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ARTIGO DE REVISÃO

Características biomecânicas da articulação escapulotorácica


no retorno da elevação dos membros superiores:
uma revisão da literatura
Biomechanical characteristics of the scapulothoracic joint while lowering the arms:
a literature review

Eva Guedes Cota1, Christina Danielli Coelho de Morais Faria2

RESUMO
Observações clínicas indicam que os indivíduos com disfunções no da articulação escapulotorácica envolvem a combinação de rotação
complexo articular do ombro descrevem o movimento de retorno da inferior (eixo perpendicular ao plano da escápula), inclinação anterior
elevação dos membros superiores (MMSS) como mais doloroso que a (eixo medial-lateral) e rotação interna (eixo vertical) seja o retorno rea-
elevação. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão da literatura lizado no plano frontal (retorno da abdução), sagital (retorno da flexão)
sobre as características biomecânicas da articulação escapulotoráci- ou no plano escapular. Dessa forma, o retorno da elevação dos MMSS
ca no retorno da elevação dos MMSS em indivíduos saudáveis e com resulta em reversão dos movimentos escapulotorácicos que ocorrem
disfunções no complexo articular do ombro. Para isso, foram realiza- durante a elevação, mas apresenta diferenças significativas nas posi-
das pesquisas nas bases de dados MedLine (PubMed), LILACS, Scielo ções angulares da articulação escapulotorácica em relação à elevação,
e PEDRo seguida de busca manual e, após análise de um total de 232 principalmente para os movimentos de rotação interna e inclinação
estudos encontrados, 14 foram selecionados por atenderam aos crité- anterior. A escassez de estudos que avaliaram as características biome-
rios de inclusão previamente estabelecidos. Desses, oito investigaram cânicas da articulação escapulototácica em indivíduos com disfunções
características cinemáticas, seis características eletromiográficas, sendo no complexo articular do ombro limita a compreensão da cinemática e
que dois estudos investigaram as duas características associadas e ape- atividade muscular nessa população específica.
nas dois apresentaram resultados relacionados a indivíduos com dis-
funções no complexo articular do ombro. Os resultados desses estudos Palavras-chave: Biomecânica, Escápula, Membros Superiores,
demonstraram que, durante o retorno, os movimentos tridimensionais Eletromiografia

ABSTRACT
Clinical observations have shown that subjects with disorders of the shoul- of the scapulothoracic joint involved a combined movement of downward
der joint complex describe the lowering of the arms to be more painful than rotation (axis perpendicular to the scapular plane), anterior tilt (medial-
their elevation. The relevance of the scapulothoracic joint is important in lateral axis), and internal rotation (vertical axis) in the frontal (lowering of
understanding the kinematics and muscle activity in the shoulder joint arm abduction), sagittal (lowering of arm flexion), and scapular planes.
complex, as well as the specific features of the arm-lowering movement. Thus, the lowering of the arms is considered to be a reverse movement of
Therefore, the aim of this study was to conduct a critical review of the bio- the scapulothoracic movements during arm elevation. However, there are
mechanical characteristics of the scapulothoracic joint during the lowering significant differences in angular positions of the scapulothoracic joint
of the arms in healthy subjects and in subjects with shoulder disorders. A when compared to arm elevation, especially in the downward rotation and
computerized search was performed in MEDLINE, SCIELO, LILACS and PE- tilt movements. The isolated muscular activity and the co-activation of the
Dro databases. Manual searching was then done and, after analyzing the scapulothoracic muscles gradually lessen during the lowering of the arms
232 studies that were found, 14 remained eligible to be included according and show lower magnitude than during the elevation phase. The scarcity of
to the inclusion criteria previously established. Of these, eight investigated studies that assess the biomechanical characteristics of the scapulothoracic
kinematic characteristics and six, electromyographical characteristics. Two joint in individuals with shoulder disorders limits the understanding of kine-
studies analyzed both characteristics, and only two gave results related matics and muscle activity in this specific population.
to individuals with shoulder disorders. The results of these studies showed
that during the lowering of the arms, the three-dimensional movements Keywords: Biomechanics, Scapula, Upper Extremity, Electromyography

1 Fisioterapeuta, Especialista em Ortopedia pela Universidade Federal de Minas Gerais.


2 Fisioterapeuta, Professora Adjunta do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Minas Gerais.
DOI: 10.11606/issn.2317-0190.v18i2a103622

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA


Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Minas Gerais
Christina Danielli Coelho de Morais Faria • Av. Antônio Carlos, 6627 • Belo Horizonte / MG • Cep 31270-901
E-mail: cdcmf@ufmg.br

« Recebido em 10 de Fevereiro de 2011, aceito em 31 de Abril de 2011 »


Cota EG, Faria CDCM.
ACTA FISIATR. 2011; 18(2): 83 – 90 Características biomecânicas da articulação escapulotorácica no retorno da elevação dos membros superiores: uma revisão da literatura

Estudos prévios descreveram e encontra- nas bases de dados eletrônicas pesquisadas.


