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Química

capilar
Química capilar

Claudia Stoeglehner Sahd


Vânia Aparecida Malachias Terra
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Lidiane Cristina Vivaldini Olo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Sahd, Claudia Stoeglehner


S131q Química capilar / Claudia Stoeglehner Sahd,
Vânia Aparecida Terra Malachias. – Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2018.
144 p.

ISBN 978-85-522-0319-3

1. Cabelo – cuidado e higiene. I. Malachias, Vânia


Aparecida Terra. II. Título.
CDD 646.724 

2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário

Unidade 1 | Conceitos de colorimetria 9

Seção 1 - Identificação da cor e tom dos cabelos naturais 13


1.1 | A estrutura da cor capilar 13
1.1.1 | Melanócitos 15
1.1.2 | Melanina 15
1.2 I A coloração natural nos cabelos 17
1.3 I Canície 18

Seção 2 - Os conceitos dentro da colorimetria 20


2.1 | Colorimetria 20
2.2 | Histórico 20
2.3 I Teoria das cores 21
2.3.1 I Conceito da teoria das cores 22
2.3.2 I Histórico da teoria das cores 22
2.4 I Definição da cor 24
2.5 I Espectro visível 25
2.6 I Fisiologia da cor 26
2.7 I Tricromia 28
2.8 I Sistemas colorimétricos 29
2.8.1 I Modelo RGB 29
2.8.2 I Modelo CMYK 30
2.9 I Estrela de Oswald 31
2.10 I Nível ou saturação da cor (altura de tom) 32
2.11 I Tonalidade ou nuance da cor (reflexos da cor) 32
2.12 I Referências das cores em colorimetria 32

Seção 3 - A composição bioquímica das colorações capilares 35


3.1 | Histórico 35
3.2 I Composição bioquímica 37

Seção 4 - Colorações capilares 40


4.1 | Processo de coloração 40
4.2 I Coloração oxidante 41
4.2.1 I Semipermanente 41
4.2.2 I Permanente 43
4.3 I Coloração não oxidante 44
4.3.1 I Temporárias 44
4.3.2 I Henna 46
4.4 I Técnicas de coloração 48
4.4.1 I Técnicas de coloração oxidantes (semipermanente) 48
4.4.2 I Técnicas de coloração oxidantes (permanente) 48
4.4.3 I Técnicas de coloração não oxidantes (temporária) 49
4.4.4 I Técnicas de coloração não oxidantes (henna) 49

Unidade 2 | Processos de descoloração capilar 55

Seção 1 - Processo de clareamento capilar 58


1.1 | Clareamento capilar 58
1.2 | Estágios de descoloração 60
1.3 | Reação de oxidação 61
1.4 | pH e o clareamento capilar 62
Seção 2 - A composição bioquímica do descolorante capilar 64
2.1 | Histórico 64
2.2 | Composição bioquímica 65
2.3 | Uso de clareadores 67
2.3.1 | Clareadores de couro cabeludo 67
2.3.2 | Clareadores para haste capilar 67

Seção 3 - Técnicas de clareamento capilar 68


3.1 | Introdução 68
3.2 | Técnica de luzes 68
3.3 | Técnica de mechas 69
3.4 | Técnica de reflexo 80
3.5 | Técnica de balaiagem 70
3.6 | Técnica de mechas californianas 71
3.7 | Técnica de ombré hair 71
3.8 | Técnica de mechas 3D 72
3.9 | Técnica de mechas invertidas 72
3.10 | Técnica de matização 73

Seção 4 - Efeitos do clareamento capilar 75


4.1 | Oxidantes em uso 75
4.2 | Efeito dos clareamentos 75
4.2.1 | Perda proteica 77
4.3 | Segurança no clareamento capilar 77

Unidade 3 | Transformações capilares 85

Seção 1 - Considerações gerais sobre os transformadores capilares 88


1.1 | Histórico 88
1.2.1 | Escova progressiva (alisamento) 90
1.2.2 | Relaxamento capilar 90
1.2.3 | Permanente capilar 91
1.3 | Tipos de escova progressiva (nomes comerciais) 92
1.3.1 | Escova definitiva 92
1.3.2 | Escova inteligente 93
1.3.3 | Escova marroquina 93

Seção 2 - Modo de ação dos transformadores capilares 94


2.1 | Modo de ação 94
2.2 | Agentes redutores 97
2.2.1 | Tioglicolato de amônia 97
2.2.2 | Hidróxidos 97
2.2.3 | Hidróxido de sódio 98
2.2.4 | Hidróxido de cálcio 98
2.2.5 | Hidróxido de guanidina 99
2.2.6 | Hidróxido de lítio 99
2.2.7 | Ácido glioxílico 99
2.2.8 | Ácido tioglicólico 99

Seção 3 - Técnicas de transformações capilares 101


3.1 | Técnicas de aplicação 101
3.2 | Técnica de permanente capilar 101
3.2.1 | Técnica do permanente tradicional 102
3.3 | Técnica de relaxamento 104
3.4 | Técnica de progressiva (alisamento) 105

Seção 4 - Efeitos das transformações capilares 107


4.1 | Efeitos causados nos fios 107
4.2 | Teste de mecha 108
4.3 | Precauções 109
4.4 | Cuidados 109
Unidade 4 | Efeitos fisiológicos da coloração no organismo 115

Seção 1 - Processo de clareamento capilar 118


1.1 | A toxicidade dos corantes 118
1.2 | Estudos sobre a toxicidade dos colorantes 119
1.3 | Métodos analíticos para a determinação de corantes de cabelo 121
1.4 | Descrição da rotulagem das colorações capilares 124

Seção 2- Efeitos fisiológicos das colorações 128


2.1 | Efeitos fisiológicos 128
2.2 | Danos à saúde 130
Apresentação
Caro aluno, é um prazer apresentar a você este material elaborado
especialmente para a disciplina Química Capilar.
Esperamos contribuir para a construção do conhecimento dos
conteúdos abordados neste livro, sendo de grande valia para a sua
formação profissional.
O embelezamento está diretamente ligado à saúde. As pessoas
consideradas com excelente saúde são as que mais estimam o
cuidado com a aparência e bem-estar. Entre esses cuidados estão a
prática de atividade física ou comparecimento assíduo em centros de
embelezamento facial, corporal e capilar.
Os cuidados com a face e o corpo existem desde os tempos da pré-
história, quando o homem já dispunha de artifícios para cuidados com
o cabelo. A área da química capilar está em permanente crescimento,
visto que vivemos em uma sociedade que cultua o belo e a beleza
que sempre deve estar em sintonia com a qualidade de vida e a busca
incansável pela eterna juventude.
Neste material, você, aluno, irá estudar pontos fundamentais da
química capilar, conceitos de colorimetria, processos de descoloração
capilar, transformações capilares e os efeitos fisiológicos da tintura no
organismo.
Na Unidade 1, será possível conhecer e saber identificar os conceitos
de colorimetria e compreender como os pigmentos são produzidos,
além de aprender a composição bioquímica das colorações e as
técnicas empregadas para sua realização.
Na Unidade 2, vamos conhecer e identificar os processos de
clareamento capilar, a composição bioquímica do descolorante capilar,
as técnicas de clareamento e os efeitos do clareamento nos fios.
Na unidade 3 será proposto o conhecimento sobre a identificação
dos processos de transformações capilares, o modo de ação dos
agentes redutores, as técnicas e os efeitos dos transformadores
capilares nos fios.
A unidade 4 aborda a importância de conhecer e identificar os
efeitos fisiológicos da coloração no organismo e os danos causados
à fibra capilar.
Espero que você desfrute desse material que foi desenvolvido com
todo o cuidado!
Unidade 1

Conceitos de colorimetria

Claudia Stoeglehner Sahd

Objetivos de aprendizagem
A proposta da presente unidade é que você, aluno, saiba
conhecer e identificar os conceitos de colorimetria e compreender
como os pigmentos são produzidos, além de saber a composição
bioquímica das colorações e as técnicas empregadas para sua
realização.

É de extrema importância que o profissional da área do


embelezamento tenha domínio da parte dos conceitos envolvidos
dentro da colorimetria, buscando o entendimento a respeito
da teoria das cores, definição e fisiologia da cor, pois é preciso
conhecer a formulação bioquímica dos colorantes e como agem
nos cabelos, para que se possa entender as técnicas de coloração e
suas diferenças.
Introdução à unidade
Abordaremos, durante esta unidade, os conceitos envolvidos
dentro da colorimetria; como os pigmentos agem e se fixam aos fios;a
canície e como ocorre; as composições químicas dos colorantes
empregados no mercado cosmético; e as diferenças entre os métodos
de coloração.
A parte mais volumosa da haste capilar é o córtex, tendo como
constituição células fusiformes queratinizadas formadas por
macrofibrilas e microfibrilas, nas quais encontramos os grânulos de
pigmento (melanina) que são responsáveis pela cor dos fios capilares.
A canície é a perda da pigmentação dos cabelos, conhecida
popularmente como cabelos brancos. Em geral, surge gradualmente
após a terceira década de vida. Muitos fatores estão envolvidos e
podem acarretar a canície precoce, por exemplo, a genética e a
Síndrome de Werner. Entretanto, há a necessidade de estudar as suas
características e as formas de se obter o aperfeiçoamento da aparência
dos fios capilares e proporcionar um aprimoramento da qualidade de
vida com aumento da autoestima.
Colorimetria é a ciência e o conjunto de tecnologias desenvolvidas
para a quantificação e a investigação física do fenômeno de percepção
de cores pelos seres humanos. E uma análise quantitativa que tem
como base a comparação da cor de uma solução com a cor de outras
que possuem concentrações conhecidas e tomadas como padrão.
Na Seção 1.1, conheceremos a identificação da cor e tom dos
cabelos naturais. Durante a Seção 1.2, abordaremos os conceitos
dentro da colorimetria. No decorrer da Seção 1.3, falaremos sobre as
composições bioquímicas das colorações. Na Seção 1.4, discorreremos
sobre as colorações capilares e suas técnicas de aplicação.
Lembrando sempre que, para se tratar de qualquer procedimento
capilar, deve-se ter conhecimentos fisiológicos capilares e de todos
os procedimentos a fundo. Assim, será muito mais simples e fácil
conseguir tratamentos terapêuticos e modificações químicas que
sejam realmente coerentes àquela alteração realizada.
Esperamos que você, aluno, aproveite ao máximo esse recurso
didático e tenha uma ótima leitura!
Seção 1 | Identificação da cor e tom dos cabelos naturais
Nesta seção, abordaremos a identificação e a tonalidade da cor nos cabelos
e como são produzidos os pigmentos. Além de falarmos sobre a canície e como
ocorre nos fios de cabelo.

Seção 2 | Os conceitos dentro da colorimetria


Nesta seção, abordaremos sobre a colorimetria, teoria das cores, definição da
cor, espectro visível, fisiologia da cor e sistemas colorimétricos. Além de abordarmos
o nível ou saturação e a tonalidade ou nuance da cor.

Seção 3 | A composição bioquímica das colorações capilares


Nesta seção, falaremos sobre a formulação bioquímica das colorações capilares,
mostrando toda a parte histórica, além de compreender a composição química das
colorações oxidantes e não oxidantes.

Seção 4 | Colorações capilares


Nesta seção, discorreremos sobre o processo de coloração, para compreender
as colorações oxidantes e não oxidantes e trataremos das técnicas de colorações e
como são realizadas.
Seção 1
Identificação da cor e tom dos cabelos naturais
Introdução à seção

Nesta seção, abordaremos a identificação e a tonalidade da cor nos


cabelos, descrevendo a estrutura da cor capilar, como são produzidos
os pigmentos que proporcionam cor aos cabelos, os melanócitos, e
compreendendo sobre a melanina e sua classificação de acordo com
suas estruturas químicas, além de falarmos sobre a canície e como
ocorre nos fios de cabelo.
1.1 A estrutura da cor capilar
Na estrutura capilar, a haste do fio de cabelo tem como constituição
três camadas: cutícula, córtex e medula. A superfície externa e
protetora dos fios é a cutícula, não pigmentada e formada por escamas
recobertas diversas vezes umas pelas outras, sendo constituída de três
partes: epicutícula (membrana que envolve as escamas), exocutícula
(região medial e frágil) e endocutícula (região interior e muito
resistente). A parte mais volumosa da haste capilar é o córtex, tendo
como constituição células fusiformes queratinizadas formadas por
macrofibrilas e microfibrilas, nas quais encontramos os grânulos de
pigmento (melanina) que são responsáveis pela cor dos fios capilares.
A última porção da haste capilar é formada por células anucleadas,
denominadas medula, suas funções não são específicas com relação
às propriedades físicas e químicas que desempenham nos fios.

Figura 1.1 | Estrutura da haste capilar

Fonte: <https://bqafrica.wordpress.com/atividade-5/>. Acesso em: 19 jul. 2017.

U1 - Conceitos de colorimetria 13
1.1.1 Melanócitos
Os melanócitos são células de tamanho grande que se encontram
presas no topo da papila dérmica. Elas produzem o pigmento melanina
e o alterar: transfere aos queratinócitos, que constituem o córtex da
fibra capilar. Os melanócitos utilizam seus dendritos para inserir os
pequenos grânulos de pigmento. Dessa maneira, o cabelo é incolor
no início. Ao contrário da pele, os melanócitos do folículo piloso não
necessitam de luz solar para produzir melanina.
Os melanossomos são organelas especializadas, presentes dentro
dos melanócitos, nos quais é realizada a produção da melanina.Esse
processo é conhecido como melanogênese. A transferência dos
melanossomos dos melanócitos para os queratinócitos acontece por
um processo que ainda não foi totalmente esclarecido. As hipóteses
são de que o melanossoma é inserido diretamente no queratinócito
ou então que ocorreu uma fagocitose da organela na extremidade
dendrítica do melanócito. O melanócito da pele consegue munir
até 40 queratinócitos, já os melanócitos capilares apenas quatro ou
cinco. As diferenças na coloração são devido às diferenças no número,
tamanho e arranjo dos melanossomos.

Figura 1.2 | Melanócito e melanossomos

Nucleus
Keratinocyte

Melanization

Basement lamina
Melanocyte
Melanosomes Melanofilaments

Fonte: <https://classconnection.s3.amazonaws.com/682/flashcards/3453682/png/picture9-148BF7A4B3264FC13C8.
png>. Acesso em: 19 jul. 2017.

14 U1 - Conceitos de colorimetria
Questão para reflexão
O albinismo é uma doença hereditária, em que o indivíduo apresenta
pele, olhos e cabelos com tonalidade muito clara. Você sabia que no
albinismo ocorre uma incapacidade na produção de melanina em
virtude de uma deficiência na ação da tirosinase ou uma impossibilidade
de transporte da tirosina para o interior celular dos melanócitos?

1.1.2 Melanina
A palavra melanina tem origem grega e significa escuro. Acerca das
melaninas naturais, estas se distinguem por suas origens, por exemplo,
olho bovino, melanoma e sépia melanina. Comumente apresentam-
se em forma de partículas granulares, denominadas de melanossomas
e são produtos liberados por células produtoras de pigmentos, os
melanócitos.
A melanina consegue revelar um fascinante conjunto de
propriedades químicas que atua como um efetivo polímero redutor
(troca de elétrons), troca de íons e varredores de radicais e por revelar
uma intensa tendência para se ligar com compostos aromáticos e
lipofílicos. De maneira oposta à maioria dos alcaloides, as reações de
melaninas são heterogêneas e abrangem tanto a superfície como a
parte interior das partículas.
Pertinente a essas reações químicas heterogêneas, a classificação
das melaninas é baseada em suas estruturas químicas: eumelaninas,
feomelaninas, neuromelaninas e alomelaninas.
As eumelaninas (poli 5-6 indolquinonas) são as formas mais comuns
das melaninas de coloração marrom ou preta, são insolúveis em
água e encontradas nos olhos, pele e cabelos, devido à sua atividade
fotoprotetora. Nos vertebrados, a eumelanina contribui no processo
metabólico por meio da conversão da luz em calor (temperatura), por
exemplo, em anfíbios e répteis.
As feomelaninas (poli-dihidrobenzothiazina) são as formas menos
comuns das melaninas de coloração vermelha ou laranja e estão mais
presentes nos seres humanos ruivos. Seu diferencial em relação às
eumelaninas está na adição da molécula de cisteína no decorrer do
processo da melanogênese.

U1 - Conceitos de colorimetria 15
Figura 1.3 | Cabelo ruivo (feomelanina)

Fonte: <https://farm9.staticflickr.com/8600/16029554137_c3f01a9722_c.jpg>. Acesso em: 19 jul. 2017.

O terceiro tipo de melanina presente nos mamíferos é a


neuromelanina, encontrada no cérebro, sendo uma melanina
composta de feomelanina e eumelanina, sendo que a feomelanina
está disposta no núcleo enquanto a eumelanina na superfície. Ela tem
como função o transporte de impulsos elétricos entre os neurônios e
a falta de produção desse pigmento está diretamente relacionada ao
mal de Parkinson.
Como quarto tipo de melaninas, temos as alomelaninas que são
encontradas nos fungos. Essas se referem às DHF-melaninas, ou seja,
melaninas que provêm do dihidroxifumarato. Os outros três tipos de
melaninas citadas são derivados da DOPA, ou DOPA-melaninas.
A eumelanina e a feomelanina apresentam propriedades químicas
e físicas semelhantes no corpo humano. Quanto a doenças como
Parkinson, esquizofrenia, câncer e surdez, a alteração da estrutura da
melanina pode ser relevante para se evitar ou auxiliar no progresso de
doenças, como no caso do câncer de pele e da doença do mal de
Parkinson.
Outra função biológica da melanina está ligada à quelação de íons
metálicos, que está relacionada diretamente com a doença do mal
de Parkinson e também à propriedade de ligação da melanina com
remédios, dessa maneira, o tempo de permanência do medicamento
dentro do corpo do indivíduo se torna maior.

16 U1 - Conceitos de colorimetria
Questão para reflexão
Por que estudar a coloração capilar?

1.2 A coloração natural nos cabelos


O número de grânulos de pigmento se torna importante pelo fato
de não apenas afetar a cor do cabelo, mas por poder tornar a mudança
da cor mais fácil ou difícil. O cabelo preto, normalmente, está associado
aos afro-americanos, tendo o mesmo tipo de melanina que o cabelo
castanho caucasiano. A diferença é que os grânulos da melanina são
maiores no cabelo preto, sendo esta a diferença que proporciona uma
densidade mais alta ao pigmento.
O cabelo loiro possui menos e menores grânulos de feomelanina,
estando bem espalhados pelo córtex. Dessa maneira, se torna mais
fácil mascarar os efeitos desses pigmentos (baixa densidade) do que
cobrir os grânulos de eumelanina que se encontram bem unidos. O
clareamento capilar erradica os grânulos de melanina e removendo,
assim, a influência de sua coloração.

Questão para reflexão


No momento em que o número de grânulos de pigmento começa a
decrescer naturalmente, os cabelos com tonalidade grisalha se tornam
perceptíveis. Normalmente ocorre dos 28 aos 42 anos de idade. Os
cabelos grisalhos apontam o indicativo de que os melanócitos estão
ficando tardios e produzindo menos melanina. Novas pesquisas têm
mostrado que a produção de melanina culmina por completo durante
as fases catágena e telógena.

A coloração natural dos cabelos muda notadamente dos 13 aos


20 anos de idade. Essa mudança é mais evidente em cabelos com
tonalidades loiro, ruivo e castanho-claro, que constantemente tendem
a escurecer em virtude do aumento na produção de melanina. Quanto
maior a densidade do pigmento, maior será o seu escurecimento. Ao
que tudo indica, os melanócitos variam a quantidade de pigmento que
produzem de acordo com a idade.

U1 - Conceitos de colorimetria 17
1.3 Canície
A canície é a perda da pigmentação dos cabelos, conhecida
popularmente como cabelos brancos e surge gradualmente após
a terceira década de vida. Muitos fatores estão envolvidos e podem
acarretar a canície precoce, por exemplo, a genética e a Síndrome de
Werner.
A síntese da melanina se completa no melanossomo e já não existe
atividade enzimática, a partir desde momento está formado o grão
de melanina. Os melanócitos presentes no folículo piloso perdem
seu poder melanogênico. Essas alterações não estão presentes nos
melanócitos da epiderme. A atividade da papila dérmica cessa na fase
catágena, considerada a fase de repouso e na qual também ocorre a
síntese da tirosinase. Após os trinta anos de idade se torna mais difícil a
recuperação da atividade no folículo piloso.
Outra explicação para a canície pode ser pela incapacidade
do melanócito em produzir o pigmento ou de transferi-lo aos
queratinócitos, o que pode ser um fator genético. O tipo e a quantidade
de melanina são determinados por meio dos genes. Com o passar dos
anos as células pigmentares localizadas no fundo do folículo piloso
cessam a produção da melanina, e os cabelos se tornam brancos.

Figura 1.4 | Canície

Fonte: <https://alopeciaareatabrasil.files.wordpress.com/2010/05/cabelo-branco1.jpg>. Acesso em: 19 jul. 2017.

18 U1 - Conceitos de colorimetria
Não existe uma glândula no corpo humano que produza a melanina.
A melanina é produzida em cada um dos folículos pilosos capilares,
então, cada haste capilar fica branca individualmente, isso explica
porque os cabelos vão ficando brancos aos poucos, e não todos de
uma só vez.

Atividades de aprendizagem
1. A melanina consegue revelar um fascinante conjunto de propriedades
químicas que atuam como um efetivo polímero redutor (troca de elétrons),
troca de íons e varredores de radicais e por revelar uma intensa tendência
para se ligar com compostos aromáticos e lipofílicos. De maneira oposta
à maioria dos alcaloides, as reações de melaninas são heterogêneas e
abrangem tanto a superfície como a parte interior das partículas. Pertinente
a essas reações químicas heterogêneas, a classificação das melaninas
acontece de acordo com suas estruturas químicas. Quais são elas?

2. Os melanossomos são organelas especializadas, presentes dentro dos


melanócitos, nos quais é realizada a produção da melanina, esse processo
é conhecido como melanogênese. A transferência dos melanossomos dos
melanócitos para os queratinócitos acontece por um processo que ainda
não foi totalmente esclarecido. Algumas hipóteses foram levantadas acerca
do mecanismo de transferência dos melanossomos aos queratinócitos,
quais são essas hipóteses?

U1 - Conceitos de colorimetria 19
Seção 2
Os conceitos dentro da colorimetria
Introdução à seção

Nesta seção, abordaremos a colorimetria, teoria das cores, definição


da cor, espectro visível, fisiologia da cor e sistemas colorimétricos, o
envolvimento histórico baseado na cor, sua origem, como a cor passa
pelo olho e assim se torna possível distingui-la e as duas teorias de
cores existentes dentro do sistema colorimétrico. Além de estudarmos
o nível ou saturação e a tonalidade ou nuance da cor.
2.1 Colorimetria
Colorimetria é a ciência e o conjunto de tecnologias que estão
envolvidas tanto na quantificação como na investigação física do
fenômeno de percepção de cores pelos seres humanos, sendo uma
análise quantitativa que tem como base a comparação da cor de uma
solução com a cor de outras que possuem concentrações conhecidas
e tomadas como padrão. Quando aplicada nos cabelos, chamamos
essa técnica de colorimetria capilar.
Sua origem deriva do latim, color (cor) e metria (medida), indicando se
tratar da determinação da temperatura da cor, luminosidade, saturação
e de seu grau de matiz. Está relacionada também à proporção do
espectro relativo à radiação da cor, sendo emitida em luz ou refletida.
A psicologia da cor tem como objetivo o estudo dos seus elementos
e da composição estética que pertence à cromática, essa é a ciência
que estuda a harmonia entre as cores. Em suma, a cromática tem
como base de estudo as cores em suas dimensões.
2.2 Histórico
O ato de colorir os cabelos é uma arte muito antiga, que remonta
no mínimo há 4000 anos. Os primeiros registros foram achados no
Egito, onde múmias encontradas tinham seu cabelo colorido com
“henna”. Assim, considera-se que os egípcios foram os precursores no
desenvolvimento da arte de tingir os cabelos.
Já no Império Romano, pentes de chumbo eram mergulhados no
vinagre para serem utilizados no escurecimento dos cabelos grisalhos.

