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Maria Luisa Siquier de Ocampo, Maria Esther García Arzeno,

Arzeno,
Elza Grassano de Piccolo e colaboradores

Traduço
Miriam !elzensz"alb

#e$iso T%cnica
Luis Lorenzo #i$era

Martins !ontes
So Paulo &''(
CAPÍTULO VII

1. A hora de jogo diagnóstica


diagnóstica
Ana Maria E)ron, Esther !ainber*,
!ainber*, +olanda
+olanda leiner,
leiner,
Ana Maria Si*al e Pola -oscoboini.
-oscoboini.

Introdução

A hora
hora de /o*o dia*n0stica constitui
constitui um recurso ou instrumento
instrumento t%cnico que o
psic0lo*o utiliza dentro do processo psicodia*n0stico com a )inalidade de
conhecer a realidade da criança que )oi trazida 1 consulta2

A ati$idade
ati$idade l3dica % sua )orma de e4presso pr0pria, assim
assim como a lin*ua*em
$erbal o % no adulto2 Trata5se,
Trata5se, ento, de instrumentalizar suas possibilidades
comunicacionais para depois conceituar a realidade que nos apresenta2

Ao o)erecer 1 criança a possibilidade


possibilidade de brincar em um conte4to
conte4to particular, com
um enquadramento dado que inclui espaço, tempo, e4plicitaço de pap%is e
)inalidade, cria5se um campo que ser6 estruturado, basicamente, em )unço
das $ari6$eis internas de sua personalidade2

7esta situaço, e4pressa somente um se*mento de seu repert0rio de


condutas, reatualizando no aqui e a*ora um con/unto de )antasias e de
relaç8es de ob/eto que iro se sobrepor ao campo de estímulo2 Por isso
recorre5se, complementarmente, a outros instrumentos ou m%todos de
in$esti*aço2

Achamos con$eniente
con$eniente esclarecer uma di)erença
di)erença b6sica entre a hora de /o*o
/o*o
dia*n0stica e a hora de /o*o terap9utica, pois % muito comum a con)uso entre
as duas2

A primeira
primeira en*loba um processo
processo que tem começo, desen$ol$imento
desen$ol$imento e )im em si
mesma, opera como uma unidade e de$e ser interpretada como tal2

A se*unda
se*unda % um elo a mais emem um amplo continuum no qualqual no$os aspectos e
modi)icaç8es estruturais $o sur*indo pela inter$enço
i nter$enço do terapeuta2 :A
respeito da participaço do psic0lo*o na hora de /o*o dia*n0stica, )alaremos
detidamente no t0pico ;papel do entre$istador<2=

>omo se pode perceber, e4iste muita semelhança com a entre$ista dia*n0stica


li$re do adulto2

?e/amos
?e/amos a*ora al*umas di)erenças2

7uma a )antasia % mediada pelas $erbalizaç8es@ na ati$idade l3dica o mediador


%, predominantemente, o brinquedo o)erecido, que e4pressa o que a criança
est6 $i$enciando no momento2

7a $erbalizaço a )antasia aparece depurada pela maior in)lu9ncia do processo


secund6rio@ a localizaço temporal da )antasia e4pressa atra$%s da lin*ua*em,
do uso apropriado dos $erbos e das leis do pensamento l0*ico55)ormal torna5se
mais clara2 7o brincar, por sua $ez, h6 uma comunicaço de tipo espacial, na
qual so incluídos mais elementos do processo prim6rio atra$%s de princípios
CAPÍTULO VII

1. A hora de jogo diagnóstica


diagnóstica
Ana Maria E)ron, Esther !ainber*,
!ainber*, +olanda
+olanda leiner,
leiner,
Ana Maria Si*al e Pola -oscoboini.
-oscoboini.

Introdução

A hora
hora de /o*o dia*n0stica constitui
constitui um recurso ou instrumento
instrumento t%cnico que o
psic0lo*o utiliza dentro do processo psicodia*n0stico com a )inalidade de
conhecer a realidade da criança que )oi trazida 1 consulta2

A ati$idade
ati$idade l3dica % sua )orma de e4presso pr0pria, assim
assim como a lin*ua*em
$erbal o % no adulto2 Trata5se,
Trata5se, ento, de instrumentalizar suas possibilidades
comunicacionais para depois conceituar a realidade que nos apresenta2

Ao o)erecer 1 criança a possibilidade


possibilidade de brincar em um conte4to
conte4to particular, com
um enquadramento dado que inclui espaço, tempo, e4plicitaço de pap%is e
)inalidade, cria5se um campo que ser6 estruturado, basicamente, em )unço
das $ari6$eis internas de sua personalidade2

7esta situaço, e4pressa somente um se*mento de seu repert0rio de


condutas, reatualizando no aqui e a*ora um con/unto de )antasias e de
relaç8es de ob/eto que iro se sobrepor ao campo de estímulo2 Por isso
recorre5se, complementarmente, a outros instrumentos ou m%todos de
in$esti*aço2

Achamos con$eniente
con$eniente esclarecer uma di)erença
di)erença b6sica entre a hora de /o*o
/o*o
dia*n0stica e a hora de /o*o terap9utica, pois % muito comum a con)uso entre
as duas2

A primeira
primeira en*loba um processo
processo que tem começo, desen$ol$imento
desen$ol$imento e )im em si
mesma, opera como uma unidade e de$e ser interpretada como tal2

A se*unda
se*unda % um elo a mais emem um amplo continuum no qualqual no$os aspectos e
modi)icaç8es estruturais $o sur*indo pela inter$enço
i nter$enço do terapeuta2 :A
respeito da participaço do psic0lo*o na hora de /o*o dia*n0stica, )alaremos
detidamente no t0pico ;papel do entre$istador<2=

>omo se pode perceber, e4iste muita semelhança com a entre$ista dia*n0stica


li$re do adulto2

?e/amos
?e/amos a*ora al*umas di)erenças2

7uma a )antasia % mediada pelas $erbalizaç8es@ na ati$idade l3dica o mediador


%, predominantemente, o brinquedo o)erecido, que e4pressa o que a criança
est6 $i$enciando no momento2

7a $erbalizaço a )antasia aparece depurada pela maior in)lu9ncia do processo


secund6rio@ a localizaço temporal da )antasia e4pressa atra$%s da lin*ua*em,
do uso apropriado dos $erbos e das leis do pensamento l0*ico55)ormal torna5se
mais clara2 7o brincar, por sua $ez, h6 uma comunicaço de tipo espacial, na
qual so incluídos mais elementos do processo prim6rio atra$%s de princípios
como os de condensaço, atemporalidade e deslocamento, atuados no pr0prio
brincar2

Por outro lado, a hora de /o*o dia*n0stica % precedida das entre$istas


realizadas com os pais :que correspondem ao conceito de pr%5entre$ista dos
adultos=2

7elas o psic0lo*o elabora com os pais instruç8es que sero dadas 1 criança
por eles2 >omo pode ha$er inter)er9ncia de di)erentes )atores para que esta
in)ormaço che*ue de modo adequado ou no, cremos ser necess6rio
re)ormular para a criança, num primeiro
prim eiro contato, tais instruç8es de )orma clara
e precisa2

>ada hora de /o*o dia*n0stica si*ni)ica uma e4peri9ncia no$a, tanto para o
entre$istador como para o entre$istado2 mplica, a nosso $er, o estabelecimento
de um $ínculo trans)erencial bre$e, cu/o ob/eti$o % o conhecimento e a
compreenso da criança2

Saa de jogo e !ateriais

>onsideramos que os aspectos )ormais da hora de /o*o dia*n0stica inter)erem


no conte3do da mesma, /6 que o enquadramento e as condiç8es do Bmbito de
trabalho con)i*uram uma *estalt que responde a nosso marco re)erencial
te0rico2 Por isso, passaremos a detalhar as condiç8es *erais nas quais tal
processo de$e se desen$ol$er2
desen$ol$er2

A sala
sala de /o*o ser6 um quarto no
no muito pequeno, com mobili6rio
mobili6rio escasso
:uma mesa, duas ou tr9s cadeiras e quadro5ne*ro= a )im de possibilitar
liberdade de mo$imentos 1 criança2 E pre)erí$el que as paredes e o piso se/am
la$6$eis, o que permitir6 que o entre$istador no se preocupe com a
conser$aço do lu*ar de trabalho2

C con$eniente o)erecer 1 criança a possibilidade de brincar com 6*ua, se


dese/ar, permitindo5lhe )6cil acesso 1 mesma2

Os elementos de$em estar e4postos sobre a mesa, ao lado da cai4a aberta2


>on$%m que este/am distribuídos sem corresponder a nenhum a*rupamento
de classes, dando ao pequeno paciente a possibilidade de ordenaço que
corresponda 1s suas $ari6$eis internas, em )unço de suas )antasias eDou de
seu ní$el intelectual2 7o obstante, de$e5se e$itar um panorama ca0tico
atra$%s de um amontoamento indiscriminado de brinquedos2 A cai4a
cai4a ou cesto
de$e estar presente, porque pode )uncionar como um elemento l3dico a mais e
porque ser6 o continente deposit6rio da produço que o entre$istado dese/e
dei4ar ao )inal da hora2 A apresentaço
apresentaço dos brinquedos sobre a mesa, )ora da
cai4a, e$ita o incremento da ansiedade persecut0ria que pode sur*ir no
primeiro contato )rente a um continente5cai4a5desconhecido, )echado
:compartilhamos neste caso o crit%rio de outros autores=2 >om relaço aos
brinquedos a serem incluídos, h6 di$ersas modalidades que correspondem ao
marco te0rico adotado pelo entre$istador2 Eri.son,
Eri.son, por e4emplo, da escola
norte5americana, postula a necessidade de discriminar di)erentes 6reas da
problem6tica da criança2 Por esta razo, seleciona os brinquedos em )unço
das respostas especí)icas que pro$ocam de tipo sens0rio5motor, de inte*raço
co*niti$a, do )uncionamento e*0ico, etc2
Al%m disso, introduzindo outro crit%rio, o da )uncionalidade do brinquedo,
prop8e a incluso de elementos de di)erentes tamanhos, te4turas e )ormas2
Assim, para )acilitar o /o*o a*ressi$o, inclui re$0l$eres, espadas de borracha,
sacos de areia@ para estimular a 6rea comunicati$a, tele)ones, l6pis de cor, etc2
Procura representar em miniatura todos os ob/etos do mundo real circundante2

>onsideramos desnecess6ria uma quantidade e4cessi$a de material porque


distrai e con)unde o entre$istado2

7o que diz respeito 1 escola in*lesa, de orientaço .leiniana, no h6 um


crit%rio uni)icado2 Se*uindo Fic., insiste5se na utilizaço de material no
estruturado madeiras de )ormas e tamanhos di)erentes, tinta, barbante, l,
pedaços de pano, tesoura, )itas el6sticas, copo, etc2

As críticas que podem ser )eitas a este tipo de en)oque, anta*nico em relaço
ao anterior, % de que permite interpretar símbolos que no correspondem ao
que a criança realmente dese/a transmitir

