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AS SENSAÇÕES DE DOR NOS PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS REALIZADOS

PELOS TECNÓLOGOS EM COSMETOLOGIA E ESTÉTICA

MAYARA CORADI1 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da


Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.

PAULA DORS MENEGAZZI2 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da


Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.

GILDETE APARECIDA VALDAMERI3 – Orientadora, Professora, Mestre do Curso


de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário
Camboriú, Santa Catarina.

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maycoradi@hotmail.com
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paulinhadors@hotmail.com
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gildete@univali.br

RESUMO

A pele é o maior órgão do corpo humano onde estão contidos todos os receptores
sensoriais, que se localizam nos órgãos dos sentidos e são terminais nervosos com
a capacidade de receber determinados estímulos e transformá-los em impulsos
nervosos. São divididos em mecanorreceptores, termorreceptores e nocirreceptores.
Os nocirreceptores são os responsáveis pelas sensações de dor e prurido. A dor é
uma experiência individual, com características únicas de cada organismo,
associada ao seu passado e como ela é percebida. Através da metodologia da
pesquisa qualitativa utilizando-se como instrumento a revisão bibliográfica, esse
estudo teve como objetivo compreender as sensações de dor e suas variações nos
procedimentos estéticos efetuados pelo Tecnólogo em Cosmetologia e Estética.
Vários são esses procedimentos entre eles a extração de comedões e pústulas e a
depilação com cera e fio, além dos tratamentos para estrias, entre outros corporais.

Palavras chaves: Dor. Procedimentos estéticos. Receptores sensoriais.

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1 INTRODUÇÃO

A pele é o maior órgão do corpo humano onde estão contidos todos os


receptores sensoriais. Ela recebe, a todo instante, diversos tipos de estímulos que
são enviados ao encéfalo. Há uma grande área do córtex cerebral responsável pela
coordenação das funções sensoriais da pele. Muitos dos receptores sensoriais da
pele são terminações nervosas livres. Os receptores são classificados em:
mecanorreceptores, termorreceptores e nocirreceptores. Alguns deles detectam dor,
outros frio e outros calor. O sistema nervoso é o responsável pela maior parte das
funções de controle do corpo sendo o único na imensa complexidade das ações de
controle que executa. Recebe milhões de informações, de diferentes órgãos
sensoriais, e os integra para determinar qual a resposta que deve ser produzida pelo
corpo (GUYTON, 1993).
“A dor é uma experiência individual, com características próprias associadas às
características únicas de cada organismo, sua história passada, e ao contexto que
ela é percebida” (CARVALHO, 1999).
Alguns procedimentos estéticos faciais, corporais e nos anexos cutâneos
causam sensações de dor em níveis diferentes de indivíduo para indivíduo, sendo
que para alguns podem ser tão significante que o procedimento torna-se traumático.
Desta forma, o presente estudo tem como objetivo contribuir com o Tecnólogo
em Cosmetologia e Estética na compreensão das sensações de dor e suas
variações e pontuar os procedimentos estéticos que podem causar dor.

2 METODOLOGIA

Este estudo teve como base uma revisão bibliográfica, com pesquisa de
caráter qualitativo do tipo exploratória, que para Liberali (2008) é utilizado quando
existe pouco conhecimento sobre o assunto, para torná-lo mais claro, construir
hipóteses ou questões importantes à condução da pesquisa.
Liberali (2008) ressalta ainda que esse tipo de pesquisa têm como objetivo o
aprimoramento de idéias e serve basicamente para aprofundar os conhecimentos
acerca do universo pesquisado.