20 U1 - Conceitos de colorimetria
A partir do século XVII, inúmeras receitas foram surgindo e também
livros sobre cosméticos. Nessa época, surgiram os profissionais da
cosmética e em suas prescrições eram incluídos banhos de vinho ou
de leite.
Até o século XIX, a coloração capilar era feita à base de plantas e
compostos metálicos, que provocavam muitos danos ao organismo.
Atualmente, os produtos de coloração capilar executam um papel
muito importante em nosso cotidiano.
2.3 Teoria das cores
Interpretada pelo cérebro e pelos sinais nervosos provenientes do
olho, a cor é decorrente da reemissão da luz oriunda de um determinado
objeto que foi emanado por uma fonte luminosa através de ondas
eletromagnéticas, condizente a uma parte do espectro eletromagnético
visível (380 a 700 nanômetros). A cor não é considerada como um
fenômeno físico, pois um comprimento de ondas pode ser verificado
diferentemente por indivíduos distintos, desse modo, a cor gera um
fenômeno fisiológico de caráter subjetivo e individual.

Figura 1.5 | Ondas eletromagnéticas e emissão de luz

Fonte: <https://goo.gl/Ui8t6F>. Acesso em: 19 jul. 2017.

U1 - Conceitos de colorimetria 21
2.3.1 Conceito da teoria das cores
A teoria das cores certifica que a cor é um fenômeno físico e está
relacionado à existência da luz, sendo assim, se a luz não existisse, as
cores não existiriam.
A cor preta só é percebida quando algo absorve quase que
totalmente a luz que a atinge. Já a cor branca se constata em algo que
possa refletir todas as faixas de luz. Pode-se, então, dizer que as cores
branca e preta não são cores propriamente, mas, sim, a presença ou a
ausência da reflexão de luz.
2.3.2 Histórico da teoria das cores
O primeiro momento em que se mencionou sobre a teoria das
cores, foi quando o filósofo Aristóteles chegou à conclusão de que as
cores são derivadas dos objetos, assim como textura, material e peso.
Pautado pelo universo e pelos números, ele defendeu a existência de
seis cores distintas: branco, vermelho, preto, verde, azul e amarelo.

Para saber mais


A luz disponível é fundamental na análise da cor do cabelo? Sim, sempre
utilizar da luz natural. Se dirija com o cliente até um ambiente externo e
efetue a análise da cor dos cabelos. A luz artificial afeta a percepção da
cor, isso se aplica especialmente à luz fluorescente, que pode distorcer
a cor drasticamente.

Em 302 a.C., surgiu o estudo da refração com Euclides e o conceito


da relação entre cor e luz. Na Idade Média, o estudo das cores foi
impulsionado por aspectos culturais e psicológicos. Plínio teorizou
que haviam três cores consideradas básicas: ametista, vermelho vivo e
uma que denominou de conchífera. O amarelo foi eliminado naquela
época visto que era associado às mulheres, pois usava messa cor no
véu nupcial.
No século XV, Leonardo da Vinci dizia que existia um consentimento
na afirmação de que todas as outras cores conseguiriam se formar a
partir do amarelo, verde, azul e vermelho. Afirmava que o branco e o
preto não eram cores, mas extremidades da luz. Da Vinci observou que
a sombra poderia ser colorida, pesquisando a visão estereoscópica e,
assim, tentou fabricarum fotômetro.

22 U1 - Conceitos de colorimetria
Isaac Newton (1642-1727) julgava coerente a teoria corpuscular da
luz. Foi provado que a teoria de Newton não elucidava satisfatoriamente
esse fenômeno da cor e foi aceita devido ao seu conhecimento pela
gravitação.
Em 1672, Newton apresentou seu conceito de que a luz é “uma
mistura heterogênea de raios com diferentes refrangibilidades”
(NEWTON, 1672a, p. 321). - cada cor correspondendo a uma diferente
refrangibilidade. Apresentou também vários experimentos para
corroborar sua teoria. No primeiro, um feixe de luz solar passava através
de um prisma, formando uma mancha em uma parede. Considerando,
então, que as cores eram pertinentes ao tamanho da partícula de luz.

Figura 1.6 | Prisma de Newton

vermelho
luz branca alaranjado
amarelo
verde
azul
anil
violeta

prisma
Fonte: <https://goo.gl/qdXsZL>. Acesso em: 19 jul. 2017.

Newton notou que a mancha não era circular como o disco solar
- ela era alongada. Para explicar este efeito, assumiu que a luz branca
do sol era composta de muitos raios diferentes. Cada tipo de raio seria
refratado em uma direção diferente e associado a uma cor diferente:
“os raios menos refrangíveis são dispostos a exibir a cor vermelha, e [...]
os raios mais refrangíveis são todos dispostos a exibir uma cor violeta
profunda” (NEWTON, 1672a, p. 321).
No século XIX, o famoso poeta Goethe se encantou pelo assunto
relacionado à cor e passou vários anos buscando finalizar o que
considerava sua obra máxima: uma tratativa sobre as cores que
conduziria para baixo a teoria de Newton. A eminente objeção de
Goethe à teoria de Newton foi de que a luz branca não conseguiria ser
constituída por cores, cada uma delas seria mais escura que o branco.

U1 - Conceitos de colorimetria 23
Figura 1.7 | Roda criada por Goethe em 1810

Fonte: <https://tomdesign89.files.wordpress.com/2011/10/goethe24.jpg>. Acesso em: 19 jul. 2017.

Questão para reflexão


Você sabia que uma das maiores dificuldades dos profissionais da área
capilar tem sido o fato de não saberem como corrigir uma cor?

2.4 Definição da cor


A ideia de cor varia de acordo com sua área de enfoque, alguns
indivíduos definem a cor de um modo que entrelace todos os
componentes (objeto, luz, órgão da visão e cérebro). A cor consiste
em uma informação visual, promovida por um estímulo físico, notado
pelos olhos e decifrado pelo cérebro.
As cores executam uma interpretação de percepção e cognição
contínua na experiência humana. Existem três eixos para discussão do
fenômeno cromático:
• Dimensão de discriminação: relacionada ao aspecto visual das
cores (a estrutura da aparência das cores), por exemplo, bola
vermelha na grama verde.
• Poder de expressão: as cores como atributos percebidos das
coisas do mundo, por exemplo, atingem a alma.
• 
Capacidade de significar: discutidas como categoria
experiencial, por exemplo, aplicação simbólica.

24 U1 - Conceitos de colorimetria
2.5 Espectro visível
Segundo Einstein (1926), a luz tem característica dual, pois possui
comportamento corpuscular e também ondulatório. Apesar desse
comportamento corpuscular, a luz não é considerada matéria, pois
não possui massa. A luz visível é energia e o que vemos é resultado
da detecção de onda de radiação eletromagnética. O comprimento
de onda define o tipo de radiação eletromagnética, e a luz visível
encontra-se numa estreita faixa de comprimento de ondas. Ondas
de rádio, micro-ondas, calor infravermelho e raios-X são exemplos de
ondas eletromagnéticas invisíveis, porque o comprimento está além ou
aquém do espectro de luz visível. A luz visível é uma pequena porção
do espectro eletromagnético com comprimento de onda entre 400 e
750 nm.

Figura 1.8 | Espectro visível

Fonte: <https://goo.gl/r45hks>. Acesso em: 31 jul. 2017.

A luz violeta tem o comprimento de onda mais curto e a vermelha


mais longo. As luzes infravermelhas e ultravioletas não são luzes,
mas, sim, raios de radiação eletromagnética com comprimentos de
onda que estão, respectivamente, além e aquém do espectro visível.

Para saber mais


O espectro visível sofre variação de uma espécie para outra. Os cães e
os gatos enxergam geralmente com muita nitidez o preto e o branco,
numa nuance de cinzas. Já os humanos enxergam, do espectro visível,
apenas as subfaixas do azul à amarela.

U1 - Conceitos de colorimetria 25
A luz visível ou radiação visível é uma energia em forma de
ondas eletromagnéticas que tem a capacidade de excitar o sistema
humano (olhos-cérebro), resultando uma sensação visual.
2.6 Fisiologia da cor
A luz adentra o olho humano por meio da córnea, passando pela
pupila. Devido à atribuição da menor ou maior quantidade de luz
que penetra nos olhos, os músculos da íris sofrem uma contração
ou expansão, para que dessa maneira, controle a intensidade
luminosa que entra no globo ocular, funcionando do mesmo modo
que um diafragma de uma máquina fotográfica. Após a entrada, essa
luz é assentida e logo depois captada por três distintos elementos
refratores: o humor aquoso, o cristalino e o humor vítreo.

Figura 1.9 | Fisiologia da visão

Esclerótica Coroides

Músculo Retina

Ligamento
Fóvea (centro
Ligamento do campo
visual)
Iris
Nervo óptico
Pupila

Humor
acuoso

Cristalino
Artéria e
Humor vitreo veia
Ponto cego

Fonte: <https://www.blogdebiologia.com/wp-content/uploads/2014/11/img-34.jpg>. Acesso em: 31 jul. 2017.

Na parte posterior do olho, encontram-se camadas de células


que possuem como especialidade a formação da retina. A
camada com maior relevância neste sistema para que se obtenha
o reconhecimento cromático é integrada por fotorreceptores
denominados bastonetes (rods) e cones, numa proporção de 16:1.

26 U1 - Conceitos de colorimetria
Questão para reflexão
O que são e qual papel exercem os fotorreceptores?

Figura 1.10 | Esquema da retina com fotorreceptores

Fonte: <https://www.blogdebiologia.com/wp-content/uploads/2014/11/img-44.jpg>. Acesso em: 31 jul. 2017.

Os bastonetes são incumbidos pela visão acromática e são os


fotorreceptores mais sensíveis, de modo que são ativados mesmo
quando em condições de baixa luminosidade. Devido a eles, temos
as percepções das formas, brilho e dimensões das imagens visuais,
mesmo que produzindo uma imagem desfocada, com pouca
precisão.
Os cones estão associados à visão em condições de alta
luminosidade e cores, classificados em três tipos distintos, baseados
no tipo de pigmento que possuem e gama de comprimentos de
ondas de luz que cada um tem a capacidade de absorver, sendo
divididos em L, M e S (long, middle e shortwavelength), pois
absorvem na faixa do vermelho, verde e azul de maneira respectiva
(cores primárias).
Os cones e os bastonetes transduzem a energia luminosa em
mensagens eletroquímicas que são processadas por outras células
na retina e conduzidas até o córtex visual do cérebro por meio do
nervo óptico, local em que ocorre o processamento visual final das

U1 - Conceitos de colorimetria 27
imagens com forma, volume, escala e cor.
2.7 Tricromia
Em 1801, o físico inglês Thomas Young propôs a teoria
tricromática que dizia que todas as sensações de cor são formadas
pela reação dos três comprimentos de ondas eletromagnéticas
vigente nos cones.
A leitura cromática é gerada por impulsos das células ganglionares
relacionadas aos cones. Eles têm eficácia na distinção do vermelho
com o verde; do azul com o amarelo; do branco com o preto,
vetando assim uma cor e intensificando outra. Como exemplo,
temos a cor violeta, esta desponta da ativação lumínica dos cones
vermelhos e inibição dos cones verdes, tendo a ativação dos azuis
por inibição dos amarelos, portanto, na percepção cromática não
perdura a cor vermelha esverdeada, nem a cor azul amarelada.
A colorimetria foi embasada no princípio de que todas as cores
podem ser reproduzidas a partir da composição de cores básicas.
Essas cores são decorrentes de dois sistemas de combinação:
• Sistema aditivo: quando empregada a combinação de luzes,
tendo como cores básicas azul, verde e vermelho.
• 
Sistema subtrativo: quando empregada à combinação
de pigmentos (tintas), tendo como cores básicas azul
(ciano), amarelo, magenta (cor-pigmento primária e cor-luz
secundária, decorrente da mistura das luzes azul e vermelha,
sendo sua cor complementar o verde) e o preto.

Figura 1.11 | Sistemas de combinação

Sistema subtrativo
Fonte: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/65/dd/2d/65dd2dafb5453cef166b8b9a9ab977fe.jpg>. Acesso
em: 31 jul. 2017.

28 U1 - Conceitos de colorimetria
2.8 Sistemas colorimétricos
A cor resulta da combinação de três elementos distintos:
• Uma fonte de luz.
• Objeto cuja cor será avaliada.
• Um observador.

Figura 1.12 | Sistemas de combinação

Fonte: <http://slideplayer.com.br/slide/383609/3/images/24/Elementos+da+cor+X+X+observador+fonte+de+luz+obj
eto.jpg>. Acesso em: 31 jul. 2017.

Os serviços de coloração química alteram a estrutura do cabelo,


de forma que ele absorva algumas ondas e reflitam outras, portanto,
a cor que vemos no cabelo é exatamente a dos comprimentos de
ondas de luz disponíveis e refletidas por sua superfície. Qualquer
mudança na luz disponível resultará em uma mudança de
percepção correspondente na cor que vemos no cabelo. A cor
dos cabelos do indivíduo parecerá mais quente sob a luz do sol
e da luz incandescente, apresentando aspecto mais frio sob a luz
fluorescente.
A lei da cor é baseada na ciência e adaptada à arte. Ela interage
como um guia que determina como algumas cores básicas podem
se misturar para criar uma variedade ilimitada de outras novas cores.
Existem basicamente duas teorias de cores: cor-luz ou sistema RGB,
e cor-pigmento ou sistema CMYK.
2.8.1 Modelo RGB
Este modelo tem como base as mesmas propriedades
fundamentais de luz que ocorrem na natureza e é o modelo de
cores mais utilizado. É baseado no princípio de que diversos efeitos
cromáticos são obtidos pela projeção da luz branca através dos

U1 - Conceitos de colorimetria 29
filtros vermelhos, verde e azul e pela superposição de círculos nas
cores projetadas.
- Cores primárias: são cores puras e não podem ser produzidas
por qualquer mistura, as quais são o vermelho (R), verde (G) e azul
(B). Todas as outras são criadas pela associação entre elas.
- Cores secundárias: são obtidas através da mistura de quantidades
iguais de duas cores primárias quaisquer.
2.8.2 Modelo CMYK
Tem como fundamento a cor-pigmento, determinando a
concepção de leitura e interpretação usada pelos profissionais
do setor cosmético, assim como por todo o setor da beleza. Os
profissionais da área capilar se orientam por esse sistema para definir
suas escolhas em um processo de mudança de cor do cabelo de
seus clientes.
Os pigmentos são classificados em duas categorias: acromáticos
e cromáticos. O branco, o preto e os tons cinza, produzidos pela
mistura do preto e do branco, são acromáticos porque não contêm
cor. Todos os outros pigmentos são cromáticos. Os cromáticos são
classificados em três categorias:
- Cores primárias: vermelho, amarelo e o azul.
- Cores secundárias: obtidas pela combinação das primárias,
duas a duas, em proporções iguais, violeta, laranja e verde.
- Cores terciárias: todas as demais cores, isto é, quando uma cor
não é primária e nem secundária, ela é terciária.

Figura 1.13 | Modelo RGB e CMYK

Fonte: <http://transphorma.com.br/wp-content/uploads/2016/07/GUIA-CONVERS%C3%83O-CORES-RGB-CMYK.jpg>.
Acesso em: 31 jul. 2017.

30 U1 - Conceitos de colorimetria
2.9 Estrela de Oswald
É uma forma de dominar a manipulação de cores, sobre como
elas se misturam e como se apagam. Em outras palavras, atua para
o processo de coloração e neutralização de tons que se tornam
indesejáveis. Logo, funciona como uma tabela de orientação que
surgiu com o disco ou roda de Goethe, e atualmente é denominada
disco de cores ou mesmo Estrela de Oswald.
Estrela de Oswald é uma estrela de seis pontas possuindo no
seu centro um núcleo. Cada uma dessas seis pontas indicará uma
nuance. No meio das linhas indicadas, encontra-se o nuance
marrom (considerada a cor neutra dos cabelos, ou seja, seja, todos
os cabelos contêm a cor marrom).
O profissional da área capilar emprega o uso da Estrela de Oswald
para eliminar tons que são inadequados para o procedimento que
se deseja obter ou para conseguir criar uma nova cor.

Figura 1.14 | Estrela de Oswald

Fonte: <http://www.bsg-world.com/upload/arquivos/2011/09/13/21262/21262.jpg>. Acesso em: 31 jul. 2017.

A cor tem dois componentes separados: o nível ou saturação


(também conhecido como altura de tom), e a tonalidade ou nuance
(também conhecida como reflexos da cor, que podem ser primários,
secundários e terciários, como é o caso da colorimetria usada nos
grandes centros de beleza e estética).

U1 - Conceitos de colorimetria 31
Questão para reflexão
Você sabe o que significa a numeração que vem na caixa da coloração,
e qual a diferença entre os números antes e depois do ponto?

2.10 Nível ou saturação da cor (altura de tom)


Saturação pode ser entendida como nível da cor ou concentração
de cor. Ela nos informa a intensidade da cor, ou seja, a quantidade de
cor. Saturação indica o quanto uma cor é clara ou escura. Proporções
iguais e puras das três cores pigmento primárias resultam em preto ou
cinza, dependendo da concentração e, a ausência da cor pigmento
resulta em branco. Preto e cinza são as mesmas cores, mas possuem
níveis diferentes de concentração.
2.11 Tonalidade ou nuance da cor (reflexos da cor)
A tonalidade ou nuance de cor é justamente determinada por um
pequeno desequilíbrio de cores, e por isso determina o que, na prática,
conhecemos como os reflexos primários e secundários. A tonalidade,
ou nuance, informa-nos a proporção da quantidade de cores, ou
seja, quais cores. Proporções desiguais das três cores pigmentos
primárias resultam em variações de castanhos e louros, dependendo
da concentração ou saturação da cor.
O cabelo de tons castanho ou louro pode ser composto por
variações de amarelo, vermelho e azul, conforme a variação de reflexo
desejada. No mercado, nomes fantasia são dados para expressar uma
tonalidade ou nuance da cor. Alguns exemplos são: louro morango,
castanho claro dourado e vermelho intenso. Muitas empresas
especializadas em coloração capilar utilizam letras para indicar a
nuance da cor. Exemplos: G para dourado (gold); R para vermelho
(red); OR para laranja-avermelhado (orange-red) ou RV para vermelho-
violeta (red-violet).
2.12 Referências das cores em colorimetria
As cores são representadas nas colorações sintéticas por:
• Reflexos frios:
1. Acinzentado
2. Irisado

32 U1 - Conceitos de colorimetria
• Reflexos quentes:
3. Dourado
4. Acobreado
5. Acaju
6. Avermelhado
7. Esverdeado
• Tom natural - classificados em uma escala de 1 a 10, sendo a
cor mais escura o 1 e a cor mais clara o 10.
1. Preto azulado
2. Preto
3. Castanho escuro
4. Castanho médio
5. Castanho claro
6. Louro escuro
7. Louro médio
8. Louro claro
9. Louro muito claro
10. Louro claríssimo
• Nuance ou reflexo emitido em uma coloração:
1. Cinza (azul)
2. Mate ou irisado (verde)
3. Dourado (amarelo)
4. Acobreado (laranja)
5. Acaju (roxo ou violeta)
6. Vermelho
7. Marrom
As empresas fabricantes de colorações para cabelos dificilmente
mudam a numeração das cores básicas, mas costumam mudar a
numeração das nuances, portanto, fique atento à cor correspondente
apresentada pela empresa. Como ler os números das nuances:
 O primeiro número indica a cor principal, exemplo: 8 louro
claro.
 O segundo número indica o reflexo principal: exemplo: acaju.

U1 - Conceitos de colorimetria 33
 O terceiro número indica o reflexo secundário: exemplo: 3
dourado.
Resultado: 8.53 = Louro
O reflexo principal é reforçado pelo reflexo secundário. Após a
vírgula o zero suaviza o reflexo principal.

Atividades de aprendizagem
1. A cor é a decomposição da luz, portanto, é ela que nos permite ver a
cor. O olho humano só consegue enxergar uma pequena parte da energia
eletromagnética que nos circunda, conseguimos enxergar apenas as sete
cores básicas do espectro visível. No sistema colorimétrico, a cor existe por
causa de três elementos. Quais são eles?

2. Como os pigmentos são classificados?

34 U1 - Conceitos de colorimetria
Seção 3
A composição bioquímica das colorações capilares
Introdução à seção

Nesta seção, falaremos sobre a formulação bioquímica das


colorações capilares, conheceremos toda a parte histórica, desde o
início, como eram usadas as colorações e suas composições, como
surgiram as primeiras colorações industriais e suas propriedades
químicas, além de compreender a composição química das colorações
oxidantes e não oxidantes.
3.1 Histórico
Colorir os cabelos é uma arte muito antiga, que remete aos tempos
dos faraós. Há pelo menos três mil anos, os egípcios introduziram e
deram início à técnica de coloração de tecidos e cabelos, com o uso de
inúmeros corantes que eram extraídos tanto da matéria animal, como
vegetal (camomila, henna e índigo). Estes corantes foram manuseados
por muitas civilizações no decorrer dos séculos e são utilizados até os
dias atuais.
A técnica de coloração capilar foi disseminada pelos gregos,
romanos, hebreus assírios, persas, chineses e hindus. Os romanos
utilizaram velhas formulações de sacerdotes gregos para promover o
hábito da coloração nos cabelos. As pessoas que faziam o preparo e a
plicação das colorações eram denominadas de “cinofles”.
As colorações na Antiguidade eram preparadas com amoras
esmagadas e extratos de plantas, dessa maneira eram aplicadas sobre
os cabelos como um creme rinse. Nos séculos XVII e XVIII, as mulheres
realizavam a aplicação de pó e óleo aos cabelos, de modo a conseguir
uma coloração mais clara.
Em 1600, nas cidades de Veneza, Firenze e Salerno havia uma
competição das melhores técnicas de estilo e perfumação para o corpo
e cabelos. O conceito da estética capilar, dentro da beleza veneziana,
preconiza horas de tratamento nos terraços, onde se borrifava nos
cabelos um preparado clareador denominado "a loira", enquanto os
cabelos ficavam expostos ao sol e como resultado, se obtinha uma
coloração castanho amarelado que era denominada, louro veneziano.

U1 - Conceitos de colorimetria 35
Em 1863 surgiram as primeiras colorações industriais, o químico
alemão August Wilhelm Von Hoffmann descobriu as propriedades de
coloração do Paraphenylene-diamine (PPD). Alguns anos depois outro
químico alemão verificou a propriedade que o Paraphenylene-diamine
possuía de colorir a queratina do cabelo, de modo que nos dias atuais,
essa substância constitui a base dos colorantes.
Os avanços tecnológicos nessa área foram intensos e o
desenvolvimento de colorantes sintéticos, conhecidos como tinta de
anilina, têm sido utilizados em larga escala ultimamente: Metato-Luilen-
Diamina, a Parato-Nylene-Diamine, a Dimetil-Para-Fenileno-Diamine e
Amino-Fenóis.
Em 1907, o químico francês Eugène Schueller inventou a primeira
tintura de cabelo e, alguns anos mais tarde, fundou a L'Oréal. Após esse
marco, a indústria cosmética alavancou suas pesquisas e desenvolveu
produtos com eficiência e praticidade. Em 1924 foi lançado o primeiro
shampoo tonalizante, e logo depois, em 1953, entrou no mercado o
creme tonalizante com ação muito mais rápida.
O setor cosmético nos últimos trinta anos tem investido muito em
tecnologias para aprimorar a qualidade e os resultados da coloração
capilar. Em 2007, desenvolveram um produto com capacidade de
descolorir e colorir os cabelos em apenas dez minutos e que ainda
não causava muitos danos aos fios.
Recentemente, no ano de 2015, foi desenvolvida uma molécula
que age com maior rapidez do que o oxigênio presente no peróxido
de hidrogênio. Essa descoberta ocasionou a produção de colorações
que protegem a integridade da fibra capilar, agindo apenas para efetuar
a alteração da cor.