70s aderimos a um crit%rio intermedi6rio, o)erecendo 1 criança materiais de


tipos di)erentes, tanto estruturados quanto no estruturados, possibilitando a
e4presso, sem que a e4peri9ncia se torne in$asora2

Propomos que se/a incluído na cai4a de brinquedos o se*uinte material


papel tamanho carta
l6pis pretos e de cor
l6pis de cera
tesoura sem ponta
massas de modelar de di$ersas cores
borracha
cola
apontador
papel *lac9
barbante
dois ou tr9s bonequinhos :com articulaç8es e de tamanhos di)erentes=
)amílias de animais sel$a*ens
)amílias de animais dom%sticos
dois ou tr9s carrinhos de tamanhos di)erentes que possam )uncionar como
continentes
dois ou tr9s a$i8ezinhos com as mesmas propriedades
duas ou tr9s 4ícaras com seus respecti$os pires
colherinhas
al*uns cubos :apro4imadamente seis= de tamanho m%dio
trapinhos
*iz
bola

C importante que o material se/a de boa qualidade para e$itar )6ceis estra*os,
situaço que pode criar culpa na criança e )az95la sentir que o entre$istador
pode ser )acilmente destruído por seus impulsos a*ressi$os, os quais ela tem
pouca capacidade para conter e manipular2 He$e5se e$itar a incluso de
material peri*oso para a inte*ridade )ísica do psic0lo*o ou da criança :ob/etos
de $idro, tesouras com ponta, )0s)oros, etc2=2 O material de$e estar em bom
estado /6 que, caso contr6rio, a criança pode ter a sensaço de estar em
contato com ob/etos /6 usados e *astos2

Instruç"es

Iuando a criança entra no consult0rio, o psic0lo*o de$e mani)estar, de )orma


bre$e e numa lin*ua*em compreensí$el, uma s%rie de in)ormaç8es que
con)i*uram as instruç8es

de)iniço de pap%is
limitaço do tempo e do espaço material a ser utilizado
ob/eti$os esperados2

sto si*ni)ica que se esclarece para a criança que pode utilizar, como quiser, o
material que est6 sobre a mesa, que obser$aremos sua brincadeira com o
prop0sito de conhec95la e de compreender suas di)iculdades para uma a/uda
posterior, tudo isto num tempo determinado e nesse lu*ar2

Al%m disso, sero e4plicitados os limites *erais quanto 1 realizaço de aç8es


que se/am peri*osas para a inte*ridade )ísica, tanto do entre$istador quanto do
entre$istado, da sala e do mobili6rio, caso isto se/a necess6rio, e no momento
indicado2

Pa#e do #sicóogo

O papel que o psic0lo*o cumpre durante o processo psicodia*n0stico % um


papel passi$o, /6 que )unciona como obser$ador, e ati$o na medida em que sua
atitude atenta e aberta :atenço )lutuante= permite5lhe a compreenso e a
)ormulaço de hip0teses sobre a problem6tica do entre$istado2

Pode acontecer que a criança requeira nossa participaço, )azendo55nos


desempenhar um papel complementar2 Pode sur*ir, inclusi$e, a necessidade
de uma sinalizaço :por e4emplo, quando a criança se bloqueia ou mani)esta
sua re/eiço atra$%s da inibiço da ati$idade l3dica=2 Entendemos por
sinalizaço a e4plicitaço de aspectos dissociados mani)estos da conduta2 Em
hip0tese al*uma de$em ser incluídas interpretaç8es, /6 que estas apontam
para o latente2

Outro tipo de participaço % o estabelecimento de limites, caso o paciente


tenda a romper o enquadramento2

7este sentido, toda a participaço do entre$istador tem como ob/eti$o criar as


condiç8es 0timas para que a criança possa brincar com a maior
espontaneidade possí$el, uma $ez que esta, como qualquer outra situaço
no$a, pro$oca ansiedade2 A )unço especí)ica consiste em obser$ar,
compreender e cooperar com a criança2

Trans$er%ncia e contratrans$er%ncia

Jma hora de /o*o dia*n0stica si*ni)ica urna e4peri9ncia no$a tanto para o
entre$istado quanto para o entre$istador2 7este sentido, al%m de re)letir o
inter/o*o das s%ries complementares de cada um, implica, a nosso crit%rio, o
estabelecimento de um $ínculo trans)erencial2
Antes do primeiro contato /6 e4iste uma ima*em m3tua, resultante da
in)ormaço que os pais transmitem2 sto condiciona determinadas e4pectati$as
que de$em ser rea/ustadas na primeira entre$ista, atra$%s do $ínculo real e
concreto com a criança2

A trans)er9ncia na hora de /o*o e em todo o processo dia*n0stico adquire


características particulares que respondem, por um lado, 1 bre$idade do
$ínculo e, por outro, ao )ato de que o meio de comunicaço se/am os
brinquedos o)erecidos pelo psic0lo*o, o que permite que a trans)er9ncia se
amplie e se di$ersi)ique para estes ob/etos intermedi6rios2 7eles o paciente
depositar6 parte de seus sentimentos representantes de di)erentes $ínculos
com ob/etos de seu mundo interno2

C tare)a especí)ica do psic0lo*o recuperar esse material para inte*r65lo, /unto


aos elementos $erbais e pr%5$erbais, na totalidade do processo2

A contratrans)er9ncia % um elemento que pode a/udar a compreenso da


criança, se )or conscientemente inte*rada pelo psic0lo*o2 Este de$e discriminar
suas pr0prias moti$aç8es e impulsos, para que no inter)iram na an6lise
compreensi$a da conduta l3dica da criança2

Indicadores da hora de jogo diagnóstica

Iuando nos dedicamos 1 tare)a dc analisar uma hora de /o*o dia*n0stica,


deparamo5nos com a no5e4ist9ncia de uma padronizaço deste material2 sto
)az com que a tare)a se torne di)ícil e a produço no se/a bem apro$eitada2

Portanto, propusemo5nos elaborar um *uia de pautas que o)ereçam um crit%rio


sistematizado e coerente para orientar a an6lise, comparar di$ersos materiais
dentro do processo psicodia*n0stico e obter in)er9ncias *eneralizadoras2

Este m%todo de in$esti*aço permite obter, al%m disso, um *uia interno


repartido e ob/eti$ado, enriquecedor da $iso de con/unto2

7o se pretende com ele es*otar toda a riqueza e a comple4idade das


possibilidades a serem consideradas na hora de /o*o, mas sim considerar os
itens mais importantes para )ins dia*n0stico e pro*n0stico, apontando tanto
para o dinBmico quanto para o estrutural e econmico2

An&ise dos seguintes indicadores'

& escolha de brinquedos e de brincadeiras


K modalidades de brincadeiras
 personi)icaço
 motricidade
( criati$idade
N capacidade simb0lica
 tolerBncia 1 )rustraço
 adequaço 1 realidade2
(scoha de )rin*uedos e de )rincadeiras.

He acordo com as características indi$iduais, a modalidade de aborda*em dos


brinquedos pode assumir estas )ormas

& de obser$aço 1 distBncia :sem participaço ati$a=


K dependente :1 espera de indicaç8es do entre$istador=
 e$itati$a :de apro4imaço lenta ou 1 distBncia=
 dubitati$a :pe*ar e lar*ar os brinquedos=
( de irrupço brusca sobre os materiais
N de irrupço ca0tica e impulsi$a
 de apro4imaço, tempo de reaço inicial para estruturar o campo e, em
se*uida, desen$ol$er uma ati$idade2

He$e5se le$ar em conta tamb%m o tipo de brinquedo escolhido para


estabelecer o primeiro contato, de acordo com o momento e$oluti$o e com o
con)lito a ser $eiculado :obser$ar se a criança se diri*e a brinquedos de tipo
escolar, brinquedos representati$os de di)erentes modalidades de $ínculos Q
oral, anal, )6lico e *enital Q, brinquedos no estruturados ou de si*ni)icado
a*ressi$o mani)esto=2

Iuanto ao tipo de /o*o, % necess6rio $er se tem princípio, desen$ol$imento e


)im, se % uma unidade coerente em si mesma e se os /o*os or*anizados
correspondem ao est6*io de desen$ol$imento intelectual correspondente a sua
idade eronol0*ica :nesta a$aliaço se*uimos os crit%rios *en%ticos e$oluti$os
propostos por Rean Pia*et=2

He uma criança de tr9s anos % possí$el esperar um /o*o de tipo e*oc9ntrico,


centrado em si mesma2 Pode pedir a/uda ou )azer per*untas sobre os ob/etos,
mas no toma o entre$istador como participante ati$o na brincadeira2 Sua
ati$idade l3dica, al%m disso, no se a/usta a nenhum plano pr%$io, %
espontBnea e l6bil2 sto determina que passe com )acilidade de um /o*o para
outro, sem terminar nenhum2 A atenço est6 centrada, )undamentalmente, na
in$esti*aço do ob/eto, em suas )unç8es e no prazer que lhe proporciona o
e4ercício e a manipulaço do mesmo2

Seu sentido de realidade ainda % restrito e, por isso, a )uncionalidade dos


ob/etos % determinada sub/eti$amente2 :Por e4emplo, pode )azer que os carros
andem pelo ar2=

Hos quatro aos sete anos h6 uma maior apro4imaço ao real, com crescente
preocupaço pela $eracidade da imitaço e4ata2 sto pode ser apreciado na
ati$idade *r6)ica, nas construç8es e nas associaç8es $erbais2

Por outro lado, o desen$ol$imento do processo de socializaço permite 1


criança reconhecer cada $ez mais o outro como co5participante de sua
brincadeira2 Heste modo, pode diri*ir5se ao psic0lo*o no somente para que
ele a a/ude, mas tamb%m para que assuma um papel ati$o, discriminado e real,
complementar ao seu2

7os desenhos, passa da *aratu/a pr0pria dos tr9s anos a uma imitaço mais
realista do ob/eto representado, incluindo cada $ez mais elementos do mesmo2
>om relaço 1 construço com cubos, aos quatro anos interessa5se por
empilhar com equilíbrio, mas sem ob/eti$o pr%$io e sem maior continuidade
pode interromper para passar a outra coisa2

Aos cinco ou seis anos, começa a incluir a intencionalidade o prop0sito


e4plícito de realizar uma determinada tare)a com uma mar*em mais ampla de
constBncia em relaço a seus ob/eti$os2

Posteriormente, de sete a onze anos, encontramos /6 estabelecidos os


esboços de re*ras pode atribuir e assumir pap%is e4plicitados de antemo e
pr04imos 1 realidade :$endedor, pro)essor, aluno=2 Tem noço da brincadeira
m3tua e consci9ncia da alteraço da re*ra@ pode dramatizar cenas cotidianas2

Outro elemento importante % o uso que a criança )az da lin*ua*em, sua li*aço
com a brincadeira que desen$ol$e e com a idade2

