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Planejamento, Gestão e Psicopedagogia
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Planejamento, Gestão
e Psicopedagogia
• Planejamento;
• Gestão;
• Psicopedagogia, Planejamento e Gestão.
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Conceituar planejamento, conhecer seus elementos e aspectos do planejamento educacional;
• Conceituar e conhecer aspectos da gestão, com ênfase na gestão educacional;
• Estabelecer relações entre o planejamento, gestão e a ação psicopedagógica.
UNIDADE Planejamento, Gestão e Psicopedagogia
Contextualização
Parece que a Mafalda compreendeu que é necessário planejar para que a vida seja orga-
nizada com clareza. A questão é conseguir colocar o seu plano em prática. Nesta unidade,
vamos estudar um pouco sobre planejamento e gestão e a ação do psicopedagogo. Como
o seu trabalho é planejado e gerido dentro da instituição?
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Planejamento
O planejar é uma realidade que acompanhou a trajetória histórica da
humanidade. O homem sempre sonhou, pensou e imaginou algo na sua
vida. (MENEGOLLA; SAN’TANNA, 2001, p. 15)
A citação que abre este tópico nos mostra que o planejamento é a concretização de
algo que foi desejado anteriormente, envolve a noção de futuro e a necessidade de pre-
paração para tempos que ainda não são presentes. Pode-se dizer que é uma evolução
no modo de pensar e agir dos seres humanos, posto que quando aprendem a necessidade
de planejar, deixam de viver de forma espontânea e improvisada para prover o futuro.
Assim, Chiavenato (apud SANTOS, 2010, p. 14) conceitua planejamento como processo
de tomar decisões sobre o futuro. Conforme o autor, planejar significa interpretar a missão
organizacional e estabelecer os objetivos da organização, bem como os meios necessários
para a realização desses objetivos com o máximo de eficácia e eficiência.
Planejar é um ato necessário para o alcance de objetivos pessoais e coletivos. Trata-
remos neste trabalho do planejamento relativo às instituições, em especial as instituições
educacionais, tendo em vista que abrangem um grande número de pessoas e têm signi-
ficativo impacto na sociedade.
Ao planejar, não basta mentalizar para que surja o propósito desejado, é preciso
atender a um conjunto de elementos, que conforme Luck (2010, p. 36) são o conceito
principal a ser trabalhado, porque se referem aos pressupostos da ação, aos antecedentes
da orientação para se estabelecer uma linha de ação. O planejamento exige que haja
objetivos a serem alcançados, isto é, aquilo que se planeja.
No que se refere à gestão educacional, que abrange os sistemas de ensino público
e privado de educação, a necessidade do planejamento é imprescindível, posto que
os resultados da desorganização são imediatos. É o diretor da escola o articulador do
processo educativo, portanto o responsável pelo planejamento da instituição de ensino.
Sua tarefa consiste em promover:
• A construção de um quadro abrangente e com maior clareza sobre o conjunto dos
elementos envolvidos em relação à situação sobre a qual se vai agir e sua relação
com interfaces;
• Uma maior consistência e coerência entre as ações educacionais;
• Uma preparação prévia para a realização das ações;
• Um melhor aproveitamento do tempo e dos recursos disponíveis;
• Uma concentração de esforço na direção dos resultados desejados;
• Uma superação da tendência à ação reativa, improvisada, rotineira e orientada pelo
ensaio e erro;
• Um controle e redução das hesitações, ações aleatórias e de ensaio e erro;
• A formação de acordos e integração de ações;
• A definição de responsabilidades pelas ações e seus resultados;
• O estabelecimento de unidade e continuidade entre operações e ações, superando-
-se a fragmentação e mera justaposição destas.
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UNIDADE Planejamento, Gestão e Psicopedagogia
Sendo assim, o planejamento conta com elementos que o compõem (GARCIA, 2020,
p. 5): objetivos, conteúdo, procedimentos, recursos, tempo e espaço e avaliação,
descritos no quadro a seguir.
Quadro 1
O que se pretende alcançar ou fazer, podendo ser conteúdos a
Objetivos serem ensinados ou ações coletivas, como uma festa junina ou
reunião pedagógica.
Para quê? E por quê?
Justificativa Refere-se às razões de se planejar algo e por que são importantes
naquele contexto.
Conteúdo O que será ensinado ou feito.