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Para o referencial teórico deste artigo foi realizada uma pesquisa com livros
que tratam de fisioterapia dermato-funcional, neurociência básica, tratamento de
fisiologia médica, dermatologia e estética e periódico contendo informações
relacionadas ao tema.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 O SISTEMA NERVOSO CENTRAL

O Sistema Nervoso Central tem como principal função controlar as diferentes


atividades do corpo. Contém mais de 100 bilhões de neurônios, que são encontrados
no córtex motor cerebral. Uma das mais importantes funções é processar
informações aferentes de maneira que sejam efetuadas respostas mentais e motoras
apropriadas. Esses sinais chegam aos neurônios através de sinapses e muitas
atividades do sistema nervoso se iniciam pelas experiências sensoriais que excitam
os receptores sensoriais. Os receptores sensoriais localizam-se nos órgãos dos
sentidos e são terminais nervosos com a capacidade de receber um determinado
estímulo e transformá-lo em impulso nervoso. Esses receptores são classificados de
acordo com a natureza do estímulo para os quais são sensíveis. Podem ser os
receptores visuais nos olhos, os receptores auditivos no ouvido, os receptores táteis
na superfície do corpo (GUYTON, 1993).
Essas experiências sensoriais podem provocar uma reação imediata ou sua
informação ficar armazenada no cérebro, sobre a forma de memória. Uma vez que
a informação tenha sido armazenada no sistema nervoso sob a forma de memória,
tornam-se parte do mecanismo de processamento do cérebro para uso futuro sob a
forma de pensamento. Isto é, o processo cognitivo cerebral compara a nova
experiência sensorial com as memórias armazenadas, desta forma, ajudam a
selecionar uma nova informação sensorial importante e admiti-la para áreas
apropriadas de armazenamento de informações para uso futuro ou para áreas
motoras com o intuito de provocar respostas efetoras imediatas (GUYTON & HALL,
2006).

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3.2 A Inervação da Pele

O sistema nervoso humano herdou capacidades funcionais especiais de


cada um dos estágios evolutivos humanos. Desta forma a pele é um órgão inervado
tanto por nervos motores autônomos quanto por sensoriais somáticos (KEDE, 2004).
O sistema nervoso autônomo da pele, de acordo com Kede (2004) é
constituído exclusivamente por fibras simpáticas que são responsáveis pela pilo
ereção, pela constrição vascular cutânea e pela secreção de suor. O sistema
somático media as sensações de dor, prurido, tato suave e tato discriminatório,
pressão, vibração, propriocepção bem como a sensações térmicas. Para atender
essas especificações os nervos simpáticos da pele possuem receptores
especializados que funcionalmente são divididos em: 1) Mecanorreceptores, que
respondem ao deslocamento causado pelo tato, pressão ou estiramento; 2)
termorreceptores que respondem a mudança de temperatura; 3) nocirreceptores,
que respondem a estímulos lesivos capazes de causar dor ou prurido.
Kede (2004) também define que morfologicamente, os receptores podem
constituir estruturas encapsuladas, visíveis a microscopia ótica como os corpúsculos
de Paccini (pressão) e de Meissner (tato) ou serem desprovidos de características
específicas. “Nesse grupo estão às terminações nervosas livres da pele,
responsáveis pela sensação térmica, de prurido, de dor, bem como as fibras
acopladas às células de Merkel”.
“O sistema nociceptivo é a detecção de um estímulo agressivo por terminais
sensoriais e a transmissão de informações sobre a presença e qualidade desse
estímulo pelas conexões simpáticas das células nervosas transmissoras, do local
estimulado até o cérebro” (CARVALHO, 1999).
Nas palavras de Carvalho (1999) a nocicepção é a atividade específica do
sistema nervoso que viabiliza a percepção de dor que é, por sua vez, uma
experiência psicológica. Sabe-se que a trilha da dor, é um sistema muito mais
complexo e flexível do que inicialmente pensado. É a plasticidade desse sistema que
permite a uma pessoa responder de maneira diferente a um mesmo estímulo
doloroso aplicado em situações distintas.
A percepção da dor inicia-se, segundo Carvalho (1999), com a aplicação de
um estímulo agressivo externo ao organismo. Isso gera impulsos nervosos captados

