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FISIOTERAPIA

NEUROLÓGICA

Aline Andressa Matiello


Introdução à fisioterapia
neurofuncional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar a atuação do fisioterapeuta na área neurofuncional.


 Diferenciar os recursos fisioterapêuticos utilizados na área
neurofuncional.
 Descrever as características da atuação do fisioterapeuta neurofun-
cional na criança, no adolescente, no adulto e no idoso.

Introdução
A fisioterapia neurológica, também chamada de fisioterapia neurofuncio-
nal, é uma especialidade a partir da qual o profissional fisioterapeuta atua
nas disfunções relacionadas ao sistema nervoso. Essas disfunções podem
ser decorrentes de processos congênitos ou adquiridos e comprometem
pacientes em todas as faixas etárias (MELATTI, 2014).
Nessa área, o fisioterapeuta pode atuar de modo a proporcionar a
recuperação e a restauração da função motora, proprioceptiva, de mo-
bilidade, força e funcionalidade, que podem estar afetadas em virtude da
disfunção neurológica. Para isso, faz uso de inúmeros métodos, técnicas
e recursos terapêuticos para oferecer um atendimento de qualidade e
resolutivo (MELATTI, 2014).
Assim, neste capítulo, você vai conhecer as possibilidades de atuação
do profissional de fisioterapia na área neurofuncional, vendo os principais
recursos terapêuticos empregados nas diversas disfunções neurológicas e
respeitando as características particulares no atendimento das diferentes
faixas etárias, incluindo o atendimento de crianças, de adultos e de idosos.
2 Introdução à fisioterapia neurofuncional

1 Atuação do fisioterapeuta na área


neurofuncional
O fisioterapeuta é o profissional de nível superior da área da saúde que atua
isoladamente ou em equipe em todos os níveis de assistência à saúde, in-
cluindo prevenção, promoção, desenvolvimento, tratamento e recuperação dos
pacientes; além disso, seu trabalho tem ênfase nos movimentos e na função,
prevenindo e tratando disfunções — a saúde funcional do paciente é o objetivo
principal (FONTES; FUKUJIMA; CARDEA, 2007).
Dentre as diversas áreas de atuação do fisioterapeuta, desenvolve-se a área
de fisioterapia neurofuncional, que foi reconhecida como uma especialidade
dentro da área da área fisioterapia a partir da resolução nº. 189, de 9 de de-
zembro de 1998, quando se atribuiu essa especialidade como sendo própria e
exclusiva do profissional fisioterapeuta.
Posteriormente, em 2001, a resolução nº. 226, de 23 de agosto, estabeleceu
uma nova redação e extinguiu alguns elementos, além de dar outras provi-
dências. Em seguida, surgiu a resolução nº. 396, de 18 de agosto de 2011,
que disciplina a atividade do fisioterapeuta no exercício da especialidade
profissional de fisioterapia neurofuncional.
Para atuar na área de fisioterapia neurofuncional, é primordial que o fisiote-
rapeuta detenha conhecimentos e domínios de áreas especificas, que nortearão
a assistência em saúde do paciente neurológico. Segundo o Conselho Federal
de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) (2001), para o exercício da
profissão de fisioterapeuta neurofuncional, são necessários conhecimentos
nas áreas de:

 anatomia, especialmente a anatomia do sistema nervoso;


 biomecânica;
 fisiologia geral;
 fisiopatologia das principais patologias neurológicas;
 instrumentos de avaliação utilizados;
 farmacologia aplicada à neurologia;
 uso de dispositivos de tecnologia assistida — próteses, órteses, dispo-
sitivos auxiliares de marcha, dentre outros.

Além desses conhecimentos específicos, é necessário que o fisioterapeuta


neurofuncional detenha conhecimentos de humanização, ética e bioética,
atuando, desse modo, de maneira ética e cautelosa.
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Segundo o Coffito (2001), o profissional de fisioterapia que atua na área


de atendimento de pacientes com disfunções neurológicas deve ser capaz de
realizar inúmeras tarefas/funções, como as que você confere a seguir.

 Realizar a consulta fisioterapêutica, incluindo a realização da anamnese,


da avaliação física e da avaliação cinético-funcional do sistemas neuro-
-musculoesqueléticos, desenvolvendo interconsultas e encaminhamentos
quando necessário.
 Proceder com a aplicação de testes de avaliação da sensibilidade, de
avaliação dos reflexos, avaliação da coordenação motora, força, tônus e
trofismo musculares. Também é necessário realizar a análise da marcha
do paciente — esses testes devem fazer uso de instrumentos de avaliação
tanto qualitativos quanto quantitativos.
 Avaliar e monitorar, quando necessário, as vias aéreas natural e artificial
dos pacientes acometidos por disfunções neurológicas.
 Realizar o monitoramento dos parâmetros cardiorrespiratórios dos
pacientes com disfunções neurológicas.
 Solicitar e interpretar exames quando julgar necessário.
 Determinar o diagnóstico e prognóstico fisioterapêutico do paciente.
 Determinar medidas que visem a redução de morbidades, comorbidades
e imobilismo.
 Prescrever detalhes acerca do plano de tratamento fisioterapêutico,
incluindo frequência dos atendimentos, periodicidade, tempo e quan-
tidade de sessões.
 Decidir, planejar e executar métodos e técnicas de intervenção fisiote-
rapêutica no atendimento de crianças, em pacientes com lesão nervosa
periférica, central e mista, em pacientes atletas, em pacientes com
disfunções de equilíbrio corporal — tanto individualmente quanto
em grupo.
 Elaborar e realizar estratégias voltadas à promoção da saúde e à pre-
venção de doenças em todos os níveis de atenção à saúde, assim como
planejar e executar estratégias que permitam a adequação de ambientes
públicos e privados, incluindo ambiente domiciliar, escolar, laboral e
de lazer, de modo a promover melhor acessibilidade de pacientes com
disfunções neurológicas.
 É permitido que o fisioterapeuta prescreva e confeccione mecanismos
auxiliares de locomoção, órteses, próteses, dentre outros recursos de
tecnologia assistiva que visam otimizar, adaptar ou, ainda, manter
4 Introdução à fisioterapia neurofuncional

as atividades funcionais do paciente, permitindo maior autonomia e


independência funcional.
 Realizar diferentes posicionamentos no leito, sedestação, ortostatismo e
de deambulação, além de promover adaptação, readaptação, orientação
e capacitação dos pacientes para oferecer-lhe maior funcionalidade e
autonomia.
 Atuar por meio de orientações e capacitações destinadas aos cuidadores
ou acompanhantes dos pacientes, garantindo um cuidado mais completo.
 Fazer uso de diferentes recursos isoladamente ou de modo associado a
outros recursos, como, por exemplo: agentes cinésio-mecano-terapêu-
tico, termoterapia, crioterapia, fototerapia e eletroterapia, dentre outros.
 Atuar na abordagem paliativa de pacientes com prognóstico de óbito.
 Indicar e aplicar práticas integrativas e complementares em saúde, atra-
vés dos recursos disponíveis, de modo a melhorar a condição de saúde.
 Determinar e prescrever a alta do tratamento fisioterapêutico.
 Atuar de modo a emitir laudos, pareceres, relatórios e atestados con-
forme as necessidades.
 Realizar atividades voltadas à educação em saúde em todos os níveis
de atenção à saúde, atuando na prevenção de riscos ambientais e ocu-
pacionais relacionados às doenças neurológicas.
 Registrar informações relacionadas a avaliação, diagnóstico, prognós-
tico, tratamento, evolução, encaminhamentos, intercorrências e alta
fisioterapêutica em prontuário.

