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PALAVRAS DE

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Ciencias Humanas
^

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e Sociais Aplicadas
em diálogo com a

N
Matemática
diálogo com a Matemática

JULIANA FACANALI
PATRÍCIA FURTADO
P
Obra específica: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas em
IA
ELIAS EVANGELISTA GOMES
ELIANE PEREIRA
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IA
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PALAVRAS DE

D
Ciencias Humanas
^

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e Sociais Aplicadas

N
em diálogo com a
Matemática
P
Obra específica: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas em
diálogo com a Matemática
IA
Juliana Facanali
Licenciada em Matemática (Unicamp-SP)
Mestra em Educação Matemática (Unicamp-SP)
Professora de Matemática na Educação Básica

Patrícia Furtado
Graduada e licenciada em Matemática (PUC-SP)
Mestra em Ensino da Matemática (PUC-SP)
Professora de Matemática na Educação Básica e no Ensino Superior
U

Elias Evangelista Gomes


Graduado e licenciado em Ciências Sociais (UFMG)
Mestre e doutor em Educação (FEUSP)
Professor de Sociologia no Ensino Superior
G

Eliane Pereira
Graduada em Comunicação Social (UnB)
Mestra em Ciências Humanas (FFLCH-USP)
Jornalista com experiência em mídias impressas e audiovisuais

São Paulo – 1ª edição – 2020


Coordenação Editorial Cândido Grangeiro, Palavras de Ciências Humanas e

D
Ebe Spadaccini Sociais Aplicadas em diálogo com
Edição Cátia Akisino a Matemática
© Juliana Facanali, Patrícia
Edição de Texto Caio Marabesi, Daniel Zungolo (MP), Furtado, Elias Evangelista Gomes,
Tatiana Martins Elaine Pereira
Apoio Editorial Felipe Seriacopi © Para esta edição: Palavras

L
Revisão Simone Garcia (coordenação), Projetos Editoriais Ltda.
Ana Paula Felippe,
Todos os direitos reservados
Juliana Biggi,
Ana Cortazzo, Fátima Rodrigues
Projeto Gráfico Estúdio 5050com Todas as imagens e os textos
Simone Scaglione Borges citados neste livro têm o fim

N
Matheus Spada Zati exclusivo de contribuir com a
aprendizagem dos estudantes.
Diagramação e Edição dos Gráficos Walmir Santos
Foram tomadas todas as
Ilustrações Eduardo Borges ações necessárias para obter a
Cartografia Allmaps autorização de uso e publicação,
Pesquisa Iconográfica Tempo Composto bem como para fazer a correta
Érika Freitas, Monica de Souza, citação dos devidos créditos.

P
Victoria Lopes Caso, porém, alguma alteração
seja necessária, colocamos-nos
Licenciamento de Textos Tempo Composto prontamente à disposição.
Monica de Souza, Bárbara Pinardi,
Victoria Lopes
Foto de Capa TODOS OS DIREITOS
Impressão e Acabamento RESERVADOS:
IA
Palavras Projetos Editoriais Ltda.
Rua Padre Bento Dias Pacheco, 62,
Pinheiros - CEP: 05427-070
São Paulo – SP
Tel.: +55 11 3673-9855
palavraseducacao.com.br
Contato e correspondência
Rua Descalvado, 51, Sumaré
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CEP: 01256-070 - São Paulo – SP


Tel.: +55 11 3673-9855

Em respeito ao meio ambiente,


as folhas deste livro foram
produzidas com fibras obtidas de
G

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com o ISBD


árvores de florestas plantadas,
P154   Palavras de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas em com origem certificada.
diálogo com a Matemática / Juliana Facanali ... [et al.]. - São
Paulo : Palavras Projetos Editoriais, 2020.
il. ; 20,5cm x 27,5cm.
Inclui índice e bibliografia.
ISBN: 978-65-990071-3-2 (professor)
ISBN: 978-65-990071-4-9 (estudante)

1. Ciências Sociais. 2. História. 3. Geografia. 4. Sociologia. 5.
Filosofia. 6. Matemática. I. Facanali, Juliana. II. Furtado, Patrícia.
III. Gomes, Elias Evangelista. IV. Pereira, Eliane. V. Título.

CDD 400
2020-1957 CDU 3

Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410


Índice para catálogo sistemático:
1. Ciências Sociais 300
2. Ciências Sociais 3

2
Apresentação

D
A cada quatro anos, os brasileiros vão às urnas escolher seus representantes,
definindo muitos dos rumos da política. Todos os dias as pessoas realizam certas

L
tarefas para garantir a própria sobrevivência, e isso ajuda a definir a organização
da sociedade. Para sobreviver, essas pessoas fazem compras, pagam impostos e
movimentam a economia.
Esses exemplos são fenômenos estudados pelas Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas. Mas como a realidade não é compartimentada por áreas, em todos

N
esses casos é preciso lançar mão de conhecimentos matemáticos para analisar,
interpretar dados e construir propostas.
E esse livro foi concebido assim: estabelecendo um diálogo entre conteúdos de
Ciências Humanas Sociais Aplicadas e Matemática e suas Tecnologias para ana-
lisar aspectos sociais e estimular reflexões que contribuam para uma sociedade

P
mais democrática, inclusiva, justa e menos desigual.
Foi com muito carinho que nós nos reunimos para dar forma a esse livro. O
trabalho integrado de diferentes áreas do conhecimento, das Humanas à Matemá-
tica, das Ciências da Natureza às Linguagens, está no nosso cotidiano e é possível
ser realizado na educação escolar. Cumprimos o desafio de pensar novas possibi-
lidades de educar. Assim, com esse livro, esperamos contribuir para o seu desen-
IA
volvimento pessoal e coletivo, com a sua turma. Acreditamos em vocês!
Desejamos um bom trabalho!
Toda a equipe deste livro!
U
Folhapress
G

3
Conheça seu livro

D
O livro tem quatro unidades, cada uma dividida em dois
capítulos e formadas por um texto base leve com conteúdo
em permanente diálogo com os boxes, imagens e atividades.

L
2 O mundo do trabalho
UNIDADE

Laurentiu Iordache/Depositphoto/Fotoarena
Reflexões
Este livro, a caneta que você está usando, o lugar em que

N
você deve estar nesse momento... Olhe à sua volta: a maior
parte do que te cerca é resultado do trabalho de alguém.
Pessoas que aplicaram algum tipo de recurso (imaginação,
força, tempo, dinheiro...) para alterar a natureza. O trabalho
permeia o nosso cotidiano e é baseado em um conjunto de
relações complexas, que podemos estudar lançando mão
de conhecimentos da História à Matemática, passando pela
Economia e Sociologia.
Com um grupo de colegas, converse:
• O que está no seu cotidiano que não é fruto do trabalho?
• Quantas pessoas participaram da elaboração do que
você tem ao seu dispor e que não veio diretamente da

Você vai estudar...


natureza?
• Que tipo de retorno ou, em outras palavras, que remune-
ração essas pessoas receberam para construir? Será que
essa remuneração foi justa?
• Será que todas essas pessoas compartilharam de forma

Lista os principais conceitos


igual os frutos do resultado desse trabalho?
• Anote as principais conclusões da conversa e comparti-
lhe com os colegas.

apresentados na Unidade.

P
Você vai estudar...

• Relações de trabalho.
• Um pouco de legislação trabalhista no Brasil.
• Jovens no mercado de trabalho.

Trabalhador executando serviço


de solda. Muitos objetos metálicos
que observamos precisam ser
soldados e para isso é necessária a
habilidade de um profissional.

56 57

Capítulo 1 Onde está o dinheiro?


IA
Construindo o cenário

Balança comercial. Produto Interno Bruto. Taxa básica


Mobilize seus conhecimentos
de juros. Superávit primário. Você já deve ter se deparado
Não deixe de rever com os
colegas: com essas e outras expressões que fazem parte de uma
• Formação da América espécie de dialeto dos economistas.
portuguesa
E, muito provavelmente, não entendeu o que estava sen-
• Produção da cana-de-açúcar
do dito, exatamente. Se isso aconteceu com você, não foi

Mobilize seus conhecimentos


• O conceito matemático
de razão e cálculos com exceção. É comum que jargões e palavras adotadas por
porcentagens
especialistas do mundo econômico soem inacessíveis até
• Juros, taxas de juros e juros
compostos mesmo para pessoas iniciadas no tema.
Entretanto, é importante compreender o que dizem os

Apresenta os conhecimentos
economistas, por mais impenetrável que o economês pos-
sa parecer. As ideias defendidas por profissionais desse
campo de conhecimento embasam políticas com impacto

prévios das áreas envolvidas


direto em nossas vidas.

Desafio

necessários para o Ao longo do capítulo vamos discutir como se estruturam


os principais setores produtivos do país – a agricultura, a
indústria e o setor de comércio e serviços – e como o re-

entendimento do capítulo. sultado econômico do que é produzido pode ser revertido,


por meio dos impostos, em políticas públicas como educa-
ção e saúde. Vamos ver quais segmentos da sociedade es-

Leituras tão mais sobrecarregados pela cobrança desses impostos


e o quanto isso impacta o equilíbrio da sociedade.
Essas questões costumam alimentar debates e disputas
U

políticas no país. Se uma pessoa está mais sobrecarregada

Textos importantes e ligados


que outra, mudar significa diminuir o peso de quem está
fazendo mais força, passando uma parte da carga para ou-
tras pessoas. É uma disputa árdua. Afinal, é muito raro que
as pessoas voluntariamente se disponham a abrir mão das

ao cotidiano para ampliar a


vantagens que adquiriram ao longo do tempo.
Nosso desafio nesta Unidade vai ser entrar nesse debate
escrevendo um artigo com uma proposta simplificada de
reforma tributária para reduzir as desigualdades no país.

visão do tema em estudo.


Nesse artigo, você vai precisar incluir a memória do cálculo
matemático que você fez para justificar sua proposta de
reforma fiscal.

18
G

Leituras

O trabalho ao longo da história


Até a Idade Média, o trabalho tinha má reputação. Então Martinho Lutero o pregou
como dever divino. Hoje, robôs ameaçam substituir a mão de obra humana, mas esta pode
ser uma oportunidade positiva para os humanos. [...]
Wikipedia/Wikimedia Commons

Desafio

Desafio!
Leia os textos indicados abaixo.
• Os temas 1 (Condições de Trabalho) e 2 (Organização Sindical) da Nota Técnica do DIEE-
SE sobre a reforma trabalhista aprovada em 2017, que está disponível em: <www.dieese.
org.br/notatecnica/2017/notaTec178reformaTrabalhista.html>. Acesso em: 22 ago. 2020.
• O capítulo Relações de Trabalho do Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022, da Confe-

Proposta para ser


deração Nacional da Indústria (CNI), sobre o mesmo tema, que está disponível em: <www.
portaldaindustria.com.br/cni/canais/mapa-estrategico-da-industria/fatores-chave/rela-
coes-de-trabalho/#tab-l-3>. Acesso em: 22 ago. 2020.
Em seguida, junte-se aos seus colegas de grupo para discutir os dois textos. Algumas ques-

executada durante o
tões podem ajudar na reflexão:
a) É possível notar as diferenças de abordagem de cada um desses textos? Quais?
b) O que pode levar duas análises sobre um mesmo tema serem tão diferentes entre si?

estudo dos capítulos e


Listem suas hipóteses.
Trabalhadores em casa de fundição. Óleo sobre tela, 194 cm × 144 cm. Museu Nacional de
Arte da Dinamarca, Copenhague, Dinamarca. c) Tome como referência um contrato de trabalho intermitente (detalhado no item 1.1.2 da
Nota Técnica do DIEESE) e calcule quantas horas uma pessoa precisa trabalhar nesse
regime de contrato para que os ganhos salariais sejam maiores que os gastos com
A serviço das máquinas

da Unidade. Atividades
a previdência social que ela precisa pagar (tomando como referência a contribuição
No século XVIII, começou a industrialização na Europa. Enquanto a população crescia, mínima que é paga pelas pessoas que ganham até um salário mínimo; a partir de 1o de
diminuía o espaço cultivável. As pessoas migraram para as cidades em busca de trabalho março de 2020, essa contribuição é de 7,5% do salário mínimo vigente).

em fábricas e fundições. Em 1850, muitos ingleses trabalhavam 14 horas por dia, seis dias • Comparativamente com outros países, entre 138 posições, o Brasil está na 114ª posi-

que podem envolver


ção no pilar Relações de Trabalho do Global, Competitiveness Report 2017-2018. A
por semana. Os salários mal davam para sobreviver. Descobertas como a máquina a vapor e meta é a melhoria no ranking quanto à relação entre empregados e empregadores.
o tear mecânico triplicaram a produção. Analise o gráfico a seguir e resolva as questões propostas.
Disponível em: <www.dw.com/pt-br/ a-evolu%C3%A7%C3%A3o-do-trabalho-ao-longo-da-
hist%C3%B3ria/g-39920480>. Acesso em: 20 ago. 2020.

pesquisa, debates e
Nota do Brasil na avaliação das relações empregado-empregador

5,50

Reflexões 5,00

formulação de hipóteses
Meta

1. Com base na leitura do texto, faça o que se pede. 4,50


4,50
a) O desenvolvimento tecnológico altera o mundo do trabalho. Reflita sobre possíveis des-
dobramentos negativos ou positivos do processo de mecanização e automatização das 3,95

e soluções ligadas ao
4,00 3,77
atividades.
3,57
b) Segundo o texto, quantas horas de trabalho por semana alguns ingleses realizavam em 3,50
1850?

tema da Unidade.
c) Estime a quantidade de pessoas de todo o mundo que foram vítimas do tráfico negreiro. 3,00
Walmir Santos

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

61 Tendência linear das 3 últimas


Nota Meta
observações da série

Fonte: CNI, com base em dados do WEF, 2017.


a) O que significa o valor 3,77 indicado no gráfico?
b) Determine uma equação da reta que pode ser ajustada para mostrar a tendência linear
dos últimos valores de modo que se atinja a meta estipulada.

72

4
D
Conexões

Conexões
Conexões filosóficas
• Pesquise os slogans de campanha das candidaturas de diferentes partidos para o governo
do Estado e para o Senado. Discuta os valores e as imagens que esses slogans pretendiam
transmitir.

Conexões geográficas

Possíveis

L
• Pesquise sobre as origens territoriais das candidaturas eleitas para a câmara municipal do
município, diferenciando no mapa do município aquelas com apelo local e regional.

Conexões históricas

abordagens em
• Para resgatar a memória, pergunte para pessoas conhecidas se elas se lembram de em Para ir além
quem elas votaram nas últimas eleições para os executivos e parlamentos municipais, dis-
tritais (DF), estaduais e federal.

Reprodução/The Othrs
Para ir além
Assista ao filme
• Pergunte se elas se lembram de ter votado em alguma mulher, alguma pessoa negra ou Privacidade Hackeada. (2019) 2h19min. Dir. Karim Amer.
indígena.

conexão com
Um documentário que discute os desafios presentes
nos nexos entre política e internet e seus impactos para a
Conexões matemáticas democracia e a privacidade das pessoas.
• Você sabia que o sistema eleitoral dos Estados Unidos é muito diferente do nosso? Tem

Indicações de sites,
curiosidade em entender como ele funciona? Para isso você pode pesquisar. Uma sugestão Assista ao clipe

outros ramos das


é começar pela leitura de um artigo que trata do sistema eleitoral americano do ponto de Ok Ok Ok – Gilberto Gil (2018)
vista estritamente matemático. Ele pode ser acessado no seguinte endereço eletrônico: Em um site de vídeos de sua preferência, assista ao clipe da música e busque compreen-
<http://gazeta.spm.pt/getArtigo?gid=1396>. Acesso em: 20 ago. 2020. der a letra e suas possibilidades de conversar sobre a nossa democracia e as opiniões das
pessoas.

vídeos e leituras
Conexões sociológicas

Ciências Humanas
Ouça a música
• Em sua família ou com pessoas conhecidas, questione quais são as estratégias utilizadas
para acompanhar os mandatos eleitos para os executivos e parlamentos municipais, distri- Tanto Faz – Tim Bernardes (2017)
tais (DF), estaduais e federais. Quais informações podem ser encontradas sobre as condu- Em um site de música de sua preferência, escute a música e procure pensar sobre a letra,

complementares ao
tas e posturas adotadas por pessoas eleitas? conectando aos debates sobre o Estado e a política.

e da Matemática.

N
Visite o site – Justiça Eleitoral
<http://www.justicaeleitoral.jus.br/>
A Justiça Eleitoral preparou um site criativo e interativo para você descobrir o mundo jurí-

estudo da Unidade.
dico das eleições e dos partidos políticos.

Visite o site – Vaza, Falsiane


<https://vazafalsiane.com/>
Para compreender o que são fake News e testar seu conhecimento a respeito do tema,
o site traz diferentes contribuições, reflexões e possibilidades de entendimento de maneira
dinâmica.

Leia os livros
• PANKE, Luciana. Campanha para mulheres: desafios e tendências. Curitiba: Editora UFPR,
2016.
O livro discute as diferentes imagens criadas pelas campanhas eleitorais feitas para mulhe-
res e os sentidos atribuídos às mulheres na política em diferentes países da América Latina.
118
• NASCIMENTO, Elisa Larkin. Abdias do Nascimento. (Grandes vultos que honram o Senado).
Brasília: Senado Federal, 2014.
O livro pode ser baixado gratuitamente no site do Senado Federal e aborda a trajetória de
vida e o trabalho legislativo do Senador Abdias do Nascimento, um intelectual pan-africa-
nista do Brasil.

P
119

brasileiras: soja, óleos brutos de petróleo, minério de ferro,

Ideias e conceitos carnes, celulose, açúcar e café. Esses produtos renderam ao


país US$ 120,3 bilhões; naquele ano, o valor total das expor-
tações brasileiras chegou a US$ 239,6 bilhões.
Cinco dos sete campeões de venda no mercado interna-

Informações cional são commodities agrícolas. Juntos eles respondem


por quase um terço das exportações brasileiras e fazem do
Brasil um dos maiores exportadores de alimentos do mun-

complementares
do. É essa característica que coloca a agricultura como um
setor tão importante para a economia do país.
IA
que facilitam a
Pauta concentrada

Fatia de sete commodities no total de exportação – em % Participação de cada


Reflexões
Walmir Santos

Soma dos sete produtos em relação ao total exportado produto no total

compreensão do Atividades de
60 2018 2017

51,4 17,06
49 49,7 50,2 Complexo soja
50 48,1 47,5 48,5 14,57
45,8 45,4
44 Óleos brutos 10,48
40 38,7 de petróleo 7,64

reflexão sobre o tema


8,43
31,9 33,1 33,6 Minério de ferro

texto.
30,7 31,8 31 8,82
30 28,8
25,2 5,95
Complexo carnes
6,93
20
Celulose 3,48
2,91

apresentado.
10 2,72
Açúcar
5,24
0 2,04
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Café 2,39

Fonte: Secex. Elaboração: Valor Data.

Ideias & Conceitos


O que são as commodities?
A tradução literal do termo inglês commodity é mercadoria. Na Economia, são chamados
commodities produtos que têm origem na natureza, como o petróleo, o milho ou a soja, e
que por terem baixo grau de processamento podem ser negociados por valores parecidos
em qualquer lugar do mundo, independentemente de onde tenham sido produzidos.

Os outros dois recordistas do mercado exter-


Reflexões
no também são commodities, mas têm origem na
4. De acordo com o texto e o grá- indústria extrativista mineral. Em mais de cinco
fico anteriores, faça uma estima- séculos de história, o produto mudou, mas o ex-
tiva do valor exportado em 2018
U

trativismo não saiu de cena. Começou com o pau-

Para o seu estudo


das três principais commodities
(soja, petróleo e minério de fer- -brasil, passou pelo ouro, pela borracha e hoje é
ro) separadamente. dominado pelo petróleo e pelo minério de ferro.

Em síntese 20

Indicações de material
Releitura dos conceitos complementar para se
abordados na Unidade, em aprofundar no tema.
resumo ou com questões que
revisam o tema.
G

b) A inflação diminui o poder de compra das pessoas. Explique o significado dessa


informação.
c) Suponha que um produto custe 10 reais. Com 100 reais você compra 10 unidades desse
produto (100 : 10). O preço desse produto teve um aumento de 100% devido à inflação.
i) Qual é o preço do produto após esse aumento?
ii) Com os mesmos 100 reais, quantas unidades desse produto você consegue comprar
agora?
Em síntese
iii) A quantidade de poder aquisitivo (quantas unidades se consegue comprar) é o seu
poder de compra. Qual foi a redução (%) do poder de compra que você teve?
que as famílias mais pobres pagaram de impostos. 6. Reúna-se com seu grupo, leiam o texto sugerido e debatam d) Em 2020, o real completou 26 anos. Segundo o matemático financeiro José Dutra Vieira
Com base no que você estudou e pesquisou, reflita e faça o que sobre as ideias propostas por ele. Sobrinho, os R$ 100,00 da época de seu lançamento (1º jul. 1994) valiam menos de
se pede. R$ 16,75 em julho de 2020. (Disponível em: <https://cointelegraph.com.br/news/real-
Reduzir as desigualdades está entre os Objetivos -turns-26-and-is-the-second-worst-currency-of-2020-with-devaluation-of-296>. Aces-
1. Em agosto de 2020, resultados preliminares do Ministério da de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda so em: 12 ago. 2020.)
Economia indicam que no ano as exportações totalizavam
2030 da ONU. i) Quantos por cento o real perdeu de seu poder de compra nesse período?
US$ 125,737 bilhões e as importações, US$ 93,657 bilhões. O
saldo da balança comercial do período foi superavitário ou Desigualdade de oportunidades. Desigualdade entre ge- ii) Em termos de poder de compra, quem guardou em casa R$ 1 milhão em 1994 teria o
deficitário? Por quê? rações. Desigualdade entre mulheres e homens. E, é claro, equivalente a quantos reais em julho de 2020?

2. No primeiro trimestre de 2020, com valores a preços corren- desigualdade de renda e de riqueza. Todas essas facetas da
tes, o Brasil teve a seguinte produção no setor agropecuário, desigualdade estão presentes em nossas sociedades e, infeliz-
R$ 119,691 bilhões; na indústria, R$ 305,45 bilhões; e no setor mente, estão aumentando em muitos países. [...] Ideias & Conceitos
de serviços, R$ 1.113,292 bilhões; e ainda recolheu R$ 264,988 Combater a desigualdade exige uma abordagem nova. Pri-
bilhões em impostos líquidos sobre os produtos. Calcule o PIB
meiro, é preciso repensar as políticas fiscais e a tributação pro- O que são PIB nominal, PIB real e indústria de
brasileiro a preços de mercado nesse trimestre.
gressiva. Para o seu estudo transformação?
3. Cerca de 15 milhões de pessoas estão envolvidas na produção
A tributação progressiva é um componente essencial de O PIB nominal é o PIB medido a preços correntes (tam-
agropecuária, sendo 10 milhões em agricultura familiar. Esses Estes dois artigos tratam
uma política fiscal eficaz. Nossos estudos mostram que é pos- bém chamados preços de mercado) do ano analisado, e
pequenos produtores familiares são responsáveis por cerca de da desindustrialização. Não
23% do faturamento do setor. sível elevar as alíquotas tributárias marginais no topo da distri- por isso considera o aumento de preços do período.
deixe de ler.
buição de renda sem sacrificar o crescimento econômico. • TEIXEIRA, Pedro. O PIB real é o PIB calculado a preços constantes, ou seja,
a) Calcule o faturamento relativo à produção da agricultura fa-
[...] reformar a estrutura da economia poderia apoiar os es- Desindustrialização sem considerar o aumento de preços. Desconta-se a in-
miliar no primeiro trimestre de 2020.
forços para combater a desigualdade ao reduzir os custos do diminui espaço do Brasil flação do período e apresenta-se essencialmente o cresci-
b) Verifique a área ocupada pelos produtores familiares e cal- mento físico da produção. Por desconsiderar as alterações
ajuste, minimizar as disparidades regionais e preparar os tra- na economia mundial.
cule a produção média por hectare dessas propriedades no de preços de mercado, o PIB real é tido como o indicador
balhadores para ocupar um número crescente de empregos 29 abr. 2019. Disponível
primeiro trimestre de 2020. mais consistente de mensuração do PIB.
em: <https://jornal.
verdes. [...] Muitos estudos sobre o PIB são focados no indicador a
4. Na década de 1980, o Brasil experimentou a maior taxa de pro- usp.br/atualidades/
dução do setor industrial, com 27,3% do PIB. Calcule qual foi a
Facilitar a mobilidade dos trabalhadores entre empresas, desindustrializacao- preços constantes (PIB real) porque o grau de industria-
participação do setor industrial no PIB durante o primeiro tri- setores e regiões minimiza os custos de ajuste e promove uma diminui-espaco-do-brasil- lização a preços de mercado está contaminado pela infla-
mestre de 2020. Quantos por cento decaiu a produção industrial recolocação rápida. Políticas de habitação, crédito e infraestru- na-economia-mundial/>. ção dos setores.
da década de 1980 para o início da década de 2020? tura podem ser úteis nesses sentido. Acesso em: 12 ago. 2020. A indústria de transformação é aquela que transforma um
Políticas e investimentos direcionados a determinadas áreas • CEDE. 2020. material primário em um produto final – uma mercadoria –
5. No Brasil, estima-se que existiam cerca de 211 milhões de pes-
Desindustrialização no ou em um produto intermediário, destinado a outra indús-
soas no início de 2020. geográficas podem complementar as transferências sociais já
Brasil é real e estrutural. tria de transformação. Fora dessa classificação ficam o setor
Programas como o Bolsa Família recebem poucos recursos e existentes.
Disponível em: <www3. agrícola e as indústrias extrativas (de vegetal ou mineral em
não conseguem abranger toda a população em situação de vul-
GEORGIEVA, Kristalina. Reduzir a desigualdade para gerar oportunidades. ONU. 8 eco.unicamp.br/cede/ estado natural). Embora as atividades de transformação se-
nerabilidade do Brasil. jan. 2020. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/artigo-reduzir-a-desigualdade-para- jam desenvolvidas em fábricas na maior parte das vezes, a
gerar-oportunidades/>. Acesso em: 12 ago. 2020. centro/146-destaque/508-
a) Em 2018, 25,3% da população vivia abaixo da linha de pobre- desindustrializacao-no- manufatura – atividade manual, como a artesanal, ou aquela
za. Supondo que tenha sido mantido esse porcentual, calcule Com base na agenda de possíveis medidas de governo que brasil-e-real-e-estrutural>. realizada em máquina caseira – também pode ser conside-
o número de pessoas que isso representa no início de 2020. você e seu grupo já elaboraram e considerando todas as con- Acesso em: 12 ago. 2020. rada como parte da indústria de transformação.
b) Se fosse instituído um programa de distribuição de meio sa- clusões que vocês desenvolveram até aqui, vocês vão finalizar
lário mínimo mensal para cada cidadão dessa faixa, qual seria o artigo que traduz a proposta simplificada de reforma tributá-
ria para reduzir as desigualdades no país idealizada pelo grupo. 30
o valor anual desse programa para o governo, com base no
Essa proposta pode contemplar uma mudança fiscal ou um pro-
salário mínimo de 2020?
grama social a ser implementado que melhore a desigualdade
c) Que porcentual do orçamento esse programa representaria, socioeconômica do país. Como justificativa, podem mostrar o
tomando como base o orçamento aprovado de R$ 3.808,6 bi- que vai melhorar, o número de pessoas que serão beneficiadas e
lhões para 2020? o custo do programa ou reforma.
52 53

5
Sumário

D
UNIDADE UNIDADE

1 Cenário
2 O mundo

L
socioeconômico, 16 do trabalho, 56

Capítulo 1  nde está


O Capítulo 3  rabalho e
T
o dinheiro? emprego no Brasil

N
Um pouco de história econômica ................ 19 Um pouco de história do trabalho .............. 59
A lógica de exportar .................................................19 As leis trabalhistas no Brasil:
As riquezas de um país ............................................21 a luta pela dignidade no trabalho ............... 62
Venda e compra, uma balança ........................... 24 A Consolidação das
Equilibrando o dinheiro ..........................................25 Leis do Trabalho – a CLT .............................. 64

P
Feijão e arroz: onde fica A “Nova CLT” ..............................................................65
a agricultura familiar? .................................. 26
O lugar da indústria ...................................... 28
A desindustrialização ...............................................28 Capítulo 4  utras relações
O
O sistema financeiro dita de trabalho
IA
o ritmo da economia ..................................... 31 O trabalho informal ...................................... 68
O setor de serviços e o mercado interno ....33 Juventude e trabalho ................................... 73
Empreendedorismo ou precarização ......... 75
Capítulo 2  iversidade e
D Os microempreendedores .................................... 76
desigualdade na
A Uberização .............................................................. 78
economia brasileira
Desemprego e concentração de renda ......80
A concentração da riqueza .......................... 35
U

A diversidade como palco Em síntese .................................................................. 81


da desigualdade ........................................................ 36
Os números da desigualdade .............................39
Tributos e tributados .................................... 42
O imposto de renda (IR) ....................................... 44
G

Orçamento público:
o destino dos tributos ..................................48
Políticas sociais e redistribuição
de renda ........................................................ 49
Bolsa Família ...............................................................49
Benefício de prestação continuada (BPC) ...50
Os investimentos sociais ....................................... 50
Devolvendo os tributos a quem contribui ..... 51

Em síntese ................................................................. 52
Walmir Santos

6
D
UNIDADE UNIDADE

3 Estado e
4 O lugar da educação, 120

L
representação política, 84

Capítulo 5 Sistema político brasileiro Capítulo 7 De olho na educação


O sistema eleitoral majoritário .................... 87 Censo Escolar ...............................................123

N
O sistema eleitoral proporcional .................88 O direito à educação ...................................124
Política, participação e internet ..................90 Cenários de desigualdades .........................126
Composição de bancadas parlamentares ...91 Os jovens e a educação ...............................128
Pesquisas de opinião pública ...................... 95 Escolarização ...............................................129

P
Pesquisas de intenção de voto .......................... 95 Analfabetismo ...............................................131
Principal motivo de não
frequentar escola ou creche .......................133
Capítulo 6  olítica, representatividade
P Abandono escolar ........................................134
e interseccionalidade no A comparação entre o
IA
Brasil Brasil e o mundo ..........................................135
Juventude .................................................... 103 Financiamento da educação ...................... 137
Os jovens nas eleições ..........................................105
Mulheres na política ....................................107
Protagonismo negro .................................... 111 Capítulo 8  ducação com
E
Cotas nas eleições .................................................... 113 inclusão social
Galeria da História ....................................... 114 Incluir quem educa ......................................143
U

Povos indígenas .........................................................114 Avançar sem deixar ninguém


Mulheres ........................................................................114 para trás ...................................................... 144
Negras e negros ........................................................115 As ações afirmativas ...................................146
Pessoas com deficiência .......................................116 Inclusão das pessoas
G

LGBTQIA+ .....................................................................116 com deficiência ........................................... 150

Em síntese ...............................................................117 Em síntese .............................................................. 153


Wikipedia/Wikimedia Commons

7
Introdução

D
Compreender o cenário econômico ou temas como o mundo do trabalho não
é tarefa fácil, para ninguém. Entre os principais desafios das Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas encontra-se, justamente, oferecer a você um instrumental que
o habilite a essa leitura da realidade, para uma tomada de decisão segura e ética

L
diante dos muitos desafios que a vida nos coloca. Mas saiba, a Matemática e suas
Tecnologias também carrega consigo esse atributo, de ajudar você a compreen-
der de forma ampla os fenômenos sociais, por mais complexos que sejam.
Esse livro foi pensado e construído com esse objetivo, de estabelecer um diá-
logo entre essas duas importantes áreas do conhecimento, para facilitar a leitura

N
deste nosso mundo e, ao mesmo tempo, perceber que por detrás dos números,
gráficos, dados, estatísticas existem apenas – e tão-somente apenas – pessoas
com seus dilemas, objetivos, escolhas e consequências.
Unir Ciências Humanas e Matemática serve, principalmente, para mostrar que
a vida não é compartimentada em caixinhas, como muitas vezes temos a sensa-

P
ção ao olhar a grade de horários da escola – é tudo mesmo junto e misturado!
Prepare-se, então, para usar o pensamento crítico, a argumentação, a criatividade
– esses, que são os melhores caminhos para despertar o interesse social e formu-
lar seu projeto de vida, com base na capacidade de analisar processos políticos,
econômicos e sociais, no presente e em diferentes tempos e espaços, bem como
IA
pesquisar, testar hipóteses, imaginar, planejar e colocar em prática as mudanças
necessárias para nossa sociedade.
Buscar significados
Esse livro está estruturado em quatro unidades, cada qual com dois capítulos,
que tratam de temas que influenciam diretamente a organização da sociedade.
Na Unidade 1, tratamos do cenário socioeconômico de nosso país. Com os co-
nhecimentos da História, Economia, Geografia e Matemática, entre outros tantos,
vamos analisar diversos aspectos que influenciam na organização da sociedade
U

brasileira, marcada por grandes desigualdades, mas que estão bem distantes de
serem eternas e imutáveis – sim, são abismos que podem ser amenizados.
Na Unidade 2 vamos fazer um sobrevoo pelo mundo do trabalho, esse no qual
você vai cada vez mais se ver imerso nos próximos anos. A ideia é trazer para você
ferramentas para enfrentar essa realidade. Começamos por apresentar os primei-
G

ros movimentos de organização dos trabalhadores por melhores condições de


vida até chegar ao cenário atual, em que as atividades humanas se tornam cada
vez mais mediadas por máquinas e inteligências artificiais.
A unidade 3 tem como tema central as representações políticas e a organiza-
ção do Estado brasileiro, em suas mais diferentes esferas. O propósito é desven-
dar, com os conhecimentos de Humanas e Matemática, como funciona a escolha
de representantes pelo sistema eleitoral vigente e o quanto a representatividade
da sociedade é de fato alcançada por esse sistema.
Chegamos, por fim, à Unidade 4, para pensar a educação, esse caminho seguro
para mudanças profundas na sociedade, assim como no âmbito individual, em um
mundo cada vez mais marcado pelo avanço da tecnologia e do conhecimento
científico. Utilizaremos aqui a Matemática e as Humanas para identificar os pro-
blemas de acesso e qualidade à educação brasileira, promover a reflexão desse
cotidiano de todo estudante, para encontrar soluções aos desafios que brotam no
dia a dia.
8
Prepare-se

D
A Matemática é fruto das necessidades de seres humanos, produzida historica-
mente em resposta a desafios individuais, sociais, culturais, econômicos e políticos.
Essa área do conhecimento, em outras palavras, surge neste livro para contribuir
com a elaboração de soluções de problemas sociais, científicos e tecnológicos. O
ponto de partida, em cada capítulo, sempre é um cenário complexo, um fenômeno

L
social concreto construído por vários campos do conhecimento.
Cada Unidade foi pensada para ser autônoma, sem depender de outra, mas
que formam ao final um amplo conjunto de reflexões sobre o Brasil e os brasileiros.
Para elaboração desses conteúdos, utilizamos como suporte o trabalho de diver-

N
sos teóricos, como Thomas Piketty e Pedro de Souza Ferreira, que têm como foco
de pesquisa as desigualdades sociais e econômicas, e Ricardo Antunes com suas
reflexões sobre o mundo do trabalho.
Os estudos do matemático Elon Lages Lima nos inspiraram ainda a mostrar
como os conceitos mais abstratos da Matemática servem para ler e compreender

P
a realidade. Foi determinante também, por fim, a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), com suas diretrizes e um conjunto de competências e habilidades que se
configuram como um direito de todo o estudante ter conquistado ao concluir sua
aprendizagem no Ensino Básico (veja quadro a seguir).
Integrar Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Matemática e suas Tecnolo-
gias na formação do Ensino Médio, é possibilitar que você tome decisões, com
IA
base em princípios éticos, solidários, inclusivos e democráticos. A responsabili-
dade e a autonomia não se constroem de maneira individual, mas se aprende na
convivência e no diálogo.
Enfim, reconhecemos você, estudante, como sujeito central do conhecimento, da
comunicação, da cultura e dos projetos de presente e futuro, com o respeito e a pro-
moção dos direitos humanos e a valorização da diversidade social e da cidadania.
Aqui, você não é um número na multidão, é parte de uma sociedade e, com ela, pode
ter coragem e determinação para trilhar caminhos que tornem o Brasil e o mundo
U

bons lugares para viver e sonhar. Em diálogo, façamos dos sonhos realidades.  Cesar Diniz/Pulsar Imagens
G

9
Apresentamos a seguir as Competências Gerais da Educação Básica destacadas na Base

D
Nacional Comum Curricular (BNCC) e também as Competências Específicas das áreas de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas e de Matemática e suas Tecnologias, com suas respectivas habili-
dades, contempladas nessa obra, com a indicação dos respectivos capítulos.

L
Competências Gerais da Educação Básica Capítulos

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o


mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade,
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva.

N
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das
ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação
e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos
conhecimentos das diferentes áreas.

P
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às
mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico- 1, 2 e 3.
cultural.

4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras,


e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das
linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
IA
informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir
sentidos que levem ao entendimento mútuo.

5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação


de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais
(incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, 1, 2, 3, 4, 5 e 7.
produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na
vida pessoal e coletiva.

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de


U

conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias


do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular,


G

negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem


e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em
relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,


compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as 1, 2, 3, 7 e 8.
dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação,


fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos,
com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.

10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade,


resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

10
Competências Específicas e Habilidades de

D
Habilidades Capítulos
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

(EM13CHS101) Identificar, analisar e comparar


diferentes fontes e narrativas expressas em diversas
linguagens, com vistas à compreensão de ideias
1, 3, 5 e 6.
filosóficas e de processos e eventos históricos,
geográficos, políticos, econômicos, sociais,

L
ambientais e culturais.

(EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as


circunstâncias históricas, geográficas, políticas,
econômicas, sociais, ambientais e culturais de
matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo,
3, 7 e 8.
evolução, modernidade, cooperativismo/

N
desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu
1. Analisar processos políticos, econômicos,
significado histórico e comparando-as a narrativas
sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
que contemplem outros agentes e discursos.
local, regional, nacional e mundial em
diferentes tempos, a partir da pluralidade de
(EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar
procedimentos epistemológicos, científicos
evidências e compor argumentos relativos
e tecnológicos, de modo a compreender e
a processos políticos, econômicos, sociais,

P
posicionar-se criticamente em relação a eles,
ambientais, culturais e epistemológicos,
com base
considerando diferentes pontos de vista e 1, 2, 3, 4, 5, 6,
na sistematização de dados e informações de
tomando decisões baseadas em argumentos 7 e 8.
diversas naturezas (expressões artísticas, textos
e fontes de natureza científica.
filosóficos e sociológicos, documentos históricos
e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições
orais, entre outros).

(EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica,


IA
gráfica e iconográfica, diferentes gêneros
textuais e tecnologias digitais de informação
e comunicação de forma crítica, significativa,
1, 2, 3, 4, 5, 6,
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais,
7 e 8.
incluindo as escolares, para se comunicar, acessar
e difundir informações, produzir conhecimentos,
resolver problemas e exercer protagonismo e
autoria na vida pessoal e coletiva.

(EM13CHS201) Analisar e caracterizar as dinâmicas


das populações, das mercadorias
e do capital
nos diversos continentes, com destaque para a
U

mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos


e povos, em função de eventos naturais, políticos, 5, 6 e 7.
econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo
a compreender e posicionar-se criticamente em
relação a esses processos e às possíveis relações
entre eles.
G

(EM13CHS202) Analisar e avaliar os impactos


das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas
2. Analisar a formação de territórios e de grupos, povos e sociedades contemporâneos
fronteiras em diferentes tempos e espaços, (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, 5, 6 e 7.
mediante a compreensão das relações de de informações, de valores éticos e culturais etc.),
poder que determinam as territorialidades e bem como suas interferências nas decisões políticas,
o papel geopolítico dos Estados-nações. sociais, ambientais, econômicas e culturais.

(EM13CHS203) Comparar os significados de


território, fronteiras e vazio (espacial, temporal e
cultural) em diferentes sociedades, contextualizando
5.
e relativizando visões dualistas (civilização/
barbárie, nomadismo/sedentarismo, esclarecimento/
obscurantismo, cidade/campo, entre outras).

(EM13CHS206) Analisar a ocupação humana e


a produção do espaço em diferentes tempos,
aplicando os princípios de localização,
1.
distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos,
casualidade, entre outros que contribuem para o
raciocínio geográfico.

11
Competências Específicas e Habilidades de

D
Habilidades Capítulos
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

3. Analisar e avaliar criticamente as relações


de diferentes grupos, povos e sociedades (EM13CHS306) Contextualizar, comparar e avaliar os
com a natureza (produção, distribuição e impactos de diferentes modelos socioeconômicos
consumo) e seus impactos econômicos e no uso dos recursos naturais e na promoção da
socioambientais, com vistas à proposição sustentabilidade econômica e socioambiental 7.

L
de alternativas que respeitem e promovam do planeta (como a adoção dos sistemas da
a consciência, a ética socioambiental e o agrobiodiversidade e agroflorestal por diferentes
consumo responsável em âmbito local, comunidades, entre outros).
regional, nacional e global.

(EM13CHS401) Identificar e analisar as relações

N
entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades
com culturas distintas diante das transformações
3 e 4.
técnicas, tecnológicas e informacionais e das
novas formas de trabalho ao longo do tempo, em
diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.

(EM13CHS402) Analisar e comparar indicadores de

P
emprego, trabalho e renda em diferentes espaços,
1, 2, 3 e 4.
escalas e tempos, associando-os a processos de
4. Analisar as relações de produção, capital e
estratificação e desigualdade socioeconômica.
trabalho em diferentes territórios, contextos
e culturas, discutindo o papel dessas
relações na construção, consolidação e (EM13CHS403) Caracterizar e analisar os
transformação das sociedades. impactos das transformações tecnológicas
nas relações sociais e de trabalho próprias da
1, 2 e 3.
contemporaneidade, promovendo ações voltadas à
IA
superação das desigualdades sociais, da opressão e
da violação dos Direitos Humanos.

(EM13CHS404) Identificar e discutir os múltiplos


aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e
contextos históricos e/ou geográficos e seus efeitos
3.
sobre as gerações, em especial, os jovens, levando
em consideração, na atualidade, as transformações
técnicas, tecnológicas e informacionais.

(EM13CHS501) Analisar os fundamentos da ética em


U

diferentes culturas, tempos e espaços, identificando


processos que contribuem para a formação
4.
de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a
cooperação, a autonomia, o empreendedorismo, a
convivência democrática e a solidariedade.

(EM13CHS502) Analisar situações da vida


G

cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc.,


desnaturalizando e problematizando formas 6 e 7.
de desigualdade, preconceito, intolerância e
5. Identificar e combater as diversas discriminação, e identificar ações que promovam os
formas de injustiça, preconceito e violência, Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às
adotando princípios éticos, democráticos, diferenças e às liberdades individuais.
inclusivos e solidários, e respeitando os
Direitos Humanos. (EM13CHS503) Identificar diversas formas de
violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas
principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas 3.
e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais
e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para
combatê-las, com base em argumentos éticos.

(EM13CHS504) Analisar e avaliar os impasses ético-


políticos decorrentes das transformações culturais,
sociais, históricas, científicas e tecnológicas no 3, 5 e 7.
mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas
atitudes e nos valores de indivíduos, grupos sociais,
sociedades e culturas.

12
Competências Específicas e Habilidades de

D
Habilidades Capítulos
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

(EM13CHS601) Identificar e analisar as demandas e


os protagonismos políticos, sociais e culturais dos
povos indígenas e das populações afrodescendentes
(incluindo as quilombolas) no Brasil contemporâneo

L
6, 7 e 8.
considerando a história das Américas e o contexto de
exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem
social e econômica atual, promovendo ações para a
redução das desigualdades étnico-raciais no país.

N
(EM13CHS602) Identificar e caracterizar a presença
do paternalismo, do autoritarismo e do populismo
na política, na sociedade e nas culturas brasileira
e latino-americana, em períodos ditatoriais e
democráticos, relacionando-os com as formas de 3, 4, 5 e 6.
organização e de articulação das sociedades em

P
defesa da autonomia, da liberdade, do diálogo e
da promoção da democracia, da cidadania e dos
direitos humanos na sociedade atual.

(EM13CHS603) Analisar a formação de diferentes


países, povos e nações e de suas experiências
IA
políticas e de exercício da cidadania, aplicando 5.
conceitos políticos básicos (Estado, poder, formas,
6. Participar do debate público de forma sistemas e regimes de governo, soberania etc.).
crítica, respeitando diferentes posições e
fazendo escolhas alinhadas ao exercício da
cidadania e ao seu projeto de vida, com
liberdade, autonomia, consciência crítica e
(EM13CHS604) Discutir o papel dos organismos
responsabilidade.
internacionais no contexto mundial, com vistas à
elaboração de uma visão crítica sobre seus limites e
2 e 7.
suas formas de atuação nos países, considerando os
aspectos positivos e negativos dessa atuação para
U

as populações locais.

(EM13CHS605) Analisar os princípios da declaração


dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de
G

justiça, igualdade e fraternidade, identificar os


progressos e entraves à concretização desses
direitos nas diversas sociedades contemporâneas e 6, 7 e 8.
promover ações concretas diante da desigualdade e
das violações desses direitos em diferentes espaços
de vivência, respeitando a identidade de cada grupo
e de cada indivíduo.

(EM13CHS606) Analisar as características


socioeconômicas da sociedade brasileira
– com base
na análise de documentos (dados, tabelas, mapas
etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para
1, 2, 3, 4, 5, 6,
enfrentar os problemas identificados e construir
7 e 8.
uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva,
que valorize o protagonismo de seus cidadãos
e promova o autoconhecimento, a autoestima, a
autoconfiança e a empatia.

13
Competências Específicas e Habilidades

D
Habilidades Capítulos
de Matemática e suas Tecnologias
(EM13MAT101) Interpretar criticamente situações
econômicas, sociais e fatos relativos às Ciências da
Natureza que envolvam a variação de grandezas, pela 4, 7 e 8 .
análise dos gráficos das funções representadas e das taxas
de variação, com ou sem apoio de tecnologias digitais.

L
(EM13MAT102) Analisar tabelas, gráficos e amostras
1. Utilizar estratégias, conceitos e de pesquisas estatísticas apresentadas em relatórios
procedimentos matemáticos para divulgados por diferentes meios de comunicação, 1, 2, 5, 6, 7
interpretar situações em diversos identificando, quando for o caso, inadequações que e 8.
contextos, sejam atividades cotidianas, possam induzir a erros de interpretação, como escalas e
sejam fatos das Ciências da Natureza e amostras não apropriadas.

N
Humanas, das questões socioeconômicas (EM13MAT104) Interpretar taxas e índices de natureza
ou tecnológicas, divulgados por socioeconômica (índice de desenvolvimento humano, 1, 2, 3, 4, 5,
diferentes meios, de modo a contribuir taxas de inflação, entre outros), investigando os processos 6 e 7.
para uma formação geral. de cálculo desses números, para analisar criticamente a
realidade e produzir argumentos.

(EM13MAT106) Identificar situações da vida cotidiana nas

P
quais seja necessário fazer escolhas levando-se em conta
os riscos probabilísticos (usar este ou aquele método 5, 6 e 7.
contraceptivo, optar por um tratamento médico em
detrimento de outro etc.).

(EM13MAT202) Planejar e executar pesquisa amostral


2. Propor ou participar de ações sobre questões relevantes, usando dados coletados
para investigar desafios do mundo diretamente ou em diferentes fontes, e comunicar os
IA
contemporâneo e tomar decisões resultados por meio de relatório contendo gráficos e 5 e 8.
éticas e socialmente responsáveis, com interpretação das medidas de tendência central e das
base na análise de problemas sociais, medidas de dispersão (amplitude e desvio padrão),
como os voltados a situações de saúde, utilizando ou não recursos tecnológicos.
sustentabilidade, das implicações da (EM13MAT203) Aplicar conceitos matemáticos no
tecnologia no mundo do trabalho, planejamento, na execução e na análise de ações
entre outros, mobilizando e articulando envolvendo a utilização de aplicativos e a criação
conceitos, procedimentos e linguagens 7 e 8.
de planilhas (para o controle de orçamento familiar,
próprios da Matemática. simuladores de cálculos de juros simples e compostos,
entre outros), para tomar decisões.

(EM13MAT301) Resolver e elaborar problemas do


U

cotidiano, da Matemática e de outras áreas do


conhecimento, que envolvem equações lineares 4.
simultâneas, usando técnicas algébricas e gráficas, com
ou sem apoio de tecnologias digitais.

(EM13MAT302) Construir modelos empregando as


funções polinomiais de 1º ou 2º graus, para resolver
4 e 7.
G

problemas em contextos diversos, com ou sem apoio de


3. Utilizar estratégias, conceitos, tecnologias digitais.
definições e procedimentos matemáticos (EM13MAT311) Identificar e descrever o espaço amostral de
para interpretar, construir modelos eventos aleatórios, realizando contagem das possibilidades,
e resolver problemas em diversos 6.
para resolver e elaborar problemas que envolvem o cálculo
contextos, analisando a plausibilidade da probabilidade.
dos resultados e a adequação das
soluções propostas, de modo a construir (EM13MAT314) Resolver e elaborar problemas que
argumentação consistente. envolvem grandezas determinadas pela razão ou pelo
3, 5 e 7.
produto de outras (velocidade, densidade demográfica,
energia elétrica etc.).

(EM13MAT315) Investigar e registrar, por meio de um


fluxograma, quando possível, um algoritmo que resolve 7 e 8.
um problema.

(EM13MAT316) Resolver e elaborar problemas,


em diferentes contextos, que envolvem cálculo e
interpretação das medidas de tendência central (média, 5.
moda, mediana) e das medidas de dispersão (amplitude,
variância e desvio padrão).

14
D
Competências Específicas e Habilidades
Habilidades Capítulos
de Matemática e suas Tecnologias

(EM13MAT404) Analisar funções definidas por uma ou


mais sentenças (tabela do Imposto de Renda, contas de
luz, água, gás etc.), em suas representações algébrica
e gráfica, identificando domínios de validade, imagem, 2.

L
crescimento e decrescimento, e convertendo essas
representações de uma para outra, com ou sem apoio de
tecnologias digitais.
4. Compreender e utilizar, com
flexibilidade e precisão, diferentes
registros de representação
(EM13MAT406) Construir e interpretar tabelas e
matemáticos (algébrico, geométrico,
gráficos de frequências com base em dados obtidos
estatístico, computacional etc.), na 1, 2, 3, 4, 5,

N
em pesquisas por amostras estatísticas, incluindo ou
busca de solução e comunicação de 6, 7 e 8.
não o uso de softwares que inter-relacionem estatística,
resultados de problemas.
geometria e álgebra.

(EM13MAT407) Interpretar e comparar conjuntos de dados


estatísticos por meio de diferentes diagramas e gráficos
2, 4, 5 e 6.

P
(histograma, de caixa (box-plot), de ramos e folhas, entre
outros), reconhecendo os mais eficientes para sua análise.

(EM13MAT501) Investigar relações entre números


expressos em tabelas para representá-los no plano
cartesiano, identificando padrões e criando conjecturas
6.
para generalizar e expressar algebricamente essa
generalização, reconhecendo quando essa representação é
IA
de função polinomial de 1º grau.

5. Investigar e estabelecer conjecturas (EM13MAT507) Identificar e associar progressões


a respeito de diferentes conceitos e aritméticas (PA) a funções afins de domínios discretos,
5.
propriedades matemáticas, empregando para análise de propriedades, dedução de algumas
estratégias e recursos, como observação fórmulas e resolução de problemas.
de padrões, experimentações e
diferentes tecnologias, identificando
a necessidade, ou não, de uma (EM13MAT510) Investigar conjuntos de dados relativos ao
demonstração cada vez mais formal na comportamento de duas variáveis numéricas, usando ou
4, 5, 6, 7
U

validação das referidas conjecturas. não tecnologias da informação, e, quando apropriado, levar
e 8.
em conta a variação e utilizar uma reta para descrever a
relação observada.

(EM13MAT511) Reconhecer a existência de diferentes tipos


de espaços amostrais, discretos ou não, e de eventos,
5, 6 e 7.
equiprováveis ou não, e investigar implicações no cálculo
G

de probabilidades.

15
1
Cenário

D
UNIDADE

socioeconômico

L
N
P
IA
U
G

16
D
L
Tales Azzi/Pulsar Imagens
Reflexões

N
A Economia é uma das áreas das Ciências Humanas e
articula conteúdos de diferentes disciplinas: da Matemá-
tica à História, passando pela Nutrição e pela Agronomia,
por exemplo.

P
Com um grupo de colegas, converse:
• Vocês já se perguntaram como o Brasil, com tanta di-
versidade natural, tem uma das maiores populações em
condição de pobreza do mundo?
• Por que, no Brasil, algumas pessoas são tão ricas, en-
quanto outras não sabem nem mesmo se vão conse-
IA
guir comer no dia seguinte?
• O que pode ter levado o Brasil a um dos mais altos
níveis de concentração de renda do mundo?
• Anotem as principais conclusões da conversa e com-
partilhem com os colegas. Com base no que virem dos
outros trabalhos, ajustem o que julgarem necessário no
trabalho de vocês.
U
G

Você vai estudar...

• A formação econômica brasileira.


• Conceitos econômicos.
• Direitos sociais.

Vista de drone da Marginal Pinheiros em


São Paulo evidencia a desiguldade nas
construções de um lado e do outro do rio.

17
Capítulo 1 Onde está o dinheiro?

D
Construindo o cenário

L
Balança comercial. Produto Interno Bruto. Taxa básica
Mobilize seus conhecimentos
de juros. Superávit primário. Você já deve ter se deparado
Não deixe de rever com os
com essas e outras expressões que fazem parte de uma

N
colegas:
• Formação da América espécie de dialeto dos economistas.
portuguesa
E, muito provavelmente, não entendeu o que estava sen-
• Produção da cana-de-açúcar
• O conceito matemático do dito, exatamente. Se isso aconteceu com você, não foi
de razão e cálculos com exceção. É comum que jargões e palavras adotadas por

P
porcentagens
especialistas do mundo econômico soem inacessíveis até
• Juros, taxas de juros e juros
compostos mesmo para pessoas iniciadas no tema.
Entretanto, é importante compreender o que dizem os
economistas, por mais impenetrável que o economês pos-
sa parecer. As ideias defendidas por profissionais desse
IA
campo de conhecimento embasam políticas com impacto
direto em nossas vidas.

Desafio
Ao longo do capítulo vamos discutir como se estruturam
U

os principais setores produtivos do país – a agricultura, a


indústria e o setor de comércio e serviços – e como o re-
sultado econômico do que é produzido pode ser revertido,
por meio dos impostos, em políticas públicas como educa-
ção e saúde. Vamos ver quais segmentos da sociedade es-
tão mais sobrecarregados pela cobrança desses impostos
G

e o quanto isso impacta o equilíbrio da sociedade.


Essas questões costumam alimentar debates e disputas
políticas no país. Se uma pessoa está mais sobrecarregada
que outra, mudar significa diminuir o peso de quem está
fazendo mais força, passando uma parte da carga para ou-
tras pessoas. É uma disputa árdua. Afinal, é muito raro que
as pessoas voluntariamente se disponham a abrir mão das
vantagens que adquiriram ao longo do tempo.
Nosso desafio nesta Unidade vai ser entrar nesse debate
escrevendo um artigo com uma proposta simplificada de
reforma tributária para reduzir as desigualdades no país.
Nesse artigo, você vai precisar incluir a memória do cálculo
matemático que você fez para justificar sua proposta de
reforma fiscal.

18
Um pouco de história econômica

D
A Economia é tão importante na história da sociedade
Reflexões
brasileira que até o nome do país originou-se do nome de
um dos primeiros bens extraídos nesse território: o pau- 1. Por que o escambo foi a
-brasil, levado daqui pelos colonizadores europeus para ser forma encontrada pelos

L
europeus, inicialmente,
comercializado em terras distantes.
para comercializar na
Quando chegaram aqui, por volta de 1500, os portugue- América? Caso neces-
ses travaram uma relação comercial com a população nati- sário, consulte a inter-
va com base em um dos sistemas mais antigos de negócio, net ou uma biblioteca

N
para responder.
o escambo. Ofereciam utensílios variados e, em troca, ga-
nhavam o pau-brasil, ou a ibirapitanga, que em tupi signifi- 2. O escambo é praticado
hoje em dia? Explique.
ca madeira vermelha.
3. Apresente uma situa-
Mas se o comércio com os nativos seguiu bases rudimen-

P
ção de escambo que
tares, a lógica do negócio que se estabeleceu com base você pode criar na sua
nesse bem seria determinante para a formação econômica comunidade escolar
do futuro Brasil. Estima-se que, desde o início da coloniza- e com que finalidade
você a faria.
ção, foram cortados cerca de 70 milhões de paus-brasis:
no final do século XIX, essa árvore já estava praticamente
IA
extinta, quase toda comercializada no exterior.

A lógica de exportar
Apesar de ser um negócio lucrativo, não foi a extração
do pau-brasil que sustentou o projeto colonial português:
por volta de 1530 começaria a produção de açúcar em ter-
ras americanas, um negócio de dimensões mundiais, capaz
U

de mobilizar vultosos recursos, além de uma infinidade de


pessoas. Entrava em cena a agricultura, para nunca mais
perder protagonismo na estrutura econômica do que seria
o Brasil.
G

A produção de açúcar se sustentava em três pilares:


(a) monocultura; (b) gigantescas extensões de terra, e (c) mão
de obra escravizada. Tais pilares sofreram mudanças ao longo
do tempo, mas algumas consequências perduram até hoje.
O que se extraía, plantava ou colhia na colônia, em
grande parte, era destinado a atender mercados externos,
tanto na Europa como em outros continentes. Essa lógica
de produzir bens primários em larga escala para atender
demandas externas continua até com produtos como soja
e minério de ferro, batizados nas bolsas de valores mundo
afora como commodities.
Em 2018, sete commodities foram responsáveis por
pouco mais da metade do valor de todas as exportações
19
brasileiras: soja, óleos brutos de petróleo, minério de ferro,

D
carnes, celulose, açúcar e café. Esses produtos renderam ao
país US$ 120,3 bilhões; naquele ano, o valor total das expor-
tações brasileiras chegou a US$ 239,6 bilhões.
Cinco dos sete campeões de venda no mercado interna-

L
cional são commodities agrícolas. Juntos eles respondem
por quase um terço das exportações brasileiras e fazem do
Brasil um dos maiores exportadores de alimentos do mun-
do. É essa característica que coloca a agricultura como um

N
setor tão importante para a economia do país.

Pauta concentrada

Fatia de sete commodities no total de exportação – em % Participação de cada

P
Walmir Santos
Soma dos sete produtos em relação ao total exportado produto no total
60 2018 2017

51,4 17,06
49 49,7 50,2 Complexo soja
50 48,1 47,5 48,5 14,57
45,8 45,4
44 Óleos brutos 10,48
40 38,7 de petróleo 7,64
8,43
30,7 31,8 31 31,9 33,1 33,6 Minério de ferro
8,82
IA
30 28,8
25,2 5,95
Complexo carnes
6,93
20
Celulose 3,48
2,91
10 2,72
Açúcar
5,24
0 2,04
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Café 2,39

Fonte: Secex. Elaboração: Valor Data.


U

Ideias & Conceitos


O que são as commodities?
A tradução literal do termo inglês commodity é mercadoria. Na Economia, são chamados
G

commodities produtos que têm origem na natureza, como o petróleo, o milho ou a soja, e
que por terem baixo grau de processamento podem ser negociados por valores parecidos
em qualquer lugar do mundo, independentemente de onde tenham sido produzidos.

Os outros dois recordistas do mercado exter-


Reflexões
no também são commodities, mas têm origem na
4. De acordo com o texto e o grá- indústria extrativista mineral. Em mais de cinco
fico anteriores, faça uma estima- séculos de história, o produto mudou, mas o ex-
tiva do valor exportado em 2018
trativismo não saiu de cena. Começou com o pau-
das três principais commodities
(soja, petróleo e minério de fer- -brasil, passou pelo ouro, pela borracha e hoje é
ro) separadamente. dominado pelo petróleo e pelo minério de ferro.

20
As riquezas de um país

D
A importância das commodities para o Brasil também pode
ser medida pelo peso que elas têm no Produto Interno Bruto,
o PIB . Em 2017, elas responderam por 6,7% do PIB brasileiro.
O peso das commodities cria uma relação de dependên-

L
cia na economia do país. Se a cotação desses produtos vai
bem no mercado internacional, então a economia local tem
bom rendimento. Mas se a oferta do produto cresce muito
no mercado externo ou, ao contrário, se a demanda dimi-

N
nui, então os preços despencam e a economia brasileira
registra grandes perdas.
Neste século XXI, entre 2004 e 2011, as commodities re-
gistraram alta. Depois, a partir de 2012, começaram a cair

P
e os preços despencaram em 2015 e 2016. Esse calendário
coincide com a uma imensa crise econômica e política vivi-
da no Brasil até 2018.

Ideias & Conceitos


IA
O que é o PIB?
Produto Interno Bruno, ou simplesmente PIB, é a soma (em valores monetários) de todos
os bens e serviços finais produzidos em uma economia durante certo período de tempo, na
moeda corrente do local. Geralmente, é aplicado a países, mas também é possível calcular o
PIB de estados ou municípios. O índice passou a ser adotado pela Organização das Nações
Unidas (ONU), em 1953, para medir o crescimento econômico dos países. Apesar de con-
tinuar sendo um importante indicador econômico, ele não consegue mostrar outros dados
U

importantes como o grau de distribuição da riqueza produzida ou o acesso à educação e à


saúde. Por isso, a partir de 1990, a ONU passou a adotar outro parâmetro que também leva
em conta variáveis sociais, como expectativa de vida ao nascer, índice de escolaridade e
renda média da população. Podem existir sociedades com PIB alto, mas com baixo Índice de
Desenvolvimento Humano.
G

Em 2019, a participação de cada um desses setores no PIB foi como descrito no quadro
abaixo.
Atividade Participação Percentual no valor adicionado a preços básicos (2019)
Agropecuária 5,2
Indústria 20,9
Serviços 73,9
Fonte: IBGE, 2019.

A agropecuária reúne tudo o que é produzido pelo setor agrícola, dos grandes produtores de
grãos à agricultura familiar. E é o único setor produtivo que aparece no PIB sem subdivisões.
Já a Indústria se subdivide em quatro grandes grupos:
• Indústria extrativa mineral: que explora recursos minerais do subsolo, como o minério de
ferro, ouro, água mineral, petróleo, urânio, prata...

21
D
• Indústria de Transformação: que engloba a indústria de bens de consumo não duráveis
como alimentos, cigarros, roupas, remédios, bebidas etc. e os bens de consumo duráveis
como móveis, eletrodomésticos, automóveis;
• Produção e distribuição de eletricidade, gás, água e esgoto;
• Construção: que reúne os números da construção civil, um setor muito importante prin-

L
cipalmente pela capacidade de gerar empregos.
Em 2019, a Indústria respondeu por 20,9% do PIB. Veja como cada atividade contribuiu
com esse montante.

Participação Percentual no valor adicionado


Setores da Indústria

N
a preços básicos (2019)
Extrativa mineral 3,0
Transformação 11,0
Eletricidade, gás, água e esgoto 3,2

P
Construção 3,7
Fonte: IBGE, 2019.
O setor de Serviços responde pela maior parte do PIB brasileiro. Se divide em sete grandes
grupos:
• Comércio: desde os grandes atacadistas até o vendedor ambulante;
IA
• Transporte, armazenagem e correio: caminhões, navios, ônibus de turismo, empresas
aéreas, silos e armazéns, além dos serviços de correio;
• Informação e Comunicação: cinema e vídeo, rádio e televisão, edição, produção de notí-
cias e tecnologia de informação.
• Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados:
reúne todas as instituições financeiras como bancos e seguradoras;
• Atividades imobiliárias: venda e aluguel de imóveis;
• Outros serviços: grande grupo que engloba desde escolas particulares até salões de
U

beleza, passando por oficinas mecânicas e escritórios de advocacia;


• Administração, saúde e educação públicas: setor de grande impacto no PIB, principal-
mente nos municípios. Engloba a segurança pública, os serviços do Sistema Único de
Saúde (SUS), as escolas públicas e a seguridade social.
Em 2019, o setor de Serviços respondeu por 73,9% do PIB. Veja o que cada um desses
grandes grupos representou nessa conta:
G

Participação Percentual no valor adicionado


Setores de Serviços
a preços básicos (2019)
Comércio 13,7
Transporte, armazenagem e correio 4,3
Informação e Comunicação 3,4
Intermediação financeira, seguros,
6,9
previdência complementar
Atividades imobiliárias 9,9
Outros serviços 17,7
Administração, saúde e educação públicas 18,0
Fonte: IBGE, 2019.

22
D
O PIB pode ser calculado pelo ponto de vista da demanda ou da oferta, ou ainda pela renda.
Por qualquer dessas formas chega-se ao mesmo resultado.
Demanda é a procura de um produto ou serviço pelo consumidor (quantos estão propensos
a comprar certa mercadoria) e está ligada ao consumo; são as despesas.
Segundo o IBGE, o produto não precisa ser vendido para entrar no PIB. Pela ótica da demanda,

L
um dos componentes do PIB é a variação de estoques dos produtores.
Oferta refere-se à quantidade de certa mercadoria (ou serviço) disponível no mercado para
ser consumida em determinado período e está ligada à produção.
Quanto mais escasso o produto estiver no mercado, mais alto será o preço dele. Quanto mais
produtos disponíveis, mais baixo será o seu preço. O ponto de equilíbrio (entre quantidade e

N
preço) é aquele em que demanda e oferta são iguais.
Quando calculado pela ótica da oferta são levados em conta todos os bens e serviços finais
produzidos nos três setores da economia: agropecuária, indústria e serviços, medidos a preços
de mercado.
Sob a ótica da demanda, para o cálculo do PIB, soma-se tudo o que é gasto no país (despesa

P
interna): consumo das famílias, investimento das empresas e gastos do governo. Além disso,
deve-se considerar também as exportações líquidas (diferença entre o que foi exportado e o
que foi importado).
Outra forma ainda é o cálculo do PIB por meio da renda nacional, em que são contabilizados
os rendimentos: salários, juros, aluguéis e lucros. No Brasil, quem faz a medição do PIB é o Insti-
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
IA
Reflexões
5. Vamos considerar uma situação hipotética para cálculo do PIB (exemplifica-
da pelo IBGE). Imagine um país, sem relações exteriores, que produz apenas
trigo, farinha de trigo e pão. Nele foram produzidos o equivalente a 100 reais
de trigo. Todo esse trigo foi utilizado para produzir o equivalente a 200 reais
U

de farinha de trigo. Toda a farinha foi utilizada para produzir o equivalente a


300 reais de pão. Para não haver dupla contagem, o que entra no cálculo do
PIB são os bens e serviços finais, já que os valores do trigo e da farinha estão
embutidos no valor do pão.
a) Qual é o valor do PIB desse país? Por qual ótica ele foi calculado: da de-
G

manda, da oferta ou da renda?


b) Nessa situação, qual é a renda do padeiro? Por quê?
c) Pensando de outra forma, suponhamos que um cliente compre todo o pão
pelos 300 reais. Desses 300, o padeiro pagou 200 reais para o produtor
da farinha de trigo, que por sua vez pagou 100 reais ao produtor de trigo.
Se na produção do trigo não houve insumos (recursos usados para pro-
dução), os 100 reais recebidos são a renda do produtor de trigo. Qual é a
renda do produtor de farinha e do padeiro?
d) Somando a renda dos envolvidos na cadeia descrita pelo item anterior,
também obtemos o valor do PIB. Nesse caso, qual é esse valor? Explique.
e) Note que o PIB é um indicador de fluxo de novos bens e serviços finais
produzidos durante um período de tempo (em geral, de 1 ano). Se esse
país hipotético ficasse sem produzir novos bens e serviços por 1 ano, qual
seria o PIB dele naquele período? Explique.

23
Venda e compra: uma balança

D
Enquanto o Brasil sempre foi destaque matérias-primas, assim como os mercados
no setor primário (extrativismo não mine- consumidores. Nos últimos anos, à disputa de
ral, pecuária e agricultura) da economia, no espaço no mercado brasileiro têm se somado
setor secundário, a indústria, sempre andou aos gigantes empresas coreanas e chinesas.

L
aos soluços. Vender matéria-prima para outros países
Nos tempos em que era colônia de Portu- (exportar) e comprar produtos industrializa-
gal, cabia aos holandeses, por exemplo, bene- dos dos outros países (importar): o retrato
ficiar o açúcar produzido aqui. No século XXI, da balança comercial do Brasil não mudou

N
a tarefa de agregar valor a produtos agrícolas muito ao longo do tempo. Esse é outro in-
fica a cargo de grandes empresas multinacio- dicador bastante importante da economia.
nais, que compram as colheitas diretamente A venda das commodities historicamente
dos fazendeiros e transformam grãos, como vem garantindo um saldo positivo na balan-

P
a soja, em bens como óleo e ração. ça comercial brasileira. Porém, com a desva-
São empresas gigantes que eliminam in- lorização dos produtos básicos no mercado
termediários e controlam o comércio de internacional, os resultados têm sido piores.

Ideias & Conceitos


IA
O que é balança comercial?
A balança comercial é um indicador econômico que mede a diferença entre os valores
das exportações e os valores das importações de um país, em certo período de tempo. Esse
indicador é expresso em dólares americanos. Se o valor arrecadado com as exportações é
maior que o montante gasto com importações, o saldo da balança comercial é superavitário,
ou seja, o saldo é positivo. Mas se, ao contrário, o valor gasto com produtos importados for
U

maior que o arrecadado com as exportações, o saldo da balança comercial é deficitário, ou


seja, o saldo é negativo.
A balança comercial é um conceito da Economia possível de ser associado ao orçamento
doméstico: quem gasta mais do que ganha fica no vermelho.
Receita é o valor apurado ou arrecadado em uma transação financeira. É o conjunto dos
G

rendimentos de uma empresa, de uma pessoa ou de um país, estado ou município.


Custo é o valor pago em uma transação financeira relativa ao trabalho necessário na pro-
dução de um bem ou serviço.
A diferença entre a receita e o custo é chamada de lucro se o valor é positivo, e é denomi-
nada prejuízo se o valor é negativo.
A balança comercial não utiliza como referência a quantidade de mercadorias que entram
e saem de um país, mas sim seus respectivos valores monetários.
Quando o valor total das exportações supera o de importações, o país se torna credor no
cenário internacional. Ou seja, o país vende mais do que compra, o que pode ser um fator
positivo para a economia desse país ao gerar lucro, por exemplo, que pode reverter como
investimento ao próprio setor econômico.
Porém, quando o montante das exportações é inferior ao de importações (isto é, o país
compra mais do que vende), cria-se uma dívida no mercado internacional, gerando prejuízo.

24
Superávit mais magro

D
Saldo anual da balança comercial – em US$ bilhões

80
66,98

Walmir Santos
58,29
60
80 47,69 47,00
66,98

L
40 58,29
60
47,69 47,00
20
40
0
20 2016 2017 2018 2019*

N
*Projeção do boletim Focus para o periodo. Fonte: Secex, 2019.
0
2016 2017 2018 2019*
Por países
Jan/Out 2018 Jan/Out 2019
Saldo comercial do Brasil com países da América Latina – em US$ bilhões
Argentina 4,12 -0,62
Chile 2,40
Jan/Out 2018 Jan/Out 2019 1,57

Walmir Santos
P
Colômbia
Argentina 0,74 4,12 -0,62 1,24
Uruguai
Chile 1,16 2,40 0,80 1,57
Paraguai
Colômbia 0,741,49 0,89
1,24
Peru
Uruguai 0,441,16 0,84
0,80
Bolívia
Paraguai 0,23 1,49 0,19 0,89
Equador
Peru 0,58
0,44 0,61
0,84
Venezuela
Bolívia 0,40
0,23 0,20
0,19
IA
México
Equador -0,45 0,58 0,43
0,61
Venezuela -2 0 0,40 6 -1,5 0 0,20 2,5
México -0,45 0,43
-2 0 6 -1,5 0 2,5

Fonte: Secex, 2019.

Equilibrando o dinheiro
Vender ou comprar produtos de outros países
significa fechar negócios em diferentes moedas. Reflexões
U

Neste caso, aparece outra variável econômica que


6. Responda:
foi se tornando cada vez mais importante nas tro-
a) No gráfico de colunas Supe-
cas comerciais: o câmbio. Alguns historiadores co-
rávit mais magro, pode-se di-
locam como marco da primeira política de câmbio zer que, no período de 2016 a
G

entre nós a criação do Banco do Brasil, em 1808. 2019, o saldo da balança co-
As primeiras políticas cambiais estabeleciam o mercial brasileira foi sempre
lastro do dinheiro nas reservas de ouro de cada superavitário? Por quê?

país, e, por isso, a quantidade de papel-moeda b) Com base no gráfico de bar-


ras Por países, explique a si-
impresso não deveria ultrapassar o montante des-
tuação do saldo comercial
sas reservas. Esse era o chamado padrão-ouro. A brasileiro com a Argentina e
grande reviravolta aconteceu no século XX, quan- com o México. Com qual país
do os Estados Unidos abandonaram o ouro como o Brasil teve a maior queda no
referência, o que ajudou a tornar o papel-moeda saldo comercial de 2018 para
deles, o dólar, a referência das reservas mundiais. 2019? E a maior alta?
c) Quando ocorre uma situação
lastro: uma espécie de garantia de valor de um de equilíbrio comercial no
ativo financeiro. saldo da balança comercial?

25
Fechar negócios trocando moedas pode criado o real, e 1999, por exemplo, a políti-

D
ter resultados muito diferentes dependendo ca de câmbio era fixa. Era o governo quem
da valorização de uma moeda em relação a determinava quanto uma moeda deveria
outra. E da mesma forma que o papel-moe- valer em relação a outra. Naquela época, a
da é impresso pelos governos, a valorização decisão do governo foi definir um patamar

L
de uma moeda em relação a outra também alto, em que R$ 1,00 compraria exatamen-
é definida pelos governos. te U$ 1,00.
No Brasil atual, a política de câmbio é a Essa política tem impacto direto na ba-
flutuante. Ou seja, o valor da moeda bra- lança comercial, e não é difícil entender.

N
sileira, o real, em relação ao dólar varia de Por exemplo: para fazer um bolo, com-
acordo com o mercado. Se entram mais pram-se os ingredientes em real. Depois,
dólares no país, seja pela exportação de vende-se esse bolo em uma moeda mais
produtos, seja por investimentos feitos no valorizada que o real, como a libra ester-
país, o preço do dólar tende a cair, e o real lina, moeda britânica. Ao fazer o câmbio,

P
fica mais valorizado. Se, ao contrário, há o bolo feito com custo em real pode ser
uma saída maior, então fica mais caro tro- mais barato e ter um preço mais compe-
car reais por dólares. titivo do que outro bolo que tenha usado
Outras políticas de câmbio já foram ovos, farinha e manteiga pagos em libras
IA
adotadas no país. Entre 1994, quando foi esterlinas.

Feijão e arroz: onde fica a agricultura familiar?


Apesar da importância do agronegócio A agricultura famliar também é impor-
para os indicadores da macroeconomia, as tante pela capacidade de geração de em-
grandes safras, destinadas ao mercado ex- pregos. A maioria dos trabalhadores do
terno, não dão conta de toda a necessida- meio rural brasileiro está inserida na agri-
de da produção agrária brasileira. cultura familiar. O Brasil tem pouco mais
U

Basta imaginar o quanto seria pouco de 5 milhões de estabelecimentos rurais


(5 073 324), que ocupam 351 milhões de
nutritivo e pouco saboroso manter uma
hectares (351,289 milhões de ha), cerca de
dieta com base apenas nas principais
41% de todo o território brasileiro.
commodities agrícolas brasileiras.
G

Praticamente 8 em cada 10 desses esta-


Apesar de toda a atenção que o agrone-
belecimentos rurais, 77%, são classificados
gócio recebe dos economistas, a agricul-
como de agricultura familiar, ou seja, são 3,9
tura familiar é outra estrutura de produção
milhões de propriedades rurais (3 906 459)
do campo com importância econômica e geridas por famílias que têm a atividade
social fundamental. Antes de tudo, por- agropecuária como principal fonte de ren-
que contribui para garantir a diversidade da. Dos 15,1 milhões de pessoas que tra-
da produção de alimentos, atendendo às balham no campo, 67%, ou 10,1 milhões,
demandas do mercado interno. Provavel- estão empregados na agricultura familiar.
mente, a merenda servida na escola ou a Em compensação, a parte de terras
refeição que você deve fazer quando che- ocupada pela agricultura familiar é inver-
gar em casa vai ter algum produto com samente proporcional ao número de esta-
origem na agricultura familiar. belecimentos da categoria: corresponde a
26
23% das terras ocupadas por proprieda- que 2 543 681 propriedades rurais em todo

D
des rurais, ou 80,8 milhões de hectares. o país têm no máximo 10 hectares, ou seja,
Aliás, a mesma porção (23%) de toda a cerca de 65% de todos os estabelecimen-
riqueza gerada pelo setor agrícola equiva- tos enquadrados como agricultura familiar
lente a R$ 107 bilhões em 2016. com os estabelecimentos que não ocupam

L
O desequilíbrio na distribuição de ter- praticamente qualquer área, como apicul-
ra no país fica claro se levarmos em conta tores e extrativistas.

