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BARBIE

BARBIER,R, Renée.
Renée. A pesquisa-ação. Tradução
Tradução de
de Lucie
Lucie Didio.
Didio. Brasília:
Brasília: Liber 
Livro Editora, 2!. ". # $ #%. I&B': ()$*((+#$$% -&érie es/uisa, v.#0.

1ina #

René Barbier 

  E&34I&A$A567

&érie es/uisa v. #

  Tradução
Lucie Didio

1ina !

&er do "ulo. 'ão ser do 8esti9, seu e"íloo.


René ;ar 

7 /ue 8oi co9"reendido não e<iste 9ais,


7 "1ssaro con8undiu$se co9 o vento=
vento=
7 céu, co9 sua verdade=
7 ;o9e9, co9 sua realidade.
aul Eluard

1ina (

Ae
"or/ue tu sabes
A vida não te9 8ronteiras
Busca "or/ue tutu tra>es
7 sí9bolo no
no /ual 8ervil;a o sentido.

1ina *

  &4?@RI7

ARE&E'TA567 $ "1ina2
"1ina 2
RE@I7  EDI567 BRA&ILEIRA $ "1ina #

I'TR7D4567 $ "1ina !

ACT4L7  $ I&TRI7 DA Es34I&A$Aç6o $ "1ina 2)


. 7 "eríodo de e9erFncia e de consolidação $ "1ina 2)
2. 7 "eríodo de radicali>ação "olítica e e<istencial $ "1ina #

ACT4L7 2 $ A '7GA Es34I&A$A567 E &E4 34E&TI7'A?E'T7


EI&TE?7LHI7 $ "1ina #!

. A antia "es/uisa$ação: u9a 9etodoloia e<"eri9ental "ara a ação $ "1ina


#(

2. A diversidade dos ti"os de "es/uisa$ação  "1ina +


2. As "es/uisas$açJes de ins"iração leKiniana ou neoleKiniana$ "1ina +
2.2 A consulta$"es/uisa de ins"iração analítica ou socioanalítica $ "1ina +2
2.# A ação$"es/uisa $ "1ina +2
2.+ A e<"eri9entação social $ "1ina +#

#. sicoloia e<"eri9ental e 9udança social $ "1ina +)

+. rítica da socioloia "ositivista "ela nova "es/uisa$ação $ "1ina +*


+. As ;i"teses relativas M ciFncia, ao con;eci9ento e M 9udança $ "1ina )#
+.2 7 "rocesso de "es/uisa $ "1ina )+

1ina 

+.# A 9etodoloia e os instru9entos de "es/uisa $ "1ina )%


+.+ 7 novo "a"el do sociloo $ "1ina )%

). A nova "es/uisa$ação $ "1ina )!

ACT4L7 # $ A Es34I&A$Aç6o ENI&TE'IAL, I'TEHRAL, Es&7AL


E 7?4'IT@RIA $ "1ina %#

. A "es/uisa$ação e<istencial $ "1ina %%


49a arte $ "1ina %!
De rior clínico $ "1ina %*
Desenvolvida coletiva9ente $ "1ina !
o9 o obOetivo da ada"tação relativa de si ao 9undo $ "1ina !

2. es/uisa$ação e<istencial e "es/uisa$ação interal $ "1ina !#


2. 49 9odelo aberto da "es/uisa$ação $ "1ina !+
2.2 A "es/uisa$ação interal de André ?orin -**20 $ "1ina !!

ACT4L7 + $ As '75PE&$E'TRER4QADA& E? E&34I&A$Aç6o $


"1ina ()

. A co9"le<idade $ "1ina (!

2. A escuta sensível $ "1ina *#


2. A escuta sensível e 9ultirre8erencial não é u9 rtulo social $ "1ina *)
2.2 A escuta sensível e 9ultirre8erencial não é a "roOeção de nossas anstias ou
de nossos deseOos $ "1ina *%
2.# A escuta sensível e 9ultirre8erencial não est1 assentada sobre a
inter"retação dos 8atos $ "1ina *%
2.+ A escuta sensível se a"ia sobre a totalidade co9"le<a da "essoa: os cinco
sentidos $ "1ina *(

1ina 

2.) A escuta sensível e 9ultirre8erencial é, "ri9eira9ente, u9a "resença


9editativa $ "1ina **

#. 7 "es/uisador coletivo e sua escrita $ "1ina #


#. 7 "es/uisador coletivo $ "1ina #
#.2 A escrita coletiva $ "1ina )

+. A 9udança $ "1ina %

). 'eociação e avaliação $ "1ina 

%. Do "rocesso $ "1ina 


%. 7s "rocessos e suas licas $ "1ina #

!. Da autori>ação $ "1ina +

ACT4L7 ) $ 7 ?ST7D7 E? E&34I&A$Aç6o $ "1ina !

. A identi8icação do "roble9a e a contratuali>ação $ "1ina *

2. 7 "laneOa9ento e a reali>ação e9 es"iral $ "1ina 2

#. As técnicas da "es/uisa$ação $ "1ina 2)


#. A observação "artici"ante "redo9inante9ente e<istencial -7E0 $ "1ina 2%
#.2 A técnica do di1rio de itinerncia $ "1ina #2

+. A teori>ação, a avaliação e a "ublicação dos resultados $ "1ina +#


REERU'IA& B9LI7HR@IcA& $ "1ina +!

&7BRE 7 A4T7RV&7BRE A TRAD4T7RA $ "1ina )*

1ina 2

  ARE&E'TA567

A &érie es/uisa te9 co9o seu terceiro volu9e u9 rico te<to de René Barbier 
sobre a "es/uisa$ação, tra>endo u9a visão /ue avança e9 relação Ms "re9issas
dessa 9odalidade investiativa da realidade social tal co9o se a"resentou na
"ri9eira 9etade do século "assado. 78erece u9 bo9 ;istrico sobre a "es/uisa$
ação, tra>endo /uestiona9entos e"iste9olicos i9"ortantes, "ro"ondo u9a
nova "ers"ectiva /ue o autor c;a9a de "es/uisa$ação e<istencialVinteral,
8a>endo uso da escuta sensível, da idéia de "es/uisador coletivo, da
co9"le<idade. ontribui co9 a elucidação do 9étodo e9 "es/uisa$ação, dentro
da "ers"ectiva e9 /ue se "osiciona.
7 te<to coloca$se no esco"o desta série, no sentido de contribuir "ara o
desenvolvi9ento de atitudes e 8or9as de ação investiativas na 1rea educacional,
/ue traa9 "ara essa 1rea contribuiçJes consistentes. 'esse sentido, 9uitas
"ers"ectivas no trato da "es/uisa ainda serão desenvolvidas nos "r<i9os te<tos,
o8erecendo u9 le/ue de "ossibilidades 8or9ativas aos /ue deseOare9 conviver 
co9 a "es/uisa educacional, /uer co9o autor$"rodutor, /uer co9o autor$
consu9idor.