Em relação aos locais de atuação, o fisioterapeuta neurofuncional pode


prestar assistência à saúde de pacientes com disfunções neurológicas nos
ambientes hospitalares, em clínicas, consultórios, centros de saúde, em es-
tabelecimentos públicos, privados, filantrópicos, militares, terceirizados;
além disso, pode atuar na prestação de assistência a nível domiciliar, também
chamado de assistência home care (COFFITO, 2001).
Essa ampla área de atuação existe em virtude de que os pacientes acome-
tidos por disfunções neurológicas demandam cuidados em várias fases da
patologia: da fase hospitalar, ambulatorial, nos centros de reabilitação, até o
ambiente domiciliar, considerando que os sinais, sintomas e incapacidades
são diferentes em cada uma das fases — aguda, subaguda, remissão e na fase
de reabilitação —, o que demanda cuidados específicos (HUTER-BECKER;
DOLKEN, 2008).
Além de atuar na prestação de assistência à saúde do paciente, o fisiote-
rapeuta neurofuncional pode atuar nas áreas de coordenação, supervisão e
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responsabilidade técnica de estabelecimentos e saúde, na gestão, no geren-


ciamento, na direção, na chefia e por meio de consultas, auditorias e perícias.
Desse modo, percebe-se que a atuação do fisioterapeuta neurofuncional é
ampla e pode estar inserida em uma série de diferentes locais, já que engloba
ações em todos os níveis de atenção à saúde, que envolvem prevenção, pro-
moção, proteção, educação, intervenção, recuperação e, ainda, reabilitação
do paciente neurológico.
Independentemente do local de atuação, o objetivo do profissional fisio-
terapeuta na área da neurologia é proporcionar o máximo de funcionalidade
ao paciente acometido por alguma disfunção neurológica. Para isso, utiliza
abordagens que permitem aumentar a capacidade do paciente para aprender
novas alterativas de movimentos (aprendizado motor), aumentar a capacidade
de controlar os movimentos durante a execução de atividades funcionais
(controle motor) e estimular o paciente a readquirir funções motoras após a
lesão neurológica (neuroplasticidade) (UMPHRED; CARLSON, 2007).

Atuação do fisioterapeuta neurofuncional na equipe


multidisciplinar
Na área da neurologia, os pacientes que possuem alguma patologia que afete
o sistema nervoso geralmente apresentam inúmeros sinais e sintomas, como
distúrbios motores, sensitivos, cognitivos, de comunicação, alterações na
capacidade de alimentação, fala, além do surgimento de problemas sistêmicos,
como disfunções renais, vasculares, respiratórias, gastrointestinais, cardíacas,
dentre outras (HUTER-BECKER; DOLKEN, 2008).
Esses distúrbios múltiplos, frequentes em pacientes neurológicos, cons-
tituem um enorme desafio ao atendimento, demandando cuidados de vários
profissionais diferentes. Nessa área, destaca-se a atuação, além da de fisio-
terapeutas, de terapeutas ocupacionais, neurologistas, psicólogos, enfermei-
ros, neuropsicólogos, nutricionistas, pedagogos, fonoaudiólogos, geriatras,
psiquiatras, dentre diversos outros, dependendo das necessidades clínicas
apresentadas pelo paciente.
Entretanto, esse atendimento integral a ser realizado pela equipe multidis-
ciplinar precisa ser coordenado, de modo que todos os profissionais trabalhem
em conjunto para garantir o melhor resultado clínico e funcional ao paciente e
o alcance de objetivos comuns com o tratamento. Nesses casos, a interdiscipli-
naridade e a integralidade no cuidado ao paciente neurológico buscam impedir
a fragmentação no cuidado e no cotidiano dos serviços de saúde prestados ao
paciente por todos os profissionais (CARDOSO; LUCHESI, 2019).
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Para isso, cabe ao profissional de fisioterapia conhecer o campo de atuação


e as atribuições de sua área de formação, respeitando o campo de atuação das
demais especialidades e, quando necessário, realizando o encaminhamento do
paciente aos demais profissionais e compreendendo a importância do trabalho
conjunto em prol do paciente neurológico.
A abordagem multidisciplinar permite, ainda, que as intervenções realizadas
em benefício do paciente neurológico envolvam o paciente como um todo,
permitindo, por exemplo, além da melhora funcional do paciente, a melhora da
sua inserção no ambiente em que vive mediante a ação de todos os profissionais
da equipe multidisciplinar (STOKES, 2000).

2 Recursos fisioterapêuticos neurofuncionais


Como o objetivo do atendimento em fisioterapia neurofuncional é manter ou
restabelecer as funções do sistema nervoso em sua integridade, o fisioterapeuta
deve buscar, por meio do tratamento, proporcionar ao paciente o máximo de
capacidade funcional e independência, podendo recuperar tanto parcial quanto
totalmente as funções perdidas ou alteradas.
Vale ressaltar que, em algumas situações, quando a função pode não ser
totalmente restaurada, o fisioterapeuta deve atuar de modo a buscar opções e
alternativas terapêuticas para manter o paciente da forma mais independente
possível, com um nível adequado de independência e capacidade funcional,
realizando com a mesma necessidade o tratamento fisioterapêutico (ME-
LATTI, 2014).
Para promover maior independência e capacidade funcional dos pacientes
com disfunções neurológicas, o profissional de fisioterapia faz uso dos mais
diversificados recursos e técnicas de tratamento, que incluem mobilização,
alongamento, inibição de padrões neurológicos apresentados pelo paciente,
treino de controle muscular, treino de marcha, treino de postura, correção de
descarga de peso, treino de habilidades relacionadas às funções de atividades
de vida diária (AVDs), dentre outras ações que objetivam a funcionalidade
(MELATTI, 2014).
Considerando essas ações, o profissional pode optar pelo uso de diferentes
recursos ou técnicas de tratamento, utilizadas de maneira isolada ou associadas,
para alcançar os objetivos de tratamento. Nesse sentido, o fisioterapeuta tem
à sua disposição uma série de recursos fisioterapêuticos, como, por exemplo,
eletroterapia, termoterapia e crioterapia, hidroterapia, cinesioterapia, meca-
noterapia, terapia por contensão induzida, Bobath, bandagens funcionais,
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método Cuevas e Medek, facilitação neuromuscular proprioceptiva, terapia


do espelho, equoterapia, PediaSuit, suspensão parcial de peso, dentre outros.