ram diferenças significativas entre os movimen- Foram excluídos estudos em que a avaliação
INTRODUÇÃO tos de elevação e retorno dos MMSS, os quais dos participantes foi realizada em decúbito,
A articulação escapulotorácica compõe o com- se caracterizaram por reversão dos movimentos estudos em que os participantes apresentavam
plexo articular do ombro e consiste na escápu- que ocorrem durante a elevação.6,7 Dessa forma, prótese no complexo articular do ombro e em
la e nos músculos que cobrem a superfície da a compreensão das características biomecâni- que houve restrição do movimento da articu-
parede torácica posterior. Esses músculos atu- cas da articulação escapulotorácica durante o lação escapulotorácica, como, por exemplo,
am na escápula e auxiliam no controle de seus retorno da elevação dos MMSS é importante pelo uso de “tapping.” Restrição do movimen-
movimentos durante a realização de atividades para ampliação do conhecimento sobre os mo- to consiste em não permitir que a articulação
funcionais que envolvem o uso dos membros vimentos humanos, principalmente, em uma re- e músculos associados se movam através da
superiores (MMSS).1,2 Essa estrutura é con- gião essencial ao desempenho funcional, como amplitude completa de movimento.11
siderada uma articulação funcional por não o complexo articular do ombro.1,2 A seleção dos estudos a serem incluídos na
apresentar as características anatômicas co- Vários estudos têm investigado as caracte- presente revisão foi realizada em cinco etapas
muns às demais articulações, como união por rísticas biomecânicas da articulação escapu- distintas. A primeira etapa consistiu em reali-
tecidos cartilaginosos ou sinoviais. lotorácica durante a elevação dos MMSS5-8 e zar buscas nas bases de dados selecionadas. Na
Entretanto, a descrição dos movimen- recentes revisões da literatura têm contribuído segunda etapa, foi realizada a leitura dos títulos
tos da escápula em relação ao tórax são re- para a consolidação do conhecimento com de todos os estudos encontrados e excluídos
alizados como se fossem segmentos ósseos relação às características biomecânicas, princi- aqueles que não atendiam aos critérios de in-
unidos devido à associação interdependente palmente da cinemática e atividade muscular, clusão previamente estabelecidos. Na terceira
entre a escápula e as articulações esternocla- durante a elevação dos MMSS.9,10 Entretanto, etapa, foi realizada a leitura crítica dos resumos
vicular e acromioclavicular.2 o movimento de retorno é tão importante dos artigos para confirmar se atendiam aos
A integração entre os MMSS e o tórax for- quanto o de elevação, já que sucede o mesmo e critérios de inclusão. A quarta etapa consistiu
necida pelo complexo articular do ombro per- apresenta associação com queixas específicas na leitura completa dos estudos selecionados
mite grande amplitude de movimento para rea- dos indivíduos.6,7 nas etapas anteriores. A quinta e última etapa
lizar o alcance e posicionar as mãos para atender consistiu na busca manual, utilizando as refe-
às demandas funcionais dos indivíduos.3,4 Essas rências de todos os artigos incluídos na etapa
demandas de mobilidade necessitam de uma anterior. Todas as etapas foram realizadas por
base estável dinamicamente que é promovida OBJETIVO dois avaliadores independentemente, sendo
pelas características de movimentos conjuntos O objetivo deste estudo foi realizar uma revi- ambos fisioterapeutas.
que ocorrem entre as articulações do complexo são da literatura sobre as características bio-
do ombro e pela ação coordenada da muscula- mecânicas da articulação escapulotorácica no
tura. A estabilidade dinâmica do complexo arti- retorno da elevação dos MMSS em indivíduos
cular do ombro é mantida pelo fato das estrutu- saudáveis e com disfunções no complexo arti- RESULTADOS
ras dependerem mais da ação muscular do que cular do ombro. Na primeira etapa, a pesquisa realizada retor-
da integridade das estruturas articulares.2 A ati- nou 232 estudos no total, sendo 177 citados
vação simultânea dos músculos escapulotoráci- na base de dados Medline (PubMed), 21 na
cos (como os músculos levantador da escápula, PEDro, 14 na Scielo e 20 na LILACS, sendo
porções ascendente, transversa e descendente MÉTODO que 222 estudos eram diferentes. Na segunda
do trapézio, rombóides e serrátil anterior) con- Foram realizadas pesquisas nas bases de dados etapa da seleção, foram excluídos 128, restan-
tribui para a mobilidade e estabilidade do om- MedLine (PubMed), LILACS, Scielo e PE- do 94 estudos para leitura dos resumos. Após
bro as quais são necessárias durante atividades Dro para a busca de estudos que avaliaram ca- a terceira etapa, foram excluídos 79 estudos,
funcionais.1,2 Alterações na coordenação entre racterísticas biomecânicas da articulação esca- restando 15 para leitura dos textos na íntegra.
pares musculares sinérgicos podem conduzir a pulotorácica durante o retorno da elevação dos Desses estudos, foram excluídos três na quarta
modificações na cinemática escapular e nos pa- MMSS. Foram elaboradas estratégias de busca etapa. Na quinta etapa, foram selecionados três
drões de recrutamento muscular.5 específicas para cada uma das bases de dados estudos através de busca manual, sendo exclu-
Considerando observações clínicas de que usando a combinação das seguintes palavras- ído um por não estar disponível por nenhum
os indivíduos com disfunções no complexo do chave: “lowering of the arms”, “elevation of the método de acesso até o desenvolvimento desta
ombro descrevem o movimento de retorno da arms”,”adduction of the arms”, biomechanics, Ki- revisão. Dessa forma, esta revisão foi realizada
elevação dos MMSS, principalmente em am- nematics, kinetics, electromyography, “muscular com um total de 14 estudos.
plitude intermediárias, como mais dolorosos activity”, movement, “motion analysis”, “scapulo- As características dos estudos seleciona-
que a elevação, o estudo das características humeral rhythm”, scapula e scapulothoracic. dos foram apresentadas na Tabela 1. Como
biomecânicas da articulação escapulotorácica Os critérios de inclusão dos estudos foram pode ser observado neste quadro, o primeiro
durante o movimento de retorno dos MMSS os seguintes: ter realizado a avaliação de algu- estudo encontrado que investigou o retorno da
pode contribuir para a tomada de decisões ma característica biomecânica da articulação elevação dos MMSS foi publicado em 1990.12
clínicas adequadas e específicas. Além disso, escapulotorácica no retorno da elevação dos Todos os estudos incluídos na presente revi-
permite compreender a cinemática e a ação da MMSS em indivíduos saudáveis e /ou com são apresentaram avaliação do movimento de
musculatura estabilizadora da escápula duran- disfunções no complexo articular do ombro, retorno da elevação dos MMSS de forma di-
te a atividade muscular excêntrica que ocorre ter sido publicado nos idiomas inglês, espa- nâmica.6-8,12-22 Além disso, em todos os estudos
no retorno da elevação dos MMSS.6 nhol, francês ou português até agosto de 2010 que apresentaram os desfechos cinemáticos,