Para saber mais


Você sabia que a nanotecnologia está sendo empregada nas tinturas
capilares?
O pigmento é adsorvido (aderidos na superfície) das nanopartículas,
onde penetra na estrutura do fio mais rapidamente, atingindo a matriz
do fio e colorindo em pouco tempo.

36 U1 - Conceitos de colorimetria
Atualmente, os produtos de tintura capilar executam um papel
muito importante em nosso cotidiano, devido ao grande desejo de
melhorar a aparência que o ser humano tem. As empresas, diante desse
mercado que está em constante ascensão, estão sempre buscando o
desenvolvimento de produtos inovadores e proporcionando que não
ofereçam nenhum tipo de risco à saúde de seus consumidores.
3.2 Composição bioquímica
A composição bioquímica de uma coloração se diferencia
conforme sua categoria (oxidante e não oxidante).
Nas colorações oxidantes, encontramos em sua composição:
 Base, suporte ou veículo: em que os outros componentes
da fórmula são incorporados. Sendo em creme, gel, óleo,
emulsão e outros.
 
Substâncias colorantes: estes componentes se tornam
colorantes após ocorrer a oxidação. Sendo chamados de
intermediários principais, pois são os maiores químicos que
produzem cor e classificados como:
• Primários: que determinam a altura do tom.
• Secundários: que formam os reflexos e aumentam a fixação
no fio.
Dentro de uma formulação de cores, raramente encontramos
menos que dois intermediários principais, em algumas podemos
encontrar quatro ou mais. Dentro das substâncias colorantes, podemos
encontrar os modificadores ou acopladores que são incluídos para
criar complexas misturas de cores. Para se obter cores secundárias e
terciárias, é necessário de quatro a seis modificadores.
 Alcalinos (amônia): possuem uma função dupla: 1° abrir as
escamas da cutícula do fio de cabelo permitindo a penetração
da cor, e 2° facilitar a produção do oxigênio dentro do fio,
eliminando o ambiente ácido no qual é estabilizado. A escolha
do agente alcalinizante pode interferir no mecanismo de ação
do produto, o que poderá influenciar no resultado final da cor.
Finalmente, estabilizantes antioxidantes são adicionados para
prevenir a oxidação prematura. Esses aditivos previnem que as
moléculas finais do produto sejam construídas até que a cor seja
ativada com o peróxido de hidrogênio contido nos reveladores.
 
Substâncias oxidantes: emulsão oxidante (peróxido de

U1 - Conceitos de colorimetria 37
hidrogênio) em creme. Promove a oxidação das substâncias
colorantes (intermediários principais) originando os pigmentos
artificiais. Elas são utilizadas também para clarear o pigmento
natural.
 
Substâncias de tratamento: a aplicação destas substâncias
hidratantes proporcionará um cabelo forte, luminoso e sedoso,
favorecendo também a tonalização e a fixação da cor.

Para saber mais


Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2000), o índice
máximo de hidróxido de amônia que uma tintura de cabelo pode
apresentar é de 6%, e quando superior a 2% deve estar indicado na
embalagem.

As reações químicas que criam a molécula final que é determinante


da cor são extremamente complexas. Os cientistas e os pesquisadores
ainda não as entendem clara e completamente. Antes da produção da
cor final, essas formulações de cores passam por dezenas de diferentes
reações químicas.
As evoluções mais recentes da indústria cosmética nessa área de
colorações por oxidação estão vinculadas aos estudos de interação de
diferentes bases dilatadoras com corantes de alto desempenho. Essa
constante evolução vem sendo impulsionada pelos novos hábitos e
conceitos de harmonia em beleza.

Para saber mais


Você sabia que uma percepção do profissional da área capilar tem
influenciado e, portanto, reorienta os critérios de mudanças nas
imagens das pessoas?

Nas colorações não oxidantes, encontramos dois métodos distintos


de alteração da cor capilar, a henna e as colorações temporárias.
A henna possui em sua composição:
 Ingrediente ativo – Lawsone, quimicamente 2-hydroxy-1,4-

38 U1 - Conceitos de colorimetria
naphthoquinone.
 Princípios ativos – óleos essenciais (alfa e beta-iononas).
 Naftoquinonas – (Lawsona -1,4 naphtoquinonas, herosídeos).
 Flavonoides – (epigenina, luteonina).
 Xantonas – (laxantona I, II e III).
 Cumarina – (5-aliloxi-7-hidroxicumarina).
 Ácido tânico.
A coloração temporária possui em sua composição:
 Base, suporte ou veículo: em que os outros componentes
da fórmula são incorporados. Sendo em creme, gel, óleo,
emulsão e outros.
 Substâncias colorantes: estes componentes se tornam
colorantes, chamados de intermediários principais, pois são os maiores
químicos que produzem cor e classificados como:
• Primários: que determinam a altura do tom.
• Secundários: que formam os reflexos e aumentam a fixação
no fio.
 
Substâncias de tratamento: a aplicação destas substâncias
hidratantes proporcionará um cabelo forte, luminoso e sedoso,
favorecendo também a tonalização e a fixação da cor.
As colorações temporárias podem ser de dois tipos diferentes:
 E
 xistemcoloraçõestemporáriascujasmoléculassãodemasiadamente
grandes e fixam-se apenas sobre a cutícula, ex.: spray, mouse, géis,
rímel.
 A
 gem como uma rinsagem, ou seja, creme condicionador mais
molécula colorante.

Atividades de aprendizagem
1. Quais são os tipos de coloração não oxidantes?

2. O que são as substâncias de tratamento encontradas na composição das


colorações oxidantes?

U1 - Conceitos de colorimetria 39
Seção 4
Colorações capilares
Introdução à seção

Nesta seção, abordaremos o processo de coloração, visando


compreender as colorações oxidantes e não oxidantes, além de
falarmos a respeito das técnicas de colorações e como são realizadas.
4.1 Processo de coloração
Muitos corantes atualmente são superiores àqueles extraídosde
substâncias naturais, o que se comprova pelas inúmeras cores que
conhecemos, mas existe uma adversidade em relação às colorações
utilizadas para cabelo humano: a cutícula apresenta diversas camadas
de escamas que são interligadas; para que a cor não seja retirada do
cabelo ou saia com facilidade nas lavagens, as moléculas do corante
necessitam adentrar a cutícula e serem absorvidas no córtex. Diferente
dos tecidos que conseguem ser tingidos em altas temperaturas e por
várias horas, o cabelo humano deverá ser tingido em temperatura
ambiente, com um determinado período de aplicação em proporção
de curto tempo.
O creme contendo o material colorante (como os protetores
de corantes e os acopladores) e a amônia é misturado ao produto
contendo peróxido de hidrogênio (chamado de emulsão ou base
reveladora). A mistura obtida é alcalina (por conter amônia) e oxidante
(por conter peróxido de hidrogênio). Nesse momento já se inicia a
oxidação dos precursores de corantes, embora esse processo só se
complete nos cabelos.
A mistura é aplicada sobre os cabelos. A amônia provoca
inchamento, abrindo as cutículas e permitindo a absorção dos corantes
e do peróxido de hidrogênio. Com o peróxido de hidrogênio (H2O2 -
água oxigenada) o cabelo é também clareado (até três tons), pois o
(H2O2) tem o poder de oxidar também a melanina natural presente
no cabelo.
Após a aplicação e durante o período de pausa, no qual o cabelo
está interagindo com a tintura, as reações químicas se completam: o
peróxido de hidrogênio clareia o cabelo; os precursores de corantes

40 U1 - Conceitos de colorimetria
são oxidados e tornam se corantes; os agentes acopladores reagem
com os corantes formados, produzindo a cor final com suas nuances e
reflexos (na verdade, os agentes acopladores modificam a cor original
dos corantes principais); os corantes são plenamente absorvidos pelo
cabelo, dando-lhe cor definitiva.
Logo após a pausa, os cabelos são enxaguados para que se retire
completamente os resíduos de produtos, e um condicionador é
aplicado para restabelecer o pH natural, fechando novamente as
cutículas.
Assim, as moléculas adentram a cutícula e conseguem se difundir
de maneira rápida, mostrando desse modo que as moléculas que estão
presentes nas colorações capilares devem ser pequenas, mas para que
consigam colorir de modo suficiente e serem usadas como corante, as
moléculas precisam ser relativamente grandes.
4.2 Coloração oxidante
As colorações oxidantes dependem da mistura de dois
componentes. Não são usadas diretamente como vêm na
embalagem; antes de usá-las devem ser misturadas a um revelador
ou ativador, também conhecido como creme oxidante, que são
emulsões condicionadoras com doses específicas de (H2O2) que
predeterminaram suas volumagens.
Os agentes oxidantes (H2O2) do revelador causam uma reação
química que revelará a cor. Essas colorações são instáveis até serem
reveladas e depositadas no cabelo enquanto se formam. A cor no
frasco não é a mesma depositada no cabelo. A cor final se revela no
cabelo durante o processamento. Colorações que agem por oxidação
permanente podem depositar cor e clarear o cabelo em uma aplicação.
Elas criam uma mudança química de forma que o cabelo não desbote
com as primeiras lavadas tão rápido quanto às cores não oxidantes.
Encontramos dois tipos: semipermanentes e permanentes.
4.2.1 Semipermanente
Conhecidas também como demipermanentes, depositam cor
de longa duração sem o poder de clarear a cor natural dos cabelos.
Elas podem ser usadas para cobrir os fios brancos ou realçar a cor
do pigmento do cabelo. Essas colorações normalmente duram entre
quatro e seis semanas. Colorações de oxidação semipermanente, em
geral, são mais suaves que as oxidantes permanentes. Elas promovem
a oxidação dos corantes entre camadas de cutículas e com pouca

U1 - Conceitos de colorimetria 41
interação com o córtex, por exercerem baixo poder de dilatação da
estrutura externa.
Os corantes utilizados são moléculas de dimensão reduzida, cuja
estrutura possui uma boa afinidade com a fibra capilar. Essas moléculas
penetram até a periferia do córtex e são eliminadas gradativamente
pela lavagem, porém, nas colorações semipermanentes são utilizadas
moléculas de tamanho intermediário. Um determinado número
de materiais expressa tamanho molecular pequeno para conseguir
penetrar no cabelo, mesmo sendo grandes para serem utilizadas como
colorações. Uma particularidade notada nesse sistema de coloração é
que para cada cor existem dois corantes que podem ser usados, um
que possua peso molecular baixo e outro com peso maior.
Estes corantes penetram na cutícula capilar e são depositados
no córtex. Não sendo removidos após uma lavagem. Como esses
corantes são pequenos, para que se difundam da cutícula para o
córtex, é notável que retornem novamente para fora, e a utilização de
shampoos acabe removendo – os gradualmente. De modo geral, são
retirados do cabelo com apenas cinco ou seis aplicações de shampoo.

Para saber mais


Estas colorações semipermanentes proporcionam abertura das
cutículas, necessária para aperfeiçoar a absorção dos corantes pelo
córtex. Como consequência deste mecanismo, há diminuição da
maciez, brilho, aumento do esforço necessário para pentear, atributos
indispensáveis e desejados em um cabelo saudável.

Figura 1.15 | Mecanismo de sistema de coloração semipermanente

Fonte: <http://www.freedom.inf.br/artigos_tecnicos/hc25/imagens/kosmoscience/figura_6.gif>. Acesso em: 1 ago. 2017.

42 U1 - Conceitos de colorimetria
4.2.2 Permanente
As colorações permanentes oferecem muitas vantagens, pois
podem clarear e promover a mudança de tonalidade da cor ao mesmo
tempo, em um único processo. Elas são capazes de clarear a cor
natural do cabelo porque são mais alcalinas que as semipermanentes,
e normalmente são misturadas com um revelador de volumagem alta.
O nível de dilatação da estrutura e também o nível de oxidação dos
corantes são controlados pelo pH da coloração e pela concentração
de peróxido de hidrogênio no revelador. O nível de dilatação aumenta,
enquanto o pH da coloração e a concentração de peróxido se elevam.
A maioria das colorações permanentes são misturas com o
peróxido em partes iguais, na razão de 1:1 efeito dessa proporção de
mistura uma vantagem competitiva. As colorações permanentes por
oxidação, em geral, quando misturadas nas proporções determinadas
pelos fabricantes com o peróxido de hidrogênio a 20 volumes, elevam
sua capacidade de clareamento em um ou dois níveis.
A coloração por oxidação é a sobreposição de duas cores, a cor
do cabelo (natural ou artificial) que será a base a ser colorida, mais os
pigmentos trazidos pela tinta. A coloração por oxidação ou permanente
cobre cabelos brancos e muda a cor dos cabelos. Neste tipo de
coloração o tempo de pausa é fundamental, o período de oxidação
em uma coloração é de 30 a 50 minutos. Formadas por substâncias
intermediárias ou precursoras de cor e acopladores, as substâncias
intermediárias atuam como corantes depois de oxidadas, sofrendo
ligação aos acopladores e propiciando a cor esperada. O processo
tem como base reações de precursores e pigmentos que ocorrem no
interior da fibra capilar, em meio alcalino com pH 8 a 10.
A amônia possibilita a tumefação e abertura das cutículas,
concedendo a absorção dos corantes e do peróxido de hidrogênio.
De acordo com as proporções de oxidante (H2O2), precursores e
acopladores, obtém-se tonalidades mais claras ou escuras. Os corantes
precursores são derivados da anilina. Os precursores são derivados de
di-funcionais, orto, para-diaminas ou aminofenóis que são oxidados
para diimina p-quinona.
Estes produtos proporcionam uma abertura intensa das cutículas,
sendo necessária para a absorção dos corantes pelo córtex, contudo,
têm como consequência diminuição da maciez, brilho e aumento
do esforço para pentear, atributos indispensáveis e desejados em um
cabelo saudável.

U1 - Conceitos de colorimetria 43
Questão para reflexão
Quais são os tipos de coloração com reflexos naturais?

Figura 1.16 | Mecanismo de sistema de coloração permanente

Fonte: <http://www.freedom.inf.br/artigos_tecnicos/hc25/imagens/kosmoscience/figura_2.gif>. Acesso em: 1 ago. 2017.

4.3 Coloração não oxidante


As colorações não oxidantes contêm apenas um componente.
Elas são usadas diretamente como saem da embalagem e não são
misturadas com revelador ou ativador. Não envolvem reações químicas
e não há formação de novos químicos. A mudança no cabelo é apenas
física. Esse tipo de coloração deposita corantes estáveis e diretos que
se formaram antes da aplicação do produto.
A cor no frasco é a mesma depositada no cabelo. Essas colorações
só podem depositar cor e não são capazes de clarear a cor natural
do cabelo. Elas proporcionam mudanças físicas no cabelo e saem
após um número predeterminado de lavagens sem deixar exposto um
notável crescimento. Encontramos dois tipos: temporárias e henna.
4.3.1 Temporárias
Estas são corantes que possuem moléculas grandes em sua
composição, excessivamente grandes que não conseguem atravessar
a cutícula do cabelo perante condições normais. Os produtos de
coloração capilar que utilizam tais corantes são aplicados por processo
de deposição, deixandoa solução de corante secar sobre os cabelos,

44 U1 - Conceitos de colorimetria
assim os corantes se depositam sobre a superfície da cutícula.
Elas são consideradas cosméticos, no mais puro sentido da
palavra. A coloração ocorre por deposição na superfície do cabelo,
atraída, na maioria das vezes, por diferença de polaridade, sem mudar
quimicamente a estrutura capilar. O cabelo é revestido com o pigmento
que absorve e reflete a luz no espectro diferente de sua cor natural.
Há vantagens e desvantagens em produtos desse tipo de coloração,
pois são máscaras de cor, cobrem a cor natural e refletem diferentes
ondas de luz visíveis, não podem deixar os cabelos mais claros que a
cor original, porque a estrutura química capilar não é alterada, e lavar
os cabelos algumas vezes provocará o desbotamento da cor, fazendo
voltar à original.
Embora os produtos de coloração temporária não clareiem a cor
natural do cabelo, são fáceis de usar e podem ser facilmente removidos
com a lavagem.
Algumas desvantagens estão associadas às colorações temporárias,
como: os corantes são removidos dos fios pelo uso de shampoo, a
exposição à chuva pode transferir o corante para as roupas ou colorir
a pele e o corante pode manchar superfícies como roupas de cama.

Figura 1.17 | Mecanismo de sistema de coloração temporária

Fonte: <http://www.freedom.inf.br/artigos_tecnicos/hc25/imagens/kosmoscience/figura_7.gif>. Acesso em: 1 ago. 2017.

U1 - Conceitos de colorimetria 45
As colorações temporárias agem como uma rinsagem, ou seja,
creme condicionador mais a molécula colorante, pois quando um
cabelo está poroso, esse tipo de rinsagem pode fixar-se entre a cutícula
e o córtex, e não ficar sobre ela, então são utilizadas para neutralizarem
reflexos indesejados, principalmente em processos de descoloração
em mechas.
4.3.2 Henna
A hena é uma coloração em pó obtida de uma planta, que
ultrapassou a barreira do tempo e ainda é usada ocasionalmente
em forma de pasta. O nome egípcio para essa planta é Henna. Uma
planta pequena com uma casca esbranquiçada, folhas verdes claras
e flores brancas cheirosas. As folhas secas trituradas são misturadas
com água para formar uma pasta. Essa mistura dá ao cabelo escuro e
sem tratamento um tom castanho avermelhado. Esse mecanismo de
coloração ainda é usado em larga escala no Oriente Médio e na Índia.

Figura 1.18 | Folhas e pó da Lawsonia inermis (Henna)

Fonte: <http://madlyluv.com/wp-content/uploads/2016/01/henna-powder-and-leave-1024x658.jpg>. Acesso em: 1


ago. 2017.

A Henna ainda é útil hoje, mas tem desvantagens. As substâncias


encontradas naturalmente na Henna nunca são puras, pois as plantas
contêm centenas de químicos diferentes desconhecidos. A Lawsonia,
o agente de cor da Henna, é um dos muitos químicos encontrados na
folha de Henn, ela equivale apenas a 1% da folha.
O ácido tânico, também encontrado nessa planta, só contribui um
pouco na cor do cabelo. Esse químico fica escuro ao ser exposto à
luz. Infelizmente, ele também aumenta a dureza do cabelo. A Henna
aumenta o corpo do cabelo fino. O uso em excesso pode deixar o
cabelo ressecado e áspero. Ela tem uma importante afinidade com as

46 U1 - Conceitos de colorimetria
ligações salinas e pode atingir a primeira camada do córtex em alguns
casos, como em cabelos muito finos ou descoloridos.
Essa desvantagem faz com que a Henna se acumule na superfície do
cabelo e na primeira camada do córtex, dificultando a ação de soluções
para ondulações permanentes. Essa coloração não é estável, e lavar os
cabelos repetidamente fará com que a cor se desbote gradualmente,
como é o perfil de uma coloração temporária. A Henna pode dar uma
tonalidade esverdeada aos cabelos descoloridos e, embora seja segura
e geralmente não sensibilizante, suas desvantagens limitam muito seu
uso.

Figura 1.19 | Mecanismo de sistema de coloração de henna

Fonte: <http://www.freedom.inf.br/artigos_tecnicos/hc25/imagens/kosmoscience/figura_7.gif>. Acesso em: 1 ago. 2017.

Entre as funções e a aplicabilidade da hena, podemos afirmar que


possui moléculas demasiadamente grandes e por isso fixam-se apenas
sobre a cutícula, são colorantes apenas para colorir a superfície e saem
nas primeiras lavagens.

Para saber mais


Antes de aplicar a Henna nos cabelos, é necessário certificar-se que
ele está o mais saudável possível, mantendo uma rotina de cuidados
capilares antes e depois da coloração, para que o cabelo mantenha um
bom aspecto e saúde.

U1 - Conceitos de colorimetria 47
4.4 Técnicas de coloração
Inúmeras são as técnicas de aplicação das colorações capilares,
tanto oxidantes como não oxidantes:
4.4.1 Técnicas de coloração oxidantes (semipermanente)
A sequência para a aplicação:
1. Separe o material e prepare o cliente.
2. Divida o cabelo em mechas (de quatro a seis).
3. Aplique a coloração e aguarde o tempo de pausa (cinco a
trinta minutos, conforme recomendação do fabricante).
Efeitos durante esse período: as cutículas são abertas pela ação da
alcalinidade do produto, e os corantes são absorvidos e impregnam os
cabelos (cutícula), colorindo-os diretamente.
4. O produto é então enxaguado, retirando-se todo o excesso de
pigmento.
Não use shampoo, mas um pouco de condicionador, para que o
cabelo recupere seu pH natural.
5. Dê os retoques finais (secagem, penteado etc.).
4.4.2 Técnicas de coloração oxidantes (permanente)
A sequência para a aplicação:
1. Separe o material e prepare o cliente.
2. Prepare a tintura: coloque a tintura-creme e o revelador com
água oxigenada em um recipiente não metálico e misture até
obter um creme homogêneo.
3. Determine o ponto de partida para a aplicação do produto. O
ideal é iniciá-la a partir da região da nuca ou a partir do local
com maior número de fios brancos a cobrir.
4. Divida o cabelo em mechas (de quatro a seis).
5. Coloque as luvas e aplique a tintura da raiz às pontas com o
auxílio de um pincel, mecha por mecha, de forma rápida e
ritmada. Aguarde o tempo de pausa do produto e enxágue o
cabelo com bastante água.
6. Aplique o condicionador e o bálsamo neutralizante.
7. Dê os retoques finais (secagem, penteado etc.).

48 U1 - Conceitos de colorimetria
4.4.3 Técnicas de coloração não oxidantes (temporária)
A sequência para a aplicação:
1. Separe o material e prepare o cliente (o cabelo poderá ser
lavado com shampoo suave).
2. 
Prepare o produto misturando o shampoo (contendo os
corantes) ao revelador (contendo peróxido de hidrogênio).
3. Divida o cabelo em mechas (de quatro a seis).
4. 
Coloque as luvas de plástico ou de borracha e aplique o
shampoo, depois massageie os cabelos.
5. Aguarde o tempo de pausa sugerido pelo fabricante e retire o
produto, enxaguando os cabelos com água.
6. Aplique o condicionador para reequilibrar o pH dos cabelos.
7. Dê os retoques finais (secagem, penteado etc.)
4.4.4 Técnicas de coloração não oxidantes (henna)
A sequência para a aplicação:
1. 
Separe o material e prepare o cliente (o cabelo pode ser
molhado).
2. Divida o cabelo em mechas (de quatro a seis).
3. É necessário fazer a mistura da Henna com água morna.
4. A Henna necessita de um tempo de descanso para que seu
pigmento possa ser liberado. Esse tempo varia de três até vinte
e quatro horas, dependendo da temperatura ambiente.
5. Aplique a coloração e aguarde o tempo de pausa.
6. Quanto mais concentrada a mistura, maior a quantidade de
pigmentos.
7. Quanto maior for o tempo de pausa, maior será a intensificação
da coloração.
8. O produto é, então, enxaguado, retirando-se todo o excesso
de pigmento.
Não use shampoo, mas um pouco de condicionador para que o
cabelo recupere seu pH natural.
9. Dê os retoques finais (secagem, penteado etc.).

U1 - Conceitos de colorimetria 49
Atividades de aprendizagem
1. As tinturas tradicionais são conhecidas como coloração permanente.
Descreva as características dessas colorações.

2. As tinturas mais antigas eram preparadas com amoras ou plantas e


aplicadas nos cabelos como um creme capilar. As tinturas são divididas em
colorantes oxidantes e não oxidantes. Escreva sobre cada um dos colorantes.

