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Pré requisitos da Grafomotricidade

Beatriz Loureiro
junho/ 2020

• A atividade grafomotora é um meio de comunicação que se origina


do corpo e se exprime através dele.
• È a Psicomotricidade que compreende todo o campo expressiv o de
conhecimentos, de ação e de relação do corpo, englobando e
integrando toda a ativ idade grafomotora.
A grafomotricidade está estreitamente dependente de fatores
neuromotores que surgem em momentos diversos do desenvolvimento
do ser humano.

Alicerce Neuro-muscular
• São as leis céfalo-caudal e próximo-distal, que
permitem o controle dos músculos óculos-motores de
1 a 4 meses, dos músculos de equilibração da cabeça
dos 3 aos 5 meses, dos músculos do tronco, de 5 aos
10 meses entre outros.
• Da hipertonia dos membros à hipotonia do eixo do
corpo, assegurando a coordenação dos vários grupos
musculares: agonista com antagonista, flexores com
extensores, monoarticulados com pluriarticulados,
colocando em reação três funções motoras humanas
essenciais:
• Piramidal - movimento voluntário.
• Extrapiramidal - postura.
• Cerebelosa - equilíbrio.
Praxia e Grafomotricidade
• Praxia é bem mais do que coordenação. È a ação
inteligente, pensada e planejada, que envolve o
sistema executivo (3º neuro bloco Luriano), o sistema
límbico dos afetos e suas funções conativas (2º neuro
bloco) e o sistema motor (1º neuro bloco) e suas
funções cerebelares, todas estas íntegras e correlatas
para que a ação aconteça exata e harmônica.

O Sistema Psicomotor Humano funciona como uma


matriz para todas as aquisições práxicas
Humanas.

S IS T E M A P S IC O M O T O R H U M A N O

P RO G R AM A ÇÃ O c o gn itiv o de sp lani fic a ç .


PF PG l. fr o nt a l d is m e lo dia
3ª pr á x ic o
c ór t e x m ot or d is p rá x ia
P RO C E S S AM E NT O
l. t e m po r a l a s s o c ia t ivo dis gn o s ia s
NC EET
l. o c c ip ita l im a g é tic o d i s so m a to g n o .
2ª l. pa ri e ta l d es p er s o n a l i z.
s . lím bico p e r c e p tiv o
c . c a lo s o a m b ide x tr ia
L
A TE N Ç Ã O d esat en ção
p r o p ri o c e p ti vo
die nc é fa l o in s e g u ra nç a
m e s e n c é f a lo p o s tu r a l
E m e te n c é f a lo
d is d ia d o c o c in .

1ª s in cin és ia
c e r e b e lo v e s tib u la r pa ra to nia
t r. c e r e b r a l r et ic u la r d is to n ia
T m e du la d is s in e r g ia
v f /9 4 U N ID A D E S S IS T E M A S DI S F UN Ç Õ E S
1º requisito: Noção de Esquema e Imagem Corporal
A ideia de corpo e sua tomada de consciência vai
crescendo em progressão genética durante o
desenvolvimento do ser humano, integradas desde o
início aos complexos componentes que irá formá-la.

• O corpo se apresenta como uma dualidade simbiótica,


constituída por um espaço fechado em suas próprias
fronteiras físicas, mas contendo uma enorme e
crescente subjetividade.
• È também nesse mundo que se dará o conhecimento
de apropriação corporal. Para compreender esta
concepção, é de suma importância programar a
tomada da consciência corporal como ponto de
partida na educação, enfocando o corpo como centro
residencial do conhecimento “vivido”.
2º requisito: Noção de Espaço temporal
Existe uma noção de espaço corporal que nos é própria
como indivíduos. Esta é a primeira noção de espaço
que o ser humano adquire.
A partir dos estudos de (Wallon:1984), sabemos que o
corpo é o primeiro espaço vivido, o eixo e o centro de
todas as vivências, dando-lhe o caráter de espaço
subjetivo.