Bernardete Anelina Hatti


oordenadora da &érie es/uisa

1ina #

RE@I7  EDI567 BRA&ILEIRA

7 século 2 assistiu M institucionali>ação de8initiva da socioloia no 9undo e nas


suas 9lti"las tendFncias tericas e 9etodolicas. A "es/uisa$ação se inscreve
neste desdobra9ento ;istrico da socioloia tendo, "or u9 lado, co9o
"reocu"ação, a revolução e"iste9olica e "or outro a e8ic1cia "olítica e social.
A di9ensão do transtorno e"iste9olico não 8oi de i9ediato "ercebida "elos
sociloos. Eles avaliara9, durante u9 lono te9"o, a "es/uisa$ação co9o u9a
corrente secund1ria dentro da sua 1rea disci"linar. A "es/uisa$ação "arecia 9uito
"r<i9a da "sicossocioloia, distanciando$se assi9 da su"osta W"ure>aW das
obras dos randes 8undadores co9o DurX;ei9, ?ar< ou ?a< Yeber. 7s
8ranceses, "articular9ente, "ossue9 o osto "ela re8le<ão terica e de"recia9 o
9erul;o na "es/uisa de ca9"o. 'u9erosas obras de a"resentação da
socioloia, ainda ;oOe, não 9enciona9 a "es/uisa$ação. &e o ?anuel des
sciences sociales de ?adeleine HraKit> -Dunod0 o8erece$l;e u9 luar "rivileiado,
outros co9o ?ét;odes en &ocioloie -40 de RaZ9ond Boudon inora9$na
total9ente. Intil, ainda ;oOe, "rocurar esta orientação terica nos cursos atuais
-220 de socioloia da educação -nas licenciaturas e9 ciFncias da educação0
nas universidades 8rancesas. 7ra, sabe$se /ue e<iste9 in9eras e<"eriFncias de
inovação "edaica nas escolas, nos coléios e nas universidades /ue se
"resta9 M abordae9 da "es/uisa$ação, se9 contar "roOetos reali>ados

1ina +

no ca9"o do trabal;o social. Rera eral, so9ente entre os "sicossociloos


encontra9os u9a 9aior di8usão desta 9etodoloia, o /ue vie9os a con8ir9ar 
recente9ente na "ublicação da Revue lnternationale de sZc;osocioloie /ue
consarou u9a edição M "es/uisa$ação.
Eu co9ecei a desenvolver a "es/uisa$ação "edaica no início dos anos !.
'a é"oca, 9eu diretor de tese [eanlaude asseron, não tendo rande inclinação
"ara trabal;ar seuindo a 9etodoloia da "es/uisa$ação, teve a inteliFncia de
9e con8iar u9 contrato de "es/uisa /ue o 78ício rancoAle9ão da [uventude
;avia neociado co9 ele. Dentro dos /uadros da/uela rande orani>ação
binacional, eu reali>ei 9eus "rinci"ais trabal;os de "es/uisa$ação durante 2
anos. oi 9ediante a ação 9es9o /ue eu descobri, "ouco a "ouco, a /ue "onto a
"es/uisa$ação i9"un;a u9a outra visão das ciFncias ;u9anas e da sociedade.
A "es/uisa$ação obria o "es/uisador de i9"licar$se. Ele "ercebe co9o est1
i9"licado "ela estrutura social na /ual ele est1 inserido e "elo Ooo de deseOos e
de interesses de outros. Ele ta9bé9 i9"lica os outros "or 9eio do seu ol;ar e de
sua ação sinular no 9undo. Ele co9"reende, então, /ue as ciFncias ;u9anas
são, essencial9ente, ciFncias de interaçJes entre suOeito e obOeto de "es/uisa. 7
"es/uisador reali>a /ue sua "r"ria vida social e a8etiva est1 "resente na sua
"es/uisa sociolica e /ue o i9"revisto est1 no coração da sua "r1tica. ?ais e
9ais ele "ercebe /ue as 9etodoloias tradicionais e9 ciFncias sociais deve9 ser 
reto9adas, desenvolvidas e reinventadas se9 cessar no 9bito da "es/uisa$
ação. Esta não e<clui os suOeitos$atores da "es/uisa. 7 "es/uisador descobre /ue
na "es/uisa$ação, /ue eu deno9ino "es/uisa$ação e<istencial, não se trabal;a
sobre os outros, 9as e se9"re co9 os outros. Ele não a"resenta so>in;o seu
relatrio de "es/uisa ao solicitante da "es/uisa

1ina )

-laboratrio de "es/uisa, rão "blico etc0, se9 antes o ter a"resentado ao seu
ru"o de "es/uisa de ca9"o, "rinci"al interessado. 3uando "ossível, ele o redie
coletiva9ente.
7 trabal;o de i9"licação do "es/uisador e9 ação o condu>, inelutavel9ente, a
recon;ecer sua "arte 8unda9ental na vida a8etiva e i9ain1ria de cada u9 na
sociedade. Ele descobre todos os re8le<os 9íticos e "oéticos, assi9 co9o o
sentido do sarado 8re/\ente9ente dissi9ulado nas atividades 9ais banais e
cotidianas. ara e9"restar sentido Ms 8or9as de socialidade encontradas e "ara
"artil;1$las e discuti$Ias, ele "recisa reinventar u9a outra socioloia da ação /ue
não e<clui o /ue ?ic;el ?a88esoli deno9ina a ra>ão sensível. Este é o 9otivo "elo
/ual eu acredito /ue a "es/uisa$ação é a 9etodoloia es"ecí8ica de u9a teoria
9ais abranente /ue eu no9eio co9o Abordae9 transversal, a escuta sensível
e9 ciFncias ;u9anas -"aris: Ant;ro"os, **!0.
A abordae9 transversal recon;ece a i9"ortncia "ri9ordial do i9ain1rio
tridi9ensional -"ulsional, social e sacra]0 /ue ultra"assa as cateorias
classi8icatrias ;abituais e9 ciFncias ;u9anas. Dentro da "ers"ectiva da
co9"le<idade, tão cara a Edar ?orin, ela desenvolve u9a teoria da escuta$ação
deste i9ain1rio nos "lanos cientí8ico, 8ilos8ico e "oético. A abordae9
transversal inventa instru9entos concretos de "es/uisa co9o a observação
"artici"ante e<istencial e o Oornal de itinerncia. Ela re/uer do "es/uisador ser 
9ais /ue u9 es"ecialista: "or 9eio da abertura concreta sobre a vida social,
"olítica, a8etiva, i9ain1ria e es"iritual, ela 8a> u9 convite "ara /ue ele seOa
verdadeira9ente, e talve>, tão si9"les9ente, u9 ser ;u9ano -^ris;na9urti, Le
courrier du livre, 20.

  René Barbier
aris, 9aio de 22.

1ina !