Fique ligado
Nesta unidade, você aprendeu sobre a identificação da cor e tom dos
cabelos naturais, os conceitos dentro da colorimetria, a composição
bioquímica das colorações capilares e as colorações capilares.
Além disso, estudou a identificação e a tonalidade da cor nos cabelos
e como são produzidos os pigmentos e conheceu sobre a canície e
como ocorre nos fios de cabelo. Então, vimos o que é a colorimetria,
teoria das cores, definição da cor, espectro visível, fisiologia da cor e
sistemas colorimétricos, bem como abordamos o nível ou saturação e
a tonalidade ou nuance da cor.
Esclarecemos sobre a formulação bioquímica das colorações
capilares, mostrando toda a parte histórica. Além de compreender a
composição química das colorações oxidantes e não oxidantes e o
processo de coloração.
Desenvolveu o raciocínio de que o entendimento sobre os
conceitos envolvidos dentro da colorimetria são essenciais tanto para
o embelezamento como para a qualidade de vida, são recursos cada
dia mais usados nos centros estéticos e de embelezamento, já que esta
área capilar se encontra em alta, sendo um dos mercados que mais
cresce, principalmente, no Brasil.
É fundamental saber sobre o universo da química capilar, desde
a Antiguidade e toda sua evolução até os dias atuais, no intuito de
compreender a importância de conhecer as colorações e de como
agem nos fios.

50 U1 - Conceitos de colorimetria
Para concluir o estudo da unidade
Diante do que aprendemos nesta unidade, concluímos que os
conceitos de colorimetria são essenciais para o atendimento dos
profissionais da área capilar. Desse modo, verifica-se a importância de
conhecimentos específicos e profundos voltados à área capilar.
Sugerimos como conclusão do estudo desta unidade que você
faça uma avaliação das pessoas do seu convívio para conhecer melhor
como são realizadas as técnicas de coloração estudadas aqui, e que,
baseado nessa avaliação, possa orientar as possibilidades que existem
para uma melhor aplicabilidade dos conceitos envolvidos dentro da
colorimetria.

Para concluir o estudo da unidade


1. Para empregar a Estrela de Oswald no seu trabalho, o profissional precisa
ter um entendimento correto e preciso dela. Podemos dizer então:
I- Elimina tons inadequados para o procedimento que se deseja realizar.
II- Consegue criar a cor esperada para os cabelos.
III- Utilizada para que a cliente escolha a cor desejada.
Está correto o que se afirma em:
a) I apenas.
b) II e III apenas.
c) II apenas.
d) I,II e III.
e) I e II apenas.

2. O ato de colorir os cabelos também possui um momento histórico


relativo à teoria das cores:
I- Há 4.000 anos no Egito foram encontrados os primeiros registros, onde
múmias tinham o cabelo colorido com “henna”.
II- Os chineses foram os precursores no desenvolvimento da arte de tingir
os cabelos.
III- No Império Romano, pentes de chumbo eram mergulhados no vinagre
e utilizados no escurecimento dos cabelos grisalhos.
Está correto o que se afirma em:
a) I apenas.
b) II e III apenas.
c) III apenas.
d) I,II e III.
e) I e III apenas.

U1 - Conceitos de colorimetria 51
3. Quando o cliente se dirige ao salão de beleza ou centro de embelezamento
para realização de uma coloração de cabelos, há duas categorias de
produtos, as colorações oxidantes e as não oxidantes. De acordo com as
colorações, relacione as colunas:
1-Não oxidante / 2-Oxidante
( ) Ação temporária.
( ) Semipermanentes.
( ) Permanentes.
( ) Atuante por deposição.
a) 1/2/1/2.
b) 2/2/1/1.
c) 1/2/2/1.
d) 1/1/2/2.
e) 2/1/1/2.

4. Sobre a categoria das colorações que possuem uma cor duradoura,


clareia e promove a mudança da cor ao mesmo tempo, elas podem ser
alcalinas e são misturadas com um revelador de volumagem específico.
Qual seria a essa coloração de oxidação?
a) Semipermanente.
b) Henna.
c) Permanente.
d) Não oxidante
e) Temporária.

5. Conseguimos enxergar uma pequena parte da energia eletromagnética


que nos circunda, apenas as sete cores básicas do espectro visível. A luz
existe e pode ser vista por causa de três entidades:
a) Luz; objeto visualizado; observador.
b) Olho; objeto visualizado; luz.
c) Luz; binóculo; observador.
d) Objeto visualizado; luz; lente.
e) Observador; óculos; objeto visualizado.

52 U1 - Conceitos de colorimetria
Referências
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Diário Oficial da União de 31 de agosto
de 2000. Resolução RDC nº 79, de 28 de agosto de 2000. Estabelece a definição e
Classificação de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes e outros com
abrangência neste contexto, 2000.
BEDIN, V. Produtos capilares. Cosmetics & Toiletries, v. 18, 2006.
COTRAN, R. S. et al. Patologia estrutural e funcional. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan S.A., 2000.
EINSTEIN, A. Investigations on the theory of the brownian motion. Nova York: Dover,
1956 [edição original: 1926].
EINSTEIN, A. Quanta, vol. l., Oeuvres choisies. Paris: Seuil, 1989.
GOMES, A. L. Uso da tecnologia cosmética no trabalho do profissional cabeleireiro. São
Paulo: SENAC, 2006.
HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan S.A., 1999.
______. Histologia Básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2011.
KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N. Patologia: bases patológicas das doenças. 7. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2005.
LOSSOW, J. F. Anatomia e fisiologia humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara e Koogan,
1990.
MARTINS, R. A. A "Nova teoria sobre luz e cores" de Isaac Newton: uma tradução
comentada. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 18, p. 313- 327, 1996.
NEWTON, I. A letter of Mr. Isaac Newton, professor of the Mathematicks in the University
of Cambridge; containing his new theory about light and colours; sent by the author to
the publisher from Cambridge, Febr. 6. 1671/72; in order to be communicated to the R.
Society’, Philosophical Transactions of the Royal Society, v. 6, n. 80, p. 3075-3087, 1672a.
Traduzido em SILVA, C. C, &
NEWTON, I. Mr. Isaac Newton answer to some considerations upon his doctrine of light
and colours; which doctrine was printed in Numb. 80 of these Tracts’, Philosophical
Transactions of the Royal Society, v. 7, p. 5084-5103, 1672b. Reimpresso em: COHEN,
I. B. & SCHOFIELD, R. E. (eds.). Isaac Newton’s papers & letters on natural philosophy.
Cambridge, MA: Harvard University Press, p. 116-135, 1978.
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U1 - Conceitos de colorimetria 53
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed. Porto Alegre:
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TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 12 ed. Rio de
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WAGNER, R. C. C. A estrutura da medula e sua influência nas propriedades mecânicas
e da cor dos cabelos, Campinas, São Paulo, 2006. Tese de doutorado - Universidade
Estadual de Campinas - Instituto de Química, Campinas, 2006.

54 U1 - Conceitos de colorimetria
Unidade 2

Processos de descoloração
capilar
Vânia Aparecida Malachias Terra

Objetivos de aprendizagem
A proposta da presente unidade é que você, aluno, saiba conhecer
e identificar os processos de clareamento capilar, a composição
bioquímica do descolorante capilar, as técnicas de clareamento e os
efeitos do clareamento nos fios.

É de extrema importância que o profissional da área do


embelezamento tenha o domínio da parte dos conceitos envolvidos
dentro dos estágios da descoloração e saiba como ocorrem a
reação de oxidação, o pH e o clareamento capilar. Além disso, ele
deve conhecer com propriedade a formulação bioquímica dos
descolorantes capilares e as técnicas de clareamento capilar, além
de saber sobre os oxidantes em uso, os efeitos dos clareadores
capilares e a segurança no clareamento capilar.

Seção 1 | Processo de clareamento capilar


Nesta seção, abordaremos como acontece o clareamento capilar, quais
são os estágios da descoloração e como ocorre a reação de oxidação, além de
falarmos sobre o pH e o clareamento capilar.

Seção 2 | A composição bioquímica do descolorante capilar


Nesta seção, falaremos sobre a formulação bioquímica dos descolorantes
capilares, mostrando toda a parte histórica, desde o início de como eram usadas
as descolorações e suas composições, bem como compreenderemos o uso dos
clareadores para couro cabeludo e extensão capilar.
Seção 3 | Técnicas de clareamento capilar
Nesta seção, falaremos sobre as técnicas de clareamento capilar, luzes,
mechas, reflexo, balaiagem, californiana, ombré hair, mechas 3D e invertidas, Além
de conhecermos sobre o procedimento de matização e sua importância após as
descolorações.

Seção 4 | Efeitos do clareamento capilar


Nesta seção, discorreremos sobre os oxidantes em uso e os efeitos dos
clareadores capilares e também falaremos a respeito da segurança no clareamento
capilar.
Introdução à unidade
Abordaremos, durante esta unidade, os conceitos envolvidos dentro
dos processos de clareamento capilar, a composição bioquímica
do descolorante capilar, as técnicas de clareamento e os efeitos do
clareamento nos fios.
A cor natural do cabelo pode ser clareada pela superposição de
colorações permanentes, classificadas como superclareadores, ou pela
descoloração convencional da melanina, fazendo uso e aplicação da
mistura de pó descolorante com creme oxidante de alta volumagem.
Essa descoloração degrada parte da melanina e altera sua estrutura
química para que não absorva mais a luz visível e o cabelo promova a
reflexão da luz ao invés de absorvê-la.
A cada momento surgem novas tendências em cores e
descolorações capilares. A evolução no mercado da beleza e a rápida
disseminação de informações corroboram para que as novas técnicas
se tornem desejo entre os homens e as mulheres. O cabelo representa
uma característica física corporal que pode ser alterada de acordo com
as tendências da moda, da cultura ou dos valores da sociedade.
O profissional da área capilar deve examinar o couro cabeludo e o
cabelo antes de aplicar clareadores. No exame, procuram-se sinais de
irritação, vermelhidão, sensibilidade ou inchaço no tecido da epiderme,
feridas abertas, ressecamento excessivo ou outros problemas de pele.
Na Seção 1, conheceremos os conceitos envolvidos nos processos
de clareamento capilar. Durante a Seção 2, abordaremos a composição
bioquímica do descolorante capilar. No decorrer da Seção 3, falaremos
sobre as técnicas de clareamento e na Seção 4, discorreremos sobre
os efeitos do clareamento nos fios.
Lembrando sempre que, ao tratar qualquer procedimento capilar,
deve-se sempre ter conhecimentos fisiológicos capilares e conhecer
todos os procedimentos a fundo. Assim, será muito mais simples e
fácil conseguir tratamentos terapêuticos e modificações químicas que
sejam realmente coerentes com aquela alteração realizada.
Esperamos que você, aluno, aproveite ao máximo esse recurso
didático e faça uma ótima leitura!
Seção 1
Processo de clareamento capilar
Introdução à seção

Nesta seção, abordaremos como acontece o clareamento capilar,


quais são os estágios da descoloração e como ocorre a reação de
oxidação, além de falarmos sobre o pH e o clareamento capilar.
1.1 Clareamento capilar
A cor natural do cabelo pode ser clareada pela superposição de
colorações permanentes, classificadas como superclareadores, ou pela
descoloração convencional da melanina com o uso e a aplicação da
mistura de pó descolorante com creme oxidante de alta volumagem.
Essa descoloração degrada parte da melanina e altera sua estrutura
química para que não absorva mais a luz visível e o cabelo promova a
reflexão da luz ao invés de absorvê-la.
O cabelo reflete toda a luz de uma fonte luminosa, assim, a cor que
enxergamos nos cabelos é o branco, ou as tonalidades mais próximas
a ele. Clarear cabelos escuros para quase branco é um processo muito
difícil e extremamente danoso aos fios. Os cabelos escuros raramente
clareiam mais do que o amarelo-pálido.
Retirar a cor natural do cabelo não apenas o faz mais claro, mas
também altera o equilíbrio ou a tonalidade da cor, que fica mais quente.
As cores primárias são o amarelo, o vermelho e o azul. O clareamento
via descoloração do cabelo deveria remover as três cores primárias em
igual proporção, mas isso não ocorre na maior parte das vezes.
Esse conceito de revelação da cor via descoloração da fibra capilar
natural define a ideia de fundo de clareamento do cabelo. Destacamos
que o fundo de clareamento do cabelo deve ser sempre um importante
tema de estudo e simulações do processo de aprendizado, pois essa
prática está intensamente vinculada aos mais importantes processos
de decisões para a mudança de cor dos cabelos no cotidiano de todos
os centros capilares.
Extrair uma parte de cada uma das três cores primárias da cor
natural seria o ideal, porém, comumente, resíduos de amarelo e de

58 U2 - Processos de descoloração capilar


vermelho fazem, na maioria das vezes, com que o cabelo revele um
fundo laranja.
Os resultados da descoloração da cor natural do cabelo variam
dependendo da cor original dos fios. O cabelo de cor clara normalmente
clareia com mais rapidez e facilidade, pois a predominância nos fios é
da melanina do tipo feomelanina. O mais escuro é normalmente mais
difícil e, ainda, pode não clarear além do estágio amarelo-dourado, pois
há grande quantidade de melanina escura do tipo eumelanina.

Para saber mais


Tons indesejados de laranja, amarelado podem ser neutralizados com
um tonalizante ou matizante de cor azul. Perceba que, acrescentando o
tonalizante azul em amarelo-pálido, fará com que o cabelo fique verde,
portanto, para esse caso, seria indicado um tonalizante violeta (azul +
vermelho), pois, assim, o vermelho neutralizaria o verde resultante do
amarelo-pálido e o tonalizante azul.

Figura 2.1 | Processo de clareamento capilar

Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/_mC687nYobQo/S79tcknlPJI/AAAAAAAAKkk/Kl14Lvl_aVY/s1600/Imagem-15.jpg>.
Acesso em: 11 ago. 2017.

U2 - Processos de descoloração capilar 59


1.2 Estágios de descoloração
Existem dez níveis ou estágios de descoloração que estão envolvidos
no clareamento do cabelo (nível 1 a 10). Cada cor natural do cabelo
inicia o processo de descoloração em um estágio diferente. Somente
o cabelo preto poderia passar pelos dez estágios.
• Nível 10 - Amarelo-pálido.
• Nível 9 - Amarelo-claro.
• Nível 8 - Amarelo-dourado.
• Nível 7 - Amarelo-alaranjado (bronze).
• Nível 6 - Laranja-amarelado.
• Nível 5 - Vermelho-alaranjado.
• Nível 4 - Vermelho-escuro.
• Nível 3 - Vermelho-profundo.
• Nível 2 - Castanho-avermelhado.
• Nível 1 - Castanho-escuro-avermelhado.

Figura 2.2 | Estágios da descoloração

Fonte: <http://sitedamulher.com/wp-content/uploads/2013/11/altura-de-tom-e-fundo-de-clareamento.png>. Acesso


em: 11 ago. 2017.

Os clareadores são usados para duas propostas:


• Clarear o cabelo até sua tonalidade final.

60 U2 - Processos de descoloração capilar


• Preparar o cabelo para a aplicação de um tonalizante.
Os raios ultravioletas do sol são poderosos o suficiente para atacar
e descolorir a melanina, mas o processo é gradual e difícil de controlar.
Os reflexos de aparência natural são chamados de luzes e raramente
acontecem naturalmente.
Métodos modernos de reflexos constantemente produzem
resultados de aparência natural com um mínimo de dano. O
clareamento do cabelo é atingido pela oxidação da melanina dentro
do córtex do cabelo.

Questão para reflexão


Todo cabelo tem um limite de descoloração, denominado fundo de
clareamento. O fundo de clareamento é muito importante para o
profissional capilar, para que ele exerça influência direta na altura do
tom que o cliente deseja alcançar. Caso o profissional não compreenda
sobre os limites da descoloração capilar, quais intercorrências podem
acontecer nos fios de cabelo?

1.3 Reação de oxidação


A reação de oxidação é promovida pela ação do peróxido de
hidrogênio, chamado de agente oxidante. Com a fórmula molecular
(H2O2), esta molécula é instável e se decompõe em água e oxigênio
(uma reação de oxidorredução), reagindo com a melanina capilar,
causando sua oxidação, portanto, sua descoloração.

Figura 2.3 | Oxidação da melanina capilar

Cutícula Cutícula Cutícula


Córtex Córtex Córtex
Grânulos de Grânulos de Grânulos de
pigmento pigmento pigmento
Medula Medula Medula

Fonte: Hall (2011, p. 153).

U2 - Processos de descoloração capilar 61


1.4 pH e o clareamento capilar
Os clareadores capilares são alcalinos, possuem pH que varia de 9,5
a 11, e mais eficazes por dois motivos:
1. Expandem e dilatam a queratina do cabelo, abrindo a cutícula
para permitir a penetração do clareador no córtex. Lembre-
se de que a melanina está localizada dentro do córtex. As
soluções com um pH mais alto dilatam com maior eficiência
o cabelo, promovem maior penetração do descolorante ou
do superclareador e aumentam o contato com a melanina;
consequentemente, elevam o nível de clareamento ou
descoloração do cabelo.
2. 
Desencadeiam a decomposição rápida do peróxido de
hidrogênio e aceleram o processo de oxidação. O peróxido de
hidrogênio é estabilizado por acidificantes para prevenir uma
decomposição prematura. Por isso, quando utilizado sozinho,
oxida lentamente e clareia pouco o cabelo, no entanto, ao
misturar o peróxido de hidrogênio com um clareador alcalino,
que aumenta o pH do meio, desencadeia-se a decomposição
deste, e a liberação do gás oxigênio é dada com maior
intensidade, permitindo uma maior ação de clareamento.

Figura 2.4 | Faixa de pH na estrutura capilar

Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-m-AKjePT3Zc/VUY_0S5eMnI/AAAAAAAAB5k/M56uqXxc3Eg/w1200-h630-p-k-no-
nu/ph-fio-cabelo.png>. Acesso em: 14 ago. 2017.

62 U2 - Processos de descoloração capilar


Amônia e hidróxido de amônio – a amônia vem sendo usada
com segurança como um agente alcalino nos clareadores de cabelo
há décadas; é um alcalino inorgânico, pois não contém átomos de
carbono em sua estrutura. Ela é uma pequena molécula volátil que
evapora rapidamente e exala um forte odor característico. Acaba sendo
rejeitada por esse odor, apesar de ser mais eficaz que outros agentes
alcalinos no clareamento dos cabelos.
Alcanolaminos – são utilizados como agentes alcalinos em
clareadores de cabelo, em substituição ao hidróxido de amônio e,
estão ganhando popularidade devido a seu baixo odor.

Para saber mais


O equilíbrio e a reposição com antioxidantes parecem ser um recurso
mais racional para os tratamentos capilares após procedimento de
clareamento capilar. Um estudo recente demonstrou que a utilização
de antioxidantes interrompe o processo de embranquecimento dos
cabelos por remover o peróxido de hidrogênio encontrado nos fios,
sendo este um descolorante que retira a cor natural dos fios.

Atividades de aprendizagem da seção


1. No processo de clareamento capilar, os produtos clareadores possuem
pH entre 9,5 e 11, ou seja, são alcalinos. Explique como os clareadores agem
no cabelo.

2. Como acontece a reação de oxidação promovida pelo peróxido de


hidrogênio?

U2 - Processos de descoloração capilar 63


Seção 2
A composição bioquímica do descolorante capilar
Introdução à seção

Nesta seção, falaremos sobre a formulação bioquímica dos


descolorantes capilares, mostrando toda a parte histórica, também
sobre como eram usadas as descolorações e suas composições. Além
disso, compreenderemos o uso dos clareadores para couro cabeludo
e extensão capilar.
2.1 Histórico
O ato de descolorir os cabelos é uma arte que começou a ser
realizada na década de 1930, em que os recursos eram precários e a
qualidade do serviço era muito ruim comparada aos dias de hoje.
No ano de 1930, Jean Harlow lançou moda ao combinar os
cabelos ultraclaros com o uso do batom vermelho intenso. Nessa
época, a descoloração capilar era realizada com oxidantes muito
intensos, o peróxido de hidrogênio era utilizado em sua forma pura e
causava odores fortíssimos. Para minimizar os odores desagradáveis e
o desconforto que o agente clareador causava nos cabelos, era feito
o uso de éter como anestesia. Outro modo de clareamento era uma
mistura de amônia com clorox (cujo princípio ativo é o hipoclorito de
sódio), essa reação química dá origem ao ácido clorídrico, que clareia
os cabelos, mas é extremamente agressivo.
A atriz Betty Grable, no ano de 1940, foi uma das primeiras a exibir
cabelos loiros com ondas. Os profissionais da área capilar na época
utilizavam concentrações altas de peróxido de hidrogênio, que causa
fortes reações no couro cabeludo, olhos e forte tendência à quebra
dos cabelos.
Durante o ano de 1950, Marilyn Monroe utilizava uma mistura
secreta de peróxido de hidrogênio lixívia (possuía pH 13) prateada com
peróxido de hidrogênio 20 volumes, em seguida era realizada uma
lavagem acinzentada que se mantém confidencial até hoje. Nessa
época, o peróxido de hidrogênio se mostrou o agente absoluto na
busca dos cabelos claros, impulsionando as empresas a agregarem
emolientes, proteínas e retardadores do efeito oxidante.

64 U2 - Processos de descoloração capilar


Na década de 1980, Madonna mostrou a evolução nas técnicas de
luzes. Nos seus fios, havia diferentes nuances de platinado e a técnica
era realizada no papel laminado.
No decorrer dos anos, as técnicas de clareamento foram se
modificando e houve um melhoramento nas composições dos
agentes clareadores, buscando evitar danos à estrutura capilar.
2.2 Composição bioquímica
A descoloração capilar é realizada com a homogeneização de dois
agentes clareadores: peróxido de hidrogênio e pó descolorante.
O peróxido de hidrogênio, conhecido como água oxigenada, é
uma substância líquida que possui em sua composição dois átomos de
hidrogênio e dois átomos de oxigênio (H2O2), habitualmente utilizado
na fórmula de uma solução aquosa. Em estado de solução aquosa, o
agente clareador misturado com água torna-se diferente do material
puro, devido aos efeitos da ligação de hidrogênio entre as moléculas de
água e de peróxido de hidrogênio. Ele possui um forte efeito oxidante
com a finalidade de clareamento capilar.

Para saber mais


O peróxido de hidrogênio concentrado não é permitido pela legislação
para ser utilizado nos centros capilares, pois podem causar indisposições,
queimaduras e explosões. Os profissionais da área capilar utilizam uma
solução deste peróxido de hidrogênio em água.

O termo volume indica a porcentagem de peróxido de hidrogênio


da solução aquosa e, assim, um produto de dez volumes, por exemplo,
é uma solução de aproximadamente 3% de peróxido de hidrogênio para
97% de água. Volumes diferentes indicam concentrações diferentes:
• 10 volumes – 3% peróxido de hidrogênio + 97% de água (H2O).
• 20 volumes – 6% peróxido de hidrogênio + 94% de água
(H2O).
• 30 volumes – 9% peróxido de hidrogênio + 91% de água (H2O).
• 40 volumes – 12% peróxido de hidrogênio + 88% de água
(H2O).
Indicações da utilização referente aos volumes de peróxido de

U2 - Processos de descoloração capilar 65


hidrogênio:
• 10 volumes: tom sobre tom.
• 20 volumes: clareia 1 a 2 tons.
• 30 volumes: clareia 2 a 3 tons.
• 40 volumes: clareia 3 a 4 tons.
Cremes reveladores são emulsões contendo peróxido de hidrogênio,
água e agentes emulsionantes e de consistência, chamados agentes
cremosos. Uma variedade de agentes cremosos pode ser adicionada,
incluindo alcoóis graxos, alcanolamidas e fenóis etoxilados alquílicos.
Esses materiais espessam o revelador, proporcionando opacidade e
contribuindo para a viscosidade da fórmula e, em alguns produtos,
agem como condicionadores.
O pó descolorante possui em sua composição:
• Persulfato de potássio.
• Silicato de sódio.
• Hidróxido-carbonato de magnésio.
• Parafina líquida/óleo mineral.
• Persulfato de amônio.
• Estearato de sódio.
• Goma xantana.
• Amido de arroz.
• Algina.
• EDTA dissódico.
• Sílica.
• C177007 (Ultramarino-pigmento azul).
A amônia é um composto químico constituído por um átomo de
nitrogênio e por três átomos de hidrogênio (NH3). Ela proporciona a
abertura das cutículas dos fios com facilidade, de modo que possibilita o
clareamento com mais rapidez, entretanto, esta mesma rapidez requer
aplicação hábil e atenção constante para que não sejam ultrapassados
o grau de clareamento desejado nem o tempo limite suportado pelo
fio. Sua cor azulada reduz o risco dos temidos reflexos amarelo-laranja.

