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14Os teus profetas disseram coisas tão insensatas, 19Levanta-te de noite e clama a Deus; derrama o teu
inteiramente alheados das questões fundamentais! Nem coração, como se fosse água, perante o Senhor; levanta
sequer tentaram salvar-te da escravidão, denunciando para ele as mãos; intercede pelos teus filhos que
morrem de fome nas ruas.
20Ó Senhor, olha para isto: É o teu próprio povo a 4-6A minha pele está envelhecida e a minha carne
quem estás a fazer isto. Serão as mães obrigadas a mirrada; quebrou-me os ossos todos. Construiu torres
comer os seus próprios filhinhos que elas adormeceram fortificadas contra mim; rodeou-me de angústia e de
nos braços? Estarão os sacerdotes e os profetas tormento. Meteu-me dentro de lugares tenebrosos,
destinados a morrer mesmo no templo do Senhor? semelhante aos que dormem há muito o seu último
sono.
21Olha para eles, estendidos no meio das ruas -
velhos e novos, rapazes e raparigas, mortos pelas armas 7-9Emparedou-me; estou impossibilitado de fugir;
inimigas. Mataste-os, Senhor, no teu furor, mataste-os agrilhoou-me com pesadas cadeias. Ainda que grite e
sem piedade. clame, não ouvirá os meus rogos! Encarcerou-me num
sítio rodeado de muros altos e espessos; encheu-me o
22Mandaste vir deliberadamente a destruição sobre caminho de emboscadas.
eles; no tempo da tua ira, ninguém conseguiu escapar,
ninguém ficou vivo. Todos os meus filhinhos jazem 10-12Espia-me como um urso prestes a atacar, e
mortos pelas ruas por onde passou o inimigo. como um leão pronto a saltar sobre a presa. Fez-me
extraviar no meu caminho; fez-me em pedaços e deixou-
me escorrer sangue, abandonado. Retesou o arco e
Lamentaçôes de Jeremias 3 (O Livro) apontou certeiramente contra mim.
O Livro (OL)
Copyright © 2000 by International Bible Society 13-15As suas setas entraram-me profundamente no
coração. O meu próprio povo ri-se de mim. Cantam o
dia inteiro as suas canções dissolutas. Encheu-me de
amargura; deu-me a beber um copo cheio da mais
Lamentaçôes de Jeremias 3 profunda tristeza.
1-2Sou um homem que viu as aflições que a vara do
Senhor fez derramarem-se. Levou-me até às trevas 16-18Fez-me comer cascalho, de tal forma que até os
profundas; tirou-me toda a luz. dentes se me partiram; fez-me rolar no meio da cinza e
3Voltou-se contra mim. Dia e noite a sua mão pesa da sujidade. Ó Senhor, foram-se definitavamente toda a
sobre mim. prosperidade e toda a tranquilidade por tua própria
iniciativa. Até já me esqueci da alegria que essas coisas compaixão, de acordo com a sua grande misericórdia.
provocam. Só sei dizer isto: A minha força foi-se. Não Porque não é do seu agrado o afligir as pessoas, o fazê-
espero nada de Deus! las tristes.
19-20Oh, lembra-te da amargura e do sofrimento que 34-36Mas vocês calcaram os humildes do mundo, e
lançaste sobre mim! Nunca mais esquecerei estes defraudaram gente dos direitos que tinham, dados por
horríveis anos. A minha alma passará a viver numa Deus, recusando fazer-lhes justiça. Não admira que o
completa vergonha. Senhor tenha querido castigar-te.
21-24Mas há ainda um raio de esperança: é que as 37Porque o Senhor ordenou e tudo se fez; ele
misericórdias do Senhor não têm fim. Aliás foram as mandou e tudo apareceu.
misericórdias do Senhor que impediram que fôssemos
consumidos em absoluto. Grande é a sua fidelidade; a 38-39É só o Senhor que socorre uns e fere outros.
sua compaixão é sempre renovada em cada dia. O Porque haveríamos então nós, meros seres humanos
Senhor é aquilo de que preciso para viver; é a minha como somos, de murmurar e de nos lamentarmos
única riqueza. Por isso espero nele. quando somos castigados por causa dos nossos
pecados?
25-26O Senhor é bom para os que esperam nele,
para os que o buscam. É bom ter esperança e aguardar 40Examinemo-nos a nós próprios antes, e
calmamente a salvação do Senhor. arrependamo-nos; voltemos para o Senhor.
27-30É bom para um jovem estar sob disciplina. 41-42Levantemos os corações e as mãos para o céu,
Porque fá-lo sentar-se solitário, em silêncio, sob o porque pecámos; rebelámo-nos contra o Senhor, e ele
controlo do Senhor, inclinar o rosto para o chão, para o não nos perdoou.
pó da terra. Então, no fim, haverá esperança para ele.
Que aprenda a dar a outra face a quem o fere, que saiba 43-45Cobriste-nos com a tua ira, Senhor, mataste-
enfrentar a afronta. nos sem piedade. Cobriste-nos com uma nuvem, de
forma que as nossas orações não te alcançam. Fizeste
31-33O Senhor não o abandonará para sempre. de nós como entulho e como lixo, no meio das nações.
Ainda que Deus o faça sofrer, mostrar-lhe-á a sua
46-47Todos os nossos inimigos falaram mal de nós.
