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Revista Brasileira de Terapia

A08 | 2022, v. 24, pp. 1–20

e-ISSN: 1982-3541 Comportamental e Cognitiva

Efeitos da administração aguda de cafeína sobre a resolução de problemas em ratos


Effects of accute cafeinne administration on problem solving in rats
Efectos de la administración aguda de cafeína en la resolución de problemas en ratas
Marcela Prata Oliveira1, Yulla Christoffersen Knaus2, Hernando Borges Neves Filho3, Sofia Azevedo de Araújo1, Francisco Edimar do
Nascimento Júnior2, Letícia Santos Monteiro2, Daniely Ildegardes Brito Tatmatsu2
1 Universidade de São Paulo, 2 Universidade Federal do Ceará, 3 Universidade Estadual de Londrina

Histórico do Artigo Resumo


Recebido: 05/07/2019. Em situações-problema, animais podem emitir comportamentos novos que emergem de
1ª Decisão: 07/05/2020. acordo com sua história de treino. Neste estudo, investigou-se a influência da administração
2ª Decisão: 17/11/2020 aguda da cafeína na resolução de problemas em ratos. A situação problema utilizada foi a
3ª Decisão: 23/02/2022 de cavar e escalar desenvolvida por Neves Filho et al. (2015). O procedimento envolveu: (1)
Aprovado: 04/05/2022 treino discriminativo, (2) campo aberto, (3) pré-teste, (4) treino dos repertórios pré-requisitos
de cavar e escalar, (5) treino de recuperação, (6) teste, e (7) campo aberto (reexposição).
DOI Os animais foram divididos em dois grupos: administração aguda e grupo controle (sem
10.31505/rbtcc.v24i1.1312 cafeína). Nenhum animal resolveu o problema durante o pré-teste. Nenhum animal sob efeito
Correspondência da cafeína resolveu o problema no teste. Sem cafeína, três de quatro animais resolveram o
Marcela Prata Oliveira
problema. Assim, a ingestão da cafeína de forma aguda interferiu na emergência da resposta
de solução. A cafeína modulava a resolução de problemas no grupo agudo provavelmente
marcelaprataoliveira@gmail.com
tornando mais difícil para os animais discriminar e generalizar funcionalmente as relações
Av. Prof. Mello Moraes, 1721, entre os estímulos aprendidos na Fase 4.
Cidade Universitária, São Paulo, SP Palavras-chave: cafeína; recombinação de repertórios; resolução de problemas; farma-
05508-030 cologia; modelo animal.
Abstract
Editor Responsável
In problem situations, animals emit new behaviors that emerge according to their training
Angelo A. S. Sampaio
history. In this study, the influence of acute caffeine administration on problem solving in
Como citar este documento rats was investigated. The problem-solving situation used were climb and dig, developed
Prata Oliveira,  M.,  Knaus,  Y.  C., by Neves Filho et al. (2015). The procedure involved: (1) discriminative training, (2) open
Neves  Filho,  H.  B., Araújo,  S.  A., field, (3) pre-test, (4) training of the prerequisite dig and climbing repertoires, (5) recovery
N a s c i m e n t o   J ú n i o r ,   F.   E . , training, (6) test, and (7) open field (reexposure). Animals were divided into two groups:
Monteiro, L. S., & Tatmatsu, D. I. B. acute administration and control group (without caffeine). No animal solved the problem
(2022). Efeitos da administração in the pre-test. No rat under the effect of caffeine solved the problem in the test phase, after
aguda de cafeína sobre a reso- the training of pre-requisite repertoires. Only animals from the control group, three of four,
lução de problemas em ratos.
solved the problem in the test phase. The data indicate that caffeine intake interfered with the
Revista Brasileira de Terapia
Comportamental e Cognitiva, 24, emergence of the solution response. Caffeine modulated problem solving in the acute group
1–20. https://doi.org/10.31505/rbtcc. probably making it more difficult for animals to discriminate and functionally generalized
v24i1.1312 the relationships between stimuli learned in Phase 4.
Key words: caffeine; interconnection of behavioral repertoires; problem solving; phar-
macology; animal models.
Resumen
En situaciones de resolución de problemas, animales pueden emitir nuevos comportamientos que
surgen de acuerdo con su entrenamiento. En este estudio, se investigó la influencia de administra-
ción aguda de la cafeína en la resolución de problemas en ratas. Las situaciones de resolución de
problemas utilizadas fueron trepar y cavar, desarrolladas por Neves Filho et al. (2015). El procedi-
miento fue: (1) entrenamiento discriminativo, (2) campo abierto, (3) preprueba, (4) entrenamiento
de repertorio de prerrequisitos de excavación y escalada, (5) entrenamiento de recuperación, (6)
pruebas y (7) campo abierto (reexposición). Los animales se dividieron en dos grupos: grupo de
administración aguda y grupo control (sin cafeína). Ningún animal resolvió el problema durante
la prueba previa. Ninguno de los animales sobre el efecto de la cafeína resolvió el problema en la
prueba, después del entrenamiento. Sin cafeína, la mayoría de los animales (3 de 4) resolvieron
el problema. Los datos indican que la ingestión aguda de cafeína interfirió con la aparición de la
respuesta a la solución. La cafeína moduló la resolución de problemas en el grupo agudo, proba-
2022 © ABPMC.
É permitido compartilhar e
blemente haciendo más difícil para los animales discriminar y generalizar funcionalmente las
adaptar. Deve dar o crédito relaciones entre los estímulos aprendidos en la Fase 4.
apropriado, não pode Palabras clave: cafeína; interconexion de repertórios conductuales; solución de problemas;
usar para fins comerciais. farmacología; modelo animal.
Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva 2022, v.24, pp. 1—20

Efeitos da administração aguda de cafeína sobre a reso-


lução de problemas em ratos
Marcela Prata Oliveira¹, Yulla Christoffersen Knaus², Hernando Borges Neves Filho³,
Sofia Azevedo de Araújo¹, Francisco Edimar do Nascimento Júnior²,
Letícia Santos Monteiro², Daniely Ildegardes Brito Tatmatsu²
1 Universidade de São Paulo
2 Universidade Federal do Ceará
3 Universidade Estadual de Londrina

