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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais 

Faculdade de Psicologia de Minas Gerais 


Clinicas do Trabalho

OFICINA DE FOTOS: Domésticas

Diogo Marquezini, Isabella Verçosa, Karen Rocha, Lorrayne Alves, Yara Marques

BELO HORIZONTE
2022

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
DIOGO MARQUEZINI, ISABELLA VERÇOSA, KAREN ROCHA, LORRAYNE ALVES, YARA
MARQUES

OFICINA DE FOTOS: Domésticas

Trabalho acadêmico apresentado ao curso de Psicologia da


pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

BELO HORIZONTE

2022

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo tratar sobre a dinamica de Oficina de Fotos, sugerida na
disciplina de Clinicas do Trabalho, onde foi proposto aos grupos que escolhessem
profissionais de uma determinada área profissional e pedissem a eles que registrassem fotos
do que representa sua profissão, segundo seu ponto de vista. Nesse texto vamos abordar sobre
a rotina e vivencia de quatro, podendo entender as particularidades de sua atividade e criar
possibilidades de intervenção que transformem a situação de trabalho destas.

METODOLOGIA

Foi utilizado o método de pesquisa exploratória com a finalidade de analisar o dia-a-dia de


domésticas através de fotos tiradas pelas próprias domésticas e logo após, fazendo uma
entrevista com as profissionais.
Como ponto central da dinâmica deve-se deslocar o trabalhador da posição de empregado
para a posição de observador, para que ele possa, dessa forma observar sua própria atividade,
com um olhar critico e analitico. Muitas vezes essa atividade pode aumentar a produtividade e
a segurança do trabalhador durante as operações, mas esse não é o objetivo da dinâmica, o
que a oficina de fotos visa trazer é o poder tido pelos trabalhadores sobre seu meio de
trabalho, poder esse, que muitas vezes não é percebido e acaba não sendo utilizado, gerando
situações que fujam do controle, podendo causar sentimentos desconfortaveis ao trabalhador,
além de abrir espaço para que o trabalho real recaia sobre o trabalho prescrito.

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DESENVOLVIMENTO:

Doméstica A: tem 54 anos, e


trabalha em Belo Horizonte.
A, em seu relato disse que trabalha como
doméstica desde muito nova e que
muita gente não enxerga o trabalho
dela, às vezes não dão nem bom dia.
Em Seu relato, uma fala chamou atenção
do grupo, a mesma disse que a
família que ela está trabalhando hoje em dia é ótima, pois, eles até deixam a mesma
almoçar junto na mesa com os donos da casa. A, ao falar isso, se sente parte da familia.
De acordo com ela, a classe trabalhista onde ela pertence deveria ser valorizada, pois,
parafraseando ela “Porque no hospital se não tiver faxineira o médico não faz trabalho
dele”.

Doméstica B: tem 56 anos, mora e trabalha


em Belo Horizonte.
B, que trabalha em uma casa na zona
noroeste de Belo Horizonte como
passadeira, diarista e cozinheira, em sua
entrevista relatou que é doméstica desde
os 10 anos, onde ajudava a mãe (que
também era doméstica) nas tarefas onde ela julgava difícil para a mãe.
B, escolheu tirar essa foto, pois quis mostrar o luxo do cachorro da familia, que possuí um
banheiro exclusivo, que a priori era da empregada, porém, hOje em dia, é de uso
exclusivo do animal. É perceptível a sua dor ao falar que não usa o banheiro, pois se
sente compara ao cachorro.

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Doméstica C: 44 anos, trabalha em Santa
Luzia e Belo Horizonte. Desde os 16
anos C é doméstica e atualmente, é
cuidadora de idosos, C nos conta que
tem prazer em limpar casas das
pessoas, que isso lhe proporcionol
muitas coisas em sua vida. C
atualmente limpa apenas a casa da
idosa a qual ela cuida e de parentes
próximos à sua chefe, C nos conta com muita alegria que seu maior orgulho é deixar a
casa de outras pessoas limpas. Hoje em dia a mesma disse que ama o que faz, mas que
nem sempre foi assim, como consta o relato ao lado.

CONCLUSÃO:
No começo do projeto, pensamos que haveria mudança porém não imaginavamos o tamanho
da renovação que esse trabalho nos traria, tanto no âmbito pessoal quanto no âmbito
acadêmico. Durante nossa formação vimos muitas partes teóricas, estudos de casos, mas
nunca saindo da sala de aula. Esse projeto nós trouxe um aspecto real e palpável do que
é, profissionalmente falando, a clínica do trabalho. A proposta, conseguiu abrir nossa
mente para que entendessemos que mais do que o trabalho, estamos nos preocupando
com as pessoas naquele ambiente e fora dele.
A partir disso, é possível concluir que, foi uma experiência nova, tanto para o grupo quanto
para as entrevistadas, porém agregadora nos mostrando outras maneiras de enxergar as
profissões e quem atua na função. Conseguimos entender na prática que o trabalho real
muitas vezes é incondizente com o trabalho prescrito, o que pode tornar o processo
desgastante para o indivíduo durante suas atividades. Acreditamos que uma devolutiva
sobre o que foi abordado é de extrema importância para as domésticas, que relataram
casos desumanos e chocantes durante nossas conversas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

OSORIO-DA-SILVA, Claudia; PACHECO, Ariele Binoti; BARROS, Maria Elizabeth


Barros de. Oficinas de fotos: experiências brasileiras em clínica da atividade. Cadernos
de Psicologia Social do Trabalho, São Paulo, v. 16, n. spe, 2013, p. 121-131

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