  I'TR7D4567

1 9ais de cin/\enta anos, suriu u9a abordae9 es"ecí8ica e9 iFncias


&ociais, deno9inada "es/uisaação, e 8oi desenvolvida no 9undo, notada9ente a
"artir dos Estados 4nidos. E9 *(%, "or ocasião de u9 col/uio no Institut
'ational de Rec;erc;e édaoi/ue -I'R0, os "esev.Iisadores "artira9 da
seuinte de8inição: WTrata$se de "es/uisas nas /uais ;1 u9a ação deliberada de
trans8or9ação da realidade= "es/uisas /ue "ossue9 u9 du"lo obOetivo:
trans8or9ar a realidade e "rodu>ir con;eci9entos relativos a essas
trans8or9açJesW -uon, &eibel, *((, ". #0. 49a conce"ção cl1ssica da
"es/uisaação consiste e9 "ensar /ue essa nova 9etodoloia so9ente é u9
"rolona9ento da "es/uisa tradicional e9 iFncias &ociais.
49a outra conce"ção, 9ais radical, d1 luar a u9a revolução e"iste9olica
ainda a ser a9"la9ente e<"lorada.
7 obOetivo desta obra visa 9ostrar a "ertinFncia dessa seunda "ers"ectiva. A
"es/uisa$ação não é u9a si9"les trans8iuração 9etodolica da socioloia
cl1ssica. Ao contr1rio, ela e<"ressa u9a verdadeira trans8or9ação da 9aneira de
conceber e de 8a>er "es/uisa e9 iFncias u9anas.
Gere9os /ue, ao enveredar "or esse ca9in;o, a "es/uisa$ação condu> a u9a
nova "ostura e a u9a nova inscrição do "es/uisador na sociedade, "elo
recon;eci9ento de u9a co9"etFncia e9 busca de técnicos do social. 'essa

1ina (

"ers"ectiva, a "es/uisa$ação to9a$se e<istencial e "assa a "eruntar sobre o


luar do ;o9e9 na nature>a e sobre a ação orani>ada "ara dar$l;e u9 sentido.
Ela se de8ine, então, e9 sua relação co9 a co9"le<idade da vida ;u9ana,
to9ada e9 sua totalidade din9ica, e não 9ais se Ousti8ica diante da relação do
descon;ecido /ue l;e revela a 8initude de toda e<istFncia. A "es/uisa$ação "ode
se a8ir9ar, nesse e<tre9o, co9o trans"essoal e ir alé9, ao 9es9o te9"o /ue as
intera, das es"eci8icidades tericas das iFncias Antro"ossociais e dos di8erentes
siste9as de sensibilidades e de inteliibilidades "ro"ostos "elas culturas do
9undo. Entrar nu9a "es/uisa$ação sob essa "ers"ectiva obrianos a "ercorrer 
diversos ca9"os de con;eci9ento e a 8alar u9a linuae9 cientí8ica dotada de
u9 certo "olilotis9o. A abordae9 9ultirre8erencial dos aconteci9entos, das
situaçJes e das "r1ticas individuais e sociais -Ardoino, Barbier, **#0 constitui a
9aior re8erFncia a isso.
7 "es/uisador e9 "es/uisa$ação não "ode 9ais se de8inir si9"les9ente co9o
WsocilooW ou W"sicossocilooW. &ua co9"etFncia 9lti"la ultra"assa
consideravel9ente esse ti"o de classi8icação 9onodisci"linar liada a u9
"ensa9ento c;a9ado de aristotélico "or ^urt LeKin -*!20. 'o decorrer de sua
"r1tica, ele é Ms ve>es sociloo, ou "sicossociloo, ou 8ilso8o, ou "sicloo, ou
;istoriador, ou econo9ista, ou inventor, ou 9ilitante, etc. Ele descobre as 1reas do
con;eci9ento de u9 "ensa9ento alileano aceito e9 sua "lenitude sini8icante.
7 "es/uisador dese9"en;a, então, seu "a"el "ro8issional nu9a dialética /ue
articula constante9ente a i9"licação e o distancia9ento, a a8etividade e a
racionalidade, o si9blico e o i9ain1rio, a 9ediação e o desa8io, a auto8or9ação
e a ;etero8or9ação, a ciFncia e a arte.

1ina *

o "es/uisador e9 "es/uisa$ação não é ne9 u9 aente de u9a instituição, ne9


u9 ator de u9a orani>ação, ne9 u9 indivíduo se9 atribuição social= ao
contr1rio, ele aceita eventual9ente esses di8erentes "a"éis e9 certos 9o9entos
de sua ação e de sua re8le<ão. Ele é antes de tudo u9 suOeito aut_no9o e, 9ais
ainda, u9 autor de sua "r1tica e de seu discurso. 7 "rocesso de autori>ação $
to9ar$se seu "r"rio autor $ seundo [ac/ues Ardoino -*!!0 leva$o Ounta9ente
co9 outros a 8or9are9, na inco9"letude, u9 ru"o$suOeito no /ual interae9 os
con8litos e os i9"revistos da vida de9ocr1tica.
'isso, a "es/uisa$ação é e9inente9ente "edaica e "olítica. Ela serve M
educação do ;o9e9 cidadão "reocu"ado e9 orani>ar a e<istFncia coletiva da
cidade. Ela "ertence "or e<celFncia M cateoria da 8or9ação, /uer di>er, a u9
"rocesso de criação de 8or9as si9blicas interiori>adas, esti9ulado "elo sentido
do desenvolvi9ento do "otencial ;u9ano.
Te9os certe>a de /ue "ode9os 8a>er co9 /ue os estudantes do "ri9eiro e do
seundo ciclos de iFncias &ociais, be9 co9o os nossos coleas "reocu"ados
co9 u9a abertura interdisci"linar, co9"reenda9 nossa conce"ção radical da
"es/uisa$ação nas "1inas /ue se seue9.

