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GRUPO INTERDISCIPLINAR MARXISTA – GIM


UNILAB/CE
ESTUDOS SOBRE FUNDAMENTOS DE ECONOMIA POLÍTICA
FONTE: P.NIKITIN. Fundamentos de Economia Política. Tradução de A. Veiga
Fialho. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A., 1967.

O que é a base da vida da sociedade humana?


A produção de riqueza material.
O que determina o desenvolvimento da sociedade? Para viver, os homens
precisam de comida e roupa, casa e outros meios materiais de vida, e para tê-los devem
produzi-los, devem trabalhar. Toda sociedade desmorona quando deixa de produzir
material. Por conseguinte, a produção de riqueza material é a base da vida e do
desenvolvimento de qualquer sociedade.
O que se entende por produção de riqueza material? O processo de produção de
riqueza material abrange o trabalho humano, os meios de trabalho e os objetos do
trabalho.
O que é trabalho? O trabalho é uma atividade útil do ser humano dirigida para a
produção de riqueza material. No processo de trabalho, o homem atua sobre a natureza a
fim de adaptá-la a suas necessidades.
O que são meios de trabalho? Meios de trabalho é o termo empregado para
denotar todas as coisas com o auxílio das quais o homem atua sobre os objetos do
trabalho e os transforma. O processo de produção de riqueza material é inconcebível
sem os meios de trabalho. Os meios de trabalho abarcam maquinaria e equipamentos,
ferramentas e utensílios, edifícios utilizados para fins de produção, meios de transporte,
canais, linhas de transmissão de energia elétrica, etc. A terra também é um meio
universal de trabalho. Os instrumentos de produção desempenham papel decisivo entre
os meios de trabalho.
O poder do homem para influir na natureza depende dos instrumentos que usa. O
homem da sociedade primitiva usava pedras e varas como instrumentos de produção.
Por isso estava quase inteiramente indefeso diante da natureza. O homem moderno
opera com o auxílio de máquinas possantes e seus poderes sobre a natureza aumentaram
incomensuravelmente. Karl Marx salienta que as épocas econômicas se distinguem
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umas das outras não pelo que produzem, mas pelos instrumentos que são usados para
produzir riqueza material.
O que são objetos de trabalho? Tudo aquilo sobre o que se exerce o trabalho do
homem. Com seus instrumentos de produção, o homem atua sobre os objetos do
trabalho. E desde que esse trabalho se exerce sobre a natureza que circunda o homem, a
própria natureza (a Terra e suas entranhas) é um objeto universal do trabalho. Todos os
objetos primários do trabalho estão disponíveis na natureza. Compete ao homem adaptá-
los às suas necessidades.
O que são os meios de produção? Os meios de trabalho e os objetos do trabalho
formam, conjuntamente, os meios de produção. Os meios de produção são os meios de
trabalho mais os objetos do trabalho. O equipamento técnico da mais alta qualidade é
imprestável quando falta quem o empregue. O fator decisivo de toda produção de
riqueza material, portanto, é o próprio homem, sua força de trabalho.
O que são forças produtivas? As forças produtivas abrangem os meios de
produção criados pela sociedade, antes de tudo os instrumentos de trabalho, e também
os indivíduos que produzem a riqueza material. São as pessoas, em razão de seus
conhecimentos, de sua experiência e de suas habilidades no trabalho que põem em
movimento os instrumentos de produção, que os aperfeiçoam, inventam máquinas e
ampliam os próprios conhecimentos. Desse modo, assegura-se o desenvolvimento das
forças produtivas e obtém-se um volume cada vez maior de riqueza material.
O avanço das forças produtivas depende, diretamente, do desenvolvimento da
ciência e da tecnologia. Por sinal, a ciência e a tecnologia não param de desenvolver-se.
As forças produtivas são os meios de produção mais as pessoas com experiência de
produção e habilidades de trabalho.
Mas os homens produzem riqueza material, não trabalhando isolados, mas juntos
em grupos, socialmente. Tomemos para exemplificar uma moderna fábrica de calçados.
Quantas pessoas encontramos trabalhando e fabricando apenas uma mercadoria:
sapatos? Centenas, até mesmo milhares, ou mais trabalhadores que trabalham para a
fábrica a fim de aprovisioná-la de máquinas, couro, linha, agulhas, cola, pregos, tinta,
etc. O sítio do pequeno agricultor também não produz, suponhamos, cereais, isolado do
mundo exterior. O agricultor necessita de arado, que é manufaturado por artífice ou
numa fábrica; também precisa de sal, fósforos, sabão, etc., que são, por sua vez,
fabricados por outras pessoas. Consequentemente, no processo de produção de riqueza
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material, os homens se vinculam, dependem uns dos outros e entram em relações