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Partindo desses elementos, o planejamento educacional passa por etapas (GARCIA,
2019, p. 7) que envolvem: diagnóstico da realidade; pensar sobre as questões elemen-
tares; elaborar plano, proposta ou projeto que sistematize o pensamento; execução
e avaliação do plano, proposta ou projeto (revisar e adaptar); e orientar os próximos
planejamentos. Isso quer dizer que é preciso conhecer a realidade para a qual se vai
planejar, pensar nas suas demandas para elaborar os objetivos, fazer o plano e no de-
correr da sua execução, planejar ações futuras.
Pessoas e Lugares
Heloísa Luck: Uma Referência Intelectual Sobre Planejamento e Gestão Educacional
Doutora em Educação pela Columbia University em Nova York, com Pós-Doutorado em pes-
quisa e Ensino Superior pela George Washington University, em Washington D.C. É graduada
em Letras Neolatinas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1963).
É Diretora Educacional do CEDHAP – Centro do Desenvolvimento Humano Aplicado, em
Curitiba, atuando como conferencista, palestrante e docente em congressos, seminários,
cursos de capacitação de profissionais da educação para sistemas estaduais e municipais
de ensino. Atua como consultora no planejamento e implementação de programas de
desenvolvimento educacional como foco na gestão, avaliação e planejamento de ensino.
Criou o Programa Escola Inteligente, de capacitação continuada em serviço para professores
e gestores do ensino fundamental, com metodologia diferenciada centrada na transfor-
mação das práticas profissionais associada à construção do conhecimento, com o qual
capacitou professores e gestores de mais de 10 municípios.
É autora de uma série de livros, artigos e outras publicações na área de Planejamento e gestão
educacional, sendo referência nos cursos de Pedagogia e pós-graduação em Educação.
Foi professora titular da Universidade Federal do Paraná, da Pontifícia Universidade Católica
do Paraná, tendo exercido, nessas instituições funções docentes, de gestão, de planejamento
e de pesquisa. Foi professora do Ensino Médio da Secretaria Estadual de Educação, em cuja
escola exerceu funções docentes e técnico-administrativas (diretora auxiliar, coordenadora
pedagógica, secretária) e no âmbito do sistema foi assessora do Secretário de Educação e
consultora em diversos projetos. Foi consultora do Consed – Conselho Nacional de Secretários
Estaduais da Educação por 14 anos, onde criou e coordenou os projetos RENAGESTE – Rede
Nacional de Referência em Gestão Escolar, Revista Gestão em Rede (sob sua responsabilidade
dos números 1 a 98), e Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar.
Fonte: https://bit.ly/3tbgyaV
Gestão
O planejamento é uma categoria que faz parte do processo de gestão de instituições
educacionais e de outros tipos de organização. É preciso saber para onde se vai para
que se possa caminhar com segurança. Mas o que seria a gestão? Vejamos um exemplo:
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Sobre gestão educacional, Santos e Rodrigues (2011, p. 119) explicam que é gestão
que está situada no nível macro da Educação, no qual se encontram os órgãos superiores
dos sistemas de ensino e as políticas públicas destinadas aos mesmos. Nesse sentido,
inclui todas as instituições que promovem a tarefa de educar, sejam elas formais (escolas)
ou não formais, que se dedicam à promoção sistemática de ensinamentos extraescola-
res. A gestão escolar, por sua vez, está no nível micro, no âmbito das escolas. Ambas são
distintas, mas articuladas, tendo em vista que a educação oferecida nas escolas se com-
plementa ou caminha paralelamente a outros órgãos que promovem educação, como
instituições que oferecem ensino superior, atividades de contraturno, educação especial,
educação profissionalizante, cursos de idiomas, artes e outras que oferecem aprendiza-
gens diversas aos indivíduos, além dos órgãos diretores dos sistemas educacionais, como
as secretarias municipais e estaduais de educação.
Dourado (2006, p. 53) nos aponta atribuições da gestão escolar, que busca:
• organizar o trabalho pedagógico, que implica visibilidade de objetivos e metas
dentro da instituição;
• promoção de gestão colegiada de recursos materiais e humanos, planejamento de suas
atividades, distribuição de funções e atribuições, na relação interpessoal de trabalho;
• partilha do poder, conforme as responsabilidades de cada membro/funcionário;
• a participação de todos os aspectos da gestão colegiada e participativa da escola e
na democratização da tomada de decisões.