As novas ciFncias antro"ossociais

&e não se es"era, não se encontrar1 o ines"erado, /ue é i9"enetr1vel e


inacessível.
er1clito de S8eso

oOe os "es/uisadores e9 iFncias u9anas e &ociais "ercebe9 os li9ites


cada ve> 9ais evidentes da cienti8icidade

aina 2

tradicional de suas disci"linas, desde o 9o9ento e9 /ue eles estuda9 os


"roble9as cruciais da sociedade atual. Talve> esses li9ites ten;a9 a ver co9 a
9aneira "ela /ual os 8ilso8os do 7cidente, co9o eel, /uisera9 inorar a
inteliibilidade da relação co9 o 9undo dos de9ais "ovos, "articular9ente dos do
&ul. 'essa "ers"ectiva, é "rov1vel /ue nossa cienti8icidade esteOa 8undada sobre o
dese/uilíbrio do 8unciona9ento, co9o a sineria dos dois ;e9is8érios do cérebro,
co9o a8ir9a Rac;ei Desrosiers$&abbat;, a "artir de suas "es/uisas sobre
criatividade /ue suscita9 u9 outro ti"o de a"rendi>ae9. aul Yat>laKicX -*(%0
te9 ra>ão e9 nova9ente conceder u9 luar essencial ao ;e9is8ério direito /ue
asseura a "erce"ção ;olística dos ele9entos na co9unicação tera"Futica. Tobie
'at;an, e9 Etno"si/uiatria, "ro"Je $ co9o "onto de "artidaa loucura dos outros
"ara tratar o conOunto de dados das relaçJes interculturais e9 nossa sociedade
-*(%0. 'a verdade, todos os cientistas, 8or9ados M 9oda ocidental, deveria9
"raticar u9a arte e<"ressiva "ara "er9anecer abertos ao 9undo. 'ão ser1 [ean$
ierre ;aneu< /ue vai nos contradi>er O1 /ue nos "ro"_s u9a re8le<ão recente,
de alcance 8ilos8ico, sobre a criação e9 Raison et "laisir -**+0.
A"s u9 se9$n9ero de "es/uisas, e9 &ocioloia, e9 istria, e9 Econo9ia
ou e9 sicoloia, e9"reendidas co9 vivacidade e e8ic1cia e 8re/\ente9ente co9
9eios não nelienci1veis nos randes laboratrios, os "roble9as "er9anece9
ainda obscuros, alienando as "essoas e os ru"os neles envolvidos co9 tanta
8orça ainda, /ue se "ensava "oder, en8i9, dis"or de u9a solução co9
con;eci9ento de causa. 7 /ue nos di>e9, na verdade, as iFncias
 Antro"ossociais tradicionais sobre a We<clusãoW social e o 8racasso escolar, sobre
a relação "edaica e9 sua di9ensão a8etiva, sobre a e9oção liada M
se<ualidade ou sobre as di8iculdades de entendi9ento entre "ais e 8il;os` E9 /ue
elas "revFe9, 9es9o se9 9uita nitide>, a evolução das tensJes sociais` Elas
não são ne9 9ais, ne9 ta9"ouco 9enos e8ica>es do /ue as ciFncias ditas
WdurasW /ue se c;oca9 contra o lado i9"revisível das cat1stro8es naturais, co9o
os terre9otos, "or e<e9"lo, -ali8rnia, Oaneiro de **+0, ou /ue não sabe9 o /ue
é Wcienti8ica9enteW o 8oo, os seredos da vida de u9a 1rvore ou a nature>a
essencial da 1ua.

1ina 2

Diante dessa constatação desenanada da ação "ouco e8ica> das ciFncias do


;o9e9 e da sociedade, 9uitos "es/uisadores sensibili>ara9$se e reconsiderara9
sua 9aneira de e<"lorar a realidade "sicolica e social. Estou i9"ressionado
co9 o es"írito do /ue eu c;a9arei as Wnovas ciFncias antro"ossociaisW /ue
tende9 a recon;ecer u9 luar cada ve> 9ais i9"ortante M sensibilidade da ação
;u9ana -Barbier, **+0. 'ão se "ode inorar a sensibilidade, en/uanto 8ato social.
Ela est1 inserida na evolução das relaçJes sociais conte9"orneas /ue
desvalori>a9 a violFncia "rivada -vinança, crueldade e cdio de ;onra das
sociedades arcaicas0 e su"ervalori>a9 o "oder do Estado e o i9ain1rio da
inseurança, co9o o de9onstrara9 'orbert Elias e9 La civilisation des 9oeurs,
na ;istria das 9entalidades, ou Hilles Li"ovetsXZ e9 L ere du vide, a"oiando$se
nas teses de ierre lastres.
[1 ;1 9uito te9"o, u9a "ri9eira corrente e9 iFncias &ociais ;avia se
distanciado da &ocioloia cl1ssica de tendFncia 8ranca9ente "ositivista, "ro"ondo
u9a socioloia do aconteci9ento ou da cotidianidade, u9a socioloia e u9a
antro"oloia do sentido si9blico da vida, u9a socioloia da socialidade, na /ual
a di9ensão dionisíaca da vida coletiva não esteOa e<cluída da "es/uisa.
Recon;ece9$se aí os trabal;os reali>ados "elas e/ui"es de Edar ?orin, de
enri Le8ebvre, de Hilbert Durand, de Roer Bastide, de Heores Balandier, de
Heores La"assade, de [ean Duvinaud ou de ?ic;el ?a88esoli, se9 contar os de
todos os etnloos /ue seuira9 se9 restriçJes esse ru9o $ as obras da coleção
WTerre u9aineW de [ean ?alaurie, editadas "ela lon. 7 etnloo ascal Dibie,
"or e<e9"lo, "ro"_s u9a interessante "es/uisa sobre a etnoloia do /uarto de
donnir -*(!0. A 8iloso8ia e a ;istria das reliiJes dese9"en;ara9 iual9ente u9
"a"el nada des"re>ível raças Ms correntes 8eno9enolicas -enri orbin,
?ircea Eliade, Rudol";e 7tto0. ?ais recente9ente sociloos, co9o Gincent de
HauleOac e &;irleZ RoZ, não ;esitMra9 e9 desenvolver u9 "lo de Wsocioloia
clínicaW, e9 9bito 9undial, a "artir de "es/uisas i9"licadas -**#0. Heores
Bertin, [ean?arie Bro;9, Louis Gincent T;o9as abre9 a Antro"oloia "ara o
cor"o, "ara a 9orte, "ara o i9ain1rio, "ara o sarado. 7utros, seuindo a
corrente de 7scar LeKis e de ranco

1ina 22
errarotti, se9"re 9ais c;eados M "edaoia, M eco8or9ação e M 8or9ação
e<"eriencial dos adultos ou do trabal;o social, 8i>era9 literal9ente e9erir u9
ca9"o de "es/uisa 8ecundo e9 to9o das W;istrias de vidaW -Daniel Bertau<, HuZ
Bonvallot, ?auri>io atani, Do9ini/ue ottereau, Be9adette ourtois, ierre
Do9inicé, ascal Halvani, ;ristine [osso, [ean$Louis Le Hrand, HuZ de Gillers,
Haston ineau0. Eles "rolona9, co9 isso, a teoria da i9"licação, ;1 9uito te9"o
"reconi>ada e teori>ada não s "elos tericos da an1lise institucional ou da
"es/uisa$ação -René Barbier, ?ic;el Bataille, atricX Bou9ard, enri Desroc;e,
[ean Dubost, ?att;ias iner, [ac/ues Huiou, Ré9i ess, RenéLourau, Antoine
&avoZe, atrice Gille, e "elos canadenses [ac/ues Hrand?aison, Habriel HoZette
e ?ic;elle Lessard$ébert, André ?orin, Anne$?arie T;irion ou "elos a9ericanos
Herard I. &us9an e Roer Evered, etc.0 co9o ta9bé9 "elos Wco9"an;eiros de
estradaW, 9ais W"sicossociloosW -[ac/ues Ardoino, [acXZ Beillerot, Euene
Enri/ue>, lorence Hiust$Des"rairies, ?ic;el Lobrot, André LévZ, Hérard ?endel,
?a< aes0. 7utros sociloos "arece9 iual9ente aderir ao recon;eci9ento do
sensível e9 suas abordaens -[ean$ierre ourtois ou Réine &irota0.
• De 9in;a "arte, estou convencido do car1ter total9ente indis"ens1vel desse
ti"o de "es/uisa desde 9in;as "ri9eiras "es/uisas$açJes "ara o 788ice
ranco$Alle9and "our Ia [eunesse, co9 ?a< aes, nos 9eados dos anos !.
?as, co9o eu O1 o ;avia "ressentido $ durante esses anos de "artici"ação ativa
nu9a co9unidade de trabal;o na Bretan;a, 8undada "or Be9ard Besret e "or 
cristãos contestadores, a9biente onde eu intervin;a co9 a 8ria de u9
sociloo anstico dos anos ! $ essa conce"ção de socioloia clínica dei<a
u9 "ouco no escuro a "arte do ;o9o reliiosus -?ircea Eliade0, a da Wvida
si9blicaW -arl Hustav [un0 e i"so 8acto u9a rande "arte de u9a necess1ria
Wabordae9 9ultirre8erencialW -[ac/ues Ardoino0 cuOas 8ronteiras ainda bastante
descon;ecidas a9"liei a "artir daí -Barbier, **20. o9 essa abertura
"oli8_nica, u9a socioloia clínica abre$se, então, "ara u9a verdadeira
sensibili>ação na abordae9 9ito"oética da vida cotidiana. &e9 caíre9 nu9
9isticis9o 8ora dos ca9in;os cientí8icos, tericos co9o Edar ?orin ou, 9ais
recente9ente, enri