Em situações-problema, animais podem emitir comportamentos novos que emergem de acordo


com sua história de treino. Neste estudo, investigou-se a influência da administração aguda da
cafeína na resolução de problemas em ratos. A situação problema utilizada foi a de cavar e escalar
desenvolvida por Neves Filho et al. (2015). O procedimento envolveu: (1) treino discriminativo, (2)
campo aberto, (3) pré-teste, (4) treino dos repertórios pré-requisitos de cavar e escalar, (5) treino de
recuperação, (6) teste, e (7) campo aberto (reexposição). Os animais foram divididos em dois grupos:
administração aguda e grupo controle (sem cafeína). Nenhum animal resolveu o problema durante
o pré-teste. Nenhum animal sob efeito da cafeína resolveu o problema no teste. Sem cafeína, três de
quatro animais resolveram o problema. Assim, a ingestão da cafeína de forma aguda interferiu na
emergência da resposta de solução. A cafeína modulava a resolução de problemas no grupo agudo
provavelmente tornando mais difícil para os animais discriminar e generalizar funcionalmente as
relações entre os estímulos aprendidos na Fase 4.
Palavras-chave: cafeína; recombinação de repertórios; resolução de problemas; farmacologia;
modelo animal.

Uma situação-problema é definida por Skinner (1969) como uma configu-


ração ambiental que sinaliza a disponibilidade de um reforço específico, mas
que o sujeito a ela exposto não possui história de aprendizagem necessária
para emitir a resposta alvo para acessar este reforço. Em uma situação-pro-
blema, a resposta necessária para acessar o reforçador é chamada de solução.
A resposta de solução pode ser produzida por diferentes processos compor-
tamentais, como modelagem, modelação, tentativa-e-erro e outros processos
graduais de aprendizagem de uma resposta. Há também a possibilidade de a
resposta emergir, ou seja, o sujeito emitir uma resposta, ou uma nova cadeia
de respostas, em determinada situação, sem ter sido treinado diretamente para
tal. Diante disto, a resolução de problemas é uma das metodologias utilizadas
para se observar respostas emergentes, e um dos processos responsáveis por
isso é a recombinação de repertórios (Epstein, 2015).
A recombinação de repertórios comportamentais previamente adqui-
ridos foi inicialmente descrita empiricamente por Epstein, Kirshinit, Lanza
e Rubin (1984), em um procedimento que ficou conhecido como teste de
deslocamento de caixa (Cook & Fowler, 2014), utilizando pombos (Columba
livia) como sujeitos. Neste procedimento (Epstein et al., 1984), a cadeia de
respostas necessária para a resolução do problema - a saber, empurrar uma
caixa em direção a um alvo de plástico dependurado, subir na caixa e bicar o
alvo - foi desmembrada em dois comportamentos pré-requisito: empurrar a
caixa em direção a um local específico, e subir em uma caixa e bicar o alvo de
plástico. Apenas os animais que aprenderam as duas respostas pré-requisito
foram capazes de resolver o problema, emitindo uma cadeia de respostas
inédita e fluida que nunca foi diretamente treinada. Ou seja, esta sequência
emergiu após a aprendizagem isolada de duas respostas relacionadas com a
situação-problema.
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Para Epstein (1985) situações-problema se configuram de forma a


estabelecer um controle múltiplo de estímulos que, dado um histórico
prévio de treino de respostas pré-requisito adequado, promovem a in-
terconexão de respostas específicas do repertório comportamental deste
indivíduo em novas sequências.
No presente estudo, nos preocupamos em identificar a influência ou
não de um contexto farmacológico (administração aguda de cafeína) du-
rante a resolução de uma situação-problema com uma cadeia de respostas
inédita e não diretamente treinada. Utilizaremos o termo “resolução de
problemas por uma nova cadeia de respostas” para se referir ao fenômeno
estudado por Epstein. Optamos por esse termo para evitar o pressuposto
teórico de que parcelas de comportamento tenham sido necessariamente
recombinadas ou interconectadas (Epstein, 2015).
No teste de deslocamento de Epstein et al. (1984), desenhada para
pombos, é necessário que o animal empurre a caixa, deslocando-a até
um alvo localizado na parede da câmara experimental, o que exige alta
acuidade visual, que ratos, especialmente os de cepas albinas, não possuem
(Prusky, Harker, Douglas & Whishaw, 2002; Slotnick & Schellingk, 2002).
Em função disso, a tarefa de deslocamento de caixa exige um treino extenso
para ensinar ratos a empurrar objetos até um alvo (e.g., Ferreira, Carvalho
Neto, Borges & Neves Filho, 2020), dando assim mais oportunidades para
o aparecimento de variáveis estranhas durante esse treino, o que de fato
levou a uma série de resultados negativos em pesquisas com ratos que
utilizaram este procedimento (Leonardi, Andery & Rossger, 2011). Outros
trabalhos que trabalharam com esse procedimento foram Borges (2019),
Delage (2006) Dicezare (2017) e Ferreira (2008, 2019).
Visando desenvolver uma metodologia similar à de Epstein et al.
(1984), porém adaptada às particularidades fisiológicas e comportamentais
de ratos (Rattus norvegicus), Neves Filho, Stella, Dicezare e Garcia-Mijares
(2015) propuseram a situação-problema de cavar e escalar. Nesta tarefa,
são treinadas duas respostas pré-requisito, a saber: cavar na maravalha
até encontrar um cereal açucarado enterrado e escalar escadas para ter
acesso ao cereal. No teste desenhado para observar a recombinação desses
dois repertórios1, uma parede de acrílico translúcido impede o animal
de ter acesso às escadas que dão acesso a uma porção de alimento. A
parede de acrílico possui uma passagem que permite o rato atravessar
de um lado para o outro da caixa, porém esta passagem fica totalmente
coberta pela maravalha. Para resolver o problema, os ratos precisam (1)
cavar na maravalha, (2) encontrar o túnel coberto pela maravalha que dá
acesso à porção da câmara experimental com as escadas, (3) atravessar a
passagem submersa na maravalha, e (4) subir dois lances de escadas. No
estudo original (Neves Filho et al., 2015), todos os animais que receberam