66 U2 - Processos de descoloração capilar


Questão para reflexão
Os descolorantes com amônia são indicados para cabelos virgens,
escuros e fios grossos?

2.3 Uso de clareadores


O profissional da área capilar pode escolher umas das três formas
de clareadores: óleo, creme e pó. Clareadores em óleo e creme são
considerados clareadores de couro cabeludo, que são utilizados
de forma direta, misturando o clareador com ativadores. As novas
tecnologias desenvolveram clareadores em pó que podem ser
utilizados no couro cabeludo.
2.3.1 Clareadores de couro cabeludo
Clareadores em creme, óleo e alguns pós são utilizados no couro
cabeludo por terem uma fácil aplicação. As formulações em óleo
são mais suaves e apropriadas quando apenas um ou dois níveis de
descoloração são desejados.
As formulações em creme são fortes, com o objetivo de descolorir
altos níveis, apresentando benefícios, como: agentes condicionantes,
espessastes e não escorrem ou pingam.
2.3.2 Clareadores para haste capilar
Essas formulações são conhecidas como clareadores rápidos,
apresentam-se como pó e não podem ser utilizadas no couro
cabeludo. Esses agentes clareadores são muito fortes e com uma ação
muito rápida, possuem em sua composição sais de persulfato e secam
rapidamente.

Atividades de aprendizagem
1. Qual era a técnica utilizada por Marilyn Monroe para obter o clareamento
capilar?

2. O que a amônia NH3 proporciona nos fios de cabelo?

U2 - Processos de descoloração capilar 67


Seção 3
Técnicas de clareamento capilar
Introdução à seção

Nesta seção, falaremos sobre as técnicas de clareamento capilar,


luzes, mechas, reflexo, balaiagem, californiana, ombré hair, mechas
3D e invertidas, além de conhecermos sobre o procedimento de
matização e sua importância após as descolorações.
3.1 Introdução
A cada momento surgem novas tendências em cores e
descolorações capilares. A evolução no mercado da beleza e a rápida
disseminação de informações corroboram para que as novas técnicas
se tornem desejo entre os homens e as mulheres.
O cabelo representa uma característica física corporal que pode ser
alterada de acordo com as tendências da moda, da cultura ou dos
valores da sociedade.
3.2 Técnica de luzes
As luzes se caracterizam por mechas finas realizadas nos fios e em
pequena quantidade, em cerca de 20% a 40% do volume total dos
cabelos, e têm como intuito iluminá-los de forma suave. As luzes são
indicadas para indivíduos que buscam alguma mudança, mas possuem
receio em fazer uma transformação radical.
O cabelo permanece com dois ou mais diferentes tons, sendo uma
boa opção para quem busca clarear os fios progressivamente, pois
são necessárias várias sessões de retoque para que os cabelos fiquem
totalmente loiros.

68 U2 - Processos de descoloração capilar


Figura 2.5 | Cabelo com luzes

Fonte: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/1a/b9/16/1ab9163aa7ba67a4aa364edc3c5ab64a.jpg>. Acesso


em: 15 ago. 2017.

Para saber mais


Se os cabelos ficarem muito claros, o processo pode ser revertido. Basta
que seja realizado o procedimento de mechas invertidas no tom natural
do fio, sendo conhecido também como luzes negativas.

A técnica de luzes capilares resume-se em puxar os fios de cabelo


com pente de cabo fino ou uma touca própria. Indivíduos que possuem
cabelos castanhos podem realizar luzes em um tom mais escuro;
indivíduos com cabelos loiros podem utilizar um tom mais claro.
3.3 Técnica de mechas
Esta técnica de clareamento é utilizada para um volume maior do
que as luzes, cerca de 50% a 70% do total do cabelo, proporcionando
grande efeito de iluminação. O cabelo adquire um aspecto loiro,
tornando-se ideal para quem quer esconder os fios brancos.
As mechas são semelhantes às luzes, a diferença está na largura
ser mais espessa, ganhando maior destaque. Realizadas por meio de
clareamento ou de coloração, possuem tons bem distintos da cor
predominante dos cabelos, justamente para causar contraste.

U2 - Processos de descoloração capilar 69


Apresenta menos sutileza do que as luzes. Para que o resultado final
se apresente de forma natural, a cor da mecha não deve ser muito
diferente da raiz.

Figura 2.6 | Cabelo com mechas

Fonte: <https://salaovirtual.org/wp-content/uploads/2016/04/mel-iluminado.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2017.

3.4 Técnica de reflexo


Utilizado para clarear os fios, permite um aspecto natural. O
clareamento dos fios é executado com mechas bem definidas e
espalhadas por toda a extensão do couro cabeludo.
As mechas são finas, mas essa espessura pode variar, dependendo
do volume do cabelo e do gosto do cliente.
3.5 Técnica de balaiagem
Esta técnica é empregada para obtenção do efeito visual conhecido
como “tom sobre tom”. Os fios são clareados em até dois tons, por meio
de mechas largas, começando no topo da cabeça e se estendendo ao
longo dos fios até as pontas, porém com contraste sutil.
O processo da balaiagem é realizado à mão livre, com auxílio de
pente de cabo fino, e pode ser feita por pessoas com cabelos de
qualquer cor, pois o resultado final mistura diferentes tons loiros.
O efeito é mais delicado e os fios mais claros ficam somente na parte
superior da cabeça. As mechas são feitas com auxílio de um pente de
dentes largos ou pincel, o que dispensa a ajuda da touca de luzes.

70 U2 - Processos de descoloração capilar


A coloração perto da raiz é suave, possuindo intensidade conforme
se afasta da raiz e chega às pontas. As pontas apresentam mais
contraste, o que resulta em uma mudança gradual da cor.
3.6 Técnica de mechas californianas
Conhecida como “cabelo praiano”, atribui um visual praiano e muito
utilizado pelas surfistas que moram na Califórnia, nos Estados Unidos.
Consiste em clarear os cabelos do meio do comprimento para as
pontas, e apresenta como vantagem a dispensa de retocar a raiz. A ideia
nessa técnica é gerar contraste entre luz e sombra, proporcionando
profundidade e movimento.
Ela é indicada para pessoas de cabelo castanho mais claro ou loiro
escuro, para que o contraste entre os tons não seja muito evidente,
mas nada impede que seja realizado por tonalidades mais escuras.

Figura 2.7 | Cabelo com mechas californianas

Fonte: <https://i.pinimg.com/736x/93/c8/c9/93c8c9b846897ef26ae8b817306793d2--balyage-hair-cabelos-ombre-
hair.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2017.

3.7 Técnica de ombré hair


Conhecida como “cabelo sombreado”, essa técnica mantém a raiz
com a cor natural e os fios são clareados gradativamente, a partir da
altura da orelha ou dos ombros, dependendo do comprimento do
cabelo.

U2 - Processos de descoloração capilar 71


Figura 2.8 | Cabelo com ombré hair

Fonte: <http://www.muitochique.com/wp-content/uploads/2015/03/OMBRE-HAIR-MECHAS-865x664.jpg>. Acesso


em: 15 ago. 2017.

O clareamento é executado em diferentes tons de loiro, com


diferentes espessuras de mechas para conferir efeito visual natural.
Podem ser utilizados tons platinados em cabelos naturalmente claros;
já nos cabelos escuros, utilizam-se tons de mel ou caramelo.
3.8 Técnica de mechas 3D
Nessa técnica, três tons se combinam para promover profundidade
ao cabelo, em uma mescla de luminosidade e textura. Os tons utilizados
são claros e médios, para dar volume, com cores diferentes nos fios.
As mechas são executadas em papel laminado, começando com
uma distância de três centímetros da raiz e mescla dos tons, nas
pontas são desfiadas e então descoloridas. A escolha dos tons deve ser
considerada em relação à cor natural dos cabelos, para que o resultado
seja harmonioso.
3.9 Técnica de mechas invertidas
Como o nome sugere, esta técnica consiste na realização de
mechas em tons escuros, empregando tons naturais que sejam
próximos ao tom da raiz da cliente, pois a proposta da técnica é reduzir
o excesso de tom loiro nos fios, preservando as nuances e o efeito de
profundidade.
O procedimento consiste em fazer mechas ou luzes e aplicar a
coloração escolhida para pigmentar os fios. A técnica é feita com touca

72 U2 - Processos de descoloração capilar


separadora ou pente de cabo fino para separação dos fios e depois
estes são envolvidos em papel laminado. Essa técnica ajuda a amenizar
o aspecto dos cabelos brancos.

Figura 2.9 | Cabelo com mechas invertidas

Fonte: <https://cabelosderainha.com.br/wp-content/uploads/2014/05/o-que-mais-danifica-os-cabelos-mechas-ou-
tinturas.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2017.

3.10 Técnica de matização


O procedimento de matização consiste em neutralizar, intensificar
e retirar uma cor indesejada dos fios. A técnica é aplicada após a
descoloração dos fios, para disfarçar a aparência artificial amarelada ou
alaranjada e assim garantir um tom uniforme.
A principal diferença entre matização e coloração é o tempo
de pausa para que ocorra a pigmentação dos fios. Para realização
da matização, mistura-se 5 g de coloração permanente, 10 mL de
peróxido de hidrogênio 10 ou 20 volumes e máscara capilar suficiente
para cobrir toda a extensão capilar, deixando agir por 10/20 minutos ou
até que se obtenha a cor desejada.
Existem algumas dicas que são importantes na hora de escolher a
coloração para a matização:
• Cabelo amarelado: usar coloração com final 2 que tenha
pigmento roxo (irisado). Cuidado com as de final 1, pois elas
levam pigmento azul, e azul com amarelo resulta em verde.
• Cabelos dourados: coloração com final 1 leva pigmento azul e
cinza. É necessário, porém, ter cautela com colorações com
final 11, pois geralmente podem chumbar o cabelo.

U2 - Processos de descoloração capilar 73


• Para obter tons perolados, deve-se utilizar tintura com final 89,
na altura do tom de loiro que se deseja chegar.

Questão para reflexão


Você sabia que o home care de cabelos loiros exige que seja feita a
matização com produtos específicos e cuidados especiais? Quais são
esses cuidados?

Atividades de aprendizagem
1. Explique o que é a técnica de matização e para que é utilizada.

2. Existem algumas dicas que são importantes na hora de escolher a


coloração para a matização, quais são elas?

74 U2 - Processos de descoloração capilar


Seção 4
Efeitos do clareamento capilar
Introdução à seção

Nesta seção, discorreremos sobre os oxidantes em uso e os efeitos


dos clareadores capilares, e também falaremos a respeito da segurança
no clareamento capilar.
4.1 Oxidantes em uso
Agentes oxidantes podem ser muito corrosivos aos olhos, pele e
pulmões. O peróxido de hidrogênio e outros oxidantes agem liberando
oxigênio. Como respiramos oxigênio, alguns acreditam erroneamente
que os oxidantes são seguros e não causam danos. Esse não é o caso.
Os oxidantes são potencialmente perigosos e devem ser usados com
cuidado.
Embora seja possível trabalhar com segurança com os oxidantes,
algumas precauções devem ser tomadas. Sempre use óculos de
segurança e luvas protetoras ao misturar ou manusear um oxidante.
Peróxidos e bromatos de alto volume são extremamente perigosos
para os olhos e a pele. O contato com esses produtos químicos
cáusticos pode causar queimadura e manchas brancas na pele.
Os oxidantes são corrosivos e podem causar queimaduras sérias,
cicatrizes e danos à pele. Use máscara apropriada ao manipular
oxidantes em pó para prevenir a inalação.

Para saber mais


Leia cuidadosamente a Ficha de Informações de Segurança de Produtos
Químicos (FISPQ) e as instruções para todos os produtos utilizados no
salão, especialmente oxidantes e corrosivos. Siga rigorosamente os
procedimentos e as precauções recomendadas pelo fabricante.

4.2 Efeito dos clareamentos


A melanina não é a única substância danificada pelo pH alcalino e
pela mistura de peróxido; a queratina também é suscetível à oxidação.

U2 - Processos de descoloração capilar 75


Tanto as ligações iônicas quanto as bissulfídicas (ligações de enxofre)
no córtex estão expostas ao dano devido ao alto pH. A extensão do
dano a essas ligações depende da concentração da solução, do pH
e do tempo de tratamento. O controle cuidadoso do processo de
clareamento minimiza o dano ao cabelo.

Figura 2.10 | Tricoptilose pós-clareamento

Fonte: Hall (2011, p. 162).

Nunca utilize mais que a quantidade recomendada de ativador,


pois um dano extremo ao cabelo e ao couro cabeludo, ou mesmo a
perda de cabelo, pode acontecer. Utilizar volumes de peróxido mais
altos que o recomendado, ou adicionar intensificadores de peróxido,
é desnecessário para um bom resultado, e igualmente perigoso.
O cabelo clareado pode parecer mais áspero e quebradiço e
embaraçar com mais facilidade. A força do cabelo pode diminuir
significativamente, e os fios individuais se alongam com mais facilidade.
Com a porosidade aumentada, baixa a resistência para clareamentos
futuros e outros tratamentos químicos, pois o cabelo absorverá
mais colorações, alisamentos, condicionadores ou quaisquer outros
produtos cosméticos.
Clareamento intenso ou repetitivo altera significativamente o cabelo.
Uma aplicação intensa de clareadores pode diminuir a força do cabelo

76 U2 - Processos de descoloração capilar


em aproximadamente 15%. As aplicações múltiplas e consecutivas
podem diminuir a força do cabelo com maior intensidade, pois as
proteínas são frequentemente degradadas nos fios, especialmente no
córtex, responsável pela estrutura e resistência internas do cabelo.
A cisteína é o aminoácido mais abundante no cabelo, e o
clareamento excessivo a converte em ácido cisteico de maneira
irreversível e danifica severamente a integridade do cabelo. O couro
cabeludo pode ficar ressecado e irritado.
A remoção ou o clareamento de colorações oxidantes
semipermanentes ou permanentes do cabelo é mais difícil que clarear
a melanina natural. Somente profissionais capilares experientes devem
tentar remover colorações sintéticas. Esse processo é tecnicamente
conhecido como decapagem. O teste no fio de cabelo é de grande
valor, e pode ajudar a diminuir o dano ao cabelo.

Questão para reflexão


O cabelo clareado não se comporta mais como o natural; torna-se
poroso, por isso, leva mais tempo para secar?

4.2.1 Perda proteica


O cabelo caucasiano sofre mais danos que os outros, visto que seu
teor de proteínas extraído após 60 minutos da descoloração é de 134%.
No cabelo oriental, o teor de proteínas extraído após 60 minutos da
descoloração é de 47, 56 e 60% e, por último, no cabelo negroide, os
valores são de 29, 47 e 59%.
4.3 Segurança no clareamento capilar
Clareadores sobre o couro cabeludo apresentam perigo dobrado,
pois o produto entra em contato com o escalpo durante a aplicação, e
a alta alcalinidade e a presença de um oxidante podem causar irritação
na pele. Os clientes sentem frequentemente o couro cabeludo
ressecado e esticado.
O escalpo tem uma barreira protetora de sebo que é removida
temporariamente nas aplicações de shampoo. Solicite aos clientes para
não lavarem o cabelo 24 horas antes do processo de clareamento ou
descoloração. A menos que seja absolutamente necessário, nunca lave
o cabelo do cliente antes de aplicar superclareadores ou descolorantes

U2 - Processos de descoloração capilar 77


diretamente no couro cabeludo.
Cuidadosamente, examine o couro cabeludo e o cabelo antes
de aplicar clareadores. Procure sinais de irritação, vermelhidão,
sensibilidade ou inchaço no tecido da epiderme, feridas abertas,
ressecamento excessivo ou outros problemas de pele. Se você observar
problemas, aconselhe seu cliente a consultar um dermatologista antes
de continuar com qualquer aplicação química.

Atividades de aprendizagem
1. O que pode acontecer com a cisteína nos cabelos após um clareamento
capilar?

2. Por que o teste nos fios tem grande valor para diminuir os danos capilares?

Fique ligado
Nesta unidade, você aprendeu sobre os processos de clareamento
capilar, a composição bioquímica do descolorante capilar, as técnicas
de clareamento e os efeitos do clareamento nos fios.
Estudou os estágios da descoloração e como ocorrem a reação
de oxidação, o pH e o clareamento capilar. Além disso, abordamos a
formulação bioquímica dos descolorantes capilares, mostrando toda
a parte histórica, sobre como eram usadas as descolorações e suas
composições, e compreendemos o uso dos clareadores para couro
cabeludo e extensão capilar.
Falamos sobre as técnicas de clareamento capilar, luzes, mechas,
reflexo, balaiagem, californiana, ombré hair, mechas 3D e invertidas.
Conhecemos o procedimento de matização e sua importância após
as descolorações, além de sabermos sobre os oxidantes em uso, os
efeitos dos clareadores capilares e a segurança no clareamento capilar.
Você também desenvolveu o raciocínio de que entender os
conceitos envolvidos na descoloração capilar é essencial tanto para
o embelezamento como para a qualidade de vida, pois são recursos
cada dia mais usados nos centros estéticos e de embelezamento, já
que esta área capilar se encontra em alta, sendo um dos mercados que
mais cresce, principalmente, no Brasil.

78 U2 - Processos de descoloração capilar


Enfim, aprendeu que é fundamental conhecer o universo da
química capilar, desde a Antiguidade, passando por toda sua evolução
até os dias atuais, para assim compreender a importância de conhecer
as descolorações e como agem nos fios.

Para concluir o estudo da unidade


Diante do que aprendemos nesta unidade, concluímos que os
processos de descoloração são essenciais para o atendimento dos
profissionais da área capilar. Desse modo, verifica-se a importância de
conhecimentos específicos e profundos voltados à área capilar.
Sugerimos como conclusão do estudo desta unidade que você
faça uma avaliação das pessoas do seu convívio para conhecer melhor
como são realizadas as técnicas de descoloração estudadas aqui, e
que, baseado nessa avaliação, possa orientar as possibilidades que
existem para uma melhor aplicabilidade dos conceitos envolvidos
dentro do clareamento capilar.

Atividades de aprendizagem da unidade


1. Matizar os cabelos é uma técnica realizada constantemente nos salões
ou no centro de embelezamento capilar. Podemos citar sobre a matização:
I- Técnica usada para neutralizar tonalidades indesejadas.
II- Técnica que usa folhas secas misturadas com água, formando uma pasta.
III- Técnica que promove descoloração por meio de mistura química entre
pó descolorante com creme oxidante.
Está correto o que se afirma em:
a) I, II e III.
b) I e III, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, apenas.

2. Leia atentamente as assertivas e assinale a alternativa correta:


I – O peróxido de hidrogênio concentrado não é permitido pela legislação
para ser utilizado nos salões, ele pode causar indisposições, queimaduras e
explosões.
PORQUE
II – A reação de oxidação promovida pela ação do peróxido de hidrogênio

U2 - Processos de descoloração capilar 79


é chamada de oxidante. Este é responsável pela capacidade de oxidação da
melanina.
a) As duas assertivas são verdadeiras e a II justifica a I.
b) As duas assertivas são verdadeiras, mas a II não justifica a I.
c) A assertiva I é verdadeira e a II é falsa.
d) A assertiva I é falsa e a II é verdadeira.
e) As duas assertivas são falsas.

3. Devido à reação de oxidação promovida pela ação do peróxido de


hidrogênio, este é chamado de oxidante. Quimicamente, o símbolo do
peróxido de hidrogênio é H2O2, que pode ser entendido como a água
(H2O) com um átomo extra de oxigênio muito reativo, responsável pela
capacidade de oxidação da melanina. Leia atentamente as assertivas e
assinale a alternativa correta:
I – O termo volume indica a porcentagem de peróxido de hidrogênio da
solução aquosa e, assim, um produto de 10 volumes, por exemplo, é uma
solução de aproximadamente 3% de peróxido de hidrogênio para 97% de
água. Volumes diferentes indicam concentrações diferentes: 10, 20, 30 e
40 volumes representando 3%, 6%, 9% e 12% de peróxido de hidrogênio,
respectivamente.
PORQUE
II – O peróxido de hidrogênio concentrado é permitido pela legislação para
ser utilizado nos salões, pois não causa nenhum tipo de indisposição. Os
cabeleireiros usam uma solução deste peróxido de hidrogênio puro.
a) As duas assertivas são verdadeiras e a II justifica a I.
b) As duas assertivas são verdadeiras, mas a II não justifica a I.
c) A assertiva I é verdadeira e a II é falsa.
d) A assertiva I é falsa e a II é verdadeira.
e) As duas assertivas são falsas.

4. Leia atentamente as assertivas e assinale a alternativa correta:


I – O pH alcalino desencadeia a decomposição rápida do peróxido de
hidrogênio e acelera o processo de oxidação.
PORQUE
II – O peróxido de hidrogênio não é estabilizado por acidificantes, assim
utilizado para prevenir uma decomposição prematura.
a) As duas assertivas são verdadeiras e a II justifica a I.
b) As duas assertivas são verdadeiras, mas a II não justifica a I.
c) A assertiva I é verdadeira e a II é falsa.
d) A assertiva I é falsa e a II é verdadeira.
e) As duas assertivas são falsas.

80 U2 - Processos de descoloração capilar


5. Leia atentamente as assertivas e assinale a alternativa correta:
I – Mechas são apenas descolorações. Sua aplicação feita em faixas largas
misturadas em todo o cabelo cria contrastes, realça parte do cabelo,
valorizando uma cor em oposição à outra.
PORQUE
II – Ao falar de mechas estamos falando de luz, realçar ou manipular a luz,
no sentido literal ou metafórico, sempre sendo uma obsessão do artista ou
criador.
a) As duas assertivas são verdadeiras, mas a II não justifica a I.
b) As duas assertivas são verdadeiras e a II justifica a I.
c) A assertiva I é verdadeira e a II é falsa.
d) As duas assertivas são falsas.
e) A assertiva I é falsa e a II é verdadeira.

U2 - Processos de descoloração capilar 81


Referências
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82 U2 - Processos de descoloração capilar


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2003.

U2 - Processos de descoloração capilar 83


Unidade 3

Transformações capilares
Vânia Aparecida Malachias Terra

Objetivos de aprendizagem
A proposta da presente unidade é que você, aluno, saiba
conhecer e identificar os processos de transformações capilares, o
modo de ação dos agentes redutores, as técnicas e os efeitos dos
transformadores capilares nos fios.

É de extrema importância que o profissional da área do


embelezamento tenha o domínio dos conceitos envolvidos dentro
da diferenciação dos transformadores capilares, da diferença entre
os agentes redutores e as técnicas de transformação capilar, além de
saber sobre os efeitos dos transformadores capilares e os cuidados
que devem ser tomados.

Seção 1 | Considerações gerais sobre os transformadores capilares


Nesta seção, abordaremos o histórico dos transformadores capilares, como
surgiram e a evolução dos agentes redutores, além de falarmos sobre as técnicas
dos transformadores capilares e os tipos de escovas progressivas existentes no
mercado.

Seção 2 | Modo de ação dos transformadores capilares


Nesta seção, falaremos sobre a estrutura do cabelo e o modo de ação dos
transformadores capilares, bem como conheceremos os agentes redutores mais
utilizados.