1ina 2#

Desroc;e, co9 sua revista Ana9nese, ?ic;el ?a88esoli, co9 sua revista
&ociétés, ou ainda [ean$?arie Bro;9 e Louis Gincent T;o9as, co9 seu Hala<ie
ant;ro"oloi/ue, não ;esita9 e9 sustentar a necessidade dessa Wbrec;aW na
"es/uisa e9 iFncias Antro"ossociais.

1ina 2)

ACT4L7 
I&TRI7 DA E&34I&A$A567

 8orça de le9brar o essencial e9 no9e do urente, acaba$se "or es/uecer a


urFncia do essencial.
Edar ?orin

S di8ícil co9"reender os desdobra9entos atuais da "es/uisa$ação se9 voltar a


seus 8unda9entos ;istricos -ess, *(#0. &e9 se "render e<cessiva9ente M 8ase
inicial da "es/uisa$ação, destaca9$se, e9 8unção de seu "rocesso de
radicali>ação e"iste9olica, dois "eríodos:

0 o "eríodo $ 9ais a9ericano $ de e9erFncia e de consolidação entre os anos


/ue "recede9 a &eunda Huerra ?undial e os anos %=
20 o "eríodo de radicali>ação "olítica e e<istencial, 9ais euro"eu e canadense,
desde o 8inal dos anos % até nossos dias.

. 7 "eríodo de e9erFncia e de consolidação

o9o toda disci"lina cientí8ica, a "es/uisa$ação não nasce es"ontanea9ente.


Ela te9 suas raí>es nu9 "assado 9ais ou 9enos distante.
&eria "reciso, se9 dvida, desenterrar as raí>es nos 9étodos de investiação
"ro"ostos "elos "es/uisadores

1ina 2%

e9 iFncias &ociais do século * e do "ri9eiro /uartel do século 2. enso na


obra L en/uete ouvriere, de ^arl ?ar<, /ue, e9 seu te9"o, incitava os o"er1rios
das 81bricas a re8letire9 sobre suas condiçJes de vida, res"ondendo a u9a
sondae9, concebida co9o u9 instru9ento 9ilitante, "or 9eio de u9
/uestion1rio. enso ainda nas 9onora8ias sobre os orça9entos 8a9iliares dos
o"er1rios euro"eus de rédéric Le laZ, as /uais inauurava9 os "ri9eiros
esboços de u9a socioloia /ualitativa. 'a Euro"a e, 9ais "articular9ente, na
rança, 8oi a escola sociolica de S9ile DurX;ei9 /ue triun8ou, ecli"sando os le
"laZsianos e seus seuidores /ue trabal;ava9 e9 9onora8ias, co9o o
de9onstrara9 co9 9uita "ro"riedade Antoine &avoZe e Be9ard ^alaora. A "artir 
daí, os 8atos sociais serão considerados co9o obOetos, e as estatísticas tornar$se$
ão o au<iliar indis"ens1vel de toda investiação sociolica. E9 verdade, na
 Ale9an;a não ocorreu o 9es9o raças M in8luFncia de u9a 8orte tendFncia
8ilos8ica e9 iFncias &ociais. Autores co9o Yil;el9 Dilt;eZ, Heor &i99el,
erdinand Tonnies, Al8red GierXandt ou ?a< Yeber 9antivera9 8ir9e a
necessidade de co9"reender as situaçJes sociais antes de e<"lic1$Ias. 'os
Estados 4nidos, a Escola de ;icao, e9 concorrFncia co9 as universidades de
'ova orX e da Iladél8ia, vai desenvolver u9a lin;a de "es/uisa oriinal e
i9"licacional relacionada co9 os "roble9as sociais urbanos da "ri9eira 9etade
do nosso século -oulon, **0. A industriali>ação 9assiva e a 9iração
de9or18ica de "essoas, "rovindas do e<terior ou do &ul e9 direção Ms cidades
do 'orte, co9 seu sé/uito de delin/\Fncia Ouvenil e de "roble9as de
sociabilidade, suscita9 u9a de9anda social de iFncias u9anas e8ica>es,
"rodu>idas "or técnicos sociais -social

"1ina 2!

KorXers0 os /uais, cada ve> 9ais, 8or9ar$se$ão nas universidades. Ins"irados


"ela Escola de ;icao, os ;icao Area roOects 8a>e9 co9 /ue as "essoas do
bairro "artici"e9 da reali>ação do "rora9a de aOuda social. Assi9, os sociloos
de ca9"o identi8ica9 os 9oradores dotados de liderança na co9unidade e
8or9a9 "essoal /uali8icado. 7 ideal é recrutar autctones co9o trabal;adores
sociais volunt1rios, 9es9o se a 8or9ação /uali8icante recebida ven;a a constituir 
co9 o te9"o -ou a"s 9uito te9"o0 u9 ru"o "ro8issional cada ve> 9enos
"roveniente desse bairro. 49 dos 9étodos inventados e9 ;icao nessa é"oca $
as li8es stories $ ressurir1 nos anos )$% sob a 8or9a de W;istria de vidaW e9
iFncias &ociais, tanto nos Estados 4nidos -7scar LeKis0 /uanto na Euro"a, a"s
o declínio do e9"iris9o abstrato -os W/uestion1rios de o"iniãoW0 e do reino da
Wsu"re9a teoriaW de Talcott arsons, co9o o incitava ;arles Yri;t ?ills e9
*%*. 7 "eríodo entre$uerras assiste, iual9ente nos Estados 4nidos, ao
a"areci9ento de u9a corrente de sicoloia Industrial, c;a9ada W;u9an
relationsW, de Elton ?aZo a Roet;lisberer /ue "re"ara o terreno "ara u9a
"artici"ação 9ais ativa dos 9e9bros de u9a orani>ação. 'a rança ou na
&uíça, e9ere $ não antes dos anos ! $ u9a corrente de W;istria de vidaW no
'R&, co9 Daniel Bertau<, e e9 8or9ação de adultos nas universidades, co9
ierre Do9inicé, ;ristine [osso ou Haston ineau. 'a Ale9an;a, a "es/uisa$
ação ser1 9ais "olítica e, na Inlaterra, ela se abrir1 cada ve> 9ais "ara os
técnicos, rede8inindo assi9 a es"eci8icidade desse ti"o de "es/uisa.
ostu9a$se eral9ente sustentar /ue a "es/uisaação teve orie9 co9 ^urt
LeKin, "sicloo de orie9 ale9ã, naturali>ado a9ericano, durante a "rovação da

