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Anais do XI Fórum da Pós-Graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

SABERES INDÍGENAS E CONHECIMENTO CIENTÍFICO: RELAÇÕES DE


CONFLITOS E COOPERAÇÃO NA PRATICA CIENTÍFICA DO SÉCULO XIX NO
BRASIL
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Letícia Lemes da Silva & Izabel Missagia de Mattos

1. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais; e-mail: leticialemes.slv@gmail.com; 2.


Departamento de Ciências Sociais, Instituto de Ciências Sociais, UFRRJ, e-mail: belmissagia@gmail.com.

Palavras-chave: ciência, saberes tradicionais, indígenas, iluminismo.

RESUMO
O presente trabalho busca evidenciar, através da análise de memórias científicas encontradas em
periódicos que circulavam no Brasil durante o século XIX, que os saberes tradicionais indígenas
foram imprescindíveis para a construção de uma ciência local. Ciência a qual, buscava conciliar o
desenvolvimento do meio científico a partir das necessidades locais. Aqueles que estavam envolvidos
no empreendimento científico estavam influenciados sob a égide do pensamento iluminista, “que
sobretudo foi um movimento reformador, oriundo do próprio Antigo Regime, que centrou suas
propostas na racionalização do uso da terra, na busca de produtos agrícolas e de origem animal
alternativos, na descrição e quantificação das populações e suas atividades, na listagem,
classificação e utilização dos chamados três reinos da natureza” (KURY 2011: 116). A partir dos
ideais iluministas buscou-se produzir uma ciência sobre o Brasil, esperando-se que essa produção de
conhecimento científico revertesse-se em resultados úteis. A ciência naquele momento era
compreendida como uma ferramenta que deveria ser utilizada para expandir o conhecimento sobre o
território e assim utilizar os recursos existentes de maneira mais eficiente. Em meio a essa
conjuntura, identifica-se a constante presença dos saberes tradicionais indígenas em diversas
memórias científicas, as quais tratam dos mais variados temas, como tratamentos à partir de plantas
medicinais, manejos de culturas agrícolas locais, produção de tinta, dentre outras. Percebe-se que os
saberes tradicionais indígenas possibilitaram um mapeamento da flora e fauna brasileira. Com o
reconhecimento da importância da participação indígena na construção das ciências no Brasil permite
que os povos índios sejam tratados pela ciência com o respeito e a estima que merecem, na
construção de um Brasil moderno (POSEY 1992: 43 apud BESSA). Os povos indígenas a partir de
suas ciências classificaram a flora e a fauna, com aparato lógico equivalente aos métodos científicos
ocidentais, dando-lhes significados (BESSA s/d). Portanto, este trabalho tem como objetivo
demonstrar, em meio a conjuntura apresentada, a complexidade e riqueza dos saberes indígenas e o
quanto a relação estabelecida entre ciência e saberes tradicionais foram vitais para a consolidação do
meio científico no Brasil.

Agência Financiadora: FAPERJ

CD-ROM, 2016. ISSN 1984-0632.

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