1
Neves Filho et al. (2015) usaram o termo recombinação de repertórios para abordar
a emissão emergente da nova cadeia de respostas emitida para a resolução. Por isso,
iremos manter o uso do termo para descrever o experimento.
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o treino dos dois repertórios pré-requisito resolveram a tarefa, enquanto


animais que não aprenderam nenhum repertório, ou somente um, não
resolveram, replicando assim os dados obtidos por Epstein et al. (1984) com
pombos. Estudos posteriores com este procedimento de cavar e escalar
para ratos também observaram a recombinação de repertórios, testan-
do manipulações comportamentais como ordem de treino das respostas
(Neves Filho, Dicezare, Martins-Filho & Garcia-Mijares, 2016), o efeito do
enriquecimento ambiental na ocorrência de solução (Longán, 2018), a
inserção de um treino discriminativo antes do treino de respostas pré-re-
quisito (Teixeira et al., 2019) e o uso de uma nova caixa experimental e
quantidades homogêneas de treino (Knaus, 2021). Algumas manipulações
farmacológicas também foram testadas, a saber álcool (Nascimento, 2021),
ayahuasca (Araújo et al., 2019) e corticóides (Knaus, 2021).
Diante destes dados, o modelo de cavar e escalar se mostrou eficaz e
econômico, pois produz a resolução do problema com poucas sessões de
treino, o que permite, portanto, a manipulação de outras variáveis, a fim
de se observar o efeito destas sob a resolução. Por exemplo, no estudo de
Teixeira et al. (2019), a inserção de um treino discriminativo, que pareou
um som com a disponibilidade de alimento na caixa de teste de cavar e
escalar, parece ter facilitado a resolução do problema.
Outras variáveis, ainda não exploradas, podem agir de forma a alterar
a resolução de problemas, como a administração de fármacos. A cafeína é
um produto comercial, legalizado, de alto consumo crônico e agudo e com
vasta literatura sobre seus efeitos em situações experimentais com ratos
(para revisão, ver Garcia-Mijares, 2005). Dentre os efeitos conhecidos da
cafeína em animais, destaca-se a estimulação do sistema nervoso central,
por meio de ação indireta em vias dopaminérgicas. Para um apanhado
geral de meta-análises dos efeitos documentados da cafeína, conferir Poole,
Kennedy, Roderick, Fallowfield, Hayes e Parkes (2018).
Em uso agudo, caracterizado pelo uso pontual da substância, a cafeína
promove um aumento na atividade locomotora e um aumento na aqui-
sição de memórias em uma tarefa de reconhecimento de objeto, porém
somente em ratos machos, enquanto que em ratas fêmeas o efeito é oposto
(Onaolapo & Onaolapo 2015). Sanday et al. (2013) observaram que os ani-
mais expostos ao uso agudo demoraram a apresentar descriminação entre
estímulos. Sob efeito da cafeína, esses animais tiveram dificuldades para
identificar contextos que seriam seguidos de uma consequência aversiva,
ainda que, essa relação tenha sido aprendida sem a cafeína. Em estudos
com ratos que usam uma dose aguda de 30 mg/kg, os efeitos são análogos
aos observados em seres humanos (Possi, 2010).
Ingestão de cafeína, dessa forma, afeta processos discriminativos, de
aprendizagem e de memória que possivelmente perpassam a resolução
de problemas. Além disso, em diferentes dosagens a cafeína inibe o apetite
(Gavrieli et al., 2013), entretanto este é um efeito que nem sempre ocorre,
e os dados sobre como e quando a cafeína inibe o apetite de mamíferos
ainda é inconclusivo (Schubert et al., 2017). Desta maneira, dado todos
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seus efeitos, é esperado que a cafeína possa afetar a formação das relações
de controle necessárias para a resolução de problemas.
Estudos sobre o efeito da cafeína sobre a aquisição de pré-requisitos
de uma situação de resolução de problemas são escassos (Schubert et al.,
2017). Entretanto, em um estudo com o labirinto aquático de Morris, um
procedimento de fuga (Angelucci et al., 1999, 2002) e aprendizagem espa-
cial, os dados obtidos indicaram que a administração de cafeína 30 mg/kg
não teve efeito significativo na aquisição de comportamentos relevantes
para a tarefa, mas teve o efeito de manter ou aprimorar o desempenho
nesta tarefa em repetidas exposições, o que seria um efeito de aprimo-
ramento de retenção de memória. Em situação de teste, a cafeína parece
aprimorar a resolução de tarefas que não necessitam de um treino anterior
explícito (Zabelina & Silva, 2020). Até o momento, nenhum estudo sobre
o efeito da cafeína sobre a resolução de problemas via treino explícito de
respostas pré-requisito em animais não-humanos foi conduzido, apenas
com álcool (Nascimento, 2021), chá de ayahuasca (Araújo, Tatmatsu, Prata
Oliveira, Monteiro & Nascimento Jr., 2019) e drogas corticoides (metira-
pona e corticosterona - Knaus, 2021).
Assim, o objetivo do presente experimento foi duplo: (a) investigar se
uma variação do problema de cavar e escalar é sensível a manipulações
farmacológicas, e (b) verificar se a administração aguda de cafeína altera
a ocorrência da solução do problema. Para observar os possíveis efeitos
farmacológicos da cafeína sobre a resolução de problema em ratos, op-
tamos pelo uso do procedimento adaptado de cavar e escalar de Teixeira
et al. (2019), já que a inserção do treino discriminativo como feita neste
estudo aumentou a chance de os animais resolverem a tarefa.
Caso seja observado algum efeito, podemos identificar como eventu-
almente a cafeína, uma substância amplamente consumida por humanos
(Campion, van Dam, Hu & Wilett, 2020), pode modular a origem de com-
portamentos novos nesta situação, em ratos.