Eletroterapia
A eletroterapia consiste na aplicação de correntes elétricas aos tecidos humanos
com finalidades terapêuticas. Dentre as diversas modalidades de eletroterapia
disponíveis, a estimulação elétrica funcional (FES) é a mais utilizada na área
da fisioterapia neurofuncional.
Essa modalidade de eletroterapia consiste em uma corrente elétrica te-
rapêutica capaz de produzir contrações musculares em grupos específicos,
objetivando melhora da força muscular, aumento da amplitude de movimento,
estabelecimento da sensação articular proprioceptiva, redução da espastici-
dade muscular nos antagonistas, redução de contraturas articulares, além de
promoção do recondicionamento funcional (ROSA; ROSA; CAMPOS, 2013).
O mecanismo de ação pelo qual a estimulação elétrica funcional proporciona
melhora da condição funcional em pacientes neurológicos reside na capacidade
da corrente elétrica de promover a inibição recíproca do grupo muscular; por
exemplo, ao aplicar-se a estimulação no grupo de flexores, há uma redução
imediata do tônus dos extensores (ROSA; ROSA; CAMPOS, 2013). Essa
redução permite que o paciente possa obter movimentos que estavam inibidos
mediante a aplicação da corrente elétrica, que melhora a funcionalidade. Além
disso, pode ser empregada de modo a reduzir os efeitos deletérios do desuso
prolongado de estruturas musculares, amenizando as perdas musculares.

Termoterapia e crioterapia
A termoterapia e a crioterapia são recursos terapêuticos utilizados na área
de fisioterapia neurofuncional com o objetivo de controlar a espasticidade,
condição encontrada em uma série de disfunções do sistema nervoso central
(FELICE; SANTANA, 2009).
A crioterapia se refere à aplicação terapêutica do frio. Quando aplicada à
área da neurologia, a crioterapia tem como objetivo principal reduzir a tensão
viscoelástica mioarticular e facilitar a função neuromuscular. Fisiologicamente,
o frio reduz a atividade do fuso muscular, da junção neuromuscular e dos
nervos periféricos. Além disso, é eficiente na diminuição da espasticidade
pela redução ou pela modificação do mecanismo de reflexo de estiramento
no músculo (FELICE; SANTANA, 2009).
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Em relação ao tempo de aplicação da crioterapia para fins de redução da


espasticidade, preconiza-se a aplicação local, contínua e rápida da criote-
rapia, em média por 1 ou 2 minutos, seguida da aplicação de cinesioterapia
(CORREIA et al., 2010).
Vale ressaltar que essa redução da espasticidade permite que os pacientes
experimentem uma capacidade maior de movimentar-se e, por isso, facilita,
por exemplo, a aplicação de cinesioterapia após o resfriamento, uma vez que o
paciente realizará o movimento com maior amplitude, livre do padrão espástico.
Em contrapartida, o calor, por meio da termoterapia, é utilizado na fi-
sioterapia neurofuncional com o objetivo de reduzir espasmos musculares,
promover relaxamento muscular, analgesia, reduzir a rigidez articular e au-
mentar a extensibilidade do tecido muscular, facilitando, também, a execução
da cinesioterapia, quando é realizada logo após a sua aplicação (FELICE;
SANTANA, 2009).

Hidroterapia
A hidroterapia é um dos recursos terapêuticos que pode ser aplicado à área da
neurologia. Em geral, a hidroterapia é inserida nos programas de assistência
ao paciente neurológico especialmente pelos benefícios fisiológicos a nível
do sistema musculoesquelético, como relaxamento, alívio de quadros álgicos,
normalização de tônus e melhora da amplitude de movimento. Isso porque as
propriedades físicas da água, aliadas à assistência do profissional fisioterapeuta,
favorecem a execução de programas de tratamento voltados a melhora das
condições físicas dos pacientes (ORSINI et al., 2010).
Além disso, a hidroterapia promove efeitos fisiológicos sistêmicos a nível
pulmonar, circulatório e renal, o que auxilia na reabilitação global do paciente
neurológico (MAQUINÉ, 2015). Para isso, o profissional de fisioterapia pode
utilizar técnicas de reabilitação específicas da hidroterapia e indicadas a
pacientes neurológicos, como as técnicas de Watsu, Bad Ragaz e Halliwick.

 Watsu: utiliza meios de flutuação associados à realização de alongamen-


tos e movimentos que auxiliam no relaxamento profundo promovido pela
água aquecida da piscina e pelos movimentos rítmicos. Pode ser utilizada
em sessões de atendimento de pacientes neurológicos especialmente
no início de uma sessão de tratamento por promover alongamento e
relaxamento (ORSINI et al., 2010).
 Bad Ragaz: permite redução do tônus muscular, relaxamento, aumento
da amplitude articular, incremento do fortalecimento muscular, além de
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treino da descarga de peso em membros inferiores e superiores, restau-


rando o padrão normal de movimentos, além de proporcionar melhoria
da resistência. Para isso, faz uso de padrões funcionais associados ao
uso de boias e flutuadores (ORSINI et al., 2010). O uso de movimentos
de padrões funcionais tornam a técnica semelhante a certos princípios
da facilitação neuromuscular proprioceptiva, amplamente utilizada na
reabilitação neurológica (MAQUINÉ, 2015).
 Halliwick: foi desenvolvido incialmente para auxiliar pessoas com pro-
blemas físicos a se tornarem mais independentes para nadar. Atualmente,
essa técnica vem sendo utilizada no tratamento de crianças e adultos
com patologias neurológicas, uma vez que enfatiza as habilidades dos
pacientes na água e não apenas as suas incapacidades (ORSINI et al.,
2010).

Cinesioterapia
A cinesioterapia é um recurso fisioterapêutico que, quando aplicado à área
da fisioterapia neurofuncional, atua na prevenção de deformidades e na re-
educação neuromotora do paciente. Por meio do uso de diversas técnicas, o
profissional objetiva com o uso da cinesioterapia o controle do tônus muscular,
o fortalecimento, a manutenção e a melhora da amplitude de movimento, além
de proporcionar estimulação sensorial e proprioceptiva pelo uso de posturas e
de exercícios funcionais. Vale ressaltar que a cinesioterapia pode ser aplicada
em praticamente todas as fases da reabilitação e pode ser utilizada de maneira
associada à mecanoterapia (ROSA; ROSA; CAMPOS, 2013).