Todas essas ações precisam estar conectadas, desde as mais simples, como a abertura
do portão da escola na primeira hora de funcionamento, a preparação das aulas pelos
professores, até a articulação entre a escola e a comunidade, promovendo uma gestão
democrática. Nesse sentido, a figura do gestor escolar ou diretor de escola é de extrema
importância, por este ser o responsável por fazer a engrenagem escolar funcionar. Além
de administrar, o gestor escolar deve sempre colocar-se como um educador, que
transforma todos os desafios escolares em oportunidades de aprendizado, como
afirma Saviani (1986, p. 190):
Entretanto, não se faz a gestão de uma escola sozinho, faz-se necessário um grupo,
com os mesmos objetivos, mas com funções diversas. Desta forma, a equipe gestora
das escolas é composta basicamente de diretor e coordenador pedagógico. O diretor é
responsável pela organização de todos os processos, articulação da equipe e tomada de
decisões, enquanto o coordenador responsabiliza-se pela articulação no planejamento,
currículo, avaliação da aprendizagem e formação continuada dos professores (SEMIS,
2018). Ambos necessitam de formação de nível superior em curso de Pedagogia e expe-
riência em sala de aula para exercer a função.
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Pedagogia e com vivência em sala de aula – exceto o psicopedagogo formado em nível de es-
pecialização, que pode não ter um curso de licenciatura e sim de bacharelado –, têm tarefas de
auxiliar o diretor no acompanhamento de alunos e suas famílias, verificando a sua integração
com a escola, questões sociais e disciplinares, no caso de vice-diretores, professores media-
dores, orientadores educacionais ou outra denominação que recebam em suas localidades.
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Psicopedagogia, Planejamento e Gestão
E qual a relação entre Psicopedagogia, planejamento e gestão? O Código de Ética do
Psicopedagogo, formulado e divulgado pela ABPP – Associação Brasileira de Psicope-
dagogia – (2019, p. 1), em seu primeiro artigo, pode nos auxiliar a responder: a Psico-
pedagogia é um campo de conhecimento e ação interdisciplinar em Educação e Saúde
com diferentes sujeitos e sistemas, quer sejam pessoas, grupos, instituições e comuni-
dades. Ou seja, se envolve não só indivíduos como as suas coletividades, é impossível
desvincular-se de um projeto de gestão e toda ação gestora demanda planejamento.
O Símbolo da Psicopedagogia
[...] Em 1858, o matemático e astrônomo alemão Auguste Ferdinand Möebius, ao pesquisar
o desenvolvimento de uma Teoria dos Poliedros, descobriu uma curiosa superfície que ficou
conhecida com seu nome, a Fita de Möebius. É uma fita simples, que tem duas superfícies
distintas (uma interna e outra externa) limitadas por duas margens. Trata-se de uma super-
fície de duas dimensões com um lado apenas. Assim, se caminharmos continuamente ao
longo da fita, atravessamos ora uma, ora outra dimensão.
[...] Assim, o símbolo da Psicopedagogia foi eleito por maioria de votos no VIII Congresso
Brasileiro de Psicopedagogia realizado em São Paulo de 9 a 11 de junho de 2009. Fita de
Möebius com 3 voltas. Representa o olhar do Psicopedagogo. As voltas estão dispostas de
forma a representar a aprendizagem do indivíduo. O círculo central representa o indivíduo
em processo para a aquisição de conhecimento, chegando ao fim com mudanças perceptíveis
(círculo vermelho).
Esse símbolo foi assim representado com o propósito de caracterizar nossa área de atuação,
representando o Psicopedagogo com suas características próprias.
Fonte: https://bit.ly/3cVOna0
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UNIDADE Planejamento, Gestão e Psicopedagogia
Constata-se que nesses espaços, o psicopedagogo tem suas atribuições definidas, mas
também faz parte de equipes pedagógicas, inter e multidisciplinares, de modo que o plane-
jamento e gestão devem estar de acordo com o plano de trabalho de cada instituição.
Quadro 2
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A epistemologia é o ramo da filosofia que se ocupa do estudo da natureza do conhecimento, da justificação e
da racionalidade da crença e dos sistemas de crenças; em outras palavras, de toda a Teoria do Conhecimento
(MACIEL, 2006).