1ina 2(

&eunda Huerra ?undial. Aluns "ensa9, entretanto, /ue [o;n DeKeZ e o


9ovi9ento da Escola 'ova, a"s a ri9eira Huerra ?undial, constituíra9 u9
"ri9eiro ti"o de "es/uisa$ação "elo ideal de9ocr1tico, "elo "ra9atis9o e "ela
insistFncia no ;1bito do con;eci9ento cientí8ico tanto nos educadores co9o nos
educandos -T;irion, *(0. Heores La"assade atribui a criação do ter9o
"es/uisa$ação ao antro"loo [o;n ollier /ue "ro"_s /ue as descobertas de ti"o
etnolico, 8eitas nos E4A sobre os indíenas das reservas, 8osse9 utili>adas no
bene8ício de u9a "olítica 8avor1vel a estes -La"assade, **, ". +#0.
Reto9e9os a ^urt LeKin. ersonae9 sur"reendente, i9ainativo e caloroso,
esse "ro8essor da 4niversidade de Berli9, es"ecialista e9 sicoloia Hestalt,
8uindo do na>is9o desde *##, c;eou aos Estados 4nidos onde adotaria a
nacionalidade e a 9entalidade coletiva. LeKin vai desenvolver a Action$Researc;,
tentando resolver "roble9as levantados "elo antise9itis9o, "ela i9"lantação de
usinas nas reiJes rurais co9 u9a 9ão$de$obra "ouco a8eita ao rit9o de trabal;o
das cidades do norte, co9o a de arKoorl ?anu8acturin or"oration e9 *#*.
ita$se, co9 9uita 8re/\Fncia, a célebre "es/uisa de ^urt LeKin -*%)0, no
te9"o de "enria da &eunda Huerra ?undial, durante a /ual o overno
a9ericano ;avia envidado es8orços "ara tentar convencer as donas$de$casa
a9ericanas a se abastecere9 de "edaços de carne de bai<o "reço -coração de
boi, testículos, tri"as0, tradicional9ente "ouco a"reciados "or esse ti"o de "blico.
 A e<"licação "sicossociolica e sociocultura da inibição ali9entar /ue resulta da
"es/uisa não "er9ite con;ecer as ra>Jes talve> 9ais inconscientes, e9 ter9os

1ina 2*

de 8antas9ati>ação se<ual, co9o be9 o observou Didier An>ieu. ?as ela "er9itiu
M "es/uisa$ação a"oiar$se na ação dos ru"os e na necessidade de 8a>er co9
/ue as "essoas "artici"e9 na sua "r"ria 9udança de atitude ou de
co9"orta9ento nu9 siste9a interativo. o9o a8ir9ava ^urt LeKin:

3uando ns 8ala9os de "es/uisa, subentende9os ActionResearc;, /uer di>er,


u9a ação e9 u9 nível realista se9"re seuida "or u9a re8le<ão autocrítica
obOetiva e u9a avaliação dos resultados. 49a ve> /ue o nosso obOetivo é
a"render ra"ida9ente, nunca tere9os 9edo de en8rentar nossas de8iciFncias. 'ão
/uere9os ação se9 "es/uisa, ne9 "es/uisa se9 ação -citado "or ?arroK, *!20.

Do 9es9o 9odo, co9 sua e/ui"e do Bureau des &ervices &tratéi/ues -7&&0,
ele critica as /uestJes do 9oral das "o"ulaçJes nas naçJes ini9ias e nos
Estados 4nidos, nas técnicas de uerra "sicolica, no ti"o de co9ando e8ica>...
Desde *+%, u9 "ouco antes de sua 9orte -*+!0, ^urt LeKin descobre a
i9"ortncia do Trainin Hrou" "or ocasião de u9 trabal;o de treina9ento na
9udança "essoal.
A 9orte "re9atura de ^urt LeKin interro9"e seus trabal;os, /ue serão
reto9ados "elos seus alunos e "or outros "es/uisadores. 7s estudos de Action$
Researc; 9ulti"lica9$se de"ois da uerra. 'a es8era industrial, eles se volta9
"ara as decisJes do ru"o, a auto$orani>ação, a 8or9ação dos /uadros, a
9odi8icação dos estereti"os, a resistFncia M 9udança. A "es/uisa$ação se abre
"ara o trabal;o social, restabelecendo desse 9odo co9 os trabal;os da Escola de
;icao, "elo e<a9e do co9"orta9ento dos bandos de adolescentes, a in8luFncia
das leis sobre a

1ina #
9udança social -nu9erus clausus nas universidades e9 relação aos Oudeus0, a
interação dos vendedores neros, a solidariedade de ru"o, a interação nos
"rédios residenciais. ode9 ser enu9erados, "ortanto, /uatro ti"os de Action$
Researc;:

0 A Action$Researc; dianstica $ visa "rodu>ir "lanos de ação enco9endados.


 A e/ui"e de "es/uisadores intervé9 nu9a situação e<istente -9oti9 racial, ato de
vandalis9o0, estabelece u9 dianstico e reco9enda 9edidas saneadoras.
20 A Action$Researc; "artici"ativa $ envolve, desde o início, no "rocesso da
"es/uisa, os 9e9bros da co9unidade e9 "erio -estudo de 'ort;toKn, "erto de
'ova orX, sobre o auto$e<a9e das atitudes discri9inatrias de u9a co9unidade
de + 9il ;abitantes e9 *+(0.
#0 A Action$Researc; e9"írica $ consiste e9 acu9ular os dados das e<"eriFncias
de u9 trabal;o cotidiano nos ru"os sociais se9el;antes -"or e<e9"lo, clubes de
 Oovens ra"a>es0. Esse ti"o de "es/uisa vai levar ao desenvolvi9ento radual de
"rincí"ios 9ais erais, co9o O1 o de9onstrou a 9edicina clínica.
+0 A Action$Researc; e<"eri9ental $ e<ie u9 estudo controlado da e8ic1cia
relativa das di8erentes técnicas utili>adas e9 situaçJes sociais a"ro<i9ada9ente
idFnticas.