Método

Sujeitos
Participaram do experimento oito ratos albinos (Rattus norvegicus)
machos da linhagem Wistar, sem experiência em tarefas de cavar e esca-
lar, mas com experiência na resposta de pressionar a barra (treinada em
aparatos distintos dos utilizados neste experimento). Os animais ficavam
alojados em um biotério, vivendo em caixas-viveiro de polipropileno au-
toclavável (41 x 34 x 17 cm) com tampa (grade) em aço galvanizado, com
separadores em aço inox, com piso forrado por maravalha até aproxi-
madamente 5 cm. Cada caixa-viveiro abrigava até quatro animais (todos
participantes de um mesmo experimento), recebendo água e alimento à
vontade. Não foi utilizado nenhum procedimento de privação alimentar
durante o experimento. Durante as sessões de treino e teste, foram uti-
lizados cereais açucarados da marca Froot Loops® como consequência
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reforçadora. Todos os procedimentos adotados nesta pesquisa, bem como


as condições de alojamento dos animais foram aceitos pela Comissão de
Ética no Uso de Animais da Universidade Federal do Ceará, protocolo
92/17.
Os animais foram separados em dois grupos, de acordo com o trata-
mento farmacológico a ser administrado, a saber: grupo controle (GC) com
sujeitos A1, A2, A3 e A4 que recebeu veículo e grupo agudo (GA), sujeitos
B1, B2, B3 e B4 que foi tratado de maneira aguda. A divisão dos sujeitos
nestes grupos foi feita antes do início das sessões de treino e teste.

Equipamentos
A caixa usada no treino discriminativo era de polipropileno (41 x 34
x 17 cm), sem tampa, de piso liso, com dois suportes para o Froot Loops,
um na esquerda e outro na direita, localizados na borda da caixa, a 17
cm de altura (Figura 1).

Figura 1. Caixa de treino discriminativo, idêntica a utilizada no estudo de


Teixeira et al. (2019).

Para o treino da resposta de escalar foi utilizada uma caixa fabricada


pela empresa Mônaco™, de dimensões 48 x 37 x 40 cm, possuindo no seu
interior dois lances de escada, feitas de aço, que conectam o piso a um
segundo andar. Para o treino de cavar, uma segunda caixa semelhante à
referida no treino de escalar foi utilizada, tendo, porém, o fundo revestido
com 20 cm de maravalha e sem as escadas.
A caixa teste foi uma junção das caixas de treino de cavar com a caixa
de treino de escalar (Figura 2). A caixa de teste possuía também uma placa
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de acrílico transparente que a dividia verticalmente em duas partes. A


placa de acrílico tem sua parte de baixo coberta por 3 cm de maravalha,
e possuía em sua porção inferior um vão, totalmente coberto pela ma-
ravalha, que permitia o animal cruzar de um lado para o outro da caixa
de teste. Durante o teste, o piso da caixa foi coberto de maravalha (até a
altura de 20 cm). As caixas de treino e teste utilizadas foram semelhantes
as utilizadas por Neves Filho et al. (2015, 2016) e Teixeira et al. (2019).

Figura 2. Caixa de teste de cavar e escalar, composta pela junção das caixas
de treino de cavar (porção inferior) e caixa de treino de escalar (porção su-
perior), com a adição de uma divisória de acrílico translúcido que dividia
a caixa em duas porções. A letra “A” indica a placa transparente de acrílico
que divide a câmara em duas porções; “B” indica a passagem submersa
na maravalha (para atravessar de um lado para o outro, o animal deve
cavar na maravalha, encontrar a passagem, e cruzar para o outro lado);
“C” indica a plataforma após o primeiro lance de escadas; e “D” indica a
segunda plataforma, onde ficava disponível o alimento. Todos os animais
iniciavam a sessão de teste na porção esquerda da câmara (onde não há
escadas), sobre a maravalha.

Para o campo aberto foi utilizada uma caixa, sem tampa, feita em MDF,
com medidas de 72 cm x 72 cm x 36 cm, dividida em 16 quadrantes dos
quais quatro são centrais e 12 periféricos, próximos as paredes da caixa.
Cada quadrante possuía 18 cm x 18 cm.
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Manipulação Farmacológica
Duas substâncias foram administradas, cafeína e veículo (água 1,5 ml),
ambas por via intraperitoneal (i.p.). Para todos os animais que receberam
cafeína (GA), a administração de cafeína anidra (em pó) 99% foi feita 30
min antes da sessão, na concentração de 30 mg/kg, diluída em água (1,5
ml). Os animais do GC receberam somente veículo nas mesmas condições
que o GA recebeu as doses de cafeína.

Procedimento Geral
Todos os animais passaram por sete fases, na seguinte sequência: (1)
treino discriminativo, (2) campo aberto, (3) pré-teste, (4) treino das respos-
tas pré-requisito, cavar e escalar, (5) treino de recuperação, (6) teste e (7)
reexposição ao campo aberto.
Todos os animais receberam duas sessões de treino por dia, uma às
8 h e outra às 14 h (em ordem aleatória, e.g., um dia sendo cavar as 8 h
e escalar as 14 h, no outro, escalar as 8 h e cavar as 14 h e por assim em
diante). O teste e a reexposição ao campo aberto (Fases 6 e 7) ocorreram
em um mesmo dia, o teste (Fase 6) às 8 h e a reexposição ao campo aberto
(Fase 7) as 14 h.
Todos os animais receberam a primeira injeção na Fase 3 (Pré-teste),
na qual todos os animais de todos os grupos receberam veículo. Nas Fases
1 e 2 não houve manipulação farmacológica. Os animais do GA receberam
veículo nas Fases 4 e 5 (treino) e cafeína nas Fases 6 e 7 (teste), enquanto
os animais do GC receberam veículo nas Fases 4, 5, 6 e 7 (treino e teste).
No total, houve 19 dias de exposição a cafeína ou veículo.