N
Ideias & Conceitos
O que é macroeconomia?
Macroeconomia é um ramo da Economia que estuda de modo generalizado a situação
econômica de uma sociedade. Pode se referir a uma cidade, a um estado ou a um país. PIB,

P
balança comercial, índices de emprego e desemprego são indicadores macroeconômicos.
Os indicadores que tratam de setores específicos da economia, por sua vez, são indicado-
res microeconômicos. Por exemplo, o volume de investimento feito pelo setor agrícola na
produção de orgânicos é um indicador da microeconomia.
Quanto mede 1 hectare?
IA
O hectare é a principal unidade de medida de área adotada no Brasil para propriedades
rurais. Um hectare equivale a 10 mil metros quadrados. É uma área um pouco maior que a
de um campo de futebol. Essa medida vem sendo cada vez mais usada no lugar de outra
medida agrária, o alqueire, que varia conforme a região do país e dificulta comparações. O
alqueire do norte do país, por exemplo, tem 27 225 metros quadrados, enquanto o alqueire
em Minas Gerais corresponde a 48 400 metros quadrados.
U

Desafio

Assista ao filme Agricultura tamanho família, do cineasta Silvio Tendler (disponível em:
<https://youtu.be/tgJ6qwp9eHc>, acesso em: 14 set. 2020). Com base no texto e em novas
G

pesquisas que você pode fazer:


• Explique como o modelo de produção do agronegócio não é necessariamente um modelo
de produção de alimentos.
• Reflita sobre como as etapas desse tipo de produção podem estar prejudicando popula-
ções de mais baixa renda. O que pode ser mudado na política para atenuar esse fato?
• Por que a exportação em grande escala no Brasil prejudica o mercado interno de alimen-
tos? O que fazer para melhorar essa situação?
• Como a agricultura familiar pode ser uma alternativa para a produção de alimentos?
• O que se pode mudar na tributação e na política de agronegócios para diminuir a desigual-
dade social e a fome no país?
Se puder, assista também o documentário indicado ao Oscar Food Inc, de Robert Kenner.
Na página do cineasta você poderá ver o trailer e outras informações sobre a obra. Disponí-
vel em: <https://robertkennerfilms.com/food_inc.php>, acesso em: 13 abril 2021.

27
O lugar da Indústria

D
Foi a partir da segunda metade do século XIX que as indústrias come-
çaram a se consolidar no Brasil. Primeiro, algumas tecelagens de algodão;
mais tarde, pequenas indústrias de máquinas e equipamentos para aten-
der às demandas do crescente setor cafeeiro, como máquinas de benefi-

L
ciamento e sacos de juta para embalar o produto.
Em 1929, a indústria brasileira tinha um pouco mais de 13 mil estabeleci-
mentos, que empregavam 275 mil operários. Mas foi depois da crise econômi-
ca de 1929, que atingiu em cheio o setor cafeeiro, que a indústria brasileira deu

N
o grande salto. Esse movimento durou até o final dos anos 1960 e contou com
diversos aspectos: a perda de espaço dos países europeus diante das duas
guerras mundiais, aumento do mercado interno e medidas governamentais
que incentivaram a formação de um parque industrial nacional.

P
Em pouco mais de uma década, entre 1941 e 1953, foram criadas empre-
sas estatais como a Companhia Siderúrgica Nacional, a Vale do Rio Doce e
a Petrobras. Poucos depois, a indústria automobilística ampliaria sua pre-
sença no país, com a instalação de grandes montadoras.
Nos anos 1980, o ritmo da industrialização começou a mudar, diante de
IA
uma enorme crise marcada pela hiperinflação e impulsionada por aspectos
como o tamanho da dívida externa. Contribuíram também mudanças nas
formas de produção, consumo e circulação de mercadorias, com o adven-
to dos chamados meios técnicos, científicos e informacionais.

A desindustrialização
Os economistas tentam explicar como chegamos a esse cenário da in-
U

dústria no país e apontam algumas causas, entre elas:


• A abertura do mercado interno para produtos e capitais estrangeiros
aumentou a competição com a indústria nacional. Ficou bem mais fácil
comprar equipamentos eletrônicos de ponta, por exemplo. Mas isso de-
G

sestimulou o desenvolvimento de tecnologias próprias.


• Para conter a inflação, o governo manteve ao longo de anos uma taxa
de câmbio que valorizou artificialmente a moeda brasileira, o real, em
relação ao dólar. Isso tornou os produtos brasileiros mais caros no mer-
cado externo e interno, ainda mais diante do barateamento dos produ-
tos importados, dificultando ainda mais a disputa pelo mercado interno.
• Também para combater a inflação foi implantada uma taxa de juros
altíssima que incentivou a migração do dinheiro, que poderia ser inves-
tido na indústria, para as aplicações financeiras. O resultado foi que o
dono do dinheiro continuou lucrando, mas não com a produção, e sim
com o sistema financeiro. A indústria, com menos investimentos, foi se
fragilizando, tornando-se obsoleta, menos competitiva e com menor ca-
pacidade de gerar empregos.
28
Ideias & Conceitos

D
O que são os juros e as taxas de juros?
Alguém que mora no imóvel de outra pessoa costuma pagar um valor como compensação:
o aluguel. Os juros seguem uma lógica parecida. Se uma pessoa precisa pedir dinheiro em-

L
prestado, ela vai pagar uma espécie de aluguel pelo uso desse dinheiro. Esses são os juros.
Os juros andam de mãos dadas com a inflação, que é o grau de desvalorização do dinhei-
ro ao longo do tempo (em outras palavras, a perda do poder de compra da moeda). Para
se obter o juro em uma transação financeira (empréstimo, aplicação, financiamento etc.), é
estipulada uma taxa porcentual que se aplica a períodos de tempo estabelecidos nessa tran-

N
sação. Essa taxa é denominada taxa de juro.
No Brasil, quem define a taxa básica de juros, chamada Selic, é o Comitê de Política Mone-
tária, ligado ao Banco Central, o Copom.
Para definir essa taxa, o comitê fica de olho no Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo, o IPCA, que mede a Inflação.

P
A taxa de juros é um instrumento importante no controle da inflação. Quando a inflação está
muito alta, as taxas de juros podem ajudar a frear o consumo e estimular que as pessoas, em
vez de comprar, invistam (ou seja, emprestem dinheiro) para poder ganhar com os juros.
A taxa definida pelo Banco Central é só a taxa básica, ou seja, a que serve de referência
para a cobrança de todas as outras taxas de juros. Quem vai mesmo estabelecer quanto vai
cobrar pelo dinheiro que empresta são os que têm dinheiro disponível para emprestar, nesse
IA
caso, os bancos.

Reflexões
7. Faça o que se pede.
a) Observe a tabela a seguir. Explique como são obtidos os valores da terceira coluna da
U

tabela e determine o valor correspondente a julho para a coluna Acumulado no ano.

Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do 1º semestre de 2020

Mês Valor mensal (%) Acumulado no ano (%)


G

Janeiro 0,19 0,19

Fevereiro 0,17 0,36

Março 0,18 0,54

Abri -0,23 0,31

Maio -0,25 0,06

Junho 0,30 0,36

Julho 0,44

Fonte: DICIONÁRIO financeiro. O que é INPC?

29
D
b) A inflação diminui o poder de compra das pessoas. Explique o significado dessa
informação.
c) Suponha que um produto custe 10 reais. Com 100 reais você compra 10 unidades desse
produto (100 : 10). O preço desse produto teve um aumento de 100% devido à inflação.
i) Qual é o preço do produto após esse aumento?

L
ii) Com os mesmos 100 reais, quantas unidades desse produto você consegue comprar
agora?
iii) A quantidade de poder aquisitivo (quantas unidades se consegue comprar) é o seu
poder de compra. Qual foi a redução (%) do poder de compra que você teve?

N
d) Em 2020, o real completou 26 anos. Segundo o matemático financeiro José Dutra Vieira
Sobrinho, os R$ 100,00 da época de seu lançamento (1º jul. 1994) valiam menos de
R$ 16,75 em julho de 2020. (Disponível em: <https://cointelegraph.com.br/news/
real-turns-26-and-is-the-second-worst-currency-of-2020-with-devaluation-of-296>.
Acesso em: 12 ago. 2020.)

P
i) Quantos por cento o real perdeu de seu poder de compra nesse período?
ii) Em termos de poder de compra, quem guardou em casa R$ 1 milhão em 1994 teria o
equivalente a quantos reais em julho de 2020?
IA
Ideias & Conceitos
O que são PIB nominal, PIB real e indústria de
Para o seu estudo transformação?
Estes dois artigos tratam O PIB nominal é o PIB medido a preços correntes (tam-
da desindustrialização. Não bém chamados preços de mercado) do ano analisado, e
deixe de ler. por isso considera o aumento de preços do período.
O PIB real é o PIB calculado a preços constantes, ou seja,
U

• TEIXEIRA, Pedro.
Desindustrialização sem considerar o aumento de preços. Desconta-se a in-
diminui espaço do Brasil flação do período e apresenta-se essencialmente o cresci-
na economia mundial. mento físico da produção. Por desconsiderar as alterações
29 abr. 2019. Disponível de preços de mercado, o PIB real é tido como o indicador
mais consistente de mensuração do PIB.
G

em: <https://jornal.
usp.br/atualidades/ Muitos estudos sobre o PIB são focados no indicador a
desindustrializacao- preços constantes (PIB real) porque o grau de industria-
diminui-espaco-do-brasil- lização a preços de mercado está contaminado pela infla-
na-economia-mundial/>. ção dos setores.
Acesso em: 12 ago. 2020. A indústria de transformação é aquela que transforma um
• CEDE. 2020. material primário em um produto final – uma mercadoria –
Desindustrialização no ou em um produto intermediário, destinado a outra indús-
Brasil é real e estrutural. tria de transformação. Fora dessa classificação ficam o setor
Disponível em: <www3. agrícola e as indústrias extrativas (de vegetal ou mineral em
eco.unicamp.br/cede/ estado natural). Embora as atividades de transformação se-
centro/146-destaque/508- jam desenvolvidas em fábricas na maior parte das vezes, a
desindustrializacao-no- manufatura – atividade manual, como a artesanal, ou aquela
brasil-e-real-e-estrutural>. realizada em máquina caseira – também pode ser conside-
Acesso em: 12 ago. 2020. rada como parte da indústria de transformação.

30
D
Reflexões
8. Faça o que se pede.
a) Observe o gráfico PIB real da indústria de transformação e grau
de industrialização, 1947-2018 disponível em: <https://iedi.org.

L
br/media/site/artigos/20190418_desindustrializacao_t3rPaHz.
pdf>. Acesso em 16 set. 2020. Ele apresenta a comparação entre
três gráficos: dois de linhas (a verde e a vermelha) e um de bar-
ras. O eixo vertical da esquerda (% no PIB) refere-se a porcen-
tagens, enquanto o eixo vertical da direita (PIB real) refere-se a

N
unidades monetárias, considerando que em 1947 o PIB real valia
1,00 unidade monetária. Responda às seguintes questões:
i) A que se refere o gráfico de linhas em verde e qual eixo ver-
tical deve ser considerado para sua leitura?
ii) Qual gráfico nos dá o valor do PIB real (em unidades mo-

P
netárias) da indústria de transformação? Quanto valia esse
indicador em 2017?
iii) Quando ocorreu o pico do grau de industrialização? De
quanto foi?
iv) O que ocorreu com o PIB real da indústria de transformação
IA
entre 1967 e 1980?
b) Para fazer frente aos seus compromissos financeiros, uma in-
dústria fez um empréstimo de R$ 85.000,00 para ser pago
com uma taxa de juro de 2% ao mês a juro composto. O prazo
acordado foi de 3 meses. Elabore um plano para obter a taxa
de juro correspondente a todo o período do empréstimo. De-
pois, calcule essa taxa.
U

O sistema financeiro dita o ritmo da economia


A crise econômica de 1929 iniciou um Nesse cenário, os bancos passaram a
movimento importante que mudaria a filo- emprestar dinheiro e, aos poucos, se tor-
G

sofia econômica em todo o mundo. No Bra- naram sócios das empresas. Ao longo do
sil, a nascente e ainda frágil indústria come- século XX esse movimento acabou provo-
çou a abrir espaço para o setor financeiro. cando uma mudança na essência dos ne-
gócios. As chamadas empresas de capital
É preciso lembrar que uma das causas
aberto passaram a contar com um novo
da crise de 1929 foi a produção excessiva,
ator: não mais o trabalhador, o fornecedor
sem demanda que conseguisse dar conta
de matéria-prima ou o comprador final,
de tantas mercadorias, o que só se agravou
mas o investidor.
nos anos seguintes e fez os preços des-
pencarem. No Brasil, o governo chegou a Empresas de capital aberto: sociedades
determinar a queima dos estoques de café anônimas, cujo capital social é dividido em
ações de igual valor nominal, negociadas no
para tentar regular consumo e demanda e mercado de capitais.
interromper a queda de preços.
31
Os lucros das empresas passaram a ser divididos com

D
esse novo sujeito. Os prejuízos também. Estudos mos-
tram que nos anos de 1960, para cada 12 dólares inves-
tidos na compra de máquinas ou construção de novas
fábricas, 1 dólar era gasto para remunerar os investidores.

L
E de lá para cá essa importância só vem aumentando.
Até 1960, o setor financeiro não era considerado como
uma parte produtiva da economia. O lucro obtido pelos
bancos sequer entrava no cálculo do PIB dos países. Isso

N
mudou, inclusive no Brasil: desde 2005, o sistema finan-
ceiro nacional é responsável em média por 7% do PIB.
Parece pouco, mas não é. Só para comparar dois setores
importantes do PIB nacional, a agropecuária e a indústria
extrativista mineral (principalmente o minério de ferro),

P
ficam abaixo disso: pouco mais de 5% o primeiro e cerca
de 3% o segundo.
Em março de 2020, apenas cinco bancos brasileiros ti-
nham em seu poder mais moeda corrente (moeda vigente
em um país) que todo o PIB do país: R$ 7,36 trilhões. Em
IA
2019, o PIB brasileiro foi de R$ 7,3 trilhões.

Reflexões
9. Analise os dois gráficos que se referem ao lucro dos quatro maiores bancos brasileiros e,
depois, faça as atividades sugeridas.

Lucro conjunto dos quatro maiores Lucros dos bancos, ajustados pela inflação
U

bancos, ajustado pela inflação


R$ 30 bilhões
R$ 100 bilhões 25
80
20
60 15
G

10
40
5
Walmir Santos

Walmir Santos

20 0
0 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018

2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 A B C D

Fonte: Adaptado de ROUBICEK, Marcelo. 2019. Fonte: Adaptado de ROUBICEK, Marcelo. 2019.

No segundo gráfico identifique o lucro de cada banco no ano de 2018. A seguir, compare os
valores encontrados com os do primeiro gráfico.
a) Quais são suas conclusões?
b) Analise o comportamento de cada banco relativo ao seu lucro e comparativamente en-
tre eles. Considere, entre outros aspectos: houve tendência de lucro ou de prejuízo?
Todos evoluíram da mesma forma? Quais obtiveram maior lucro?

32
O setor de serviços e o mercado interno

D
O setor de serviços engloba duas áreas de de todo o PIB do setor. O comércio também
grande importância para a economia o co- é o responsável por empregar 29% dos tra-
mércio e uma categoria nomeada pelo IBGE balhadores e trabalhadoras brasileiros. O
de outros serviços. setor de outros serviços responde por uma

L
Sozinho, o comércio responde por mais parte ainda maior de participação das micro
de 13% do PIB. Nessa categoria entram, por e pequenas empresas (56%) e também por
exemplo, papelarias, livrarias, lojas de roupas, uma fatia maior dos empregos (33%).
supermercados e vendedores informais. Outra contribuição das micro e pequenas

N
O setor de outros serviços é uma catego- empresas está no volume de tributos que
ria que engloba bares e restaurantes, esco- elas pagam. Proporcionalmente, essas em-
las e hospitais privados, médicos e dentistas, presas pagam mais impostos que as grandes
teatros e companhias de teatro, cinemas e empresas no Brasil.

P
produtoras de vídeo, salões de beleza e aca- Isso acontece porque o sistema tributá-
demias de ginástica, hotéis e pousadas – en- rio brasileiro permite que as empresas com
fim, uma categoria ampla que responde por maior faturamento paguem impostos sobre
quase 18% do PIB. o chamado lucro real, isto é, o que elas efe-
E a grande importância desses dois ramos tivamente faturaram. Já as pequenas empre-
IA
de atividades, formados principalmente por sas pagam impostos sobre valores fixos.
pequenas empresas, é a capacidade que têm A OXFAM é uma ONG internacional que
2
de gerar empregos. Quase de todos os estuda as desigualdades econômicas mun-
3
trabalhadores brasileiros tiram seu sustento dias. Uma das desigualdades tributárias
de atividades do comércio e dos serviços. apontadas pela instituição é justamente a
O setor de serviços começou a ganhar im- forma como o Brasil tributa as empresas, ou
portância econômica a partir da década de seja, as pessoas jurídicas.
U

1950. Mas a grande virada aconteceu em mea- Apesar de representarem muito para a
dos da década de 1970, quando a agricultura economia brasileira, as micro e as peque-
perdeu para ele em geração de emprego. De nas empresas, com até 49 funcionários,
certa forma, foi uma dinâmica muito parecida costumam enfrentar mais dificuldades para
G

com a do processo de urbanização do Brasil, acessar programas de incentivo e apoio do


que ganhou força ao longo do século XX com governo. Isso ficou claro durante a pande-
o aumento do setor industrial e a perda gra- mia de coronavírus. Nos três primeiros me-
dual da população rural. Hoje, mais de 80% ses desde que o Brasil começou a implantar
da população brasileira vive em cidades. políticas de isolamento social para conter a
Os dois maiores setores da economia bra- propagação do vírus, entre março e junho de
sileira, comércio e outros serviços, são forma- 2020, 716 372 empresas fecharam as portas
dos principalmente por pequenos negócios definitivamente no país. Desse total, 715 130
que, apesar do tamanho, são muito impor- eram micro ou pequenas empresas (99,8%).
tantes não só pelo que produzem, mas tam- E as 1 242 restantes eram empresas de mé-
bém pela capacidade de gerar empregos. dio porte (0,2%), com 50 a 499 funcionários.
No comércio, as micro e pequenas em- Nenhuma grande empresa fechou as portas
presas são responsáveis por mais da metade definitivamente.
33
Ideias & Conceitos

D
O que é taxa de emprego?
Uma taxa é um coeficiente que expressa a relação entre duas grandezas.
A taxa de emprego (ocupação remunerada) é a razão entre a população ocupada e a

L
população economicamente ativa (indivíduos em condições de fazer parte do mercado
de trabalho). No entanto, o índice mais habitual de ser tratado nesse contexto é a taxa de
desemprego, que é dada pela razão entre a quantidade de desempregados e a população
economicamente ativa.
população ocupada

N
taxa de emprego = ;
população economicamente ativa

quantidade de desempregados
taxa de desemprego =
população economicamente ativa

P
A taxa de emprego permite indicar o porcentual de trabalhadores que têm efetivamente
emprego. O pleno emprego é um conceito econômico que supõe que toda a população em
idade laboral produtiva que deseja trabalhar tem emprego. Ou seja, a procura de trabalho é
igual à oferta.
IA
Reflexões
10. Responda agora às seguintes questões:
a) A taxa média de desemprego no Brasil foi de 11,9% em 2019. O que significa isso? E qual
foi a taxa de emprego no mesmo ano?
b) Quais são as taxas de emprego e de desemprego em uma situação de pleno emprego?
Dê sua opinião sobre essa situação.
U

c) Observe o gráfico Participação dos setores no emprego disponível em <www.insper.edu.


br/wp-content/uploads/2018/09/Abordagem-sobre-Setor-Servicos-Economia-Brasilei-
ra.pdf>; acesso em 18 set. 2020., relativo ao período de 1950 a 2010 no Brasil e responda:
Que comportamento teve o setor industrial nesse período? O que ocorreu com os outros
dois setores?
G

Desafio

Faça uma comparação das micro e pequenas empre-


sas com as grandes empresas, principalmente, de capital
aberto.
• Por que o mercado especulativo ajuda na desigualdade
social e qual a contribuição das micro e pequenas empre-
sas nessa área?
• Por que na pandemia de 2020 as empresas mais afetadas
foram as micro e pequenas empresas?

34
Diversidade e Capítulo 2

D
desigualdade na
economia brasileira

L
Construindo o cenário Mobilize seus conhecimentos
Não deixe de rever com os

N
colegas:
• Estrutura demográfica
Ao analisar os setores produtivos da economia, como fi- brasileira
zemos até agora, vimos que são as empresas as que contri- • Função definida por mais de
buem para o protagonismo de cada um deles – agricultura, uma sentença

P
extrativismo, indústria, comércio ou serviços.
No jargão das áreas de Contabilidade, Administração
de Empresas e Economia, as empresas são chamadas de
pessoas jurídicas. Nascem, crescem e morrem como as
pessoas “de carne e osso”, mas são resultado do esforço
IA
e da invenção humana.
Nesse mesmo jargão, homens e mulheres que fazem es-
sas empresas progredir ou desaparecer – seja como em-
presários, seja como operários ou consumidores – são cha-
mados de pessoas físicas. Em última instância, as pessoas
jurídicas deveriam existir para garantir os meios de sobre-
vivência das pessoas físicas. Mas isso não é assim para boa
U

parte da população em todo o mundo, especialmente em


países com grandes níveis de desigualdade, como é o caso
do Brasil.

A concentração da riqueza
G

Um dos indicadores de desenvolvimento de um país é o


PIB per capita. O PIB per capita é a soma de todos os bens
e serviços finais produzidos em um país (o PIB) dividido
por seu número de habitantes. Em 2019, o PIB do Brasil foi
de R$ 7,3 trilhões; no dia 1 de julho de 2019, a população
brasileira era de 210 147 125 pessoas. O PIB per capita foi,
portanto, de aproximadamente R$ 34.738,00.
Se a divisão do capital do país fosse equitativa para to-
dos os brasileiros, cada um teria movimentado aproxima-
damente R$ 2.894,83 por mês em 2019. Em uma família
com quatro pessoas, significaria ter movimentado (produ-
zindo bens, consumindo ou vendendo produtos e acumu-
lando riqueza), R$ 11.579,32 por mês. Esse valor é muito
35
diferente da realidade. Por isso, o PIB per capita não é um

D
Reflexões
bom indicador para medir como a riqueza do país está sen-
1. Segundo o Relatório de do distribuída. É preciso buscar outras referências.
Desenvolvimento Hu- A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad),
mano (RDH) da ONU,
feita pelo IBGE, é um termômetro melhor para medir essa dis-
em 2019, no Brasil o 1%

L
mais rico da popula- tribuição. Ela mostra que a divisão no Brasil é muito desigual.
ção concentrava 28,3% Em 2019, o rendimento médio mensal foi de R$ 2.308,00.
da renda total do país. Pode não parecer tão diferente assim do PIB per capita,
Use como referência
mas no grupo dos mais ricos, 1% da população brasilei-
a população brasilei-

N
ra de 2019, que era de ra, ganhou, em média, R$ 28.659,00. Ao mesmo tempo,
210 147 125 pessoas, e o 50% da população com os menores rendimentos ganhou
PIB desse mesmo ano, R$ 850,00. A renda do 1% mais rico foi 33,7 vezes a renda
de R$ 7,3 trilhões. da metade mais pobre da população.
a) Calcule quantas pes-

P
soas há no grupo
dos 1% mais ricos e
nos outros 99%.
b) Calcule o rendimen-
to médio anual (em
IA
reais) por pessoa do
grupo dos 1% mais
ricos e no grupo dos

Eduardo Borges
99% restantes.

No Brasil, apenas seis pessoas concentram o mesmo pa-


trimônio que os 100 milhões de brasileiros em maior situa-
U

ção de vulnerabilidade.

A diversidade como palco


da desigualdade
G

Segundo a Pnad, em 2019, 42,7% dos brasileiros se de-


Reflexões clararam como brancos, 46,8% como pardos, 9,4% como
pretos e 1,1% como amarelos ou indígenas.
2. Observe o gráfico Po-
pulação brasileira 2019: População brasileira 2019: cor ou raça
cor ou raça. Construa
um gráfico de seto- 46,8% 42,7%
Walmir Santos

res com as informa-


ções desse gráfico. Na
sua opinião, que tipo
de gráfico traduz com 9,4%
maior ênfase os dados: 0,7% 0,4%
o gráfico do texto ou o
gráfico que você cons-
truiu? Por quê? Parda Preta Branca Amarela Indígena

Fonte: Pnad, 2019.


36
Para entender como se dá a distribuição Primeiro, é preciso ter em mente que

D
da riqueza no Brasil é preciso ter um olhar esse “encontro” não foi um processo pa-
atento ao que significa essa diversidade. cífico, mas uma relação que articulou es-
Olhar atento, na verdade, significa ir um tratégias de dominação de um lado e de
pouco além da noção de que o povo bra- resistências, de outro. Segundo, é preciso

L
sileiro é formado pelo encontro de povos ter claro que essa relação não está fixada
europeus, indígenas e africanos. no passado, segue ativa atualmente.
José Rosael/Hélio Nobre/Museu Paulista da USP/Domínio Público

N
P
IA
Combate de Botocudos em
Mogi das Cruzes, de Oscar
Pereira da Silva, 1920. Óleo
sobre tela, 100 cm × 150 cm.

Os povos indígenas são um exemplo. faladas cotidianamente, para além da lín-


Mesmo depois de cinco séculos de vio- gua portuguesa. Os antigos conflitos que
lento processo colonial, continuam exis- marcaram a ocupação do território no
U

tindo no Brasil mais de 350 povos indí- passado seguem pautando grandes de-
genas diferentes, muitos deles vivendo bates sobre a política de acesso à terra.
em áreas urbanas e mais de 270 línguas
Newton Menezes/Futura Press

Reintegração de posse de
terras indígenas em área de
mata nativa na região do
Jaraguá em São Paulo (SP).
Foto de 2020.
37
Os conflitos também continuam presentes para

D
a maioria da população negra descendente de di-
ferentes povos africanos. Em todo o Brasil existem
mais de 3 500 comunidades remanescentes de
quilombos. Esses espaços de resistência criados

L
ainda no período da escravização continuam no
presente como lugares de manutenção da cultura
e da identidade afro-brasileiras.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Além dos quilombos, outros espaços conside-

N
rados de resistência da população mais vulnerável
são as favelas. São territórios construídos e ocu-
pados principalmente por ex-escravizados que,
depois da abolição, foram abandonados pelas po-
Morador observa ruínas da
líticas públicas.

P
favela do Sapo, na Água
Branca, após reintegração feita Em 2019, havia 5 127 747 domicílios em 13 151
pela Prefeitura de São Paulo.
Foto de 2019. aglomerados subnormais, o nome técnico usado pela IBGE
para definir as favelas. Essas comunidades estavam em 734
municípios, em todos os estados brasileiros, incluindo o
Distrito Federal.
IA
Estar atento para a diversidade também significa per-
ceber que os grandes fluxos migratórios que ajudaram a
definir a sociedade brasileira continuam no presente. Assim
como o tráfico de escravizados foi uma migração forçada
no passado, nos dias atuais guerras, catástrofes e crises
econômicas seguem forçando as pessoas a deixar seus
países. Algumas dessas pessoas vieram (e continuam vin-
U

do) para o Brasil.


Apu Gomes/Folhapress
No começo do século XX vieram italianos,
japoneses e espanhóis, incentivados por uma
política que tentava substituir a mão de obra
G

escravizada por uma assalariada, ao mesmo


tempo que apostava no “embranquecimento”
da população brasileira.
No final do século XX e começo do XXI,
vieram latino-americanos da Bolívia, do Para-
guai, da Venezuela e do Haiti, assim como ha-
bitantes do Extremo Oriente, como chineses e
coreanos; do continente africano, como congo-
leses, nigerianos e moçambicanos; e do Orien-
te Médio, como sírios, palestinos e libaneses.
Costureiras e costureiros bolivianos
encontrados em condições de
trabalho análogas à escravidão.
Foto de 2013.
38
De 2011 a 2018 foram registrados no Brasil 774,2 mil imigrantes,

D
que representam cerca de 0,3% da população que vive no Brasil.
É uma porção bem menor se comparada com a de imigrantes dos
Estados Unidos, 48 vezes maior que a do Brasil, ou com a do Ca-
nadá, que tem porcentual 72 vezes maior que o do Brasil. Também

L
é cerca de um sexto da média dos imigrantes dos países em de-
senvolvimento.
Ter em mente a complexidade que representa a diversidade
brasileira pode ajudar a interpretar os dados estatísticos sobre

N
a distribuição da riqueza no país. Também ajuda a compreender
como a má distribuição dessa riqueza tem relação direta com a cor
da pele, o gênero e o lugar de onde veio e onde vive cada pessoa.

Os números da desigualdade

P
Apesar de pretos e pardos representarem mais da metade da
população, a maior parte da renda não está nas mãos dessas pes-
soas, e sim na de uma minoria branca. Em 2019, a renda média das
pessoas brancas foi R$ 2.999,00 por mês. As pessoas pardas de-
clararam um rendimento médio de R$ 1.719,00 por mês, um valor
IA
quase 42,7% menor que o rendimento médio das pessoas brancas.
Entre as pessoas pretas a diferença é ainda maior: um rendimento
médio de R$ 1.673,00 ou 44,2% a menos que a de uma pessoa que
se autodeclara branca.

Proporção de pessoas em condição de pobreza no Brasil


Por cor ou raça
U

73%
Walmir Santos

dos pobres no
país são pretos
ou pardos
G

pessoas pretas
ou pardas

pessoas
brancas

Fonte: IBGE, 2019.

39
Em 2018, pouco mais de um quarto da população bra-

D
sileira (25,3%), ou 52,5 milhões de pessoas, vivia abaixo da
linha de pobreza, com menos de US$ 5,5 por dia. Esse nú-
mero de pessoas é maior do que a população inteira da
Espanha. Mais de 7 em cada 10 dessas pessoas (72,7%), ou

L
38,1 milhões, eram pretas ou pardas.
A análise cuidadosa desse grupo mais vulnerável reve-
la outra desigualdade, a de gênero: 27,2 milhões de pes-
soas abaixo da linha de pobreza eram mulheres pretas

N
ou pardas. Sozinhas, elas representavam mais da metade
(51,8%) das pessoas que viviam com menos de US$ 5,5
por dia no país.

Proporção de pessoas em condição de pobreza no Brasil

P
Por cor ou raça

52%

Walmir Santos
dos pobres no
país são mulheres
IA
pretas ou pardas

homens pretos
ou pardos

mulheres pretas
ou pardas
U

pessoas
brancas
G

Fonte: IBGE, 2019.

A situação das mulheres, especialmente das mulheres ne-


gras, tem consequências importantes para toda a socieda-
de porque gera um ciclo que faz perpetuar a condição de
pobreza e desigualdades. As mulheres seguem tendo renda
menor que a dos homens, mas vem aumentando o número
de lares que são chefiados por elas, e não por eles. Na práti-
ca, os filhos e filhas dessas mulheres também costumam en-
frentar mais dificuldades em todo o processo de formação
e, consequentemente, de inserção no mercado de trabalho e
na capacidade de aumentar a renda da família.
40
Enquanto em 2012 o porcentual de lares chefiados por

D
mulheres era de 37%, em 2018, das 71 milhões de residências
existentes no Brasil, 45% delas eram chefiadas por mulheres.
Em 2019, os homens, ganhavam, em média, 28,7% a mais
que as mulheres. Enquanto eles receberam R$ 2.555,00 elas

L
ganharam R$ 1.985,00. Em 2018, 63% dos lares chefiados
por mulheres negras estavam abaixo da linha de pobreza.
Outra informação alarmante que os dados estatísti-
cos trazem diz respeito ao número de pessoas em uma

N
situação ainda mais crítica: as que vivem em extrema po-
breza. Segundo os parâmetros estabelecidos pelo Banco
Mundial, corresponde a todos os brasileiros e brasileiras
que, em 2018, viviam com menos de US$ 1,9 por dia. Nes-
se ano, o país registrou 13,5 milhões pessoas com renda

P
diária abaixo desse limite. Em reais, ganhavam menos de
R$ 145,00 por mês. Nesse ano, o número de pessoas con-
sideradas extremamente pobres no Brasil era equivalente
à população de Portugal.
Comparar os rendimentos associando os parâmetros de
IA
cor ou raça e gênero revela a grande vantagem de homens
brancos sobre os demais grupos populacionais. Inversa-
mente, revela que as mulheres pretas ou pardas encontram-
-se na maior situação de desigualdade, já que recebem, em
média, menos da metade (44,4%) do que homens brancos
ganham. Depois dos homens brancos, o grupo com maior
vantagem é o das mulheres brancas. Na sequência, apare-
U

cem os homens pretos ou pardos.

Razão de rendimentos das pessoas ocupadas (%)

Mulher preta ou parda/ Menos


79,1
G

Homem preto ou pardo desigual

Mulher/Homem 78,7
Mulher branca/
Homem branco 75,8
Homem preto ou pardo/
74,1
Mulher branca
Mulher preta ou parda/ 58,6
Mulher branca
Pretos ou pardos/Brancos 57,5
Homem preto ou pardo/
Walmir Santos

Homem branco 56,1

Mulher preta ou parda/ Mais


44,4
Homem branco desigual

Fonte: IBGE, 2019. Nota: Pessoas de 14 ou mais anos de idade.

41
D
Reflexões
3. Segundo a agência UOL de notícias (Disponível em: <https://
economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/18/mais-
170-mil-brasileiros-entraram-para-a-pobreza-extrema-

L
em-2019.htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 08 ago.
2020.), em 2019, 6,7% da população brasileira era composta
de pessoas que viviam em condição de extrema pobreza
(com menos de 1,9 dólar por dia) e 18% era pessoas em
condição de pobreza (que viviam com renda diária entre

N
US$ 1,9, inclusive, e US$ 5,5).
a) Faça uma estimativa de quantos brasileiros viviam abaixo
da linha de pobreza (com menos de US$ 5,5 por dia) em
2019 e dê a renda mensal, em reais, da linha de pobreza

P
de US$ 5,5 por dia. Para isso, use a cotação do dólar de
R$ 5,00.
b) Quantas das pessoas que viviam abaixo da linha de po-
breza em 2019 eram mulheres pretas ou pardas?
4. Observe o gráfico Razão de rendimentos das pessoas ocu-
IA
padas (%) e faça o que se pede.
mulher homem
a) Explique o significado da razão e da razão  .
homem mulher
b) Com base no gráfico, explique por que a razão
mulher preta ou parda indica a situação mais desigual?
homem branco
U

Tributos e tributados
Já pensou como seria se a cada incêndio fosse preciso
acionar o Corpo de Bombeiros? Se as vacinas só fossem
vendidas em farmácia? Ou se a função de fechar os buracos
G

ficasse sob a responsabilidade apenas de quem usa a rua?


Quando a barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, se
rompeu, no dia 25 de janeiro de 2019, mais de 360 bombei-
ros e bombeiras trabalharam para resgatar sobreviventes e
encontrar vítimas. Toda essa equipe foi paga com dinhei-
ro público, resultado dos tributos pagos pela população.
Já imaginou se o socorro só tivesse chegado para quem
pudesse pagar pelo resgate? O desastre poderia ter sido
ainda maior.
Os tributos ajudam a organizar e fortalecer a vida em so-
ciedade, desde que a carga tributária seja justa e o dinheiro
recolhido, bem aplicado.
42
Ideias & Conceitos

D
Tributo ou imposto?
Tributo é tudo o que o governo arrecada para conseguir prestar os serviços públicos,
como saúde, educação, segurança e infraestrutura.

L
O imposto é um dos tributos possíveis. O Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) é um
exemplo, assim como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o Imposto sobre Proprie-
dades de Veículos Automotores (IPVA), o Imposto sobre Importação (IPI) e o Imposto Sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
As taxas e as contribuições são outros tipos de tributos. Diferentemente dos impostos,

N
que podem variar de acordo com o porcentual cobrado, as taxas costumam ser fixas e são
cobradas independentemente da renda do contribuinte. As contribuições se parecem com
as taxas, mas estão associadas a uma prestação de serviço direta por parte do governo.
No Brasil, os tributos representam 32% do PIB. Na verdade, fica um pouco abaixo dos im-
postos e taxas pagos pelos países que integram o clube dos países ricos, a OCDE (Organi-

P
zação para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), em que a carga tributária é, em
média, de 34,2% do PIB.

Metade de tudo o que os governos arrecadam em


impostos no Brasil vem do consumo de bens e servi-
IA
ços. Ou seja, parte do preço de cada produto ou servi-
ço prestado no país é formado por impostos.
Veja a seguir exemplos de porcentagens de impos-

Depositphotos/Fotoarena
tos cobrados no estado de São Paulo em 2020.

Fósforo

33,87%
U

Feijão

17,24%
De
po
sit
ph
ot
os
/F
ot
Javier Castro/Depositphotos/Fotoarena

oa
re
G

na
www.fotoarena.com.br
na re
otos/Fotoa

Óleo de cozinha

22,79%
Depositph

Gás de cozinha

Panela 34,04%
45,77%
43
O Brasil é um dos países que mais tributam o consu-

D
mo no mundo. O problema é que ao priorizar a cobrança
de impostos por essa via, a política fiscal brasileira acaba
alimentando desigualdades. Isso porque o preço do qui-
lograma de feijão ou do litro de óleo é mais ou menos o

L
mesmo tanto para quem ganha 1 salário mínimo quanto
para quem ganha mais de R$ 170.000,00 por mês. O valor
total arrecadado pelo governo será exatamente o mesmo.
Proporcionalmente, no entanto, o impacto da contribuição

N
na renda de quem ganha menos é muito maior do que na
Percentual da renda
renda de quem ganha mais.
gasto com tributos
Na média, os impostos cobra-
dos no Brasil impactam em 20%
a renda das pessoas. Mas entre os

P
25
mais vulneráveis economicamen-
te, que ganham entre R$ 265,00
20
e R$ 515,00 por mês, esse porcen-
tual sobe para 28% de tudo o que
15
eles ganham. No outro extremo,
IA
entre os mais ricos, as pessoas
10 que ganham mais de R$ 46,5 mil
mensais, apenas 7% da renda é
5 destinada a tributos. Esse grupo
corresponde a cerca de 0,2% da
população.
Walmir Santos

0
51 515

0 9
4

0 9
73 72
40 9

1
89 88

- 1
71 0

71 0
15 14
68 67

2 1-2 0

4 -4 9
7 05 04
m -4 819

46 8
8
22 22

72 37

11 2 11
1 1 -1 18

8
48
85 84

0 6
1 1 -113
9
94 94

1 4 1 47

1 5 1 57

34 4
1 7 -1 7
10 10

1 8 -1 8
12 12

de 4
U
87 8
1 0 5-9

2 -2 3

3 3
5-

13 1
1 2 9-1

A 82 -7
6-

6
-
-

-
26

4
0

0
2

a
ci

Fonte: Oxfam Brasil, 2019.