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foi utilizado o sistema eletromagnético para a


avaliação 6,7,8,18,16,20,21,19 e em todos os estudos Tabela 1 - Características dos estudos que apresentaram investigação das características biomecânicas
que apresentaram os desfechos de atividade da articulação escapulotorácica durante o retorno da elevação dos membros superiores

muscular foi utilizada a eletromiografia de su-


perfície 12-15,17,19,20,22 (Tabela 1). Desfechos
Estudo Método de Medida Dados Cinemáticos
Os dados eletromiográficos foram apre- Biomecânicos
sentados considerando a quantidade de ativa- Bull ML, et al Eletromiografia de superfície Retorno do movimento de Atividade EMG do músculo TA e
(1990)12 durante o movimento elevação máxima no plano porção inferior do músculo SA
ção isolada dos músculos analisados a partir dinâmico escapular e no plano sagital
do percentual de contração isométrica vo- Filho JG, et al Eletromiografia Retorno do movimento de Atividade EMG isolada dos
luntária máxima (% CIVM) em quatro estu- (1991)13 de superfície elevação máxima no plano músculos TT, TA e TD
dos14,15,17,22 e a quantidade de ativação simul- durante o escapular e no plano sagital
movimento dinâmico
tânea (co-ativação) entre músculos sinérgicos
Borstad JD, Medida tridimensional Retorno do movimento de Inclinação anterior/ posterior,
em três estudos.13,17,19 Ludewig PM dinâmica – Sistema elevação no plano escapular: rotação superior/ inferior,
Entretanto, a forma como a atividade simul- (2002)6 eletromagnético ADM: 120º- 40º rotação interna/externa
tânea foi operacionalizada foi diferente em um Ângulos de mensuração: 120º,
100º, 80º, 60º e 40º
dos estudos19 que apresentou os dados eletro-
McClure PW, Medida tridimensional Retorno do movimento de Inclinação anterior/ posterior,
miográficos como percentual da atividade ele- et al (2004)7 dinâmica – Sistema elevação no plano escapular rotação superior/ inferior,
tromiográfica integrada (%EMGI), sendo a ati- eletromagnético ADM: 147º-11º rotação interna/externa
Retorno do movimento de
vidade eletromiográfica calculada baseando-se elevação no plano sagital:
na EMGI de 100% para cada músculo na ampli- ADM: 153º-16º
tude de 120º ao máximo de elevação, enquan- Faria CDCM, et al Eletromiografia Retorno da elevação completa Atividade EMG isolada
to os outros estudos utilizaram o percentual da (2008)14 de superfície no plano escapular Fases: (% CIVM) dos músculos SA, TT,
durante o inicio-150º,150º-120º TA e TD
contração isométrica voluntária máxima.14,15,17,22 movimento dinâmico 120º-90º, 90º-60º
Cinemática e atividade muscular da arti- 60º-30º, 30º - final
culação escapulotorácica durante o retorno Faria CDCM, Eletromiografia Retorno da elevação completa Atividade EMG
da elevação dos membros superiores em in- et al (2008)15 de superfície no plano escapular isolada (% CIVM) dos
durante o Fases:inicio-150º músculos SA, TT,
divíduos saudáveis movimento dinâmico 150º-120º,120º-90º TA e TD
A cinemática e/ou atividade muscular esca- 90º-60º ,60º-30º Coativação dos pares TA/ SA
pulotorácica durante o retorno da elevação dos 30º - final e TT/ SA
MMSS em indivíduos saudáveis foi investigada Braman JP, Medida tridimensional Retorno da elevação para Inclinação anterior/ posterior,
et al (2009)16 dinâmica – Sistema alcançar objeto em prateleira rotação superior/ inferior,
em 10 estudos7,8,12-14,16,19-22 que são apresenta- eletromagnético alta sem restrição do plano de rotação interna/externa
dos na Tabela 2, sendo que dois desses estudos movimento
avaliaram tanto a cinemática quanto a atividade ADM: 150º- 0º
muscular,19,20 quatro apenas a cinemática7,8,16,21 e Ludewig PM, Medida tridimensional Retorno da elevação no plano Inclinação anterior/ posterior,
et al (2009)8 dinâmica – Sistema escapular, no plano sagital rotação superior/ inferior,
quatro apenas a atividade muscular.12,13,14,22 eletromagnético (retorno da flexão) e no plano rotação interna/externa
Seis estudos avaliaram a cinemática da ar- frontal (retorno da abdução)
ticulação escapulotorácica e descreveram os ADM: 120º - mínimo.
movimentos tridimensionais da escápula du- Szucs K, et al Eletromiografia de superfície Retorno da elevação máxima Atividade normalizada pela
(2009)17 durante o movimento no plano escapular: pré e pós CIVM dos músculos serrátil
rante o retorno da elevação dos MMSS.7,8,16,19-21 dinâmico tarefa de fadiga anterior, porção ascendente
Em síntese, todos esses estudos demons- Ângulos: 120º, 90º, 60º e 30º e descedente do músculo
traram que, durante o retorno, ocorreram os trapézio. Coativação (relação
da ativação média entre SA/
movimentos de rotação inferior, através do eixo TS, SA/TI e TS/TI)
perpendicular ao plano da escápula, inclinação Borstad JD, Medida tridimensional Retorno da elevação máxima Inclinação anterior/ posterior,
anterior, pelo eixo medial-lateral, e rotação in- et al (2009)18 dinâmica – Sistema no plano escapular: pré e pós rotação superior/ inferior,
terna, através do eixo vertical, durante os movi- eletromagnético tarefa de fadiga rotação interna/externa
Ângulos: 120º, 90º, 60º e 30º
mentos realizados no plano frontal (retorno da
Yoshizaki K, Medida tridimensional dinâmica Retorno da elevação completa Rotação superior/inferior
abdução dos MMSS), sagital (retorno da flexão et al (2009)19 – Sistema eletromagnético no plano escapular Atividade EMG (%IEMG) dos
dos MMSS) e no plano escapular.7,8,16,19,21 Eletromiografia de superfície músculos TS e TD e porção
No início do retorno da elevação dos durante o movimento dinâmico inferior do músculo SA

MMSS ocorre aumento da rotação interna Ebaugh DD, Medida tridimensional Retorno da elevação completa Inclinação anterior/ posterior,
Spinelli BA dinâmica – Sistema no plano escapular em tarefa rotação superior/ inferior,
escapular em relação ao tórax, através do eixo eletromagnético de alcance sentado em cadeira rotação interna/externa
(2010)20
vertical, que se mantém ao longo do movimen- Eletromiografia de superfície (sem contato com a escápula) Atividade EMG dos músculos
to, progredindo com leve aumento da rotação durante o movimento dinâmico Ângulos: 130º, 90º, 50º e 30º TA, TD e SA

externa ao término do retorno.7,8,16 Yano Y, et al Medida tridimensional Retorno da elevação completa Inclinação anterior/ posterior,
(2010)21 dinâmica – Sistema no plano escapular rotação superior/ inferior,
McClure PW, et al7 compararam os eletromagnético rotação interna/externa
movimentos de elevação e retorno dos
GC: Grupo Controle; SI: síndrome do impacto; CIVM: contração isométrica voluntária máxima;
MMSS, encontrando diferença na orienta- SA: Serrátil Anterior, TT: Trapézio Transverso; TA: Trapézio Ascendente; TD: Trapézio Descendente; SI: síndrome do impacto,
ção escapular entre esses dois movimentos, EMG: atividade eletromiográfica, EMGI: atividade eletromiográfica integrada
sendo,em média, 5º maior no retorno para o

