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Fontes da Pesquisa Científica
Lucelmo Lacerda
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Para escrever esta introdução, o tipo de fonte utilizada não são as
fontes primárias, o pesquisador não irá a arquivos olhar documentos dos
primeiros médicos que diagnosticaram o autismo, ele irá pegar um artigo de
outro autor que fez isso porque este era o objeto de pesquisa dele, este era o
tijolo que ele colocaria neste edifício de conhecimento. Ele também não vai
estudar as primeiras atas das primeiras convenções internacionais sobre a
inclusão escolar e sim ler um artigo ou um livro de autores que fizeram isso.
Estes autores, que lidaram com os documentos e construíram o
conhecimento, produziram pesquisas científicas que são agora consideradas
como referência para que se escrevam coisas mais avançadas. Estas
pesquisas científicas são, portanto, aquilo que chamamos de fontes
secundárias.
O processo de revisão da literatura científica da área é, portanto, o
processo de perscrutar as fontes secundárias sobre o tema, isto é, os estudos
de autores que tiveram contato com as fontes primárias e elaboraram
interpretações delas e estas interpretações agora nos servem de apoio para
escrevermos outros trabalhos.
Isto é muito importante porque o conhecimento é algo cumulativo, os
primeiros humanos que desenvolveram um conhecimento mais elaborado
sobre o mundo passaram este conhecimento para as gerações seguintes, que
também acumularam e transmitiram conhecimento sobre o mundo, de modo
que cada geração sabe um pouco mais do que a geração anterior. Com a
invenção e a facilitação dos processos de escrita, este acúmulo foi
multiplicado e conseguimos ter acesso também aos conhecimentos
elaborados mesmo em outras partes do mundo.
O modo pelo qual uma pesquisa científica usufrui desta acumulação
para não dizer mais do mesmo é através da consulta às fontes secundárias
sobre o mesmo tema.
Essas fontes secundárias, bibliográficas, devem ser escolhidas de
modo criterioso, já que há muita coisa boa e muita coisa ruim produzida.
Existem muitos suportes em que eles podem estar, mas nos limitaremos a dois
deles, os livros e os artigos científicos, que conformam a grande maioria
das fontes secundárias.
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Quando se fala em livros, é preciso ter certa experiência na área de
pesquisa para saber se o livro foi escrito por pesquisadores experientes e se é
bem reputado na área, algumas vezes, uma editora de renome e que publica
somente trabalhos com forte critério são formas de avaliar a qualidade do
material. Outra coisa que pode ajudar o pesquisador a definir a utilização de
um livro é se ele explicita como cada conhecimento descrito foi construído e
referencia publicações de qualidade.
Quando se trata de ciência, contudo, a principal matéria-prima são os
artigos científicos, eles é que formam a base do conhecimento científico
disponível. Artigos são publicados em revistas científicas que passam por
revisão por pares, isto é, quando alguém envia um artigo, ele é mandado para
dois pesquisadores experts na área e eles dão um parecer para aquele artigo,
que pode ser pela publicação do artigo (se ambos concordarem, ele é
publicado), pela recusa do artigo (se ambos concordarem com a recusa, ele é
rejeitado), pela correção para publicação (pode ser pedido por qualquer um
dos dois) ou caso um dos pareceristas peça a rejeição e outro a aprovação, o
artigo é encaminhado a um terceiro avaliador, que toma a decisão final sobre
a publicação ou rejeição.
Este processo de avaliação por pares é cego, isto é, o avaliador não
sabe de quem é o artigo que ele avalia e o avaliado não sabe quem deu os
pareceres de seu trabalho, de modo que isso visa coibir a aprovação ou
reprovação de trabalhos por afetos ou desafetos e também simplesmente pela
fama do pesquisador.
Estes artigos sofrem processo de avaliação que são mais ou menos
rigorosos, a depender da revista e este rigor, além de outros critérios, afeta a
nota da revista, que é um índice que, de alguma forma, reflete ao menos
parcialmente a qualidade deste periódico. Em nível internacional, o índice
mais usado é o chamado Fator de Impacto e ele é um dos critérios que podem
nos ajudar a escolher bem nossas referências. No Brasil, a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES elabora e divulga o
índice QUALIS, que dá nota às revistas científicas e também ajudam a
que escolhamos boas publicações para nossos trabalhos.
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Mas mesmo revistas de qualidade podem publicar pesquisas de má
qualidade, é importante verificar a metodologia da pesquisa para saber o quão
forte é aquele resultado. Dois elementos especialmente importantes são a
quantidade de pessoas avaliada (quando se trata de pesquisa experimental
com a finalidade de demonstrar a eficácia de algo) e o delineamento de
pesquisa, que altera o valor da pesquisa.
Quando vamos citar uma pesquisa é importante notarmos se aquela
pesquisa PROVOU uma relação e não se o autor anterior simplesmente falou
algo. Assim, por exemplo, se vamos dizer que a inclusão escolar favorece o
desenvolvimento das crianças com autismo, não adiante citarmos alguém que
tenha dito isso, precisamos citar uma pesquisa que tenha pegado pessoas
com autismo em escolas inclusivas e escolas especiais, de maneira
randômica e tenha avaliado o desenvolvimento delas em ambas as situações,
com uma grande quantidade de pessoas para afirmar a existência desta
relação. Se vamos escrever que professores têm mais depressão do que
outras categorias, não basta citar um livro importante que traz a informação,
precisamos citar alguém que tenha medido a depressão nos professores e
outros grupos profissionais. Esses são alguns exemplos do que é
efetivamente o processo de cumulatividade da ciência e da boa referenciação
em fontes secundárias.
Simplesmente procurar alguém que já tenha dito uma coisa, sem
procurar como aquela coisa foi provada é um grande risco porque uma grande
besteira escrita uma vez por alguém importante passa a circular como se
verdade fosse e, pior ainda, como se fosse ciência. Por isso é fundamental
destacar que em ciência um discurso nunca é considerado verdadeiro
simplesmente porque saiu da boca de alguém importante mas somente quando
ele é demonstrado por meio de evidências claras.
Relatório de Pesquisa
Após a pesquisa pronta, é preciso que a aprontemos para a entrega.
Existem muitos tipos de relatórios, mas falaremos de dois, o artigo científico e
a monografia.
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No artigo científico, o texto é muito direto. Há algumas formas
ligeiramente diferentes de escrever mas a base é a seguinte divisão.
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