Mecanoterapia
Trata-se da utilização de dispositivos mecânicos para promover efeitos fi-
siológicos no organismo, como reforço muscular, melhora da flexibilidade,
coordenação, etc. Polias, halteres, caneleiras, faixas elásticas, barras paralelas,
bicicleta, dentre outros recursos, são exemplos de dispositivos utilizados em
mecanoterapia (LIMA et al., 2006). O uso de recursos mecanoterapêuticos
na área de fisioterapia neurofuncional proporciona melhora significativa na
realização de atividades de vida diária, uma vez que auxilia o paciente na
retomada de atividades funcionais e na melhora da qualidade de vida (HEN-
RIQUES et al., 2015).
10 Introdução à fisioterapia neurofuncional

Terapia de contensão induzida


A terapia de contensão induzida (TCI) é uma das técnicas terapêuticas de
reabilitação que se pauta em uma abordagem comportamental, destinada
a pacientes com doenças neurológicas que resultem no uso assimétrico dos
membros, tanto para membros superiores quanto para membros inferiores.
Segundo Silva, Tamashiro e Assis (2010), a TCI é também chamada de
técnica de restrição e pode ser utilizada principalmente na reabilitação neuro-
funcional de membros paréticos de pacientes com sequelas motoras de lesões
encefálicas adquiridas por meio do treinamento intensivo e do uso de uma
restrição, que pode ser luva ou tipoia, no membro não afetado, mantendo essa
contensão por aproximadamente 90% do dia.
A terapia se baseia na superação da teoria do desuso, na qual os pacientes
voltam a usar o membro acometido (parético, por exemplo), nas atividades
do dia a dia após o uso forçado do membro não parético. O protocolo consiste
na contensão por duas semanas, geralmente, com uso da restrição por 6 horas
diárias associada à prática supervisionada e ao uso de outra restrição durante
90% do dia (SILVA; TAMASHIRO; ASSIS, 2010).
Quanto à aplicação prática, essa terapia vem se mostrando eficaz no tra-
tamento de disfunções decorrentes de acidente vascular encefálico, encefa-
lopatia crônica não progressiva, traumatismo crânio encefálico, dentre outras
disfunções. Como resultados, espera-se que o paciente passe a aumentar e
melhorar o uso do membro parético após o tratamento.

Bobath
O conceito Bobath é um recurso terapêutico muito utilizado na área da fisiote-
rapia neurofuncional. Chamado de tratamento neuroevolutivo Bobath, consiste
em um modelo terapêutico de prática clínica interdisciplinar que se pauta no
manuseio terapêutico individualizado do paciente, baseando-se na análise do
movimento de pacientes com alguma patologia neurológica (ABRAFIN, 2017).
Nesse método, o fisioterapeuta aplica uma abordagem que visa identifi-
car e priorizar integridades e deficiências importantes a partir do estudo do
desenvolvimento típico e atípico dos movimentos, priorizando, nesse caso, a
funcionalidade. O método faz uso de atividades de ativação sensório-motor,
treino de desempenho de tarefa e aquisição de novas competências, tornando
as atividades mais funcionais (ABRAFIN, 2017).
Além dos movimentos, o fisioterapeuta pode fazer uso de equipamentos
associados ao método, como bola suíça, rolo, andador e espelho, dependendo
Introdução à fisioterapia neurofuncional 11

da avaliação e das necessidades do paciente (LIMA; PELUSO; VIRGINIO,


2016). Durante a terapia, o paciente é submetido a manuseios específicos, de
modo que se mova mais ativamente e de maneira mais ideal dentro dos limites
impostos pela lesão neurológica, seja mediante a redução da espasticidade ou
por tornar os movimentos mais eficientes e funcionais (ABRAFIN, 2017).
Em relação à indicação, o conceito neuroevolutivo Bobath está indicado para
pacientes com lesões do sistema nervoso central, independentemente do grau
de gravidade apresentado.

Bandagens funcionais
Esta técnica consiste na aplicação de bandagens elásticas aplicadas aos tecidos
corporais mediante um apoio externo (SILVA; TONÚS, 2014). Surgiu como
uma alternativa às bandagens convencionais, pois as bandagens elásticas
apresentam melhor aderência à pele, elasticidade vertical e horizontal e maior
capacidade de facilitar a biomecânica corporal.
Consistem em faixas confeccionadas em acrílico hipoalergênico, sem
presença de substâncias químicas, e que aderem à pele por até cinco dias. São
elásticas e podem ser distendidas em até 140% de seu comprimento original. Em
relação ao mecanismo de ação, promovem uma tensão constante, permitindo
melhora da função de um segmento corporal sem causar limitação de mobi-
lidade. Em contato com a pele, a bandagem desencadeia estímulos sensoriais
e mecânicos por meio da estimulação dos mecanorreceptores existentes na
pele (SILVA; TONÚS, 2014).
Pode ser aplicada aos músculos, aos ligamentos, ao sistema linfático e,
ainda, pode ser aplicada de modo a promover efeitos corretivos de segmen-
tos corporais (SILVA; TONÚS, 2014). Quando inserida nos programas de
tratamento de pacientes com disfunções neurológicas, as bandagens elásticas
atuam na funcionalidade da musculatura comprometida, aumentam a circula-
ção sanguínea e linfática e melhoram a coordenação e o controle do sistema
sensório motor (CANESCHI et al., 2014).
Pode ser utilizada para auxiliar músculos enfraquecidos, oferecendo-lhes
maior estabilidade nos movimentos e melhor alinhamento biomecânico, permi-
tindo que as tarefas funcionais sejam mais bem executadas (LEÃO et al., 2017).
Na área neurofuncional, são também consideradas dispositivos que auxiliam
na correção de movimentos anormais, sendo utilizadas como posicionador
funcional. Por essa função, as bandagens elásticas são classificadas como
órteses temporárias, uma vez que melhoram a funcionalidade do membro
(SILVA; TÓNUS, 2014). A Figura 1, a seguir, mostra o emprego da bandagem
12 Introdução à fisioterapia neurofuncional

elástica no tratamento de paciente com hipotonia muscular decorrente da


síndrome de Down. Nesse caso, a bandagem funcional é aplicada de modo a
estimular o tônus muscular do paciente com síndrome de Down, que, nesse
caso, encontra-se reduzido.

Figura 1. Utilização de bandagem elástica no tratamento de paciente com síndrome de


Down.
Fonte: Movimento Down (2013, documento on-line).