Entretanto ele é também uma entidade física, pois


o corpo possui volume e atributos individuais, que
despojados de seu conteúdo vivencial, convertem o
corpo em mais um objeto integrante do mundo e sua
relação. Ao construir a noção do próprio corpo, a
criança elabora a noção do espaço onde o corpo vive
e progressivamente a noção de tempo em que essa
vivência acontece, pois corpo, espaço e tempo ,
constituem uma tríade indissolúvel no transcorrer da
vida.
3º requisito: a lateralização.
• O corpo como nos aparece com sua estrutura de
volumes, suas próprias fronteiras, coordenadas e
eixos de direita e esquerda, se transforma e se
projeta em planos espaciais. Estes permitirão a
localização de suas partes e o estabelecimento das
relações espaço-corporais.

• As projeções fora do corpo irão permitir a


compreensão da organização e da ordem do espaço
objetivo circundante, assim como as localizações
proprioceptivas intero e extero gnósicas como:
• embaixo e em cima
• a frente e atrás
• perto e longe
• antes e depois
• De um lado e do outro
• a direita e a esquerda
Á partir da posição parada do corpo e de sua posição no espaço e
tempo, a linguagem evolui e integra todas estas designações.
A linguagem vai se constituir em evidências importantes dessas
constantes trocas que pontuarão os níveis evolutivos da
criança.
Assim, a linguagem grafomotora vai surgir e se estruturar.

Deve-se ter em conta, que a criança antes de aprender a escrever,


seja capaz de realizar todos os elementos da escrita.
Isto significa que como atividade gráfica, estão implicados fatores
biológicos e psíquicos.
No momento em que a criança começa a rabiscar, ela compreende que
o gesto feito sobre a folha de papel, deix a um traço do próprio corpo que
separado deste, permanece sobre os seus olhos, confirmando-se como

resultado permanente de sua própria motricidade em um espaço gráfico
delimitado pelo gesto.

È por isso que os aspectos afetivos e de auto estima, aparecem tão


v inculados ao ato gráfico.

“ È o meu corpo que está registrando tudo o que eu desejo ou não, e


não será a borracha que irá apagá-lo, será na minha memória corporal
que o registro permanecerá.”

A atividade grafomotora é uma função que permite traçar uma


mensagem de qualquer tipo em um espaço determinado, graças aos
mov imentos combinados do braço e da mão em conex ão com a
globalidade do corpo.

È o primeiro lugar de expressão da vida emotiva, cognitiva e de



relação: encontram-se nela, implicados ao mesmo tempo, elementos
motores, espaço-temporais e viso-cinéticos, alem do componente
afetivo-cognitivo e todos os elementos próprios da Psicomotricidade. *
Boscaini/2012
A organização do movimento gráfico está estritamente
relacionada com o desenvolvimento da motricidade geral, mas,
sobretudo com a dos membros superiores.

O controle progressivo dos movimentos do braço permite a


• criança desenvolver o próprio repertório gráfico e assim
reproduzir certas formas, que são a base tanto para o desenho,
quanto para a escrita.

O aparecimento progressivo dos traçados é a projeção do


movimento adquirido no espaço gráfico sobre a folha de papel, e
têm uma estreita relação com o movimento.

Para o homem e em particular para a criança, a expressão


grafomotora, constitui uma fonte de prazer, já que ela pode
expressar e realizar o seu mundo interno próprio com toda a
sua dinâmica pulsional em figurações imaginárias
escolhidas por ela mesma.

Níveis do ato grafomotor:

Todos os traçados ou segmentos são as conseqüências da projeção


sobre a folha do papel dos movimentos realizados que por
tipologia, são também chamados de movimentos de varredura ou de
limpeza.

•Nível Motor: traçados homolaterais - entre 15º a 21º meses


•Por volta dos 15 meses de idade a criança segura o lápis e reproduz os
seus primeiros traçados gráficos, representados por riscos retos que
partem do próprio eixo corporal.
Em alto-baixo determinado por mov imentos perpendiculares ao plano
da mesa.