+odaidades de )rincadeiras

C a )orma em que o e*o mani)esta a )unço simb0lica2 >ada su/eito estrutura o


seu brincar de acordo com uma modalidade que lhe % pr0pria e que implica um
traço caracterol0*ico2 Entre tais modalidades podemos detectar

a= plasticidade
b= ri*idez
c= estereotipia e perse$erança2

Iuando a criança pode apelar para uma certa riqueza de recursos e*0icos
para e4pressar situaç8es di)erentes com um crit%rio econmico, atra$%s da $ia
do menor es)orço, mostra5nos plasticamente seu mundo interno2

Esta plasticidade pode se mani)estar de di)erentes maneiras e4pressando a


mesma )antasia ou de)esa atra$%s de mediadores di)erentes, ou uma *rande
riqueza interna por meio de poucos elementos que cumprem di$ersas )unç8es2

7o primeiro caso citaremos o e4emplo de Pablo, de sete anos, que ao lon*o de


toda a hora de /o*o mostra sua onipot9ncia como de)esa, identi)icando2se num
primeiro momento com )i*uras )ortes :salta com o *uarda5p0 colocado como
capa, dizendo que % o orro e combatendo os soldados=, enquanto que, mais
tarde, começa a encher um /arrinho a)irmando que $ai alimentar todos os
animaizinhos que h6 no cesto2 :denti)ica5se a*ora, tamb%m de m odo
onipotente, com um peito ines*ot6$el2= E4pressa, ento, de )orma pl6stica, uma
mesma de)esa maníaca, com $ariedade de recursos2

7o se*undo caso $emos outra modalidade da plasticidade a e4presso de


uma *ama de situaç8es atra$%s de 6reas di)erentes de con)lito que se
desprendem como n3cleos or*anizadores do seu brincar2 O psic0lo*o sente, ao
terminar a hora de /o*o, que a criança e4pressou um amplo espectro de sua
$ida emocional, que se mani)estou de )orma inte*rada, numa seq9ncia
)luente, e sem a necessidade de recorrer a mecanismos de isolamento ou de
controle obsessi$o2

A terceira situaço mostra a possibilidade de um mesmo ob/eto mudar de


)unço, $eiculando di$ersas )antasias de maneira adaptati$a, sem produzir
respostas to ori*inais que se tomem incompreensí$eis para o entre$istador ou
impeçam a comunicaço e a e4presso do que realmente dese/a transmitir2

Suzana, cinco anos, utiliza uma 4ícara para dar de comer a sua boneca,
e4pressando assim uma )antasia oral2 Pouco depois, a 4ícara adquire outro
si*ni)icado colocada de cabeça para bai4o ser$e de assento para sua boneca2
?emos a capacidade da criança para modi)icar a )unço dos ob/etos,
adequando5os 1s suas necessidades de e4presso2

Tal plasticidade con$erter5se5ia em labilidade patol0*ica se a mudança )osse a


tal ponto brusca e constante que os ob/etos no conser$assem, nem por um
momento, os atributos que lhes so con)eridos2

Estas modalidades de e4presso da plasticidade no so e4cludentes e podem


estar presentes num mesmo paciente ao lon*o de uma hora de /o*o,
complementando2se entre si2

Outra modalidade clara e oposta 1 anterior % a ri*idez no brincar, *eralmente


utilizada )rente a ansiedades muito primiti$as para e$itar a con)uso2 7este
caso, a criança adere a certos mediadores, de )orma e4clusi$a e predominante,
para e4pressar a mesma )antasia2 Esta característica pode tanto ser $ista nos
brinquedos quanto nas seq9ncias, $erbalizaç8es e *estos, e tem como
ob/eti$o controlar a identi)icaço pro/eti$a no deposit6rio, conser$ar os limites e
manter a dissociaço, dado que qualquer situaço no$a desor*aniza5a pro$oca
con)uso2 Esta de)esa empobrece o e*o e d6 como resultado uma brincadeira
mon0tona e pouco criati$a2

C uma modalidade no adaptati$a que % $ista, )undamentalmente, em crianças


neur0ticas2

Para e4empli)icar, relatamos o caso de Haniel, de dez anos2 Hurante $inte


minutos da hora de /o*o )az quadrados num papel *lac9, e começa, depois, a
)azer um *radeado com as tiras que cortou do mesmo, entrelaçando5as2 Tare)a
que lhe tomou toda a hora pelo cuidado e4tremo que tinha, o que % di)erente de
um brincar repetido e sem sentido, pr0prio de uma modalidade estereotipada2

A ri*idez costuma se e4pressar tamb%m atra$%s da impossibilidade de


modi)icar os atributos outor*ados ao ob/eto2 Por e4emplo Suzana, de cinco
anos, pe*a quatro 4icrinhas i*uais e atribui a cada uma delas uma )unço com
base em uma pequena di)erença2 Hurante trinta minutos realiza um /o*o,
conser$ando ri*idamente os pap%is e com um *rande cuidado para no
con)undir as 4ícaras2 ?95se que est6 preocupada com isso2 Iuando uma das
4ícaras )ica escondida, entra em pBnico e começa a chorar, acalmando5se
quando a entre$istadora lhe mostra2 #ecomeça ento a brincadeira, quando
supera a paralisaço produzida pela sua entrada em con)uso

>omo modalidades mais patol0*icas de )uncionamento e*0ico podemos


caracterizar a brincadeira estereotipada e a perse$erante2 7elas mani)esta5se
uma descone4o com o mundo e4terno cu/a 3nica )inalidade % a descar*a@
repete5se uma e outra $ez a mesma conduta e no h6 )ins comunicacionais2

Este brincar % típico das crianças psic0ticas e com les8es or*Bnicas2


Ruan >arlos, de no$e anos, recortou durante a hora de /o*o um mesmo
elemento multiplicado sem introduzir nenhuma $ari6$el2

Personi$icação

Iuando )alamos de personi)icaço, re)erimo5nos 1 capacidade de assumir e


atribuir pap%is de )orma dram6tica2

Em cada período e$oluti$o a capacidade de personi)icaço adquire di)erentes


características2 Em crianças muito pequenas a realizaço de dese/os se
e4pressa de maneira mais imediata e a identi)icaço intro/eti$a % utilizada como
mecanismo )undamental2 Assume o papel do outro, )azendo seu o persona*em
temido ou dese/ado2

Estela, de dois anos e meio, que )oi le$ada para a consulta por apresentar
crises de choro cada $ez que seu irmo, de seis anos, $ai para a escola, pe*a
sua pasta na hora de /o*o e, dentro dela, coloca l6pis de cera e uma )olha2

7uma etapa posterior as personi)icaç8es se enriquecem com )i*uras


ima*in6rias tais como )adas, monstros e bicho5papo, dissociando e pro/etando
nestas )i*uras di)erentes ima*os2

A criança começa tamb%m a atribuir pap%is e a tornar mais e4plícito o $ínculo


que mant%m com estas ima*os :se submete, $ence, domina, ataca ou %
atacada, % o perse*uidor ou o perse*uido=, mostrando alternBncias sucessi$as
desses pap%is, como e4presso da labilidade das identi)icaç8es2
7o período de lat9ncia, a criança tende a dramatizar pap%is de)inidos
socialmente, com menor e4presso da )antasia, em )unço do aumento da
represso2 Amplia seu campo de cone4o com o meio ambiente, tende a
brincar, por e4emplo, de polícia e ladro, de pro)essora, de $endedor, com
menor alternBncia de pap%is e maior ape*o a suas identi)icaç8es2

7o brincar de pr%5p3beres obser$a5se uma inibiço desta capacidade porque


torna5se possí$el a atuaço real de suas )antasias2

Para dar5lhes curso, escolhe ob/etos mais a)astados do meio )amiliar atra$%s
de um deslocamento, que se e4pressa, )undamentalmente, na 6rea simb0lica2

7a adolesc9ncia a personi)icaço adquire importBncia no$amente e % utilizada


como meio de e4presso2

A personi)icaço, como elemento comum a todos os períodos e$oluti$os


normais, possibilita a elaboraço de situaç8es traum6ticas, a aprendiza*em de
pap%is sociais, a compreenso do papel do outro e o a/uste de sua conduta em
)unço disso, o que )a$orece o processo de socializaço e de indi$iduaço2

He$emos le$ar em conta que a passa*em de um período a outro no se realiza


de )orma linear nem brusca, mas que implica sucessi$as pro*ress8es e
re*ress8es2

A an6lise do conte3do da personi)icaço le$a5nos a a$aliar, atra$%s da


qualidade e da intensidade das di)erentes identi)icaç8es, o equilíbrio e4istente
entre o supere*o, o id e a realidade, elemento de )undamental importBncia
dia*n0stica e pro*n0stica2 Este equilíbrio % conse*uido quando o supere*o se
torna mais permissi$o e re)lete com maior realidade as )i*uras de autoridade
real e, portanto, com menor sadismo, permitindo ao e*o a satis)aço de
dese/os e impulsos, sem entrar em con)lito com a realidade2

As instruç8es incluem uma e4plicitaço de pap%is que implica a obser$aço do


psic0lo*o e a ati$idade l3dica da criança2 Se, durante a hora de /o*o, a criança
nos pede para assumir determinados pap%is, achamos que % necess6rio que
ela nos e4plique claramente as características do papel atribuído, para que
)ique bem de)inido e responda 1s )antasias pro/etadas2

+otricidade

Este indicador permite5nos $er a adequaço da motricidade da criança 1 etapa


e$oluti$a que atra$essa2

Em cada período h6 pautas pre$isí$eis que respondem, por um lado, ao


desen$ol$imento neurol0*ico e, por outro, a )atores psicol0*icos e ambientais2

Os problemas motores podem corresponder a qualquer desses )atores com


predominBncia de al*uns deles eDou a uma inter5relaço entre os mesmos2

Atra$%s da hora de /o*o o psic0lo*o pode obser$ar a )alta de )uncionalidade


motora, apesar de que, para poder especi)icar a qualidade, a intensidade e a
ori*em do problema, ser6 necess6ria a aplicaço de instrumentos mais
sensí$eis2

>onsideramos desnecess6rio )azer uma descriço das linhas de e$oluço do


desen$ol$imento motor, pois e4iste uma ampla biblio*ra)ia a respeito@ apenas
queremos mostrar que % importante le$ar em conta o est6*io e$oluti$o da
criança que estamos e4aminando para in)erir qualquer concluso acerca do
tema, assim como $er tamb%m as recorr9ncias que podem ser encontradas
dentro do processo psicodia*n0stico2 A manipulaço adequada das
possibilidades motoras permite o domínio dos ob/etos do mundo e4terno e a
possibilidade de satis)azer suas necessidades com autonomia relati$a, /6 que
as di)iculdades pro$ocam )rustraç8es e incrementam tens8es a ní$el intra e
interpessoal2

A comunicaço *estual e postural enriquece a mensa*em e pode mostrar


aspectos dissociados que se mani)estam como uma discordBncia entre o que
se diz e o que se e4pressa corporalmente2

Jm bom uso do corpo produz prazer e resulta num )ortalecimento e*0ico que
permite o alcance de no$os *anhos e )acilita a sublimaço, quando a criança
est6 preparada para isso2