Método Cuevas Medek


Chamada de terapia psicomotora Cuevas Medek Exercises (CME®), trata-se
de uma abordagem terapêutica a nível psicomotor destinada ao atendimento
de crianças com três meses de idade ou mais que apresentem desenvolvimento
motor atípico relacionado a alguma disfunção do sistema nervoso central,
podendo ser utilizada até o momento em que a criança consiga uma marcha
independente (ABRAFIN, 2015).
O método parte do pressuposto de que crianças com algum nível de com-
prometimento do desenvolvimento precisam reforçar o seu potencial de rege-
neração. O protocolo permite que o fisioterapeuta identifique imediatamente
e de maneira precoce qualquer sinal de atraso motor que aconteça entre 4 e
8 meses de idade. Após a avaliação, o método induz o aparecimento de fun-
ções motoras automáticas que se encontravam ausentes, expondo a criança à
influência da força da gravidade, com progressão gradual para o apoio distal
(ABRAFIN, 2015).
Introdução à fisioterapia neurofuncional 13

No método, são utilizados cerca de três mil exercícios que envolvem de-
safios biomecânicos especiais para crianças, exigindo uma resposta ativa. A
escolha dos exercícios está diretamente relacionada ao potencial de reação
da criança, sendo que o fisioterapeuta escolhe e aplica uma determinada
sequência de exercícios durante a sessão de terapia, a fim de provocar novas
reações posturais e funcionais espontâneas.
O tratamento tem início com um período de teste de oito semanas de
tratamento regular, com sessões diárias, que duram de 30 a 45 minutos. Caso
o paciente apresente melhora nesse período, o tratamento é continuado; do
contrário, deve ser substituído por outra modalidade terapêutica (ABRAFIN,
2015).

Facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP)


A FNP permite que os fisioterapeutas analisem e avaliem os movimentos
realizados pelo paciente enquanto, ao mesmo tempo, facilitem os movimentos
funcionais, tornando-os mais eficientes. Possui como princípios a estimulação
de proprioceptores por meio da realização de técnicas manuais de alongamento
e fortalecimento (ABRAFIN, 2017).
Na prática, esse método, quando utilizado na área da fisioterapia neuro-
funcional, têm por finalidade gerar um movimento funcional por meio de
facilitação, inibição, fortalecimento e de relaxamento de grupos musculares
a partir de diversas diagonais. Para isso, possui procedimentos básicos, como
resistência, irradiação e reforço, contato manual, contato verbal, visão, tração
e aproximação, estiramento, sincronização de movimentos e padrões (OLI-
VEIRA et al., 2018).
No geral, essas técnicas fazem uso de contrações musculares concêntricas,
excêntricas e estáticas, podendo, ou não, ser usadas com a aplicação de uma
resistência de forma gradual, com procedimentos que vão sendo ajustados
sempre aos limites e às necessidades do paciente (OLIVEIRA et al., 2018).
Além disso, a FNP também proporciona aprendizagem motora com repe-
tição de uma demanda específica e com o uso da progressão de desenvolvi-
mento do comportamento motor, que permite que os pacientes possam criar e
recriar estratégias de movimentos funcionais e eficientes, promovendo efeitos
terapêuticos importantes (ABRAFIN, 2020).
14 Introdução à fisioterapia neurofuncional

Terapia do espelho
Foi utilizada, inicialmente, para o tratamento de pacientes com dor fantasma;
atualmente, é utilizada para o tratamento da hemiparesias existentes em
quadros de disfunções neurológicas. Consiste em uma técnica que utiliza
um espelho, apoiado sagitalmente no meio de uma caixa retangular (ROSA;
ROSA; CAMPOS, 2013).
Em relação ao mecanismo de ação, sugere-se que a terapia do espelho seja
capaz de reeducar o cérebro, já que o indivíduo realiza uma série de movimentos
com o membro saudável no espelho — esse membro é visto ao espelho como
se fosse o afetado pela paresia. Dessa forma, a técnica visa “enganar¨ o cérebro
de certa forma, fazendo com que ele imite os movimentos do membro parético,
causando, nesse caso, um feedback visual em áreas corticais sensório-motoras
(ROSA; ROSA; CAMPOS, 2013).
Na prática, essa técnica é considerada um recurso terapêutico complementar
na área da neurologia, capaz de proporcionar efeitos adicionais ao treinamento
motor realizado nas sessões de tratamento. Apresenta uma importante vanta-
gem, que é o fato de ser aplicada com muita segurança, dispensar instalações
especiais e equipamentos, sendo considerada uma técnica simples e, princi-
palmente, de baixo custo.
Pela sua simplicidade, essa técnica pode ser realizada pelo paciente no
ambiente domiciliar, desde que corretamente instruído pelo fisioterapeuta.
Segundo Rosa, Rosa e Campos (2013), essa técnica pode ser indicada es-
pecialmente nos casos de pacientes pós-acidente vascular encefálico que
apresentem hemiparesia.

Equoterapia
Segundo a Associação Nacional de Equoterapia (2020), o método utiliza o
cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educa-
ção e equitação que busca, primordialmente, a melhora do desenvolvimento
biopsicossocial do paciente neurológico. Nesse método, emprega-se o cavalo
como agente promotor de ganhos tanto a nível físico quanto a nível psíquico,
contribuindo para a melhoria da força muscular, da conscientização, da co-
ordenação motora, do equilíbrio e, ainda, do relaxamento, da socialização,
da autoconfiança e da autoestima dos pacientes.
Em relação à sua indicação, a equoterapia vem sendo utilizada como recurso
terapêutico em uma série de disfunções neurológicas, incluindo: encefalopatia
crônica não progressiva, acidente vascular encefálico, traumatismo crânio
Introdução à fisioterapia neurofuncional 15

encefálico, síndrome de Down, distúrbio do espectro autismo, deficiências


mentais, dentre outras disfunções neurológicas (BEZZERA, 2011).
Uma das vantagens do uso da equoterapia na área da fisioterapia neu-
rofuncional está na importante interação entre o paciente e o cavalo, além
da possibilidade de retirar o paciente de espaços de clínicas e consultórios
comumente utilizados no tratamento, diversificando o atendimento.
Para que se tenha um resultado adequado com uso da equoterapia, é ne-
cessário que as atividades estejam adequadas às necessidades impostas pelas
disfunções apresentadas pelos pacientes; assim, como os demais recursos
terapêuticos, deve ser utilizado de maneira personalizada (ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DE EQUOTERAPIA, 2020).

PediaSuit
Baseia-se em uma terapia intensiva com o uso de vestes especiais, cordas
elásticas e unidades de terapia universal, de modo a criar unidades de suporte
para alinhar o corpo do paciente o mais próximo do fisiológico, restabelecendo
o alinhamento postural, corrigindo a descarga de peso, adequando o tônus
muscular e melhorando as funções sensorial, proprioceptiva e vestibular.
O mecanismo de ação desse recurso terapêutico se pauta nos efeitos promo-
vidos pela veste, que atua contra cargas de resistência, aumenta a propriocepção
e promove o alinhamento corporal, que são aliados à realização de sessões
de fisioterapia intensiva, diariamente, durante um mês.
Esse mecanismo de ação promove uma correção proprioceptiva dinâmica,
amenizando quadros de sinergias patológicas existentes. Por conta disso, essa
terapia está indicada para o tratamento de pacientes com distúrbios neurológi-
cos, como encefalopatia crônica não progressiva, atrasos de desenvolvimento,
lesões cerebrais traumáticas, distúrbio do espectro autista, dentre outras
disfunções que possam afetar as funções motoras e/ou cognitivas de uma
criança, podendo ser utilizada desde os dois anos de idade até a fase adulta
(ABRAFIM, 2020). A Figura 2, a seguir, mostra esse exemplo de modalidade
terapêutica.
16 Introdução à fisioterapia neurofuncional

Figura 2. Utilização do método PediaSuit na reabilitação de pacientes com disfunções


neurológicas.
Fonte: Abrapppe (2014, documento on-line).