Reflexões
G

5. Com um colega, observem o gráfico Percentual da renda gasto com tributos e respondam:
a) O que esse gráfico mostra?
b) Proponham um novo gráfico de porcentual da renda gasto com tributos que você julgar
mais justo mostrando uma diminuição da grande desigualdade esboçada no gráfico dado.

O imposto de renda (IR)


Outra modalidade de imposto é o que incide sobre a
renda das pessoas. Ao contrário do que acontece com o
imposto sobre o consumo, o imposto sobre a renda pode
graduar a proporção do tributo pago pelo contribuinte
de acordo com o que ele consegue ganhar.
44
No Brasil, o imposto médio cobrado média, 32% da renda é tributada. Em

D
sobre a renda das pessoas é de cerca 2020, a alíquota (porcentual aplicado
de 25%. É uma porcentagem menor que no cálculo de um tributo) máxima cobra-
a de outros países. Entre os países da da pela renda foi de 27,5% e o porcentual
Organização para a Cooperação e De- foi aplicado a todas as pessoas que re-

L
senvolvimento Econômico (OCDE), em ceberam mais de R$ 4.664,68.

Tabela do IR – Incidência mensal – 2020


(A partir do mês de abril do ano-calendário de 2015)

N
Base de cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF (R$)

Até 1.903,98 – –

De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80

P
De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80

De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13

Acima de 4.664,68 27,5 869,36


IA
Fonte: SUBSECRETARIA de Tributação e Contencioso. IRPF (Imposto sobre a renda das pessoas físicas). Receita Federal.

Desafio

• Na sua opinião, por que o governo recolhe imposto sobre o consumo?


• Avalie a tabela de imposto de renda – incidência mensal. Que mudanças você sugere que
possam ser feitas nela que julgue torná-la mais justa?
U

Antes mesmo que o Imposto de Ren- O lucro, como visto no capítulo 1, é a diferen-
da fosse implantado no Brasil, em 1922, já ça entre a receita total obtida por uma deter-
G

existiam as diferentes alíquotas a ser pagas minada atividade e o custo total dessa ativi-
de acordo com a renda. Com a regra fiscal dade. Os dividendos são uma porcentagem
vêm as válvulas de escape que ajudam a dos lucros de uma empresa que é transferida
aliviar a carga fiscal de algumas catego- aos sócios dessa mesma empresa. Trata-se
rias. Logo que foi instituído, o Imposto de de uma espécie de “salário” dos empresá-
Renda isentou os ganhos com agricultura rios. É essa remuneração que continua sen-
e, só em 1939, por exemplo, comerciantes, do isenta de cobrança de imposto de renda
fazendeiros ou outros empresários foram no Brasil. Voltando à referência dos países da
obrigados a abrir seus livros de contabili- OCDE, a Estônia é o único país que não co-
dade para comprovar as informações que bra impostos sobre lucros e dividendos. Essa
declaravam na hora de pagar os impostos. regra garante que 75 mil pessoas que estão
Em 1995, os lucros e os dividendos pas- nos 0,1% dos mais ricos do país tenham mais
saram a ser isentos da cobrança de imposto. de 70% da renda isenta de impostos.
45
Ideias & Conceitos

D
Sistema regressivo × sistema progressivo
Sistema regressivo de tributação é aquele que aumenta a proporção do imposto pago à
medida que diminui a renda do contribuinte. Geralmente, é baseado em sistemas de cobran-

L
ça indiretos, como é o caso dos impostos sobre o consumo (proporcionalmente arrecada
mais de quem ganha menos). No sentido oposto está o sistema progressivo, que aumenta
a proporção do imposto pago quanto mais aumentam os valores sobre os quais incide. Sis-
temas progressivos costumam incidir diretamente nos ganhos do contribuinte (arrecadam
mais de quem dispõe de mais renda).

N
O que é imposto de renda?
O imposto sobre a renda da pessoa física (IRPF) é um imposto federal a ser declarado
anualmente por todas as pessoas físicas que tiveram rendimentos. Na declaração, é preciso
fazer o ajuste em relação ao imposto de renda retido na fonte (IRRF) pago ao longo do ano

P
anterior. Dependendo da situação, o contribuinte pode pagar mais ou receber alguma restitui-
ção do imposto. As faixas de rendimento e as alíquotas (ou seja, as porcentagens para apurar
o imposto a ser pago) de cada faixa são tabeladas pelo governo federal e podem mudar.
Em qualquer rendimento oficial incide o IRRF de acordo com as faixas de rendimento, seja
para um trabalhador fixo (registrado), seja para um temporário ou autônomo.
Mas como funciona essa tabela?
IA
A base de cálculo (rendimento tributável) em que incide o IR é obtida subtraindo-se da
renda bruta (salário ou valor do serviço) o valor pago para a previdência social e o valor
relativo aos dependentes (em 2020, era de R$ 189,59 para cada um).
Para estudar o modelo matemático que traduz as faixas do IR e seu funcionamento, vamos
considerar este formato da tabela, válida em 2020:

Faixa de rendimento tributável (base de cálculo) Alíquota


Até R$ 1.903,98 Isento de imposto
Valor acima de R$ 1.903,98 até R$ 2.826,65 7,5%
U

Valor acima de R$ 2.826,65 até R$ 3.751,05 15%


Valor acima de R$ 3.751,05 até R$ 4.664,68 22,5%
Valor acima de R$ 4.664,68 27,5%

Fonte: SUBSECRETARIA de Tributação e Contencioso. IRPF (Imposto sobre a renda das pessoas físicas). Receita Federal.
G

Disponível em: <https://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-fisica>.


Acesso em: 25 jul. 2020.

Você pode observar que o porcentual do imposto cobrado sobre o rendimento tributável
é dado por faixas, ou seja, sobre o valor da base de cálculo haverá incidência de vários por-
centuais diferentes. Acompanhe a situação de uma pessoa cuja base de cálculo obtida é de
R$ 4.500,00 e veja o que ocorre. Esse valor se encontra na 4ª faixa, por isso será dividido em
4 faixas de incidência do imposto.
• 4ª faixa (valor acima de R$ 3.751,05 até R$ 4.664,68): Se o valor é de R$ 4.500,00, nessa
faixa temos o valor de R$ 748,95 (4 500,00 2 3 751,05).
• 3ª faixa (valor acima de R$ 2.826,65 até R$ 3.751,05): O valor restante é de R$ 3.751,05
(4 500,00 2 748,95). Então o valor referente a essa faixa é de R$ 924,40 (3 751,05 –
2 826,65).
• 2ª faixa (valor acima de R$ 1.903,98 até R$ 2.826,65): Agora o valor restante é de
R$ 2.826,65 (3 751,05 2 924,40) e para essa faixa temos R$ 922,67 (2 826,65 2 1 903,98).

46
D
• 1ª faixa (valor até R$ 1.903,98): Note que o valor restante agora é de R$ 1 903,98
(2.826,65 2 922,67), que é isento de imposto, ou seja, para essa faixa o valor é o próprio
restante R$ 1.903,98.
Então, o rendimento de 4.500,00 fica dividido nas 4 faixas:
0% 7,5% 15% 22,5%

L
1.903,98 + 922,67 + 924,40 + 748,95
1ª faixa 2ª faixa 3ª faixa 4ª faixa

1.903,98 2.826,65 3.751,05

N
Aplicando aos valores obtidos para cada faixa a alíquota correspondente, calculamos o
valor do imposto a ser pago:
• 1ª faixa: Não há retenção alguma (0%)
• 2ª faixa: 7,5% de 922,67 = 0,075 . 922,67 = 69,20
• 3ª faixa: 15% de 924,40 = 0,15 . 924,40 = 138,66

P
• 4ª faixa: 22,5% de 748,95 = 0,225 . 748,95 = 168,51
Desse modo, o imposto a pagar corresponde à soma dos valores de retenção calculados
para cada faixa, ou seja: R$ 376,37 (69,20 + 138,66 + 168,51).
É assim que funciona o cálculo do imposto.
No entanto, para facilitar ao contribuinte, o governo libera uma tabela, prática para que
o usuário não precise calcular o imposto retido em cada faixa. Com essa tabela, utilizamos
IA
apenas a alíquota da faixa em que a base de cálculo se insere. Mas, fazendo isso, o valor ob-
tido para o imposto é maior do que aquele calculado pelas faixas (o valor correto). Por isso,
nessa tabela prática há uma parcela a ser deduzida relativa a cada faixa.

Faixa de rendimento tributável (base de cálculo) Alíquota Parcela a deduzir


Até R$ 1.903,98 Isento de imposto R$ 0,00
Valor acima de R$ 1.903,98 até R$ 2.826,65 7,5% R$ 142,80
Valor acima de R$ 2.826,65 até R$ 3.751,05 15% R$ 354,80
U

Valor acima de R$ 3.751,05 até R$ 4.664,68 22,5% R$ 636,13

Valor acima de R$ 4.664,68 27,5% R$ 869,36

Fonte: SUBSECRETARIA de Tributação e Contencioso. IRPF (Imposto sobre a renda das pessoas físicas).
G

Receita Federal. Disponível em: <https://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-


pessoa-fisica>. Acesso em: 25 jul. 2020.

Veja como usamos essa tabela prática, considerando a situação do exemplo anterior. Como
a base de cálculo é de R$ 4.500,00, esse valor pertence ao intervalo da 4ª faixa.
• Aplicamos a alíquota da faixa referente a esse valor:
22,5% de 4 500 = 0,225 . 4 500 = 1 012,50 (este seria o valor do imposto)
• Comparando o valor apurado aqui com o valor anterior do imposto a pagar, verificamos
que esse valor apurado é maior do que o imposto a ser retido
(R$ 376,37):
1 012,50 – 376,37 = 636,13 (diferença entre os valores, o que se pagaria a mais)
Note que essa diferença é exatamente a parcela a deduzir referente à 4ª faixa apresentada
na tabela prática. Ou seja, o cálculo feito deve ser este:
22,5% de 4 500 – 636,13 = 1 012,50 – 636,13 = 376,37 (valor correto do imposto a ser pago)

47
D
Reflexões
6. A última atualização dos valores da tabela para cálculo do imposto de renda vigente em 2020
foi no ano de 2015, e mesmo assim, naquela época, a correção foi abaixo do índice de inflação.
a) Na sua opinião, qual é a consequência desse fato para os contribuintes?

L
b) Explique o que significa o termo “retido na fonte”.
c) Apresente o cálculo do imposto de renda pela divisão em faixas quando a base de
cálculo é R$ 3.000,00.
d) Calcule o imposto retido na fonte de um trabalhador que tem salário bruto de

N
R$ 3.000,00, tem 2 dependentes e o valor pago para a previdência social foi de R$ 281,64.
e) O modelo matemático que traduz o IRRF algebricamente é uma função. Considere a
função f, que associa cada valor x do rendimento tributável (base de cálculo do imposto)
a um valor y = f (x) do IRRF (ambos valores em reais). Como os valores envolvidos se
referem a valores monetários recebidos e pagos, o domínio e o contradomínio da função

P
f são o conjunto dos números racionais não negativos.
De que tipo é essa função f ? Determine a lei que define essa função (de acordo com a
tabela prática).
f) Explique como é o gráfico dessa função.
g) Converse com um colega sobre estas questões:
IA
O IRPF é um tributo regressivo ou progressivo? Você acredita que é um imposto justo?
Esse imposto é um exemplo de tributação direta? Por quê?

Orçamento público: o destino dos tributos


A palavra tributo vem do latim tribus, caso da União – apresentar uma propos-
nome dado às três divisões étnico-políti- ta de como os tributos devem ser dividi-
U

cas que deram origem a Roma. Tributum dos. A proposta do Poder Executivo da Lei
era a contribuição dada por cada pessoa a Orçamentaria Anual (LOA) deve ser apro-
fim de ser repartida por toda a tribo. vada pelo Poder Legislativo de cada uma
No Brasil, os tributos recolhidos são re- dessas esferas: nos municípios, as câmaras
G

passados também a três instâncias: o Muni- de vereadores; nos estados, as assembleias


cípio, que administra impostos municipais, legislativas; e no âmbito federal, os sena-
como o IPTU; o Estado, que fica com os dores e os deputados federais do Con-
tributos estaduais, como o ICMS; e a União, gresso Nacional. Depois, os representan-
que recolhe os tributos federais, como o tes do Poder Legislativo têm de fiscalizar
Imposto de Renda. a execução, pelo Poder Executivo, desses
Em qualquer uma dessas esferas, o de- orçamentos. E é assim que são gastos os
safio é saber se os tributos estão sendo impostos e tributos.
bem repartidos. No Brasil, o orçamento federal aprova-
Em cada uma dessas esferas, cabe ao do em 2019 foi de R$ 3,314 trilhões. Esse
Poder Executivo – as prefeituras, no caso orçamento já tinha a previsão de receitas
dos Municípios; os governos, no caso dos (o quanto a União recolheu de impostos) e
Estados; e a presidência da República, no de despesas (em que investiria o dinheiro).
48
Até o final do ano foram efetivamente maior do que foi investido em educação.

D
gastos, ou executados, R$ 2,711 trilhões. Como os principais credores do governo
Desse total, R$ 1,038 trilhão dos tributos federal são os bancos, a maior parte des-
pagos pelos brasileiros (38,27%) foram se dinheiro foi para o sistema financeiro.
usados para o pagamento de juros e amor- O tamanho do valor desses juros que são

L
tizações da dívida pública. O valor foi cer- pagos pelo governo é definido pela Selic, a
ca de 52% maior do que foi destinado para taxa básica de juros definida pelo Comitê
todas as aposentadorias e pensões (previ- de Política Monetária (Copom), do Banco
dência social) do país, quase 810% acima Central. Quanto mais alta essa taxa, maior

N
do que foi destinado para a saúde e 1 000% é o valor dos juros a ser pagos e vice-versa.

Ideias & Conceitos

P
O que é amortização?
Amortização é a redução de uma dívida a longo prazo. O devedor quita o débito por meio
de pagamentos parciais, que correspondem às parcelas de devolução do principal da dívida
(valor efetivamente emprestado). Os pagamentos periódicos incluem também os juros, cal-
culados sempre sobre o saldo devedor. Assim, o valor amortizado em cada período é o valor
do pagamento da parcela descontando o juro.
IA
Em 2020, o orçamento apresentado pelo tos e encargos financeiros da dívida pública.
Governo Federal e aprovado pelo Congresso Mais da metade de todo o Orçamento do país
foi de R$ 3,8 trilhões. Desse total, R$ 1,9 trilhão e o maior volume já investido para a manuten-
refere-se a amortizações, juros, refinanciamen- ção dos pagamentos da dívida pública.
U

Políticas sociais e redistribuição de renda


Uma parte do orçamento público federal total. É dessa fração que saem os recursos
vai para programas sociais. Em 2019, essa de programas como o Bolsa Família, por
fatia correspondeu a 3,42% do orçamento exemplo.
G

Bolsa Família
O Programa Bolsa Família (PBF) é um no mínimo R$ 41,00 para famílias com uma
programa de transferência de renda que é criança e, no máximo, R$ 205,00, para fa-
pago diretamente para famílias em situa- mílias com 5 ou mais filhos. Em 2020, cer-
ção de pobreza e de extrema pobreza. Só ca de 13,9 milhões de famílias receberam o
podem receber o benefício famílias com Bolsa Família e, para isso, foram destinados
crianças e adolescentes de até 17 anos, R$ 29,5 bilhões do orçamento público.
que frequentem a escola e estejam com a O montante corresponde a menos de
vacinação em dia. Famílias com mulheres 1% do orçamento público aprovado para
grávidas também podem receber, desde 2020 e equivale a cerca de 1,5% do valor
que a mulher esteja fazendo as consultas destinado ao pagamento da dívida públi-
pré-natal. Em 2020, o Bolsa Família pagava ca nesse mesmo ano.
49
Desde 2003, quando foi implantado, significa que, em 2017, tirou 3,4 milhões de

D
até 2017, o programa reduziu as taxas de pessoas da situação de extrema pobreza
pobreza extrema em um quarto (25%) e também tirou outras 3,2 milhões de pes-
e reduziu em torno de 15% o número de soas da situação de pobreza.
pessoas abaixo da linha de pobreza. Isso

L
Brasil: taxas de pobreza com e sem as transferências do PBF (2001-2017) (em %)
Linha de R$ 89 per capita Linha de R$ 178 per capita
10 25

7,9 20,7 20,2


8 7,5 20
6,6 20,6 17,2
6,4 19,8

N
Sem o PBF
7,7 6,9 14,0
6 5,5 15
5,1 16,0
4,8 4,8 11,6

Walmir Santos
5,3 4,1 10,0 Sem o PBF 10,6
4,9 12,6 8,8
4 4,5 10 8,2
3,8 3,7 10,1
3,4 9,1
Observado 8,4
2,8 7,1 6,7
2 5
Observado
0 0
2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017

P
Fonte: Pnads (2011-2015) e Pnads Contínuas (2016-2017).

Benefício de Prestação Continuada (BPC)


Outro programa de transferência de ren- Diferentemente do Bolsa Família, os recur-
da considerado pelos economistas como de sos para o pagamento do BPC vêm de uma
IA
grande impacto é o Benefício de Prestação parte do orçamento destinada à Previdência
Continuada (BPC). Esse é um benefício, no Social, aquela parte que paga as aposenta-
valor do salário mínimo, pago a todas as dorias e pensões dos brasileiros que pude-
pessoas que não têm condições de trabalhar ram contribuir com o Instituto Nacional de
para garantir a sobrevivência e não pude- Seguridade Social (INSS) ao longo da vida.
ram contribuir com a previdência social para Em 2019, mais de 4,6 milhões de idosos e
conseguir garantir o direito à aposentadoria. pessoas com deficiência de baixa renda re-
Só podem receber o BPC pessoas com 65
U

cebiam o benefício. Comparado com outros


anos ou mais e pessoas com deficiência que benefícios que complementam a renda dos
vivam em famílias com renda média por pes- mais pobres, o BPC, que paga um valor de
soa abaixo de um quarto do salário mínimo. um salário mínimo, é o único programa de
Em 2020, foram destinados R$ 60 bilhões transferência direta de renda que tem man-
G

do orçamento para o pagamento desses tido as condições para tirar as famílias da


benefícios, ou 1,58% do orçamento federal linha de pobreza. Sozinho, entre os anos de
aprovado para o ano, e um montante equi- 2004 e 2006, o BPC contribuiu com quase
valente a 3,1% do valor reservado para pagar 14% na queda da desigualdade no Brasil.
os títulos da dívida pública.

Os investimentos sociais
O BPC e o Bolsa Família são os dois em programas de transferência de renda
principais programas de transferência dire- (cerca de 3% do PIB).
ta de renda para as pessoas que vivem à Mas essas não são as únicas políticas so-
margem da sociedade. Juntos, correspon- ciais que contribuem para diminuir as de-
dem a 1,2% do PIB. É menos da metade do sigualdades. Entram nessa lista o Sistema
porcentual que a União Europeia investe Único de Saúde (SUS), que cobre toda a
50
população brasileira; a educação pública que, em 2017, res-

D
pondia por 40,8 milhões dos 48,5 milhões de estudantes
matriculados em todos os níveis, e o INSS, que concedeu
34 milhões de benefícios em 2018.

Devolvendo os tributos a quem contribui

L
O impacto das políticas de distribuição de renda na eco-
Reflexões
nomia como um todo é controverso. Há economistas que
dizem que essas políticas ajudam a criar um ciclo virtuoso, 7. Observe o gráfico Bra-

N
já que inserem pessoas que não tinham poder de compra sil: taxas de pobreza
com e sem as transfe-
no mercado de consumo, o que faz a roda da economia
rências do PBF (2001-
girar, estimulando vendas e aumentando a arrecadação do 2017 relativo à Linha de
governo por meio dos tributos. R$ 89 per capita, que
Há também os que dizem que não é possível estabele- se refere à pobreza ex-

P
cer uma relação tão direta entre crescimento econômico trema.
Compare-o com a afir-
e os programas de distribuição de renda. Mas o que todos
mação:
concordam é que esses são programas que reduzem a si-
“Em média, após 2004,
tuação de pobreza e atacam as desigualdades. a pobreza extrema cai 1,3
Talvez uma das constatações mais importantes é perce- ponto percentual (p.p.)
IA
ber que os programas que tentam reduzir as desigualdades por ano com a transferên-
cia. Entretanto, em termos
sociais não são uma forma de caridade ou benevolência,
relativos, em torno de um
mas um meio de devolver os impostos que são pagos a mais quarto da pobreza extre-
em função do sistema regressivo de tributação adotado no ma é abatido pelas trans-
Brasil. Em 2003, por exemplo, todos os investimentos pú- ferências do PBF.” (Dispo-
blicos feitos em programas sociais, da saúde à educação, nível em: <www.ipea.gov.
passando pelo Bolsa Família, simplesmente anularam as de- br/portal/images/stories/
U

PDFs/TDs/td_2499.pdf>.
sigualdades criadas pelo sistema tributário, devolvendo os
Acesso em: 28 jul. 2020.).
recursos para as pessoas de forma proporcional à renda de De que forma é possível
cada uma delas. Em poucos momentos da História a trans- comprovar, com o gráfico,
ferência média de recursos foi equivalente ao volume médio o fragmento acima?
G

que as famílias mais pobres pagaram de impostos.

Desafio

Pesquise e responda:
a) Em que você alteraria a distribuição proposta pelo Orçamento Público Federal execu-
tado em 2019?
b) O que se pode fazer para melhorar a desigualdade socioeconômica por meio da
distribuição de recursos?
c) Reúna-se com seus colegas de grupo, retomem as conclusões feitas no caderno em
cada etapa do Desafio e criem juntos uma agenda de possíveis medidas de governo
para implementar as melhorias discutidas.

51
Em síntese

D
Com base no que você estudou e pesquisou, reflita e faça o que
se pede.

L
1. Em agosto de 2020, resultados preliminares do Ministério da
Economia indicam que no ano as exportações totalizavam
US$ 125,737 bilhões e as importações, US$ 93,657 bilhões. O
saldo da balança comercial do período foi superavitário ou
deficitário? Por quê?

N
2. No primeiro trimestre de 2020, com valores a preços corren-
tes, o Brasil teve a seguinte produção no setor agropecuário,
R$ 119,691 bilhões; na indústria, R$ 305,45 bilhões; e no setor
de serviços, R$ 1.113,292 bilhões; e ainda recolheu R$ 264,988

P
bilhões em impostos líquidos sobre os produtos. Calcule o PIB
brasileiro a preços de mercado nesse trimestre.
3. Cerca de 15 milhões de pessoas estão envolvidas na produção
agropecuária, sendo 10 milhões em agricultura familiar. Esses
pequenos produtores familiares são responsáveis por cerca de
23% do faturamento do setor.
IA
a) Calcule o faturamento relativo à produção da agricultura fa-
miliar no primeiro trimestre de 2020.
b) Verifique a área ocupada pelos produtores familiares e cal-
cule a produção média por hectare dessas propriedades no
primeiro trimestre de 2020.
4. Na década de 1980, o Brasil experimentou a maior taxa de pro-
dução do setor industrial, com 27,3% do PIB. Calcule qual foi a
U

participação do setor industrial no PIB durante o primeiro tri-


mestre de 2020. Quantos por cento decaiu a produção industrial
da década de 1980 para o início da década de 2020?
5. No Brasil, estima-se que existiam cerca de 211 milhões de pes-
G

soas no início de 2020.


Programas como o Bolsa Família recebem poucos recursos e
não conseguem abranger toda a população em situação de vul-
nerabilidade do Brasil.
a) Em 2018, 25,3% da população vivia abaixo da linha de pobre-
za. Supondo que tenha sido mantido esse porcentual, calcule
o número de pessoas que isso representa no início de 2020.
b) Se fosse instituído um programa de distribuição de meio sa-
lário mínimo mensal para cada cidadão dessa faixa, qual seria
o valor anual desse programa para o governo, com base no
salário mínimo de 2020?
c) Que porcentual do orçamento esse programa representaria,
tomando como base o orçamento aprovado de R$ 3.808,6 bi-
lhões para 2020?
52
D
6. Reúna-se com seu grupo, leiam o texto sugerido e debatam
sobre as ideias propostas por ele.

L
Reduzir as desigualdades está entre os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda
2030 da ONU.
Desigualdade de oportunidades. Desigualdade entre ge-

N
rações. Desigualdade entre mulheres e homens. E, é claro,
desigualdade de renda e de riqueza. Todas essas facetas da
desigualdade estão presentes em nossas sociedades e, infeliz-
mente, estão aumentando em muitos países. [...]

P
Combater a desigualdade exige uma abordagem nova. Pri-
meiro, é preciso repensar as políticas fiscais e a tributação pro-
gressiva.
A tributação progressiva é um componente essencial de
uma política fiscal eficaz. Nossos estudos mostram que é pos-
IA
sível elevar as alíquotas tributárias marginais no topo da distri-
buição de renda sem sacrificar o crescimento econômico.
[...] reformar a estrutura da economia poderia apoiar os es-
forços para combater a desigualdade ao reduzir os custos do
ajuste, minimizar as disparidades regionais e preparar os tra-
balhadores para ocupar um número crescente de empregos
verdes. [...]
Facilitar a mobilidade dos trabalhadores entre empresas,
U

setores e regiões minimiza os custos de ajuste e promove uma


recolocação rápida. Políticas de habitação, crédito e infraestru-
tura podem ser úteis nesses sentido.
Políticas e investimentos direcionados a determinadas áreas
G

geográficas podem complementar as transferências sociais já


existentes.
GEORGIEVA, Kristalina. Reduzir a desigualdade para gerar oportunidades. ONU. 8
jan. 2020. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/artigo-reduzir-a-desigualdade-para-
gerar-oportunidades/>. Acesso em: 12 ago. 2020.

Com base na agenda de possíveis medidas de governo que


você e seu grupo já elaboraram e considerando todas as con-
clusões que vocês desenvolveram até aqui, vocês vão finalizar
o artigo que traduz a proposta simplificada de reforma tributá-
ria para reduzir as desigualdades no país idealizada pelo grupo.
Essa proposta pode contemplar uma mudança fiscal ou um pro-
grama social a ser implementado que melhore a desigualdade
socioeconômica do país. Como justificativa, podem mostrar o
que vai melhorar, o número de pessoas que serão beneficiadas e
o custo do programa ou reforma.
53
D
Conexões

L
Conexões filosóficas
• Escolha um canal de mídia e analise os princípios éticos e econômicos presentes nas falas
de comentaristas sobre economia.

Conexões geográficas

N
• Os dados estatísticos sobre a população são essenciais para as políticas públicas. O perfil
demográfico nacional é composto por diferentes categorias, como classe, gênero, raça,
mercado de trabalho, dentre outros aspectos. Pesquise aspectos que ampliem a aborda-
gem estudada sobre o perfil demográfico de nosso país.

P
Conexões históricas
• Pesquise os demais ciclos econômicos no Brasil Colônia e verifique a contribuição deles
para a nossa economia.

Conexões matemáticas
• Pesquise o PIB do ano corrente e veja se houve aumento ou queda e de quanto em relação
IA
ao PIB de 2019.

Conexões sociológicas
• Em sua família ou pessoas conhecidas, questione quais tributos elas sentem que pesam
mais em seu orçamento familiar e como elas fazem para enfrentar a situação.
Após realizar essas atividades, discuta com a turma:
• Qual é a responsabilidade da população e do governo na busca da diminuição das desi-
gualdades.
U

Para ir além
G

Assista aos vídeos


• Ciclo do açúcar, escambo e economia colonial: História do Brasil pelo Brasil, episódio 3, de
Débora Aladim.
Trata sobre a economia do período colonial: ciclo do açúcar, engenhos, escravidão, escam-
bo, questão indígena, entre outros.
Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=tHFfCDiV6Zg>. Acesso em: 30 jul. 2020.
• PIB: o que é, para que serve e como é calculado – IBGE Explica.
De maneira simples e rico em exemplos, apresenta o conceito de PIB.
Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=lVjPv33T0hk>. Acesso em: 30 jul. 2020.

54
D
• O que é inflação – IBGE explica Ipca e INPC.

L
Aborda de maneira simples a noção de inflação, com índices aplicados e exemplos.
Disponível em: <www.youtube.com/watch?time_continue=31&v=JVcDZOlIMBk&featu-
re=emb_logo>. Acesso em: 08 ago. 2020.
• Sonegação: o problema mais caro do Brasil. De Sandoval Matheus e Danilo Boros. Meteoro
Brasil. Brasil, 2020. Discute o tamanho da sonegação fiscal no país, trazendo também re-

N
flexões sobre o sistema de tributação que onera os mais pobres.
Disponível em: <https://youtu.be/5CzKPN_4nfo>. Acesso em: 30 ago. 2020.

Visite os sites – Leia os artigos e reportagens


• As distorções de uma carga tributária regressiva

P
Texto de Marcel Gomes em que pesquisadores do IPEA explicam como a cobrança de
impostos e as desonerações fiscais carregam distorções e discutem como mudar essa es-
trutura é um desafio.
Disponível em: <www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=3233>. Acesso
em: 11 set. 2020.
Economia no Brasil (setores) e principais ciclos da história do Brasil.
IA
Disponível em: <www.educamaisbrasil.com.br/enem/geografia/economia-no-brasil>. Acesso
em: 02 set. 2020.
• Jornal da USP
Podcast com o professor Glauco Arbix, que sugere que o superávit da balança comercial
brasileira deve ser visto com reservas.
Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/superavit-da-balanca-comercial-brasilei-
ra-deve-ser-visto-com-reservas/>. Acesso em: 02 set. 2020.
• IBGE – O que é inflação
U

Apresenta o conceito de inflação, os índices IPCA e INPC e a Calculadora do IPCA, que


atualiza uma quantia utilizando o índice oficial de inflação brasileiro.
Disponível em: <www.ibge.gov.br/explica/inflacao.php#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20
infla%C3%A7%C3%A3o,governo%20federal%2C%20e%20o%20INPC.>. Acesso em: 02 set.
2020.
G

• Impostômetro
Página que trata do imposto sobre consumo.
Disponível em: <https://impostometro.com.br/Noticias/Interna?idNoticia=421>. Acesso
em: 02 set. 2020.
• Imposto sobre consumo
Texto e infográfico que ilustram esse tipo de imposto.
Disponível em: <https://oxfam.org.br/wp-content/uploads/2019/10/Imposto-sobre-con-
sumo.pdf?utm_campaign=calculadora_-_assinou_email_1_-_duplicado&utm_medium=e-
mail&utm_source=RD+Station>. Acesso em: 02 set. 2020.

55
2

D
O mundo do trabalho
UNIDADE

L
N
P
IA
U
G

56
D
L
Laurentiu Iordache/Depositphoto/Fotoarena
Reflexões

N
Este livro, a caneta que você está usando, o lugar em que
você deve estar nesse momento... Olhe à sua volta: a maior
parte do que te cerca é resultado do trabalho de alguém.
Pessoas que aplicaram algum tipo de recurso (imaginação,

P
força, tempo, dinheiro...) para alterar a natureza. O trabalho
permeia o nosso cotidiano e é baseado em um conjunto de
relações complexas, que podemos estudar lançando mão
de conhecimentos da História à Matemática, passando pela
Economia e Sociologia.
Com um grupo de colegas, converse:
IA
• O que está no seu cotidiano que não é fruto do trabalho?
• Quantas pessoas participaram da elaboração do que
você tem ao seu dispor e que não veio diretamente da
natureza?
• Que tipo de retorno ou, em outras palavras, que remune-
ração essas pessoas receberam para construir? Será que
essa remuneração foi justa?
• Será que todas essas pessoas compartilharam de forma
igual os frutos do resultado desse trabalho?
U

• Anote as principais conclusões da conversa e comparti-


lhe com os colegas.
G

Você vai estudar...

• Relações de trabalho.
• Um pouco de legislação trabalhista no Brasil.
• Jovens no mercado de trabalho.

Trabalhador executando serviço


de solda. Muitos objetos metálicos
que observamos precisam ser
soldados e para isso é necessária a
habilidade de um profissional.

57
Capítulo 3 Trabalho e emprego

D
no Brasil

L
Construindo o cenário
Mobilize seus conhecimentos
Não deixe de rever com os

Azerbaijan_stockers/Freepik
N
colegas:
• Revolução Industrial
• Escravidão no Brasil
• Era Vargas e CLT
• Análise de gráficos e
cálculos com porcentagens

P
IA

Você sabe o que é necessário para produzir um alimento


como uma pizza, por exemplo? Farinha de trigo, água, sal,
queijo… A lista de ingredientes não vai muito além. Mas, e
todos esses produtos, vieram de onde?
U

Eles são resultado de um conjunto de relações de tra-


balho que, por sua vez, é estruturado por uma cadeia pro-
dutiva. Essa cadeia envolve a terra para plantar o trigo e
que vai servir de pasto para as vacas produzirem leite; a
G

indústria de moagem e de laticínios, onde serão fabricados


o leite e a farinha; os mercados onde serão comprados es-
ses produtos; a pizzaria onde será feita a pizza e, claro, uma
série de trabalhadores e funcionários em cada um desses
lugares, que vão empregar tempo e energia em cada uma
dessas etapas.
As estruturas onde são realizadas cada uma das etapas
são chamadas de meios de produção. Já o emprego do
tempo e da energia das pessoas que irão trabalhar nes-
ses lugares compõe a força de trabalho. É esse conjunto
de relações – e como ele apresenta novas configurações
atualmente, com o uso de plataformas digitais e aplicativos
– que veremos nesta unidade.
58
As relações de trabalho no ciclo produtivo da pizza de muçarela

D
Farinha
Indústria
de trigo

L
de moagem

Supermercado

N
Eduardo Borges
Desafio
P
IA
Nessa Unidade, o nosso desafio será identificar os principais problemas que as relações de
trabalho apresentam nos dias atuais e tentar apontar soluções. Para isso, você vai elaborar
uma proposta de regulamentação para os novos formatos de relações de trabalho, mediadas
pelos entregadores de aplicativos, apresentando um projeto de lei que tenha como objetivo
garantir relações de trabalho mais justas e que ajudem a reduzir as desigualdades de renda
e de acesso a direitos.
Forme um grupo de trabalho. Você e seu grupo desenvolverão as etapas desse desafio.
Registrem os procedimentos e as conclusões no caderno.
U

Um pouco de história do trabalho


As relações de trabalho viraram o centro avanços tecnológicos já eram suficientes
G

das atenções dos pensadores econômicos para alterar completamente as formas de


a partir da Revolução Industrial na Europa, produção: do artesanal, em que uma úni-
iniciada na Inglaterra, na segunda metade ca pessoa é responsável por todo o pro-
do século XVIII. O feudalismo e as relações cesso de produção, para o fabril, onde as
de servidão entre nobres e camponeses etapas de produção são divididas, o traba-
já haviam saído de cena; a terra já não era lho é especializado e os donos dos meios
usada apenas para a produção de alimen- de produção não participam mais das eta-
tos e, paulatinamente, passava a ser arren- pas produtivas. Esses últimos entravam no
dada para fornecer matéria-prima para no- processo com o capital, um investimento
vas fábricas. O êxodo rural, provocado ao que se tornava tanto mais lucrativo quanto
longo do século por essa nova organização mais contasse com gente disposta a traba-
econômica, criou um grande contingen- lhar muito e receber cada vez menos pelo
te populacional nos centros urbanos, e os trabalho realizado.
59
Longas jornadas de trabalho, condições crianças para serem escravos, o que corres-

D
insalubres, baixa remuneração, exploração ponde a mais de um terço de todas as pes-
da força de trabalho de mulheres e crian- soas vítimas do tráfico negreiro em todo o
ças… Esse era o cenário mais comum nas mundo.
relações de trabalho ao final do século XIX A Lei Áurea, de 1888, que aboliu, ao me-

L
e início do século XX. nos oficialmente, a escravidão no país, não
A resposta da nova classe operária euro- veio acompanhada de políticas de compen-
peia veio em forma de organização social. sação social que viabilizassem a inserção
Foram criados os sindicatos e, com eles, social do imenso contingente populacional

N
vieram as greves e as reivindicações por formado por ex-escravos e ex-escravas. Ex-
melhores salários, melhores condições de pulsas dos locais onde antes eram escravi-
trabalho e uma maior participação popular zadas, essas pessoas foram abandonadas à
na definição das leis que poderiam reduzir própria sorte, sem meios de se inserir social-
as injustiças resultantes das relações desi- mente, já que não houve assistência, garan-

P
guais entre operários e patrões. tias ou políticas públicas que as proteges-
Era um terreno fértil para revoltas e re- sem e as preparassem para uma transição
voluções sociais. E foi isso que aconteceu. para o novo regime de organização da vida
Em 1871, enquanto a França experimen- e do trabalho. Em muitos locais havia uma
nova mão de obra, formada por imigrantes
IA
tava uma revolução proletária que tomou
o poder do Estado formando a Comuna de italianos, alemães, espanhóis e, mais tarde,
Paris, no Brasil todo o sistema de produ- japoneses que vinham para o Brasil e tam-
ção ainda tinha como base a mão de obra bém estavam em busca de melhores con-
escrava. A Lei do Ventre Livre, que torna- dições de trabalho. A importação de mão
ria livres apenas os filhos das mulheres es- de obra estrangeira foi, esta sim, incentiva-
cravizadas, só seria assinada no final desse da pelo Estado, também com o intuito de
mesmo ano. A escravidão só se tornaria promover o branqueamento da população
U

ilegal em 1888, depois de todos os outros e formar o tipo ideal do brasileiro que iria
países do Ocidente colocarem fim ao es- engendrar a identidade nacional. Além dis-
cravismo. so, a sociedade não via a população negra
O fato de o Brasil ter sido o último país como um grupo com direito a contratos tra-
G

do Ocidente a abolir a escravidão não é balhistas. Tiveram de resolver por sua conta
apenas um detalhe. Esse é um dado his- e risco os desafios de moradia, saúde, segu-
tórico determinante para compreender rança e educação. Ao longo de pouco mais
como as relações de trabalho se estabele- de um século, esse processo de exclusão
ceram ao longo de cinco séculos no país. ganhou uma representação geográfica: as
Ainda hoje, a divisão do trabalho na socie- favelas e periferias das grandes cidades.
dade brasileira contém marcas profundas Nesses lugares, ainda continuam mo-
das relações de violência e exploração dos rando muitos dos descendentes desses ex-
séculos de escravismo. -escravos, pessoas que são a maioria nas
O Brasil foi o país que mais recebeu afri- tarefas menos valorizadas financeiramen-
canos escravizados. Entre os séculos XVI e te, como o trabalho doméstico, a limpeza
XIX, desembarcaram nos portos brasileiros urbana e, mais recentemente, os entrega-
cerca de 4 milhões de homens, mulheres e dores de aplicativos.
60
Leituras

D
O trabalho ao longo da história
Até a Idade Média, o trabalho tinha má reputação. Então Martinho Lutero o pregou

L
como dever divino. Hoje, robôs ameaçam substituir a mão de obra humana, mas esta pode
ser uma oportunidade positiva para os humanos. [...]
Wikipedia/Wikimedia Commons

N
P
IA
Trabalhadores em casa de fundição. Óleo sobre tela, 194 cm × 144 cm. Museu Nacional de
Arte da Dinamarca, Copenhague, Dinamarca.