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movimento de rotação superior durante am- ram uma relação de 0.37º de rotação inferior Por outro lado, Ludewig PM, et al 8 relata-
plitudes médias de retorno da elevação de escapulotorácica para cada grau de movi- ram maior inclinação posterior da escápula, em
60º e 120º nos planos sagital e frontal. Bra- mento umeral durante o retorno e 0.43º de média de 2º, durante o retorno quando compa-
man et al,16 avaliaram a relação entre a eleva- rotação superior na elevação, indicando que rado à elevação. Esses autores também compara-
ção glenoumeral e a rotação superior esca- maior contribuição da articulação escapulo- ram os movimentos de retorno da elevação nos
pular durante os movimentos de elevação e torácia ocorreu durante a elevação quando planos frontal, sagital e escapular, encontrando
retorno dos MMSS. Esses autores encontra- comparado ao retorno. maior rotação interna da articulação escapulo-

Tabela 2 - Resultados dos estudos que apresentaram as características biomecânicas da articulação escapulotorácica
durante o retorno da elevação dos membros superiores em indivíduos saudáveis

Estudo Resultados
Bull ML, et al Apenas análise descritiva: Diminuição gradativa da atividade EMG da porção ascendente do músculo trapézio e da porção inferior do músculo serrátil anterior.
(1990)12 Retorno da elevação no plano escapular:
TA: atividade EMG cessou no término do retorno em 13 participantes ou antes do término em 12 participantes
Porção inferior de SA: atividade EMG cessou antes do término da adução
Retorno da flexão no plano sagital:
TA: a atividade EMG cessou no término da extensão em 13 participantes ou antes do término em 12 participantes
Porção inferior de SA: atividade EMG cessou antes do término, com exceção de dois participantes.
Nos casos em que ambos os músculos cessaram a atividade EMG antes do término, a atividade da porção inferior de SA
cessou antes de TA nos movimentos de retorno da elevação no plano escapular e de retorno da flexão.

Filho JG, et al Apenas análise descritiva: Diminuição gradativa da atividade EMG de todas as porções do músculo trapézio durante
(1991)13 o retorno do movimento de elevação máxima no plano escapular e no plano sagital (retorno da flexão)

McClure PW, et al Apenas análise descritiva: Reversão dos movimentos de rotação superior rotação externa e inclinação posterior durante o
(2001)7 retorno da elevação no plano escapular, no plano sagital (retorno da flexão) e no plano frontal (retorno da abdução)
Plano escapular: reversão dos movimentos de rotação superior
Em média (DP): 50º (4,8), rotação externa em média: 24º(12,8) e inclinação posterior em média: 30º( 13) no plano escapular
Orientação escapular maior, em média de 5º, sendo maior para o movimento se rotação superior aos 120º e 60º
de posicionamento umeral no retorno, independente do plano de realização do movimento

Faria CDCM, et al SA: atividade EMG média de 27,44 ± 10,21% da CIVM


(2009)22 TA: atividade EMG média de 18,43 ± 8,0% da CIVM
TT: atividade EMG média de 11,89 ± 7,0% da CIVM
TD: atividade EMG média de 19,82 ± 16,98% da CIVM
TA/TT/TD: média de 3,14 ± 1,31% da CIVM
TA/SA: média de 6,86 ± 1,78% da CIVM
TT/SA: média de 4,89 ± 1,92% da CIVM
Diferença estatisticamente significativa entre quantidade de atividade EMG isolada e coativação (p<0,001) e diferença significativa
entre cada par sinérgico (p<0,002). Descritivamente, houve diminuição progressiva da coativação no retorno e aumento
durante a elevação. A quantidade de coativação foi significativamente diferente entre elevação e retorno (p<0,002).

Braman JP, et al Descritivamente, houve aumento da rotação interna escapular do inicio do retorno até 130º
(2009)16 de posicionamento glenoumeral, seguido por gradual redução da rotação interna escapular.
Estatisticamente, não houve diferença significativa entre elevação e retorno para rotação interna e inclinação posterior.
Valor mínimo de 33,2º± 5,2 e máximo 42,8º ± 8,7 (p< 0,05) para rotação interna. Redução do movimento de inclinação posterior
com inclinação anterior máxima de -11,8º ± 4,9 aos 15º e inclinação posterior máxima de 9,8º ± 7,5º aos 145º de posicionamento umeral.

Yoshizaki K, et al Retorno do movimento de rotação superior em média de 32,2º ± 5,6º para o lado dominante e 31,8º ± 5,8º para o lado não dominante.
(2009)19 Não houve diferença estatisticamente significativa para o movimento de rotação superior entre lados.
Descritivamente, houve declínio gradual da atividade EMG de todos os músculos e atividade EMG menor, quando
comparado à elevação. Houve diferença estatisticamente significativa na atividade EMG da porção descendente do
músculo trapézio entre lado dominante e não dominante (p<0,049), sendo menor no lado não dominante.

Ebaugh DD, Rotação externa escapular significativamente maior (p<0,01) em média 3,3º no retorno, quando comparado à elevação. Não
Spinelli BA houve diferença significativa entre as fases de elevação e retorno para rotação superior e inclinação posterior
(2010)20 Quantidade de atividade EMG durante o retorno significativamente menor dos músculos serrátil anterior, em média 48,9+/- 6,1 mV, porção
ascendente do trapézio, em média 71,8 +/- 13,2 mV e porção descendente do trapézio, em média 45,3 +/- 12,3 mV, em relação à elevação.
Redução de 61%, 42% e 39% na atividade EMG para as porções ascendente e descendente do músculo trapézio e do músculo serrátil anterior, respectivamente.