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e conduzidos por nervos periféricos primários, os nociceptores, que sucessivamente
se conectam pelas sinapses a outras classes de neurônios em uma complexa rede
neural na espinha, e segue até o tálamo e córtex cerebral, onde a percepção da dor
ocorre. Essa cadeia também acontece quando estímulos mecânicos, térmicos ou
químicos ativam os nociceptores profundamente localizados na pele, vasos
sangüíneos, tecidos subcutâneos, músculos, vísceras e outras estruturas do
organismo.
Entretanto, Carvalho (1999) afirma que o complexo mecanismo nociceptivo
não é suficiente para explicar a dor e suas peculiaridades, como a ocorrência de dor
crônica mesmo na ausência da nocicepção. É possível que portadores de doenças
crônicas mesmo na ausência da nocicepção respondam a dor gerada por real lesão
tecidual. Segundo ele, “a dor foi conceituada pela Internacional Association for Stud
of. Pain (IASP) como uma experiência sensorial e emocional desagradável,
associada a um dano real ou potencial dos tecidos ou descrita em termos de tais
lesões” (p. 31).
Os receptores para a dor na pele e em outros tecidos são as terminações
nervosas livres, que estão espalhados na camada superficial da pele, bem como em
certos tecidos internos. A dor pode ser desencadeada por vários tipos de estímulos:
mecânico, térmico e químico. Geralmente a dor rápida é desencadeada por tipos de
estímulos mecânicos e térmicos, enquanto a dor crônica pode ser desencadeada
pelos três tipos de estímulos. Ao contrário da maioria dos outros receptores do
corpo, os receptores para dor se adaptam muito pouco e muitas vezes não se
adapta. Sob certas circunstâncias a excitação das fibras dolorosas torna-se
progressivamente maior na medida em que o estímulo persiste, especialmente para
dor lenta-persistente-nauseante. Pode-se compreender a importância dessa
ausência de adaptação dos receptores para dor, pois isso possibilita que a pessoa
esteja ciente da presença de um estímulo lesivo quando a dor persiste (GUYTON &
HALL, 2006).

3.3 A Dor

Segundo Breen apud Carvalho (1999), a dor é uma experiência


desagradável, sensitiva e emocional, associada com uma lesão real ou potencial dos

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tecidos, podendo ser aguda ou crônica, sendo que, como dor crônica define-se
aquela com duração superior a seis meses, persistente ou intermitente.
A dor é um processo que está diretamente ligado à vida, ela aparece sempre
associada a doenças inflamatórias, acidentes, procedimentos invasivos ou a lesões
teciduais, como também às experiências emocionais desprazerosas. Apesar disso é
fundamental para a sobrevivência da vida humana, pois exerce uma função
primordial de proteção do organismo humano usado pelos seres vivos reconhecerem
um perigo eminente. Para Carvalho (1999, p.14),
“O estudo da dor através dos conceitos sensórios fisiológicos implica a
conclusão que ela é apenas uma percepção cerebral linear do impulso
nervoso advindo do tecido agredido, cuja intensidade é proporcional a
agressão aplicada ao tecido, entretanto, hoje sabemos que a dor é
percebida pelo complexo sistema nociceptivo, no qual o estímulo doloroso
iniciado nos terminais sensoriais pode ser modificado antes da percepção
da dor”.

Atualmente, segundo afirma Guyton & Hall (2006), estudiosos rejeitam a


abordagem tradicional de que a dor está unicamente relacionada ao tecido
danificado ou a doenças inflamatórias, e reconhecem que as características
individuais com as variáveis psicossociais (variáveis situacionais-controles de
situação, variáveis comportamentais - estilo de enfrentamento; variáveis emocionais
– frustração; variáveis orgânicas - sexo, nível cognitivo, cultura, idade, aprendizagem
familiar, história de dor) são também mediadoras da dor.
Essas variáveis de dor podem modificar de pessoa para pessoa conforme a
situação em que está se encontra como, por exemplo: localização - pode ocorrer nos
músculos, juntas, dentes, pele, podendo ser bem localizada ou difusa difícil de ser
localizada, de ser apontada; qualidade: formigamento, queimação, ardor, pontada,
latejamento, pressão; intensidade: forte, fraca, insuportável; freqüência: interrupta ou
episódica ocorrendo em diferentes intervalos de tempo; natureza: orgânica causa
física conhecida ou desconhecida ou psicogênica, sem qualquer causa física
associada ao funcionamento ou momento psicológico da pessoa; etiológica: fratura,
cirurgia, artrite reumatóide, cortes, acidentes químico, pancada; duração: um
episódio doloroso pode permanecer por diferentes períodos de tempo, variando de
alguns segundos a meses (GUYTON & HALL, 2006).
A dor é classificada, ainda de acordo com Guyton & Hall (2006), em dois
tipos principais: dor rápida e dor lenta. A dor rápida é sentida dentro de 0,1 segundo
após a aplicação de um estímulo doloroso, em quanto à dor lenta começa somente