Al*uns aspectos di*nos de serem obser$ados dentro deste indicador so

& deslocamento *eo*r6)ico


K possibilidade de encai4e
 preenso e mane/o
 alternBncia de membros
( lateralidade
N mo$imentos $olunt6rios e in$olunt6rios
 mo$imentos bizarros
 ritmo do mo$imento
' hipercinesia
&U hipocinesia
&& ductibilidade2

Para e4empli)icar alteraç8es motoras $istas numa hora de /o*o, citaremos o


caso de >arlos, de sete anos, que apresenta di)iculdades na escrita2 7a hora
de /o*o o psic0lo*o percebe que, uma $ez iniciada a aço, h6 di)iculdade para
inibir o mo$imento e este material % recorrente na e4presso *r6)ica, que
tamb%m se $9 alterada2 C solicitada uma consulta neurol0*ica para )azer o
dia*n0stico di)erencial, e so encontradas al*umas alteraç8es no traçado
eletroence)alo*r6)ico2

E4istiam tamb%m, indubita$elmente, importantes )atores psicol0*icos


superpostos, mas a obser$aço dos elementos motores deu5nos uma pista
importante para detectar o problema e permitir que )osse acionado um
tratamento con/unto

Este sintoma passou inad$ertido para a )amília, que $ia >arlos como uma
criança boba a alteraço da$a5se a ní$el de mo$imento mais delicado2

Para citar um e4emplo em que o componente )undamental era produto de um


problema psic0*eno, mencionaremos o caso de Sebasti6n, um menino de no$e
anos, trazido para consulta por causa de s%rios problemas de conduta2 7a hora
de /o*o produz muito material de conte3do psic0tico e, com relaço 1
motricidade em particular, realiza caretas *rotescas, que des)i*uram sua
e4presso )acial, desconectadas do material produzido no momento2 Os
mo$imentos bizarros que começam em seu rosto )inalmente aparecem
comprometendo todo seu corpo2

He$emos le$ar em conta o terceiro )ator citado como possí$el causa dor da
dis)unço motora a )alta de estimulaço ambiental2 E )reqente que os centros
assistenciais hospitalares se/am consultados por crianças com di)iculdades no
início da escolaridade2 A imaturidade ou a di)iculdade a ní$el motor costumam
responder a uma )alta de estimulaço ambiental no momento da aquisiço das
)unç8es, mani)estada depois na )alta de /eito nos m o$imentos delicados
:problemas na escrita=

Criati,idade

>riar % unir ou relacionar elementos dispersos num elemento no$o e di)erente2


sso e4i*e um e*o pl6stico capaz de abertura para e4peri9ncias no$as,
tolerante 1 no5estruturaço do campo2

Este processo tem uma )inalidade deliberada descobrir uma or*anizaço bem5
sucedida, *rati)icante e enriquecedora, produto de um equilíbrio adequado
entre o princípio do prazer e o princípio de realidade2 A criança a*e sobre os
elementos 1 sua $olta :brinquedos=, para conse*uir os )ins propostos2

A no$a con)i*uraço tem uma conotaço de surpresa ou de descobrimento


para a criança e % acompanhada de um sentimento de satis)aço2

A dinBmica interna deste processo e4pressa5se atra$%s do inter/o*o entre a


pro/eço e a reintro/eço do pro/etado, a*ora modi)icado, trans)ormado em um
produto qualitati$amente di)erente, promotor do crescimento e da mudança
estrutural que se trans)orma num incremento da capacidade de aprendiza*em2

Esta conotaço de ;deliberado<, ;a ser$iço do e*o< e ;com )ins comunicati$os< %


o que caracteriza a criati$idade, di)erenciando5a da ;produço ori*inal< do
psic0tico, que cumpre )ins de descar*a do id2

Para e4empli)icar citaremos a ati$idade l3dica de um menino de oito anos quer


pintar e no encontra o pincel nem as tintas2 >onstr0i ento um pincel,
cortando pequenos pedaços de barbante, unindo5os por uma e4tremidade,
colocando depois um palito na ponta@ pe*a a ponta de um l6pis de cor, a des)az
e coloca 6*ua, obtendo assim os materiais que dese/a$a, utilizando5os com
94ito

>l6udio, de no$e anos, mostra o )racasso de sua possibilidade de criar porque


no conse*ue uma )unço adequada para os materiais escolhidos2 Pe*a uma
bola de massa e amarra5a a um barbante con$ertendo5a num ioi, e )antasia
que )az )i*uras complicadas com ele2

Procura conse*uir uma no$a con)i*uraço, mas )racassa, e a )rustraço le$a5o


a uma conduta do tipo alucinat0rio2

A tolerBncia adequada 1 )rustraço permite que se )orme a representaço


mental do ob/eto, na aus9ncia deste2 #esulta no incremento da )unço
simb0lica e antecipa sua cone4o com o mesmo2

A alteraço desta )unço pode se dar em duas direç8es opostas

a= uma submisso e4trema 1 realidade desa*rad6$el, indicadora de elementos


altamente destruti$os e masoquistas2 A e4cessi$a tolerBncia determina pobreza
interna e )alta de *anhos adequados no mundo e4terno@

b= uma absoluta intolerBncia 1 )rustraço e o a)eto concomitante que ela


desperta, característica de um e*o imaturo que no pode adiar os dese/os
insatis)eitos, le$a a e$acuar atra$%s da atuaço ou de uma descone4o com o
meio, e a concomitante satis)aço narcisista de necessidades :auto5
abastecimento=2 So aqueles su/eitos que, para no se )rustrarem e so)rerem,
e$itam as situaç8es de pro$a realista, mantendo sua onipot9ncia2

Toer-ncia  $rustração

A tolerBncia 1 )rustraço % detectada, na hora de /o*o, pela possibilidade de


aceitar as instruç8es com as limitaç8es que elas imp8em :o estabelecimento de
limites e )inalizaço da tare)a= e pelo desen$ol$imento da ati$idade l3dica :pela
maneira de en)rentar as di)iculdades inerentes 1 ati$idade que se prop8e a
realizar=2

A a$aliaço correta de tal )unço % importante a ní$el dia*n0stico, mas,


principalmente, quanto ao pro*n0stico2 Torna5se )undamental di)erenciar onde
a criança situa a )onte de )rustraço se deri$a de seu mundo interno :desenhar
al*o que $ai al%m de suas capacidades= ou se a localiza de pre)er9ncia no
mundo e4terno :dese/ar al*o que no est6 presente=, assim como a reaço
)rente a ela encontrar elementos substituti$os :sinal de boa adaptaço= ou
desor*anizar5se, começar a chorar :atitude ne*ati$ista=2

A capacidade de tolerar a )rustraço est6 intimamente relacionada com o


princípio de prazer e de realidade2 nstinti$amente, a criança tende 1 descar*a
e 1 satis)aço dos dese/os, e o princípio de realidade % o que re*ula tal
satis)aço atra$%s das )unç8es e*0icas2 Produz5se assim uma )rustraço
necess6ria dos elementos desprezados em )unço da aquisiço de no$as
possibilidades e, portanto, do crescimento da criança, o que r esulta num
equilíbrio emocional adaptati$o e maturati$o do e*o2

Ca#acidade si!)óica

O brincar % uma )orma de e4presso da capacidade simb0lica e a $ia de


acesso 1s )antasias inconscientes2

Jma quantidade adequada de an*3stia % a base necess6ria para a )ormaço


de símbolos2 A e4presso direta das situaç8es con)liti$as pode inibir, total ou
parcialmente, a conduta l3dica, pois pro$oca um quantum de ansiedade
intoler6$el para o e*o2

Portanto, a criança conse*ue, pelo brincar, a emer*9ncia destas )antasias


atra$%s de ob/etos su)icientemente a)astados do con)lito primiti$o e que
cumprem o papel de mediadores apela para as suas possibilidades de
elaboraço secund6ria para e4pressar a )antasia2

O símbolo de$e estar su)icientemente pr04imo do ob/eto prim6rio simbolizado


para permitir sua e4presso de)ormada2 Iuanto mais elementos a criança
utiliza para e4pressar seu mundo interno, maiores possibilidades e*0icas
re$ela, no sentido de re)letir na realidade toda uma s%rie de si*ni)icados
adquiridos mediante um processo de capacitaço para simbolizar2

7a capacidade simb0lica $alorizamos no s0 a possibilidade de criar símbolos,


mas analisamos tamb%m a dinBmica de seu si*ni)icado, tema que no
incluiremos aqui, a )im de e$itar um reducionismo a simbolo*ias uni$ersais2

>ada símbolo adquire sentido no conte4to no qual se e4pressa2

V medida que a criança cresce, aumenta a distBncia entre o símbolo e o


simbolizado2

Produzem5se sucessi$os deslocamentos e o princípio de realidade $ai se


impondo2 A *rati)icaço das )antasias prim6rias tende a ser desprezada cada
$ez mais2

Por isso, encontramos *randes di)erenças entre as ati$idades l3dicas de


crianças muito pequenas, que se*uem as leis do processo prim6rio,
predominando, no período de lat9ncia, o processo secund6rio2

Iuanto maior o deslocamento, menor % a resist9ncia que o e*o op8e2

Outro elemento a ser le$ado em conta % a relaço entre o elemento mediador


que e4pressa a )antasia e a idade cronol0*ica2

M2 lein, ao se re)erir 1 capacidade simb0lica, diz que ;o simbolismo constitui


no s0 o )undamento de toda )antasia e sublimaço, mas % sobre ele que se
constr0i a relaço do su/eito com o mundo e4terior e a realidade em *eral<2

#esumindo, atra$%s deste indicador podemos a$aliar

A= A #IJEA EWP#ESS?A

&2 A busca que a criança )az, 1 sua $olta, de suportes materiais :si*ni)icantes=
que $eiculem, de )orma adequada, suas )antasias e con)litos :si*ni)icados=2

K2 Jma no$a busca, quando atra$%s das )ormas anteriores de simbolizaço no
conse*ue os )ins comunicacionais2

2 A coer9ncia da concatenaço dos símbolos, isto %, a possibilidade de


transmiti5los atra$%s de um ne4o l0*ico2

F= A >APA>HAHE 7TELE>TJAL

Hurante a hora de /o*o e atra$%s dos símbolos que utiliza, a criança e$idencia
uma discriminaço e uma manipulaço da realidade que esto de acordo ou
no com sua idade e$oluti$a2 A maneira como o )az nos d6 a indicaço do
estado em que se acha o processo de simbolizaço@ se se desen$ol$e sem
inibiç8es na 6rea da aprendiza*em2

Este processo so)re uma e$oluço@ parte da equaço simb0lica pr0pria da


etapa oral, na qual no h6 distBncia em relaço ao ob/eto, para o
desprendimento paulatino do suporte material que começa a se mani)estar na
posiço depressi$a, )rente 1 consci9ncia cada $ez maior da aus9ncia do ob/eto

V medida que a criança cresce, aumenta a distBncia entre o si*ni)icar5 te e o


si*ni)icado, adquirindo o primeiro uma conotaço cada $ez mais compartilhada
no Bmbito social, cu/a mani)estaço %, por e4cel9ncia, a lin*ua*em2