A serviço das máquinas


U

No século XVIII, começou a industrialização na Europa. Enquanto a população crescia,


diminuía o espaço cultivável. As pessoas migraram para as cidades em busca de trabalho
em fábricas e fundições. Em 1850, muitos ingleses trabalhavam 14 horas por dia, seis dias
por semana. Os salários mal davam para sobreviver. Descobertas como a máquina a vapor e
o tear mecânico triplicaram a produção.
G

Disponível em: <www.dw.com/pt-br/ a-evolu%C3%A7%C3%A3o-do-trabalho-ao-longo-da-


hist%C3%B3ria/g-39920480>. Acesso em: 20 ago. 2020.

Reflexões
1. Com base na leitura do texto, faça o que se pede.
a) O desenvolvimento tecnológico altera o mundo do trabalho. Reflita sobre possíveis des-
dobramentos negativos ou positivos do processo de mecanização e automatização das
atividades.
b) Segundo o texto, quantas horas de trabalho por semana alguns ingleses realizavam em
1850?
c) Estime a quantidade de pessoas de todo o mundo que foram vítimas do tráfico negreiro.

61
As leis trabalhistas no Brasil:

D
a luta pela dignidade no trabalho
O primeiro registro de regulação do trabalho no Brasil,
após a Abolição, é um decreto assinado por Deodoro da
Fonseca, em 1891, que proibiu o trabalho de crianças meno-

L
res de 12 anos nas indústrias do Rio de Janeiro. Já em 1903,
o então presidente Rodrigues Alves autorizou a criação
de sindicatos nas áreas rurais e, em 1907, foi a vez de um
decreto do presidente Afonso Pena autorizar sindicatos

N
de trabalhadores urbanos. Ainda incipientes, as primeiras
regulações indicavam um pano de fundo de transforma-
Arquivo Edgard LeuenrothWikipedia/
Wikimedia Commons/Domínio Público ções sociais que incluíam as insa-
tisfações das classes operárias e

P
de trabalhadores com as péssimas
condições de trabalho e as modi-
ficações nas relações e na com-
preensão do conceito de trabalho.
Para a organização trabalhista,
IA
tudo isso culminaria em um evento
que se tornou um marco histórico:
a greve geral de 1917.
U

Greve geral em São Paulo, 1917.

Ideias & Conceitos


G

Entre 1850 e 1920, chegaram ao Brasil cerca de 1,5 milhão de imigrantes, principalmente
italianos e espanhóis. A imigração foi incentivada para substituir a mão de obra escrava nas
lavouras e para colocar em marcha o plano eugenista de branquear a população. Foram es-
ses imigrantes que acabaram sendo contratados para trabalhar nas fábricas que começavam
a se instalar nas cidades.
Essas pessoas chegaram ao Brasil trazendo a experiência de organização dos trabalha-
dores na Europa, que já havia passado pela Revolução Industrial e por profundas transfor-
mações no mundo do trabalho. A difusão e a influência da filosofia anarquista, entre esses
imigrantes, também ajudou a aquecer os ânimos, em um cenário em que a quase ausência
de regras nas relações de trabalho, nesse período, beneficiava exclusivamente os patrões. As
jornadas de trabalho podiam durar 18 horas; os salários das mulheres não chegavam à meta-
de do salário dos homens; não havia direito a férias ou descanso semanal e os pagamentos
não tinham data certa para acontecer.

62
D
Em julho de 1917, o estopim foi a morte do sapateiro espanhol José Ineguez Martinez, de
21 anos, na cidade de São Paulo. Ele participava de uma greve e foi morto pela polícia. A
morte desse jovem trabalhador gerou revolta, reunindo em seu cortejo milhares de pessoas
e contribuindo para fazer crescer os apoios dos movimentos grevistas.
No dia 11 de julho, 20 000 trabalhadores cruzaram os braços e 54 fábricas ficaram fecha-

L
das. No dia seguinte, condutores de bondes, padeiros, leiteiros e funcionários da companhia
elétrica também aderiram à greve. E até o dia 16 de julho, 100 000 trabalhadores já partici-
pavam daquela que se tornou a primeira greve geral no país.
Após a greve e seus impactos, surgiram novas leis sobre os direitos dos trabalhadores.
No entanto, uma legislação trabalhista só seria promulgada no Brasil nos anos 1940, no

N
final da Era Vargas, com a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), em 1º de
maio de 1943.

Reflexões

P
2. Em 1920, a população brasileira era composta por cerca de 30,6 milhões de pessoas, e
a População Economicamente Ativa (PEA) era cerca de 9,5 milhões de pessoas. Desse
IA
total, aproximadamente 9,15 milhões exerciam alguma atividade de trabalho. Já ao fim do
ano de 2019, o retrato dos trabalhadores e trabalhadoras no Brasil era muito diferente.
Veja na tabela a seguir.

Indicadores do mercado de trabalho, Brasil (4º trimestre de 2019)


População total 210 147 125
PEA 171 613 000
Na força de trabalho 106 184 000
U

Desemprego 11%
Ocupados 94 552 000
Agricultura 8 333 000
Indústria (incluindo construção) 18 986 000
G

Serviços (incluindo administração pública + domésticos + alojamento e 67 210 000


alimentação + informação e atividades financeiras etc.)
Fora da força de trabalho 65 429 000
Fonte: IBGE, 2019.

De acordo com o texto e com a tabela acima, faça o que se pede.


a) Em 2019, qual porcentual da população brasileira correspondia à população economica-
mente ativa? E em 1920?
b) Explique como se obtém o porcentual de desemprego e o total de pessoas fora da força
de trabalho, de acordo com a tabela de dados de 2019.
c) Considerando o período de 11 a 16 de julho de 1917, qual foi o porcentual de acréscimo no
número de trabalhadores que aderiram à greve?

63
A Consolidação das Leis do Trabalho –

D
a CLT
A greve geral impulsionou a criação de novas leis traba-
lhistas, mas uma legislação trabalhista só seria criada mais

L
de duas décadas depois, no final da Era Vargas (1930–1945).
É nesse período que ocorre a definição da jornada de tra-
balho de oito horas e o estabelecimento do Salário Mínimo.

N
Ideias & Conceitos
O Salário Mínimo é o menor valor a ser pago para trabalhadores e trabalhadoras no sistema
formal, regido pela CLT. Foi adotado pela primeira vez na Nova Zelândia, no final do século
XIX. No Brasil, foi criado em 1934, mas só em 1940 é que foi editado o decreto estabelecendo

P
o valor desse mínimo, e a regra pôde ser colocada em prática.
Segundo a Constituição Federal de 1988, o valor do Salário Mínimo deve ser capaz de aten-
der às necessidades dos trabalhadores e suas famílias com moradia, alimentação, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.
Mas segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos,
DIEESE, para conseguir atender o que diz a Constituição, e levando em conta uma famí-
IA
lia com dois adultos e duas crianças, o valor do Salário Mínimo, em 2020, deveria ser de
R$ 4.700,00 – mais de quatro vezes o valor em vigor para esse ano (R$ 1.045,00). A partir de
2004, passou a ser adotada uma política de valorização, que elevou o salário mínimo para o
patamar de cerca da metade do valor de 1940. Em 2020, em torno de 49 milhões de pessoas
tinham os seus rendimentos baseados no valor do Salário Mínimo.

Ana Volpe/Agência Senado


Mas o principal marco da ampla reforma traba-
lhista dos anos de 1940 foi a assinatura do decreto-
U

-lei 5.454, em 1943, que criou a CLT, a Consolidação


das Leis do Trabalho, que iria unificar e inserir os di-
reitos dos trabalhadores e trabalhadoras na legis-
lação brasileira. A CLT também regulava as horas
G

extras, que foram limitadas para o máximo de duas


horas diárias, e determinava o período de férias de
30 dias.
Depois disso, a CLT passou por muitas mudan-
ças, como a incorporação do descanso semanal re-
A Carteira de Trabalho passou a ser um munerado, em 1949, e a criação do FGTS, o Fundo
documento obrigatório nos contratos de Garantia por Tempo de Serviço, em 1966. Em
formais de trabalho a partir de 1934.
Nela fica registrada a vida profissional 1988, com a Constituição Federal, as mulheres con-
da pessoa: quando foi contratada, quistaram a licença-maternidade de 120 dias, a jor-
quando foi demitida, o valor da
remuneração das férias, etc. Apesar de nada semanal de trabalho foi limitada a 44 horas e
ter surgido antes mesmo da CLT ela o direito à greve passou a ser constitucional.
está tão associada à lei que algumas
pessoas chegam a confundir a pequena Em 2017, ocorreram novas alterações, com a
caderneta azul com a própria CLT. aprovação da Lei 13.467/2017.
64
Ideias & Conceitos

D
O estabelecimento de direitos não aconteceu de maneira igual para todos os trabalhado-
res e trabalhadoras. A categoria dos trabalhadores domésticos só teve aprovadas regula-
mentações para seu trabalho muitas décadas após a criação da CLT.

L
As empregadas domésticas só passaram a ter direito à carteira assinada em 1973. O direito
às férias só foi garantido em 2006. E somente em 2013 foi promulgada uma Emenda Consti-
tucional estendendo aos trabalhadores domésticos os mesmos direitos de outras categorias,
como a jornada de trabalho de 44 horas semanais e o pagamento de horas extras, adicional
noturno, entre outros.

N
No final de 2019, havia 6 356 000 trabalhadores domésticos em todo o país. Desse total,
4 585 000 trabalhavam sem carteira assinada e, portanto, sem garantia de acesso aos direi-
tos da categoria.

P
Reflexões
3. Pesquise o valor do salário mínimo atual válido no estado em que você vive. Depois, faça
um levantamento do valor dos produtos que compõem uma cesta básica.
a) O gasto com cesta básica representa quantos por cento do valor desse salário mínimo?
IA
b) Você sabe o que é renda per capita familiar? Converse com um colega sobre isso e pes-
quisem, se necessário. Depois, calculem a renda per capita familiar de cada um de vocês
(considerando a quantidade de pessoas que moram na sua casa, incluindo você). Em se-
guida, determinem a equivalência dessa renda per capita familiar com o salário mínimo
pesquisado.
c) Converse com um colega e verifiquem que valor deveria ser proposto para o salário
mínimo de modo a atender as necessidades de moradia, alimentação, educação, saú-
de, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, conforme a Constituição
Federal de 1988.
U

A “Nova CLT”
Em 2017, houve uma nova reforma tra- quando o empregador achar necessário.
G

balhista, alterando alguns pontos da CLT • Autorizou o trabalho remoto, o chama-


e criando novos artigos, com o argumento do home office, sem controle de jornada
de que as relações e regulações do traba- pelo empregador e sem o direito a horas
lho deveriam ser modernizadas e desburo-
extras.
cratizadas. No entanto, isso é controverso
• Permitiu o trabalho de mulheres grávi-
e a questão ainda é saber em que medida a
das, e das que estão amamentando, em
classe de trabalhadores e empregados foi
beneficiada. Veja algumas mudanças, em locais insalubres, mediante apresentação
relação à CLT de 1943, que entraram em de atestado médico.
vigência: • O pagamento de piso salário mínimo dei-
• Criou o trabalho intermitente: o traba- xa de ser obrigatório no caso dos contra-
lhador pode ser contratado para traba- tos de trabalho que preveem remunera-
lhar por horas avulsas, sendo convocado ção por produção.
65
• Acabou com a obrigatoriedade da contribuição sindical, que

D
descontava um dia de salário do trabalhador por ano para
custeio do sindicato da categoria.
• As férias de 30 dias podem ser parceladas em até três vezes.
• É permitida uma jornada de trabalho diária de até 12 horas,

L
com 36 horas de descanso.
A reforma de 2017 também alterou a maneira como os pro-
cessos e as ações trabalhistas eram movimentados. Segundo
o Tribunal Superior do Trabalho, reduziu em 32% o número de

N
processos trabalhistas em andamento entre 2017 e 2019. Fo-
ram 2,2 milhões de processos em 2017 para 1,5 milhão em 2019.
Com a nova lei, o trabalhador deverá arcar com os custos do
processo judicial de uma ação trabalhista caso ele seja a parte
derrotada no tribunal. Essa medida gerou receio entre os tra-

P
balhadores de terem que arcar com esses custos, inclusive a
possibilidade de pagar o advogado do patrão.

Série histórica das execuções trabalhistas (2004-2020)


IA

Walmir Santos
Iniciadas
U

Encerradas

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Fonte: Tribunal Superior do Trabalho, 2020.


G

Reflexões
4. Observe o gráfico Série histórica das execuções trabalhistas (2004-2020) e responda:
a) Avalie todas as informações do gráfico. O que você pode concluir dessa análise?
b) Em que ano houve um pico de encerramento de execuções trabalhistas? Na sua opinião,
a que isso se deve?
c) Em geral, como podemos descrever as condições de trabalho no Brasil até 1943?
d) Faça uma comparação entre as novas regras para os contratos de trabalho apresentadas
no texto e os principais direitos trabalhistas sancionados com a criação da CLT, em 1943.
Depois, estabeleça uma reflexão sobre essas transformações e discuta por que trabalha-
dores e sindicatos de trabalhadores são muito críticos com as novas regras. Elas impac-
taram o seu trabalho ou o trabalho de pessoas que moram com você? De que maneira?

66
Ideias & Conceitos

D Folhapress
A organização dos trabalhadores e trabalha-
doras em sindicatos ajudou a construir avan-
ços nas relações de trabalho ao longo do sécu-
lo XX. Mas essa não foi uma história linear. Os

L
sindicatos, ao longo de sua história no Brasil,
tiveram atuações variadas, dependendo do
contexto e também das categorias que eles
representavam. Em 1964, com a Ditadura Civil-
-Militar, o direito à greve foi praticamente ex-

N
tinto, e a atuação dos sindicatos foi modifica-
Manifestação de metalúrgicos durante
da. No lugar de reivindicações, eles passaram
Assembleia em greve no ABCD, São Paulo, 1979.
a cumprir funções de lazer e assistência.
No final da década de 1970, o perfil dos sindicatos começou a mudar novamente. Em São
Paulo, o Sindicato dos Metalúrgicos passou a reivindicar reajuste salarial. Como o reajuste

P
não veio, no dia 12 de maio de 1978 os trabalhadores de uma montadora de caminhões, em
São Bernardo, entraram em greve. O movimento se difundiu e ganhou adesão de funcioná-
rios de outras montadoras e também de outras categorias profissionais em todo o país.
Após essa greve, os militares editaram um decreto-lei que tornou ainda mais duras as pu-
nições aos grevistas. A luta por melhores salários desses movimentos sindicais da região do
ABC teve uma participação importante nos movimentos de trabalhadores e nas reivindica-
IA
ções políticas, durante o período final da ditadura militar no Brasil.
Já nos anos de 1990, um período marcado pelo liberalismo econômico, o papel do sin-
dicalismo voltou a se modificar. Ao longo dos últimos 30 anos, as práticas de negociação
também se alteraram, principalmente após a reforma trabalhista de 2017, que definiu que os
acordos e as negociações individuais entre trabalhadores e empregadores podem se sobre-
por aos acordos coletivos das categorias (antes estabelecidos pelos sindicatos).
U

Desafio
• Veja o filme Eles não usam black tie, de Leon Hirzsman (disponível em: <www.youtube.
com/watch?v=Uzl2K1bDRog>. Acesso em: 22 ago. 2020), e discuta com a turma:
G

a) O que pode levar trabalhadores a organizarem uma greve?


b) Como as desigualdades de renda, de qualidade de vida e de acesso a direitos podem
influenciar essa decisão?
c) Que conflitos entre os trabalhadores e trabalhadoras são representados no filme, princi-
palmente através da relação de pai e filho entre Otávio e Tião?
d) De que maneira é retratada no filme a contradição ou a dificuldade dos operários em
relacionar seus desejos e anseios pessoais com a ideia de luta coletiva e sindical?
e) Que papel o poder público, representado no filme pela força policial, deve assumir no
conflito entre patrões e operários? Como vocês avaliam a forma como o poder público
foi representado no filme?
f) A organização dos trabalhadores, no filme, ajudou a garantir direitos para os trabalhadores?
• Pesquise sobre a reforma trabalhista aprovada em 2017 e discuta como as mudanças feitas
na CLT podem impactar as relações de trabalho nos próximos anos.

67
Capítulo 4 Outras relações

D
de trabalho

L
Construindo o cenário
Mobilize seus conhecimentos
Não deixe de rever com os
O trabalho informal

N
colegas:
• Aspectos do mercado de
trabalho no Brasil Uma das justificativas para levar à frente a reforma tra-
• Legislação trabalhista atual balhista foi tentar reduzir a informalidade no mercado de
• Interpretação e análise de
gráficos
trabalho. O trabalho informal, porém, cresceu no país du-

P
• Função polinomial do 1º grau rante os últimos anos. O Brasil fechou o ano de 2019 com
e seu gráfico 38,4 milhões de pessoas trabalhando na informalidade. O
número correspondia a 41% da população ocupada (pes-
soas que, em certo período de referência, trabalharam ou
tinham trabalho) daquele ano. São considerados informais
IA
todos os trabalhadores sem carteira assinada, ou fora de
qualquer outro regime oficial (como os concursados no
serviço público), empregadores sem a empresa registrada,
o chamado CNPJ, profissionais que trabalham por conta
própria sem CNPJ e os trabalhadores familiares auxiliares
(entram nessa categoria pessoas que trabalham auxiliando
familiares sem receber remuneração por isso).
Pesquisar sobre o mercado informal de trabalho ajuda a
U

entender as desigualdades brasileiras. Quando pensamos


em informalidade, muitas vezes estamos falando de peque-
nos serviços: guardadores de carros nos grandes centros
urbanos; engraxates que perambulam pelas ruas; diaristas
G

que vivem de faxinas; vendedores ambulantes; catadores


de materiais recicláveis; e, mais recentemente, motoristas e
entregadores de aplicativos. São serviços que fazem parte
de nosso cotidiano, dos quais usufruímos, mas que cos-
tumam ser mal remunerados e não garantem proteção e
benefícios aos trabalhadores, compondo uma categoria
considerada precarizada.
Enquanto, de um lado, os trabalhadores com contratos
de trabalho formal se organizaram para conseguir direitos
como Salário Mínimo, férias e descanso semanal remune-
rado, de outro, um grande número de pessoas seguiu à
margem dessas conquistas. São trabalhadores que, ge-
ralmente, se encontram em situação mais vulnerável. Se

68
ficam doentes ou sofrem um acidente de trabalho, não

D
têm renda garantida. Se são mulheres grávidas, não têm
direito à licença-maternidade depois do nascimento da
criança. Também não têm direito aos benefícios da apo-
sentadoria pagos pelo governo.

L
IBGE - Pnad Contínua - (Out.-Nov.-Dez./2019)
Indicadores Estimativa
Pessoas de 14 por condição Total 171 613
anos ou mais em relação

N
Na força de trabalho 106 184
de idade (mil à força de
Ocupada 94 552
pessoas) trabalho e
condição na Desocupada 11 632
ocupação Fora da força de trabalho 65 429
Empregado 63 520

P
Setor privado (exclusive trabalhador doméstico) 45 523
Com carteira 33 668
Sem carteira 11 855
Trabalhador doméstico 6 356
Com carteira 1 770
IA
ocupadas Sem carteira 4 585
por posição
Setor público 11 641
na ocupação,
setor e com carteira 1 191
categoria militar e funcionário público estatutário 7 951
do emprego
sem carteira 2 498
no trabalho
principal Empregador 4 442
com CNPJ 3 636
U

sem CNPJ 806


Conta própria 24 557
com CNPJ 5 101
sem CNPJ 19 456
G

Trabalhador familiar auxiliar 2 033


Fonte: IBGE-Pnad, 2019.
Não por acaso, esse cenário está intimamente relacio-
nado ao contexto histórico da abolição tardia do regime
escravo no Brasil. Isso fica claro quando analisamos os nú-
meros da informalidade segundo raça e cor. Em 2018, qua-
se a metade da população ocupada de cor preta ou parda
(47,3%) estava em postos informais de trabalho. Entre a
população ocupada de cor branca, essa parte era de pouco
mais de um terço (34,6%). Esse padrão histórico foi manti-
do mesmo no período em que a informalidade atingiu seu
patamar mínimo, em 2016. Nesse ano, 39% das pessoas tra-
balhavam na informalidade, sendo que, entre as pessoas
pretas e pardas, esse porcentual era de 45,6%.
69
Proporção de trabalhadores informais por cor ou raça

D
%
50

Walmir Santos
40

L
30

20

10

N
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Branca Preta ou parda Total

Fonte: IBGE, 2019.

P
A mesma lógica de desigualdade se repete na análise do
contingente populacional de pessoas que têm sua força de
trabalho subutilizada ou que estão subocupadas. São pes-
soas que trabalham menos horas do que poderiam ou de-
IA
sejariam, geralmente praticando os chamados bicos, além
das que estão procurando alguma atividade remunerada.
População na força de
trabalho, desocupada Taxa composta de subutilização,
e subutilizada (%) segundo o nível de instrução (%)
40,0
40,0 35,8
Na força de trabalho
Na força de trabalho 40,0 32,9 35,8
Na força de trabalho 32,9 35,8
43,9 54,9
U

29,0 32,9
43,9 54,9 30,0 29,0 26,6
30,0 26,0
43,9 54,9 30,0
29,0 26,0 26,6
22,4 26,0 26,6
Desocupada 22,4
Desocupada 18,8 19,1
20,0 18,8 22,4 19,1
Desocupada 20,0
34,6 64,2
G

18,8 19,1 15,0


34,6 64,2 20,0 15,0
34,6 64,2 11,5 15,0
11,5
Subutilizada 10,0 11,5
Subutilizada 10,0
Subutilizada 10,0
32,7 66,1
32,7 66,1
32,7 66,1 0,0
0,0
co opeo etoe o o
omãeoneno o

M éMé p poleupleu u

tmo mo o
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Branca
m
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Branca
Walmir Santos
FF

Preta ou parda
i n

Preta ou parda
M

Preta
Pessoas de 14ou
ouparda
mais anos de idade.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, 2018.

70
Nesses grupos, as pessoas pretas e pardas também são

D
maioria. Em 2018, pretos e pardos representavam pouco
mais da metade (54,9%) da força de trabalho no país, mas
respondiam por cerca de dois terços das pessoas desocu-
padas (64,2%) e das subutilizadas (66,1%).

L
A dificuldade que a população preta e parda enfrenta
para se colocar no mercado formal de trabalho também é
sintoma do desemprego estrutural, quando uma parcela da
população não tem perspectivas de empregabilidade e não

N
encontra condições para reverter essa situação.
Diferente do desemprego conjuntural, em que uma con-
juntura leva ao cenário da falta de trabalho, mas essa conjun-
tura é circunstancial e pode ser alterada, nas condições de
desemprego estrutural a ausência de vagas novas de empre-

P
go é considerada um fator da própria estrutura do mercado
de trabalho, insuperável nas condições em que se apresenta.
O crescimento da informalidade, que em 2019 bateu um
recorde histórico, mostra que uma boa parte das pessoas,
especialmente as da população negra, não tem acesso a
IA
vagas de emprego formal, prejudicadas pelo desemprego
estrutural do mercado de trabalho.

Reflexões
1. Retome a tabela IBGE - Pnad Contínua (Out.-Nov.-
U

-Dez./2019) e resolva as questões.


a) Em 2019, havia 38,4 milhões de pessoas trabalhando na
informalidade. Mostre que essa quantidade de pessoas
correspondia a cerca de 41% da população ocupada.
b) Do total de pessoas de 14 anos ou mais, quanto repre-
G

senta em porcentagem cada um dos grupos: empre-


gados do setor privado, trabalhadores domésticos e
empregados no setor público?
2. Observe o gráfico Proporção de trabalhadores informais
por cor ou raça e avalie o comportamento das variáveis
nesse período. O que pode ser dito sobre isso?
3. Observe o gráfico Taxa composta de subutilização, se-
gundo o nível de instrução (%).
a) Para qual nível de instrução há a maior diferença en-
tre os porcentuais dados? Por que você acha que isso
ocorre?
b) Pode-se dizer que, conforme aumenta o nível de ins-
trução, a taxa de subutilização diminui? Explique.

71
Desafio

D
Leia os textos indicados abaixo.
• Os temas 1 (Condições de Trabalho) e 2 (Organização Sindical) da Nota Técnica do DIEE-

L
SE sobre a reforma trabalhista aprovada em 2017, que está disponível em: <www.dieese.
org.br/notatecnica/2017/notaTec178reformaTrabalhista.html>. Acesso em: 22 ago. 2020.
• O capítulo Relações de Trabalho do Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022, da Confe-
deração Nacional da Indústria (CNI), sobre o mesmo tema, que está disponível em: <www.
portaldaindustria.com.br/cni/canais/mapa-estrategico-da-industria/fatores-chave/rela-

N
coes-de-trabalho/#tab-l-3>. Acesso em: 22 ago. 2020.
Em seguida, junte-se aos seus colegas de grupo para discutir os dois textos. Algumas ques-
tões podem ajudar na reflexão:
a) É possível notar as diferenças de abordagem de cada um desses textos? Quais?
b) O que pode levar duas análises sobre um mesmo tema serem tão diferentes entre si?

P
Listem suas hipóteses.
c) Tome como referência um contrato de trabalho intermitente (detalhado no item 1.1.2 da
Nota Técnica do DIEESE) e calcule quantas horas uma pessoa precisa trabalhar nesse
regime de contrato para que os ganhos salariais sejam maiores que os gastos com
a previdência social que ela precisa pagar (tomando como referência a contribuição
IA
mínima que é paga pelas pessoas que ganham até um salário mínimo; a partir de 1o de
março de 2020, essa contribuição é de 7,5% do salário mínimo vigente).
• Comparativamente com outros países, entre 138 posições, o Brasil está na 114ª posi-
ção no pilar Relações de Trabalho do Global, Competitiveness Report 2017-2018. A
meta é a melhoria no ranking quanto à relação entre empregados e empregadores.
Analise o gráfico a seguir e resolva as questões propostas.

Nota do Brasil na avaliação das relações empregado-empregador


U

5,50

5,00 Meta
4,50
4,50
G

3,95
4,00 3,77
3,57
3,50

3,00
Walmir Santos

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

Tendência linear das 3 últimas


Nota Meta
observações da série

Fonte: CNI, com base em dados do WEF, 2017.


a) O que significa o valor 3,77 indicado no gráfico?
b) Determine uma equação da reta que pode ser ajustada para mostrar a tendência linear
dos últimos valores de modo que se atinja a meta estipulada.

72
Juventude e trabalho

D
Em 2020, os jovens brasileiros repre- to da crise. Foi um período em que a renda
sentavam cerca de 23% da população. São média do brasileiro caiu 3,7%, mas para as
47,2 milhões de pessoas. Esse grupo foi o pessoas de 15 a 29 anos essa queda (por-
que, entre 2014 e 2019, anos marcados pela centual) foi de 14,7%, segundo um estudo

L
recessão econômica, mais sofreu o impac- publicado pela FGV, em 2019.
Evolução da média de renda real individual do trabalho (R$)

1.400
1.219

N
1.174

Walmir Santos
1.126 1.122
1.200

1.000

800

600

P
642 664
561 567
400
1T / 12
2T / 12
3T / 12
4T / 12
1T / 13
2T / 13
3T / 13
4T / 13
1T / 14
2T / 14
3T / 14
4T / 14
1T / 15
2T / 15
3T / 15
4T / 15
1T / 16
2T / 16
3T / 16
4T / 16
1T / 17
2T / 17
3T / 17
4T / 17
1T / 18
2T / 18
3T / 18
4T / 18
1T / 19
2T / 19
Adultos (15 a 60) Jovens (15 a 29)

Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE Renda Habitual do Trabalho.
IA
Para as pessoas de 15 a 19 anos, a ren- sar da queda maior, o rendimento entre eles
da média no período caiu 26,5%. Entre os continua sendo maior que o das mulheres.
jovens sem escolaridade, 51%, e entre os Enquanto a renda média de homens de 15 a
jovens pardos, 16,4%. Entre as mulheres jo- 29 anos foi de R$ 678 (em valores de outu-
vens, a queda na renda foi menor: quase bro de 2015), as mulheres na mesma faixa
11%, enquanto entre os homens jovens os etária receberam R$ 456.
U

rendimentos caíram cerca de 17%. Mas, ape-

Taxas de crescimento da renda individual trabalho dos jovens abertas por grupos
tradicionalmente excluídos do 4º trim. de 2014 ao 2º trim. de 2019
G

-14,66% Total Walmir Santos


-17,15% Homens
-10,98% Mulheres
-12,14% Pretos
-16,40% Pardos
-26,54% Jovens – 15 a 19 anos
-17,76% Jovens – 20 a 24 anos
-11,63% Jovens – 25 a 29 anos
-23,56% Chefe
-18,15% Filho
-51,09% Sem instrução
-22,01% Região Norte
-23,58% Região Nordeste
-15,11% Capitais
Jovens (15 a 29)

Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE Renda Habitual do Trabalho.

73
Um outro dado é ainda mais preocupante. Em 2018, qua-

D
se 11 milhões de jovens de 15 a 29 anos não estavam nem
estudando nem trabalhando. Quase um quarto (23%) da
população nessa faixa etária. O IBGE detalhou o perfil des-
sa parcela da população:

L
Reprodução/IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
N
P
IA
Fonte: IBGE, 2019.

Um contingente desse tamanho de jovens que deixaram


a escola e não conseguem entrar no mercado de trabalho
é um problema que pode ter consequências sérias afetan-
U

do, por exemplo, a manutenção de sistemas de proteção


social, como o pagamento de aposentadorias para os ido-
sos, que é financiado pela atuação das pessoas que fazem
parte da população economicamente ativa.
G

Reflexões
4. Utilize o gráfico Evolução da média de renda real Indivi-
dual do Trabalho (R$) para justificar as afirmações relati-
vas ao período entre 2014 e 2019.
• A renda média do brasileiro caiu cerca de 3,7%.
• A renda média dos jovens de 15 a 29 anos caiu cerca
de 15%.
5. O perfil da população de jovens que nem estudam nem
trabalham, detalhado pelo IBGE, contempla uma divisão
por faixa etária, outra por gênero e uma terceira por cor ou
raça. Que tipo de gráfico você usaria para representar es-
sas três classificações? Justifique e elabore esses gráficos.

74
Empreendedorismo

D
ou precarização?
Na crise do emprego há procura por alternativas de ren- Para o seu estudo
da e, dentro desse cenário, se tornou comum a discussão
em torno de um modelo de trabalho que tem como premis- Amplie seus

L
conhecimentos com os
sa a ideia de trabalhar sem prestar contas para ninguém,
artigos a seguir, que tratam
investir no próprio negócio e ter autonomia para definir de empreendedorismo.
horário de trabalho, férias e folgas: o empreendedorismo. Não deixe de ler.
O modelo do empreendedor autônomo tem sido impul- • Sebrae Nacional. O que

N
sionado por governos, entidades de classe empresariais e é ser empreendedor. 2019.
Disponível em: <https://m.
organizações econômicas como um fator que gera cresci-
sebrae.com.br/sites/
mento econômico, emprego e renda. No entanto, embo- PortalSebrae/bis/o-que-e-
ra muitas vezes atraente, a ideia de empreender também ser-empreendedor,ad1708

P
deve ser vista como resultado de uma crise estrutural eco- 0a3e107410VgnVCM10000
nômica que pode retirar garantias e seguranças importan- 03b74010aRCRD>. Acesso
em: 25 ago. 2020.
tes das antigas relações de trabalho (como os empregos
• Site Nova Escola.
formais) e fazer passar o discurso de que o empreendedor
PERES, Paula. O que é
é alguém que trabalha à vontade, por sua conta e por seus empreendedorismo?
IA
méritos. Há iniciativas importantes de empreendedorismo, 2014. Disponível em:
que indicam vitalidade e criatividade populares, por exem- <https://novaescola.org.
plo, mas o horizonte de crise econômica e estrutural não br/conteudo/1299/o-que-
e-empreendedorismo>.
deve ser ignorado.
Acesso em: 25 ago. 2020.
Em um cenário em que a legislação trabalhista é flexibili-
zada e as condições para se conseguir um emprego formal
são cada vez mais difíceis, o discurso do empreendedoris-
U

mo se tornou muito presente.

A anatomia de um empreendedor

Ensino Idade média Ex-funcionários


+ 40 anos de grandes

Eduardo Borges
Superior
G

completo empresas
(+ de 6 anos)

Querem ser
ricaços
Filhos
Irmã(o)
empreendedor

Primeiro da
família a ser
São casados Classe média um empreendedor

Fonte: bzness, 2017.

75
Principal motivação para Aproximadamente 400 milhões de pessoas administram

D
se registrar como MEI o próprio negócio no mundo. Considerando a população
(2019)
mundial de 7 bilhões de pessoas, a razão é de 1 empreen-
2017 dedor para cada 18 pessoas. Um dado importante é que
26% a maior parte dessas pessoas está em países emergentes,

L
justamente aqueles em que o negócio individual pode ser
25% a única forma de garantir alguma renda.

Os microempreendedores
benefícios do INSS
Em 2008 foi criada no Brasil a categoria do MEI, o Mi-

N
croempreendedor Individual. Apesar de ser uma pessoa
26%
física, ela passa a ter um registro comercial (CNPJ) para fi-

24% nalidade administrativa e tributária. O objetivo era reduzir a


informalidade e garantir alguns direitos, como aposentado-

P
ria, auxílio-doença e licença-maternidade para vendedores
ter uma empresa formal ambulantes, engraxates, cozinheiros, motoristas de apli-
cativos e mais de outras 400 categorias profissionais que
12% recebem até um valor limite por ano. Em 2020, esse limite
era de até R$ 81 mil. Uma vez cadastrados, os MEIs passam
13%
IA
a contribuir com a previdência social e a pagar impostos.
Em junho de 2019, havia aproximadamente 8,4 milhões
de microempreendedores no país. Desse total, aproxima-
possibilidade de emitir
nota fiscal damente 6 milhões (72%) estavam em atividade.

8%
Entrevistados em atividade como
microempreendedor individual
9%
U

IDH município

possibilidade de fazer compras


mais baratas/melhores 74% 74% 72% 71%
3%
G

3%
Atuando como MEI

possibilidade de crescer
mais como empresa

2%

3%
Walmir Santos
Walmir Santos

evitar problemas com baixo médio alto muito alto


fiscal./prefeitura

Fonte: SEBRAE, 2019. Fonte: SEBRAE, 2019.

76
Para 4,6 milhões de pessoas (76% dos MEIs ativos), o Motivos para o encerramen-

D
microempreendimento era a única fonte de renda. Cer- to das atividades como MEI
(2019)
ca de 1,7 milhão de pessoas (28% dos MEIs) também
sustentavam a família com esse dinheiro (única renda 2017
familiar). Mas a renda per capita do MEI, R$ 1.375 men- 25%

L
sais em 2019, está muito distante do que costuma ser
o rendimento mensal de empresários. O porcentual de 22%
MEIs é maior em cidades com menor Índice de Desen-
volvimento Humano (IDH).

N
não dava
Apenas 2% dessas pessoas conseguiram fazer o negócio dinheiro

crescer e a empresa migrou para categorias de CNPJ que


permitem ganhos maiores. Para um quinto (22%) dos MEIs 13%

que interromperam as atividades, essa decisão foi toma-


18%

P
da porque o negócio não dava dinheiro e para 18% porque
conseguiram um emprego formal.
conseguiram
um emprego

Ideias & Conceitos


IA
14%

Um dos caminhos trilhados pela informalidade ficou co-


nhecido como pejotização. Um neologismo que vem da
13%
sigla PJ, usada para definir as pessoas jurídicas, como as
empresas são chamadas pelos economistas.
não tinham
A pejotização tem origem na terceirização de serviços,
clientes
uma modalidade de contrato fechado entre empresas con-
forme o tipo de especialidade. Por exemplo, uma fábrica
U

––
de biscoitos que contrata os serviços de uma empresa es-
pecializada em manutenção de equipamentos, que pode
consertar desde o ar-condicionado até as máquinas usa- 8%
das para bater a massa de acepipes (beliscos salgados,
doces, bolachas).
G

Mas a pejotização, na verdade, se refere a contratos fe- questões pessoais


chados entre empresas e funcionários (ou seja, pessoas (saúde, doença na família,
com filhos)
físicas) por meio de empresas menores, que não raro são
formadas apenas pelo próprio funcionário. Apesar de ofi- 6%
cialmente os contratos serem firmados entre duas pessoas
jurídicas, eles acabam escondendo vínculos trabalhistas 5%
de um contrato de emprego formal – já que muitas vezes
o contratado acaba sendo um subordinado da empresa,
Walmir Santos

como se dela fosse um funcionário fixo – e são usados para


não tinham
evitar o pagamento de encargos trabalhistas e previden-
dinheiro para
ciários. investir/pagar fornecedores
A terceirização é um processo legal e cada vez mais fre-
quente na economia. Já a pejotização é ilegal, apesar de Fonte: SEBRAE, 2019.
muitas empresas fazerem uso desse tipo de contrato.

77
D
Reflexões
6. Reúna-se com um colega e observem com atenção o infográfico disponível em <https://jirjr.
com/2018/09/07/anatomia-de-um-empreendedor/>. Acesso em: 16 set. 2020. Depois de
conversarem sobre suas observações, elaborem um texto que descreva as principais carac-
terísticas de uma pessoa empreendedora, segundo a imagem, e estabeleçam uma reflexão

L
sobre as características apresentadas, tentando pensar nos seguintes aspectos: como é
apresentada a figura do empreendedor (É uma mulher? Um homem? Branco, negro, pardo?
Que roupas ele está usando etc); há pontos negativos, riscos ou desvantagens em ser um
empreendedor, segundo as imagens?