Yano Y, et al (2010)21 Reversão dos movimentos de rotação superior em média de 37,6 ± 7.2º no lado dominante e 44,8 º ± 6.8 no lado não
dominante; rotação interna em média de 37,9±- 6,5º no lado dominante e 39,5 ± 5,9 no lado não dominante; inclinação
posterior em média de 36,8 ±12,2º para o lado dominante e de 37,1 ± 12º no lado não dominante.
Não houve diferença estatisticamente significativa entre os lados para rotação superior (p=0,24), inclinação posterior (p=0,07) e rotação interna (p=0,98)
Fase terminal do retorno:
Escápulas bilaterais rodaram superiormente em 9 participantes, ocorrendo mais movimento
articular glenoumeral e menos movimento escapular (tipo glenoumeral).
Escápulas bilaterais não rodaram inferiormente em 4 participantes, ocorrendo mais movimento articular escapular e menos movimento
glenoumeral ( tipo escapulotorácico). Em 8 participantes ocorreram movimentos distintos entre lado dominante e lado não dominante.
Diferença significativa entre os dois tipos de movimento glenoumeral e escapulotorácico (p<0,02).
Vinte e seis ombros tipo glenoumeral e dezesseis ombros tipo escapulotorácico.

DP: desvio padrão, EMG: eletromiografia, SA: Serrátil Anterior, TT: Trapézio Transverso; TA: Trapézio Ascendente; TD: Trapézio Descendente

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torácica durante o retorno da flexão (diferença mente.22 A quantidade de coativação foi signi- Cinemática e atividade muscular
média de 7º) e menor rotação interna durante o ficativamente menor que a atividade muscular da articulação escapulotorácica
retorno da abdução dos MMSS (diferença mé- isolada, com diminuição progressiva de ambas durante o retorno da elevação
dia de 7.5º) em relação ao plano escapular. durante o movimento de retorno. Além disso, dos membros superiores em
Yano Y, et al 21 identificaram dois tipos os níveis de coativação de cada grupo sinérgico indivíduos com disfunções no
distintos de movimento escapular no térmi- foram significativamente diferentes durante o complexo articular do ombro
no do retorno em indivíduos saudáveis, que retorno dos MMSS.22 Dois estudos6,15 investigaram características
consistiram na presença de rotação superior e Um dos estudos evidenciou que a ativida- biomecânicas, sendo que um deles investigou
ausência de rotação superior escapular. Esses de muscular da porção ascendente do músculo a cinemática 6 e o outro a atividade muscular
autores também identificaram dois tipos de trapézio e da porção inferior do músculo serrá- escapulotorácica,15 durante o retorno da eleva-
movimentos durante a elevação e o retorno til anterior cessou antes do término do retorno ção dos MMSS em indivíduos com disfunções
dos MMSS: escapulotorácico e glenoume- em alguns participantes. Nesses casos a ativi- no complexo articular do ombro (Tabela 3). Os
ral. O primeiro tipo se caracterizou por mais dade do músculo serrátil anterior cessou antes dois estudos6,15 que investigaram esses desfe-
movimento escapular e menos movimento da porção ascendente do músculo trapézio.12 chos durante o retorno da elevação dos MMSS
glenoumeral, enquanto o tipo glenoumeral se Em três estudos14,19,21 houve a comparação compararam indivíduos saudáveis com indiví-
caracterizou por menos movimento escapular da cinemática e da quantidade de atividade duos com síndrome do impacto no ombro.
e mais movimento glenoumeral.21 A atividade muscular da articulação escapulotorácica en- Borstad & Ludewig6 avaliaram a cinemáti-
muscular escapulotorácica foi investigada em tre lados dominante e não dominante. Em dois ca escapular durante o retorno dos MMSS em
seis estudos.12-14,19, 20,22 estudos14,21 não foi encontrada diferença signi- trabalhadores sintomáticos e assintomáticos
Em síntese, todos eles demonstraram que ficativa entre lados com relação à cinemática 21 com exposição a realização de trabalho acima
ocorreu declíneo gradual da quantidade de e à atividade muscular,14 mas em um estudo19 da cabeça. Os autores desse estudo compa-
atividade eletromiográfica dos músculos esta- houve diferença significativa entre o lado do- raram a orientação escapular em diferentes
bilizadores da escápula (trapézio ascendente, minante e o não dominante para a atividade posições glenoumerais (120º, 100º, 80º, 60º
transverso, descendente e serrátil anterior) eletromiográfica. A atividade da porção des- e 40º) e evidenciaram diferenças significa-
durante o retorno da elevação dos MMSS no cendente do músculo trapézio foi menor no tivas na rotação interna escapular durante o
plano escapular, além de menor quantidade de lado não dominante quando comparado ao retorno aos 100º de posicionamento umeral,
atividade eletromiográfica quando comparado lado dominante durante o retorno.19 ocorrendo, em média, 1.2º a mais desse mo-
ao movimento de elevação. vimento em ambos os grupos. O grupo com
Faria CDCM, et al14 não encontraram di- Cinemática e atividade muscular síndrome do impacto apresentou alteração
ferenças significativas na atividade muscular da articulação escapulotorácica significativa na cinemática da articulação es-
(% CIVM) da porção ascendente do músculo durante o retorno da elevação capulotorácica quando comparado ao grupo
trapézio nas fases entre os ângulos de 150º e dos membros superiores após de indivíduos assintomáticos, em média, 1.8º
90º na qual houve níveis similares de atividade tarefa de fadiga a mais de rotação interna apenas no posicio-
muscular com redução significativa da ativida- De acordo com a literatura pesquisada, dois es- namento glenoumeral de 120º quando com-
de eletromiográfica nas demais fases do retorno tudos17,18 avaliaram o retorno da elevação dos parado ao grupo controle durante o retorno
da elevação dos MMSS. A porção transversa do MMSS em uma condição especial de avaliação da elevação dos MMSS.6
músculo trapézio apresentou maior similarida- da cinemática18 e da atividade muscular17 após Faria et al15 compararam a atividade mus-
de na quantidade de atividade muscular entre uma tarefa de fadiga da musculatura escapulo- cular isolada dos músculos serrátil anterior e
todas as fases durante o retorno, ocorrendo di- torácica. A tarefa de fadiga que precedeu a ava- porções ascendente, transversa e descendente
ferença significativa apenas nas fases entre inicio liação das características biomecânicas duran- do músculo trapézio e a coativação dos pares
do retorno até o ângulo de 90º e de fases entre te o retorno da elevação consistiu em manter sinérgicos serrátil anterior / porções ascen-
60º e o término do movimento. isometricamente a posição de “push-up”, modi- dente e serrátil anterior / porção transversa
A atividade da porção descendente do mús- ficada por apoiar os pés em “step” com a inten- do músculo trapézio durante o retorno entre
culo trapézio também foi estudada pelos autores, ção de manter a relação angular de 90º entre a indivíduos saudáveis e com síndrome do im-
demonstrando redução significativa na quantida- posição do úmero e o tronco.17,18 pacto no ombro durante o retorno. Os autores
de de atividade eletromiográfica nas fases entre o Borstad et al, evidenciaram que a tarefa de não encontraram diferença significativa entre
inicio do retorno até 90º e do ângulo de 90º ao fadiga contribuiu significativamente para o au- grupos na atividade eletromiográfica isolada
término do movimento de retorno e nas fases mento na quantidade de rotação interna e redu- de todos os músculos avaliados e na coativação
entre 90º ao término do movimento. O músculo ção da quantidade de inclinação posterior nos da porção ascendente do músculo trapézio /
serrátil anterior apresentou a maior redução na maiores ângulos de posicionamento glenoume- serrátil anterior.
quantidade de atividade eletromiográfica, sendo ral durante o retorno da elevação dos MMSS. Foram evidenciadas diferenças estatistica-
o único músculo que apresentou diminuição sig- Os autores também encontraram efeito signifi- mente significativas entre os grupos na coativa-
nificativa dos níveis de atividade eletromiográfica cativo do tempo nesses movimentos, indicando ção entre os músculos trapézio transverso / ser-
entre todas as fases analisadas.14 que a tarefa contribuiu para aumentar a taxa de rátil anterior, sendo significativamente menor
A coativação entre pares sinérgicos for- rotação interna e inclinação da articulação es- no grupo com síndrome do impacto. Houve
mados pelos músculos serrátil anterior e as cápulotorácica durante o retorno. Entretanto, redução na atividade eletromiográfica durante o
porções ascendente, descendente e transversa não houve interação ou efeitos principais signi- movimento completo de retorno dos membros
do músculo trapézio foi investigada em outro ficativos entre a tarefa de fadiga e o movimento superiores em ambos os grupos e lados, exceto
estudo dos mesmos autores citados anterior- de rotação inferior da escápula.18 entre as fases de 150º e 120º e 120º e 90º.15

