Você está na página 1de 5

@acamila_rocha

A Indústria de Petrópolis.

1- A indústria

O estabelecimento das companhias têxteis representou um negócio lucrativo para investidores vindos
da cidade do Rio de Janeiro. Segundo a historiadora Ismênia Martins, alguns fatores contribuíram para
tornar Petrópolis um centro de atração de investimentos em companhias têxteis, tais como os salários
mais baixos do que os que eram pagos na capital e as quedas d´água dos rios da cidade que forneciam
energia e cuja umidade evitava que houvesse a formação dos “nós no tecido”, que estragavam a produção.
A autora ainda faz alusão ao fato de as primeiras companhias têxteis terem sido fundadas com os
investimentos de capitalistas vindos da cidade do Rio de Janeiro, tal como a sociedade de investidores
Azevedo Rocher e Cia que fundou a Companhia São Pedro de Alcântara e o cubano Bernardo Caymari,
que em 1873, fundou a Companhia Petropolitana de Tecidos. Dessas companhias, a autora destaca como
exceção a Companhia Dona Isabel, fundada em 1889 com capitais de petropolitanos descendentes de
colonos alemães.

A construção desses estabelecimentos têxteis não se limitou a um só local, não houve o que seria a
formação de uma zona industrial de Petrópolis. As companhias ficaram relativamente isoladas umas das
outras; enquanto a Companhia São Pedro de Alcântara foi fundada na Rua Renânia (atual Rua
Washington Luiz) a alguns poucos metros da Vila Imperial, ou seja, bem no centro da cidade, a
Companhia Petropolitana foi fundada no bairro Cascatinha, distante cerca de oito quilômetros do centro
aristocrático.

Em 1889 foi fundada a terceira fábrica têxtil, Dona Isabel, situada às margens do antigo Córrego Seco,
rio que dera nome à fazenda da qual Petrópolis se originou. Posteriormente foi rebatizado de rio
Palatino36. Contrariamente à origem dos outros estabelecimentos fabris, a Dona Isabel foi constituída por
capitais petropolitanos, tendo mesmo migrantes alemães de Petrópolis como acionistas até a década de
1930. Assim, pode-se dizer que a partir de 1870 tem-se, de fato, o início da instalação dos
estabelecimentos industriais de Petrópolis basicamente em virtude da fundação dos empreendimentos
fabris que efetivamente separavam o trabalhador dos meios de produção. Era uma nova etapa no mundo
do trabalho compartilhado naquela sociedade, diferente das formas pré-industriais de manufaturas
praticadas pelos colonos, onde o sujeito era detentor do produto de seu trabalho. A partir de 1873, para ser
@acamila_rocha

mais exato, a lógica do sistema capitalista se implanta em Petrópolis moldando novas relações de trabalho
nas fábricas nascentes. Em 1903 seria fundada a Companhia Cometa, compondo a quarta indústria têxtil
de Petrópolis. Seu corpo operário também foi em larga medida formado por italianos, muitos dos quais
não tendo aonde se instalar na vila operária dessa companhia foram se instalar na vila operária da
Petropolitana.
A instalação das unidades produtivas têxteis representou um largo crescimento demográfico em
Petrópolis. A procedência desses trabalhadores era variada, podendo-se encontrar tanto pessoas de origem
brasileira quanto estrangeiros que viram em Petrópolis a possibilidade de poder construir suas vidas.
Pode-se imaginar que o acesso à Petrópolis vinha se tornando maior com a inauguração da Estrada União
e Indústria em 23 de junho de 1861que ligava Petrópolis a Juiz de Fora, possibilitando uma via de acesso
para trabalhadores procedentes da Zona da Mata de Minas Gerais. Ademais, os constantes trabalhos sobre
a Estrada da Serra da Estrela, que ligava Petrópolis com a Baixada Fluminense, facilitaria também o fluxo
de pessoas daquela região para trabalhar em Petrópolis. Além dos trabalhos nas companhias têxteis, havia
também a busca de atividades em outros setores, cada vez mais geradores de oferta de trabalho em meio
ao crescimento que Petrópolis vinha verificando em termos econômicos e demográficos.

2- A FERROVIA MAUÁ
Em 27 de Abril de 1852, a Presidência da Província do Rio de Janeiro, contratou com Irineu
Evangelista de Souza, mais tarde Barão e Visconde de Mauá, a construção de uma Via Férrea, que
partindo do Porto de Mauá, fosse até a Raiz da Serra de Petrópolis.
Irineu Evangelista de Souza, o primeiro grande empresário brasileiro - considerado o “Empresário
do Império” - foi uma das mais brilhantes figuras da história do país, com seu espírito empreendedor e
fascinado pelo progresso, a despeito das grandes dificuldades de um país que há pouco deixava de ser
colônia, talvez até hoje não tenha sido plenamente reconhecido.
Irineu pensava numa ferrovia em direção a Minas Gerais. Assim, dentre outros privilégios, solicitou
a concessão para a construção de uma Estrada de Ferro ligando o Porto de Mauá a Raiz da Serra de
Petrópolis, por ele solicitada ao governo da Província do Rio de Janeiro, antes da lei n°.641, para mostrar
ser possível a construção de um caminho de ferro sem a garantia de juros do capital empregado. Limitou-
se a pedir à Assembléia Provincial do Rio de Janeiro um privilégio de zona, a garantia de que não haveria
uma ferrovia paralela no trecho em que pretendia atravessar, e assim realizar a obra com os capitais
privados que pudesse reunir.
@acamila_rocha