N
7. Observe agora o infográfico apresentado anteriormente de título A Anatomia de um em-
preendedor, que destaca nove itens para descrever o perfil de um empreendedor.
a) Destaque três dos itens apresentados nesse infográfico que para você são mais marcan-
tes. Justifique.
b) Compare esse infográfico com o que foi analisado na questão anterior. Eles caracterizam

P
um empreendedor da mesma forma? Novamente, procure refletir sobre como é apresen-
tada a figura de uma pessoa empreendedora e as características destacadas (homem,
mulher, negro, pardo, branco etc.).
8. Avalie o infográfico apresentado anteriormente de título Principal motivação para se regis-
trar como MEI (2019). Se você fosse apresentar os dados obtidos para 2019 em um único
gráfico de rosca, como ele seria? Explique.
IA
9. Observe agora o infográfico da página anterior de título Motivos para o encerramento das
atividades como MEI (2019). Cada gráfico apresentado é parte de um mesmo gráfico de
rosca. Represente na mesma rosca os respectivos dados de 2017 e 2019.

A Uberização
U

A prestação de serviços mediada por O mesmo modelo é adotado em outras


plataformas tecnológicas tem provocado áreas. Empresas de entrega de comida, os
alterações profundas nas relações de traba- chamados delivery, fazem a mediação en-
lho. Não por acaso, o nome da plataforma tre consumidores e donos de restaurantes,
que foi marco dessa mudança já está sendo no entanto os custos com o tempo, com os
G

usado para denominar esse novo modelo veículos e com a sua manutenção, como
de organização do trabalho: a uberização. combustível, de motoboys ou bikeboys
Donos de automóveis se inscrevem (em que o combustível é a força física), são
como motoristas na plataforma com a ex- de responsabilidade das pessoas que es-
pectativa de gerenciar seu próprio tempo tão trabalhando para o aplicativo ou para a
de trabalho. Mas o que determina o tempo plataforma digital.
que o trabalhador vai dedicar à atividade é Seja como motoristas particulares ou
o valor de cada corrida. A definição desse como entregadores, esses trabalhadores
valor não está sob o controle do “empreen- não têm autonomia para definir quanto
dedor individual”, que presta o serviço, e vão cobrar por locomoção, quando vão
sim da plataforma tecnológica, que faz a ser acionados para fazer a tarefa, que dis-
mediação com o consumidor que deman- tância vão percorrer ou para onde terão
da o serviço. que ir. Todas essas decisões são definidas
78
pelas empresas de aplicativo. Esse siste- Dentro de uma relação formal de tra-

D
ma de subordinação ou modelo de tra- balho, uma pessoa que adoece tem direi-
balho ainda não é reconhecido como um to à licença médica ou, uma trabalhadora
vínculo empregatício regulado pela legis- que acaba de ter um filho, entra em li-
lação em vigor, o que traz muitas vanta- cença-maternidade. Nas duas situações a

L
renda não é comprometida. Nesse novo
gens apenas para as empresas, já que os
sistema de trabalho, mediado pela tecno-
custos e encargos são repassados para o
logia, esses direitos não estão previstos e é
trabalhador.
comum encontrar pessoas fazendo longas
Esse sistema acaba funcionando em

N
jornadas de trabalho, mantendo as ativida-
paralelo à legislação trabalhista, e tem des mesmo estando doentes, entre outros
gerado discussões e debates em torno problemas.
da insegurança que eles promovem para Em 2019, apenas quatro aplicativos dis-
as pessoas que dependem dessas ativi- punham da força de trabalho de 5,5 mi-

P
dades para garantir sua renda. lhões de pessoas.

Leituras
IA

Toni D'Agostinho
U
G

Charge Toni.

Converse com colegas sobre a charge acima. Que mensagem ela passa?

Uma das categorias mais precarizadas é tivo, 50% deles eram jovens de até 22 anos,
a dos ciclistas que trabalham em serviços negros (71%), que trabalhavam de segun-
de entrega, os bikeboys. Só na cidade de da a domingo (57%), pedalavam mais de
São Paulo, em 2019, havia mais de 30 000 40 quilômetros por dia (41%), em jornadas
deles trabalhando. Segundo pesquisa de de até dez horas por dia (50%) e faturando
perfil dos entregadores ciclistas de aplica- em média R$ 936 por mês.
79
Ideias & Conceitos

D
A precarização do trabalho é entendida como um processo global, de condições econô-
micas estruturais atuais, que define a posição do trabalhador como alguém cada vez mais
sujeito a empregos com as condições de trabalho inadequadas, degradantes e mal remune-
radas, que geram ganhos de produtividade e lucro para os empregadores às custas do tra-

L
balhador. A precarização está relacionada a postos de trabalho que remuneram muito mal
ou que oferecem condições bastante difíceis de trabalho, sem garantias ou compensações.

Desemprego e concentração de renda

N
O nível de desemprego de uma socieda- disponibilidade muito grande de entrega-
de tem relação direta com a concentração dores, e decidiram reduzir o valor pago por
de renda. Em situações de pleno empre- entrega para o trabalhador. Como resul-
go (quando a procura de trabalho é igual tado, para conseguir a mesma renda que

P
à oferta) é mais difícil para empregadores possuíam anteriormente, os entregadores
substituírem um trabalhador ou uma tra- tinham de trabalhar mais horas, aumentan-
balhadora que reclama melhores condi- do ainda mais a disputa entre os próprios
ções de trabalho, por exemplo. O contrário trabalhadores de aplicativos, o que contri-
acontece se existe uma grande massa de buiu para reduzir ainda mais o valor recebi-
IA
pessoas sem trabalho, dispostas a assumir do por cada entrega. Na pandemia, os en-
o lugar de quem tem emprego, até mesmo tregadores de aplicativos desempenharam
se submetendo a condições bastante ruins. uma função essencial, mas a maioria deles
Tal situação pode ser exemplificada pelo (cerca de 60%) teve menor rendimento no
que aconteceu com os entregadores de período.
aplicativos durante a pandemia do corona- No sentido inverso, as empresas de apli-
vírus em 2020. cativos de delivery registraram recordes
U

O fechamento de muitas empresas du- nas vendas. No período mais crítico da


rante a pandemia levou pessoas que traba- pandemia, entre os meses de abril e junho
lhavam como garçons, em restaurantes, ou de 2020, os gastos dos consumidores com
balconistas, em lojas, a trabalhar para apli- os quatro principais aplicativos de entrega
G

cativos, como uma alternativa de renda. de comida cresceram 94,67%. Praticamen-


As plataformas digitais das empresas te o dobro dos gastos na comparação com
de aplicativos passaram a contar com uma o período entre janeiro e maio de 2019.

Para o seu estudo


Desafio No site a seguir você encontra
indicações sobre Como Fazer um
Volte a se reunir com o seu grupo de trabalho e, Projeto de Lei. Não deixe de ler.
juntos, discutam o que poderia ser feito para tentar • Site da Assembleia Legislativa
equilibrar as novas relações de trabalho, de forma do Estado de São Paulo. <www.
a garantir direitos para os trabalhadores, sem que al.sp.gov.br/transparencia/
isso signifique fechamento de postos de trabalho. participe/parlamento-jovem/
Não se esqueça de anotar no caderno todas as como-fazer/>. Acesso em:
ideias e conclusões do grupo. 25 ago. 2020.

80
Em síntese

D
Com base no que você estudou e pesquisou, responda:
1. As remunerações sobre o trabalho são justas em nosso país? Justifique.

L
2. Essas remunerações contribuem para a redução das desigualdades? Por quê?
3. Quais direitos devem ser garantidos para que as pessoas não percam qualidade de vida nos
momentos em que elas estão impedidas de trabalhar, como quando estão mais velhas, ou
quando estão doentes?

N
4. Reúna-se com o seu grupo e debata sobre as ideias que levantaram ao longo da Unidade.
Com base em suas conclusões, complete a proposta de regulamentação para os novos for-
matos de relações de trabalho, que envolvem os entregadores de aplicativos. É possível e ne-
cessário pensar em relações de trabalho, inclusive as mediadas pelas plataformas digitais, que
sejam mais justas? Procure pensar sobre esse aspecto na discussão de sua proposta e finalize

P
o texto (de forma simplificada) de um projeto de lei que proponha reduzir desigualdades de
renda e de acesso a direitos.
IA
Conexões

Conexões filosóficas
• A economia solidária é uma alternativa de geração de trabalho e renda; combina os prin-
cípios de cooperação, autogestão e solidariedade ao realizar atividades de produção de
bens e de serviços, distribuição, consumo e finanças. Pesquise um pouco sobre esse tema.
Após realizar essas atividades, discuta com a turma:
• Como futuros cidadãos, críticos, éticos e responsáveis, e jovens iniciantes no mercado de
U

trabalho, que reflexões vocês podem fazer sobre a situação do trabalho e emprego no
Brasil, e que ações podem promover para a melhoria das condições laborais das diferentes
categorias.

Conexões geográficas
G

• Os dados estatísticos sobre a população são essenciais para as políticas públicas. O per-
fil demográfico nacional é composto por diferentes categorias, tais como classe, gêne-
ro, raça, mercado de trabalho, dentre outros aspectos. Pesquise aspectos que ampliem a
abordagem do perfil demográfico de nosso país com base no que foi estudado.

Conexões históricas
• Pesquise como se realizaram as relações de trabalho em diferentes momentos da história
do Brasil: o trabalho escravo, os primeiros operários, os movimentos sindicais da segunda
metade do século XX, a inserção da mulher no mercado de trabalho, as relações entre clas-
se, raça e gênero e a ocupação laboral das pessoas com deficiência.

81
D
Conexões matemáticas
• Pesquise os cenários estatísticos que abordam dados gerais sobre o trabalho e suas dife-

L
renças entre homens e mulheres, negros e não negros, taxa de desocupação, diferenças
de ganhos médios salariais, escolaridade, horas trabalhadas, rendimento médio por hora e
evolução do rendimento. Varie a forma de apresentação de alguns desses dados usando
tabelas e diferentes tipos de gráficos, junto de um breve texto de análise.

N
Conexões sociológicas
• Tente localizar, em sua família ou na vizinhança, pessoas que tenham como fonte de renda
o trabalho mediado por aplicativos, como motoristas ou entregadores. Converse com essa
pessoa sobre os motivos que a levaram a escolher esse tipo de trabalho como fonte de
renda e quais as vantagens e desvantagens que ela encontra na atividade que realiza.

Para ir além
P
IA
Assista aos vídeos
• Série especial sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do IBGE Explica
ODS número 8: Trabalho decente e crescimento econômico
Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=AGV3rW83UKk>. Acesso em: 25 ago. 2020.
Trata de conceitos que explicam as metas estabelecidas para esse objetivo, que busca
“promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e
produtivo e trabalho decente para todas e todos”.
ODS número 16: Paz, justiça e instituições eficazes
U

Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=RkRpbUt1fCM>. Acesso em: 25 ago. 2020.


Apresenta a meta de “promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todas e todos e construir instituições efica-
zes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis”.
G

ODS número 17: Parcerias e meios de implementação


Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=zzqUdXGKkW0>. Acesso em: 25 ago. 2020.
Apresenta as metas desse objetivo, que é o último ODS, que se dividem em 5 eixos: Finanças,
Tecnologia, Capacitação, Comércio e Questões sistêmicas.

Leia histórias em quadrinhos


Conheça a série de histórias em quadrinhos criada pelo Ministério Público do Trabalho
onde os heróis são trabalhadores da vida real. A coleção completa para download ou leitura
on-line está disponível em: <https://mptemquadrinhos.com.br/alta-resolucao/>. Acesso em:
25 ago. 2020.
Vários títulos abordam temas discutidos nesta Unidade, em especial o de número 31:
Não Perca seus Direitos! Conheça a Reforma Trabalhista
Disponível em: <https://mptemquadrinhos.com.br/edicoes/nao-perca-seus-direitos-co-
nheca-a-reforma-trabalhista/>. Acesso em: 25 ago. 2020.

82
D
Escute a música
Pode Guardar as Panelas, de Paulinho da Viola

L
Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=JqEAnW3RYo8>. Acesso em: 25 ago. 2020.
Faça uma pesquisa na internet sobre o contexto histórico em que essa música foi
composta.

Visite os sites. Leia os artigos e as reportagens

N
• IBGE
<https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/negros.html>.
Acesso em 25 ago, 2020.
Trata da presença negra no povoamento do território brasileiro e expõe dados da escravi-

P
dão no Brasil.

• Superinteressante
<https://super.abril.com.br/especiais/racismo-disfarcado-de-ciencia-como-foi-a-eugenia-
-no-brasil/>. Acesso em 25 ago, 2020.
Racismo disfarçado de ciência: como foi a eugenia no Brasil.
IA
• IBGE educa
<https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18314-trabalho-e-rendi-
mento.html>. Acesso em 25 ago, 2020.
Apresenta dados sobre rendas da população brasileira (2019), tabelas e gráficos.

• IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada


<www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=35050>.
U

Acesso em 25 ago, 2020.


Desemprego diminui mais entre os jovens, mas desigualdade de rendimentos aumenta.

• Minas Down
<www.minasdown.com.br/como-calcular-a-renda-familiar-per-capita/#:~:text=Renda%20
G

familiar%20per%20capita%20%C3%A9,da%20renda%20familiar%20per%20capita.>. Aces-
so em 25 ago, 2020.
Como calcular a renda per capita.

83
3
Estado e representação

D
UNIDADE

política

L
N
P
IA
U
G

84
D
L
Pillar Pedreira/Agência Senado
Reflexões

N
A compreensão de um sistema eleitoral envolve
conhecimentos matemáticos e humanísticos, além
de muita reflexão sobre o papel do Estado na vida
de qualquer cidadão.

P
Com um grupo de colegas converse:
a) O que é democracia?
b) Qual é o sistema de governo vigente no Brasil?
c) O que pode ser feito para que um sistema elei-
toral possa ser representativo da população
IA
brasileira?
U
G

Você vai estudar...

• O sistema político no Brasil.


• O sistema eleitoral brasileiro.
• A participação política e suas relações
com a internet.
• Representatividade na política e suas
proporções.

Manifestantes
em Brasília, 2017.

85
Capítulo 5 Sistema político brasileiro

D
Construindo o cenário

L
O sistema político brasileiro é composto de três poderes:
Mobilize seus conhecimentos
o Executivo, composto de administrações municipais, esta-
Não deixe de rever com os
duais ou distritais; o Legislativo, composto dos parlamen-

N
colegas:
• Operações com frações tos municipais, estaduais ou distrital e federais; e o Judiciá-
• Razão e proporção rio, composto de tribunais federais e regionais, nos estados
• Movimento das “Diretas-Já”
e no Distrito Federal.
• “Nova República” no Brasil
• Constituição de 1988 – a A democracia praticada no Brasil é uma democracia re-

P
“Constituição Cidadã” presentativa, na qual elegemos representantes para ocupar
vagas no Legislativo e no Executivo. Nossa república é fe-
derativa, existindo três entes federados: os municípios, os
estados ou o Distrito Federal e a União.
O país adota um tipo de eleição denominada sufrágio
IA
universal, que permite que todas as pessoas, independente-
mente de sexo, gênero, raça, classe, orientação sexual ou cre-
do religioso, possam votar. O voto é obrigatório para pessoas
entre 18 e 70 anos, e facultativo para analfabetos, pessoas
entre 16 e 18 anos e também para aquelas acima de 70 anos.

Urna eletrônica usada

Marri Nogueira/Agência Senado


em eleições no Brasil.
U
G

Desafio
Ao longo deste capítulo, serão realizadas pesquisas que permitirão a vocês traçar um pa-
norama do cenário político atual no que se refere à representação: quem foram as pessoas
eleitas, a que partidos pertencem, quantos votos receberam, até quando duram seus man-
datos, quais são suas idades, profissões, gênero, a que grupos étnicos pertencem, como suas
atuações vêm sendo avaliadas?

86
O sistema eleitoral majoritário

D
Esse sistema é utilizado em eleições como para prefeituras municipais com
para a ocupação de vagas em prefeituras, mais de 200 mil eleitores, o sistema ma-
governos estaduais e do Distrito Federal e joritário faz uso da maioria absoluta, com
para a presidência da República. o objetivo de dar mais representatividade

L
Em municípios com menos de 200 mil às eleições. Nesse caso, a eleição depen-
eleitores o sistema majoritário utiliza a de da obtenção de mais da metade dos
maioria simples, ou seja, vence quem obti- votos válidos. Caso isso não ocorra em
ver o maior número de votos. primeiro turno, os dois candidatos mais

N
Para a presidência da República, go- votados deverão concorrer entre si em se-
vernos estaduais e o Distrito Federal, bem gundo turno.

Reflexões

P
1. No site do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), você encontra mais informações
sobre o Sistema Eleitoral Brasileiro. Com
base em seu estudo, faça a atividade.
Por possuir mais que 200 000 eleito-

IA
res, Porto Alegre (RS) fez uso do sis-
tema majoritário para escolher quem
ocuparia a vaga na prefeitura, nas elei-
ções municipais de 2016.
a) Observe os dados apresentados ao
lado e responda: a eleição ocorreu
em primeiro ou segundo turno?
b) Qual é a importância de cidades
U

com mais de 200 000 eleitores fa-


zerem uso do sistema majoritário RIO GRANDE DO SUL. Tribunal Regional Eleitoral. Eleições 2016.
nas eleições para prefeituras mu- Divulgação dos resultados - 1º turno. Disponível em: <http://capa.tre-rs.
nicipais? jus.br/eleicoes/2016/1turno/RS88013.html>. Acesso em: 13 abr. 2021.
G

Edilson Rodrigues/Agência Senado

O sistema majoritário também é utilizado para preen-


cher vagas no Senado Federal. Cada estado brasileiro
e o Distrito Federal possuem 3 cadeiras no Senado Fe-
deral. Como o Brasil tem 26 estados, além do Distrito
Federal, o total de cadeiras no Senado Federal é de 81.
O mandato no Senado Federal é de 8 anos, mas as
eleições ocorrem de 4 em 4 anos, com renovação de 31
2
das vagas em uma eleição e de 3 restantes na eleição
seguinte. Em 2014, as eleições para o Senado permitiram
a renovação de 31 das suas 81 cadeiras e cada eleitor teve
direito de votar em um nome. Em 2018, foi renovada a
2
ocupação de 3 das cadeiras e cada eleitor teve direito de
votar em dois nomes. Plenário da Câmara dos Deputados.
87
D
Reflexões
2. Responda às questões. Se necessário, realize uma pesquisa.
a) Em quais anos da primeira metade do século XXI estão previstas as próximas eleições
para o preenchimento de 1 das vagas do Senado Federal?
3

L
b) Em quais anos da primeira metade do século XXI estão previstas as próximas eleições
para o preenchimento de 2 das vagas do Senado Federal?
3
c) Se as regras continuarem as mesmas, quais são os últimos anos deste século em que
ocorrerão eleições para o Senado Federal?

N
d) Quais são as funções gerais e específicas do Senado Federal?
e) Dê dois exemplos de como o Senado Federal cumpriu suas funções constitucionais nos
últimos 10 anos e discuta criticamente as contribuições e os efeitos das ações desse
parlamento para a sociedade brasileira.

P
O sistema eleitoral proporcional
Para o seu estudo

Para saber mais Esse sistema é utilizado nas eleições para ocupação
sobre como é feito o de vagas nas câmaras municipais, assembleias legislati-
arredondamento do QP,
vas estaduais e do Distrito Federal e para a Câmara dos
IA
QE e a distribuição das
vagas restantes, acesse Deputados.
o site do TSE e veja o Para entender o sistema eleitoral proporcional, é preciso,
artigo da revista eletrônica primeiro, conhecer os conceitos de quociente eleitoral (QE)
sobre o aumento
e quociente partidário (QP). Esses quocientes são métodos
de remuneração no
funcionalismo público: pelos quais são calculados o número de cadeiras a que têm
• <www.tse.jus.br/o-tse/ direito os partidos no Congresso Nacional.
escola-judiciaria-eleitoral/ O quociente eleitoral (QE) é obtido da seguinte maneira:
U

publicacoes/revistas- dividem-se os votos válidos no partido pelo número de ca-


da-eje/artigos/revista-
eletronica-eje-n.-3-ano-4/
deiras em disputa. Se o QE resultar em um número não na-
aumento-de-remuneracao- tural, o arredondamento é feito desprezando-se a fração se
no-funcionalismo-publico- ela for igual ou inferior a meio ou é feito o arredondamento
G

em-ano-eleitoral>. Acesso para o número natural imediatamente superior.


em: 2 jul. 2020.
número de votos válidos
QE =
número de cadeiras em disputa

O quociente partidário (QP) é obtido dividindo-se o


número de votos válidos recebidos pelo partido pelo quo-
ciente eleitoral. Se o QP resultar em um número não natu-
ral, o arredondamento será sempre feito desprezando-se
a fração.
número de votos válidos recebidos pelo partido
QP =
QE
Têm direito às vagas os partidos que atingem o QE. Já
o QP corresponde ao número de vagas a que determinado
partido tem direito.
88
Se sobrarem vagas, elas serão distri- nas câmaras municipais, estaduais, distrital

D
buídas dividindo-se o número de votos e federal não será mais permitida. No en-
válidos do partido pelo QP mais um. O tanto, continua sendo possível a formação
partido que obtiver o maior resultado tem de coligações para a disputa de cadeiras
direito à vaga remanescente. para prefeituras municipais, governos es-

L
Em seguida, as vagas a que cada parti- taduais e distrital, Senado Federal e Presi-
do tem direito são distribuídas entre os(as) dência da República. Isso ocorreu por meio
candidatos(as) mais votados(as). da Emenda Constitucional nº 97, de 4 de
Até as eleições de 2018 os partidos podiam outubro de 2017. É importante saber que

N
formar coligações, que consistiam na união há também um percentual mínimo de vo-
de diferentes partidos para disputar o pleito. tos para que se possa ocupar o cargo de
A partir das eleições de 2020, a forma- deputado. Essa regra foi instituída pela mi-
ção de coligações para disputar cadeiras nirreforma eleitoral de 2015.

Reflexões

P
3. Vamos considerar dados relativos ao estado do Mato Grosso na eleição de 2018 para 8 ca-
deiras na Câmara Federal. Atualmente, o estado possui 2 329 374 eleitores cadastrados. Em
IA
2018, apenas 1 757 368 foram às urnas. Destes, 115 183 votaram em branco e 160 923 eleitores
anularam seu voto.
a) Quantos foram os votos válidos?
b) Qual foi o coeficiente eleitoral nesse caso?
c) A coligação 1 recebeu 535 432 votos. A quantas cadeiras ela teve direito?
d) A coligação 2 recebeu 337 445 votos. A quantas cadeiras essa coligação teve direito?
e) A coligação 3 teve 244 618 votos. A quantas cadeiras teve direito?
f) A coligação 4 teve 220 257 votos. A quantas cadeiras teve direito?
U

g) Houve vagas remanescentes? Se houve, quantas foram e que coligação terá direito à
primeira delas?
h) Os resultados dessas eleições poderiam ser diferentes caso as novas regras já estives-
sem valendo?
G

i) As novas regras para as eleições (como a Emenda 97 e a minirreforma eleitoral de 2015)


foram feitas baseadas em quais justificativas e com quais objetivos? Esses objetivos
estão sendo alcançados? Faça uma pesquisa e procure saber se há críticas e problemas
apontados em relação a essas novas regras.

Desafio
Em relação às eleições municipais, responda:
a) Quantos eleitores há no município em que se localiza a escola em que você estuda?
A eleição para a prefeitura do município se deu pelo sistema majoritário com maioria
simples ou absoluta?

89
D
b) Quem ocupa a vaga na prefeitura do município em que se localiza a escola? Se elei-
ta por maioria simples, qual porcentagem dos votos a pessoa recebeu? Se eleita por
maioria absoluta, qual porcentagem dos votos válidos a pessoa recebeu?
c) Quantos vereadores há no município em que se localiza a escola? Quem são eles? Per-
tencem a quais partidos? Foram eleitos com quantos votos? Até que ano duram seus

L
mandatos?
A eleição para governo do estado ocorre pelo sistema majoritário com maioria absoluta.
Responda:
d) Quem ocupa a vaga no governo do estado em que está localizada a escola? A eleição

N
foi em primeiro ou segundo turno? Que porcentagem dos votos válidos a pessoa eleita
recebeu?
e) Quantas deputados estaduais há no estado em que se localiza a escola? Quem são
eles? Pertencem a quais partidos? Foram eleitos com quantos votos? Até que ano du-
ram seus mandatos?

P
A eleição para presidência da República se dá pelo sistema majoritário com maioria abso-
luta. Responda:
f) Quem ocupa a vaga da presidência da República atualmente? A eleição foi em primei-
ro ou segundo turno? Que porcentagem dos votos válidos a pessoa eleita recebeu?
g) Quantos deputados federais há no estado em que você reside? Quem são eles? Per-
tencem a que partidos? Foram eleitos com quantos votos? Até que ano duram seus
IA
mandatos?
h) Quais são os senadores que representam o estado em que você reside? Até que ano
duram seus mandatos?

Política, participação e internet


Um dos desafios da democracia no Bra- sas formas virtuais de se comunicar, princi-
U

sil e no mundo tem sido a complexidade palmente quando falamos da política, são
dos fenômenos sociais resultantes das co- acompanhadas de inúmeros problemas
nexões entre política e internet. A comu- sociais, que estão em debate dentro das
nicação rápida, quase imediata, das redes, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, bem
pode parecer, em um primeiro momento, como nos parlamentos, como os relaciona-
G

que ampliou as possibilidades de partici- dos aos crimes virtuais e aos impactos das
pação política das pessoas. No entanto, es- fake news para os rumos da democracia.

Leituras

Leia o texto abaixo:


Cresce o número de canais nas redes sociais, protagonizados por sujeitos que elabo-
ram uma série de interpretações sobre a política e o Brasil, sendo que, na temporada das
eleições, por vezes, elaboram leituras concorrentes em relação às interpretações realizadas
pelos consultores de comunicação política.
GOMES, Elias Evangelista. Comunicação, política e educação no Brasil. Curitiba: Appris, 2020. p. 176.

90
D
Reflexões
4. Em grupo, estude mais sobre a relação entre política, internet, participação e eleições. Em
sala, discuta as seguintes questões:
a) Quais impactos é possível identificar na política e na participação política com o cresci-

L
mento da internet no Brasil, e no mundo, nas últimas duas décadas?
b) De acordo com a sua pesquisa e estudo, o que você entende por participação política?
O que pode ser feito para garantir uma participação política efetiva da população?

Composição de bancadas parlamentares

N
O infográfico a seguir apresenta a composição da Câmara Federal
considerando a filiação partidária dos candidatos eleitos em 2018.

Composição partidária da Câmara dos Deputados

Walmir Santos
IA

513
Cadeiras
U

PSOL: 10 PSB: 31 PV: 4 MDB: 35 NOVO: 8 PSC: 9


PCdoB: 8 CDN: 8 SDD: 14 PSDB: 31 DEM: 28 PP: 39
PT: 53 PROS: 12 AVANTE: 6 PTB: 11 PL: 41 PSL: 53
PDT: 28 REDE: 1 PODE: 10 PSD: 35 REP: 32 PATRI: 6
G

Fonte dos dados: Câmara dos Deputados, 2019.

Reflexões
5. Pesquise sobre os perfis ideológicos dos partidos brasileiros na atualidade e, considerando
o infográfico apresentado anteriormente, responda:
a) Quais são os dois partidos mais à esquerda? Que porcentagem das cadeiras da Câmara
Federal é por eles ocupada?
b) Quais são os dois partidos mais à direita? Que porcentagem das cadeiras da Câmara
Federal é por eles ocupada?
c) Quais são os três partidos mais ao centro? Que porcentagem das cadeiras da Câmara
Federal é por eles ocupada?
d) Explique as características dos partidos políticos de esquerda, centro e direita, utilizados
para a classificação nas questões acima.

91
A maneira escolhida para apresentar a a nobreza e a alta burguesia. Estes eram

D
distribuição das cadeiras no infográfico imi- chamados de girondinos. Do lado esquerdo
ta, por um lado, o formato físico da Câma- estavam localizados os grupos alinhados
ra Federal e, por outro, subentende ideias com a baixa burguesia e os trabalhadores,
bastante arraigadas na política de classifi- mais radicais. Eram chamados de jacobinos.

L
car partidos em “esquerda”, “direita” e “cen- Assim, esquerda e direita acabariam asso-
tro”. A origem dessa terminologia remonta ciados a campos políticos ideológicos – que
à Revolução Francesa, ocasião na qual uma perduram até os dias atuais – que defen-
Assembleia Nacional Constituinte foi for- dem ideias opostas. A esquerda priorizaria

N
mada para elaborar uma nova Constituição. a igualdade e os direitos dos trabalhadores,
De acordo com relatos históricos, do lado enquanto a direita aceitaria a desigualdade
direito do salão em que se reuniu a Assem- como algo natural e manteria tendências de
bleia estavam aqueles considerados mode- conciliação com as classes mais ricas.

P
rados e conciliadores nas articulações com Observe os gráficos a seguir.

Nível de instrução das pessoas com 25 anos Grau de escolaridade dos integrantes
de idade ou mais (Brasil – 2018) da Câmara dos Deputados

Sem instrução
Sem instrução
6,9% 6,9% 10 10
IA
37 37 5 5
Fundamental
Fundamental
33,1%

letofundamental
33,1%

Ensino fundamental
incompleto incompleto 43 43 2

al
2

l
enta

leto ament
Fundamental
Fundamental 8,1%
8,1%

dam

to oiofund
completo completo

in sin completo
inco completo
inco

inco no fun
Sup eto

et io
En pe

En Ensino
S

4,5%
En

pl éd
Médio incompleto
4,5% 1

mp
mp
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sin corimor

éd
Médio incompleto 1

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415
mp

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l

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Médio completo
eto
m et

r
éd o
Walmir Santos

Médio completo 26,9% e

En
éd o

S rev
io

26,9% S co uper ve sc
io

Superior co uper mp io scre ee


mp io let r ee ê
Superior 4,0% let r o

L
incompleto
Walmir Santos

o
incompleto 4,0%
ESCOLARIDADE
U

Superior 16,5% ESCOLARIDADE


Superior completo 16,5%
completo Fonte dos dados: Câmara dos Deputados, 2019.
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
Fonte dos dados: IBGE, 2018.
G

Reflexões A maneira escolhida para apresentar a


distribuição das cadeiras no infográfico no-
6. De acordo com o infográfico e o gráfico
apresentados anteriormente, responda: vamente imita o formato físico da Câmara
a) Qual é a porcentagem de cadeiras da Federal. Neste caso, a quantidade de cadei-
Câmara Federal ocupadas por pes- ras da Câmara Federal ocupadas por pes-
soas com ensino superior completo? soas com determinado nível de escolaridade
b) Qual é a porcentagem de brasileiros é diretamente proporcional à área do círculo
que têm ensino superior completo?
que a representa.
c) O fato de essas duas porcentagens
No caso do gráfico que apresenta infor-
serem muito diferentes significa que a
Câmara Federal não representa a po- mações sobre a escolaridade de pessoas
pulação brasileira? com mais de 25 anos no Brasil em 2018, a
quantidade de pessoas com determinado ní-
92
vel de escolaridade é diretamente Bancadas

D
proporcional ao comprimento da Evangélica
barra no gráfico. 196

Walmir Santos
Empreiteiras
e construtoras Agropecuária
Ambos os infográficos a seguir 207
226
trazem informações relativas à Câ-

L
mara Federal. O primeiro deles tra- Bola Bala
ta do número de integrantes das 14 35
principais bancadas temáticas em
2018, enquanto o segundo apre-
Saúde

N
Sindical
senta dados sobre a profissão das 21 43
pessoas eleitas em 2019.

Parentes Direitos
238 humanos
24

P
Empresarial Mineração
208 23

Fonte dos dados: Câmara dos Deputados, 2016 (inspirado no gráfico de Étore
Medeiros e Bruno Fonseca)
Profissões dos Deputados
IA
6 6 6 5 4
8 7 3
9 3
11 3
ral

16 3
fede

17 2
Deleg
Bac

18 2
viário

2
har

ado d

19
te

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Estudante

Comercian

2
iná

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Bancário

21
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2
Militar

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26
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34 úb Co cha nte s
Walmir Santos

Pro lico Ba siste o


fes As uitet
2
sor
78 Méd Arq nomo
ico Agr
ô 2
o
Advog lúrgic
107 ado Meta 2 Fonte dos dados:
G

PROFISSÃO
êutico
Farmac
Empresário Outros
Câmara dos
25
Deputados, 2019.

Ideias & Conceitos


Frentes parlamentares são grupos de parlamentares oficializados que se organizam em
blocos para defender interesses comuns, não necessariamente alinhados com as posições
de seus respectivos partidos políticos, e que podem adquirir relevância em negociações e
votações do Congresso Nacional. As bancadas temáticas são classificadas segundo os agru-
pamentos políticos dos congressistas em torno de questões que consideram urgentes e rele-
vantes. Há a bancada evangélica, a bancada ruralista, a bancada ambientalista, entre outras.
Parlamentares e congressistas são os termos usados para fazer referência aos integrantes
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

93
D
Reflexões
7. De acordo com os infográficos apresentados anteriormente, responda:
a) No primeiro infográfico, se somarmos o número de deputados em cada
uma das profissões, obteremos que valor? O que esse valor representa?

L
b) No segundo infográfico, se somarmos o número de deputados em cada
uma das bancadas, obteremos que valor? Ele é o mesmo valor obtido
no item anterior? Por quê?
c) Qual é a profissão mais frequente entre os deputados?

N
d) Quais são as maiores bancadas temáticas entre os deputados?
e) Pode existir relação entre profissão dos deputados e bancadas temáti-
cas? Explique.
f) A bancada “Parentes” representa que porcentagem das cadeiras da
Câmara Federal?

P
g) De que forma o posicionamento de uma bancada com grande repre-
sentatividade pode influenciar uma negociação ou votação?

Desafio
IA
Vamos conhecer o perfil dos integrantes da Câmara Municipal da cidade em que se localiza
a escola.
a) Colete informações, como nome, partido, escolaridade, gênero, profissão e outras que
considerar relevantes, e organize esses dados em forma de tabela. Essas informações
podem ser obtidas no site do TSE, TRE ou da Prefeitura Municipal.

Nome Partido Escolaridade Profissão Gênero Raça


U

b) Utilize gráficos para representar essas informações. Em cada caso escolha o tipo de
G

gráfico que considerar mais adequado e justifique sua escolha.


Gráficos são usados para apresentar dados de forma resumida, tornando-os mais atra-
tivos e facilitando sua interpretação e comparação, bem como a identificação de pa-
drões e tendências. Título, legenda e fonte das informações são elementos essenciais
a um gráfico, conferindo a ele clareza, facilidade na leitura e credibilidade.
No caso dos dados coletados para essa pesquisa, um tipo de gráfico adequado é o
de setores, visto que permite a visualização da relação entre o todo e as partes, bem
como das partes entre si. Ele é construído a partir de um círculo dividido em setores.
O ângulo central de cada um desses setores deve ser diretamente proporcional à fre-
quência que representa.
c) O perfil das pessoas que ocupam as cadeiras da Câmara Municipal da cidade em que
se localiza a escola se assemelha ao perfil das pessoas que ocupam as cadeiras da Câ-
mara Federal? Elenque hipóteses que poderiam justificar tal fato.

94
Pesquisas de opinião pública

D
A opinião pública é a expressão das per- sociedade, as pessoas de uma cidade, de
cepções, concepções, ideias, valores e críti- um estado ou de um país pensa, classifica
cas do conjunto da sociedade acerca de de- e julga determinado assunto ou situação.
terminado assunto. Ela é fruto do processo Podemos dizer que a política é um dos fe-

L
comunicativo, que envolve as relações entre nômenos sociais de maior foco dos estu-
as instituições sociais e os indivíduos. As- dos sobre a opinião pública.
sim, a opinião pública pode se modificar de Um exemplo de aferição da opinião
acordo com certas informações que as pes- pública são as pesquisas eleitorais e

N
soas recebem e com as mudanças de com- de avaliação do governo, por meio das
preensões e posicionamentos dos grupos e quais é possível saber como a maioria
indivíduos que compõem a sociedade. da população e seus segmentos ana-
Dessa maneira, as pesquisas de opinião lisam e avaliam as performances de

P
pública procuram compreender como a agentes políticos.

Leituras
IA
O mundo foi contagiado pela pós-verdade e fake news e o que aparentemente é um
problema, torna-se uma oportunidade de manipulação da sociedade em geral. As novas
tecnologias e a infinidade de fontes disponíveis fornecem uma sobrecarga de informações
circulantes que impactam em uma verdadeira confusão mental provocada pelo excesso,
dificultando a análise do cenário de forma lúcida e transparente.
CARDOSO, Ivelise de Almeida. Propagação e influência de pós-verdade e fake news na opinião pública.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação,
USP, São Paulo, 2019.
U

Pesquisas de intenção de voto


Pesquisas de intenção de voto são feitas
G

Reflexões
para obter uma estimativa do número de vo-
tos que cada candidato receberia se a elei- 8. Faça o que se pede:
ção acontecesse na ocasião em que a pes- a) Pesquise o que significa pós-verdade
quisa está sendo realizada. Para isso, não é e fake news e estabeleça uma refle-
xão sobre os efeitos para a democra-
necessário consultar todos os eleitores, ape-
cia e para as decisões e a participa-
nas uma amostra deles. Essa amostra deve ção políticas.
ser representativa da variedade de idade,
b) Em uma roda de conversa, discuta
gênero, escolaridade, renda, localidade etc. com a turma sobre as fontes de infor-
A teoria dos Grandes Números mos- mações para formação de opinião, de
tra que a média dos dados coletados por posições e de visões sobre a política e
amostragem aleatória em uma população demais esferas do cotidiano. Procure
refletir sobre o que é uma fonte segu-
grande tende à média dos mesmos dados
ra de informação e conhecimento.
considerando a população completa.
95
O número de pessoas que são consul- provável resultado da eleição se ela ocor-

D
tadas em uma pesquisa eleitoral, em geral, resse no dia da pesquisa.
varia entre 1 000 e 4 000 eleitores. Há uma Pode acontecer de os resultados de
fórmula que permite calcular o tamanho de pesquisas se mostrarem conflitantes. Nes-
uma amostra representativa e ela depende se caso, que tal fazer uma média entre elas,

L
de variáveis como: tamanho da população, já que a média do resultado das amostras
grau de confiabilidade e margem de erro converge para o resultado da eleição se ela
que se deseja para a pesquisa. ocorresse naquele momento?
Importante saber que, para reduzir a Uma pesquisa não deve ser considerada

N
margem de erro em uma pesquisa, assim isoladamente. O melhor é observar a ten-
como para aumentar sua confiabilida- dência indicada por várias pesquisas dife-
de, é necessário aumentar o tamanho da rentes realizadas ao longo do tempo.
amostra. Uma amostra costuma ser tão Quando se realiza uma pesquisa às vés-
grande quanto necessária para atender a peras da eleição, ela pode ter resultado bas-

P
critérios como margem de erro e confia- tante diverso do resultado de pesquisas rea-
bilidade, mas tão pequena quanto possí- lizadas anteriormente, pois ela pode captar
vel a fim de economizar tempo e recursos as tendências de migrações de voto de últi-
financeiros. ma hora, devido a acontecimentos recentes
O resultado de uma pesquisa não deve ou visando tornar o “voto útil”, que consiste
IA
ser tomado como previsão dos resultados em não votar em candidatos que o eleitor
da eleição, e sim como um indicador do considera não terem “chance” de ganhar.