Garatujas verticais 16 meses:


A criança é capaz de produzir um traçado, graças ao movimento de
rotação do braço em torno do ombro. Esta rotação, de acordo com o
eixo utilizado, horizontal ou vertical, permite diversificar as direções
dos traçados.
Garatujas horizontais e obliquas: 20 a 21 meses:
Esquerda-direita ou direita-esquerda determinados por um
movimento paralelo ao plano da mesa.

Garatujas circulares: (20 e 21 meses)


Progressiv amente, os dois movimentos de rotação do braço em
torno dos dois eixos do ombro se coordenam (movimentos
horizontais e v erticais) pelos quais vêm produzidos traçados que se
encurv am dando origem em ordem crescente a:
linhas e curv as engrossadas.

•curvas e duplas curvas (na forma de pêra e feijão) pelos quais os


pontos de retorno se anulam com elipses e traçados circulares.
Aos 24 meses, a maturação progressiv a em direção á parte distal do
membro superior, permite a combinação da rotação do pulso com a
flexão do polegar, tornando possível, uma estrutura gráfica em
miniatura, fragmentando assim o mov imento.Tem-se agora o anel ou
o ciclóide simples.Neste caso, o braço determina a direção, enquanto
a mão determina o sentido de rotação.

- Os entrelaces e os anéis: (2 anos)


Os gestos cruzados requerem uma flexão da mão sobre o pulso,
que levam assim, a própria mão em direção á metade do corpo, a
qual esta pertence.

Observa-se nesta fase, o primeiro mov imento de rotação do pulso


que vai substituindo a rotação do braço em torno do eixo horizontal
do ombro.
Ciclóides alongados: (27 meses)
À medida que o desenvolv imento prossegue, as formas gráficas se
complicam e por volta dos 27 meses, pode-se observ ar a ciclóide
alongada, resultado da coordenação dos dois movimentos adquiridos
anteriormente.

•o mov imento de origem distal, isto é, a rotação da mão em torno do


pulso que dá o sentido de rotação.

•o mov imento de origem proximal, isto é, a translação pelo qual o braço


age em torno do eixo vertical do ombro, determinando a direção.

Arabescos e híbridos: (dos 3 aos 4 anos)

A partir dos 3 anos de idade a ev olução dos traçados se manifesta


com figuras mais complexas, como os híbridos e os arabescos.

Aos 4 anos os movimentos requerem a capacidade motora mais


fina, com a criança sendo capaz de realizar movimentos
contínuos e com a curvaturas produzidas nos dois sentidos
opostos do papel. (vertical e horizontal) (esquerda e direita).
A expressão grafomotora:

o gesto gráfico é o traço da própria identidade, isto é, são traços de


sensações, emoções e representações, sejam estas primárias ou
secundárias.
É a possibilidade de reproduzir conscientemente ou não, através de traços
e sinais, sentimentos, necessidades e conhecimentos.

Para que esta expressão se desenvolva adequadamente, é necessário que


o individuo tenha viv enciado ricamente o espaço-corpo-entorno e que
todas as suas competências psicomotoras estejam desenvolvidas.

Só assim, a fluência do movimento será plena, criativa e prazerosa.


Se comunicar graficamente deverá ser acima de tudo gratificante e o corpo
responderá “MUITO OBRIGADO”...

Referências Bibliográficas:

Boscaini, Franco. O traço psicomotor - Editora CISEEPP - Verona –


Itália- 2012

FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem


Ed. Âncora – Lisboa – 2005.

LOUREIRO, M.B, COSTALLAT. D.& COLS. A Psicomotricidade


Otimizando as Relações Humanas
Ed. Arte e Ciência – 1ª edição – São Paulo - 2000.

LURIA, A. R. El cérebro em accíon


Ed. Martinez roca – Barcelona – 3ª edição – 1984.

WALLON, H. La Evolución psicológica del nino


Editorial Psique – Buenos Aires – 1986.B

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