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após um segundo ou mais, aumentando lentamente durante vários segundos e
algumas vezes durante minutos. A dor rápida também é descrita por meio de vários
nomes alternativos, como dor pontual, agulhada, aguda e elétrica. Este tipo de dor é
sentido quando uma agulha é introduzida na pele, quando a pele é cortada por uma
faca, ou quando a pele é agudamente queimada. Ela também é sentida quando a
pele é submetida um choque elétrico. A dor pontual-rápida não é sentida nos tecidos
mais profundos do corpo. A dor lenta também possui vários nomes, como dor em
queimação, persistente, pulsátil, nauseante e crônica. Este tipo de dor geralmente
está associado à destruição tecidual. Ela pode levar a um sofrimento prolongado e
insuportável e pode ocorrer na pele e em quase todos os órgãos ou tecidos
profundos.
Carvalho (1999) cita que a Teoria Psicológica da dor centra a
explicação da dor em fenômenos psicológicos em vez de fisiológicos. A teoria
propõe que, uma vez evoluído o substrato psicológico necessário para a percepção
da dor, ela não precisa mais de uma estimulação externa para ser experiênciada.
A Teoria Cognitivo-Comportamental entende a dor tendo envolvimento de
variáveis afetivas, comportamentais, cognitivas, físico-sensoriais. É uma das teorias
mais aceitas nos últimos anos. A partir dela surgiu maior número de técnicas
interventivas para o controle psicológico da dor, ou seja, como auxiliar no tratamento
médico-farmacológico ou como tratamento único, em casos que os tratamentos
médico-farmacológico são insuficiente, indisponível, desnecessário ou inconveniente
(CARVALHO, 1999).
Essa teoria focaliza o estresse e a disfunção apresentada pelo paciente em
dor, reconhecendo seus aspectos fisiológicos e psicológicos. Na dor, manifesta-se
claramente a relação entre o indivíduo e a sociedade. As formas de sentir e
expressar a dor são regidos por códigos culturais e a própria dor, como fato humano,
constitui-se a partir dos significados conferidos pela coletividade, que sanciona as
formas de manifestação dos sentimentos. Embora singular para quem a sente, a dor
insere-se num universo de referências simbólicas, configurando um fato cultural.
Grande parte dos valores, crenças e atitudes relativos à dor é adquirida na infância
no processo de aculturação, quando os padrões de comportamento característico de
um grupo são aprendidos (CARVALHO, 1999).

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Carvalho (1999) nos fala que a bagagem cultural tem um efeito na tolerância
à dor uma vez que estímulos que produzem dor insuportável para uma pessoa pode
ser perfeitamente tolerável para outra.
O conceito de dor atualmente aceito compreende três componentes: o
sensitivo-disciminático (sensação física), afetivo-motivacional (emocional) e o
cognitivo-avaliático (pensamento). A informação dolorosa é transmitida da periferia
para o sistema nervoso central e, ao atingir as estruturas encefálicas, interagem com
fatores emocionais e culturais que podem interferir e modificar a percepção da
informação inicial. A experiência dolorosa resulta da interpretação do aspecto físico-
químico do estímulo nocivo e da sua interação com fatores emocionais e culturais e
individuais que estejam de alguma forma relacionada à dor, como o humor,
experiências anteriores, crenças, atitudes, conhecimentos e significados simbólicos
atribuídos a queixa dolorosa entre outros. A apreciação da dor é uma experiência
privada e subjetiva que não resulta apenas das características da lesão tecidual
(MELZACK; WALL. apud CARVALHO 1999).
Sendo assim, buscou-se em Sarti (2001) a informação de que a dor
manifesta-se claramente na relação entre o indivíduo e a sociedade. As formas de
sentir e expressar são regidos por códigos culturais que manifestam os seus
sentimentos, sua singularidade e que se insere num mundo de referências
simbólicas configurando um fato cultural. Coloca também que a dor não é apenas
sentida, mas também a expressão da dor reage-se por códigos culturais constituídos
pela coletividade, que sanciona as formas de manifestação dos sentimentos. Em
culturas estóicas, onde se valoriza o autocontrole, por exemplo, a dor será
vivenciada e suportada distintamente de outras culturas sem estes valores.