>= A IJALHAHE HO >O7!LTO

Este ponto alude aos aspectos do conte3do da capacidade simb0lica2 Os


símbolos que a criança utiliza remetem5nos 1 compreenso do est6*io
psicosse4ual que atra$essa e sua modalidade de e4presso2

sto %, em suas brincadeiras, o pequeno entre$istado pode e4pressar )antasias


de tipo oral, anal, uretral, )6lico ou *enital, e o )az de uma determinada
maneira, em )unço de suas t%cnicas habituais de manipulaço2

A intensidade do con)lito % $ari6$el2 Jm indicador do mesmo pode ser in)erido


atra$%s da reiteraço de determinada )antasia, assim como pela )orma de
e4presso escolhida2

Ade*uação  reaidade

Jm dos primeiros elementos a serem le$ados em conta ao se analisar uma


hora de /o*o % a capacidade da criança de se adequar 1 realidade2 Mani)esta55
se, neste primeiro momento, pela possibilidade de se desprender da me e
atuar de acordo com sua idade cronol0*ica, demonstrando a compreenso e a
aceitaço das instruç8es2

Tal adequaço 1 realidade permite5nos a$aliar possibilidades e*0icas, embora


ela possa adaptar5se ou no aos limites que esta situaço lhe imp8e

a= aceitaço ou no do enquadramento espaço5temporal com as limitaç8es que


isto implica@
b= possibilidade de colocar5se em seu papel e aceitar o papel do outro2

Estas situaç8es so obser$6$eis ao lon*o de toda a hora de /o*o e em cada


um dos indicadores2

E4emplo de des$io da primeira situaço um menino /o*a bola no consult0rio e


utiliza5a como se esti$esse num campo de )utebol@ no adequa sua motricidade
ao Bmbito *eo*r6)ico no qual est6 se mo$endo nesta situaço particular, e
corre o risco de quebrar al*o, de se machucar ou de machucar o psic0lo*o2

Outro e4emplo de di)iculdade de adequaço ao enquadramento espacial % a


criança que insiste em utilizar a sala de espera como prolon*amento do
consult0rio2

A di)iculdade de se adaptar temporalmente 1 situaço pode ser $ista na


estruturaço de brincadeiras to prolon*adas que impedem uma )inalizaço,
com a )rustraço conseqente, mostrando uma de)asa*em entre o realizado e
o plane/ado2

Iuanto 1 se*unda situaço pode aparecer a no5aceitaço do papel que o


psic0lo*o desi*nou para a criança quando e4plicitou as instruç8es :por
e4emplo, ne*ar5se a brincar= ou o no5reconhecimento do outro como pessoa
di)erente e desconhecida :a criança que tenta tirar o psic0lo*o do papel, no o
aceitando como obser$ador no participante=2

7o começo da hora de /o*o podem aparecer condutas pouco adequadas, por


ser o primeiro contato que estabelece com o psic0lo*o@ necessitar6, ento, de
um tempo de adaptaço, que ser6 di)erente para cada indi$íduo2 A capacidade
de se reor*anizar % um elemento )undamental para o pro*n0stico, assim como
a capacidade de se readaptar )rente a no$as pro$as do processo dia*n0stico2
Se a criança, uma $ez adaptada 1 no$a situaço, no pode aceitar as no$as
instruç8es e insiste na conduta l3dica, est6 nos proporcionando material
importante para sua interpretaço2

7o poder se adequar 1 realidade implica um d%)icit na discriminaço e*o5no5


e*o2
O )rincar da criança #sicótica

A di)iculdade para brincar % o índice mais e$idente das características


psic0ticas presentes numa criança seriamente perturbada2

E importante destacar que, em termos estritos, no se trataria de uma


brincadeira no sentido de ati$idade l3dica, /6 que brincar implica a possibilidade
de simbolizar2 7o psic0tico, si*ni)icante e si*ni)icado so a mesma coisa
:equaço simb0lica=

7o obstante, de$emos le$ar em conta que a criança pode ter partes de sua
personalidade mais preser$adas ou que conse*uiram uma or*anizaço no
psic0tica, e a possibilidade de e4pressar seu con)lito depender6 da quantidade,
da qualidade e da inter5relaço destas partes2

Esta di)iculdade $ai desde a inibiço total ou parcial do brincar at% a


desor*anizaço da conduta2

C importante distin*uir, num dia*n0stico di)erencial, situaç8es em que se


estrutura uma ;pseudobrincadeira<, condutas ou s%ries de condutas em que a
criança aparenta brincar, mas onde h6 uma aus9ncia total ou parcial de
simbolizaço2 7estes casos a criança s0 descarre*a uma )antasia2

Tal % o caso de Ruan, que durante uma hora de /o*o começa a *irar no solo
usando sua cabeça como ei4o e repetindo em $oz alta toc, toc, toc,
identi)icando5se com um rel0*io2 Poderíamos pensar que o menino est6
brincando, mas na realidade no % assim2 E uma pseudobrincadeira na qual
atua, corporalmente, uma )antasia@ no brinca de ser rel0*io, mas sim ;%< o
rel0*io2 Perdeu a distBncia e a possibilidade de simbolizar, desaparecendo o
;como se< pr0prio das brincadeiras de crianças normais e neur0ticas2

A estrutura psic0tica e$idencia5se nos di$ersos indicadores2 Assim, a criança


psic0tica no pode se adequar 1 realidade, na medida em que ela se manipula
com predomínio do processo prim6rio, distorcendo a percepço do mundo
e4terno e, na situaço dia*n0stica, a relaço ou o $ínculo com o psic0lo*o2

A capacidade simb0lica )ica rele*ada pela predominBncia de equaç8es


simb0licas, como $imos no e4emplo descrito anteriormente2 Os persona*ens
e4tremamente cru%is atuados pela criança psic0tica esto em correspond9ncia
com um supere*o primiti$o de características terrorí)icas e s6dicas, o qual,
se*undo Melanie lein, % um dos )atores b6sicos do transtorno psic0tico2
>oncomitantemente, encontramo5nos )rente a um e*o desor*anizado, cu/os
mecanismos de de)esa primiti$os so a identi)icaço pro/eti$a maciça e o
splittin*2

Outros elementos si*ni)icati$os costumam ser a perse$erança ou estereotipia


na conduta $erbal e pr%2$erbal, ainda que no se/am características e4clusi$as
do brincar de quadros psic0ticos, mas que se apresentem tamb%m em
or*Bnicos ou em neuroses *ra$es2

So )reqentes as or*anizaç8es ori*inais, os neolo*ismos, as atitudes bizarras


e as di)iculdades de adequaço 1 realidade, tolerBncia 1 )rustraço e
aprendiza*em2
>om relaço ao pro*n0stico, % importante considerar no desen$ol$imento da
hora de /o*o dia*n0stica os elementos que impliquem uma possibilidade de
cone4o com o psic0lo*o eDou com o ob/eto intermedi6rio2

O )rincar da criança neurótica

Obser$amos, em *eral, a possibilidade de e4presso l3dica com


reconhecimento parcial da realidade, 6reas li$res de con)lito coe4istentes com
escotomas que encobrem situaç8es con)liti$as2

A *ama e a $ariaço dos con)litos a ní$el neur0tico so muito amplas@ portanto,
descre$eremos um per)il comum que nos permita caracterizar o brincar da
criança neur0tica2

Encontramos, di)erentemente do que acontece com a criança psic0tica, a


capacidade simb0lica desen$ol$ida, o que lhe possibilita a e4presso de seus
con)litos no ;como se< da situaço l3dica, sendo capaz de discriminar e de
e$idenciar um melhor inter/o*o entre )antasia e realidade, assim como as
alteraç8es si*ni)icati$as em 6reas especí)icas2 C importante, portanto, le$ar em
conta o *rau e a qualidade da comunicaço com o psic0lo*o e com os
brinquedos, mani)estados atra$%s do deslocamento de seu mundo interno2

A dinBmica do con)lito neur0tico se d6 entre os impulsos e sua relaço com a


realidade2 Jtiliza, ento, uma s%rie de condutas de)ensi$as que resultam num
empobrecimento e*0ico, cu/as características dependero das 6reas a)etadas2
O quadro noso*r6)ico % determinado, por seu lado, pela predominBncia de
certos tipos de de)esas2

7estas crianças h6, pois, uma adequaço relati$a 1 realidade, cu/o *rau
depende dos termos do con)lito@ h6 uma tentati$a de satis)azer o princípio de
prazer que, por seu lado, *era culpa no tolerada pelo e*o, que desloca o
impulso para ob/etos substituti$os a)astados do ori*inal2

Este deslocamento, a ser$iço da represso, pro$oca um círculo $icioso pelo


qual no se conse*ue a satis)aço e de$e5se recorrer a no$os deslocamentos
que, mais uma $ez, e$idenciam o con)lito2

Heste modo, $9em5se limitadas a capacidade de aprendiza*em e as


possibilidades criati$as que dependem de uma síntese e*0ica adequada2

Outra característica dia*n0stica % o bai4o limiar de tolerBncia 1 )rustraço ou a


superadaptaço em certas 6reas, que so, ambas, mani)estaç8es da )raqueza
e*0ica do neur0tico que est6 em íntima relaço com as características se$eras
de seu supere*o e os termos do con)lito2

Estas crianças dramatizam persona*ens mais pr04imos aos modelos reais,


com menos car*a de onipot9ncia e maldade2

O )rincar da criança nor!a


He$emos le$ar em conta que a hora de /o*o dia*n0stica est6 incluída dentro do
processo psicodia*n0stico total, e % muito importante detectar as di)erentes
respostas da criança )rente a situaç8es que $o desde a *rande
desestruturaço dada pelas instruç8es da hora de /o*o, at% situaç8es mais
diri*idas do resto do processo2

A comparaço dos di)erentes momentos nos permitir6 estabelecer di)erenças


dia*n0sticas e pro*n0sticas2

PS>XT>A 7EJ#XT>A 7O#MAL


AHEIJAYZO V >arece de adequaço por )alta #econhecimento Foa capacidade de
#EALHAHE de discrminiaço da realidade parcial@ escotomas adaptaço2
em )unço do
con)lito2
ES>OL[A HE #esponde a uma Heterminada pela Em )unço de
F#7IJEHOS E HE intencionalidade de 6rea con)liti$a2 necessidades e
F#7>AHE#AS estruturaço psic0tica2 interesses pr0prios da
idade2
>APA>HAHE Equaço simb0lica2 Atuaço >ompulso 1 Possibilidade de
SMFXL>A direta nas )antasias2 repetiço2 e4pressar as )antasias
atra$%s da ati$idade
simb0lica com maior
riqueza2
MOHALHAHE HE Estereotipoia \ perse$erança \ AlternBncia em #ico \ )luído \ pl6stico2
F#7>AHE#AS ri*idez \ etc2 )unço das de)esas
predominantes2
MOT#>HAHE Mo$imentos ou *estos ?ari6$el2 Adequada2
bizarros2 Mudanças bruscas
sem relaço com o conte4to2
nibiço \ autismo2
>#AT?HAHE 7o e4iste como possibilidade Himinuída@ depende Foa, em )unço de sua
e*0ica2 Produço ori*inal2 do *rau de síntese liberdade interna2
e*0ica2
PE#SO7!>AYZO Persona*ens cru%is e Persona*ens mais Maior )luidez2
terrorí)icos com *rande car*a pr04imos 1 Possibilidade de trocar
de onipot9ncia2 realidade, mais pap%is2 Assumir e
discriminaço que o desi*nar2
psic0tico2 #i*idez
na atribuiço de
pap%is2
TOLE#]7>A V Predomina o princípio do Fai4o limiar@ ou >apacidade de tolerar,
!#JST#AYZO prazer2 Mínima2 superadaptaço2 modi)icaço da
realidade sem
submetimento2