Reflexões
9. O Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) realizou pes-
quisa de intenção de voto para o 2º turno da eleição para o governo de
U

São Paulo em 2018. Foram entrevistados 1 512 eleitores em 79 municípios


do estado entre os dias 15 e 17 de outubro daquele ano. A margem de erro
considerada foi de 3% e o grau de confiança foi de 95%, o que significa que
a pesquisa tinha 95% de probabilidade de estar correta, se os resultados
G

percentuais reais pudessem ser 3% maiores ou menores que o estimado.

Votos válidos Votos totais


• João Doria (PSDB): 52% • João Doria (PSDB): 46%
• Marcio França (PSB): 48% • Marcio França (PSB): 42%
• Branco/Nulo: 10%
• Não sabe/Não respondeu: 2%

De acordo com a pesquisa, responda:

a) Qual é o percentual mínimo e máximo de votos que cada um dos can-


didatos provavelmente receberia?
b) Apenas com essas informações é possível prever o vencedor da elei-
ção? Justifique.

96
D
Leituras

Leia a manchete e um trecho da reportagem publicada no portal de no-


tícias on-line Último Segundo, em 08/10/2014, após o primeiro turno da

L
eleição presidencial.

Pesquisa Ibope e Datafolha erram feio em levantamentos


antes do primeiro turno

N
[...] Nas eleições de 2014, levantamentos realizados por institutos como
o Datafolha e o Ibope indicavam a iminência de disputa no segundo turno
entre Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (Rede). O candidato que efeti-
vamente avançou ao segundo turno contra a petista, Aécio Neves (PSDB),
tinha entre 14% e 17% das intenções de voto nas pesquisas, mas acabou

P
recebendo 33,6% dos votos válidos no primeiro turno. [...]
IG, São Paulo. 2018. Disponível em: <https://ultimosegundo.ig.com.br/
politica/2018-10-08/pesquisa-ibope-datafolha-erros.html>. Acesso em: 7 jul. 2020.

Agora, observe os resultados das pesquisas realizadas


IA
pelos institutos citados na reportagem anterior:

Reprodução/https://eleicoes.uol.com.br/2014/pesquisas-eleitorais/brasil/1-turno/
U
G

97
Reprodução/https://eleicoes.uol.com.br/2014/pesquisas-eleitorais/brasil/1-turno/

D
L
N
P
IA
U

Reflexões
10. Responda:
a) As pesquisas apresentadas anteriorimente sugeriam que haveria se-
gundo turno nessas eleições? Argumente.
G

b) Como estavam se comportando, em termos de tendências, as prová-


veis porcentagens de votos que cada um dos três primeiros candidatos
receberia, considerando as pesquisas apresentadas?
c) Analisando as pesquisas em termos de tendência, e considerando a
margem de erro utilizada em ambas, de 2%, a previsão era de que, se
houvesse segundo turno, ele poderia ocorrer entre quais candidatos?
d) O resultado do primeiro turno da eleição presidencial foi conflitante
com o que sugeria a análise das tendências e considerando a margem
de erro das pesquisas apresentadas?
e) A porcentagem de votos recebida pelo candidato Aécio Neves no pri-
meiro turno foi superior ao que indicavam as tendências representadas
mesmo considerando a margem de erro das pesquisas. Quais são as
hipóteses que podem auxiliar a explicar esse fato?

98
Desafio

D
Avaliação de governo
Pesquisas podem ser utilizadas também no monitoramento das imagens dos governos e
da percepção dos cidadãos no que se refere à qualidade dos serviços públicos;
As pesquisas apresentadas a seguir foram realizadas pelo Ibope. A primeira teve seus dados

L
coletados entre 22 e 24 de setembro de 2018 e a segunda entre 5 e 8 de dezembro de 2019.
Para cada uma delas foram ouvidos 2000 eleitores em 127 municípios. A margem de erro foi
de 2% e o nível de confiança de 95%. Ambas foram registradas no Tribunal Superior Eleitoral.

Percepção sobre o governo Temer por área de atuação

N
Percentual de respostas em setembro/2018 (%)*
Meio ambiente 15 79 6
Combate à fome 12 86 2
e à pobreza

P
Educação 12 86 2

Combate à inflação 11 86 3

Segurança pública 11 87 2

Saúde 10 89 1
Combate ao
9 89 1
IA
desemprego
Taxa de juros 8 89 3

Impostos 6 92 2
Walmir Santos

0 20 40 60 80 100
Aprova Desaprova Não sabe/não respondeu

Fonte dos dados: CNI-Ibope, 2018.


U

Percepção sobre o governo Jair Bolsonaro por área de atuação

Percentual de respostas em dezembro/2019 (%)*


Segurança pública 50 47 3
Educação 45 51 4
G

Combate ao
desemprego 41 56 3
Combate à fome 40 55 5
e à pobreza
Meio ambiente 40 54 6

Combate à inflação 40 54 6
Saúde 36 60 3

Taxa de juros 31 62 7

Impostos 30 64 6
Walmir Santos

0 20 40 60 80 100
Aprova Desaprova Não sabe/não respondeu

Fonte dos dados: CNI-Ibope, 2019.

99
D
Tomando como base as pesquisas de avaliação de governo apresentadas, agora é a sua
vez e de seu grupo de realizarem um trabalho desse tipo, avaliando em uma comunidade de
sua escolha um integrante do Poder Executivo.
a) Definam se o governo a ser avaliado será o municipal, estadual ou federal.

L
b) Escolham o universo a ser pesquisado. Serão moradores do entorno da escola? Fami-
liares, amigos e vizinhos dos estudantes do grupo? Moradores do município em que se
localiza a escola?
c) Como vocês farão isso? Visitas domiciliares? Abordarão pessoas em um local público?
Utilizarão meios eletrônicos? Façam sua escolha e a justifiquem. Analisem as vanta-

N
gens e limitações.
d) Determinem o tamanho da amostra e suas características, considerando que a pesqui-
sa será realizada por alunos e não por estatísticos e que atenderá a fins educacionais
e não de avaliação real do governo. Podem ser entrevistas de 100 a 200 pessoas. Por
exemplo: se forem formados 6 grupos e cada grupo entrevistar 30 pessoas, a mostra

P
será formada por 180 pessoas. No entanto, tal escolha nos levará a abdicar de elemen-
tos como margem de erro e confiabilidade.
e) Quais aspectos do governo serão analisados? Para isso vocês podem usar como exem-
plo as pesquisas de governo apresentadas anteriormente, selecionar alguns dos as-
pectos, todos ou até mesmo outros que tenham curiosidade de saber.
IA
f) Agora é hora de coletar e compilar os dados. Para isso, utilizem como modelo uma
tabela como a apresentada a seguir.

Percepção sobre o governo (Nome do governador/


prefeito/presidente) em (data)

Aprova Desaprova Não sabe ou não respondeu

Meio ambiente
U

Educação

Saúde

Segurança
G

pública

...

g) Com base nos dados compilados construam um gráfico como os utilizados nos exem-
plos. Repare que o comprimento total de todas as barras que representam cada um
dos aspectos a serem avaliados nos governos é o mesmo, o que varia é o comprimento
das barras que representam a avaliação. Esse comprimento deve ser proporcional à
frequência dessa avaliação.
h) Organizem uma roda de conversa para analisar os resultados obtidos na pesquisa e
elaborem hipóteses acerca das percepções das pessoas entrevistadas a respeito do
governo analisado.

100
Política, representatividade Capítulo 6

D
e interseccionalidade
no Brasil

L
Mobilize seus conhecimentos
Construindo o cenário Não deixe de rever com os

N
colegas:
• Razão e proporção
Mulheres de coragem, o povo negro no poder, não co- • Porcentagem
loque d no eficiente, juventude de luta. Esses são slogans • História do Brasil
republicano e movimentos
comuns nos períodos eleitorais brasileiros. Em poucas sociais

P
palavras, esses slogans expressam valores, sentidos e in- • “Nova República” no Brasil
teresses das campanhas. Eles pretendem chamar a aten- • Origens e transformações
das democracias
ção para a importância da presença de mulheres, negras e
negros, indígenas, pessoas com deficiência, lésbicas, gays,
bissexuais, transexuais, travestis, queer, intersexo, assexuais
IA
(LGBTQIA+) e jovens na política. Esses slogans colocam
em questão a participação política, a representatividade e
a qualidade da democracia no país.
Mas, afinal, o que é política?
Roque de Sá/Agência Senado

João Prudente/Pulsar Imagens


U
G

Imagem de políticos no Congresso: a maioria é Imagem de população nas ruas: maior


de homens brancos de meia-idade. variedade de idade, sexo e raça.

A resposta mais comum para essa pergunta relaciona po-


lítica ao ato de governar. De acordo com ela, são os políticos
que fazem política governando cidades, estados, Distrito Fe-
deral e até mesmo o país ou propondo, votando leis e fiscali-
zando uns aos outros. Como no Brasil, para concorrer a vagas
no Executivo ou Legislativo, é preciso ser filiado a um partido
político e para ser eleito é necessário um determinado número
101
de votos, vinculamos a participação política das condições sociais podem e devem ser

D
à filiação partidária e ao voto, mas política é protagonistas de suas próprias causas e
algo bem mais amplo. Acompanhar as ações histórias. Isso não desobriga, por exemplo,
da administração pública e dos legislativos; que um homem branco seja aliado de uma
cobrar promessas de campanha feitas pelos mulher negra na luta pelo fim do machis-

L
representantes políticos; estar por dentro mo e do racismo, mas ela precisa ter espa-
das decisões do judiciário; atuar de forma ço na política, em igualdade de condições
organizada na reinvindicação de direitos são com ele, para se expressar e ser referência
apenas alguns exemplos de atuação. para outras mulheres negras.

N
Se olharmos para o caso brasileiro, vere- A questão da representatividade não
mos que, tanto à direita quanto à esquerda, se restringe ao partido político ao qual a
no que se refere à atuação política, encon- pessoa é filiada, envolve também princí-
tramos influências dos movimentos femi- pios básicos de uma democracia fundada
nistas, negros, indígenas, lésbicas, gays, na pluralidade de ideias e de pessoas. Por

P
bissexuais, transexuais, travestis, intersexo isso, identificar, compreender e analisar
e assexuais (LGBTQIA+), das pessoas com variáveis como gênero, classe, raça, fase
deficiência e coletivos juvenis, na busca da vida e as condições sociopolíticas das
por conquistar espaços institucionais para pessoas com deficiência, no âmbito da re-
os seus segmentos. Isso ocorre porque, presentação política, pode ajudar a com-
IA
historicamente, a representação política preender a qualidade da própria democra-
no Brasil foi e continua sendo símbolo de cia brasileira.
homem branco, heterossexual, rico ou de Além disso, o feminismo negro brasileiro
classe média e meia-idade ou idoso. Po- e internacional tem chamado atenção para
rém, o que se toma como princípio é que a necessidade de se considerar não ape-
uma democracia forte deve ser capaz de nas uma única variável, de maneira isolada,
acolher a diversidade de vozes, corpos e nos estudos estatísticos e sociais. Por que
U

trajetórias na representação política. é importante esse alerta das teóricas femi-


Por isso, tem crescido nas últimas déca- nistas negras? Porque, no cotidiano da so-
das a ideia de “nós por nós”, que significa ciedade brasileira, as desigualdades sociais
que as pessoas que vivenciam determina- são atravessadas por diferentes fatores.
G

Ideias & Conceitos


Kimberlé Crenshaw, jurista estadunidense, define como interseccionalidade a preocupação
com as sobreposições de desigualdades. Ela usa a metáfora do cruzamento de um conjunto
de ruas, em que as ruas da classe social, do gênero e da raça se atravessam. A intersecciona-
lidade é, portanto, o ponto de encontro dessas três ruas e por onde é possível entender me-
lhor como funcionam as desigualdades. No Brasil, algumas intelectuais, como a antropóloga,
geógrafa, historiadora e filósofa Lélia González (1935-1994), mulher feminista negra, mineira
e professora no Rio de Janeiro, chamavam a atenção para a intersseccionalidade das condi-
ções sociais das mulheres amefricanas, compostas das identidades ameríndias (indígenas) e
africanas (negras). Ela foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado, contribuindo
para a luta contra o racismo e a defesa da democracia no Brasil.

102
Juventude

D
Há uma diversidade de modos de ser jovem, assim como
variadas formas de engajamento político, como por exem-
plo em partidos políticos, movimentos sociais e estudan-
tis, Organizações Não Governamentais (ONG), associações

L
comunitárias, grupos culturais, entre outros.
Geraldo Magela/Agência Senado

N
P Os parlamentos jovens são
iniciativas de legislativos para
estimular a participação política
IA
da juventude. Na imagem,
participantes do projeto Jovem
Senador, de 2017.

Leituras

Leia os textos abaixo:


U

Se pudéssemos compor um mosaico que, de alguma forma, retratasse as formas de parti-


cipação dos jovens brasileiros em nosso tempo, esse mosaico seria bastante diverso pelo fato
de que as formas participativas juvenis atuais são marcadas pela diversidade de atuação,
de espaços, de modos de fazer, de culturas etc. A participação juvenil contemporânea pode
G

ser a mais múltipla possível, abarcando a dimensão do cotidiano, as ações e agrupamentos


formados nos bairros ou nas escolas, a participação religiosa, a atuação em grupos culturais
e esportivos, a militância em movimentos sociais diversos, a atuação em grupos ambienta-
listas, o ativismo social, o ciberativismo, a contestação festiva e irreverente, a participação
na construção de políticas públicas – conselhos, conferências –, a participação em partidos
políticos e no movimento estudantil e por aí vai... As diversas juventudes estão atuando,
construindo, produzindo e agindo. É preciso que apuremos nosso olhar para perceber o
que se passa, pois ora essas questões são mais visíveis socialmente, ora são “subterrâneas”
ou pouco visíveis. É necessário que ampliemos nossa percepção para visualizarmos muitos
exemplos interessantes de participação construídos pelos jovens.
OLIVEIRA, Igor; HERMONT, Catherine.
Juventudes e participação política.
Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014, p. 14.

103
D
Diante da insegurança e da incerteza frente ao futuro, jovens encontram refúgio no pre-
sente. A descrença nas instituições pode significar respostas críticas ao que herdaram do
passado ou mesmo incapacidade de imaginar o futuro com esperança. O refúgio na “utopia
do consumo” no tempo presente pode expressar a experiência de subjetividades fragmen-

L
tadas, que não dialogam com as dimensões temporais do passado e do futuro. Contudo, é
na compreensão dos processos históricos e na imaginação de novos mundos possíveis que
jovens criam condições para o surgimento de oportunidades nesse quadro societário de
incertezas e bloqueios ao desenvolvimento das biografias juvenis; bloqueios tão mais graves

N
quanto menos oportunidades e suportes sociais e familiares tiverem (CARRANO, 2019).
CARRANO, Paulo. O jovem brasileiro e a escola diante da precarização da vida e de desafios democráticos. In:
Observatório da Juventude. 4 de setembro de 2019. Disponível em: <https://www.observatoriodajuventude.org/o-jovem-
brasileiro-e-a-escola-diante-da-precarizacao-da-vida-e-de-desafios-democraticos/>. Acesso em: 3 set. 2020.

Alusão de que empoderar-se é uma forma de ganhar poder para ser algo precisa elencar

P
ferramentas em prol de um empoderamento coletivo (SILVEIRA, 2019, p. 92)
SILVEIRA, Isabella Batista. “Lute como uma menina”: gênero e processos de formação na experiência das
ocupações secundaristas. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade
Federal de Alfenas, Alfenas, 2019.
IA
Desafio

Considerando a diversidade de formas de participação e os diferentes


desafios coletivos para as juventudes brasileiras apontados nos textos, em
U

grupos, pesquisem um conjunto de formas de participação juvenil de acor-


do com os temas:
Conjunto temático A: A relação entre juventude, políticas públicas, parla-
mento jovem, partidos políticos, democracia e eleições;
Conjunto temático B: A relação entre juventude e outras formas de par-
G

ticipação política em movimentos sociais, movimentos estudantis, associa-


ções, ONGs, na internet, entre outros grupos.
• Para apresentação, em sites de órgãos estatais, científicos e jornalísticos,
procurem dados estatísticos relacionados às juventudes e às políticas pú-
blicas para jovens, que evidenciem os nexos entre as condições sociais e
as demandas políticas de jovens.
• Em sala, apresentem para a turma: a diversidade de condições de vida, de
formas de participação política e as causas defendidas por jovens.
• Após as apresentações, discutam: como podemos contribuir individual
e coletivamente para a política no Brasil do estado ou da cidade em que
vivemos, diante das incertezas e dificuldades sociais?

104
Os jovens nas eleições

D
Observe com atenção o gráfico. Ele traz informações
sobre como se comportou o número de jovens filiados a
partidos políticos em comparação com o número total de
filiados. O gráfico apresenta dados de 2010 a 2018, e para

L
sua elaboração foram considerados apenas os partidos
que tinham registro em 2010.

Filiação jovem X filiação geral

N
380 841

400 000 12 000 000

10 695 391

P
9 729 617

300 000 10 000 000


8 942 294
225 603

212 207
Walmir Santos

IA
200 000 8 000 000
2010 2014 2018 2010 2014 2018

Filiados jovens Filiados totais Fonte dos dados: O Estado


de S. Paulo, 2018.

Agora observe o gráfico a seguir. Ele mostra como va-


riou, entre os anos de 2002 e 2014, o número total de jo-
vens e também o número de jovens eleitores de 16 e 17
anos, lembrando que entre eles o voto é facultativo.
U

Jovens na política
8

7,2
G

6,9 6,8 6,8

2,5 2,4
2,2
1,6

1
2002 2006 2010 2014

Número de eleitores de
Walmir Santos

Número de jovens de
16 e 17 anos nos últimos
16 e 17 anos no Brasil
pleitos para presidente

(em milhões) Fonte dos dados:


Agência Brasil, 2014.

105
Ideias & Conceitos

D
Reflexões Sua escola possui um Grêmio Estudantil?
1. Considerando os textos Como vimos, a participação do jovem na vida política
e os gráficos anteriores pode se dar de várias maneiras, e sua iniciação pode ocor-

L
responda: rer por meio da atuação em grêmios estudantis.
a) Em 2010 os jovens Grêmio estudantil é uma entidade autônoma que integra a
filiados representa- comunidade escolar e sua criação tem amparo na legislação.
vam que porcenta- Ele é constituído por estudantes e pode abranger atua-
gem do total geral? ções sociais, culturais e esportivas. Seus integrantes de-

N
E em 2018? vem representar os interesses estudantis na escola, sem
b) Em 2002 os jovens qualquer distinção de raça, posicionamento político, credo
eleitores represen- religioso, orientação sexual ou quaisquer outras formas de
tavam que porcen- discriminação. Devem também estimular o diálogo e a par-
tagem do total de ceria democrática entre os sujeitos da comunidade escolar,

P
jovens? E em 2014? na busca de soluções para os problemas da escola.
A formação de grêmios estudantis nas escolas visa contri-
c) Considerando as
buir para a formação e multiplicação de cidadãos que partici-
informações dos
pem de forma consciente e responsável da vida em sociedade.
textos, os dados
apresentados nos
gráficos, bem como
IA
seus conhecimentos,
é possível concluir
Desafio
que a participação
do jovem na política Faça o que se pede em cada item:
apresentou queda a) Dados da Secretaria de Educação do município de
nos anos em ques- São Paulo afirmam que houve um crescimento de
tão? Explique. 149% no número de grêmios estudantis em escolas
municipais da cidade de São Paulo e que os repre-
U

sentantes dos grêmios receberão R$ 5 mil, por meio


do Orçamento Participativo Jovem, e, com a direção
da unidade escolar, poderão decidir como será inves-
tido o dinheiro. Responda: de que forma o recebi-
mento de recursos financeiros pelos grêmios pode
G

incrementar a participação política dos jovens?


b) Na escola em que você estuda há um grêmio estu-
dantil? Se a resposta for positiva, busque informa-
Para o seu estudo ções sobre seus projetos. Se a resposta for negativa,
busque informações sobre os procedimentos neces-
Você sabe como criar sários para que ele possa existir na escola.
um grêmio? A União
c) Pesquise e responda: qual porcentagem das escolas
Brasileira dos Estudantes
do município em que a escola se localiza tem grê-
Secundaristas pode
mios estudantis?
ajudar. Para saber mais,
visite o site da Ubes na d) Em seu município, o percentual de escolas que têm
aba grêmios, disponível grêmios estudantis ultrapassa o percentual de esco-
em: <http://ubes.org.br/ las que têm grêmio estudantil no município de São
gremios/>; acesso em: 20 Paulo? Por que será que isso acontece? Levante hi-
ago. 2020. póteses e argumente em defesa delas.

106
Mulheres na política

D
As mulheres são maioria na população Essa realidade tem história. Foi apenas
brasileira, é o que revela a Pnad Contínua no dia 24 de fevereiro de 1932 que o Códi-
(Pesquisa Nacional por Amostra de Do- go Eleitoral Brasileiro passou a garantir à
micílios Contínua) realizada em 2019. Se- mulher o direito de votar e ser votada. Nes-

L
gundo os dados apresentados na pesqui- sa ocasião, o direito ao voto era facultativo
sa, a população é composta de 48,2% de e restrito a mulheres casadas, e que obti-
homens e 51,8% de mulheres. De acordo vessem autorização do marido, ou a viúvas
com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com renda própria. Dois anos depois, tal di-

N
as mulheres são maioria também entre os reito passou a ser previsto na Constituição
eleitores. Em junho de 2020, os homens Federal e ampliado, mas ainda era restrito
representavam 47% dos eleitores, e as às mulheres que exerciam função pública
mulheres, 53%. remunerada. Só em 1946 essas restrições

P
Para além do maior número de mulheres foram suprimidas.
tanto na população quanto entre os eleito- Já que homens e mulheres se aproxi-
res há que se ressaltar a contribuição delas mam em número e possuem como cida-
na vida social e econômica do país. No en- dãos o direito de votar e serem votados,
tanto, a presença de mulheres em cargos não deveriam ter igual representação na
IA
políticos eletivos no país ainda é pequena, política? E essa é apenas uma das pergun-
como se pode notar observando os dados tas que podem surgir quando se começa a
apresentados a seguir. debater esse assunto. Vejamos outras:
• Mulheres deveriam ser incentivadas em
Mulheres nos legislativos
vez de desencorajadas a participar da
vida política do país?
• Esse incentivo deveria se resumir a uma
U

reserva de vagas para candidaturas de


mulheres?
• Essa reserva deveria consistir em uma
preferência ou uma obrigatoriedade?
G

• Essa reserva deveria estar vinculada a

16%
uma garantia mínima de recursos finan-
Senado federal
ceiros?
• Por que não reservar cadeiras para mulhe-
13% Câmaras de vereadores res em vez de vagas para candidaturas?
Questões como essas têm alimentado

11% Assembleias legislativa o debate acerca da representatividade fe-


minina na política e, como resultado, leis
Walmir Santos

foram propostas, discutidas e votadas.


10% Câmara dos deputados Desde 1995, têm entrado em vigor leis que
procuram dar respostas a algumas dessas
perguntas e que contemplam ações que fi-
Fonte dos dados: Procuradoria Especial da Mulher e Senado
Federal do Brasil, 2015. caram conhecidas como “cotas”.
107
Leituras

D
As cotas para mulheres foram pensadas como um instrumento para aumentar o núme-
ro de eleitas para os cargos públicos, mas sua aplicação depende de diversos fatores. Sua
adoção na América Latina se espalhou a partir do compromisso de promoção da igualdade

L
de gênero firmado na Conferência de Beijing de 1995 (IV Conferência Mundial sobre a
Mulher) e podemos pensar nas cotas de gênero na política como medidas afirmativas de
reserva de espaços ou recursos para a promoção da eleição de mulheres. No entanto, elas
podem ser de diferentes tipos e variam bastante em cada país.

N
A Lei 9.100/1995, que regulamentou as eleições municipais de 1996, previu que para o
cargo de vereador/a 20% das vagas de cada partido ou coligação daquela eleição deveriam ser
preenchidas por candidaturas de mulheres. Já a lei eleitoral em vigor até hoje, Lei 9.504/1997,
indicou a reserva (não exatamente seu preenchimento) de 30% das candidaturas dos partidos

P
ou coligações para cada sexo em eleições proporcionais (ou seja, para vereador/a, deputado/a
estadual e deputado/a federal), com um dispositivo transitório que definia um percentual de
25% apenas para as eleições gerais de 1998.
MARQUES, Danusa. Gênero e número, 2018. Disponível em: <http://www.generonumero.media/o-que-sao-
as-cotas-para-mulheres-na-politica-e-qual-e-sua-importancia/>. Acesso em: 9 jul. 2020.
IA
Analisando dados de eleições de 1998 a 2014, pode-se
observar que homens sempre tiveram chance maior de se
elegerem do que mulheres. Isso pode ser confirmado anali-
sando o gráfico de razões de chances nas eleições brasilei-
ras apresentado a seguir. As razões utilizadas para traçar a
linha azul foram calculadas dividindo a probabilidade de um
U

homem ser eleito em determinado ano pela probabilidade


de uma mulher ser eleita na mesma ocasião. A linha rosa foi
traçada fazendo o inverso, ou seja, dividindo a probabilidade
de uma mulher ser eleita pela de um homem ser eleito.
G

Ideias & Conceitos


O oposto de um número é aquele que, quando adiciona-
do a esse número, resulta em zero. Assim, o oposto de 2
é – 2, já que 2 + (-2) = 0. Entretanto, o inverso de 2 é 1 , já
2
que 2 . 1 = 1
2
Se um evento tem 25% de probabilidade de ocorrer,
ele tem, complementarmente, 75% de probabilidade de
não ocorrer, então sua razão de chance é calculada por
25%
75%
= 1 = 0,3333... Nota-se que o evento em questão
3
tem 1 chance de ocorrer e 3 de não ocorrer, então sua
razão de chance é de 1 para 3, ou seja, 0,3333...

108
Brasil – razões de chances nas eleições

D
4,00
3,43
3,00

2,00 1,56 1,38 2,01

L
1,27
1,00 0,64 0,50
0,29
0,79 0,72
Walmir Santos

0,00
1998 2002 2006 2010 2014

N
Razão de chance de eleição de um homem
Razão de chance de eleição de uma mulher
Fonte dos dados: Procuradoria Especial da Mulher, 2016.

Reflexões

P
2. Considerando as informações apresentadas anteriormente, responda:
a) Pode-se afirmar que em 2010 a probabilidade de um homem ser eleito era praticamente
o dobro da probabilidade de uma mulher ser eleita? Explique.
b) Considerando o período de tempo compreendido entre 1998 e 2014, como se compor-
taram as probabilidades de eleição de mulheres e homens?
IA
c) De que forma a análise ao longo do tempo da razão de chances de mulheres e homens se-
rem eleitos pode ajudar a compreender a desigualdade de gênero presente em nosso país?

Após as eleições de 2018, a Câmara Federal compilou


dados e produziu os gráficos a seguir. Eles apresentam in-
formações sobre o número de mulheres ocupando cadeiras
na Câmara Federal de 1933 até 2018 e sobre a composição
U

por gênero da Câmara Federal após as eleições de 2018.

Brasil – evolução da bancada feminina na Câmara


G

Composição por gênero –


Walmir Santos
77
Câmara dos Deputados –
eleição 2018
Mulheres 51
77 43
45 45
SEXO
33
29 30 28
Homens
436
6 8
2 2 4
1 1 1 1 1

1933 1950 1954 1958 1962 1966 1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010 2014 2018

Fonte dos dados: Câmara dos Deputados/CEDI, 2018.

109
D
Reflexões
3. Considerando os gráficos e os textos apresentados, responda:
a) Qual foi o aumento percentual no número absoluto de mulheres ocupando cadeiras na
Câmara Federal de 1986 a 2018?

L
b) Qual é a representação percentual das mulheres com relação a totalidade de cadeiras na
Câmara Federal em 2018?
c) Comparando o número de mulheres na bancada feminina nos anos de 2014 e 2018, nota-
-se um crescimento atípico, superior a 50%. Com base leitura da reportagem e de outras
informações apresentadas até aqui, como esse aumento pode ser explicado?

N
4. Observe a tabela a seguir, que considera mandatos femininos de titulares e suplentes no
Senado Federal entre os anos de 1983 e 2015, ou seja, da 47ª a 54ª legislaturas.

Mandatos de mulheres no Senado

P
Legislaturas 47 48 49 50 51 52 53 54 Total

Mulheres 2 1 3 8 10 11 17 16 68

Total Homens
99 106 115 119 130 119 127 127 942
e mulheres
IA
Porcentual
2,0% 0,9% 2,6% 6,7% 7,7% 9,2% 13,4% 12,6% 7,2%
mulheres/total

Fonte dos dados: Fragmentos de cultura, Goiânia, v. 29, n. 2, p. 244-261, abr./jun. 2019.

Responda:
a) Represente em um gráfico de linha o número de mulheres em cada uma das legislatu-
ras apresentadas na tabela. Para fazer isso você pode tomar como modelo o gráfico da
U

“Evolução da bancada feminina na Câmara”. Utilize régua e papel milimetrado ou, se


preferir, um aplicativo ou programa computacional.
Agora compare o gráfico construído relativo à participação das mulheres no Senado
Federal com o gráfico apresentado anteriormente relativo à participação das mulheres
na Câmara Federal. A análise das linhas traçadas em ambos os gráficos pode auxiliar na
identificação de tendências. Que tendências são essas?
G

b) Qual foi o aumento percentual no número absoluto de mulheres ocupando cadeiras no


Senado Federal de 1983 a 2015?
c) Qual é a representação percentual das mulheres com relação à totalidade de cadeiras no
Senado Federal, em 2015?
d) Comparando a representatividade da mulher na Câmara Federal com a representativida-
de no Senado Federal, o que se pode notar?
e) Pesquise e responda: por que a participação de jovens ocupando cadeiras no Senado
Federal é inexistente?
5. Considerando que:
• em 2019, as mulheres representavam 51,8% da população;
• a Câmara Federal possui 513 cadeiras;
• o Senado Federal é composto por 81 cadeiras.

110
D
Responda:
a) Se as mulheres fossem representadas na Câmara e no Senado Federal proporcional-
mente a sua presença na população, quantas cadeiras seriam por elas ocupadas em
cada uma dessas situações hipotéticas?

L
b) Considerando que em 2018 o número de mulheres ocupando cadeiras na Câmara Fe-
deral era de 77 e no Senado Federal era de 12 e supondo que a representação das
mulheres na população se mantenha em torno de 51,8% e que a cada nova eleição seja
registrado um crescimento de 10% no número de mulheres eleitas, quanto tempo leva-
rá para que homens e mulheres sejam proporcionalmente representados na Câmara e

N
no Senado Federal?
c) Desde 1995 estão sendo implementadas leis conhecidas como cotas para mulheres na
política brasileira. Além disso, algumas resoluções têm sido implementadas no sentido
de que, para além de um número mínimo de candidaturas de mulheres, existam tam-
bém recursos financeiros proporcionais destinados a elas. Tais ações têm conseguido

P
promover a diminuição das desigualdades entre homens e mulheres no campo da re-
presentação política?

Protagonismo negro
IA
A pouca representatividade dos negros na política bra-
sileira foi consenso entre os participantes da audiência pú-
blica sobre o protagonismo negro nas quatro esferas de
Audiência pública para
poder, promovida pela Comissão de Direitos Humanos e debater a violência
Legislação Participativa em abril de 2018. institucional e o racismo
contra a juventude negra.
U
G
Ana Volpe/Agência Senado

111
Leituras

D
Para o autor do requerimento da reunião, senador Paulo Paim (PT-RS), há predominân-
cia de brancos na política brasileira e isso reflete de forma negativa nas ações afirmativas
em prol do protagonismo negro.

L
— Queremos saber como será a participação da comunidade negra no fundo partidário.
A pobreza tem cor. O negro, geralmente, não tem estrutura financeira para se candidatar e
se eleger – argumentou.
O presidente do Núcleo de Pesquisas Clóvis Moura da Fundação Escola de Sociologia

N
e Política de São Paulo, Tadeu Kaçula, citou dados para demonstrar a pouca representativi-
dade negra nas esferas do poder no país.
— Dos 513 deputados federais, 24 são negros. Dos 81 senadores, três são negros. Dos
5.570 prefeitos, 1.604 são negros. Dos 57.838 vereadores, 24.282, são negros. Dos gover-

P
nadores dos estados e do DF, nenhum é negro. Dos ministros do STF, nenhum é negro.
Não dá mais para deixar de discutir e participar, sobretudo diante do cenário político em
que vivemos – afirmou.
Senado notícias, 2018. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2018/04/05/
representatividade-dos-negros-na-politica-precisa-aumentar-defendem-debatedores>. Acesso em: 09 jul. 2020.
IA
Reflexões
6. Considere o texto anterior e responda:
a) De acordo com dados apresentados pelo presidente do Núcleo de Pesquisas Clóvis
Moura da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em que tipo de cargo
político eletivo os negros são mais presentes?
U

b) Discuta com seus colegas, pesquise e levante hipóteses que possam explicar a oscilação
na presença e até mesmo a ausência de representantes negros nos diversos cargos po-
líticos eletivos. Apresente argumentos em defesa das hipóteses levantadas.
G

Ideias & Conceitos


O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, denominado Fundo
Partidário, é um fundo especial de assistência aos partidos políticos com recursos oriundos
de multas eleitorais, recursos financeiros legais, doações espontâneas privadas e dotações
orçamentárias públicas. 5% do total do Fundo Partidário é distribuído, em partes iguais, a
todos os partidos políticos, e os 95% restantes são divididos proporcionalmente entre os
partidos levando-se em conta o número de votos recebidos por eles na última eleição para
a Câmara Federal. O financiamento público das campanhas tem como objetivo impedir que
os partidos políticos e representantes eleitos sejam eventualmente aliciados pelo capital
privado, o que muitas vezes pode resultar em casos de corrupção ou de favorecimento, na
atuação política de congressistas, para empresas ou empresários que doaram para partidos
específicos.

112
Cotas nas eleições

D
Em 2020, aproximando-se as eleições municipais, os
ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciaram a
análise da consulta sobre a possibilidade de reservar va-
gas e cotas do Fundo Especial de Financiamento de Cam-

L
panhas para candidatos negros, como já ocorre para can-
didaturas de mulheres. Isso para tentar corrigir distorções
históricas na participação da população negra na políti-
ca, como a identificada por estudo realizado pela Funda-

N
ção Getúlio Vargas (FGV), segundo o qual a menor parte
(43,1%) de todos os candidatos a um assento na Câmara
Federal nas eleições de 2018 eram homens brancos, no
entanto eles concentravam até 60% dos recursos finan-

P
ceiros das campanhas. Entretanto, 12,9% das candidaturas
à Câmara foram de mulheres negras e a elas coube ape-
nas 6,7% dos recursos financeiros. Elas recebem menos
recursos que os homens por serem mulheres, e menos
que as mulheres brancas por serem negras, ou seja, são
IA
duplamente discriminadas.

Reflexões
7. Suponha que o total de recursos financeiros disponíveis
para as campanhas de todos os candidatos se restringis-
se a 100 reais. Suponha também que todos esses recur-
sos seriam igualmente divididos entre os candidatos. Se
U

43,1% das candidaturas fossem de homens brancos, a eles


caberiam R$43,10, ou seja, 43,1% dos recursos, e não os
60% que ocorrem na situação real. Contudo, se 12,9% das
candidaturas fossem de mulheres negras, a elas caberiam
R$12,90, ou seja, 12,9% dos recursos, e não 6,7%.
G

a) Na situação real, as candidaturas de homens brancos


recebem quantos por cento a mais que na situação hi-
potética apresentada?
b) E as candidaturas de mulheres negras, recebem quan-
tos por cento a menos do que se a divisão fosse feita
em partes diretamente proporcionais?
c) Que relação é possível estabelecer entre o que foi aqui
chamado de protagonismo negro e a democracia?

113
Galeria da História

D
No Brasil, quando entramos em órgãos executivos ou
legislativos, é comum haver algumas galerias de imagens
ou espaços que levam os nomes de representantes eleitos
pelo povo. Frequentemente, vemos homens brancos. E se,

L
a partir disso, parássemos um pouco para pensar sobre a
ausência de representatividade de vários grupos da popu-
lação que ainda sofrem discriminações no Brasil? Quais são
esses grupos? Quem foram os primeiros representantes

N
deles em cargos da república?

Povos indígenas
Embora a participação política indígena não se resuma a

P
partidos políticos e às eleições, a representatividade de po-
vos indígenas no parlamento nacional tem uma imensa la-
cuna histórica. O primeiro indígena eleito como deputado
Geraldo Magela/Agência Senado

federal foi Mario Juruna (PDT), cacique, eleito em 1982 pelo


Rio de Janeiro. Depois de quase quatro décadas sem ne-
IA
nhum indígena eleito, a Deputada Federal Joenia Wapichana
(REDE), advogada, foi eleita em 2018 a primeira mulher indí-
gena deputada federal, pelo estado de Roraima.

Deputada Joenia Wapichana. Mulheres


Lugar de mulher é na política e onde ela quiser estar.
Com essa mensagem muitas mulheres estão lutando para
superar o preconceito e conquistar espaços de representa-
U

ção política. Mas tivemos mulheres pioneiras como Carlota


Pereira de Queiroz (Partido Constitucionalista), destacada
na foto por ser a primeira e única mulher eleita deputada
em 1933, por São Paulo, para aquela Assembleia Nacional
G

Constituinte. Neném Paiva (PSD), eleita em 1935 a primeira


vereadora do Brasil para a Câmara Municipal de Muqui-ES.
Museu Virtual Dr. Dirceu Cardoso/Wikipedia
Arquivo Nacional, Rio de Janeiro

Carlota Pereira de Queiroz,


primeira deputada no
Brasil e Nenem Paiva,
primeira vereadora.
114
D
Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

L
Dilma Roussef, primeira e
única mulher eleita para
a presidência do Brasil.