Procedimento Detalhado
Fase 1. Treino discriminativo. Esta etapa foi realizada com todos os
animais, na caixa de treino discriminativo (Figura 1). Não houve manipu-
lação farmacológica nesta fase. O objetivo deste treino foi tornar o som um
sinalizador para a disponibilidade de alimento (Froot Loops). Este proce-
dimento não fez parte dos estudos iniciais que utilizaram o procedimento
de cavar e escalar (Neves Filho et al. 2015, 2016), surgindo somente no
trabalho de Teixeira et al. (2019), que indicou que a adição desta etapa de
treino facilitaria a resolução do problema de cavar e escalar no teste.
O procedimento de treino discriminativo consistiu na emissão de um
som (bater uma caneta três vezes na lateral da caixa, uma batida por
segundo) ao mesmo tempo em que o Froot Loops era disponibilizado na
plataforma por 10 s, pareando som e disponibilidade de alimento na pla-
taforma. Passado esse tempo, o Froot Loops era retirado, esperava-se 3 s
e o som era emitido novamente, começando outra tentativa. Este mesmo
estímulo sonoro foi posteriormente apresentado no início do pré-teste
(Fase 3) e teste (Fase 6). Para esse treino não foi necessário que os animais
escalassem, eles apenas se esticavam para pegar o Froot Loops, dado que
a altura da caixa de treino discriminativo era menor que o tamanho do
corpo do rato quando de pé, apoiado em suas patas traseiras.
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O critério de aprendizagem nesta etapa foi o consumo do Froot


Loops em menos de 5 s após a emissão do estímulo sonoro, em pelo
menos 10 tentativas (de um total de 15), por três sessões consecutivas.
Cada sessão foi finalizada com 10 min de duração ou após o consumo
de 15 unidades de Froot Loops. Um procedimento de modelagem foi
utilizado para ensinar os animais a comerem o Froot Loops no local
no qual ele era colocado (ou na plataforma da esquerda, ou da direita),
sendo necessário que o animal apenas se esticasse para alcança-lo. A
modelagem começava com a emissão do som e o Froot Loops no centro
do piso da caixa, depois o Froot Loops era colocado no lado oposto de
onde o animal iniciava a sessão, em seguida para baixo da plataforma
e por último, disponibilizado em ordem aleatória ou na plataforma da
direita ou da esquerda. O local mudava a cada cinco consumos.
Fase 2. Teste de campo aberto. Esta etapa foi realizada em uma
única sessão, com todos os animais, e não houve manipulação farmaco-
lógica. O objetivo desta fase foi estabelecer parâmetros de comparação
do desempenho dos sujeitos com (Fase 7) e sem (Fase 2) a cafeína. No
início da sessão, o animal era colocado no canto direito inferior do
campo aberto. A sessão teve duração de 5 min e foram medidos explo-
ração e atividade locomotora. As respostas utilizadas para isso foram:
cruzamento total de quadrantes, cruzamento em quadrantes centrais
e periféricos, tempo nos quadrantes centrais e periféricos e velocidade.
A velocidade foi medida pelo cruzamento de quadrantes totais sobre
tempo total de sessão.
Fase 3. Pré-teste de cavar e escalar. Todos os animais foram colo-
cados na caixa teste (Figura 2) para averiguar se eles solucionavam o
problema antes de receber o treino de respostas pré-requisito, porém
após já terem recebido o treino discriminativo (Fase 1). Os animais
foram colocados na caixa de teste do lado esquerdo, logo em seguida
o estímulo sonoro foi emitido pelos experimentadores, uma única vez.
Para resolver o problema, os animais deveriam cavar, encontrar o vão
da divisória de acrílico submerso na maravalha, cruzar para o outro lado
da caixa de teste, e subir dois lances de escada, para assim ter acesso ao
alimento disponível. Esta sessão teve duração de 10 min ou até o animal
consumir o Froot Loops (i.e., resolver o problema). Foram observados e
descritos os comportamentos dos animais até a resolução do problema.
Dado que os animais já haviam recebido um treino discriminativo
antes do pré-teste, é possível que alguns animais resolvam o pré-teste
por exploração, na medida que o estímulo sonoro pareado com alimento
aumenta a ocorrência de comportamentos exploratórios e de consumo
(Alferink, Crossman & Cheney, 1973; Inglis, Forkman & Lazarus, 1997;
Mitchell & White, 1977) que podem eventualmente acarretar na reso-
lução do problema por exploração (e.g., Teixeira et al., 2019). Assim,
mesmo animais que resolvessem a tarefa nesta etapa seriam mantidos
no estudo, para, nesses casos, observar o efeito da administração da
cafeína em uma reexposição à tarefa, após o treino.
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Fase 4. Treino de respostas pré-requisito (cavar e escalar). Nesta fase,


foram feitos os treinos de cavar direcionado na maravalha e escalar,
ambos de forma independente, em ordem aleatória, com sessões de
20 min de duração, duas vezes ao dia, uma sessão pela manhã (8 h) e
outra pela tarde (14 h). Para a modelagem da resposta de cavar, feita por
aproximações sucessivas, a caixa foi dividida em quatro níveis verticais,
sendo o último o fundo da caixa. Primeiro um Froot Loops foi colocado
em cima da maravalha, dentro de uma tampa de garrafa. A cada cinco
cereais consumidos, estes eram colocados um nível abaixo, até chegar ao
fundo da caixa. O próximo Froot Loops só era disponibilizado, quando
o animal já estava consumindo o anterior. Quando o animal atingiu o
fundo da caixa, 15 porções (cada porção é ¼ da unidade de Froot Loops)
foram colocados em lugares aleatórios no fundo da caixa.
O treino de escalar foi feito de maneira similar. Os animais foram
colocados no chão da caixa de escalar, e o Froot Loops foi disponibilizado
no começo da primeira escada. Uma vez que o animal tivesse consumido
cinco porções de cereal, a consequência era colocada no nível seguinte
(primeiro nível de plataforma), e assim sucessivamente a cada cinco
consequências consumidas (segundo nível de plataforma).
A cada resposta de escalar do animal, esperava-se que ele retor-
nasse ao piso da caixa, para assim disponibilizar outro Froot Loops. O
critério de aprendizagem para as duas respostas foi de consumir 15
Froot Loops, por três sessões seguidas para cada uma das respostas
independentemente.
Fase 5. Treino de recuperação. Nesta etapa, os animais receberam
uma sessão de recuperação do procedimento da Fase 1 (treino discri-
minativo), uma sessão de recuperação de cavar, e uma sessão de recu-
peração de escalar (Fase 4, treino de respostas pré-requisito). Primeiro
foi feita a recuperação do treino discriminativo, para todos os animais, e
depois a recuperação do treino das duas respostas pré-requisito, ambas
realizadas no mesmo dia, uma pela manhã (8 h) e outra pela tarde (14
h). Não havia critério de aprendizagem para estas sessões, que eram
finalizadas quando os animais consumiam 15 porções de Froot Loops
ou passados 20 min. Assim que encerradas, o teste de cavar e escalar
foi realizado.
Fase 6. Teste de cavar e escalar. Esse teste foi idêntico ao pré-teste.
Os animais do GA receberam uma injeção de cafeína (30 mg/kg), 30
min antes da sessão experimental. O GC recebeu uma injeção veículo,
também 30 min antes da sessão de teste. Foram observados e descritos
os comportamentos dos animais até a resolução do problema.
Fase 7. Reexposição ao campo aberto. Esta fase foi idêntica à Fase
2, e ocorreu após o teste de cavar e escalar. O objetivo desta fase foi
averiguar os efeitos da cafeína e estabelecer parâmetros de comparação
do desempenho dos sujeitos, com e sem (fase 2) a cafeína. As medidas
comportamentais foram as mesmas da Fase 2.
RBTCC 24 (2022) 10