Procuramos, nos di)erentes indicadores, )undamentar parBmetros apro4imados


de uma conduta adaptati$a2

E )undamental ter em mente que o con)lito no % sinnimo de doença@ em cada


período e$oluti$o, a criança atra$essa situaç8es con)liti$as inerentes a seu
desen$ol$imento

O equilíbrio estrutural permite 1 criança normal a superaço destes con)litos e


permite que ela saia enriquecida, isto %, a situaço con)liti$a opera como motor
e no como inibidor do desen$ol$imento2

A con)iança em suas possibilidades e*0icas e um supere*o ben%$olo tornam


possí$el atra$essar estas situaç8es de crise que sup8em a elaboraço das
perdas e no$as aquisiç8es pr0prias do crescimento2

A liberdade interna o)erecida pelo equilíbrio 0timo entre )antasia e realidade,


suas possibilidades criati$as e, portanto, reparat0rias, enriquecem5na
permanentemente, permitindo5lhe aprender da e4peri9ncia2

Iuanto 1 personi)icaço no brincar, os modelos atuais apro4imam5se dos


ob/etos reais representados, a criança d6 li$re curso 1 )antasia, atribuindo e
assumindo di)erentes pap%is na situaço de $ínculo com o psic0lo*o,
ampliando as possibilidades comunicati$as2

A hora de /o*o dia*n0stica de uma criança pode apresentar momentos


alternantes com di)erentes qualidades ou características2 Ha normalidade 1
psicose, passando pela neurose, estabelece5se um continuum, dentro do qual
estes matizes estabelecem as di)erenças quantitati$as e qualitati$as2