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mente durante o movimento de retorno da


Tabela 3 - Resultados dos estudos que apresentaram as características biomecânicas da articulação escapulotorácica elevação dos MMSS.12-14,19,20,22
durante o retorno da elevação dos membros superiores em indivíduos com disfunções do complexo articular do ombro A quantidade de atividade eletromiográfi-
ca durante o retorno foi menor quando com-
Estudo Resultados parado a fase de elevação.14,19,20,22
Borstad JD & Não houve diferença estatisticamente significativa para rotação Os estudos que avaliaram os movimentos
Ludewig PM superior/ inferior entre elevação e retorno. tridimensionais da articulação escapulotoráci-
Grupo sintomático apresentou aumento estatisticamente significativo
(2002)2
na rotação inferior aos 40º e 60º do posicionamento glenoumeral na fase
ca em indivíduos saudáveis evidenciaram que
excêntrica (p<0,05), quando comparado ao grupo assintomático. as suas posições angulares entre os movimen-
Nenhum grupo apresentou efeito de fase ou de interação com fase para os ângulos de 40º, 60º ou 80º. tos de elevação e retorno apresentam diferen-
Aumento significativo da rotação interna no posicionamento umeral aos 100º
em ambos os grupos (1,2º, erro padrão de 0,5º; p<0,05) e no ângulo de 120º
ças, principalmente para os movimentos de ro-
somente no grupo sintomático (1,8º, erro padrão de 0,5º; p<0,05). tação interna e inclinação anterior, e o retorno
Redução significativa na inclinação anterior em ambos os grupos aos 120 (p<0,0001), resulta em reversão dos movimentos que ocor-
100º (p< 0,0001) e 80º (p<0,001).
Com redução média de 2,7º, 2,5º, 1,3º e erro padrão médio de 0,45º, 0,45º e 0,35º,
rem durante a elevação dos MMSS.7,8,16 Em in-
respectivamente. Não houve diferença significativa entre grupos para inclinação anterior. divíduos com síndrome do impacto no ombro
Faria CDCM, et al Não houve diferença estatisticamente significativa entre grupos, entre lados foram encontradas diferenças significativas no
(2008)15 e entre grupos e lados para a atividade EMG de todos os músculos. movimento de rotação interna e rotação infe-
Nenhuma diferença significativa da atividade EMG isolada dos músculos serrátil rior durante o retorno da elevação dos MMSS.6
anterior e porções descendente, transversa e ascendente do músculo trapézio.
Diferenças estatisticamente significativas entre grupos para coativação de TT/SA (p=0,02). Borstad & Ludewig6 evidenciaram aumen-
Nenhuma diferença significativa entre lados e nenhuma interação significativa entre grupos e lados. to significativo na rotação interna escapular no
Descritivamente, houve redução gradual da coativação TT/SA
com diferenças estatisticamente significativas entre fases (p<0,013) , exceto entre as fases 2 e 3
ângulo glenoumeral de 120º e na rotação infe-
(p=0,06). Nenhuma diferença significativa na coativação da porção ascendente rior nos ângulos 40º e 60º de posicionamento
do músculo trapézio e do músculo serrátil anterior. Não houve diferenças entre lados, glenoumeral em trabalhadores sintomáticos
nem interação significativas entre grupos e fases, lados e fases ou grupos, lados e fases.
com síndrome do impacto expostos a realiza-
SA: Serrátil Anterior, TT: Trapézio Transverso; TA: Trapézio Ascendente; TD: Trapézio Descendente ção de atividade ocupacionais acima da cabeça
quando comparados a indivíduos assintomáti-
cos. Esses resultados sugerem que mecanismos
biomecânicos que alteram os movimentos da
mecânicas da articulação escapulotorácica no articulação escapulotorácica durante o retorno
retorno da elevação dos MMSS, nos últimos estão presentes em indivíduos com disfunções
DISCUSSÃO anos, têm crescido o número de estudos que no complexo articular do ombro. O movimen-
As características biomecânicas da articulação avaliaram ambos os movimentos de elevação to do acrômio em direção anterior é um me-
escapulotorácica durante o retorno da elevação e retorno da elevação dos MMSS. Possivel- canismo que favorece o impacto de tecidos e
dos MMSS reportadas pelos estudos incluídos mente, este aumento no interesse pelo mo- redução do espaço subacromial, como ocorre
nesta revisão da literatura foram a cinemática vimento de retorno da elevação dos MMSS no movimento de rotação interna escapular.6
e a atividade muscular. A cinemática permite possa ser justificado pelo fato de que observa- A atividade dos músculos serrátil ante-
a descrição dos movimentos, podendo incluir ções clínicas indicam mudanças perceptíveis rior e porções transversa, descendente e as-
variáveis como tipo de movimento (rotação ou na cinemática da articulação escapulotoráci- cendente do músculo trapézio declinou gra-
translação), localização (planos frontal, sagital ca e que indivíduos com disfunções no com- dualmente durante o retorno, apresentando
ou transverso), direção e quantidade de movi- plexo do ombro descrevem o movimento de padrões específicos de atividade eletromio-
mento (deslocamentos ou velocidade angular).2 retorno da elevação dos MMSS como mais gráfica.14,15,22 A quantidade de atividade mus-
A atividade muscular avaliada por meio da ele- doloroso que a elevação.6,7,15 cular na fase de retorno foi menor quando
tromiografia permite registrar e quantificar a Segundo os resultados dos 14 estu- comparado a fase de elevação.
ação muscular isolada e os padrões de contração dos6,7,8,12-22 incluídos nesta revisão, os movi- De acordo com Faria et al,14 esses resulta-
e relaxamento de vários músculos agindo simul- mentos tridimensionais da articulação escapu- dos podem estar relacionados com a diferen-
tâneamente durante os movimentos. Quando lotorácica durante o retorno da elevação dos ça no tipo de contração muscular. Durante o
usada em combinação com medidas cinéticas MMSS envolvem a combinação de rotação movimento de retorno da elevação, a contra-
e/ou cinemáticas, como instrumentação para inferior, inclinação anterior e rotação interna. ção excêntrica que ocorre tem parte da ener-
mensuração de torque e sistemas de análise O movimento predominante foi a rotação gia proveniente de componentes elásticos, os
do movimento, esses estudos fornecem maior inferior da escápula6-8,16 e foi observada gran- quais não são quantificados pela eletromiogra-
compreensão da função muscular.23 de variabilidade entre os estudos na descrição fia de superfície. Além disso, durante a ativida-
Apenas em 1990 foi publicado o primei- do movimento de rotação interna da escápu- de muscular concêntrica, as forças gravitacio-
ro estudo12 sobre o retorno da elevação dos la,6-8,20,21 possivelmente pelas características nais estão resistindo ao movimento, enquanto
MMSS, enquanto o primeiro estudo sobre dos participantes, planos em que foram ava- na atividade muscular excêntrica elas assistem
a elevação dos MMSS foi publicado em liados os movimentos e as fases selecionadas o movimento dos MMSS, reduzindo a deman-
1944,24 o que ilustra um atraso importante na durante o movimento de retorno da elevação da de atividade muscular.14
investigação das especificidades relacionadas dos membros superiores.7,8,16,19-21 A atividade eletromiográfica de todos os
ao retorno da elevação. Apesar da escassez de A atividade muscular e co-ativação dos músculos no início da elevação parece ser di-
estudos que avaliaram as características bio- músculos escapulotorácicos reduz gradual- ferente da atividade no término do retorno,