3.4 Os Procedimentos Estéticos e a Dor

A partir da compreensão dos conceitos obtidos sobre a dor tratado nos itens
anteriores partiu-se para entender a relação de dor com os procedimentos estéticos.
Para tanto, faz-se necessário enumerar o que se considerou, com base na literatura,
em experiências e vivências profissionais das pesquisadoras os mais evidentes
procedimentos como passíveis de causar desde um simples desconforto até uma

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dor traumática, aos usuários dos serviços de embelezamento realizados pelos
Tecnólogos em Cosmetologia e Estética:
Faciais: extração de comedões e pústulas na higienização profunda de pele,
peelings físicos de cristal e de ponteira diamantada.
Corporais: nas eletroterapia como crioterapia, endermoterapia na celulite de
grau 3, tratamentos de estrias, pós-operatórios.
Anexos Cutâneos: depilação facial e corporal com cera e fio, delineamento
de sobrancelhas, manicure e pedicure.
Nesse trabalho não foram considerados os serviços que por acidentes,
descuido ou mau uso podem causar dor por promover lesões, entre elas cortes e
queimaduras.
A higienização facial é o ato de remoção de comedões, sendo um dos
procedimentos mais doloridos na área da estética, ela visa a atenuar o grau da acne
que é uma doença inflamatória crônica que acomete a unidade pilossebácea onde á
os folículos sebáceos, ou seja, as unidades compostas por uma glândula sebácea
bem desenvolvida e um pêlo rudimentar. Segundo Costa et al (2007) a acne
caracteriza-se por comedões, pápulas, pústulas e na forma mais grave como
abscessos, cistos e cicatrizes. Inicia-se geralmente na adolescência, e seu
aparecimento pode corresponder ao início da puberdade, ela está diretamente ligada
aos hormônios. A presença de comedões que precede a acne indica grande
probabilidade inflamatória onde já apresenta dor e prurido local. A comedogênese,
alteração no processo de descamação que ocorre nos queratinócitos do ducto
folicular, é o fator central no desenvolvimento da acne a comedogênese ocorre
especificamente no folículo sebáceo.
Essa extração pode promover grande sensação de dor principalmente na
presença de pústulas, causado pela inflamação, além da pressão e compressão
exercida na retirada de comedões. Na higienização facial os receptores sensoriais
estimulados são os mecanorreceptores (tato, pressão) e os nocirreceptores (dor,
prurido).
Os peelings físicos são recursos muito utilizados pelos Tecnólogos em
Cosmetologia e Estética, especialmente na estética facial. Os físicos como os de
cristal e diamante (microdermoabrasão), são técnicas seguras, eficaz e simples para
obter resultados superficiais de determinadas alterações estéticas da pele. O