definidas uns com os outros.
Relações de produção (ou relações econômicas)?
As relações entre os homens no processo de produção, distribuição e
intercâmbio de riqueza material, Marx intitulou de relações de produção ou econômicas.
As relações de produção (ou relações econômicas) são: as formas de propriedade dos
meios de produção mais o lugar das classes e dos grupos sociais e suas relações mais as
formas de distribuição da riqueza material.
As formas de propriedade dos meios de produção podem ser de dois tipos: 1ª
propriedade coletiva (ou propriedade social) dos meios de produção, e, 2ª propriedade
privada dos meios de produção.
Qual é a causa da exploração do homem pelo homem? De acordo com Engels, a
causa da exploração do homem pelo homem é a propriedade privada dos meios de
produção.
As relações de produção podem assumir a forma de cooperação e assistência
mútua entre os indivíduos libertos da exploração, ou de exploração do homem pelo
homem. Isso depende de quem possui os meios de produção: a terra e seus recursos
minerais, as florestas, fábricas e oficinas, os instrumentos de trabalho e assim por
diante. Quando os meios de produção constituem propriedade privada, pertencendo, não
ao conjunto de sociedade, mas a indivíduos isolados, grupos ou classes sociais,
estabelecem-se as relações de exploração do homem pelo homem, de dominação e
subordinação. É pelo fato de estarem, no capitalismo, privados dos meios de produção
que os trabalhadores são obrigados a trabalhar para os capitalistas. No Socialismo os
meios de produção constituem propriedade social (propriedade coletiva). Por
conseguinte, não há exploração do homem pelo homem e as relações entre os homens
são as de cooperação fraternal e da assistência socialista.
Obs: o proprietário dos meios de produção também é o dono do produto do
trabalho.
A relação entre os homens e os meios de produção determina o lugar que os
homens ocupam na produção e os métodos pelos quais se distribuem os produtos do
trabalho. Por exemplo, no capitalismo, a burguesia que é a proprietária dos meios de
produção, tem à sua disposição tudo quanto é produzido pelos trabalhadores, enquanto a
maioria destes vive na miséria. No socialismo, a propriedade dos meios de produção é
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social (é coletiva), isto é, os meios de produção pertencem ao povo (são propriedade da


sociedade). Os bens de consumo se distribuem de acordo com o trabalho despendido
pelos homens, garantindo aos trabalhadores uma ininterrupta elevação do padrão
material e cultural de vida. Isso é o que se entende por relações de produção socialistas
(ou relações econômicas).
A história humana registra cinco tipos básicos de relações de produção:
sociedade primitiva, escravismo, feudalismo, capitalismo e socialismo, que é a primeira
fase do comunismo. A característica latente de cada um deles é uma forma definida de
propriedade dos instrumentos e meios de produção. Assim, a base das relações de
produção na escravidão, no feudalismo e no capitalismo é a propriedade privada dos
meios de produção. Essa propriedade causou e continua ocasionando uma divisão da
sociedade em classes hostis: os exploradores e os explorados. Portanto, a violenta luta
de classes é o aspecto básico da escravidão, do feudalismo e do capitalismo. É só no
socialismo, em que a propriedade comum (social), socialista, dos meios de produção,
forma a base das relações de produção e não há luta de classes, que a sociedade se
compõe de classes amigas: os operários e camponeses e os intelectuais como estrato
social.
O que é o modo de produção? Juntas as forças produtivas e as relações de
produção formam o modo de produção. O modo de produção é a soma das forças
produtivas mais as relações de produção. Muito embora o modo de produção constitua a
união das forças produtivas e das relações de produção, estas representam dois aspectos
inconfundíveis daquele. Esses dois lados atuam um sobre o outro e se influenciam
reciprocamente. Tanto as forças produtivas quanto as relações de produção manifestam-
se no processo da melhoria de produção.
As forças produtivas são os elementos mais variáveis do modo de produção;
mudam continuamente, uma vez que as pessoas não param de aperfeiçoar os
instrumentos de trabalho e acumular experiências de produção. Quanto às relações de
produção, estas mudam de acordo com o nível de desenvolvimento das forças
produtivas e por seu turno influenciam esse desenvolvimento.
Um nível definido das forças produtivas exige as correspondentes relações de
produção. Esta é a lei econômica formulada por Marx, segundo a qual as relações de
produção correspondem ao caráter das forças produtivas. Tal lei revela a base
econômica da revolução social.
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Base da sociedade. O que é base da sociedade? É o total das relações de