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apresentando um padrão reverso ao da eleva- miográfica entre as fases do ínicio do retorno indivíduos a atividade do músculo serrátil an-
ção com maior ativação muscular no inicio e até 90º e do ângulo de 90º ao término do movi- terior cessou antes da porção ascendente do
menor ativação no final do retorno.14 De acor- mento.14 De acordo com a localização do centro músculo trapézio ascendente. Dessa forma, a
do com Faria et al,14 isso pode estar relacio- instantâneo de rotação, o trapézio descendente atividade muscular reduzida ou ausente desses
nado ao tipo de contração muscular em cada tem maior braço de força rotatória acima do ân- músculos pode contribuir para aumentar a ro-
movimento, a diferenças cinemáticas, às rela- gulo de 90º de posicionamento glenoumeral. tação inferior no término do retorno.
ções entre o comprimento do braço de força Entretanto, Faria et al,14 encontraram dife- A fadiga muscular é uma condição que
rotatória muscular e o centro instantâneo de renças significativas da atividade eletromiográ- pode contribuir para o desequilíbrio na ação
rotação descritos por Bagg & Forrest.25 fica da porção descendente entre as fases de 90º dos músculos da articulação escapulotorácica
Considerando as descrições biomecânicas ao término do retorno, indicando a ação da por- e disfunções cinemáticas associadas.18 Ela re-
realizadas por Bagg & Forrest,25 durante a ele- ção descendente até o término do movimento duz a capacidade do músculo de produzir força
vação, o centro instantâneo de rotação inicial- de retorno da elevação dos MMSS. A porção e a atividade eletromiográfica costuma aumen-
mente localiza-se próximo à raiz da espinha da transversa do músculo trapézio apresentou lon- tar a medida que o músculo se fadiga porque,
escápula e gradualmente, com a elevação dos go platô, indicando maior similaridade entre as na tentativa de manter o nível de tensão ativa
membros superiores, desloca-se em direção à fases. Diferenças significativas de atividade ele- no músculo, outras unidades motoras são re-
região da articulação acromioclavicular. Essa tromiográfica da porção transversa do músculo crutadas para compensar a força de contração
mudança altera o comprimento do braço de trapézio foram encontradas entre fases do início diminuída das fibras fatigadas.23
força rotatória dos músculos escapulotorácicos. ao ângulo de 90º e entre 60º e o término do mo- Dois estudos avaliaram a cinemática18 e ati-
O músculo serrátil anterior é o único que se vimento de retorno dos MMSS.14 vidade muscular17 após tarefa de fadiga em indi-
mantém em vantagem mecânica durante todo O único estudo encontrado que compa- víduos saudáveis, que consistiu em manter iso-
o movimento de elevação, o que pode explicar rou atividade muscular isolada e coativação metricamente a posição de “push-up”. A tarefa
o aumento progressivo em sua atividade eletro- entre indivíduos com e sem síndrome do im- de fadiga aumentou a quantidade de rotação in-
miográfica25 ao longo da elevação dos MMSS. pacto foi realizado por Faria CDCM, et al15 Os terna e reduziu a inclinação posterior nos maio-
Inicialmente, o músculo serrátil anterior autores evidenciaram diferenças significativas res ângulos glenoumerais durante o movimento
e a porção ascendente do músculo trapézio entre grupos somente na quantidade de coati- de retorno da elevação dos MMSS.18
apresentam comprimento adequado do braço vação do par de músculos trapézio transverso/ A tarefa contribuiu para o aumento na ati-
de força para realizar rotação superior da es- serrátil anterior, cuja coativação foi significa- vidade eletromiográfica do músculo trapézio
cápula. Entretanto, a mudança do centro ins- tivamente menor durante o movimento de ascendente nos ângulos glenoumerais de 120º,
tantâneo de rotação em direção a articulação retorno nos indivíduos com síndrome do im- 90º e 60º durante o retorno da elevação dos
acromioclavicular após 90º de elevação ume- pacto, exceto entre os ângulos de 150º e 90º.15 MMSS e houve redução significativa na coa-
ral reduz o comprimento do braço de força Entretanto, os autores do estudo não avaliaram tivação do par sinérgico serrátil anterior/tra-
da porção ascendente do músculo trapézio e a coativação entre os músculos serrátil anterior pézio descendente após a tarefa.17
aumenta o da porção descendente do músculo e trapézio descendente. Considerando a literatura pesquisada nes-
trapézio. Portanto, o pareamento de forças en- Borstad & Ludewig6 encontraram aumen- ta revisão, é evidente a necessidade de padro-
tre os músculos serrátil anterior/porção ascen- to significativo da rotação interna em indiví- nização da terminologia usada para a descrição
dente do trapézio no inicio da elevação altera duos com síndrome do impacto no ângulo dos movimentos da articulação escapulotorá-
gradualmente para o pareamento entre serrá- de 120º de posicionamento glenoumeral, que cica devido à variabilidade entre os estudos.
til anterior/ porção descendente do trapézio leva a maior deslocamento posterior da borda A Sociedade Internacional de Biomecâ-
ao final do movimento completo de elevação medial. Esses autores também evidenciaram nica26 apresenta recomendações para a pa-
umeral em pessoas saudáveis.25 A atividade ele- aumento significativo da rotação inferior aos dronização desses termos, considerando o
tromiográfica apresenta-se similar quando o 40º e 60º de posicionamento glenoumeral no movimento da escápula em relação ao tórax.
músculo não tem braço de força rotatória. 25 grupo sintomático, quando comparado ao gru- Recentes estudos que avaliaram a cinemática
O músculo serrátil anterior apresenta van- po assintomático. escapulotorácica têm utilizado essas recomen-
tagem mecânica durante todas as fases do mo- A rotação inferior da escápula durante o dações,8,16 enquanto outros estudos conside-
vimento de retorno, mesmo com a mudança retorno da elevação dos MMSS é realizada, ram o movimento da articulação escapulotorá-
do centro instantâneo de rotação. Isso explica principalmente, pelos músculos trapézio as- cica em relação à coluna vertebral.21,19
a diminuição significativa da atividade eletro- cendente e serrátil anterior.2 Em condições em Devido à variação da terminologia, deve-se
miográfica entre todas as fases do retorno.14 O que são avaliados os movimentos funcionais discernir corretamente a referência usada para
comprimento do braço de força das diferentes como no retorno da elevação dos MMSS, os descrição dos movimentos de rotação interna
porções do músculo trapézio difere devido à músculos não se contraem isoladamente. e rotação externa da escápula. Esta revisão da
mudança na localização do centro instantâneo De acordo com Faria et al, 15 a coativação literatura utilizou as recomendações da So-
de rotação. A porção ascendente do músculo eletromiográfica de pares sinérgicos deve ser ciedade Internacional de Biomecânica26 para
trapézio apresenta atividade muscular similar considerada ao comparar grupos de indivídu- a descrição dos movimentos da articulação
nas fases entre os ângulos de 150º e 90º nas os com e sem síndrome do impacto, pois a ati- escapulotorácica. Outra limitação encontrada
quais sua posição não apresenta vantagem me- vidade muscular isolada pode não representar nos estudos incluídos nesta revisão foi a va-
cânica, com redução significativa nas demais características clínicas e funcionais relevantes. riabilidade das posições de avaliação e planos
fases do retorno da elevação dos MMSS.14 A Um estudo 12 evidenciou que a atividade mus- de movimento, que foram padronizados em
porção descendente do músculo trapézio apre- cular ao término do retorno varia entre indi- alguns estudos14,15,22 enquanto em outros estu-
sentou redução significativa na atividade eletro- víduos saudáveis e evidenciou que em alguns dos 16,20 não houve padronização e consistiu na