Seção 3 | Técnicas de transformações capilares


Nesta seção, trataremos das técnicas de transformadores capilares,
permanente, relaxamento e progressiva. Além disso, conheceremos o passo a
passo de cada uma das técnicas.
Seção 4 | Efeitos das transformações capilares
Nesta seção, discorreremos sobre os efeitos causados nos fios pelas
transformações capilares, o teste de mecha e também a respeito das precauções
e cuidados.
Introdução à unidade
Abordaremos, durante esta unidade, as considerações gerais
sobre os transformadores capilares, o modo de ação, as técnicas de
transformações capilares e os efeitos causados nos fios.
Desse modo, é preciso que você obtenha conhecimento sobre
as transformações realizadas nos cabelos e como elas agem para
transformar a fibra capilar e os agentes redutores mais usados.
Por fim, espera-se que você possa estar sempre atualizado sobre
a diversidade de agentes redutores que existem no mercado e a
importância dela para a obtenção de uma transformação capilar
correta e precisa.
Por isso, a aquisição do conhecimento com relação à diferença
das transformações existentes, suas formas de ação na estrutura
capilar e sua realização também se torna essencial e fundamental para
qualquer profissional que trabalhe com a saúde capilar e o bem-estar
das pessoas.
Na Seção 1, conheceremos as considerações gerais sobre os
transformadores capilares. Durante a Seção 2, abordaremos o modo
de ação dos transformadores capilares. No decorrer da Seção 3,
falaremos sobre as técnicas de transformação capilar, e finalizando, na
Seção 4, discorreremos sobre os efeitos dos transformadores capilares
nos fios.
Esperamos que você, aluno, aproveite ao máximo esse recurso
didático e tenha uma ótima leitura!
Seção 1
Considerações gerais sobre os transformadores
capilares
Introdução à seção

Nesta seção, abordaremos o histórico dos transformadores


capilares, como surgiram e a evolução dos agentes redutores. Além
disso, falaremos sobre as técnicas dos transformadores capilares e os
tipos de escovas progressivas existentes no mercado.
1.1 Histórico
As técnicas destinadas ao alisamento e ao relaxamento dos cabelos
foram criadas a partir do desenvolvimento do processo de ondulação
capilar, em que se buscava encontrar uma forma de definir os cachos e
ao mesmo tempo deixá-los com aspecto solto. No Brasil, essa técnica
foi denominada como "permanente".
O método de ondulação tem sido praticado desde os tempos dos
antigos egípcios, quando a lama era aplicada às mechas capilares em
bastões que secavam ao sol. Os antigos gregos refinaram essa técnica
através do uso de ferros quentes que eram amarrados com o cabelo.
Os primeiros experimentos em busca de um cabelo que obtivesse
permanentemente o formato desejado ocorreram na França com Luis
XIV, em que as mechas de sua peruca eram enroladas a rolos de barro,
mantidas por três horas em água fervente e secas em um forno.
Em 1906, o cabeleireiro de Londres, chamado Karl Nessler (1872-
1951), desenvolveu a primeira solução química de ondulação capilar,
que consistia em uma pasta de bórax (borato de sódio), que produzia
ondas duradouras. Ele encharcou os fios com bórax, enrolando em
rolo de metal e com o auxílio de um forno elétrico aqueceu até os
145-150 oC. Essa técnica era complicada, dolorosa e problemática,
pois danificava muito o cabelo, mas, foi o primeiro passo em direção
à descoberta de que o cabelo pode tomar uma forma permanente,
ou seja, que resista à água, à lavagem e a todas as possíveis influências
atmosféricas.

88 U3 - Transformações capilares
Figura 3.1 | Karl Nessler

Fonte: <https://alchetron.com/Karl-Nessler-1230977-W>. Acesso em: 31 ago. 2017.

Em 1930, o alisamento nos fios era realizado mecanicamente com


um aparelho chamado cabelisador, que consistia em uma haste de
metal levada à brasa ou ao fogão. Depois de quente, o acessório era
aplicado no cabelo e tinha sua textura modificada, mas sem eliminar
as ondulações.
Foi em 1940 que surgiu uma solução baseada em tioglicolato
de amônia, dessa maneira foi introduzida a primeira ondulação fria,
substituindo os métodos de ondulação a calor, realizada com amônia
e bigudinhos. A patente original dos EUA da solução foi concedida à
Elizabeth Mac Donough, em 16 de junho de 1941.
Em 1980, a moda era o pente quente, processo mecânico parecido
com o cabelisador. O aparelho era aquecido no fogo e passado
diretamente no fio, possuía um pouco mais de eficiência no alisamento.
Todavia, no final da década de 1980, começaram a aparecer algumas
técnicas de alisamento, uma vez que o processo químico para alisar ou
cachear os cabelos era o mesmo, tendo como diferença o método de
enrolar ou esticar os fios durante o processo. Surge também a touca de
gesso, alisamento feito da mistura de farinha de trigo com tioglicolato
de amônia, usado para alinhar os fios de forma reta. Nasce o nome
relaxamento, que vem do original relaxe, nome dado ao produto de
origem americana. Esse produto contém fórmula menos agressiva e
maior poder de modificar a fibra capilar e reparação das fibras.
Nos últimos anos do século XX, a febre era ter cabelos lisos e

U3 - Transformações capilares 89
chapados, assim foi criada pelo cabeleireiro Satoru Nagata a técnica
de alisamento japonês (também chamada escova definitiva) que tem
como base o tioglicolato de amônia. O processo danificava os fios, pois
além de passar o produto era preciso enxaguar e chapar muitas vezes,
sensibilizando e quebrando os fios e dando um resultado artificial ao
final do procedimento.
Atualmente, o mercado investe em fórmulas alisantes, redutores de
volumes, realinhamento térmico e escovas definitivas com substâncias
à base de tioglicolato de amônio, carbonato de guanidina, hidróxido de
guanidina de sódio, potássio, lítico e cálcio.

Para saber mais


Para conhecer ainda mais sobre a evolução dos tratamentos capilares
para ondulação, alisamentos e permanentes, efetue a leitura do trabalho
de conclusão de curso da disciplina de Estágio Curricular em Farmácia,
que segue no link. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/
handle/10183/26829/000758665.pdf?sequence=1>. Acesso em: 31
ago. 2017.

1.2 Tipos de transformações capilares existentes


A busca pelo belo existe há muitos anos, a cada dia novas formas
de alterar o corpo vêm sendo apresentadas às pessoas, fazendo com
que busquem formas intensas de seguir um padrão de beleza imposto.
Na área capilar não se torna diferente, devido a isso, vários tipos de
transformações capilares são utilizados, como: escova progressiva
(alisamento), relaxamento capilar e permanente capilar.
1.2.1 Escova progressiva (alisamento)
A escova progressiva é o processo reativo usado para alisar os
cabelos. Consiste na quebra permanente das ligações químicas que
mantêm a estrutura tridimensional da molécula de queratina em sua
forma rígida original.

90 U3 - Transformações capilares
Figura 3.2 | Cabelo liso transformado

Fonte: <https://cabelosderainha.com.br/wp-content/uploads/2015/01/hene-nos-cabelos.jpg>. Acesso em: 31 ago. 2017.

1.2.2 Relaxamento capilar


O relaxamento capilar é um procedimento químico, indicado para
cabelos cacheados ou crespos, deixando os cachos dos cabelos com
menos volume e mais definidos.
Tem como objetivo a diminuição do grau de ondulação dos fios de
cabelos, não atingindo totalmente o grau de estiramento dos fios, mas
diminuindo o volume, mantendo, assim, as características dos cabelos
ondulados em menor grau.

Figura 3.3 | Cabelo antes e depois do relaxamento

Fonte: <http://www.cacheados.net/wp-content/uploads/2016/07/mini_n.jpg>. Acesso em: 31 ago. 2017.

U3 - Transformações capilares 91
1.2.3 Permanente capilar
Permanente é o procedimento químico que tem por finalidade
mudar a forma dos cabelos, acrescentando cachos. Esse processo
possui o mesmo princípio químico dos alisamentos ou relaxamentos.
O tensoativo do permanente é o tioglicolato de amônia, que tem
como propriedade remodelar e selar os fios, fazendo com que os
cachos recuperem o movimento natural e fiquem mais definidos.

Figura 3.4 | Cabelo liso transformado

ANTES DEPOIS

Fonte: <http://www.tendenciamulher.net/wp-content/uploads/2016/06/Permanente-Digital-no-Cabelo-1-500x500.
jpg>. Acesso em: 31 ago. 2017.

Questão para reflexão


Entre as transformações capilares (permanente) existem técnicas de
aplicação diferentes. Quais técnicas existem no mercado?

1.3 Tipos de escova progressiva (nomes comerciais)


Existem inúmeros nomes comerciais destinados às escovas
progressivas, desse modo, conheceremos sobre: escova definitiva,
escova inteligente, escova marroquina.

92 U3 - Transformações capilares
1.3.1 Escova definitiva
Conhecida também como alisamento japonês, escova permanente
ou reestruturação térmica, a escova definitiva possui esse nome porque
mesmo com lavagens constantes o efeito liso não diminui, ou seja,
permanece inalterado. À medida que os fios crescem, é necessário
realizar a técnica na raiz.
Para se obter um bom resultado, é preciso que os fios estejam
saudáveis, pois essa técnica danifica demais a estrutura do cabelo. As
hidratações devem ser frequentes em cabelos alisados definitivamente.
1.3.2 Escova inteligente
Chamada muitas vezes de escova alemã, é muito semelhante
à escova progressiva quanto ao produto utilizado, mas neste
procedimento, os cabelos são lavados no mesmo dia.
Esta técnica é hidratante, proporciona resistência aos fios e
hidratação. Além de reduzir o volume, confere aos fios um alisamento
de aparência natural, sem deixar uma aparência artificial e “chapada”.
Alguns fabricantes adicionam um concentrado de queratina (queratina
líquida, proteínas, aminoácidos e óxido acetamide) à formulação.
1.3.3 Escova marroquina
Nesta técnica é feita a aplicação de um neutralizador, possibilitando
ao cliente prender os cabelos no mesmo dia. A fórmula costuma incluir
diversos agentes, como alisantes, argila, queratina, proteínas da seda e
cacau, além de argila branca e óleo de cacau do Marrocos.
A durabilidade média da escova marroquina é de 90 dias. Nesse
tipo de procedimento, o alisamento ocorre devido a proteínas da seda
e cacau presentes na fórmula, enquanto a argila branca e o óleo de
cacau se encarregam de hidratar e de nutrir os fios, e a queratina tem o
papel de reduzir as pontas duplas.
A escova marroquina é indicada para cabelos volumosos, ondulados,
cacheados, ressecados e quebradiços.

Atividades de aprendizagem
1. O permanente é o procedimento químico que tem por finalidade mudar
a forma dos cabelos. Explique qual a finalidade do permanente no cabelo.

2. Quais são os nomes comerciais das escovas progressivas?

U3 - Transformações capilares 93
Seção 2
Modo de ação dos transformadores capilares
Introdução à seção

Nesta seção, falaremos sobre a estrutura do cabelo e o modo de


ação dos transformadores capilares, além de conhecermos os agentes
redutores mais utilizados.
2.1 Modo de ação
A estrutura do cabelo é formada por pontes dissulfeto (ligação S -
S), e o que determina a textura do fio ser lisa ou crespa é a quantidade
de pontes dissulfeto. Assim, quanto mais pontes, mais crespo será o
cabelo e quanto menor a quantidade de pontes dissulfeto, mais liso
será o cabelo.
As células do nosso folículo piloso produzem várias proteínas,
sendo a queratina a mais expressiva. As proteínas possuem átomos
de enxofre (S), e quando dois destes átomos de enxofre se ligam dão
origem a uma ponte dissulfeto. Quando dois átomos de enxofre da
mesma proteína estiverem perto um do outro, a proteína se dobrará
para formar a ponte dissulfeto.

Figura 3.5 | Ligação cistina-enxofre (ponte dissulfeto)

Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-RakGqCpZ4Lo/Ug7SKcg_j_I/AAAAAAAAAL0/SxrmsGAjdAM/s1600/Sem+t%C3%ADtulo.
png>. Acesso em: 31 ago. 2017.

94 U3 - Transformações capilares
Assim, quanto mais pontes, mais átomos de enxofre estarão
próximos um do outro para se dobrarem e formarem as pontes
dissulfeto. Todas as cadeias polipeptídicas presentes na estrutura
do cabelo estão organizadas em paralelo e ligadas por três tipos de
pontes: ponte de dissulfeto ou ligação de enxofre, ponte salina ou
ligação iônica e ponte de hidrogênio.
• Ponte de dissulfeto ou ligação de enxofre: são formadas por
duas moléculas do aminoácido cisteína, principal componente
da queratina. Ligam-se através de seus átomos de enxofre,
formando uma molécula de cisteína. As pontes dissulfeto são
quebradas somente com a ação de produtos químicos, são
permanentes (não voltando mais à forma anterior).
• Ponte salina ou ligação iônica: se desfazem quando o pH do
cabelo assume níveis mais ácidos ou alcalinos, reconstituindo-
se quando o ph volta ao normal.
•  Ponte de hidrogênio: existem em maior quantidade no
cabelo, mas também são as mais fracas. Ao posicionar o fio
da forma que você deseja (liso ou enrolado) e retirar a água
dele, as pontes de hidrogênio são refeitas na posição desejada.
A desvantagem é que ao molhar os cabelos, as pontes de
hidrogênio se desfazem, voltando à forma original.

Figura 3.6 | Pontes presentes na fibra capilar

Fonte: <https://bqafrica.wordpress.com/atividade-5/>. Acesso em: 31 ago. 2017.

U3 - Transformações capilares 95
Para saber mais
As proteínas desempenham uma diversidade de funções biológicas,
com propriedades e atividades distintas. As proteínas são polímeros
cujas unidades constituintes fundamentais são os aminoácidos.
Os aminoácidos são moléculas orgânicas que possuem ligadas ao
mesmo átomo de carbono (denominado de carbono α) um átomo de
hidrogênio, um grupo amina, um grupo carboxílico e uma cadeia lateral
“R” característica para cada aminoácido.

Os agentes redutores que atuam no alisamento permanente e


relaxamento dos fios capilares rompem as ligações S-S (pontes de
dissulfeto), o cabelo, então, é moldado na forma desejada. Em seguida,
aplicam-se aos cabelos implementos quentes (secador e chapinha)
para que novas pontes dissulfeto se formem e o cabelo permaneça no
formato proporcionado. Dessa maneira, são consideradas alterações
químicas e denominadas de transformações permanentes.
O alisamento dos fios capilares pode ser realizado mecanicamente,
após lavagem com água, seguida de alteração dos cabelos frente ao
uso de implementos quentes (secador e chapinha) e a escova, sendo
denominada de transformação temporária.

Figura 3.7 | Reposicionamento das pontes dissulfeto

Fonte: <http://blog.rishoncosmeticos.com.br/wp-content/uploads/2016/07/b4063bf2-05da-451a-833c-4de10b388290.
jpg>. Acesso em: 31 ago. 2017.

96 U3 - Transformações capilares
Questão para reflexão
Existem possíveis complicações que podem surgir devido às alterações
nas pontes dissulfeto do cabelo?

2.2 Agentes redutores


Os agentes redutores são responsáveis pela remodelação das pontes
dissulfeto, alterando a estrutura capilar. Para isso serão apresentados
os principais agentes: tioglicolato de amônia, hidróxidos, hidróxido de
sódio, hidróxido de cálcio, hidróxido de guanidina, hidróxido de lítio,
ácido glioxílico, ácido tioglicólico.
2.2.1 Tioglicolato de amônia
É um derivado de duas substâncias, o hidróxido de amônia e o ácido
de tioglicolato, sendo o mais procurado na utilização do alisamento de
cabelos caucasianos.
Ele age no córtex, quebrando as pontes de dissulfeto entre os
aminoácidos da cistina, gerando a formação de duas cisteínas para
cada cistina. Esse processo faz com que a queratina inche, tornando-
se maleável para ser alisada (alisamento) ou enrolada (permanente).
No permanente, os cabelos são enrolados em rolos, que de acordo
com o seu tamanho, definirão o tamanho do cacho. No alisamento,
secam-se os fios e aplica-se a solução com tioglicolato de amônia, que
rompe as ligações de enxofre da queratina. Após o tempo determinado,
é enxaguado com água. Para retirar e interromper o agente redutor, é
necessária a aplicação de uma solução neutralizante, isto é, oxidante
(peróxido de hidrogênio), que regenera as ligações de dissulfeto,
resultando em uma nova forma ao cabelo.
O tioglicolato de amônia é considerado mais suave que as outras
bases, com pH entre 9 a 9,5. Ele não é compatível com alguns
compostos químicos, como os hidróxidos, pois por terem bases
químicas alcalinas, podem danificar os fios do cabelo provocando sua
queda.
2.2.2 Hidróxidos
Os alisantes à base de hidróxidos atuam pelo processo de
lantionização (em que as ligações de dissulfeto são revertidas em
ligações de lantionina) e quando o alisante é retirado dos fios, o

U3 - Transformações capilares 97
cabelo ainda conserva pH elevado. Os cabelos uma vez alisados com
os hidróxidos não podem ser submetidos à nova aplicação, pois há
risco de queda capilar, e deverá ser aplicado o produto apenas nos fios
crescidos. Todos os hidróxidos compartilham a mesma química, por
isso são compatíveis entre si.
2.2.3 Hidróxido de sódio
Conhecido também como soda cáustica (NaOH), de pH
alcalino, classificado entre os produtos químicos como corrosivo,
em concentrações acima do permitido pode causar queimaduras e
tonsuras dos fios capilares.
É um dos alisantes mais potentes utilizados em concentrações que
variam de 5 a 10% em pH alcalino de 9 a 14, causando o intumescimento
da fibra, permitindo a abertura da cutícula.
Age no córtex do fio do cabelo, causando mudanças na disposição
das pontes químicas de hidrogênio e enxofre, responsáveis pela
distribuição de queratina dentro dos fios, sendo que o alisamento é
concluído com a reorganização dos componentes químicos do
cabelo.
Após o alisamento, é aplicada uma substância, xampu ou loção, para
acidificar o pH, interrompendo, assim, o processo, neutralizando os
íons de hidrogênio restantes e diminuindo o pH do cabelo e do couro
cabeludo. As ligações de dissulfeto, uma vez rompidas pelo hidróxido,
não podem ser restauradas. O hidróxido de sódio é compatível com
ele mesmo e com outros produtos à base de hidróxido de cálcio e
magnésio.
2.2.4 Hidróxido de cálcio
É um composto químico de fórmula Ca (OH)2, que quando puro
apresenta-se como um sólido branco e inodoro. O hidróxido de cálcio
surge a partir de reação química da mistura do óxido de cálcio com
água. Como essa combinação sozinha não tem efeito para fins de
transformação do cabelo, há necessidade de adicionar líquido ativador
(carbonato de guanidina) para dar liga e transformá-lo em um produto
alcalino, capaz de transformar a estrutura natural do cabelo.
Para neutralizar a ação da alcalinidade, utiliza-se uma base ácida
para estabilizar o pH do cabelo. Esse neutralizante pode ser xampu
indicador de resíduo com pH balanceado, para que esse ativo limpe os
fios, retirando os resíduos de química dos cabelos.

98 U3 - Transformações capilares
2.2.5 Hidróxido de guanidina
É uma substância de pH alcalino, possui odor brando e é menos
irritante para a pele. Apresenta dois ativos em sua composição, o
hidróxido de cálcio que é misturado com o carbonato de guanidina,
formando, assim, o hidróxido de guanidina.
No entanto, se ambos não forem misturados de forma correta, em
proporções exatas, o alisamento não ocorrerá. Esse tipo de alisamento
é mais lento por conter moléculas maiores e se torna indicado para
couro cabeludo sensível. Não necessita de neutralização, pois só
rompe algumas cadeias de ligações dos fios e as modifica, tornando-
se desnecessária a neutralização.
2.2.6 Hidróxido de lítio
Fórmula molecular LiOH, é um corrosivo hidróxido alcalino,
apresenta como um sólido branco cristalino higroscópico, solúvel em
água e levemente solúvel em etanol. Comercialmente é encontrado
na forma anidra ou como monohidrato.
O hidróxido de lítio pode ser produzido pela dissolução do lítio
ou do óxido de lítio em água. Ele age de forma semelhante ao sódio,
porém mais lento e suave, não apresentando a mesma versatilidade do
cálcio. A base cremosa na qual o hidróxido de lítio está incorporado
deve ser bastante emoliente e hidratante para suprir as deficiências do
fio e controlar um pouco a ação do lítio sobre o cabelo.
2.2.7 Ácido glioxílico
É um ácido orgânico de fórmula OHC-COOH, é o mais simples dos
ácidos aldeídos. Este ácido libera substâncias (aldeídos) que promovem
a quebra das pontes de cistina. Por ter um pH alto, quando aplicado ao
cabelo, dilata as cutículas, permitindo a entrada do ativo alisante para
que possa agir no interior do fio, no córtex.
Esse ativo fornece variação no poder de alisamento, conforme a
quantidade utilizada, que pode variar em concentrações de 1% a 20%,
dependendo do cabelo.
2.2.8 Ácido tioglicólico
Também conhecido como ácido 2-mercaptoacético, age
quebrando a ponte de dissulfeto do aminoácido cisteína da queratina,
a proteína que mantém o cabelo estruturado.
É aplicado à solução de ácido tioglicolato e moldado aos fios
do cabelo, em seguida, é lavado com água, a fim de parar a reação.

U3 - Transformações capilares 99
Pode-se reverter o processo usando um oxidante como peróxido de
hidrogênio, voltando o cabelo à sua forma inicial.

Atividades de aprendizagem
1. Como os agentes redutores transformam a estrutura capilar de lisa para
enrolada e de enrolada para lisa?

2. Todas as cadeias polipeptídicas presentes na estrutura do cabelo estão


organizadas em paralelo e estão ligadas por três tipos de pontes. Quais são
essas pontes?

100 U3 - Transformações capilares


Seção 3
Técnicas de transformações capilares
Introdução à seção

Nesta seção, falaremos sobre as técnicas de transformadores


capilares, permanente, relaxamento e progressiva, bem como
conheceremos o passo a passo de cada uma das técnicas.
3.1 Técnicas de aplicação
A cada momento surgem novas tendências em procedimentos de
transformações capilares. A evolução no mercado da beleza e a rápida
disseminação de informações corroboram para que as novas técnicas
se tornem desejo entre as mulheres.
O cabelo representa uma característica física corporal que pode ser
alterada de acordo com as tendências da moda, da cultura ou dos
valores da sociedade.
3.2 Técnica de permanente capilar
O tensoativo do permanente é o tioglicolato de amônia, tem como
propriedade remodelar e selar os fios, fazendo com que os cachos
recuperem o movimento natural e fiquem mais definidos.
Após a aplicação do permanente, as mechas são enroladas nos
bigudinhos ou bobs para cachos, dando o formato para os cabelos.
A escolha do tamanho dos bigudinhos ou bobs definirá o tipo de
modelagem, os menores criarão cachos menores, dando mais volume
ao cabelo, já os maiores proporcionarão cachos maiores ou ondulados.
Após a retirada do tioglicolato de amônia dos cabelos, deverá ser
aplicado um reestruturador, produto neutralizante que assegurará e
manterá o cacheado.
O nome neutralizante se deve ao fato de o produto neutralizar
qualquer solução para ondulação permanente que fique no cabelo.
Este processo também tem o objetivo de reagrupar as ligações de
dissulfeto que foram rompidas pela solução.

U3 - Transformações capilares 101


Figura 3.8 | Passo a passo da técnica do permanente

Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-rNeodgra2JQ/U9UaCef1pCI/AAAAAAAAAkQ/tM3FLT82JQg/s1600/Permanent%20
e-Afro-.png>. Acesso em: 31 ago. 2017.

Atualmente, existem duas técnicas de permanente: afro e digital.


• Afro: tem como objetivo alongar e alinhar os cachos dos
fios étnicos. É uma técnica igual à do procedimento tradicional, a
diferença é que os bigudinhos são aquecidos em até 150 oC durante
o permanente, melhorando, assim, a fixação, ficando durante um
período de 40 minutos. O problema está nas químicas administradas
anteriores, que podem fragilizar o cabelo, ocasionando quebras dos
fios, fios ressecados e queda dos cabelos.
• Digital: a proposta para quem deseja fios volumosos e
com cachos delicados, formando ondas naturais. Na aplicação, os
bigudinhos também são aquecidos, recebendo auxílio de uma luz de
led azul para uma maior absorção.
3.2.1 Técnica do permanente tradicional
No permanente tradicional, três técnicas são possíveis. A escolha da
técnica mais apropriada dependerá da experiência, prática e agilidade
do profissional do embelezamento capilar. As técnicas são:
• Indireta: o cabelo é enrolado a seco e só depois se aplica o

102 U3 - Transformações capilares


líquido do permanente. Essa técnica oferece menor margem de erro.
• Semidireta: aplica-se o produto em cada mecha, que é
enrolada em seguida.
• Direta: o cabelo é molhado com o líquido de permanente e só
depois se enrolam as mechas.