Suspensão parcial de peso


O sistema de suspensão parcial de peso é um recurso que têm sido cada vez
mais utilizado na área neurofuncional especialmente para pacientes que ne-
cessitem de um processo de reeducação da marcha. Esse sistema consiste em
equipamentos que reduzem o peso descarregado sobre as estruturas corporais
mediante o uso de coletes, elementos de suspensão, esteira, dentre outros
instrumentos (PATIÑO et al., 2007).
Em relação ao mecanismo de ação, a suspensão de peso reduz as restrições
biomecânicas existentes nos quadros de disfunções neurológicas, facilitando o
suporte progressivo de peso e melhorando as respostas dinâmicas do paciente,
permitindo que realize movimentos ativos com qualidade, uma vez que não
necessitam de tanta energia para suportar o peso contra a gravidade (PATIÑO
et al., 2007).
É indicado para situações nas quais o paciente necessite ficar na posição
ortostática precocemente, proporcionando melhora do equilíbrio, da proprio-
cepção, da força, da amplitude dos movimentos e, ainda, do controle motor.
Além desses recursos, outros podem ser inseridos na assistência aos pacientes
neurológicos mediante terapias complementares, como massagens terapêuticas,
Introdução à fisioterapia neurofuncional 17

terapia craniosacral, liberações miofasciais, integração sensorial, ioga, pilates,


acupuntura, dentre outras modalidades (UMPHRED; CARLSON, 2007).

3 Fisioterapia neurofuncional na abordagem de


diferentes faixas etárias
Na prática de fisioterapia, o profissional pode atuar em diferentes grupos etários,
incluindo crianças, adolescentes, adultos e idosos. Segundo a resolução nº.
396/2011, de 18 de agosto de 2011, o profissional de fisioterapia neurofuncional
pode atuar na atenção/assistência fisioterapêutica neurofuncional voltada à
criança e ao adolescente, ao adulto e ao idoso (COFFITO, 2011).
Na área de atuação de assistência a criança e ao adolescente, o fisioterapeuta
atua em disfunções neurológicas apresentadas por pacientes na faixa etária de 0
a 12 anos (MELATTI, 2014). Essas disfunções podem ser de origem congênita,
quando apresentadas e diagnosticadas desde a fase intrauterina ou após o nas-
cimento. As disfunções neurológicas que acometem essa faixa etária também
podem ser de origem traumática e adquiridas ao longo do desenvolvimento.
Dentre as disfunções neurológicas congênitas mais prevalentes, cita-se
hidrocefalia, microcefalia, mielomeningocele, distrofia muscular de Duchenne,
miopatias congênitas, síndrome de Guillain-Barré, disfunções neurodegene-
rativas, acidentes vasculares encefálicos infantis, encefalopatia crônica não
progressiva, encefalopatia hipóxico-isquêmica, dentre outras. Disfunções
como o traumatismo cranioencefálico ou o trauma raquimedular são patolo-
gias neurológicas de origem traumática. Além dessas duas áreas de atuação,
o fisioterapeuta neurofuncional pode atuar no atendimento de crianças que
necessitem de estimulação precoce pela presença de atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor (MELATTI, 2014).
Na fisioterapia neurofuncional voltada ao atendimento de adultos e idosos,
o profissional de fisioterapia atua no tratamento de pacientes acometidos por
disfunções que surgiram a partir da adolescência até a fase adulta. Nesse
campo, disfunções relacionadas a traumas, como em traumatismo cranioen-
cefálico, trauma raquimedular, condições de paraplegia, tetraplegia, síndrome
de Guillain-Barré, esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, acidente
vasculares encefálico, tumores, demências, miopatias, são exemplos de dis-
funções prevalentes nesta faixa etária (MELATTI, 2014).
Vale ressaltar que a abordagem terapêutica na fisioterapia neurofuncional
é individualizada e deve ser direcionada à aprendizagem motora por meio de
abordagens que desafiem o paciente para a prática das atividades, tornando
18 Introdução à fisioterapia neurofuncional

o tratamento atrativo. Contudo, além de incluir atividades voltadas para a


funcionalidade, a abordagem deve ser apropriada para a idade do paciente
(UMPHRED; CARLSON, 2007). Antes de dar início ao tratamento dos pacien-
tes acometidos por disfunções neurológicas, é necessário que o fisioterapeuta
neurofuncional compreenda as particularidades das diferentes idades, desde
a infância até a idade adulta.
O objetivo primordial é proporcionar funcionalidade ao paciente, mas
algumas particularidades em relação ao tratamento fisioterapêutico neurofun-
cional nas diferentes faixas etárias devem ser respeitadas, considerando que
as necessidades de assistência terapêutica são diferentes e que as modalidades
de tratamento escolhidas devem estar de acordo com a idade do paciente.
Inicialmente, antes de realizar o atendimento de pacientes neurológicos,
é necessário que o profissional fisioterapeuta realize a avaliação neurofun-
cional, que implica na coleta e na observação de paciente de modo a fornecer
dados objetivos (STOKES, 2000). Essas informações nortearão, em seguida,
o plano de tratamento, o acompanhamento e a evolução do paciente diante
do tratamento realizado.
Esses dados são coletados pelo profissional de fisioterapia antes da inter-
venção e são necessários, também, para determinar um diagnostico cinético-
-funcional do paciente e seu prognóstico funcional. Resumidamente, segundo
Stokes (2000), a avaliação neurofuncional dos pacientes tem por objetivos:

 identificar o problema;
 descrever o problema;
 desenvolver o plano de tratamento diante da necessidade do paciente;
 monitorar o progresso;
 acompanhar e avaliar os resultados obtidos.