Análise de Dados
Para analisar os resultados do teste de campo aberto, foi realizado o teste
de Shapiro Wilks para averiguar a normalidade da amostra. A depender do
resultado, foi aplicado ANOVA para amostras independentes, com p < 0,05
como parâmetro de significância, ou teste Mann-Whitney, comparando a
média de grupos. A comparação intragrupos para a primeira e a segunda
exposição foi feita com o teste t para amostras emparelhadas.

Resultados

Nenhum dos animais resolveu o problema durante a fase pré-teste.


Durante o teste, três dos quatro animais do GC (sem cafeína) resolveram o
problema enquanto nenhum animal do GA (administração aguda de cafeína)
o fez (Tabela 1).

Tabela 1
Resultados do Pré-teste e Teste de todos os sujeitos.
Grupo GC GA
Sujeito A1 A2 A3 A4 B1 B2 B3 B4
Solução do
Pré-teste - - - - - - - -
problema
4 min 8 min 8 min
Teste - - - - -
3s 3s 22 s
Intervalo entre a
primeira e segun-
Pré-teste - - - - - - - -
da resposta de
solução
1 min
Teste 24 s 26 s - - - - -
11s

Nota. A primeira resposta de solução é cavar e a segunda, escalar. O “-”


indica que não ocorreu a resolução do problema. GC = Grupo Controle; GA
= Grupo Administração Aguda de Cafeína.

Fase 1: Treino Discriminativo


Os animais do GC (A1, A2, A3 e A4) atingiram o critério de aprendizagem
com uma média de 24,75 sessões, os animais do GA (B1, B2, B e B4) apresen-
taram média de 20,5 sessões até atingir o critério. Analisou-se a normalidade
dos dados pelo teste de Shapiro-Wilk e constatou-se que o GC obteve uma
distribuição normal (W = 0,908; p = 0,472) e o GA se afastou da distribuição
normal (W = 0,765; p = 0,053). Foi realizado o teste de Mann-Whitney, que não
mostrou diferença estatística entre os dois grupos, em relação ao número de
sessões para atingir o critério de aprendizagem (U = 4; p = 0,343). O número
de sessões de treino de cada animal pode ser conferido na Figura 3.
RBTCC 24 (2022) 11

30 GC
25 GA

Sessões 20
15
10
5
0
A1 A2 A3 A4 B1 B2 B3 B4 GC GA
Animal
Figura 3. Número de sessões do treino discriminativo por animal.

Fase 2: Campo Aberto


A velocidade foi medida pelo cruzamento total/tempo total e os dados
sobre a velocidade individual estão apresentados na Figura 4. A veloci-
dade média no GC foi de 8,4 (DP = 6,15) cruzamentos/s, e para o GA 13,6
(DP = 6,57) cruzamentos/s. Para a primeira exposição dos animais ao campo
aberto (Fase 2), foi avaliado se as medidas se distribuíram de forma normal
por meio do teste de Shapiro-Wilk. As variáveis cruzamento total (GC:
W = 0,935, p = 0,622; GA: W = 0,912, p = 0,491), cruzamento na periferia
(GC: W = 0,936, p = 0,633; W = 0,912, p = 0,491) e velocidade (GC: W = 0,935,
p = 0,622; GA: W= 0,912, p = 0,491), se distribuíram normalmente. Já as vari-
áveis cruzamento central (GA: W = 0,630, p = 0,01; GC: W = 0,630, p = 0,01),
tempo nos quadrantes centrais (GA: W = 0,630, p = 0,01; GC: W = 0,630,
p = 0,01) e tempo nos quadrantes periféricos (GA: W = 0,630, p = 0,01; GC:
W = 0,630, p = 0,01), se afastaram da distribuição normal.
Por meio do teste de Mann-Whitney não foi observada diferença sig-
nificativa entre os grupos em nenhuma das medidas (cruzamento total:
U = 4,5; p = 0,343, cruzamento central: U= 7,5; p = 0,886, cruzamento na
periferia: U= 4; p = 0,343, tempo nos quadrantes centrais: U= 7,5; p = 0,886,
tempo nos quadrantes periféricos: U = 7,5; p = 0,886 e velocidade: U=4,5;
p = 0,343).
25

20 Primeira expo-
sição
cruzamento/s
Velocidade

15

10

0
A1 A2 A3 A4 B1 B2 B3 B4
GC GA

Animal/Grupo
Figura 4. Velocidade durante a primeira exposição e reexposição ao campo
aberto.
RBTCC 24 (2022) 12

Fase 3: Pré-Teste de Cavar e Escalar


Nenhum animal resolveu o problema durante o pré-teste.