Questão para reflexão


Você sabia que o home care de cabelos com permanente exige que
seja feita a hidratação com produtos específicos e cuidados especiais?
Quais são esses cuidados?

Passo a passo para a realização do permanente tradicional:


1- Após dividir o cabelo em partes, pegue uma mecha (que não
deve ter mais de três centímetros de largura) e molhe-a com o líquido
de permanente.
2- Passe o pente fino para que o líquido penetre em todos os fios.
Enrole a mecha no rolinho, colocando o papel apropriado na ponta.
Enrole com firmeza, mas deixe uma pequena folga na raiz.

Figura 3.9 | Técnica do permanente, em que é enrolado o cabelo no bigudinho

Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/-7unhRCwzAUE/T8kErCXoyRI/AAAAAAAAErA/XjeBQF0MIVk/s1600/fts_permanenteafro_05-g.
jpg>. Acesso em: 31 ago. 2017.

U3 - Transformações capilares 103


3- Depois de enrolada, molhe a mecha novamente com o
líquido de permanente, tomando cuidado para que não atinja o couro
cabeludo. Faça o mesmo com as outras mechas.
4- Depois de o cabelo estar todo enrolado, molhe novamente os
rolinhos com o líquido. Deixe em repouso por 20 minutos.
5- Passado este tempo, veja se o cabelo já está enrolado. Se tiver,
enxágue a cabeça sem tirar os rolinhos.

Figura 3.10 | Técnica do permanente, em que é enxaguado o cabelo

Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-GmoSLty14ks/VfCjVSOFd9I/AAAAAAAAAUY/84ipUhRh2dg/s1600/fts_permanenteafro_06-g.
jpg>. Acesso em: 31 ago. 2017.

6- Seque suavemente a cabeça com o auxílio de uma toalha


felpuda (sem movimentar o couro cabeludo, retirando o excesso de
água).
7- Aplique o neutralizante e espere 10 minutos (pode atingir o
couro cabeludo).
8- Desenrole todos os rolinhos sem esticar os fios. Aplique o
restante do neutralizante, espere mais 5 minutos e então o cabelo
pode ser lavado.
3.3 Técnica de relaxamento
Na técnica empregada para o relaxamento, as alterações

104 U3 - Transformações capilares


capilares ocorrem envolvendo agentes redutores, dessa maneira são
consideradas químicas e denominadas de transformação permanente.
O relaxamento, diferente da progressiva, deve ser realizado sem
o uso de implementos quentes (chapinha ou secador). Apenas será
feita a aplicação do tensoativo e, assim que fizer o tempo de ação
recomendado na embalagem, será enxaguado e secará naturalmente.

Para saber mais


O relaxamento capilar pode alisar os fios completamente e depois
definir os cachos, depende do objetivo da cliente. Normalmente, é
realizado com um agente redutor tioglicolato de amônia, mas pode ser
feito com guanidina e hidróxido de sódio.

3.4 Técnica de progressiva (alisamento)


Na técnica de progressiva existe uma diversidade de formas de
aplicação, variando da marca escolhida pelo profissional. A técnica
mais utilizada tem o seguinte passo a passo:
1- Lavar os cabelos com xampu antirresíduos.
2- Retirar o excesso de umidade dos cabelos com toalha e
secador e pentear, de forma que fique alinhado.
3- Dividir o cabelo em mechas finas e aplicar o produto com
auxílio de um pincel, iniciar sempre pela nuca.
4- Esperar o tempo de ação do produto.
5- Dividir o cabelo novamente e começar o processo de
escovação, lembrando de iniciar pela nuca.
6- Pegar mechas finas e chapar de 15 a 20 vezes no mesmo local,
aguardar 15 minutos.
7- Enxaguar somente com água e secar os cabelos com o
secador, não sendo necessário fazer escova.

U3 - Transformações capilares 105


Atividades de aprendizagem
1. No permanente tradicional, a escolha da técnica mais apropriada
dependerá da experiência, prática e agilidade do profissional do
embelezamento capilar. Quais são as três técnicas utilizadas?

2. Explique a técnica de permanente capilar afro.

106 U3 - Transformações capilares


Seção 4
Efeitos das transformações capilares
Introdução à seção

Nesta seção, discorreremos sobre os efeitos causados nos fios


pelas transformações capilares, o teste de mecha e também a respeito
das precauções e cuidados.
4.1 Efeitos causados nos fios
Os alisamentos, permanentes e relaxamentos estão entre os
processos mais agressivos ao cabelo, devido à quebra das pontes
dissulfeto provocada pelo agente alisante. Esses danos estão
relacionados à parte interna e externa do fio, uma vez que os alisantes
precisam penetrar no córtex para efetuar sua ação. Como resultado
desses procedimentos, os cabelos podem apresentar danos, como:
perda da maciez, movimento, brilho, diminuição da elasticidade e da
força, devido ao aumento da porosidade do fio e aos danos causados
à cutícula.

Figura 3.11 | Cabelo com porosidade

Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/-swutwnxPOiY/UcpZb05VNBI/AAAAAAAAAOI/wrBwCi-noa0/s320/emborrachado.
jpg>. Acesso em: 31 ago. 2017.

U3 - Transformações capilares 107


Contudo, a aplicação desses produtos promove possíveis danos
aos cabelos, como:
• Fratura da haste capilar.
• Alopecia cicatricial.
• Síndrome da degeneração folicular.
• Queimaduras do couro cabeludo.
• Fios ásperos, porosos, quebradiços, com menor resistência à
tração devido à geração de íons.
• Irritação da pele.
• Cegueira, caso atinja os olhos.

Para saber mais


Leia cuidadosamente a Ficha de Informações de Segurança de Produtos
Químicos (FISPQ) e as instruções para todos os produtos utilizados no
salão, especialmente dos transformadores capilares. Siga rigorosamente
os procedimentos e as precauções recomendadas pelo fabricante.

4.2 Teste de mecha


Antes de qualquer transformação capilar, como progressiva
(alisamento), relaxamento e permanente, três testes devem ser
realizados nos cabelos: elasticidade, porosidade e mecha. Esses testes
com as observações cuidadosas, permitem que o profissional do
embelezamento capilar avalie as condições do cabelo.
 Elasticidade: é a habilidade do cabelo de esticar e voltar ao seu
formato original sem quebrar. Estique o cabelo seco entre seus
dedos. A quebra causada por um pouco de força demonstra
perda de elasticidade.
 
Porosidade: escorregue um único fio de cabelo entre os
dedos. Cabelo normal e resistente parece macio e sedoso. A
aspereza indica uma cutícula danificada.
 Mecha: o teste de mecha alerta sobre problemas em potencial
antes que eles aumentem. Mostra como o produto age no
cabelo e prediz o resultado que pode ser esperado.

108 U3 - Transformações capilares


Questão para reflexão
O cabelo clareado não se comporta mais como o natural, torna-se
poroso. Por isso, leva mais tempo para secar?

Figura 3.12 | Teste de mecha

Fonte: <http://adrianeboneck.com.br/wp-content/uploads/2012/09/Teste-de-Mecha-0.jpg>. Acesso em: 31 ago. 2017.

4.3 Precauções
• Toda transformação capilar é potencialmente agressiva.
• Torna-se necessário atingir a estrutura interna original do fio
para possibilitar o seu alisamento, relaxamento ou ondulação.
• As transformações acarretam danos à estrutura do fio, como:
perda das propriedades do cabelo, conteúdo hídrico, lipídeos
e ceramidas que têm papel fundamental na constituição do
cimento intercelular.
• 
O fio de cabelo permanece desprotegido e suscetível à
queda por conta da quebra, perda da penteabilidade, além do
acúmulo de eletricidade estática.
4.4 Cuidados
Recomendar para o cliente que seja utilizada uma linha de produtos
cosméticos específicos para cabelos transformados, contendo:

U3 - Transformações capilares 109


• Xampu hidratante ou nutritivo.
• Condicionador que contenha proteínas, aminoácidos, lipídeos,
ceramidas.
• Utilizar um finalizador que proteja os fios da radiação solar, os
fios transformados têm facilidade de permeação dos raios UVA
e UVB, pois se encontram mais porosos.
• 
Cuidado semanal com máscaras hidratantes, nutritivas e
reconstrutoras.

Atividades de aprendizagem
1. Descreva sobre os cuidados que devem ser tomados quando se realiza
uma transformação capilar.

2. Descreva sobre os testes e as observações cuidadosas que permitem o


profissional do embelezamento capilar avaliar as condições do cabelo.

Fique ligado
Nesta unidade, você aprendeu sobre a progressiva (alisamento),
relaxamento e permanente. Além de conhecer a diferença de cada
transformação capilar existente, como elas agem para modificar a fibra
capilar e os agentes redutores mais usados.
Desse modo, torna-se fundamental sempre estar atualizado sobre
a diversidade de agentes redutores para transformação capilar que
existem no mercado e a importância deles para a obtenção de um
tratamento correto e preciso.
Tendo sempre em vista a importância do conhecimento de todos
para atuarem como ótimos profissionais, é de suma importância que
todos nós, profissionais da área do embelezamento, prestemos um
serviço de qualidade, dando toda atenção para o nosso cliente para
que desta maneira, ele seja fidelizado junto aos nossos serviços.

Para concluir o estudo da unidade


Agora que já foi feita toda a revisão do conteúdo da unidade e
você já aprendeu como aplicar essas técnicas, gostaríamos de deixar

110 U3 - Transformações capilares


uma mensagem enfatizando que, na área do embelezamento, é
importante que o profissional aprenda, estude e possua diversas
ferramentas, técnicas ou recursos, pois somente dessa maneira
conseguirá transpor as barreiras do competitivo mercado de trabalho
e das diversificadas queixas dos nossos clientes que encontramos no
dia a dia.

Atividades de aprendizagem da unidade


1. Quando é realizada uma progressiva nos cabelos, os produtos causam
a perda das propriedades originais do cabelo, como conteúdo hídrico,
lipídico e ceramidas que constituem o cimento intercelular. Sabendo disso,
devemos tomar alguns cuidados após o procedimento. Analise os seguintes
cuidados:
I - Não são necessários cuidados semanais com máscaras reconstrutoras.
II - Fazer uma lavagem vigorosa, a fim de tirar todos os resíduos.
III- Sempre fazer uso de condicionamento que agregue proteínas e
aminoácidos.
a) I e II estão corretas.
b) Apenas a lll está correta.
c) Apenas a ll está correta.
d) Todas estão incorretas.
e) Apenas a l está correta.

2. Quando falamos em transformação do cabelo, já imaginamos se é liso, vai


enrolar, se é enrolado, vai alisar. Essas alterações são realizadas diariamente
em vários tipos de cabelos. O processo mais usado no momento é o
alisamento ou progressiva. Nesse tipo de procedimento, o objetivo é reduzir
o volume e modificar a estrutura do fio. Sobre o assunto, seria correto
afirmar que:
I - Ocorre uma modificação (alteração) nas pontes de dissulfeto.
II - Uma vez rompidas as ligações de enxofre, o cabelo se debilita, podendo
quebrar com atos simples, como penteá-lo.
III - As cutículas se abrem, permitindo a entrada do agente redutor no córtex.
a) I e III estão corretas.
b) Apenas a lll está correta.
c) I, II e III estão corretas.
d) II e III estão corretas.
e) Apenas a l está correta.

U3 - Transformações capilares 111


3. A principal substância encontrada no cabelo é a queratina, formada por
aminoácidos responsáveis pela solidez e insolubilidade. A queratina mantém
sua estrutura modelada e fixa por meio de ligações químicas, consideradas
mais fortes, sendo aquelas que se dão pelos ________________ ou
_________________.
a) Lipídeos e gorduras.
b) Átomos de enxofre e dissulfeto.
c) Fios e reconstrutor.
d) Dissulfeto e hidrogênio.
e) Ampolas e dissulfetos.

4. A cliente se dirige ao salão ou centro de embelezamento para realização


de uma escova progressiva, o profissional analisa o cabelo para saber se
realmente pode efetuar a transformação nos fios. Em alguns casos, a técnica
da progressiva não pode ser feita:
I- Em pessoas com alopecia cicatricial e síndrome da degeneração folicular.
II- Pessoas que já realizaram anteriormente transformações capilares nos
cabelos.
III- Pessoas com o couro cabeludo sensível e com irritação no escalpo.
Está correto o que se afirma em:
a) I, II e III.
b) I e III, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, apenas.

5. Quando o profissional realiza uma escova progressiva, alguns cuidados


devem ser tomados para a saúde da cliente e assim manter o procedimento
por mais tempo no cabelo. Podemos dizer que esses cuidados são:
I- Utilizar um finalizador que proteja os fios da radiação solar, os fios
transformados têm facilidade de permeação dos raios UVA e UVB, pois se
encontram mais porosos.
II- Evitar fazer descoloração ou tingir os cabelos em intervalo curto, podendo
potencializar os danos.
III- Não dormir com o cabelo molhado.
Está correto o que se afirma em:
a) I, II e III.
b) I e III, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, apenas.

112 U3 - Transformações capilares


Referências
BEDIN, V. Produtos capilares. São Paulo: Cosmetics & Toiletries., 2006. v. 18.
COTRAN, R. S. et al. Patologia estrutural e funcional. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan S.A., 2000.
GOMES, A. L. Uso da tecnologia cosmética no trabalho do profissional cabeleireiro. São
Paulo: SENAC, 2006.
HALLL, J. E. Tricologia e a química cosmética capilar. 5. ed. São Paulo: Cengage, 2012.
HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
______. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2011.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan S.A., 1999.
KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N. Patologia: bases patológicas das doenças. 7. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2005.
LOSSOW, J. F. Anatomia e fisiologia humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara e Koogan,
1990.
SAHD, C. S. Transformações capilares: escova progressiva e permanente. Caderno de
Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2017.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
TORTORA, G. J.; RRICKSON B. Princípios de anatomia e fisiologia. 12. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010.
TUCCI, A. M. F. Propriedades físico-químicas de cabelo: desenvolvimento de métodos
de avaliação de alterações estruturais induzidas por radiação. Dissertação de mestrado,
Instituto de Química, UNICAMP, 1989.
WAGNER, R. C. C. A estrutura da medula e sua influência nas propriedades mecânicas
e da cor dos cabelos, Campinas, São Paulo, 2006. Tese de doutorado – Universidade
Estadual de Campinas – Instituto de Química, 2006.
WAGNER, R. C. C.; JOEKES, I. Degradação do cabelo decorrente do tratamento contínuo
com lauril sulfato de sódio e silicone. Dissertação de mestrado, Instituto de Química,
UNICAMP, 2003.

U3 - Transformações capilares 113


Unidade 4

Efeitos fisiológicos da
coloração no organismo
Claudia Stoeglehner Sahd

Objetivos de aprendizagem
A proposta da presente unidade é que você, aluno, saiba conhecer
e identificar os efeitos fisiológicos da coloração no organismo, bem
como os danos causados à fibra capilar.

É de extrema importância que o profissional da área do


embelezamento tenha o domínio sobre o que as colorações podem
acarretar no organismo humano, além de compreender os danos
que a fibra capilar pode sofrer ao longo dos processos de coloração
capilar.

Seção 1 | Toxicidade dos corantes capilares


Nesta seção, abordaremos os efeitos fisiológicos das colorações e os danos
causados nas fibras capilares.

Seção 2 | Efeitos fisiológicos das colorações


Nesta seção, abordaremos a toxicidade dos corantes capilares, os estudos
realizados e a descrição da rotulagem das colorações capilares.
Introdução à unidade
Abordaremos, durante esta unidade, os conceitos envolvidos
nos efeitos fisiológicos da coloração no organismo, a toxicidade
dos colorantes capilares, os estudos sobre a toxicidade, os métodos
analíticos para a determinação de corantes de cabelo, além dos
possíveis danos causados à fibra capilar.
A tintura de cabelo é utilizada por milhões de pessoas,
independentemente da etnia, sexo, nacionalidade, religião ou idade.
Para atender a este mercado bilionário, a oferta de produtos aumenta
a cada dia, graças aos avanços no entendimento da estrutura química
e molecular dos cabelos, das propriedades físico-químicas e dos
mecanismos de ação e desenvolvimento da cor. A busca por novas
tecnologias visa não só aumentar a oferta de cores e processos mais
simples, rápidos e efetivos, mas, também, minimizar danos ao cabelo e
à saúde do ser humano.
Considerando a ampla versatilidade de produtos destinados à tintura
de cabelo, observa-se ainda uma relativa escassez de informações
relacionadas à toxicidade e à mutagenicidade dos corantes de cabelo
disponíveis à população. É imperativa, portanto, a obtenção de mais
informações sobre os possíveis efeitos adversos que corantes podem
causar para o ser humano e à biota em geral. Vale ressaltar, ainda, a
importância do monitoramento destes corantes provenientes da
tintura de cabelo em efluentes industriais, esgotos domésticos, águas
naturais e destinadas ao consumo humano, bem como obter mais
dados sobre a sua persistência, biotransformação, transporte e destino
no meio ambiente para que seja possível avaliar os riscos envolvidos
relativos à utilização de corantes em processos de tintura de cabelo.
Além disso, é importante lembrar que para tratar de qualquer
procedimento capilar, deve-se sempre ter conhecimentos fisiológicos
capilares e conhecer todos os procedimentos a fundo. Assim, será muito
mais simples e fácil conseguir tratamentos terapêuticos e modificações
químicas que sejam realmente coerentes àquela alteração realizada.
Esperamos que você, aluno, aproveite ao máximo esse recurso
didático. Uma ótima leitura!
Seção 1
Toxicidade dos corantes capilares
Introdução à seção

Nesta seção, abordaremos a toxicidade dos corantes capilares, os


estudos realizados e a descrição da rotulagem das colorações capilares.
1.1 A toxicidade dos corantes
No século XX, a toxicidade dos produtos e cosméticos tem
recebido destaque da comunidade científica. Nos anos de 1960,
acreditava-se que os produtos de uso pessoal permaneciam apenas
na pele e seus efeitos eram considerados locais. No entanto, novos
estudos mostraram que os produtos aplicados topicamente podem
ser absorvidos, levando a efeitos sistêmicos nos organismos expostos,
portanto, os possíveis efeitos tóxicos vêm sendo reavaliados.

Figura 4.1 | Símbolo usado para substâncias tóxicas

Fonte: <http://vaccineresistancemovement.org/wp-content/uploads/2010/10/toxic.jpg>. Acesso em: 18 set. 2017.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA - é encarregada


pela autorização e comercialização de produtos cosméticos através de
notificação e registros, fiscalização das empresas fabricantes, averiguação
do processo de produção, as técnicas e os métodos empregados, até
o seu consumo final. Antes de um produto ser lançado no mercado,
deve ser averiguado pelo próprio fabricante ou importador por meio
de diversos ensaios toxicológicos, como: toxicidade sistêmica aguda;
corrosividade e irritação dérmica; sensibilização cutânea; absorção/

118 U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo


penetração cutânea; mutagenicidade/genotoxicidade; toxicidade
subaguda e subcrônica; irritação ocular; irritação de mucosas; efeitos
tóxicos induzidos pela radiação UV (fototoxicidade, genotoxicidade,
fotoalergia); carcinogenicidade; toxicidade do desenvolvimento e
reprodutiva (teratogenicidade), toxicocinética e toxicodinâmica.

Questão para reflexão


Você sabia que a tintura de cabelo é uma arte ditada pela cinética
química de uma complexa reação e um mecanismo de difusão, que
possui produto controlado por uma exigente fiscalização quanto ao
seu potencial alergênico e de toxicidade aos seres humanos?

Os compostos químicos recordados nas colorações capilares,


como corantes, precursores, acopladores, aditivos, entre outros, são
tidos como os ingredientes mais reativos da indústria cosmética, o que
torna o processo de tintura de cabelos muito complexo.
Dessa maneira, após um processo rotineiro de coloração
capilar, pode-se encontrar no efluente diferentes produtos químicos
indispensáveis para o desenvolvimento da cor, a persistência e a
estabilidade, além de grande excesso de corantes com as mais diversas
características.
1.2 Estudos sobre a toxicidade dos colorantes
O risco potencial do produto cosmético em condições normais
ou razoavelmente previsíveis de uso deve ser avaliado por diferentes
abordagens, como: condições de uso (finalidade, modo de aplicação,
tempo de contato, área e superfície de aplicação) e composição da
formulação (concentração dos componentes, existência de restrições
ou regulamentações específicas, características de permeação e
penetração e dados toxicológicos).
Uma estratégia para a avaliação do risco e a segurança do uso de
tinturas capilares envolve a realização de ensaios de toxicidade aguda,
subcrônica, irritação e sensibilização dérmica, absorção percutânea,
genotoxicidade e carcinogenicidade para as formulações de tinturas e
seus precursores sozinhos e/ou combinados.
A maioria dos estudos que tem como foco os riscos ao ambiente
e à saúde humana por estes corantes, precursores e outros aditivos

U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo 119


é baseada nos corantes permanentes e estudos com p-fenilanina e
aminofenóis. Essa preocupação é justificada, pois algumas aminas
aromáticas usadas na preparação, ou formadas por degradação parcial
dos corantes usados, são substâncias biologicamente ativas e podem
ser absorvidas percutaneamente, ou seja, através da pele, o que poderia
produzir efeitos mutagênicos ou carcinogênicos (HUEBER-BECKER et
al., 2004; BOLT et. al, 2007).
Contudo, a toxidade de corantes de cabelo e alguns ingredientes
utilizados em sua composição possuem pouca investigação e os dados
ainda são conflitantes, principalmente com relação ao real risco aos
consumidores. Alguns autores têm correlacionado precursores, tais
como resorcinol, usado como ingrediente na formulação de corantes,
como desreguladores endócrinos que afetam a tireoide (LYNCH et al.,
2002).
Outros estudos pontuam que precursores usados em colorações
permanentes, como aminofenóis e p-fenilamina, têm causado
preocupações para a saúde humana devido a riscos associados a
alergias, dermatites e nefrotoxicidade (NOHYNEK et al., 2005).
Em 2006, a p-fenilenodiamina (PFD) foi classificada pela Sociedade
Americana de Alergia de Contato como o "alérgeno de contato
do ano". Esse efeito é promovido pela geração de produtos da PFD
oxidados pelo ar (AEBY et al., 2009; NOHYNEK et al., 2010). Atualmente
é reputado que a exposição aguda à PFD pode ocasionar graves
tipos de dermatites, irritação nos olhos e asmas, principalmente nos
profissionais do embelezamento capilar, e, em casos de ingestão
acidental, pode ocasionar quadros graves de intoxicação, acarretando
gastrite, insuficiência renal, vertigem, tremores, convulsões e até coma
(NOHYNEK et al., 2010).

Para saber mais


Confira o que há de verdadeiro na tintura permanente com amoníaco
no que se refere ao aparecimento de alergias de pele e danos ao cabelo
no link a seguir. Disponível em: <http://www.wella.com/retail/pt-BR/
article/text/reacao-alergica-amoniaco-na-tintura>. Acesso em: 20 set.
2017.

