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Karl Marx e os fundamentos

econômicos da sociedade

O processo de produção
No processo de produção conseguimos realizar bens e serviços para
atender nossas necessidades. Bens podem ser gêneros alimentícios, be-
bidas, calçados, material de limpeza etc. Serviço pode ser uma corrida
de taxi, aula de direito, consulta médica etc. Bens são todos os artigos
palpáveis, concretas, e que são produzidos para satisfazer as necessi-
dades humanas. Serviços, por sua vez, são as atividades produzidas
para satisfazerem as necessidades humanas.

Os serviços têm quatro características: a) Inseparabilidade: um serviço


não pode ser separado do provedor do mesmo. A produção e o consumo
dos serviços se dão no mesmo tempo; b) Intangibilidade: um serviço não
tem nenhuma substancia física. Não se pode tocar, tanger; c) Perecibili-
dade: um serviço não pode ser feito com antecedência e ser armazena-
do. A produção do serviço e o seu consumo se dão no mesmo tempo; d)
Variabilidade: um serviço pode variar em padrão ou qualidade de um
fornecedor para outro ou de uma ocasião para outra. Em sociedade as
pessoas participam diretamente da produção, distribuição e consumo
de bens e serviços.

1. Processo de Produção

Trabalho
O trabalho é definido por Karl Marx como a atividade sobre a qual o ser
humano emprega sua força para produzir os meios para o seu sustento.
Ao olharmos para períodos históricos anteriores ao nosso – o período
medieval, por exemplo –, vemos que o trabalho rural era a principal
forma de labor do período.

A produção de alimentos ou de outros bens de consumo estava relacio-


nada com a necessidade daqueles que o produziam. Isso quer dizer que
o homem agrário não produzia em função de lucro ou de moeda corren-
te, mas para consumo próprio. O comércio reduzia-se a formas rudi-
mentares de troca de produtos produzidos por outros trabalhadores,
assim, o trabalhador mantinha contato direto com o que produzia. Tra-
tava-se de uma relação próxima entre produto, produção e consumo.

A relação entre trabalho e subsistência, ou sobrevivência, era íntima e


direta. Foi por essa razão que Marx definiu a força de trabalho como
o bem “inalienável” do ser humano. A partir dessa perspectiva, o traba-
lho seria o bem mais importante do homem e aliená-lo, isto é, transferir
o direito de proveito dos frutos desse trabalho para outra pessoa, seria o
mesmo que alienar o direito à própria vida.
Com a Revolução industrial houve uma grande mudança nas relações
sociais e nas relações de trabalho do indivíduo, que até então vivia liga-
do diretamente a terra. O surgimento das cidades e o eventual êxodo
rural deslocaram o indivíduo que dependia da terra para a sua sobrevi-
vência para os centros urbanos. Segundo Marx, como esse novo homem
urbano perdeu seu acesso a terra, surgiu uma classe de trabalhadores
que deveria vender sua força de trabalho.

Para Marx, existe uma diferença histórica entre as relações de produção


capitalistas e as relações de produção pré-capitalistas. A forma de pro-
dução capitalista caracteriza-se pela impessoalidade do trabalhador
com o que produz, isto é, ele não possui nenhum envolvimento pessoal
com o que está produzindo, pois não encabeça todo o processo de pro-
dução. Portanto, na relação de produção capitalista há uma descaracte-
rização do produto (mercadoria) como fruto do trabalho humano, por-
que não se conhece quem produziu, apenas o que foi produzido. Nas
relações de produção pré-capitalistas, o produto do trabalho estava in-
timamente associado ao trabalhador, que era o mentor de toda a cadeia
produtiva.

Essa diferença, segundo Marx, é a que rege as relações de trabalho den-


tro de uma sociedade capitalista, na qual o trabalhador que não dispõe
dos meios de produção para produzir o que necessita para sobreviver
passa a vender a única “mercadoria” que tem: sua força de trabalho.
Essa nova forma de se relacionar com o trabalho transforma as relações
sociais em todos os aspectos. O indivíduo, antes intimamente ligado ao
seu labor, agora se vê desconectado do que produz, nunca colhendo os
frutos de seu trabalho. Esse trabalho, por sua vez, agora é comprado
por um salário, que, na maior parte das vezes, é suficiente apenas para
que se mantenha vivo.