Fase 4: Treinos das Respostas Pré-Requisitos (Cavar e Escalar)


No treino de respostas pré-requisitos, a resposta de escalar no GC foi
aprendida, em média, em 11,75 sessões (DP = 0,5) e no GA em 9,75 sessões
(DP = 2,21). Na Figura 5 estão os dados individuais de todos os sujeitos. Para
a resposta de cavar, o GC aprendeu em média em 14 sessões (DP = 1) e o
GA em 10,25 sessões (DP = 0,96). Na Figura 6 estão os dados individuais de
todos os sujeitos do grupo, com exceção de A2, que não atingiu o critério
de aprendizagem no treino de cavar. Durante o treino de recuperação o
animal também não atingiu o critério para próxima fase.
15
GC
12 GA

9
Sessões

0
A1 A2 A3 A4 B1 B2 B3 B4
Animal
Figura 5. Total de sessões de treino de escalar (Fase 4) para cada um dos
sujeitos.

15

12 GC

9
Sessões

0
A1 A3 A4 B1 B2 B3 B4
Animal
Figura 6. Total de sessões de treino de cavar (Fase 4) para cada um dos
sujeitos.

Fase 5: Treinos de Recuperação


Todos os animais receberam uma sessão de recuperação do treino
discriminativo, seguida de uma sessão de recuperação de cavar, e outra
de escalar. A maioria dos sujeitos atingiu o critério de aprendizagem para
RBTCC 24 (2022) 13

cada uma das respostas e para o treino discriminativo durante as sessões


de recuperação, com exceção do A2 (GC) que não atingiu o critério no cavar.

Fase 6: Teste de Cavar e Escalar


Três dos quatro animais do GC resolveram a tarefa no teste (A1, A2 e
A3), e nenhum animal do GA o fez (Tabela 1). Dentre os três animais que
resolveram o problema do GC, o mais rápido o fez em 243 s e o mais lento
em 502 s. O maior tempo entre as respostas de cavar e escalar foi de 71 s.
Os três animais apresentaram uma latência média de 324 s para a emissão
da cadeia que resolvia o problema.
Dos animais que não resolveram o problema no teste, A4 (GC) come-
çou a sessão levantando-se sobre as patas traseiras e voltou o focinho em
direção ao Froot Loops, que estava fora do seu alcance aos 43 s; cavou
perto da barreira duas vezes, aos 1 min e 21 s e 1 min e 33 s; explorou a
primeira câmera, aos 2 min e 38 s; e cavou perto da barreira. Continuou
explorando, se limpando e mordendo os cantos da caixa. Por fim, farejou
novamente o Froot Loops aos 3 min e 51 s e cavou novamente perto da
barreira aos 4 min e 16 s, ficando o resto da sessão explorando a caixa.
No GA, B1 cheirou o Froot Loops aos 35 s, explorou a caixa e aos 5 min
4 s cheirou o Froot Loops. Aos 6 min 53 s cavou longe da barreira e aos 7
min 43 s cavou perto da barreira. Continuou explorando a caixa, cavando
longe da barreira aos 9 min 18s. Aos 9 min 43 s cheirou novamente o Froot
Loops e cavou longe da barreira aos 10 min. B2 farejou o Froot Loops duas
vezes, aos 37 s e 50 s. Explorou a caixa e depois cavou perto da barreira aos
2 min e 2 s, em seguida cavou longe da barreira aos 2 min 15 s. Cheirou
o Froot Loops aos 3 min 16 s, explorou a caixa e cavou longe da barreira
aos 4 min 4 s. Cavou perto da barreira aos 4 min 41 s, farejou o Froot
Loops aos 5 min 16 s e cavou longe da barreira aos 7 min 8 s. B3 cheirou
o Froot Loops cinco vezes (aos 20 s, 43 s, 1 min 16 s, 2 min 39 s e 2 min 50
s) enquanto explorava a caixa. Cavou longe da barreira quatro vezes (3
min 38 s, 7 min 50 s, 8 min 17 s e 8 min 35 s). B4 explorou a caixa, cheirou
o Froot Loops aos 1 min 3 s e 1 min 42 s. Explorou a caixa e aos 3 min 21
s cavou longe da barreira; continuou explorando caixa e cheirou o Froot
Loops aos 5 min 16 s. Cavou perto da barreira aos 7 min 20 s e voltou a
cheirar o Froot Loops aos 8 min 40 s e aos 9 min 10 s.

Fase 7: Reexposição ao Campo Aberto


A Figura 4 apresenta o desempenho individual na medida de veloci-
dade. Durante a reexposição ao campo aberto a velocidade média do GC
foi 8,9 (DP = 8,35) cruzamentos/s e no GA 10,9 (DP = 4,80) cruzamentos/s.
Durante a segunda exposição dos animais ao campo aberto (Fase 7)
aplicou-se o teste de Shapiro-Wilk para testar a normalidade e o cruza-
mento central foi a única medida que se distribuiu de forma normal (GA:
W = 0,630, p = 0,001; GC: W = 0,630, p = 0,001). As demais variáveis não se
distribuíram de forma normal: cruzamento total (GC: W = 0,901, p = 0,435;
GA: W = 0,949, p = 0,711) cruzamento na periferia (GC: W = 0,905, p = 0,455;
RBTCC 24 (2022) 14

GA: W = 0,946, p = 0,689), tempo nos quadrantes centrais (GA: W = 0,630,


p = 0,01; GC: W = 0,630, p = 0,01), tempo nos quadrantes periféricos (GA:
W = 0,630, p = 0,01; GC: W = 0,630, p = 0,01) e velocidade (GC: W = 0,901;
p = 0,435; GA: W = 0,949; p = 0,711). Através do teste de Mann-Whitney
não foi observada diferença significativa entre os grupos em nenhuma das
variáveis (cruzamento total: U = 7; p = 0,886, cruzamento central: U = 7,5;
p = 0,886, cruzamento na periferia: U = 7; p = 0,886, tempo nos quadrantes
centrais: U = 6; p = 0,686, tempo nos quadrantes periféricos: U = 6; p = 0,686
e velocidade: U = 7; p = 0,886).
Também foi feita comparação intragrupos para os valores de velo-
cidade e tempo disposto no quadrante central, com o teste de Wilcoxon.
Não foi encontrada diferença para o GC (velocidade: Z = -0,730; p = 0,465;
tempo disposto no quadrante central: Z = -1; p = 0,317) e GA (velocidade:
Z = -0,730; p = 0,465; tempo disposto no quadrante central: Z = -1; p = 0,317).