120 U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo


É importante enfatizar que a ocorrência de alergias induzidas pela
utilização de colorações, principalmente devido à presença de para-
fenilenodiamina (PPD), tem sido restringida devido à utilização de luvas
durante o processo de coloração capilar e às advertências nos rótulos
das embalagens dos produtos sobre a necessidade da realização do
teste de sensibilidade antes da aplicação.
Embora o uso de corantes destinados à coloração capilar seja
altamente relevante no mundo moderno, gerando uma enorme
quantidade de resíduos, os estudos focando os riscos ao ambiente
e à saúde por estes corantes, precursores e outros aditivos ainda são
mínimos. No geral, a maioria dos trabalhos inclui apenas o estudo dos
precursores, acopladores e não dos corantes formados após reação
específica ou dos outros tipos de corantes básicos e ácidos usados
nas formulações em colorações temporárias e semipermanentes. Em
adendo, não são encontrados na literatura estudos direcionados para
sua contaminação ambiental ou potencialidade mutagênica, quando
presentes em efluentes, resíduos de centros de embelezamento e
esgotos domésticos.
1.3 Métodos analíticos para a determinação de corantes de cabelo
O uso de corantes destinados à coloração capilar é altamente
relevante no mundo moderno, gerando uma grande quantidade de
resíduos, porém os estudos focando os riscos ao ambiente e à saúde
por parte desses corantes, precursores e outros aditivos, são raros.
Além disso, os estudos existentes são pouco difundidos e a aplicação
é restrita, uma vez que a maioria dos componentes e formulações são
protegidos por patentes.
As tinturas de cabelo contêm uma mistura de para-fenilenodiamina,
benzenodióis, aminofenóis e outros substratos aromáticos. No
processo de coloração capilar, um corante precursor (por exemplo:
1,4-benzenodiamina, 4-aminofenol) reage com o peróxido de
hidrogênio para produzir uma imina, que reage com um acoplador
(por exemplo, 3-aminofenol, 1,3-benzenodiol) para produzir o corante.
Assim, o conteúdo e a composição de intermediários dos corantes em
uma tintura de cabelo afetam grandemente a cor.
Os métodos analíticos desenvolvidos para determinação de corantes
de cabelo e seus ingredientes são um problema, considerando que
esses compostos estão presentes em muitos afluentes, e esgotos de
estações de tratamento de águas de captação estão continuamente

U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo 121


recebendo resíduos de salões de beleza.
A maioria dos métodos analíticos encontrados na literatura é
destinada à análise de precursores usados em colorações permanentes,
e não de outros corantes ácidos ou básicos envolvendo tinturas
semipermanentes ou temporárias.
Devemos ressaltar a importância da determinação de compostos
ativos (acopladores) usados na tintura permanente de cabelo na forma
de diaminas aromáticas, que são capazes de penetrar no cabelo e reagir
com oxidantes ou outros compostos e originar produtos de alto peso
molecular, fixando-se de forma mais efetiva ao cabelo. Precursores
da tintura de cabelo têm gerado grande preocupação, principalmente
com relação à para-fenilenodiamina, resorcinóis e aminofenóis e outros
derivados aromáticos. Estes intermediários têm mostrado propriedades
mutagênicas e carcinogênicas. Devido à toxicidade desses precursores,
diversos procedimentos cromatográficos e eletroforéticos têm sido
desenvolvidos para separar, determinar e estimar os intermediários
de corantes e derivados em produtos de coloração de cabelo. Estes
incluem a cromatografia em papel (CP), cromatografia em camada
delgada (CCD), cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE),
cromatografia em fase gasosa-espectrometria de massa (GC/GC-MS),
e eletroforese capilar (EC).
A CP é um dos métodos cromatográficos mais antigos utilizados
para a separação e a determinação dos componentes de corantes
destinados à coloração de cabelo, mas raramente é utilizada hoje
devido às suas limitações.
A CCD é a versão mais moderna e tem merecido destaque na
identificação de para-fenilenodiamina, resorcinóis e aminofenóis em
formulações comerciais, tal como descrito na literatura, todavia são
métodos pouco sensíveis e com baixa seletividade.
Os métodos cromatográficos de análise baseados na cromatografia
líquida com diferentes detectores têm sido usualmente empregados
para a identificação e a quantificação de precursores na tintura de
cabelo. A separação e a identificação de corantes e derivados por
CLAE têm mostrado elevada sensibilidade, precisão e especificidade. O
método de CLAE com várias estratégias, tais como diferentes tipos de
fase estacionária, composição de vários tipos de fases móveis e uma
vasta gama de detectores seletivos, torna o método apropriado para a
análise de compostos em materiais vegetais como a henna.

122 U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo


Uma avaliação precisa dos riscos do uso de 2,5-toluylenediamine
(2,5-TDA) e do para-PDA, que são aplicados em tintura de cabelo
permanente, os classificou como sensibilizadores da pele e capazes
de penetrar na pele humana. Todavia, contaminantes cancerígenos e
impurezas em formulações de corantes de cabelo comerciais, como
orto-toluidina ou 4-aminobifenil podem também penetrar na pele,
contribuindo para o risco de câncer nos usuários.
Métodos analíticos altamente sensíveis, como CG-MS foram
utilizados para a determinação de diaminas aromáticas na urina de
humanos que usaram tinturas disponíveis no mercado, e encontraram
orto-toluidina e 4-aminobifelina em amostra de urina dentro do período
de 48 horas após o uso de tintura de cabelo. O estudo demonstrou
que diaminas aromáticas em corantes capilares permanentes são
absorvidas dermicamente e podem ser quantificadas na urina.
Intermediários da tintura permanente, tais como benzenodióis
e aminofenóis, têm ainda mostrado mutagenicidade in vitro e
propriedades cancerígenas in vivo.
A aplicação da CG-MS foi utilizada para determinação de PPD
a partir de tinturas comerciais de cabelo. A metodologia proposta é
sensível e precisa para a determinação de PPD em tinturas de cabelo
comerciais, aplicando derivatização da amostra com benzaldeído.
Métodos analíticos, incluindo cromatografia líquida (CLA), CCD,
CE, têm sido desenvolvidos para analisar estes produtos em tintura
comercial. Dentre essas técnicas, CE tem atraído grande atenção na
determinação destes isômeros, devido à sua eficiência na separação,
e no volume de amostra tem baixo consumo de reagentes e alta
velocidade de análise.
Com relação à tintura de cabelo, podemos encontrar uma oferta
de produtos que aumenta a cada dia, graças aos avanços nos estudos
da estrutura química e molecular dos cabelos, às propriedades
físico-químicas e amplo entendimento dos mecanismos de ação e
desenvolvimento da cor.
Todavia, em virtude da grande oferta de produtos e demanda dos
consumidores, observa-se uma relativa escassez de informações
relacionadas às toxicidades e à mutagenicidade dos corantes de cabelo
disponíveis à população.
É imperativa a obtenção de informações sobre possíveis efeitos

U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo 123


adversos que corantes podem causar para o ser humano e ressaltar o
monitoramento destes corantes, provenientes da coloração capilar no
descarte em efluentes industriais, esgotos domésticos e água natural.
Lista de siglas:
• CP: Cromatografia em Papel.
• CCD: Cromatografia em Camada Delgada.
• CLAE: Cromatografia Líquida de Alta Eficiência.
• GC/GC-MS: Cromatografia em Fase Gasosa-Espectrometria
de Massa.
• EC: Eletroforece Capilar.
• TDA: Toluenodiamina.
• PPD: para-Fenelenodiamina.
• CLA: Cromatografia Líquida.
1.4 Descrição da rotulagem das colorações capilares
Ao ser analisada a rotulagem dos cosméticos, deve ser observado
o seu número do registro ou notificação na ANVISA/MS, composto
pela sigla “MS” seguido do número de registro no Ministério da Saúde.
Os números de registro dos cosméticos são compostos por 13 dígitos,
encontrados na parte posterior da embalagem, em que está informado
o nome da empresa e seu endereço. Além dessa informação, as
rotulagens dos cosméticos devem conter:
• Nome e grupo pertencente (loção, tintura, creme etc.).
• Localização/ identificação da marca.
• Tonalidade.
• Número do lote.
• Prazo de validade.
• Indicação de conteúdo.
• Origem da fabricação (país).
• Nome e endereço do fabricante.
• Advertências e restrições de uso.
• Ingredientes da composição.
• Letra utilizada na embalagem.

124 U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo


Figura 4.2 | Número MS na embalagem das colorações

Fonte: elaborada pela autora.

Antes de qualquer aplicação, examine cuidadosamente o escalpo


e o cabelo. Procure sinais de irritação, vermelhidão ou inchaço do
tecido, feridas abertas, ressecamento excessivo ou outras disfunções
na pele. Pergunte ao cliente sobre problemas anteriores com aplicação
de outras colorações (coceira no couro cabeludo, locais doloridos e
irritações).
Se você suspeitar de problemas, aconselhe seu cliente a consultar
um dermatologista antes de dar continuidade ao procedimento. Nunca
aplique qualquer coloração no couro cabeludo irritado.

Para saber mais


Confira as considerações gerais na avaliação de segurança de produtos
cosméticos no link a seguir. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.
br/documents/106351/107910/Guia+para+Avalia%C3%A7%C3%A3o+
de+Seguran%C3%A7a+de+Produtos+Cosm%C3%A9ticos/ab0c660d-
3a8c-4698-853a-096501c1dc7c>. Acesso em: 20 set. 2017.

U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo 125


As questões de tempo e porosidade podem ser respondidas
fazendo-se um teste preliminar no fio. Os testes de resistência do fio
são importantes por várias razões: eles ajudam a evitar problemas
sérios causados pelos gradientes de porosidade, cabelos danificados,
mudança de temperatura e mistura ou aplicação inapropriada.
Muitos estudos com foco nos riscos ao ambiente e à saúde
humana por colorações e seus precursores, além de outros aditivos,
são baseados nos corantes permanentes.
Agentes oxidantes podem ser muito corrosivos aos olhos, pele e
pulmões. O peróxido de hidrogênio e outros oxidantes agem liberando
oxigênio. Como respiramos oxigênio, alguns acreditam erroneamente
que os oxidantes são seguros e não causam danos. Esse não é o caso.
Os oxidantes são potencialmente perigosos e devem ser usados com
cuidado.
Vale ressaltar a importância de nunca adulterar a fórmula de um
produto vinda do fabricante, por exemplo, alguns profissionais da
área capilar que fazem a progressiva adicionando mais formol para
aumentar o poder de alisamento. Esse procedimento é totalmente
errado e inadmissível, pois a alteração da fórmula do produto pode
acarretar o aumento da toxicidade, ocasionando danos à saúde do
cliente.

Atividades de aprendizagem da seção


1. A ANVISA é encarregada pela autorização e comercialização de produtos
cosméticos através de notificação e registros, fiscalizando as empresas
fabricantes, averiguando o processo de produção, as técnicas e os métodos
empregados até o seu consumo final. Antes de um produto ser lançado
no mercado, deve ser averiguado pelo próprio fabricante ou importador
por meio de diversos ensaios toxicológicos. Quais são esses ensaios
toxicológicos?

2. Embora o uso de corantes destinados à coloração capilar seja altamente


relevante no mundo moderno, gerando uma grande quantidade de resíduos,
os estudos focando os riscos ao ambiente e à saúde por parte desses
corantes, precursores e outros aditivos são raros. Os estudos existentes
são pouco difundidos e a aplicação restrita, uma vez que a maioria dos
componentes e formulações são protegidos por patentes. Devido à
toxicidade desses precursores, diversos procedimentos cromatográficos e

126 U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo


eletroforéticos têm sido desenvolvidos para separar, determinar e estimar
os intermediários de corantes e derivados em produtos de coloração de
cabelo. Quais são esses procedimentos?

U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo 127


Seção 2
Efeitos fisiológicos das colorações
Introdução à seção

Nesta seção, abordaremos os efeitos fisiológicos das colorações e


os danos causados nas fibras capilares.
2.1 Efeitos fisiológicos
A fibra capilar, quando exposta às condições adversas do
meio ambiente, pode apresentar danos em sua estrutura e,
consequentemente, alterações nas propriedades mecânicas e de
superfície. Cabelos danificados apresentam-se opacos, ressecados,
ásperos, frágeis e sem brilho e dentre as causas, citam-se: radiações
solares, cuidados diários (escovação, lavagem e penteados), e
tratamentos cosméticos (alisamentos, permanentes, tinturas, entre
outros).
Durante o processo de coloração, as tinturas capilares proporcionam
abertura demasiada das cutículas, visando aperfeiçoar a absorção
dos corantes pelo córtex, e como consequência desse mecanismo,
ocorre a diminuição da maciez, do brilho, da penteabilidade, atributos
necessários e indispensáveis em um cabelo saudável.
Os oxidantes são corrosivos e podem causar queimaduras sérias,
cicatrizes e danos à pele. Use máscara apropriada ao manipular
oxidantes em pó para prevenir a inalação. Leia cuidadosamente a Ficha
de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) e as
instruções para todos os produtos utilizados no salão, especialmente
oxidantes e corrosivos. Siga rigorosamente os procedimentos e as
precauções recomendadas pelo fabricante.

Questão para reflexão


Como você se precaveria de adquirir colorações ou produtos químicos
para os cabelos que apresentam algum tipo de toxicidade ao organismo?

128 U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo


Clareadores sobre o couro cabeludo apresentam perigo dobrado,
pois o produto entra em contato com o escalpo durante a aplicação, e
a alta alcalinidade e a presença de um oxidante podem causar irritação
na pele. Os clientes sentem frequentemente o couro cabeludo
ressecado e esticado.

Figura 4.3 | Fibra capilar danificada após uso de descoloração

Fonte: <https://1.bp.blogspot.com/-58_nCNXnuH4/VKCyYwquzzI/AAAAAAAAUwU/E9Ai1uEvwNI/s1600/1.jpg>. Acesso


em: 22 set. 2017.

O escalpo tem uma barreira protetora de sebo que é removida


temporariamente nas aplicações de xampu. Solicite aos clientes para
não lavarem o cabelo 24 horas antes do processo de clareamento ou
descoloração. A menos que seja absolutamente necessário, nunca lave
o cabelo do cliente antes de aplicar superclareadores ou descolorantes
diretamente no couro cabeludo.
Algumas pesquisas apontam que o uso de tinturas aumenta o risco
de câncer de bexiga em mulheres que utilizam tinturas permanentes
de modo frequente e por longos períodos. Foi detectada na urina, a
presença dos pigmentos capilares, ou seja, havia a indicação de que
os compostos cancerígenos, de fato, alcançam o órgão-alvo. Outros
estudos apontam que o uso em intervalos pequenos de colorações

U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo 129


pode ter um grande impacto sobre o risco de desenvolvimento de
leucemia aguda em adultos.
Cuidadosamente, examine o couro cabeludo e o cabelo antes
de aplicar clareadores. Procure sinais de irritação, vermelhidão,
sensibilidade ou inchaço no tecido da epiderme, feridas abertas,
ressecamento excessivo ou outros problemas de pele. Se você observar
problemas, aconselhe seu cliente a consultar um dermatologista antes
de continuar com qualquer aplicação química.
Alguns resultados de pesquisas realizadas sobre efeitos fisiológicos
da coloração no organismo:
• 
Em um fio de cabelo que não passou por nenhum
procedimento químico, observa-se que as cutículas se
apresentam fechadas, intactas e com bom posicionamento. Já
em fios que passaram por processos químicos, encontramos
as cutículas modificadas.
• Alguns estudos apresentam indagações sobre a segurança das
tinturas capilares e se oferecem riscos definitivos de acarretar
o câncer.
• 
Encontra-se relação de toxicidade e mutagenicidade nas
colorações de cabelo disponíveis à população, mas outros
estudos precisam ser realizados para que se possa confirmar
esses resultados.

Para saber mais


Assista a um vídeo que trata dos efeitos dos produtos usados nos cabelos.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=R5ejSziKT5k>.
Acesso em: 20 set. 2017.

2.2 Danos à saúde


Com relação aos danos à saúde, pesquisas mostraram que a maior
parte dos estudos epidemiológicos parece sugerir que há associação
entre a utilização das tinturas capilares e o aumento no risco de
câncer. Esses resultados são surpreendentes, devido ao fato de que
a exposição sistêmica humana aos componentes desses produtos é
elevada e contínua, ou seja, é provável que ofereçam risco à saúde.
As cutículas são formadas por células em plaquetas encaixadas,

130 U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo


dispostas segundo eixo longitudinal da fibra, formando de cinco a seis
camadas concêntricas e parecem escamas que estão coesas mediante
um cimento rico em aminoácidos.
A aparência do cabelo depende do estado da cutícula do fio e
das condições do córtex. Quando a cutícula está danificada pelo
rompimento das escamas, o cabelo apresenta-se áspero, sem brilho,
poroso, com alterações na cor e na elasticidade e, se tracionado,
o cabelo rompe. Esses são os primeiros sinais da deterioração da
estrutura dos fios.

Para saber mais


Leia o artigo cientifico que aborda a química e a toxicidade dos corantes
de cabelo. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0100-40422014000600019>. Acesso em: 20 set. 2017.

Alguns componentes presentes nos pigmentos, principalmente os


metais, como chumbo, podem ser mutagênicos e carcinogênicos.
Outros estudos já mostram que não há qualquer tipo de associação
entre a utilização de colorações capilares e danos à saúde.
Assim, muitos estudos ainda precisam ser realizados para se chegar
a resultados precisos e corretos.

Para saber mais


Leia o artigo científico sobre componentes nocivos ao organismo
presentes em tonalizantes capilares. Disponível em: <https://www.
periodicos.unifra.br/index.php/disciplinarumS/article/view/917/861>.
Acesso em: 20 set. 2017.

Atividades de aprendizagem da seção


1. A fibra capilar, quando exposta às condições adversas do meio
ambiente, pode apresentar danos em sua estrutura e, consequentemente,
alterações nas propriedades mecânicas e de superfície. Cabelos danificados
apresentam-se opacos, ressecados, ásperos, frágeis e sem brilho. Quais são
as causas dos danos capilares?

U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo 131


2. Quais sinais devem ser observados no couro cabeludo?

Fique ligado!
Nesta unidade, você pôde aprender e compreender a estrutura
dos fios e como as colorações agem nos fios de cabelo. Dessa forma,
conhecemos e identificamos os níveis de toxicidade que as colorações
podem ter e o que podem acarretar ao organismo, a predominante
preocupação com os danos à saúde e os efeitos fisiológicos no
organismo.
É fundamental saber sobre o universo da química capilar, desde
a Antiguidade e toda sua evolução até os dias atuais, no intuito de
compreender a importância de conhecer os efeitos fisiológicos dos
compostos das colorações e de como agem nos fios.

Para concluir o estudo da unidade


Diante do que aprendemos nesta unidade, concluímos que o
conhecimento sobre os efeitos fisiológicos da coloração no organismo
é essencial para o atendimento dos profissionais da área capilar. Desse
modo, verifica-se a importância de conhecimentos específicos e
profundos voltados à área capilar.
Sugerimos, como conclusão do estudo desta unidade, que você
observe que algumas colorações podem acarretar danos à saúde e
que mais estudos precisam ser realizados para confirmação. Portanto,
o que você faria para mudar esse quadro?

Atividades de aprendizagem da unidade


1. No século XX, a toxicidade dos produtos e cosméticos tem recebido
destaque da comunidade científica. Nos anos de 1960, acreditava-se que
os produtos de uso pessoal permaneciam apenas na pele e seus efeitos
eram considerados locais. Novos estudos mostraram que os produtos
aplicados topicamente podem ser absorvidos, levando a efeitos sistêmicos
nos organismos expostos, portanto, os possíveis efeitos tóxicos vêm sendo
reavaliados. Podemos dizer então que:
I- A ANVISA é encarregada pela autorização e comercialização de produtos
cosméticos através de notificação e registros, fiscalizando as empresas
fabricantes, averiguando o processo de produção, as técnicas e os métodos

132 U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo


empregados até o seu consumo final.
II- Antes de um produto ser lançado no mercado, deve ser averiguado pelo
próprio fabricante ou importador por meio de diversos ensaios toxicológicos.
III- Os compostos químicos recordados nas colorações capilares, como
corantes, precursores, acopladores, aditivos, entre outros são tidos como os
ingredientes mais reativos da indústria cosmética, o que torna o processo de
tintura de cabelos muito complexo.
Está correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) II e III, apenas.
c) II, apenas.
d) I, II e III.
e) I e II, apenas.

2. Devemos ressaltar a importância da determinação de compostos ativos


(acopladores) usados na tintura permanente de cabelo na forma de diaminas
aromáticas, que são capazes de penetrar no cabelo e podem reagir com
oxidantes ou outros compostos e originar produtos de alto peso molecular,
fixando-se de forma mais efetiva ao cabelo. Podemos dizer então que:
I- Precursores da tintura de cabelo não têm gerado grande preocupação,
principalmente com relação à para-fenilenodiamina, resorcinóis, e
aminofenóis e outros derivados aromáticos.
II- Estes intermediários têm mostrado propriedades mutagênicas e
carcinogênicas. Devido à toxicidade desses precursores, diversos
procedimentos cromatográficos e eletroforéticos têm sido desenvolvidos
para separar, determinar e estimar os intermediários de corantes e derivados
em produtos de coloração de cabelo.
III- Estes procedimentos incluem a cromatografia em papel (CP),
cromatografia em camada delgada (CCD), cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE), cromatografia em fase gasosa-espectrometria de massa
(GC/GC-MS), e eletroforese capilar (EC).
Está correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III, apenas.
d) I, II e III.
e) I e III, apenas.

3. Em 2006, a _____________________ foi classificada pela Sociedade


Americana de Alergia de Contato como o "alérgeno de contato do ano".
Esse efeito é promovido pela geração de produtos da ________ oxidados

U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo 133


pelo ar (AEBY et al., 2009; NOHYNEK et al., 2010). Atualmente é reputado
que a exposição aguda à ________ pode ocasionar graves tipos de
dermatites, irritação nos olhos e asmas, principalmente nos profissionais do
_________________________ e, em casos de ingestão acidental, quadros
graves de intoxicação, acarretando gastrite, insuficiência renal, vertigem,
tremores, convulsões e até coma (NOHYNEK et al., 2010). Complete as
lacunas:
a) p-fenilenodiamina (PFD); PFD; PFD; embelezamento capilar.
b) 1, 4 benzenodiamina; PFD; FPD; embelezamento facial.
c) 1, 4 benzenodiamina; FPD; PFD; cabelo.
d) 1, 4 benzenodiamina; PFD; FPD; médicos.
e) p-fenilenodiamina (PFD); FPD; FPD; saúde.

4. Dentre os cuidados, deve-se examinar o couro cabeludo e o cabelo antes


de aplicar clareadores. Procure sinais de irritação, vermelhidão, sensibilidade
ou inchaço no tecido da epiderme, feridas abertas, ressecamento excessivo
ou outros problemas de pele. Se você observar problemas, aconselhe seu
cliente a consultar um dermatologista antes de continuar com qualquer
aplicação química. De acordo com o conhecimento obtido, assinale com V
para verdadeiro ou F para falso:
( ) Em um fio de cabelo que não passou por nenhum procedimento
químico, observa-se que as cutículas se apresentam fechadas, intactas
e com bom posicionamento.
( ) Em fios que passaram por processos químicos, encontramos as cutículas
íntegras.
( ) Alguns estudos apresentam indagações sobre a segurança das tinturas
capilares e se oferecem riscos definitivos de acarretar câncer.
( ) Encontra-se relação sobre toxicidade e mutagenicidade das colorações
de cabelo disponíveis à população, mas outros estudos precisam ser
realizados para se confirmar esses resultados.
a) V, F, F, F.
b) F, V, V, V.
c) F, V, V, F.
d) V, V, V, F.
e) V, F, V, V.

5. Ao ser analisada a rotulagem dos cosméticos, deve ser observado o seu


número do registro ou notificação na ________________, composto pela
sigla “__” seguido do número de registro no Ministério da Saúde. Os números
de registro dos cosméticos são compostos por __ dígitos, encontrados na
parte posterior da embalagem, em que está informado o nome da empresa

134 U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo


e endereço. Complete as lacunas:
a) ATIVA/KS; MS; 13.
b) ANVISA/MS; MS; 13.
c) ATIVA/KS; SM; PFD; 10.
d) ANVISA/MS; SK; FPD; 13.
e) ATIVA/KS; SK; FPD; 10.

U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo 135


Referências
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N-acetylation for dendritic cell activation and the immune response. J Invest Dermatol, v.
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de 2000. Resolução RDC nº 79, de 28 de agosto de 2000. Estabelece a definição e
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136 U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo


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TORTORA, G. J.; RRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 12. ed. Rio de Janeiro:
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U4 - Efeitos fisiológicos da coloração no organismo 137

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