Matéria-prima
Matéria-prima é todo material que, no processo de produção, é trans-
formado para constituir o bem final. No exemplo da costureira, as maté-
rias-primas são o tecido, a linha, os botões, os colchetes. Todos estes
elementos passam a constituir a roupa, de uma maneira ou de outra; se
faltar uma destas matérias-primas, a costureira não poderá produzir o
vestido. Antes de serem matérias-primas, esses elementos encontra-
vam-se na natureza sob a forma de recursos naturais.

Instrumentos de produção
Todos os objetos que direta ou indiretamente permitem transformar a
matéria-prima num bem final. a) Instrumentos de produção diretos. Os
instrumentos de produção diretos permitem transformar diretamente a
matéria-prima; são as ferramentas de trabalho, os equipamentos e as
máquinas. No exemplo da costureira, esses instrumentos são a tesoura,
a agulha e a máquina de costura. b) Instrumentos de produção indire-
tos. Os instrumentos de produção que atuam de forma indireta - mas
não menos necessária -, ainda no exemplo da costureira, são o local de
trabalho, a iluminação etc.

Meios de produção
Sem matéria-prima e sem instrumentos de produção não se pode pro-
duzir nada. A junção entre matéria prima e os instrumentos de produ-
ção são chamadas por Max de meios de produção. Não há como realizar
qualquer tipo de trabalho sem os meios de produção. Portanto, são mei-
os de produção todos os objetos materiais que intervêm no processo pro-
dutivo. Veja o exemplo de uma indústria de móveis: nela utiliza-se o es-
forço físico e intelectual dos trabalhadores (trabalho) e madeira (maté-
ria-prima), máquinas e equipamentos (instrumentos de produção). Es-
tes dois últimos elementos constituem os meios de produção.

Meios de produção = matéria prima + instrumentos de produção

Forças Produtivas
Ao conjunto dos meios de produção mais o trabalho humano damos o
nome de forças produtivas. As forças produtivas alteram-se ao longo da
História. Até meados do século XVIII, a produção era feita com o uso de
instrumentos simples, acionados por uma força humana, por tração
animal e pela energia proveniente da água ou do vento. Com a Revolu-
ção Industrial, foram inventadas as máquinas e passou-se a usar o va-
por e a eletricidade como fontes de energia. Alteraram-se, portanto, os
meios de produção. Ou seja, houve uma profunda mudança nas forças
produtivas. No moderno processo de produção, a Ciência e a tecnologia
tornaram-se forças produtivas, deixando de ser mero suporte do capital
para se converterem em agentes de sua acumulação.

Forças produtivas = meios de produção + trabalho humano

Relações de produção
Para produzir os bens e serviços os indivíduos estabelecem relações uns
com os outros. No processo produtivo, os indivíduos estão ligados entre
si e dependem uns dos outros. O trabalho é um ato social, no sentido
de que é realizado na sociedade. As relações que se estabelecem entre
os indivíduos na produção, na distribuição e no consumo dos bens e
serviços são chamadas de relações de produção. Essas relações existem
em todos os modos de produção e se dão entre os proprietários dos
meios de produção, de um lado, e os trabalhadores, de outro.

No Brasil colonial, por exemplo, o trabalho era praticamente todo reali-


zado por escravos. Os senhores eram donos dos meios de produção e
também dos escravos. As relações de produção predominantes eram,
portanto, relações escravistas, caracterizando o modo de produção es-
cravista. Hoje, praticamente todo o trabalho é realizado por trabalhado-
res assalariados. Os meios de produção, por sua vez, são propriedade
de empresas particulares. Essas relações de produção caracterizam o
modo de produção capitalista.
Portanto, o elemento que determina a organização e o funcionamento da
sociedade e que caracteriza cada um dos diferentes tipos de sociedade
são as relações de produção. São essas relações que nos permitem dis-
tinguir um tipo de sociedade de outro. Portanto, as relações de produ-
ção são definidas pelos modos de produção.

Modos de produção
Os modos de produção são as maneiras pelas quais a sociedade produz
seus bens e serviços, como os utiliza e os distribui. Assim, numa de-
terminada época histórica, uma sociedade tem uma certa maneira de se
organizar para produzir e para distribuir sua produção, noutra época
tem outros modos de produção. O modo de produção de uma sociedade
é formada por suas forças produtivas + relações de produção existentes
nessa sociedade.

Modo de produção = forças produtivas + relações de produção

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