Fiblio*ra)ia
Aberastur^, A2, Teoria ^ t%cnica dei psicoan6lisis de ni_os2 Fuenos Aires, Paid0s, &'NK2
Allen, !rederic. [2, Psicoterapia in)antil2 Fuenos Aires, Paid0s, &'(
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la !ac2 de !iloso)ia ^ Letras=
Gessell e Amatruda, Hia*n0stico ^ desarrollo normal ^ anormal del ni_o2 Fuenos Aires, Paid0s,
&'N'
anner, Leo,Psquiatría in)antil2 Fuenos Aires, Paid0s, &'NN2
lein, M2, Ei psicoandlisis de nihos2 Fuenos Aiies, Paid0s, &'N&
````````,#elato del psicoanalisis de un ni_o2 Fuenos Aires, Paid0s, &'N&2
lein, M2 e outros, 7ue$as direcciones e n psicoanalisis2 Fuenos Aires, Paid0s, &'N(2
lein, M2, )dem, cap2 & ;La t%cnica psicoanalitica del /ue*o su historia ^ su si*ni)icado<
[eimann, P2, dem, cap2 ? ;Al*unas )unciones de intro ^ecci0n ^ pro^ecci0n de Edipo2 Las
etapas tempranas<
Munro, L2, dem, cap2 ? ;Pasos en la inte*racion del ^o obser$ador en un an6lisis de /ue*o<2
#odri*u%, E2, dem, cap2 ? ;El an6lisis de un esquizo)r%nico de tres a_os com mutismo<2
iein, M2, dem, cap2 W ;Sobre la identi)icaci0n<2
lein, M2, >ontribuciones al psicoan6lisis2 Fuenos Aires, Paid0s, &'N(2
````````,dem, ;La personi)icaci0n en el /ue*o de los ni_os<2
````````,dem, ;La importancia de la )ormaci0n de simbolos en el desarrollo del ^o<, &'U2
````````,,dem, ;El comple/o de Edipo a la luz de las ansiedades tempranas<, &'(2
lein, M2 e outros, Hesarrollos en psicoan6lisis2 Fuenos Aires, Paid0s, &'(2
saac, S2, dem, cap2  ;7aturaleza ^ )unci0n de la )antasia<2
[eimann, P2, dem, cap2 ? ;Al*unas )unciones de intro ^ecci0n ^ pro^ecci0n de la temprana
in)ancia<2
lein, M2, dem, cap2 ? ;Al*unas conclusiones te0ricas sobre la $ida emocional del lactante<2
````````,dem, cap2 W ;7ota sobre ai*unos mecanismos esquizoides<2
Laplanche e Pontalis, ?ocabulaire de a ps^chanal^se2 Paris, P2J2!2 :[6 $erso portu*uesa
?ocabul6rio da Psican6lise2 (2 Paulo, Mastins !ontes2=
Liberman, Ha$id, La comunicaci0n en terap9utica psicoanahtica2 Fuenos Aires, Pudeba, &'NK2
Pa$lo$s.^, Eduardo, Psicoterapia de la ni)lez ^ la adolescencia2
Pia*et, Rean, Psicolo*ia dela inteli*encia2 Fuenos Aires, Psique, &'((
``````,La )ormacion del símbolo en el nJlo2 M%4ico, !2>2E2, &'N& dem, cap2 ? ;El nacimiento
del /ue*o<
``````,dem, cap2 ? ;La classi)icaci0n de los /ue*os ^ su e$oluci0n a partir de la aparici0n dei
len*ua/e<
```````,dem, cap2 ? ;La e4plicaci0n del /ue*o<
``````,dem, cap2 ? ;El simbolismo secundario del /ue*o, el sue_o ^ el simbolismo
inconsciente<
``````,dem, cap2 ? ;Ei paso de los esquemas sensorio5motores a los esquemas
conceptuales<
``````,dem, cap2 W ;He las cate*orias pr6cticas a las cate*orias representati$as<2
#abin e [ar"orth, T%cnicas pro^ecti$as para ni_os2 Fuenos Aires, Paid0s, &'N(2
#odri*u%, E2 e #odri*u% G2 de2, El conte4to del proceso psicoanalitico2 Fuenos Aires, Paid0s2
``````,,dem, cap2 ? ;La naturaleza ^ )unci0n de los simbolos<
``````,dem, cap2 ? ;Sobre la )ormulaci0n de la interpretaci0n<
``````,dem, cap2 ? ;Ei ca/0n de /u*uetes del ni_o ^ el ca/0n de )antasia del adulto<
``````,,dem, cap2 ? ;La interpretaci0n l3dica una actitud hacia el /ue*o<2
/. Por u! !odeo estrutura da hora de jogo diagnóstica 01

Analia ornblit

Hurante o nosso trabalho com crianças na equipe do >entro de Salud Mental


72 & de la Municipalidad de Fuenos Aires, pudemos detectar as di)iculdades
que m%dicos e psic0lo*os, que se esto iniciando na especialidade, en)rentam
para entender a hora de /o*o de uma criança2 Paralelamente, obser$amos
tamb%m que as pessoas de mais e4peri9ncia tinham di)iculdades para
transmitir seus conhecimentos sobre a )orma de interpretar o material na hora
de /o*o2 !rente a uma mesma sesso dia*n0stica, pessoas com certo
conhecimento che*a$am a conclus8es semelhantes, mas era5lhes di)ícil
sistematizar os caminhos pelos quais ha$iam che*ado a essas conclus8es,
precisamente aquilo que os pro)issionais com menos e4peri9ncia dese/a$am
aprender2 >om base nestas consideraç8es, decidimos )ormar uma equipe de
trabalho para tentar or*anizar certos elementos de an6lise da hora de /o*o2
>om tal )inalidade estudamos quinze pacientes entre seis e onze anos, sobre
os quais reunimos o se*uinte material

&= hist0ria clínica le$antada com os pais


K= hora de /o*o
= desiderati$o
= [2T2P2

He acordo com o modelo usado no ser$iço, o psic0lo*o le$anta$a a hist0ria


clínica, realiza$a a hora de /o*o numa sesso e os testes em outra2

Jtilizamos em todos os casos o mesmo material de /o*o, que consistia numa


cai4a com os elementos empre*ados tradicionalmente para dia*n0stico2

O ideal teria sido que todos os casos ti$essem sido entre$istados pelo mesmo
psic0lo*o2 sto no )oi possí$el, mas tentamos reduzir ao m64imo a $ari6$el
pessoal, estabelecendo instruç8es comuns, pautando a conduta a ser se*uida
pelo entre$istador durante a hora de /o*o, tomando precauç8es para que tanto
sua localizaço como a do material )osse a mesma, etc2

O re*istro de cada hora de /o*o era apresentado depois, numa reunio da


equipe de trabalho, na qual o entre$istador dizia somente o se4o e a idade do
paciente, passando a relatar a hora de /o*o e as sensaç8es
contratrans)erencias que o material lhe despertara2 Iualquer outra in)ormaço
era adiada at% a leitura da hist0ria clínica2

Hepois de analisada a hora de /o*o e tirada uma concluso dia*n0stica


pro$is0ria a respeito do paciente, apresenta$am5se os testes2 >omparados
ambos os materiais, líamos a hist0ria clínica e consider6$amos em que medida
1 A parte clinica do trabalho, e a an6lise e elaboraço do mate rial contaram com a colaboraço
da Hra2 sabel Farreiro, as psic0lo*as Ferta de Faza, M1rta Fenders.^ e >ecina H2 de Schere,
e a Hra2 Sil$ia #asco$s.^2 7uma parte do trabalho acompanhou5nos tamb%m a psic0lo*a Maria
>ristina !oscarini2 A in$esti*aço realizou5se como parte da tare)a de in$esti*aço da equipe
que trabalha com crianças do centro de Salud Mental 72 & dela Municipalidad de Fuenos Aires
os dados hist0ricos esta$am relacionados com o dia*n0stico estrutural2

Hos testes aplicados, tomamos especialmente o desiderati$o como crit%rio de


$alidaço, porque consideramos que % o teste que mais se apro4ima da
dramatizaço da estrutura e do con)lito psicol0*icos que se atin*e com a hora
de /o*o2

Apesar de e4i*ir um *rau maior de simbolizaço, no desiderati$o tamb%m se


dramatiza, ;brinca5se<, de modo mais claro que nos outros testes pro/eti$os,
tanto com os con)litos como com as de)esas que a criança desen$ol$e )rente a
eles2 7este sentido, pensamos que o teste a$alia os mesmos aspectos que
sobressaem na hora de /o*o, enquanto que o [2T2P2, por e4emplo, mede, al%m
disso, outros aspectos :identidade se4ual, ní$el intelectual, etc2=2 Portanto,
tomamos o material do [2T2P2 como complemento do material dado pela hora
de /o*o e pelo desiderati$o, e comparamos entre si o que os dois 3ltimos
e$idenciam2

7este sentido, encontramos um dado interessante :que desen$ol$eremos


depois= ocorrem seq9ncias semelhantes na hora de /o*o e no desiderati$o2
7as ;neuroses< em que a ansiedade no in$ade a criança inibindo suas
possibilidades de dramatizaço, se*uem esta ordem

&= de)esas mais habituais


K= con)litos atuais mais importantes@
= de)esas )rente a eles, ou o *rau em que tais con)litos in$adem o e*o2

7a maioria dos casos, as conclus8es da hora de /o*o coincidiam amplamente


com as do desiderati$o, eram completadas pelo [2T2P2 e compreendidas
e$oluti$amente com base nos dados da hist0ria clínica2

Em muitos casos )ormul6$amos hip0teses, a partir da hora de /o*o, sobre


al*umas características possí$eis do mundo e4terno e da hist0ria e$oluti$a do
paciente que eram depois corroboradas pela leitura da hist0ria clínica2 Apesar
disto no implicar nenhuma descoberta, )oi de muita utilidade para n0s, para
podermos con)iar em nossa capacidade de compreenso e na preciso da hora
de /o*o como instrumento dia*n0stico2

Adotar uma ordem in$ersa da que normalmente se se*ue no dia*n0stico


in)antil para o estudo do material )oi um importante e4ercício clínico
para n0s2 Permitiu5nos compro$ar que

&= Jma an6lise detalhada da hora de /o*o, ainda que prescindindo de outro
material, ou 1s ce*as, permite

a= conceituar o principal con)lito atual do paciente@


b= e$idenciar suas principais t%cnicas de de)esa )rente 1 ansiedade e a
quantidade da mesma@
c= a$aliar o tipo de rapport que a criança pode estabelecer com um possí$el
)uturo terapeuta e o tipo de ansiedades que pode despertar nele
contratrans)erencialmente@
d= tornar mani)esta a )antasia de doença e de cura do paciente e,
concomitantemente, a )antasia sobre o pr0prio tratamento2
K= Os testes psicol0*icos, em especial os *r6)icos, proporcionam material a
respeito

a= do *rau d estruturaço e*0ica que, apesar de se mani)estar atra$%s da hora


de /o*o, cremos que aparece mais sistematizadamente nos testes@
b= dos indicadores do pro*n0stico do paciente, na medida em que hierarquizam
6reas de con)lito e 6reas preser$adas, o que possibilita estabelecer uma
estrat%*ia terap9utica2

= Os dados da hist0ria clínica permitem

a= a$aliar tamb%m o *rau de compromisso e*0ico no con)lito@ o pro*n0stico da


terapia, quanto 1 atitude dos pais )rente ao tratamento2
c= a medida em que a doença da criança % e4presso de con)litos )amiliares e
sua possí$el redistribuiço em )unço da terapia, assim como o *rau em que
estas mudanças podero ser toleradas2

Crit2rios de an&ise da hora de jogo

Iuando começamos o trabalho, nossa orientaço em relaço 1 interpretaço


do material era, com maior ou menor quantidade de erros, com maior ou menor
riqueza, a que habitualmente se empre*a na psican6lise de crianças, tal como
$em se desen$ol$endo em nosso meio, com base, )undamentalmente, no
marco te0rico dado por M2 lein e A2 Aberastur^2

Apesar de que nin*u%m poderia colocar em d3$ida a pro)undidade desta2


contribuiç8es na compreenso da dinBmica psicol0*ica in)antil, obser$amos
que, muitas $ezes, caíamos no erro de tornar mani)estos os con)litos latentes
da criança, suas ansiedades e de)esas, de um modo tal que se torna$a di)ícil
detectar o *rau de en)ermidade, os pontos de ur*9ncia e os d%)icits especí)icos
de cada paciente2 >uriosamente, nossas crianças )ica$am muito parecidas, de
acordo com nossos in)ormes2

sto, por outro lado, % essencialmente $erdadeiro se recordamos que as


situaç8es b6sicas de ansiedade, o con)lito edipiano e os mecanismos de
de)esa constituem os elementos uni$ersais da con)i*uraço sa3de5doença2

>omo, *eralmente, nossas apreciaç8es sobre dinBmica psicol0*ica pro)unda


da criança coincidiam e trabalh6$amos com base em conhecimentos comuns,
resol$emos tentar um outro en)oque da hora de /o*o que, sem nos a)astar de
nossa )orma habitual de compreenso, permitisse5nos cate*oriz65la de modo a
ter uma $iso *lobal e di)erente de cada paciente e tornar possí$el sua
comparaço com os demais2

Para isto decidimos retroceder a uma perspecti$a )enomenol0*ica, res*atando


tamb%m os elementos do senso comum que, muitas $ezes, se
perdem na an6lise se*mentar de si*ni)icados2

Pensamos, assim, que poderíamos entender a hora de /o*o como uma hist0ria
ar*umental da criança, )abricada em resposta a uma situaço de estímulo :em
parte estruturada e em parte no=, a$aliando, ento, o modo como ela se inclui
em tal situaço2
Embora isto possa parecer 0b$io, permitiu5nos le$ar em consideraço aspectos
que muitas $ezes esquecíamos, preocupados, como est6$amos, em in)erir
conte3dos inconscientes atra$%s do uso do material de /o*o2 ncluímos, assim,
indicadores que chamamos ;)ormais<, em oposiço aos indicadores ;de
conte3do<2 Al*uns destes indicadores eram a )orma de abordar os brinquedos,
a atitude no começo e no )inal da hora de /o*o, como se localiza no consult0rio,
a atitude corporal, a utilizaço do espaço :deslocamentos da criança e dos
brinquedos=, etc2

Estes dados nos deram uma ima*em da criança que complementa$a a


interpretaço da ati$idade l3dica em si2 >ontudo, no dei4a$am de ser um
complemento 1 linha central de interpretaço, que continua$a sendo a an6lise
das )antasias inconscientes, a partir da ati$idade l3dica2

Hemo5nos conta, ento, de que, embora as )antasias inconscientes 3ltimas


se/am uni$ersais, est6$amos tomando tamb%m os brinquedos como
si*ni)icantes uni$ersais, isto %, que tínhamos como certo que as crianças
coloca$am em /o*o mecanismos de identi)icaço pro/eti$a tomando como
substrato da pro/eço ob/etos que, para n0s, de$iam constituir uma base
adequada para a pro/eço de determinada ima*o, e no outra2 Por e4emplo
$aca i*ual a )i*ura materna, leo i*ual a )i*ura paterna a*ressi$a, boneco i*ual
a nen%2 Em certas ocasi8es, era tal o condicionamento que, ao re*istrar uma
hora de /o*o, os persona*ens /6 eram $ertidos no c0di*o do entre$istador@ e
assim, colocar o nen%m ao lado da me era a e4presso usada para denotar
que a criança tinha posto o boneco ao lado da $aca2

Aqui, o senso comum nos chamou 1 re)le4o quanto aos si*ni)icados distintos
que a pr0pria situaço da hora de /o*o poderia ter :para uma criança muito