Na avaliação, muitas informações são coletadas a partir de entrevista


com o paciente ou o familiar, outras mediante encaminhamentos de outros
profissionais, associadas à avaliação cinética-funcional do paciente, que inclui
a inspeção e o exame físico por meio da utilização de ferramentas avaliativas
quantitativas e qualitativas.
Algumas informações são importantes que o fisioterapeuta neurofuncional
conheça no momento da avaliação, como, por exemplo, o diagnóstico clínico.
Contudo, vale ressaltar que o diagnóstico clínico do paciente por si só não é
capaz de explicar as limitações funcionais apresentadas pelo paciente, apenas
pode fornecer alguns indícios do que poderia estar comprometendo a funcio-
nalidade desse paciente (LANZA; GAZZOTI; PALAZZIN, 2019).
Introdução à fisioterapia neurofuncional 19

Um exemplo disso seria um paciente de três anos de idade encaminhado para


tratamento fisioterapêutico com diagnóstico clínico de encefalopatia crônica
não progressiva. Nesse caso, o diagnóstico clínico apresentado pelo paciente
não é capaz de estabelecer o nível de comprometimento motor e funcional
da criança; apenas a avaliação neurofuncional realizada pelo fisioterapeuta
poderá trazer informações sobre as queixas do paciente/familiar, as limitações
motoras, funcionais, as capacidades e incapacidades do paciente, dentre outras.
Para realizar a avaliação neurofuncional do paciente, são utilizadas ferra-
mentas de observação, análise e interpretação, que possibilitam a construção de
um raciocínio clínico em neurologia, permitindo um direcionamento adequado
do tratamento com base na avaliação detalhada do paciente.
Em relação às avaliações neurofuncionais, vale ressaltar que elas apresentam
particularidades em virtude da faixa etária do paciente. Além disso, não existe
uma avaliação neurofuncional única, que deve ser elaborada com base na faixa
etária, na disfunção apresentada e no paciente — alguns tópicos devem ser
mais aprofundados em alguns casos em comparação a outros. A seguir, são
descritas algumas informações referentes a particularidades nas avaliações
e nas intervenções terapêuticas neurofuncionais de crianças, adolescentes,
adultos e idosos.

Particularidades na abordagem neurofuncional voltada


ao atendimento de crianças e adolescentes
Sabe-se que crianças com disfunções neurológicas apresentam melhores re-
sultados terapêuticos quanto mais cedo for dado início ao tratamento. Por isso,
o diagnóstico cinético-funcional deve ser realizado precocemente, de modo
a identificar as necessidades e planejar um tratamento efetivo que estimule o
desenvolvimento adequado da criança.
Considerando isso, Lanza, Gazzotti e Palazzin (2019) citam algumas com-
petências essenciais a serem realizadas e alguns dados a serem coletados pelo
fisioterapeuta neurofuncional no atendimento de crianças com disfunções
neurológicas. Inicialmente, cabe ao fisioterapeuta auxiliar no diagnóstico pre-
coce do paciente neurológico, especialmente em casos de crianças prematuras,
baseando-se na identificação de sinais sugestivos de possível lesão neurológica.
É necessário identificar na avaliação as habilidades e aquisições da criança,
assim como os possíveis distúrbios cinético-funcionais existentes, o potencial
na execução de atividades funcionais e as dificuldades apresentadas para
realizar atividades funcionais.
20 Introdução à fisioterapia neurofuncional

O fisioterapeuta neurofuncional deve compreender na avaliação as expec-


tativas dos pais ou responsáveis pela criança em relação ao tratamento, uma
vez que eles são parte importante do processo de assistência. Baseando-se na
avaliação, considerando o desenvolvimento motor, são definidas as priorida-
des de tratamento para cada fase do desenvolvimento (LANZA; GAZZOTI;
PALAZZIN, 2019).
O profissional deve analisar e acompanhar as intervenções terapêuticas
escolhidas e utilizadas, verificando se elas estão garantindo que os objetivos
sejam alcançados, identificando situações que possam necessitar de enca-
minhamentos para demais profissionais da equipe multidisciplinar, além de
planejar o processo de alta do paciente.
Outras considerações em relação à avaliação e ao atendimento da criança
com disfunção neurológica também são necessárias. Para a avaliação, o fi-
sioterapeuta deve estar atento ao comportamento da criança ainda na sala de
espera, observando itens da avaliação física desse paciente e, ainda, a sua
interação com o ambiente e a sua funcionalidade. Em seguida, vale ressaltar
que a avalição neurofuncional de crianças deve ser realizada em um espaço
físico que permita a livre movimentação da criança. Nesse sentido, também
podem ser utilizados brinquedos destinados especificamente a cada fase de
desenvolvimento da criança — a partir disso, a análise das respostas visuais,
motoras, auditivas e sensoriais da criança fica mais fácil.
Na anamnese, o fisioterapeuta deve conhecer os dados de identificação da
criança e também do cuidador. O conhecimento acerca do cuidador permite
estabelecer uma relação mais próxima entre o fisioterapeuta e a família, uma
vez que o cuidador faz parte do processo de assistência a criança com disfun-
ção neurológica. Por isso, várias informações, como a queixa principal, por
exemplo, podem ser descritas pelo cuidador da criança (pais ou responsáveis).

Na anamnese, as condições sociais, econômicas e culturais nas quais a criança está


inserida devem ser conhecidas pelo fisioterapeuta, considerando que essas condições
sugerem, por exemplo, o tipo e a intensidade dos estímulos dados a essa criança e
que têm impacto significativo na aquisição e na consolidação de circuitos neurais nos
primeiros anos de vida (LANZA; GAZZOTI; PALAZZIN, 2019).
Introdução à fisioterapia neurofuncional 21

Em seguida, o profissional deve conhecer a história atual e pregressa do


paciente, obtendo, por exemplo, informações como histórico de saúde da
criança, de cirurgias, internações, tratamentos, presença de doenças associa-
das, uso de medicações, uso de órteses, dentre outras. Vale ressaltar que essas
informações devem ser questionadas sobre, por exemplo, a fase intrauterina,
considerando o estado de saúde da mãe como parte da avaliação, uma vez que
muitas disfunções neurológicas podem ser diagnosticadas ou podem ter seu
surgimento ainda na fase gestacional. Deve-se questionar, ainda, a execução
das AVDs no ambiente domiciliar, o comportamento e a inserção social e
escolar (LANZA; GAZZOTI; PALAZZIN, 2019).
O próximo passo é realizar o exame físico da criança, que consiste na
observação sistemática da criança e na realização de testes e exames espe-
cíficos. Nessa etapa, é primordial que o fisioterapeuta conheça as etapas de
desenvolvimento normal da criança, de modo a identificar comportamentos
motores que possam não condizer com a idade.
No exame físico, deve-se estar atento às condições posturais, da pele,
respiratórias, à avaliação de motricidade (amplitude de movimento, trofismo,
tônus muscular, motricidade voluntária e involuntária), sensibilidade, reflexos
(primários, de retificação e reflexos posturais), comportamento (comunicação,
interação com ambiente, interação com pessoas), postura (análise de dissocia-
ção, bases de apoio, posturas assumidas, ajustes posturais) e funcionalidade.
Para a realização do exame físico, são indicados o uso de ferramentas de
avaliação, quantitativas e qualitativas, com características de acordo com a
possível disfunção apresentada pelo paciente (LANZA; GAZZOTI; PALA-
ZZIN, 2019).
Nesse sentido, a avaliação neurofuncional pediátrica envolve um processo
minucioso de coleta de informações por meio da anamnese direcionada ao
cuidador e ao paciente, da observação do paciente e da realização de testes
específicos. Para isso, é necessário que o fisioterapeuta esteja atento às fa-
ses de desenvolvimento da criança, etapa diferente, exemplo, da abordagem
avaliativa do adulto.
A partir da avaliação detalhada e respeitando as particularidades das
crianças, o profissional pode estabelecer o plano de tratamento, definindo quais
são os melhores recursos/técnicas indicados para a criança, a intensidade e a
frequência das sessões, respeitando a necessidade de atuação multiprofissional
na maioria dos casos.
Em relação à escolha dos métodos, técnicas e recursos terapêuticos vol-
tados ao atendimento de crianças, é importante destacar que a sua escolha
deve partir do princípio de que as crianças apresentam um sistema nervoso
22 Introdução à fisioterapia neurofuncional