produção vigentes numa dada sociedade. A base da sociedade é antagônica ou não
antagônica. As sociedades escravistas, feudais e capitalistas são fundamentalmente
antagônicas por natureza, pois se baseiam na propriedade privada dos meios de
produção, nas relações de prepotência e subordinação, na exploração do homem pelo
homem. A sociedade socialista é não antagônica, uma vez que se baseia na propriedade
social (coletiva) dos meios de produção, na ausência de exploração.
O que é superestrutura? O termo superestrutura denota as concepções políticas,
filosóficas, jurídicas, artísticas, religiosas e outras da sociedade e as instituições a elas
correspondentes. A base engendra uma superestrutura correspondente e lhe determina o
desenvolvimento.
Quando a base se modifica, sua superestrutura também se modifica. Assim, a
modificação da base feudal e sua suplantação pela base capitalista conduziram à
suplantação da superestrutura feudal pela capitalista.
Formação sócio-econômica. O que é formação sócio-econômica? O modo de
produção de riqueza material, sendo uma união das forças produtivas e das relações de
produção, constitui em conjunto com a superestrutura correspondente, a formação
sócio-econômica.
Propriedade objetiva é aquela que existe fora da nossa consciência e
independentemente dela. As leis da natureza são objetivas. O modo comunal-primitivo
de produção. Forças produtivas: os primeiros instrumentos do homem formam pedras
lascadas e varas. Muito tempo depois, mediante lenta acumulação de experiência, os
homens aprenderam a fabricar as ferramentas mais simples, para bater, cortar e cavar.
A descoberta do fogo foi de grande importância para o homem primitivo na luta
com a natureza. O fogo permitiu que introduzissem a variedade em seu regime
alimentar. A invenção do arco e da flecha foi um novo marco no caminho do
aprimoramento dos instrumentos de trabalho, do progresso das forças produtivas da
sociedade primitiva. Assim, começaram os homens a caçar os animais selvagens, cuja
carne constituiu um acréscimo à sua alimentação anterior. A expansão da caça redundou
na pecuária primitiva. Os caçadores passaram a domesticar os animais.
O início da agricultura representou um avanço gigantesco na evolução das forças
produtivas. Durante muito tempo manteve-se um primitivismo extremo. O emprego do
gado com finalidades de tração tornou o trabalho agrícola mais produtivo e o amanho do
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solo adquiriu base estável. Os homens primitivos começaram a adotar um modo


sedentário de vida.
Relações de Produção: na sociedade primitiva as relações de produção eram
determinadas pelo estado das forças produtivas. A base das relações de produção era a
propriedade comunal dos primitivos instrumentos de trabalho e dos meios de produção.
A propriedade coletiva correspondia ao nível do desenvolvimento das forças produtivas.
Os instrumentos de trabalho eram tão rústicos e o homem primitivo tornava-se incapaz
de lutar sozinho contra as forças da natureza e os animais bravios. As pessoas eram
obrigadas a viver juntas em comunas e dirigir conjuntamente sua economia (caça, pesca
e preparação de alimentos).
Em conjunto com a propriedade comunal (coletiva) dos meios de produção havia
a propriedade pessoal. Esta tomou a forma dos instrumentos de trabalho possuídos pelos
indivíduos componentes da comuna, que os usavam para se defender das feras.
Na sociedade primitiva a produtividade do trabalho era muito baixa e não rendia
mais do que o indispensável para atender às necessidades imediatas da vida. O trabalho
fundava-se na simples cooperação, com várias pessoas realizando tarefa idêntica. Não
havia exploração do homem pelo homem e a parca provisão de alimentos era distribuída
por igual entre os membros da comuna.
Enquanto o homem estava ainda emergindo do mundo animal, as pessoas viviam
em manadas. Posteriormente, com o início da economia conjunta, foi surgindo pouco a
pouco à organização da sociedade em clãs, nesta só os parentes podiam unir-se para o
trabalho comum. A princípio o clã era um grupo formado de algumas dezenas de
parentes, mas com a passagem do tempo alcançou várias centenas. À medida que se
desenvolviam os instrumentos de trabalho, apareceu no interior do clã uma divisão
natural do trabalho: entre homens e mulheres, entre adultos, crianças e velhos. Os
homens passaram a ocupar-se principalmente com a caça, enquanto as mulheres
colhiam alimentos vegetais e isso redundou em certo incremento da produtividade do
trabalho.
Na primeira etapa da sociedade de clãs o papel dominante pertenceu à mulher.
Ela colhia alimentos vegetais e cuidava da casa. O clã era maternal ou matriarcal.
Subsequentemente, quando a pecuária e o cultivo do solo se tornaram o trabalho dos
homens, o matriarcado foi substituído pelo patriarcado e a função no clã transferiu-se
para o elemento masculino
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Primeira grande divisão social do trabalho.