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realização de atividades funcionais. A ausência disfunções no complexo articular do ombro, 13. Guazzelli Filho J, Furlani J, Freitas V. Electromyo-
graphic of the trapezius muscle in free movements
de padronização nas posições de avaliação e além de fornecer informações objetivas sobre of the arm. Electromyogr Clin Neurophysiol.
planos de movimento limita a comparação dos sinergias musculares presentes durante os 1991;31(2):93-8.
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Comparisons of electromyographic activity of scapular
Além disso, é importante apontar que A ausência de padronização das posições muscles between elevation and lowering of the arms.
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racterísticas biomecânicas da articulação terminologias para descrever os movimentos, 15. Faria CDM, Teixeira-Salmela LF, Goulart FRP, Mo-
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escapulotorácica em indivíduos com disfun- planos de movimento e métodos de análise re- impingement syndrome during lowering of the arms.
ções no complexo articular do ombro limita presentam limitações para avaliação dos movi- Clin J Sport Med. 2008; 18(2):130-6.
a compreensão da cinemática e atividade mentos escapulares e limita a comparação entre 16. Braman JP. Engel SC, LaPrade RF, Ludewig PM. In
vivo assessment of scapulohumeral rhythm during
muscular nessa população específica. Além os estudos. Além disso, os métodos de avaliação unconstrained overhead reaching in asymptomatic
de terem sido encontrados apenas dois es- da cinemática escapular têm custo elevado, difi- subjects. J Shoulder Elbow Surg. 2009; 18(6):960-7.
tudos6,15 que investigaram as características cultando sua utilização na clínica. Futuras pes- 17. Szucs K, Navalgund A, Borstad JD. Scapular muscle
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ca em indivíduos com disfunções no com- os planos de movimento e realizar a avaliação 18. Borstad JD, Szucs K, Navalgund A. Scapula kinema-
plexo articular do ombro, ambos incluíam associada da cinemática com a ativação muscu- tic alterations following a modified push-up plus task.
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�����������
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