Foi contratado o engenheiro inglês William Bragge para realização dos estudos e projeto, e, em 29
de agosto de 1852, os trabalhos de construção da linha foram iniciados sob a direção de Bragge e dos
engenheiros Robert Milligan e William G. Ginty. Foi solicitado ao governo que delegasse a um
engenheiro brasileiro a função de acompanhar as obras, tendo sido nomeado, em agosto de 1853, o major
Amado Emílio da Veiga.
Apesar de aparentemente ter sido uma estrada de construção fácil, sem grande movimento de terra, a
mesma apresentou uma série de problemas desde os desmoronamentos provocados por fortes chuvas,
durante os trabalhos no corte do morro Camarão, aos surtos de febre que atingiram os operários. Por outro
lado, a inexistência de mão-de-obra especializada exigia dos responsáveis pelos trabalhos tarefas não
previstas, como, por exemplo, ensinar aos operários as várias etapas da obra. A falta de materiais
adequados determinou ainda a instalação de uma olaria para suprir com tijolos o empreendimento.

No dia 29 de agosto de 1852, Irineu transformou a cerimônia de inauguração das obras da Estrada
de Ferro numa demonstração do poder de seus princípios. Conseguiu fazer do Imperador e de toda a
Corte dóceis instrumentos de sua afirmação, isso de modo bem brasileiro: numa mistura de festa,
procissão, calor e desfile de modas.
Para termos idéia, o capital empregado na construção da estrada, incluindo estações e material
rodante, foi da ordem de 1.845 contos, o que resulta em quase 114 contos/km, valor considerado muito
alto para a época, considerando-se a facilidade da construção. A frota de material rodante da Estrada de
Ferro Mauá era composta por um trem imperial, três carros de primeira classe, dois de segunda e um de
terceira classe, além de 70 vagões de tipos diversos.
Logo nos primeiros tempos, a ferrovia apresentou grandes resultados em sua arrecadação. Em 1855,
transportou 658.600 passageiros e 3.680.000 arrobas de produtos agrícolas, das quais 2.200.000 arrobas
de café. Em 1860, a receita atingiu 11% do capital empregado. Basicamente até o ano de 1867, a Estrada
de Ferro Mauá obteve lucros, e apenas após a construção da Estrada de Ferro D. Pedro II e da Rodovia
União Indústria registrou-se um progressivo declínio nas suas atividades, em conseqüência da
transferência de cargas para os novos concorrentes.

Em 17 de outubro de 1888, o ativo e o passivo da E.F. Príncipe do Grão Pará foi adquirido pela The
Rio de Janeiro Northern Railvvay Company, que introduziu vários melhoramentos no serviço. Em 14 de
@acamila_rocha

janeiro de 1898, a The Leopoldina Railway Company adquiriu a The Rio de Janeiro Northern Railway
Company, efetuando algumas modificações na linha.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COLEÇÃO DAS LEIS DA PROVÍNCIA DO RIO DE JANEIRO V. 1857, p. 1.
MACHADO, Antônio. Centenário de Petrópolis: Trabalhos em Comissão. Petrópolis, 1958, p. 59.
MEDEIROS, Océlio de. O governo municipal no Brasil. Rio de Janeiro: s/e p.48-49.
RABAÇO, J. H. História de Petrópolis. IHP. Petrópolis; 1965

_________________________________________________________________________________

ATIVIDADES

1) Durante os primeiros anos da colonização brasileira, o governo de Portugal não teve condições
necessárias para empreender ações que viabilizassem a exploração econômica do espaço colonial. Por
conta deste impasse, o sistema de capitanias hereditárias foi adotado como um sistema de administração
indireta em que a Coroa abria mão de várias obrigações e gastos com a colonização, repassando-as para a
responsabilidade de particulares. O donatário, recebedor da capitania hereditária, tinha entre outros
direitos, realizar a doação de sesmarias para os demais colonizadores. Acerca do termo “sesmaria” pode-
se afirmar que:

I. significava no período do Brasil Colônia uma parte de terra que media 6 (seis) hectares;

II. era empregado para todo terreno pertencente à Coroa Portuguesa onde não era observado o
desenvolvimento de atividades econômicas ou a ocupação do espaço colonial;

III. a possibilidade de doação de sesmarias era importante, pois o espaço colonial brasileiro tinha grandes
dimensões
@acamila_rocha

IV. é sinônimo de capitanias hereditárias por tratar-se de doação.

Dos itens acima mencionados, estão corretos apenas:

A) I e II; B) II e III; C) III e IV; D) I, II e III; E) II, III e IV.

2. O município de Petrópolis está situado:

A) em Coroados;
B) na Serra da Estrela;
C) em Correias;
D) na Serra Velha;
E) na Serra da Mantiqueira.

3. Na primeira metade do século XIX a maioria dos colonos que chegou a Petrópolis era natural de
aldeias localizadas nos bispados de Treves e Mogúncia, na Renânia e Westphália (Grão-Ducado de
Hesse-Darmstadt e no Ducado de Nassau) região atualmente conhecida pelo nome de Hunsrück,
localizada na confluência dos rios Reno e Mosel.( www.petropolis.rj.gov.br ).
É correto afirmar que esses colonos eram de origem:

A) finlandesa; B) alemã; C) portuguesa; D) holandesa; E) inglesa.

Gabarito: 1d); 2 b); 3 b)

Você também pode gostar