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primeiro consiste em projetar sobre a pele uma quantidade de microcristais de
hidróxido de alumínio e no segundo faz-se o uso de ponteiras diamantadas, através
de equipamento de sucção que possibilita regular os níveis de esfoliação através de
pressão assistida (KEDE, 2004).
São técnicas que podem provocar desde um leve desconforto até dores
intensas, dependendo da intenção de resultados desejados pelo profissional e de
acordo com as necessidades da pele. Os jatos de microcristais são expelidos por
meio da alta velocidade da pressão positiva, descompactando as células das
camadas mais superficiais da epiderme e, ao mesmo tempo, aspirando resíduos
celulares e o excesso dos microcristais. Por não apresentar relatos álgicos
importantes, tal procedimento não é passível de anestesia ou qualquer tipo de
sedação (KEDE, 2004). No procedimento de peeling físico os receptores sensoriais
estimulados são os nocirreceptores (dor, prurido) e os termorreceptores (calor, frio).
Nos processos corporais em que a eletroterapia atua diretamente aos
receptores sensoriais de dor, calor, frio, vibração e tato, podem-se considerar os
seguintes procedimentos passíveis de provocar sensação de dor:
Crioterapia: uma técnica terapêutica que envolve o resfriamento e o
aquecimento dos tecidos, excitando os receptores sensoriais, provocando certo
desconforto, angústia e até sofrimento durante o processo. Esse processo para
certas pessoas pode ser doloroso, pois estimula os receptores térmicos (calor, frio)
que utilizam a via espinotalâmica uma das quais transmite os estímulos dolorosos,
sendo para alguns indivíduos uma técnica muito desagradával e angustiante
(GUIRRO & GUIRRO, 2002).
Endermoterapia: utilizada nos tratamentos da lipodistrofia ginóide,
popularmente conhecida como celulite, especialmente as de Grau III e IV, que sendo
uma infiltração edematosa do tecido conjuntivo, não inflamatória, seguida de
polimerização da substância fundamental amorfa, que produz uma reação fibrótica
consecutiva, clinicamente falando, o espessamento não inflamatório das capas
subepidêrmicas, que se manifesta em forma de nódulos ou placas de variada
extensão e localização as vezes dolorosos. Essa sensibilidade dolorosa é devido ao
aumento do volume e da consistência do tecido celular subcutâneo, alem da
deformação da pele e dos tecidos pelas aderências (GUIRRO & GUIRRO, 2002). Na

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endermoterapia os receptores sensoriais estimulados são os nocirreceptores
(dor,prurido) e os mecanorreceptores (tato, pressão).
A sociedade moderna está preocupada com o padrão de beleza imposto,
onde mulheres têm que ter um corpo estrutural e bem formado (GUIRRO &
GUIRRO, 2002). Trazendo assim, técnicas da medicina (plásticas) para melhorar o
corpo humano, visualizando a perfeição. Essas técnicas invasivas desencadeiam
uma dor profunda pela lesão tecidual, gerando recursos para técnicas no pré e pós-
operatório. Os cuidados no pré e pós-operatório exercem uma influência vital, no
sentido de se evitar seqüelas desagradáveis. Nos procedimentos de pré e pós-
operatório os receptores sensoriais estimulados são os nocirreceptores(dor, prurido),
mecanorreceptores(tato, pressão) e os termorreceptores(calor, frio).
Outra disfunção estética importante são as estrias, que são “definidas como
uma atrofia tegumentar adquirida, de aspecto linear, algo sinuosa, em estrias de um
ou mais milímetros de largura” (GUIRRO & GUIRRO, 2002). No início apresentam-
se avermelhadas e evoluem para esbranquiçadas e abrilhantadas. Podem ser raras
ou numerosas, dispondo-se paralelamente umas das outras e perpendicularmente
as linhas de fenda da pele indicando assim um desequilíbrio elástico localizado,
caracterizando, portanto, uma lesão da pele. As manifestações iniciais são variáveis,
sendo que os primeiros sinais podem ser: prurido, dor, erupção papular plana e
levemente eritematosa (GUIRRO & GUIRRO, 2002).
Para o tratamento das estrias são indicados a microdermoabrasão com os
mesmos efeitos já relatados no uso dos tratamentos faciais que promove uma
esfoliação da pele, provocando uma regeneração celular, baseado em uma lesão
promovida por agente físico, desencadeando um processo inflamatório (GUIRRO &
GUIRRO, 2002). Também se utilizam o Eletrolifting ou Galvanopuntura que são
técnicas usadas para atenuar linhas de expressões superficiais e também melhora o
quadro de estrias. Esse método é utilizado com agulhas adaptadas a um eletrodo
tipo caneta, provocando assim uma reação de estimulação trazendo como resultado
o preenchimento do conteúdo das rugas e estrias, suavizando a aspecto da pele.
Elas apresentam caráter regenerativo, baseado em uma lesão promovida por agente
físico, desencadeando um processo inflamatório (GUIRRO & GUIRRO, 2002). As
lesões ocasionadas no processo estimulam a sensibilidade do local promovendo dor
de caráter suportável mediante a tal procedimento. Nos procedimentos de estrias os