imaturo e, por isso, fica evidente que a assistência neurofuncional deve se


pautar no estímulo a um desenvolvimento físico acelerado, dando suporte
para o surgimento de novas habilidades.
Segundo Sena, Triaca e Kempinski (2007), o objetivo da fisioterapia voltada
ao atendimento de crianças com disfunções neurológicas consiste em levá-la a
assumir o controle dos movimentos, modificando, corrigindo e adaptando-os,
de modo a estimular o desenvolvimento motor, organizando o sistema a partir
da capacidade que a criança possui de plasticidade cerebral e favorecendo,
assim, a reorganização cerebral.
Em pacientes com atraso de desenvolvimento motor, a estimulação precoce
realizada na fisioterapia neurofuncional promove um processo de reorgani-
zação neural progressivo, o que facilita o desenvolvimento da funcionalidade
neuromotora, sendo essencial para a prevenção de agravos (SENA; TRIACA;
KEMPINSKI, 2007).
A brincadeira como terapia é uma das principais particularidades da
fisioterapia neurofuncional voltada ao atendimento de crianças. Segundo
Umphred e Carlson (2007), a criança entende o momento de brincar como
uma oportunidade de se engajar em uma atividade sem objetivos específicos,
enquanto, para o fisioterapeuta, a escolha da brincadeira permite que sejam
trabalhadas as habilidades motoras de maneira lúdica, sem que a criança
entenda a ação como um tratamento. Vale ressaltar que é necessário que as
brincadeiras sejam direcionadas para a faixa etária especifica da criança,
respeitando a sua capacidade cognitiva, motora e social.
Em relação aos adolescentes, a principal característica dessa fase da vida é
a alta capacidade na execução de habilidades motoras, que se desenvolvem na
infância, mas que são melhoradas na adolescência pelo aumento da força, da
resistência, do equilíbrio e da coordenação (UMPHRED; CARLSON, 2007).
Por isso, pacientes adolescentes devem receber uma abordagem com atividades
mais sofisticadas, considerando a capacidade de precisão e eficiência nessa
fase. Incentivar práticas esportivas de preferência do paciente é um exemplo
de alternativa terapêutica complementar nessa fase.
Atualmente, os recursos mais utilizados na fisioterapia neurofuncional
voltada a crianças e adolescentes são: método PediaSuit, conceito neuroe-
volutivo Bobath, método Cuevas Medek, equoterapia, hidroterapia, dentre
outras modalidades.
Introdução à fisioterapia neurofuncional 23

Particularidades na abordagem neurofuncional voltada


ao atendimento de adultos e idosos
Enquanto a abordagem neurofuncional do tratamento de crianças deve ser
voltada para a fase de desenvolvimento motor e para atividades lúdicas, que
proporcionam o aprendizado motor e a estimulação precoce, a abordagem do
paciente adulto ou idoso tem outras particularidades. Essa avaliação pode ser
estruturada em alguns itens essenciais, como os que você confere a seguir.

 Dados pessoais (nome, idade, endereço, etc.).


 Anamnese (queixa principal, história da doença atual e pregressa,
exames, tratamentos já realizados, hábitos de vida, uso de medicações,
doenças associadas, etc.).
 Exame físico (inspeção, exames de rotina, como pressão arterial, esta-
tura, peso, análise de marcha, análise de atividades funcionais, equilíbrio
estático e dinâmico, coordenação, reflexos, força muscular, sensibili-
dade, postura, espasticidade, motricidade, capacidade funcional, etc.).
 Elaboração do diagnóstico cinético-funcional.
 Elaboração do plano de tratamento, com a descrição dos objetivos e
condutas a serem tomadas e encaminhamentos realizados.
 Descrição da evolução do tratamento.

Em relação à abordagem do adulto jovem, essa fase está diretamente re-


lacionada com a capacidade esportiva e prática de lazer, que é modificada
frente ao surgimento de uma disfunção neurológica. A redução das atividades
decorrentes de problemas neurológicos leva esses pacientes a sofrerem facil-
mente de obesidade, por exemplo (UMPHRED; CARLSON, 2007). Por isso, a
abordagem terapêutica nessa fase da vida deve contemplar tanto medidas para
prevenir quadros de obesidade quanto para reinserir o paciente no ambiente
social, esportivo e de lazer.
Em relação ao idoso acometido por uma disfunção neurológica, no processo
de reabilitação, o profissional deve estar atento a algumas características
relacionadas à condição física próprias da idade. Dentre as alterações que
surgem com o processo de envelhecimento, as modificações nos sistemas
musculoesquelético, cardiovascular, pulmonar e neuromuscular merecem des-
taques, uma vez que essas modificações afetam negativamente o desempenho
motor, principalmente em relação à redução de massa muscular e à capacidade
cardiorrespiratória (UMPHRED; CARLSON, 2007).
24 Introdução à fisioterapia neurofuncional

Desse modo, a abordagem terapêutica deve estar voltada a minimizar as


perdas decorrentes do envelhecimento, impedindo a hipotrofia muscular e a
redução da capacidade cardiorrespiratória, incluindo programas de exercícios
direcionados ao condicionamento aeróbico e ao fortalecimento muscular.
Outra particularidade da reabilitação do paciente idoso se refere à menor
capacidade de controle de eventos musculares; o resultado é que as habilidades
motoras serão executadas de maneira mais lenta e com menor coordenação
— essas alterações podem ser minimizadas com um programa de exercícios
regulares (UMPHRED; CARLSON, 2007).
Além disso, vale lembrar que pacientes idosos têm maiores chances de
doenças crônicas associadas, como diabetes, hipertensão arterial sistêmica,
dentre outras afecções que devem ser consideradas no momento da abordagem
terapêutica. Considerando essas particularidades, eletroterapia, mecanoterapia,
hidroterapia, equoterapia são exemplos de recursos que podem ser utilizados
nessas faixas etárias.

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