pobre era, tal$ez, um ;o)erecimento< de brinquedos, aos quais depois,
supostamente, atribuía um conte3do latente=2

7osso pr04imo passo )oi pensar que uma $ariaço )rente 1 an6lise do que a
criança )az era pensar no que dei4a de )azer2 Esta % a posiço estruturalista
que a)irma que um elemento de um sistema adquire si*ni)icado em )unço do
resto dos elementos que comp8em esse sistema, e que ; as relaç8es de)inem
os termos<:K=@ e mais ainda, se*undo Laplanche e Leclaire, ;se o si*ni)icante
remete ao si*ni)icado no % seno pela mediaço do con/unto do sistema
si*ni)icante2 7o h6 si*ni)icante al*um que no remeta 1 aus9ncia dos outros e
que no se de)ina pela sua posiço no sistema<: =

Se*uindo este modelo, tentamos analisar a hora de /o*o sob um ponto de $ista
semiol0*ico, ou se/a, atendendo mais 1s )ormas si*ni)icantes do que 1
semBntica, no tocante ao estudo dos si*ni)icados :neste caso, )antasias
inconscientes=2

7a an6lise da relaço si*ni)icante :brinquedos=2si*ni)icado :)antasia


2!a*%s,R2 F2, Para comprender el estructuralismo2 Fuenos Aires, Galerna,
&'N, p2 &K2
3 Laplanche, R2 e Leclaire, (2, ;El inconsciente un estudio psicoanalítico<2 n El inconsciente
)reudiano ^ elpsicoaniisis)ranc%s contempor6neo2 Fuenos Aires, 7ue$a ?ision, p2 (2
inconsciente=, cometeu5se o erro de atribuir aos si*ni)icantes o mesmo car6ter
que aos si*nos da lín*ua2 He Saussure di)erencia a lín*ua da )ala, sendo que a
lín*ua % o aspecto social da lin*ua*em, resultado de con$enç8es
compartilhadas, que )azem dela um c0di*o2 A )ala, por outro lado, % a )unço
pessoal da lin*ua*em, onde cada su/eito seleciona seu pr0prio modo de
e4presso, combinando pala$ras e )rases do sistema lin*ístico, que o)erece
alternati$as di)erentes para e4pressar o mesmo si*ni)icado2

Pode5se pensar que h6 lín*ua na lin*ua*em do brincar, assim como na do


sonho E$identemente, h6 )ala, na medida em que se transmitem mensa*ens@
mas o c0di*o de sinais no deri$a de con$enç8es, e sim de um mundo interno
nutrido de si*ni)icados uni$ersais :na medida em que assumimos que as
proto)antasias t9m um substrato biol0*ico=@ por isso, atribuir a um ato do brincar
o mesmo $alor si*ni)icante que 1 pala$ra )alada pode le$ar a um reducionismo
que atente contra a riqueza da compreenso e sobreponha um c0di*o a uma
mensa*em que no )oi emitida nesse mesmo c0di*o2 Jm e4emplo *rosseiro
pode5se atribuir a um choque de dois carrinhos que a criança pro$oca quando
brinca o mesmo $alor como si*ni)icante que 1 e4presso ;mame e papai t9m
relaç8es se4uais<

O brincar seria uma lin*ua*em sem lín*ua em que cada dramatizaço pode
remeter a $6rios si*ni)icados, mas os elementos desta li n*ua*em em si no
remetem a si*ni)icados2 O leo no ser6, necessariamente, pai mau@ denotar6,
em primeiro lu*ar, outro si*ni)icado :por e4emplo, posso pe*ar esse animal de
brinquedo e simbolizar com ele um aspecto do que est6 acontecendo comi*o=,
ou mais bre$emente pode simbolizar, ao mesmo tempo, que pode conotar o
arqu%tipo pai mau ou outro2

7ossa impresso % de que, muitas $ezes, dei4a5se de lado o denotado,


analisando5se, e4clusi$amente, o conotado, que % tomado como aquilo a que o
si*ni)icante remete de um modo )i4o2 sto implica uma atitude de ;traduço
simultBnea<, em que determinados momentos adquirem especial importBncia
por seu simbolismo2

Mas e4iste outro modelo de an6lise, ao qual Laplanche e Leclaire chamam


;atitude de atenço li$remente )lutuante<, que ;no pri $ile*ia nenhum conte3do,
pri$ile*ia a todos, e considera o con/unto do discurso como um te4to suscetí$el
de ser traduzido para a lin*ua*em inconsciente<: =2

Por outro lado, o brincar % uma lin*ua*em na qual, como diz !a*%s, ;as
ima*ens esto coladas a seu si*ni)icado<, e ;para encontrar os poderes de
si*ni)icaço e de interpretaço222 de$em desen$ol$er a ní$el do discurso o que
lhes )alta a ní$el das estruturas elementares<: (=

7a hora de /o*o o ;discurso< % dado pela seq9ncia das brincadeiras, que )oi,
precisamente, o que tentamos abordar se*mentando a conduta da criança
durante a sesso em unidades2

4 dem2 p2 KK5
5 !a*%s, op2 cit2, p2 &K&2
>ate*orizamos como unidade de /o*o toda a conduta da criança que permita
que a si*ni)icaço apareça, desde um *esto at% Jm ato comple4o em que se
usam di)erentes elementos, mas para emitir uma mensa*em 3nica, por
e4emplo, construir uma casa2

A importBncia da an6lise das seq9ncias aparece assinalada, se bem que em


outro conte4to, na obra de Lacan, para quem a unidade de si*ni)icaço adquire
sentido em relaço 1 cadeia de si*ni)icantes ;Os si*ni)icantes de$em ser
considerados como se esti$essem articulados<2 ;E4iste uma coer9ncia te0rica
do con/unto como con/unto e tamb%m a articulaço % si*ni)icante2<: N=

O si*ni)icante da articulaço entre o que chamamos de unidades de /o*o % o


tipo de ati$idade que % suscitada pela ati$idade anterior2 Assim, por e4emplo, o
)ato de que depois de ha$er ras*ado um boneco a criança arrume o material
e4pressaria que a primeira ati$idade e$ocou uma ansiedade que se traduziu na
ati$idade de arrumar, como de)esa )rente a ela2 Portanto, pensamos que os
elementos cate*oriz6$eis na hora de /o*o, se*undo esta perspecti$a, so,
)undamentalmente

&= condutas que re$elam um ;ar*umento< psicol0*ico, isto %, que dramatizam


)antasias@
K= condutas que mani)estam mecanismos de)ensi$os )rente 1 ansiedade
pro$ocada pela emer*9ncia de )antasias2

Jsamos o termo )antasia, em seu sentido mais amplo, como aquilo que a
criança e4pressa mediante o brincar, coisa que ocorre toda $ez que aquilo que
a criança )az e$oca, no entre$istador, uma representaço mental
correspondente a um conte3do inconsciente2 Por e4emplo, se a criança brinca
de dar de comer aos animais, e$oca no psic0lo*o a situaço b6sica de
alimentaço na dupla me5criança2 Se, por outro lado, pe*a os brinquedos e os
lar*a em se*uida, sem armar nenhuma brincadeira com eles, est6 indicando
que so)re uma inibiço de sua )antasia, uma de)esa )rente 1 ansiedade que
aquilo que reprime lhe e$oca2

>onseqentemente, o que tomamos como si*ni)icados aos quais remetemos


os si*ni)icantes no so conte3dos inconscientes, mas sim o que a criança )az
com eles2

>om relaço a isso, podem apresentar5se as se*uintes possibilidades

&= mostra5os dramatizando5os atra$%s do brincar


K= mostra mecanismos de)ensi$os )rente a esses conte3dos inconscientes, do
tipo de

a= inibiço paralisaço da ati$idade@


b= controle arruma, toca nos brinquedos ou em outros ob/etos@
c= con$erso morde os l6bios, retorce as mos, etc2

#e*istramos, pois, para cada criança, as seq9ncias de )antasias e de)esas, tal

6 Palmier,R2 M2, R2 Lacan, lo simb0lico ^ lo ima*in6rio2 Fuenos Alres, Proteo, &'&, p (2
como )oram caracterizadas2

>onsideramos tamb%m como indicadores

&= o n3mero total de unidades de /o*o@


K= o ritmo das seq9ncias@
= o n3mero do que chamamos subsistemas dentro do sistema total da hora de
/o*o, seq9ncias em que mant%m um mesmo sentido :por e4emplo, amassar e
)azer, com a massa, ob/etos relacionados entre si, seria um subsistema
separado de outro, em que a criança constr0i uma torre com cubos=@
= o *rau em que a ansiedade transborda das medidas de)ensi$as e se
mani)esta abertamente :por e4emplo, crises de choro=@
(= a perse$erança nas unidades de /o*o@
N= o momento de aparecimento no decorrer da sesso do que chamamos de
;clima4<, isto %, a mensa*em que aparece como pri$ile*iada no conte4to do
discurso, pela sua maior dramaticidade :por e4emplo, um animal % atropelado
por um carro=@
= a possibilidade da criança lidar com os tipos de elementos que esto 1 sua
disposiço, que chamamos ;)i*urati$os< :os animais, bonecos, etc2= e ;no5
)i*urati$os< :massa, cubos, material de desenho=2 #e*istramos tamb%m o tipo
de elemento utilizado primeiro@
= a quantidade de material empre*ada pela criança :usa5o todo, s0 uma parte,
s0 um ob/eto=@
'= a quantidade de elementos que utiliza em cada unidade de /o*o2

Passaremos a*ora a enunciar certas proposiç8es *erais a que che*amos


atra$%s da an6lise dos quinze casos estudados com base na consideraço dos
indicadores e4postos acima2 Iueremos assinalar que no consideramos este
trabalho e4cludente em relaço 1 interpretaço habitual da hora de /o*o, mas
sim que pode constituir outra $ia de acesso ao dia*n0stico psicol0*ico in)antil2

As pautas que encontramos na an6lise comparati$a destes quinze casos no


pretendem ser *eneralizaç8es compro$adas, pois necessitaríamos para isso de
um n3mero muito maior de casos@ so hip0teses de trabalho sobre a
interpretaço da hora de /o*o dia*n0stica2

&= O n3mero m%dio total de unidades de /o*o oscila entre &U e &(, para uma
sesso de trinta minutos2
O n3mero total de unidades parece estar associado ao ní$el mental, idade e
quantidade de ansiedade2
K= O clima4 no )inal da sesso, e sobretudo na 3ltima unidade, indica que a
ansiedade ameaça in$adir o e*o porque no pode ser bem manipulada nem
controlada por de)esas e)icazes2 Se o clima4 aparece na metade da hora, ou
depois :raramente pode se apresentar antes=, in)erimos que a criança tem certa
capacidade de elaboraço )rente 1 emer*9ncia de conte3dos psíquicos
e$ocadores de ansiedade2

O clima4, como mani)estaço de uma )antasia, implica a possibilidade de


simbolizar, atra$%s dela, a ansiedade2 Iuando a ansiedade bombardeia muito
intensamente o e*o, este no pode mediatizar atra$%s da simbolizaço, e o
clima4 % a e4presso da pr0pria ansiedade :choro, por e4emplo=2
7uma hora de /o*o puramente de)ensi$a, o clima4 pode no aparecer, pois %,
precisamente, aquilo de que a criança est6 se de)endendo, de uma )orma, ao
que parece, bem5sucedida2 7o obstante, isso implica um s%rio *rau de
empobrecimento2
= As seq9ncias de unidades mani)estam a modalidade da criança quanto 1
e4presso e manipulaço de seus con)litos2 Em *eral, ainda que com
conte3dos di)erentes, ou com ní$eis di)erentes de brincadeiras, encontramos
repetiço de seq9ncias2 :Por e4emplo, um menino brinca com elementos
)i*urati$os e, depois, passa a usar massa ou papel e l6pis, repetindo com os
3ltimos elementos o tipo de seq9ncia dada no primeiro ní$el de ati$idade@ isto
nos esclarece sobre pautas de sua estrutura psíquica2=
Seq9ncias curtas :por e4emplo, )antasia se*uida de de)esa, e lo*o uma
repetiço desta pauta= so indicadores de um alto *rau de ansiedade, /6 que a
de)esa sur*e imediatamente )rente 1 e4presso de uma )antasia, para e$itar a
emer*9ncia de conte3dos psíquicos ansi0*enos2 Seq9ncias mais lon*as :do
tipo !5!5!5!5!5H, etc2= implicam uma maior liberdade na simbolizaço do
conte3do inconsciente, menor necessidade de represso2
= A repetiço das unidades de /o*o quanto ao conte3do da )antasia pode
indicar uma tentati$a de elaboraço de um )ato traum6tico2 Obser$amos que
um elemento traum6tico real na hist0ria do paciente se e4pressa pela
emer*9ncia precoce da )antasia na hora de /o*o e sua repetiço perse$erante
(= A quantidade de subsistemas % um indicador da capacidade de simbolizaço
da criança2 Em todos os casos interpretamos como sendo de bom pro*n0stico
a possibilidade de passar de um subsistema a outro, na medida em que implica
uma estereotipia menor e uma maior capacidade de sublimaço2 Pensamos o
mesmo a respeito da mudança no empre*o do material passa*em do
)i*urati$o ao no5)i*urati$o :seq9ncia muito comum=, na medida em que se
trata de um material que requer maior capacidade de abstraço2 Seria,
especi)icamente, um )ator a ser le$ado em conta para a indicaço de
psicoterapia bre$e2
N= A quantidade de material usado pela criança mani)esta tamb%m o *rau de
abertura que ela pode se permitir em relaço a seus con)litos2 E4iste, em *eral,
um paralelo entre o n3mero de )antasias que a criança pode e4pressar e a
quantidade de material que usa, que %, tamb%m, um índice de quanta
resist9ncia pode desen$ol$er na terapia2 O uso de um s0 ob/eto do material
alude a uma necessidade de autodelimitaço, pro$a$elmente como de)esa
)rente a uma ansiedade de tipo con)usional2
= Jma hora de /o*o composta somente de unidades de)ensi$as indica que
estamos em presença de uma caractereopatia ou de uma criança com
características borderline, que se de)ende de uma ansiedade psic0tica
in$asora2 A di)erença entre estes dois quadros to dessemelhantes pode ser
dada pelo clima4 :apa*ado ou ine4istente no caractereopata, intenso como
3ltima unidade no borderline=

= Jma hora de /o*o que se/a somente mani)estaço de )antasias, de acordo


com seu conte3do, pode ser a hora de /o*o de um psic0tico, no qual o
inconsciente no reconhece barreiras2 Outra característica da hora de /o*o do
psic0tico % o aparecimento de $6rios clíma4, enquanto que no neur0tico
aparece *eralmente um2
'= Jma unidade de /o*o que pode ser caracterizada simultaneamente como
)antasia e como de)esa :por e4emplo, a*rupar os brinquedos com um
determinado sentido= nos )az pensar numa conduta de tipo obsessi$o2
&U= Os elementos bizarros, se/a a ní$el de conte3do ou a ní$el de seq9ncias
:por e4emplo, uma )antasia que sur*e de repente numa lon*a seq9ncia de
de)esas=, aparecem )reqentemente em crianças com per$ers8es ou em

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