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receptores sensoriais estimulados são os nocirreceptores(dor, prurido),
mecanorreceptores(tato, pressão) e os termorreceptores(calor, frio).
Um dos procedimentos estéticos que mais esta relacionada com a sensação
da dor é a depilação com cera e fio. A depilação consiste na técnica de retirada de
pêlos do corpo humano, utilizando-se diferentes métodos com ações mecânicas e
físicas, que promovem estimulação dos nervos sensoriais junto ao folículo piloso,
onde se encontra os receptores sensoriais e motores que fazem a captação da dor,
promovendo estímulos dolorosos, desconforto e angustia. Sendo muito utilizada por
questões culturais, de higiene ou de embelezamento pode ser considerado como um
sofrimento “indispensável”. Os receptores sensoriais que são estimulados nesse
processo são os nocirreceptores que captam a dor e o prurido na pele.
No embelezamento das mãos, pés e unhas, se faz necessário o uso de
instrumentos perfuro-cortantes e pontiagudos. As sensações de dor sentidas nos
procedimentos de manicure e pedicure podem ser provocadas por esses
instrumentos e são transmitidas pelos receptores mecanorreceptores (tato e
pressão). Quando o profissional utiliza-se da espátula para empurrar o eponíqueo
estimula os nocirreceptores (dor, prurido), também quando faz a remoção do
eponíqueo, pelo fato desta região ser muito delicada podendo ocasionar sensações
de dor.
Um dos procedimentos estético mais importante no embelezamento facial é o
delineamento de sobrancelhas por fazer a moldura do rosto. Elas têm a função de
proteger os olhos além de embelezar ou realçar a beleza de cada indivíduo,
podendo até rejuvenescê-lo. Muitas vezes um delineamento de sobrancelhas é
rejeitado por algumas pessoas devido á sensação de dor e desconforto em função
da grande sensibilidade local e individual que esta região provoca. Essa sensação é
sentida pela tração provocada na hora da remoção fio a fio o que faz a dor ser mais
intensa. No procedimento de delineamento de sobrancelhas os receptores
sensoriais estimulados são os nocirreceptores(dor, prurido) e os mecanorreceptores
(tato, pressão).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Tecnólogo em Cosmetologia e Estética é um profissional capacitado para


corrigir e amenizar diversas imperfeições na forma e medidas faciais e corporais que
visam realçar a beleza que existe em todo ser humano.
Para isso existem diversos recursos para tratamentos estéticos que não
deveriam trazer qualquer tipo de desconforto ou dor a seus clientes, porém,
conforme se podem constatar através deste estudo, diversos métodos e
procedimentos acabam acarretando dores e desconforto que são praticamente
inevitáveis de acordo com a função fisiológica dos órgãos sensoriais.
Entender que são diversos os mecanismos da dor, poderá ajudar o
profissional de estética introduzir em seus tratamentos recursos que podem
minimizar os efeitos provocados por ela.
Entende-se que um novo trabalho poderá aprofundar essa pesquisa
abrangendo mais especificamente a proporção da dor que os serviços de estética
promovem, além de identificar outros serviços que aqui não foram mencionados para
fazer uma classificação mais criteriosa sobre este tema.
Assim, considerando o objetivo deste estudo que é compreender as
sensações da dor e suas variações nos procedimentos estéticos, conclui-se que é
de tal importância a compreensão dos mecanismos fisiológicos e psicológicos das
sensações da dor.

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REFERÊNCIAS

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SP: Sammus, 1999.

COSTA, Adilson. ALCHORNE, Mauricio Mota Avelar. MICHALANY, Nilceo Schwery


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GUYTON, Arthur C.; Neurociência Básica. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara
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GUIRRO, Elaine Caldeira de O; GUIRRO, Rinaldo Roberto de J. Fisioterapia


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LIBERALI, Rafaela. Metodologia cientifica prática: um “saber fazer” competente


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RUDOLF, Carline. PAVELECINI, Sabrina. GALLAS, Juliana Cristina. O processo de


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SARTI, Cynthia, A. A dor o indivíduo a cultura. Saúde e sociedade (1): p.3 a 13,
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