Discussão

No presente estudo, observamos efeito do tratamento farmacológico


(cafeína) sobre a probabilidade de ocorrência de solução no problema
usando o modelo de cavar e escalar. Verificou-se que a administração de
cafeína dificultou a resolução do problema, uma vez que nenhum animal
do GA apresentou solução, enquanto a maioria do GC o fez. Apenas o A4
do GC não resolveu o problema, possivelmente devido a alguma variável
estranha durante a fase de treino, dado o longo período desta fase (e.g.,
Leonardi, Andery & Rossger, 2011) ou alguma idiossincrasia do animal
não identificada em nossa linha de base. Nascimento (2021) e Araújo et
al. (2019) verificaram diferentes taxas de resolução em grupos que esta-
vam sobre efeito de outras variáveis farmacológicas (álcool e ayahuasca,
respectivamente), demonstrando uma variação de acordo com a droga
ingerida e assim, uma sensibilidade do modelo a esses três tipos de drogas.
Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos quanto
à linha de base do campo aberto e à aquisição do treino discriminativo.
Dessa maneira, pode ser inferido que eventuais diferenças na taxa de reso-
lução não tenham sido originadas por uma diferença basal na locomoção,
ansiedade inata ou na efetividade do treino discriminativo utilizado em
sinalizar uma situação de disponibilidade de alimento, sendo, portanto,
um possível efeito da cafeína. Adicionalmente, não foi observado efeito
da cafeína sobre o comportamento no teste de campo aberto, indicando
que seu impacto sobre a probabilidade de solução não foi secundário a
alterações na locomoção ou níveis de ansiedade nos animais.
Fazendo uma análise do controle de estímulos nas fases de treino e
teste, podemos sugerir uma diferença entre os estímulos discriminativos
(Sd) que controlaram a resposta de cavar em ambas as fases. Durante a fase
de treino podemos inferir que os animais estavam sobre controle do cheiro
do Froot Loops no fundo da caixa; dessa forma, o cavar era direcionado à
localização do Froot Loops provavelmente guiado pelo odor do cereal. Na
RBTCC 24 (2022) 15

fase de teste, por outro lado, a resposta de cavar deveria ficar sobre controle
da escada (ou outro estímulo presente na segunda câmara), estímulo que
controla o segundo elo da cadeia de resolução, a resposta de escalar. Assim,
os animais cavariam para a outra câmara e não para o fundo da caixa.
Dessa forma, a nova cadeia de resolução seria emitida pela generali-
zação funcional entre os estímulos cheiro do Froot Loops e escada. Essa
relação foi discutida por Knaus (2021), que demonstrou que aquisição de
controle da escada sobre o comportamento locomotor e de cavar de ratas foi
condição necessária para a ocorrência da resolução do problema. A autora
colocou que o tratamento administrado aos animais antes da situação de
teste (corticosterona a 10 mg/kg e metirapona a 50 mg/kg) possivelmente
perturbou a generalização funcional entre estímulos por meio de efeitos
no eixo HPA e níveis circulantes de corticosterona inferidos (Knaus, 2021),
ocorrendo prejuízo tanto em níveis muito baixos quanto muito altos. Uma
vez que a administração de cafeína em ratos tem o efeito conhecido de
aumentar os níveis séricos de corticosterona (Pollard, 1988), é possível que
o mesmo fenômeno tenha sido observado no presente estudo.
A generalização de estímulos parece não ter acontecido nos animais do
GA, já que nenhum deles resolveu o problema. Esse grupo emitiu diversas
respostas de cheirar o Froot Loops (que estava inacessível, em um andar
acima), seguido pela resposta de cavar em direção ao fundo da caixa. Esse
padrão também foi observado no animal A4 do GC. Ou seja, o cheiro do
Froot Loops ainda controlava a resposta de cavar e não houve a generali-
zação necessária para resolver o problema, indicada também pela ausência
de mudança na topografia do cavar. Epstein et al. (1985b) argumentaram
que o processo de generalização funcional é necessário para resoluções
súbitas, o que os autores chamam de insight.
Desta forma, a cafeína a 30 mg/kg apesar de não possuir efeito em
uma aprendizagem direta e gradual de novos comportamentos (Angelucci
et al., 2002), parece afetar negativamente a probabilidade de aparição de
aprendizagens emergentes.
Outro motivo pelo qual a administração aguda da cafeína pode ter
dificultado a resolução do problema pode ter relação com o fato de que o
problema a ser resolvido no experimento envolver comportamento mo-
tivado por alimento. Alguns estudos indicam que a cafeína pode exercer
função inibidora de apetite, entretanto ainda não existem dados conclu-
sivos sobre isso (Schubert et al., 2017). De qualquer forma, se este for o
caso, estudos posteriores com este mesmo procedimento, e com a mesma
administração de cafeína, porém com reforçadores não alimentares, podem
produzir resultados distintos, bem como também fornecer mais dados
sobre o eventual papel de inibidor de apetite da cafeína. Outro aspecto
a ser melhor investigado é o momento de inserção da cafeína, depois da
fase de teste e durante os treinos de respostas, para assim ampliar nossos
conhecimentos sobre os efeitos da cafeína, em diferentes momentos da
história, sobre a aprendizagem emergente.
RBTCC 24 (2022) 16

Para além das limitações já apontadas, esse trabalho evidenciou uma


sensibilidade do modelo a cafeína e que essa droga parece alterar o pro-
cesso de resolução de problemas quando administrada de forma aguda,
possivelmente por afetar a generalização funcional entre estímulos con-
trole durante a tarefa.

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