&e ^urt LeKin dava ;abitual9ente Fn8ase ao "lo W"es/uisaW na sua conce"ção,
"ouco a "ouco, o "lo WaçãoW to9ar$se$1 9ais i9"ortante.
A "es/uisa$ação orienta$se "ara u9a "artici"ação crescente das "o"ulaçJes
envolvidas. assa$se de "es/uisador a interventor e a aente da 9udança co9 a
corrente "ra<iolica do W"lanned c;aneW -Bennis, ;en, Benne0. [ac/ues
 Ardoino -*(*0 le9bra as

1ina #

di8erentes "ers"ectivas da "es/uisa$ação no decorrer de seu desenvolvi9ento:

$ 49a "ers"ectiva a<iolica, visando a9eni>ar o so8ri9ento ;u9ano, ao


trabal;ar as dis8unçJes sociais e ao "rivileiar as 8or9as de estão de9ocr1tica.
$ 49a "ers"ectiva "ra<iolica /ue oti9i>a a ação e 8acilita a decisão.
$ 49a "ers"ectiva 9etodolica, dividida entre u9a clínica de situaçJes sociais,
ainda e9 estado inicial, e u9a o"ção 8ranca9ente e<"eri9entalista.
$ 49a "ers"ectiva e"iste9olica /ue, O1 e9 ^urt LeKin, "ro"Je u9a teoria do
ca9"o e do conte<to e u9a o"osição entre u9 9odo de "ensa9ento aristotélico e
u9 9odo de "ensa9ento alileano.

'o "s$uerra, a "es/uisa$ação vai ser disse9inada no [a"ão -[. ?isu9i0= na


Inlaterra -TavistocX Institute co9 Elliott[a/ues e a socioan1lise na Hlacier ?etal,
[a/ues, *!20, . E9erZ, . Brider, E. Trist= na Ale9an;a -ein> ?oser, 7tto
L\de9ann0= na rança -A'D&A, ARI0, [ac/ues Ardoino, [ean Dubost, E.
Enri/ue>, André LévZ, ?. aes, [. . Rouc;Z. ?as é no anad1, na Inlaterra e
na rança, a "artir dos anos !, /ue se acentua a tendFncia 9ais radical.

2. 7 "eríodo de radicali>ação "olítica e e<istencial

'u9erosas obras descreve9 a ;istria, os 8unda9entos e a 9etodoloia da


"es/uisa$ação. Ao lFIas, "ode9os crer /ue esta corres"onde a u9 9osaico de
abordaens 9ais ou 9enos re"rodu>i das dos "rocedi9entos cientí8icos
cl1ssicos. &e 8or verdadeiro /ue a "es/uisa$ação "ode ser a"arente9ente
conciliada,

1ina #2

en/uanto si9"les "es/uisa e9"írica, co9 os 9étodos de "es/uisa tradicional, o


9es9o não ocorre /uando é "osta no "lano da re8le<ão e"iste9olica. A
"es/uisa$ação su"Je u9a conversão e"iste9olica, isto é, u9a 9udança de
atitude da "ostura acadF9ica do "es/uisador e9 iFncias u9anas. 3uando a
"es/uisa$ação se to9a cada ve> 9ais radical, essa 9udança resulta de u9a
trans8or9ação da atitude 8ilos8ica do "es/uisador envolvido co9 res"eito M sua
"r"ria relação co9 o 9undo. Talve> se dei<e "enetrar "ela "erunta do "oeta
ves Bonne8oZ: Wé o conceito o artesão de u9a 8ua`W S o caso nas "es/uisas$
açJes e<istenciais /uando elas não se li9ita9 a ser 9odis9os. A"osto /ue essa
abertura revolucion1ria e9 direção a u9a "es/uisa$ação interal est1 ainda e9
seus "ri9rdios e condu>ir1, na "r<i9a década, a u9a "es/uisa$ação
trans"essoal, ao 9es9o te9"o e9inente9ente "essoal e co9unit1ria, reunindo
os trFs "los interados do ser ;u9ano -cor"o, al9a e es"írito: o i9ain1rio
"ulsional, o i9ain1rio social e o i9ain1rio sacral0. 'ota: 
?uitos estudantes trata9 u9a "es/uisa sob o "onto de vista de u9a si9"les
inter"retação 9etodolica, u9 novo adet 'ota: 2 cientí8ico, acreditando /ue
W8a>er "es/uisaaçãoW é estar na 9oda. s ve>es, eles ;esita9 entre o 9étodo de
;istria de vida e a "es/uisa$ação e 8a>e9 sua escol;a e9 8unção de inclinaçJes
"re8erente9ente i9ain1rias. Eles não se dão conta de /ue, tanto "ara a
"es/uisa$ação /uanto "ara a ;istria de vida, trata$se de lançar u9 outro ol;ar 
sobre a cienti8icidade das ciFncias do ;o9e9 e da sociedade. 7 "es/uisador não
deve 8a>er 

1ina ##

irre8letida9ente sua escol;a, "or/ue ;1 riscos institucionais e "essoais, caso


sia esse ca9in;o:

$ Riscos institucionais "ara a/ueles /ue se "reocu"a9 co9 a carreira


acadF9ica. Ainda atual9ente a "es/uisa$ação est1 lone de ser o 9el;or 
ca9in;o "ara ser ra"ida9ente be9$sucedido no 9undo acadF9ico. Eu se9"re
reco9endo aos estudantes "ouco arroOados tril;are9 ca9in;os 9ais cl1ssicos e
seuire9 u9a via 9onodisci"linar be9 bali>ada "or u9a autoridade
intelectual9ente irre"reensível no universo da co9unidade cientí8ica. A "es/uisa$
ação não convé9 ne9 aos W9ornosW, ne9 aos alo"rados, ne9 aos es"íritos
8or9alistas, ne9 aos estudantes "reuiçosos.
$ Riscos "essoais "or/ue a "es/uisa$ação, na sua intersubOectividade, leva
inevitavel9ente o "es/uisador "ara reiJes de si 9es9o /ue ele, se9 dvida, não
tin;a vontade de e<"lorar.

Gere9os, nesta obra, os resultados desse ti"o de "roble91tica.