Com o avanço da pecuária e da agricultura registrou-se uma divisão social do
trabalho, graças à qual uma parte da sociedade passou a concentrar-se na agricultura e a
outra na criação do gado. A separação entre zootecnia e agricultura foi a primeira
grande divisão social do trabalho observada na História.
O escambo (a troca) surgiu na comuna primitiva. Mercadoria é tudo que se
produz para troca ou venda. A mercadoria surgiu já na comuna primitiva. Isto (a divisão
social entre pecuária e agricultura) conduziu à elevação da produtividade. Ocorre um
aumento da produtividade quando se produz mais no mesmo tempo.
As comunas primitivas verificaram então que tinha excesso de alguns produtos
(do trabalho) e carência de outros. As tribos (comunas) pastoris e as devotadas ao
amanho do solo começaram a permutar (troca) produtos. À medida que o tempo
passava, os homens iam aprendendo a fundir metais-cobre e estanho (a extração do ferro
veio depois)- e a empregar o bronze na fabricação de instrumentos de trabalho, armas e
utensílios. A invenção do tear manual significou a produção de tecidos e roupas. Em
consequência disso, alguns membros da comuna (tribo) passaram a concentrar-se
inteiramente em seu ofício específico, e cada vez mais artigos feitos por eles eram
trocados por outros.
Com a expansão das forças produtivas, a produtividade do trabalho do homem e
seu poder sobre a natureza aumentaram consideravelmente. Pôde, então, o homem
satisfazer mais plenamente suas exigências. Mas as novas forças produtivas da
sociedade já não podiam desenvolver-se com desembaraço dentro da exígua moldura
das relações de produção existentes. A natureza restrita da propriedade comunal
(coletiva) e a distribuição equitativa (igualitária) dos produtos de trabalho passaram a
retardar o progresso das forças produtivas.
O trabalho comum (coletivo) deixou de ser essencial e surgiu a necessidade do
trabalho individual. Ao passo que o trabalho conjunto (coletivo) exigia a propriedade
coletiva dos meios de produção, o trabalho individual reclamava a propriedade privada.
Emergiu a propriedade privada dos meios de produção, e com ela a desigualdade de
propriedade entre os homens. É bom lembrar que o proprietário dos meios de produção
também é o dono do produto do trabalho. A desigualdade aconteceu não só entre os clãs
como também dentro do clã. Havia agora ricos e pobres.
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Com a expansão ulterior das forças produtivas, o homem começou a produzir


mais do que era necessário para sua subsistência. Nessas condições tornou-se possível
usar mais trabalhadores. A guerra era o meio de os obter: os prisioneiros tornavam-se
escravos. A princípio a escravidão manteve-se dentro de limites patriarcais
(domésticos), mas depois se converteu na base de um novo sistema social. O trabalho
escravo levou a nova desigualdade: as famílias que utilizavam escravos enriqueciam
depressa. Em proporção com a crescente desigualdade de propriedade, os ricos
passaram a escravizar não só os companheiros de tribo que empobreciam ou se
endividavam. Seguiu-se então a primeira divisão da sociedade em classes, a divisão em
senhores e escravos. Esse foi o início da exploração do homem pelo homem. Desse
período em diante, até a construção do socialismo, toda a história da humanidade foi a
história da luta de classe.
O Estado é uma máquina de repressão a serviço da classe dominante. No
capitalismo, a burguesia (a classe dominante) controla o estado. Com o surgimento do
escravismo: a desigualdade crescente entre as pessoas conduziu à fundação do Estado
como órgão adequado à repressão da classe explorada pelos exploradores. Assim, a
escravidão brotou nas ruínas do modo comunal-primitivo de produção. O estado surgiu
com a exploração do homem pelo homem. No escravismo os senhores donos de
escravos controlavam o estado.

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