítulo,
os dados e discussões produzidos pelo próprio autor em geram vai como
um terceiro capítulo e há ao menos um capítulo intermediário para
aprofundar a revisão bibliográfica sobre os conceitos fundamentais do
trabalho. Também há o capítulo de considerações finais e as referências.

Após o texto, em uma monografia, também é possível haver anexos,


documentos produzidos por outrem e usados pelo autor e apêndice, com
documentos feitos pelo autor e utilizados na pesquisa.

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