Estamos cheios de terror porque fomos apanhados, 61-63Ouviste os nomes afrontosos que me
desolados, destruídos. chamaram, tudo o que dizem a meu respeito, e os
planos daquilo que conspiram tramar-me. Vê como se
48-51Os meus olhos derramam lágrimas de dia e de riem de mim e como cantam com júbilo, preparando a
noite, em fios que nunca acabam, por causa da minha queda.
destruição do meu povo. Oh, se o Senhor olhasse desde
o céu e respondesse ao meu rogo! O meu coração 64-66Ó Senhor, dá-lhes uma paga total por todo o
confrange-se perante aquilo que aconteceu às gentes de mal que eles têm feito. Que os seus corações se encham
Jerusalém. de desespero perante a tua maldição, Senhor. Vai atrás
deles, perseguindo-os na tua ira e varre-os da terra, de
52-54Os meus inimigos, a quem nunca fiz mal sob os céus do Senhor!
nenhum, enxotaram-me como se eu fosse uma ave de
rapina. Lançaram-me num poço e puseram em cima Lamentaçôes de Jeremias 4 (O Livro)
uma pedra pesada. A água subiu-me até acima da O Livro (OL)
cabeça. Eu já pensava: É o fim! Copyright © 2000 by International Bible Society
5Aqueles que costumavam comer faustosamente 12Não havia um rei sequer - nem ninguém em todo o
andam agora pelos cantos das ruas estendendo as mãos mundo - que acreditasse que o inimigo poderia entrar
a pedir esmola. Os que sempre viveram em palácios pelas portas de Jerusalém!
estão agora no meio da sujidade, coçando-se e
mendigando. 13E Deus permitiu que isso acontecesse por causa
dos pecados dos profetas e dos sacerdotes que sujaram
6Porque o castigo do meu povo é maior do que o de a cidade, fazendo derramar-se sangue inocente.
Sodoma, a qual foi subvertida totalmente, em poucos
momentos, por uma catástrofe, e sem que interviesse a 14E agora esses mesmos homens andam
mão do homem. cambaleando, cegos, através da ruas, cobertos de
sangue, tornando impuro tudo o que tocam.
7Os nossos nobres eram belos e elegantes, homens
finos. 15Afastam-se, grita-lhes o povo. Vocês são impuros!
E eles fogem para terras distantes e vagueiam por entre
8Mas agora estão com os rostos estragados e sujos, estrangeiros; mas ninguém lhes dá autorização de
como de fuligem. Até ninguém os reconhece. Estão na permanência.
pele e ossos, secos e mirrados.
16Deus mesmo se confrontou com eles; por isso não
9Os que perdem a vida na guerra são considerados os socorrerá mais, visto que perseguiram os sacerdotes
como muito mais ditosos do que os que morrem de e os anciãos que queriam manter-se fiéis ao Senhor.
fome.
17Bem pedimos ajuda aos nossos aliados para que
10Mulheres piedosas e sensíveis chegaram ao ponto venham salvar-nos, mas pedimos em vão. As nações
de cozer e comer os próprios filhos, para conseguirem com quem mais contávamos não mexem um dedo a
assim sobreviver ao cerco da cidade. nosso favor.
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18Não podemos sair às ruas sem risco de perder a
vida. O nosso fim está perto - os nossos dias estão
contados. Estamos condenados.
Lamentaçôes de Jeremias 5
19Os nossos inimigos são mais rápidos do que 1Ó Senhor, lembra-te de tudo o que nos sobreveio; vê
águias; se fugimos para as montanhas, apanham-nos quantas tristezas temos de aguentar!
lá; se nos escondemos no deserto, já lá estão à nossa 2Os nossos lares, a nossa nação estão cheios de
espera. estrangeiros.
20O nosso rei - que nos é tão precioso como o ar que 3Somos órfãos - morreram-nos os pais; as nossas
respiramos, o ungido do Senhor - caiu nas armadilhas. mães são viúvas.
E nós pensávamos que, sob a sua protecção, podíamos
resistir contra uma nação qualquer da Terra! 4Temos de pagar até pela água que bebemos; a nossa
lenha é-nos vendida a preços astronómicos.
21Ficaste feliz, ó povo de Edom, da terra de Uz! No
entanto também tu sentirás o peso da terrível ira do 5Temos de dobrar os pescoços sob os pés dos que
Senhor. nos venceram; o nosso quinhão agora é executar
trabalhos intermináveis.
22O exílio de Israel por causa dos seus pecados
terminará por fim, mas o de Edom não acabará nunca 6Vemo-nos na contingência de ter de pedir pão, e
mais. estender as mãos aos egípcios e também aos assírios.
12Os nossos nobres foram pendurados pelas mãos. 20Porque é que haverias tu de nos esquecer para
Até os velhos foram desrespeitados, sem consideração sempre? Será que nos vais desamparar por um tempo
pelos cabelos brancos. sem fim?
13Levaram os moços para os obrigarem a moer o 21Converte-nos Senhor; faz-nos voltar de novo para
trigo, e as criancinhas para as carregarem com fardos ti! É essa a nossa esperança. Faz-nos viver de novo os
pesados, sob os quais cambaleavam sem forças! bons dias antigos!
14Os anciãos já não se sentam mais à entrada da 22Ou será que nos rejeitaste efectivamente para
cidade, junto aos portais, e a juventude já não canta sempre? Será que a tua cólera contra nós não vai ter
nem dança mais. um termo?