&o9ente nos anos ! é /ue a retle<ão sobre a nature>a 9es9a da "es/uisa$
ação deu u9a uinada 9ais radical.
'a Ale9an;a, co9 ein> ?oser -*!), *!!0, a "es/uisa$ação to9a$se
nitida9ente 9ais enaOada e We9anci"atriaW nu9a "ers"ectiva de u9a 8iloso8ia
"r<i9a M Escola de ranX8urt $ de [\ren aber9as e9 "articular -Dubost,
L\de9ann, *!!0. 7 "roble9a da "es/uisa$ação não é u9a nova lica de
"es/uisa a con/uistar, 9as a de u9a nova estratéia /ue se distancia da
"es/uisa e<"eri9ental "or/ue esta conté9 intrinseca9ente u9a lica arti8icial
/uanto M realidade dotada de vida.
'a rança, na 9es9a é"oca, "rocuro levantar u9 conOunto de /uestJes na
9es9a direção, "ro"ondo a teoria

1ina #+

da "es/uisa$ação institucional nu9a lin;a terica /ue articula a socioloia de


ierre Bourdieu e de [ean$laude asseron, a "es/uisa$ação leKiniana e a
"sicossocioloia 8rancesa, a teoria 9ar<ista 9inorit1ria de enri Le8ebvre, de
o9elius astoriadis, de Lucien Hold9ann e a teoria da an1lise institucional de
René Lourau e de Heores La"assade -Barbier, *!!0. Resultante de u9a tese de
socioloia inteira9ente 9onor18ica, essa teori>ação "er9anece ainda a/ué9 de
u9a abertura 9ais 9ultirre8erencial e9 iFncias u9anas a /ual eu "ro"orei
/uin>e anos 9ais tarde e9 A""roc;e transversale -**2, **%0.
'a &uíça, ?att;ias iner -*(0 8unda9enta$se não s no interacionis9o
si9blico de enri Blu9er e nas teses de [\ren aber9as, 9as ta9bé9 nas
"ro"osiçJes de ein> ?oser, "ara levar a re8le<ão e"iste9olica o 9ais lone
"ossível no sentido de u9a "redo9inncia da re8le<ividade coletiva -o WDisXursW0
no enca9in;a9ento da "es/uisa$ação. Ele radicali>a o "onto de vista 9ais
cl1ssico da "es/uisa$ação desenvolvida no "roOeto WRa"sdiaW -Allal, ardinet,
errenoud, *!*0.
'a Bélica, os "es/uisadores orani>a9 u9 col/uio sobre as W?etodoloias e
r1ticas da es/uisaAçãoW e9 Bru<elas, e9 de>e9bro de *( -Revue..., *(b0.
'a lin;a da intervenção institucional, os sociloos institucionalistas ou da
coo"eração e os "sicossociloos 8ranceses -[ac/ues Ardoino, atricX Bou9ard,
enri Desroc;e, André de éretti, [ean Dubost, Euene Enri/ue>, Ré9i ess,
Heores La"assade, HuZ Le Boter8, André LévZ, René Lourau, Hérard ?endel,
?a< aes, etc.0 discute9 iual9ente o luar 9ais ou 9enos 9arinal da
"es/uisa$ação no 9bito das iFncias &ociais.

1ina #)

7s a9ericanos Herard I. &us9an e Roer D. Evered, desde *!(, nu9a


"ers"ectiva radical, 8or9ali>a9 se9 co9"ro9issos as di8erenças essenciais entre
as ciFncias "ositivas e a "es/uisa$ação. [1 desde *%), co9 I. L. oroKit> e o
9ovi9ento dos Wradical caucusesW, a socioloia a9ericana radicali>a$se ao
denunciar o "roOeto Wa9elotW /ue "ro"Je enviar "es/uisadores e9 iFncias
&ociais nas >onas WturbulentasW do 9undo "ara estudar os 9ovi9entos de
contestação "olítica. &a\l AlinsXZ desenvolve, e9 trabal;o social, u9 9étodo de
intervenção e8ica>, co9o Danilo Doci O1 o ;avia reali>ado na It1lia= e Al8red ?ac
lun Lee, no seu u9anistic &ocioloZ -*!#0, abre o ca9in;o M socioloia de
intervenção -ess, *(, ". !$##0. 'a A9érica Latina, a socioloia radical uniu$
se ao 9ilitantis9o revolucion1rio co9 a9ilo Torres, Luis A. osta into,
lorestan e9andes, 7rlando als Borda, e, do 9es9o 9odo, co9 a W"edaoia
dos o"ri9idosW de aulo reire, e9 educação "o"ular -Barbier, *!!, ". )$)(0.
or seu turno, os sociloos britnicos, co9 LaKrence &ten;ouse, [o;n Eliott e
le9 Adel9an, "ro"Je9 u9a reatuali>ação de u9a Wnova "es/uisaaçãoW "or 
9eio de seus trabal;os e9 etnora8ia da escola /ue eter Yoods a"ro8undou
-**0. 'ellZ . &tro9/uist, /ue trabal;a no anad1, o"Je siste9atica9ente a
socioloia cl1ssica M "es/uisa$ação. Yil8red arr e &te";en ^e99is -*(#0
de8ine9 a "es/uisa$ação co9o u9a 8or9a de "es/uisa e8etuada "elos técnicos a
"artir de sua "r"ria "r1tica -La"assade, *(*0. Eles 8a>e9 coro co9 as teses
de8endidas ;1 te9"o "or Rut; anter$^o;n e a "roble91tica dos Ws1bios do
interiorW de atricX Bou9ard -*(*0. 7s anos ( levanta9 a /uestão sobre

1ina #%

u9a "es/uisa$ação e<istencial -Barbier, *(#0, ao 9es9o te9"o e9 /ue ela


sure co9 toda sua diversidade, u9 tanto catica -HoZette, Lessardébert, *(!=
uon, &eibel, *((0.
'o 3uebec, a "es/uisa$ação e9"reendida "elos técnicos se di> WinteralW co9
 André ?orin, nu9a lin;a terica liada aos Wsiste9as abertos e9 tecnoloia
educativaW de onstantin otinas -**20 e de enri Desroc;e. Isso não i9"ede
/ue outros "es/uisadores do 9es9o "aís desenvolva9 "es/uisas$açJes 9uito
9ais WleKinianasW e e<"eri9entais -Lessard$ ébert, **= Revue..., *(a0.
E9bora RaZ9ond Boudon não dia u9a "alavra sobre a "es/uisa$ação na
reedição de *!% de sua obra Les 9ét;odes en &ocioloie -coleção W3ue sais$
 Oe`W0, ela O1 "arece, entretanto, entusias9ar 9uitos "es/uisadores. E9 **#,
?adeleine HraKit> consara$l;e u9 lono ca"ítulo e9 seu ?anuel des sciences
sociales -*. ed.0. E9 *(!, [ean Dubost -*(!, ". +0, ao tér9ino de u9a lona
investiação, "ro"Je u9a "ri9eira de8inição da "es/uisa$ação: Wação deliberada
visando a u9a 9udança no 9undo real, enaOada nu9a escala restrita, enlobada
"or u9 "roOeto 9ais eral e sub9etendo$se a certas disci"linas "ara obter e8eitos
de con;eci9ento ou de sentidoW. En8i9, e9 sete9bro de **), sai u9 W3ue sais$
 Oe `W, de [ean$aul ResKeber, "ela editora 4, /ue a"resenta a "roble91tica
sobre a "es/uisa$ação nu9a "ers"ectiva lobal, 9as se9 verdadeira9ente
a89nar sua nature>a de ru"tura e"iste9olica co9 as ciFncias sociais instituídas.

'ota   "1ina #2:. 3ue est1 revestido de u9 car1ter sarado, /ue 8oi
sacrali>ado, o"osto a "ro8ano -'.T.0.
'ota 2  "1ina #2:. Hadet, "alavra a9ericana, /ue sini8ica dis"ositivo novo,
dotado de "oder 91ico, ca"a> de resolver todos os "roble9as -'.T.0.

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