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A apresentação das contribuições dessas áreas do conhecimento leva à compreensão
de como o sujeito, ou seja, a pessoa atendida pelo psicopedagogo, é concebido. O estudo
da Epistemologia Genética, embasada na obra do biólogo suíço Jean Piaget, objetiva pro-
ver e expor os desvendamentos, bem como abarcar as raízes das diversas variedades do
conhecimento (ABREU, 2010). Partindo dessa teoria, postula-se um papel ativo do sujeito
na aprendizagem, como alguém que constrói o seu conhecimento, mediante sua própria
maturação e condições oferecidas. Desta forma, influencia a concepção de sujeito da
Psicopedagogia: alguém ativo, capaz de construir conhecimentos, ainda que necessite
da intervenção profissional para encontrar o melhor caminho para essa aprendizagem.
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De posse dos dados a respeito do indivíduo a ser atendido, elabora-se um plano de ação
com objetivos e metas realizáveis em curto prazo e um cronograma de atendimentos que
viabilizem o alcance desses objetivos, que vão sendo modificados conforme são alcançados.
Por isso, o cronograma é uma referência, porém flexível, sujeito a pequenas modificações.
Ao fim de cada atendimento, o profissional precisa elaborar registros acerca do desem-
penho de seus atendidos, visto que os registros são os indicadores para o planejamento
dos próximos atendimentos, que devem constar de atividades que desafiem a inteligência,
porém com graus de dificuldade possíveis para se realizar.
Ao fim de um ciclo – que pode ser 1 mês, bimestre, semestre ou outra marcação de
tempo –, o psicopedagogo precisa avaliar os resultados do atendimento realizado para
estabelecer novos objetivos e metas. Mediante o fim de uma etapa, deve dar uma devo-
lutiva ao atendido, se este for adulto, ou à família, no caso de atendimento a crianças.
Abrange também outros profissionais envolvidos na aprendizagem do indivíduo, além
das equipes de escolas ou outras organizações a que pertença. Essa devolutiva, pautada
nos registros e avaliação, tem como objetivo discutir – e não apenas comunicar – os
avanços realizados, possíveis entraves e novos caminhos de aprendizagem.
Fonte: https://bit.ly/3s2OyEF
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática
O livro, editado inúmeras vezes, é uma referência para profissionais e estudantes de
Psicopedagogia. Nele, a autora responde a questões básicas a partir da prática, tais
como procedimentos básicos da ação psicopedagógica e aspectos do planejamento
e da gestão dos espaços psicopedagógicos.
Vídeos
O Papel da Equipe Gestora da Escola – parte 1
Palestra proferida pela Prof.ª Dr.ª Lourdes Marcelino Machado, da UNESP de Marí-
lia, sobre o papel da equipe gestora da escola.
https://youtu.be/-hg4v_NEt90
Filmes
Meu Mestre, Minha Vida
O professor Joe Clark (Morgan Freeman) é convidado pelo seu amigo Frank Napier
(Robert Guillaume) a assumir o cargo de diretor em uma problemática escola de
Nova Jersey.
https://youtu.be/evA9nkdOhKU
Leitura
O que é planejamento?
Artigo escrito por Raissa Pascoal (2014) para a Revista Nova Escola/Gestão Escolar,
com o objetivo de conceituar planejamento e tratar do seu papel antecipador de
atividades e situações durante o ano letivo, oferecendo segurança ao trabalho da
equipe escolar.
https://bit.ly/31RmM3u
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Referências
ABREU, L. A Epistemologia genética de Piaget e o construtivismo. Revista Brasi-
leira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, vol. 20, nº 2. São Paulo, ago.
2010. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S0104-12822010000200018>. Acesso em: 08/05/2020.
Sites Visitados
CÓDIGO de Ética do Psicopedagogo. ABPP – Associação Brasileira de Psicopedagogia.
São Paulo, 2019. Disponível em: <https://www.abpp.com.br/documentos_referencias_
codigo_etica.html>. Acesso em: 20/05/2020.
DONA de casa: o rosto das mulheres invisíveis. A Mente é Maravlhosa. Disponível em:
<https://amenteemaravilhosa.com.br/dona-de-casa-rosto-mulheres-invisiveis/>. Acesso
em: 06/05/2020.
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CASTRO, T. Plano de intervenção psicopedagógica em cinco passos YouTube. 15 min.
Disponível em: <https://www.youtube.com/channel/UCS-6NqQawUDvYTiF2UsK_
MQ>. Acesso em: 08/05/2020.
PROFª Drª Heloísa Luck. Tantas Palavras. 2016. Disponível em: <http://www.tantaspala-
vras.com.br/palestrante-conferencista/profa-dra-heloisa-luck/>. Acesso em: 04/05/2020.
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