N
Se a eleição de mulheres para os par- sido eleita em 1927, rodeada por homens.
lamentos ainda é um desafio para todos Dilma Rousseff (PT) foi secretária de Esta-
os partidos políticos, a eleição para car- do (RS), ministra, e até hoje é a primeira e
gos executivos é ainda mais complicada. única mulher que foi eleita para o cargo de

P
Há exemplos como Alzira Soriano (UDN), presidente da República do Brasil. Ela ven-
primeira mulher prefeita da América La- ceu as eleições de 2010 com 56,05% dos
tina, que governou o município de Lages, votos e foi reeleita em 2014, com 51,64%,
no Estado do Rio Grande do Norte, tendo tendo sofrido impeachment em 2016.

Negras e negros
IA
Alamy/Fotoarena

Geraldo Magela/Agência Senado


U

Abdias Nascimento e Benedita da Silva.


G

A maioria do povo brasileiro é negra, en- assistente social e professora, evangélica,


tretanto, a presença de homens negros e foi empregada doméstica, líder comunitá-
mulheres negras nos espaços de poder na ria, vereadora, senadora, vice-governadora
democracia ainda não reflete o tamanho e governadora, secretária de Estado, mi-
dessa população. nistra, deputada da Assembleia Nacional
Nas imagens, observamos Abdias do Constituinte de 1988 e é deputada federal
Nascimento (PDT). Artista e professor, vin- (RJ), reeleita em 2018.
culado às religiões de matriz africana (can- Outro exemplo é Joaquim Barbosa, ad-
domblé e umbanda), ativista do Movimen- vogado e professor, mineiro, primeiro e úni-
to Negro, foi eleito suplente para o Senado, co ministro negro do Supremo Tribunal Fe-
pelo Rio de Janeiro, e atuou como senador deral desde 2003, tendo sido presidente do
entre 1977 e 1999. Benedita da Silva (PT) é STF de 2012 até 2014, quando se aposentou.
115
Pessoas com deficiência

D
As pessoas com deficiência no Brasil deputado estadual e deputado federal por
enfrentam uma série de obstáculos sociais Pernambuco, ministro do Tribunal de Contas
para a garantia de direitos, no entanto, ao da União e Assessor Especial da Presidência
longo da história, têm conseguido eleger da República. Mara Gabrilli (PSDB) tornou-

L
alguns representantes. Nas imagens, ve- -se tetraplégica após um acidente de car-
mos Thales Ramalho (PDS, PMDB), que se ro. Foi secretária municipal da Pessoa com
tornou cadeirante após um acidente vas- Deficiência e Mobilidade Reduzida em São
cular cerebral. Antes de ingressar na políti- Paulo, vereadora, deputada federal e, atual-

N
ca institucional, foi repórter. Também atuou mente, ocupa o cargo de senadora por São
como secretário de governo em Recife (PE), Paulo, eleita em 2018.

Moreira Mariz/Folhapress

Pedro França/Agência Senado


P
IA
Thales
Ramalho e
Mara Gabrili

LGBTQIA+
Mesmo enfrentando uma série de pre- lésbica, foi eleita como deputada estadual
conceitos, discriminações e violências, pes- (SP) em 2010 e está em seu terceiro man-
soas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais dato. Jean Wyllys (PSOL), baiano, comuni-
U

têm ocupado a representação política (ain- cador e professor, foi o primeiro gay assu-
da que o número de parlamentares desse mido a ocupar uma vaga na Câmara dos
grupo precise aumentar, como no caso das Deputados. Eleito pela primeira vez em
mulheres, indígenas e negros), atuando nos 2010 e reeleito duas vezes pelo Rio de Ja-
G

mais diferentes partidos políticos. neiro, exilou-se antes de assumir o seu ter-
Nas imagens, vemos Leci Brandão ceiro mandato em decorrência de ameaças
(PCdoB), carioca, cantora e compositora, contra a sua vida.
Roberto Casimiro/Fotoarena

Geraldo Magela/Agência Senado

Leci Brandão
e Jean Wyllys
116
Em síntese

D
Neste capítulo, falamos um pouco sobre o Fundo Partidário. Comece relembrando de
onde se originam os recursos financeiros por ele administrados. Aprofunde suas pesquisas
acerca do fundo respondendo às questões.

L
• Com que finalidades podem ser usados os recursos desse fundo?
• Quantos reais esse fundo administra?
• Como são distribuídos os recursos desse fundo?

N
Agora, vamos conhecer um pouco sobre o Fundo Eleitoral.
• De onde se originam os recursos financeiros por ele administrados?
• Com que finalidades podem ser usados os recursos desse fundo?
• Quantos reais esse fundo administra?

P
• Como são distribuídos os recursos desse fundo?
• Antes da existência do Fundo Eleitoral, como funcionava o financiamento de campa-
nhas eleitorais?
• Por que se optou por uma modificação no modelo de financiamento de campanhas
eleitorais?
IA
• Que problemas os partidos políticos vêm enfrentando para financiar campanhas elei-
torais utilizando apenas o Fundo Eleitoral? Que possibilidades existem para o enfrenta-
mento desses problemas?
Sugestões de sites para pesquisa:
<www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2020/Junho/divulgada-nova-tabela-com-a-
divisao-dos-recursos-do-fundo-eleitoral-para-2020>
<www.tse.jus.br/partidos/fundo-partidario-1/fundo-partidario>
U

A turma será dividida em grupos por esfera de poder (Legislativo, Executivo e Judiciário).
1. Na Câmara Municipal da cidade, no site da Assembleia Legislativa do Estado, no site da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal, nos sites das prefeituras, governos estaduais, do governo
federal e dos tribunais de justiça estaduais e federais, pesquisem sobre as histórias de vida e
trajetórias de agentes do Estado e representantes da população: mulheres e homens, negras
G

e negros, indígenas, LGBTQIA+, pessoas com deficiência e outros grupos que foram, historica-
mente, distanciados dos espaços de decisão e poder. Analisem criticamente suas proposições,
ideias, valores, projetos e decisões.
2. Discutam os efeitos da ausência e da presença de grupos sociais excluídos e discriminados nos
espaços de poder.
3. Pesquisem sobre os princípios e valores da democracia.
4. Por fim, discutam: qual é o nosso papel na pluralidade e no fortalecimento da democracia?

117
D
Conexões

L
Conexões filosóficas
• Pesquise os slogans de campanha das candidaturas de diferentes partidos para o governo
do Estado e para o Senado. Discuta os valores e as imagens que esses slogans pretendiam
transmitir.

N
Conexões geográficas
• Pesquise sobre as origens territoriais das candidaturas eleitas para a câmara municipal do
município, diferenciando no mapa do município aquelas com apelo local e regional.

P
Conexões históricas
• Para resgatar a memória, pergunte para pessoas conhecidas se elas se lembram de em
quem elas votaram nas últimas eleições para os executivos e parlamentos municipais, dis-
tritais (DF), estaduais e federal.
• Pergunte se elas se lembram de ter votado em alguma mulher, alguma pessoa negra ou
indígena.
IA
Conexões matemáticas
• Você sabia que o sistema eleitoral dos Estados Unidos é muito diferente do nosso? Tem
curiosidade em entender como ele funciona? Para isso você pode pesquisar. Uma sugestão
é começar pela leitura de um artigo que trata do sistema eleitoral americano do ponto de
vista estritamente matemático. Ele pode ser acessado no seguinte endereço eletrônico:
<http://gazeta.spm.pt/getArtigo?gid=1396>. Acesso em: 20 ago. 2020.
U

Conexões sociológicas
• Em sua família ou com pessoas conhecidas, questione quais são as estratégias utilizadas
para acompanhar os mandatos eleitos para os executivos e parlamentos municipais, distri-
tais (DF), estaduais e federais. Quais informações podem ser encontradas sobre as condu-
tas e posturas adotadas por pessoas eleitas?
G

118
D
Para ir além

L
Reprodução/The Othrs
Assista ao filme
Privacidade Hackeada. (2019) 2h19min. Dir. Karim Amer.
Um documentário que discute os desafios presentes
nos nexos entre política e internet e seus impactos para a

N
democracia e a privacidade das pessoas.

Assista ao clipe
Ok Ok Ok – Gilberto Gil (2018)
Em um site de vídeos de sua preferência, assista ao clipe da música e busque compreen-

P
der a letra e suas possibilidades de conversar sobre a nossa democracia e as opiniões das
pessoas.

Ouça a música
Tanto Faz – Tim Bernardes (2017)
Em um site de música de sua preferência, escute a música e procure pensar sobre a letra,
IA
conectando aos debates sobre o Estado e a política.

Visite o site – Justiça Eleitoral


<http://www.justicaeleitoral.jus.br/>
A Justiça Eleitoral preparou um site criativo e interativo para você descobrir o mundo jurí-
dico das eleições e dos partidos políticos.

Visite o site – Vaza, Falsiane


<https://vazafalsiane.com/>
U

Para compreender o que são fake News e testar seu conhecimento a respeito do tema,
o site traz diferentes contribuições, reflexões e possibilidades de entendimento de maneira
dinâmica.

Leia os livros
• PANKE, Luciana. Campanha para mulheres: desafios e tendências. Curitiba: Editora UFPR,
G

2016.
O livro discute as diferentes imagens criadas pelas campanhas eleitorais feitas para mulhe-
res e os sentidos atribuídos às mulheres na política em diferentes países da América Latina.
• NASCIMENTO, Elisa Larkin. Abdias do Nascimento. (Grandes vultos que honram o Senado).
Brasília: Senado Federal, 2014.
O livro pode ser baixado gratuitamente no site do Senado Federal e aborda a trajetória de
vida e o trabalho legislativo do Senador Abdias do Nascimento, um intelectual pan-africa-
nista do Brasil.

119
4

D
O lugar da educação
UNIDADE

L
N
P
IA
U
G

120
D
L
Sergio Pedreira/Pulsar Imagens
Reflexões

N
Um olhar atento à realidade educacional que articule
conhecimentos matemáticos e humanísticos pode con-
tribuir para identificar cenários de desigualdades sociais
e propor mudanças que superem esses problemas.

P
Reúna-se em grupo com seus colegas e troquem ideias:
• Vocês já se perguntaram como é a vida de uma pessoa
que não teve acesso à educação e, consequentemente,
não sabe ler e/ou escrever?
• Por que, no Brasil, algumas pessoas têm acesso a uni-
versidades públicas, com ensino de qualidade, e outras
IA
não conseguem concluir o ensino básico?
Anotem as principais conclusões a que o grupo chegou
e compartilhem com a turma.
U

Você vai estudar...

• A educação no Brasil.
• O direito à educação.
• Desigualdades sociais e econômicas
G

e seus reflexos na educação.


• As desigualdades e a inclusão social
na educação.

Estudantes em pátio de colégio


em Salvador, BA. Foto de 2018.

121
Capítulo 7 De olho na educação

D
Construindo o cenário

L
Quando falamos em Educação, podemos pensar em di-
Mobilize seus conhecimentos
ferentes âmbitos, como a escola, a família, a mídia, a políti-
Não deixe de rever com os
ca e a religião. Cada um, à sua maneira, educa e oferece re-

N
colegas:
• Porcentagem ferências para pensar sobre o mundo e viver em sociedade.
• Razão e proporção Apesar da diversidade de espaços que podem ser edu-
• Escalas
• Nova República no Brasil
cativos, a escola continua a centralizar o processo formati-
• Constituinte de 1987-1988 vo geral e profissional, desde a pequena infância até a edu-

P
• Constituição Federal de 1988 cação de jovens e pessoas adultas e idosas. Desse modo,
– a “Constituição cidadã”
educação é um assunto societário, e na forma como é en-
tendida atualmente deve fazer parte de todas as etapas da
vida das pessoas.
No Brasil, a educação escolar é dividida em duas etapas:
IA
a educação básica, que contempla a educação infantil, o en-
sino fundamental e o ensino médio; e a educação superior,
que abrange a graduação e a pós-graduação, e é responsá-
vel por parte significativa da produção científica brasileira.
Rogério Reis/Pulsar Imagens

Luciana Whitaker/Pulsar Imagens


U
G

Alunos da rede municipal em Maricá, RJ. Foto de Alunos da EJA em Senador José Porfírio, PA.
2018. Foto de 2017.

Desafio
Ao final de cada capítulo, há um desafio para você e seu grupo. Esses desafios os levarão
a refletir e a propor ações para problemas reais da educação, como, por exemplo, o custo da
educação por aluno e se a escola em que vocês estudam tem as características necessárias
para ser considerada inclusiva. Concluindo a unidade, você e seu grupo também encontrarão
um desafio: elaborar um projeto de escola inclusiva. Vamos juntos!

122
Censo Escolar

D
O quadro a seguir apresenta dados do Censo Escolar
de 2018 e mostra como se distribuem as matrículas no en-
sino básico entre as redes pública e particular no Brasil. A
educação básica ocorre em diferentes modalidades, dentre

L
elas: a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Educação
especial, Educação Técnica e Profissional.
No caso da educação superior, a graduação é composta
por diferentes cursos de formação básica. Analisando os

N
dados, vemos que a rede pública possui grande parte das
matrículas da educação brasileira.

Educação Básica Matrículas – 2018

P
Todas as redes Rede Pública Rede Privada
Educação Básica 48 455 867 39 460 618 8 995 249

Ensino Fundamental 27 183 970 22 511 839 4 672 131

Ensino Médio 7 709 929 6 777 892 932 037


IA
Educação Profissional 1 903 230 1 132 533 770 697

Educação de Jovens e Adultos 3 545 988 3 324 356 221 632

Classes especiais e Escolas


166 615 41 858 124 757
especializadas

Fonte dos dados:MEC/Inep/DEED – Microdados do Censo Escolar, 2020

A responsabilidade de gerir essa rede é do Poder Exe-


U

cutivo do Estado, dividindo-a entre União, estados e mu-


nicípios. Essas três esferas também compartilham o finan-
ciamento das políticas públicas de educação. Cada esfera
deve respeitar a Constituição Federal e criar leis e regula-
G

mentações próprias em consonância com as leis nacionais.

Reflexões
1. Faça o que se pede em cada item.
a) Determine a porcentagem dos estudantes da educa-
ção básica que estuda em escolas públicas no Brasil,
de acordo com dados do Censo Escolar de 2018.
b) Os dados apresentados no quadro são evidências es-
tatísticas da responsabilidade do Estado com relação
à educação da maior parte da população brasileira.
Converse com seus colegas e apresente uma lista de
atribuições que vocês consideram de responsabilida-
de do poder público no que tange à educação.

123
O direito à educação

D
A alfabetização, juntamente com habilidades básicas da
matemática para lidar com números, efetuar cálculos, me-
dições e estabelecer relações recorrendo ao raciocínio pro-
porcional, alicerçam a educação básica e podem colaborar

L
para a independência na aprendizagem, a redução da po-
breza, o retardamento do matrimônio, no caso das mulhe-
res, melhorias na alimentação e na saúde tanto do estu-
dante quanto de sua família . A educação contribui para o

N
desenvolvimento dos indivíduos à medida que amplia seus
conhecimentos e suas habilidades, podendo diminuir sua
vulnerabilidade a riscos, aumentar sua empregabilidade,
produtividade e remuneração e impactar positivamente

P
suas famílias, suas comunidades e a sociedade, reduzin-
do desigualdades. De acordo com a Unesco, no ano 2000,
185,5 milhões de pessoas entre 15 e 17 anos estavam fora
da escola em todo o mundo, mas, em 2015, este número
foi reduzido para 141 milhões, o que é um bom sinal. No en-
IA
tanto, ainda existem cerca de 758 milhões de pessoas, com
15 anos ou mais, analfabetas. Dentre elas, 115 milhões são
jovens, com idades entre 15 e 24 anos.

Leituras

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da Família, será promovida e
U

incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,


seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Fonte: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. (On-line). Brasília: DF. Senado
Federal, 5 out. 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 13 set. 2020.
G

A reconstrução educacional no Brasil – povo e governo


Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade
ao da educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a primazia nos
planos de reconstrução nacional. Pois, se a evolução orgânica do sistema cultural de um
país depende de suas condições econômicas, é impossível desenvolver as forças econômi-
cas ou de produção, sem o preparo intensivo das forças culturais e o desenvolvimento das
aptidões à invenção e à iniciativa que são os fatores fundamentais do acréscimo de riqueza
de uma sociedade. [...]
AZEVEDO, Fernando de et al. Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932).
In: Revista HISTEDBR (On-line). Campinas, p. 188-204, 2006.

124
D
Reflexões
2. Nessa atividade, você vai elaborar um banner sobre a redução no número de analfabetos
no Brasil, utilizando dados da Unesco no período de 2000 a 2015.
a) Construa um gráfico de colunas contendo essas informações. Ele deve apresentar título,

L
assim como os eixos horizontal e vertical. Também deve apresentar legenda e fonte das
informações utilizadas. Para elaborar o gráfico, utilize uma escala que permita represen-
tar de forma proporcional as informações, adequando-as ao espaço disponível.
b) Escreva um breve texto refletindo sobre as causas e as consequências do analfabetismo.
c) Decida com sua turma onde devem ser expostos os banners produzido na escola. Em

N
suas redes sociais ou de sua escola?

P
O direito à educação é entendido como um dos direi-
tos humanos, o que torna obrigatória a educação primá-
ria gratuita e visa à garantia de acesso ao conhecimento
e à formação cultural para o respeito e a valorização da
diversidade social, sendo uma forma de promover a justiça
IA
social, a dignidade humana e a conservação da natureza.
Esse direito está previsto na Constituição Federal de 1988,
que é a base legal para a produção de todas as leis que ga-
rantem o direito à educação no Brasil. Entre essas leis, des-
taca-se a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
conhecida como LDB, que foi promulgada em 1996. Nela,
estão definidos os princípios e fins da educação no país; o
direito à educação e os deveres de educar; a organização
U

do sistema educacional e as respectivas responsabilidades


da União, estados e municípios; as etapas e modalidades
de educação; os recursos financeiros necessários e as ca-
racterísticas dos profissionais da educação.
G

Para o seu estudo


Ideias & Conceitos
No site do Ministério da
Educação, você poderá
Você já deve ter ouvido falar no Plano Nacional de Edu-
conhecer melhor a Lei, as
cação (PNE). É uma lei, aprovada pelo Congresso Nacio-
metas, as estratégias e o
nal, que define as metas e estratégias para concretização
monitoramento das ações
do direito à educação. O interessante é que é possível mo-
institucionais para seu
nitorar quais são as metas e estratégias que foram cumpri-
cumprimento. Disponível
das e aquelas que não o foram, facilitando o controle desta
em: <http://pne.mec.gov.
política pública, que não é uma política qualquer, mas uma
br/>. Acesso em: 6 set.
das mais importantes para a sociedade brasileira.
2020.

125
Cenários de desigualdades

D
Estudar e aprender são apenas alguns dades escolares: diferenças de infraestru-
dos aspectos do complexo conjunto que tura entre os estabelecimentos de ensino;
abrange objetivos e funções da escola e o nível de organização de cada escola; a
motivações e interesses estudantis. qualidade e a remuneração dos professo-

L
Cada estudante também vai à escola res; e os resultados em avaliações como o
para desenvolver habilidades e se apro- Exame Nacional do Ensino Médio (Enem),
que é realizado sobretudo como forma de
priar de valores essenciais de socializa-
ingresso no ensino superior. Há que se res-

N
ção e exercício da sua cidadania. Mas nem
saltar que estudantes provenientes de fa-
sempre os fatores que levam alguém na
mílias de nível socioeconômico mais baixo
escola e o mantém lá são esses. Para mui-
podem estar expostos a maiores cargas de
tos, a merenda escolar constitui a principal
trabalho, e isso pode resultar em impactos
refeição do dia, e tal fato revela situações

P
negativos para sua aprendizagem e, por
de vulnerabilidade socioeconômica, que se conseguinte, para seu desempenho esco-
relacionam às demais desigualdades exis- lar. Por outro lado, estudantes cujos pais
tentes no país. têm maior nível de escolaridade podem ter
As desigualdades sociais, muitas vezes, sua motivação, e o acesso a informações e
IA
são reproduzidas na forma de desigual- condições para o estudo, ampliados.
Du Zuppani/Pulsar Imagens

Rubens Chaves/Pulsar Imagens


U
G

Estudante recebe merenda em escola de Pátio de colégio de elite em São Paulo, SP.
Santaluz, BA. Foto de 2018. Foto de 2016.

Desse modo, é possível dizer que de- dignos para docentes; para estudantes,
sigualdades escolares e sociais andam garantia de tempo para dedicação aos es-
juntas e, portanto, necessitam ser pensa- tudos e à fruição cultural, não combinada
das em conjunto. Políticas de assistência com trabalho; incentivo das famílias para
social e estudantil; projetos pedagógicos que os filhos sigam estudando são algu-
que incentivam a participação juvenil no mas das medidas que o Estado poderia
processo de aprendizagem; garantias de garantir e desenvolver para aplicar o que
tempo de preparação pedagógica; for- pede a Constituição Federal brasileira em
mação continuada; condições e salários relação à educação.
126
Um exemplo de ação nesse sentido é o Programa Na-

D
cional de Alimentação Escolar (Pnae), em que o governo
federal repassa a estados e municípios recursos financeiros
destinados à alimentação e à educação alimentar de estu-
dantes de todas as etapas da educação básica pública.

L
Os valores são calculados considerando os 200 dias le-
tivos do calendário escolar com base no número de alunos
em cada etapa e modalidade de ensino. Observe os valores
repassados pela União para Estados e municípios por alu-

N
no, atualmente, na tabela a seguir.

Valores repassados pela União de acordo com


a etapa e a modalidade de ensino (por aluno)
Etapa ou modalidade de ensino Valor repassado por dia de ano letivo

P
Creches R$ 1,07
Pré-escola R$ 0,53
Escolas indígenas e quilombolas R$ 0,64
Ensino fundamental e médio R$ 0,36
Educação de jovens e adultos R$ 0,32
IA
Ensino integral R$ 1,07
Programa de fomento às escolas de Ensino Médio em R$ 2,00
tempo integral
Alunos que frequentam o atendimento educacional R$ 0,53
especializado no contraturno
Fonte: Fnde, 2020.

Desde meados de 2009, 30% do valor repassado pelo


U

Pnae precisa ser utilizado para compra direta de produtos


da agricultura familiar, medida que procura estimular o de-
senvolvimento econômico e sustentável de comunidades.
G

Reflexões
3. Considere as informações apresentadas e o número de alunos em cada modalidade de en-
sino na escola em que você estuda. Faça a estimativa:
a) do valor aproximado destinado à alimentação e a educação alimentar em uma escola
como a sua.
b) do valor aproximado destinado à compra direta de produtos da agricultura familiar.
c) Discuta com seus colegas:
i) Sua escola tem recebido recursos do Pnae?
ii) Esses recursos têm sido suficientes para garantir alimentação escolar aos alunos da
escola?
iii) Se a resposta para o item anterior foi negativa, elenque ações que podem contribuir
para reverter esse quadro.

127
Os jovens e a educação

D
O desafio de manter o jovem na escola não é fácil! Edu-
cação, cultura, esporte e lazer ocupam papel secundário
Reflexões na vida de muitos jovens brasileiros que precisam ajudar
4. a) Com base nas infor- nas tarefas domésticas, cuidar dos irmãos, e até mesmo

L
mações apresenta- de filhos, e trabalhar. Um estudo realizado pelo Instituto de
das no texto e no Ensino e Pesquisa (Insper) e pela Fundação Roberto Ma-
gráfico, estime o nú-
rinho aponta que manter um jovem na escola durante os
mero de matrículas
realizadas a menos
14 anos da educação básica pode custar cerca de R$ 90

N
em 2019 com rela- mil. Esse mesmo estudo revela que quando um jovem não
ção a 2018. concluiu a educação básica, o país pode perder R$372 mil
b) Por que isso está reais ao ano.
ocorrendo? Para Pesquisas mostram que jovens que concluíram o ensino

P
responder a essa básico se mantêm por mais tempo em empregos formais
pergunta, você pode
e com remunerações maiores; têm maior expectativa de
levantar hipóteses e
também pesquisar a vida com qualidade e se envolvem menos com atividades
respeito. violentas.
c) Além da gratuidade Atualmente, tanto a gratuidade quanto a obrigatorieda-
IA
da educação bási- de da educação básica são garantidas pela Constituição
ca e da matrícula Federal, para pessoas de 4 a 17 anos. A implementação da
compulsória na faixa obrigatoriedade por meio da matrícula compulsória cons-
etária de 4 a 17 anos,
titui uma estratégia para a universalização da educação
que outras ações
existem ou pode- básica.
riam ser implemen- Os dados apresentados no gráfico mostram queda no
tadas para colaborar número total de matrículas da educação básica nos últi-
com a universaliza-
U

mos anos. Segundo o Censo Escolar de 2019, registrou-se


ção da educação
básica no Brasil? uma queda no número de matrículas, agora de 1,2%, com
relação a 2018.

Número de matrículas por ano


G

60000 000
Walmir Santos

Reflexões 50000 000


49 771 371 48 796 512 48 817479 48 608 093 48 455 867

40 000 000
40 680 590 39 738 780 39 834 378 39 721 032 39 460 618

30000 000

20 000 000
9 090 781 9 057 732 8 983 101 8 887 061 8 995 249
10000 000

0
2014 2015 2016 2017 2018

Total Pública Privada

Fonte: INEP, 2018.

128
Colocando o foco nos jovens entre 15 anos e elevar o percentual de matrículas no

D
e 17 anos, de acordo com informações da ensino médio para 85%. Segundo dados do
Pnad Contínua de 2019, 28,6% deles não IBGE, em 2010, 16,7% dos jovens entre 15 e
cursavam o ensino médio. A Meta 3 do 17 anos estavam fora da escola. Em 2014
PNE pretendia estender, até 2016, o atendi- esse percentual caiu para 13% e, em 2018,

L
mento escolar a todos os jovens de 15 a 17 para 11,8%.

Reflexões
5. Responda:

N
a) De acordo com esses dados, a Meta 3 foi atingida?
b) Utilize os dados apresentados anteriormente para estimar quanto tempo levará para que
apenas 1% dos jovens entre 15 e 17 anos estejam fora da escola. Para isso siga os passos
a seguir.

P
i) De 2010 a 2018, o percentual no número de jovens entre 15 e 17 anos fora da escola
caiu 4,9%, o que corresponde a uma redução percentual média de 0,6125% ao ano.
Explique como esses cálculos foram feitos.
ii) Se a redução percentual média se mantiver fixa, em que ano apenas 1% dos jovens
brasileiros entre 15 e 17 anos estarão fora da escola?
IA
iii) Observe que, de 2010 a 2014, houve uma redução de 3,7% no percentual de jovens
brasileiros entre 15 e 17 anos que estavam fora da escola. No período de 2014 a 2018,
a redução foi de apenas 1,2%. Isso parece indicar uma tendência de desaceleração na
velocidade com que a taxa de redução diminui. De que maneira esse fato impacta a
estimativa feita no item anterior?
iv) Pesquise, discuta com seus colegas e responda: por que é importante universalizar o
atendimento escolar ao jovem de 15 a 17 anos e como fazer isso?
U

Escolarização
É comum que escolarização seja rela- Além das desigualdades econômicas,
cionada à ideia de futuro. Porém, uma vez é possível também identificar desigualda-
que as possibilidades de futuro são alimen- des regionais de escolarização. Regiões
G

tadas no presente, não podemos deixar brasileiras que são prejudicadas pela vul-
de observar e saber identificar os proble- nerabilidade socioeconômica, em função
mas que se apresentam neste momento. dos baixos investimentos em fomento de
A ideia de futuro também não pode estar trabalho decente e garantia de renda ade-
dissociada da necessidade de promoção quada às necessidades familiares, sentem
de uma vida digna em todas as regiões do dificuldades para equiparar seus níveis de
país. Tudo isso passa pela escola. escolarização a outras regiões.
Se olharmos para a história da educa-
ção brasileira, observaremos um aumento
Trabalho decente: é um conceito da
da escolarização ao longo das décadas. No Organização Internacional do Trabalho, cujas
entanto, o Brasil ainda está longe de garan- características são o respeito aos direitos do
trabalho, o emprego de qualidade, a proteção
tir a escolarização plena e de qualidade em
social e o diálogo social.
todo o território nacional.
129
A Meta 8 do PNE diz respeito à população

Luciana Whitaker/Pulsar Imagens

D
de jovens adultos e pretendia elevar a escolari-
dade média da população de 18 a 29 anos, de
modo a alcançar, ao menos, 12 anos de esco-
laridade em 2016 para as populações do cam-

L
po, da região de menor escolaridade no País e
dos 25% mais pobres, e igualar a escolaridade
média entre negros e não negros declarados
à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e

N
Estatística – IBGE.
Alunos do IFMT,
em Rondonópolis,
Para atingir tal meta, algumas estratégias foram traça-
MT, durante aula de das. Dentre elas estão a implementação de programas de
laboratório de Biologia. educação de jovens e adultos; a garantia de acesso gratui-
Foto de 2018.
to a exames de certificação de conclusão das etapas de en-

P
sino; a expansão da educação profissional técnica gratuita;
a identificação dos motivos de ausência e evasão escolar; e
a busca ativa de jovens que estejam fora da escola.
Dados da Pnad Contínua de 2019 podem ajudar a enten-
der o quanto estamos perto de atingir essa meta.
IA
Para o seu estudo

Para saber mais sobre as Nível de instrução (1)


metas do PNE, acesse: 2016 2018 2019

Walmir Santos
<http://pne.mec.gov. 2016 2018 2019
br/18-planos-subnacionais-
Sem instrução
Sem instrução 7,8%
7,8% 6,9% 6,4%
6,9% 6,4%
de-educacao/543-plano- Concluíram ao
nacional-de-educacao- Concluíram
menos a etapa
menos básico
do ensino
ao
a etapa
45,0%
45,0% 47,4% 48,8%
47,4% 48,8%
lei-n-13-005-2014>. Acesso do ensino básico
obrigatório
U

em: 6 ago. 2020. obrigatório (1) Pessoas de 25 anos ou mais de idade.


(1) Pessoas de 25 anos ou mais de idade.

Número médio de anos de estudo (2)

Nordeste
Nordeste Walmir Santos
G

7,6
Norte 7,6
7,9
Norte 7,9
2016
2016
8,3 8,1
8,3 8,1
8,7 2018
8,7 2018
8,9
8,9
2019
2019

Centro-Oeste
Centro-Oeste
9,2
9,2
9,6
9,6
9,8 Sudeste
Sudeste
9,8
9,7
9,7
10,0
10,0
Fonte dos dados: IBGE, Brasil Sul
Sul
Diretoria de Pesquisas, Brasil 10,1
10,1
8,9
8,9 9,2
9,2
Coordenação de Trabalho 9,5
9,3
9,3 9,5
e Rendimento, Pesquisa
9,4
9,4 9,7
9,7
Nacional por Amostra
de Domicílios Contínua (2)
(2)Pessoas
Pessoasde
de25
25anos
anosou
oumais
mais de
de idade.
idade.
2016/2019.

130
D
Reflexões
6. Com base nas informações apresentadas e pesquisando sobre outras que se façam neces-
sárias, responda:
a) Nota-se que o percentual de brasileiros com 25 anos ou mais sem instrução diminuiu ao

L
longo dos anos estudados. Esse é um dado positivo. No entanto, em números absolutos,
os dados ainda assustam. Para entender melhor esse fato, calcule o número de brasilei-
ros em 2019 que não possuíam instrução alguma.
b) Compare esse número com o de habitantes do seu município. Com seus colegas, reflita
sobre o significado e as possíveis implicações desse fato.

N
c) Em que região do país o número médio de anos de estudo é mais baixo nos anos estuda-
dos? Que questões geopolíticas e sociais dessa região do país podem ajudar a explicar
tal fato?

P
Analfabetismo
As taxas de analfabetismo absoluto no Brasil apresen-
tam queda. Entretanto, a ausência de instrução escolar e
de domínio de códigos básicos da escrita e da matemática
ainda afeta muitas pessoas no Brasil. É possível dizer que
IA
desigualdades sociais e regionais do passado persistem e
seguem afetando pessoas idosas, mulheres, pretas e par-
das com maior gravidade.
Também há uma persistência do analfabetismo funcio-
nal, que afeta pessoas que, mesmo tendo frequentado a
escola, mantém dificuldades de leitura, compreensão e in-
terpretação básica de textos e operações matemáticas.
U

A Meta 9 do PNE tinha como objetivo ampliar a taxa


de alfabetização da população com 15 anos ou mais para
93,5% até 2015 e, até 2024, erradicar o analfabetismo ab-
soluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.
G

Cesar Diniz/Pulsar Imagens

Aula de EJA em Nossa Senhora


do Livramento, MT. Foto de
2020.
131
Dados da Pnad Contínua de 2019 podem nos auxiliar a en-

D
tender como tem se comportando as taxas de analfabetismo
no Brasil, nos últimos anos, em diferentes grupos sociais.

Taxa de analfabetismo (%)

L
Walmir Santos
15 anos ou mais 7,2 6,9 6,8 6,6

Grupos
25 anos ou mais 8,8 8,5 8,2 7,9
de idade
40 anos ou mais

N
(%) 12,3 11,8 11,5 11,1
60 anos ou mais
de idade 20,4 19,2 18,6 18,0

7,4 7,1 7,0 6,9

P
15 anos Homem
ou mais Mulher
7,0 6,8 6,6 6,3
Sexo (%)
60 anos
Homem 19,7 18,3 18,0 18,0
ou mais
Mulher 20,9 20,0 19,1 18,0
de idade
IA
15 anos Branca 4,1 4,0 3,9 3,6
ou mais Preta ou
Cor ou parda 9,8 9,3 9,1 8,9
raça (%) 60 anos Branca 11,6 10,8 10,3 9,5
ou mais Preta ou
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas,
de idade parda 30,7 28,8 27,5 27,1
Coordenação de Trabalho e
Rendimento, Pesquisa Nacional por 2016 2017 2018 2019
Amostra de Domicílios Contínua
U

2016/2019.

Reflexões
7. Com base no texto e no quadro apresentados, responda:
G

a) A Meta 9 do PNE foi atingida?


b) De acordo com a Pnad Contínua, de maneira geral, como vêm se comportando as taxas
de analfabetismo no Brasil de 2016 a 2019?
c) Em que grupo etário o analfabetismo apresenta taxas mais elevadas? Por que essas ta-
xas são maiores nesse grupo etário?
d) Considerando a população com 15 anos ou mais, é mais frequente encontrar homens ou
mulheres analfabetas? E na população com mais de 60 anos? Por que isso acontece?
e) Considerando o recorte da população que leva em conta cor ou raça, constata-se que
as taxas de analfabetismo são mais altas na população autodeclarada preta ou parda
do que na autodeclarada branca. Ao longo dos anos apresentados essa desigualdade se
manteve, se aprofundou ou foi reduzida? Para ajudar a responder a essa pergunta, copie
e complete o quadro a seguir. Em seguida, levante hipóteses para explicar por que isso
acontece.

132
D
Taxa de analfabetismo entre Taxa de analfabetismo entre
Ano Diferença
autodeclarados brancos autodeclarados pretos ou pardos
2016 4,1% 9,8%
2017
2018

L
2019 3,6%
f) Os dados do quadro mostram que as taxas de analfabetismo incidem sobre os diversos
grupos da população de formas diferentes. Elenque ações que podem auxiliar a reduzir
as taxas de analfabetismo da população como um todo, mas que sejam especialmente

N
eficazes juntos aos grupos mais vulneráveis e que colaborem para a eliminação de desi-
gualdades entre eles.

P
Principal motivo de não
frequentar escola ou creche
A matrícula escolar de crianças de 0 a 3 anos não é obri-
gatória e, embora haja esforços para a ampliação da edu-
IA
cação infantil nos municípios brasileiros, não há compro-
misso de atendimento universal.
O acesso à educação infantil tem sido importante espe-
cialmente para as mulheres, já que esse grupo da popula-
ção ainda sofre as condições da chamada tripla jornada (a
condição imposta pela necessidade de cuidar das filhas e
filhos; dos afazeres domésticos e de trabalhar). Ao longo do
século XX, e também nas primeiras duas décadas do século
U

XXI, feministas lutaram e seguem lutando pelo oferecimento


de creches e escolas de educação infantil, pois essa é uma
condição básica para que mães e pais possam sair para tra-
balhar, mantendo a educação e a proteção social da criança.
G

Garantir a educação infantil para as crianças é também


possibilitar que as pessoas idosas, nas condições de avós,
avôs e demais parentes, possam cuidar de outras ativida-
des de seus interesses.
Em relação à criança, a educação infantil articula cuida-
do e proteção, tendo como finalidade o desenvolvimento
integral da criança em suas dimensões físicas, psicológicas,
intelectuais, culturais e sociais.
O infográfico a seguir apresenta dados da Pnad Contí-
nua 2019, retirados de seu módulo sobre educação. Nele
são apresentados os principais motivos que levam crianças
de 0 a 3 anos a não frequentarem a escola ou a creche, nas
diferentes regiões do Brasil.
133
Principal motivo de não frequentar escola ou creche, por grupos de idade,

D
segundo as Grandes Regiões (%)
De 0 a 1 ano de idade De 2 a 3 anos de idade

Walmir Santos
Nordeste Nordeste
33,9 49,3

L
Norte 60,8 Norte 44,2
37,4 5,3 46,1 6,5
58,4 49,8
4,1 4,1

N
Centro-Oeste Centro-Oeste
22,5 35,2
69,9 56,6
7,6 Sudeste 8,2 Sudeste
21,7 32,4
73,0 59,9

P
Brasil Sul 5,2 Brasil Sul 7,7
27,5 21,7 39,9 32,7
67,0 72,1 53,5 60,5
5,4 6,2 6,7 6,8

Não tem escola/creche na localidade, falta vaga Por opção dos pais Outros
ou a escola não aceita a criança por conta da idade ou responsáveis motivos
IA
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento,
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2019.

Reflexões
8. Analisando dados apresentados no infográfico, responda:
a) a oferta de vagas em creches para crianças de 0 a 3 anos é suficiente para atender à
demanda? Justifique.
U

b) de que forma o atendimento a essa demanda colaboraria para a redução de desigual-


dades escolares, sociais e econômicas a que estão submetidas parcelas vulneráveis da
sociedade brasileira? Para responder a essa questão, releia o texto, pesquise e discuta
com seus colegas e professor.
G

Abandono escolar
Um dos principais problemas da juventu- graves consequências para o futuro desses
de brasileira tem sido o abandono escolar, jovens, já que a mesma pessoa que preci-
que apresenta causas variadas. Este cenário sou abandonar os estudos para trabalhar
demanda políticas públicas concretas para irá precisar deles para dar continuidade à
a superação das dificuldades que os jovens sua vida profissional nos anos posteriores
encontram para a conclusão do ensino es- de sua vida, para encontrar um emprego
colar, especialmente do ensino médio. formal, melhorar a remuneração ou mesmo
Assim como o trabalho infantil, que ain- para elevar seu padrão de conhecimento.
da é uma causa importante do analfabetis- Outro fator de abandono escolar é a
mo no Brasil, o trabalho juvenil também é gravidez. Ele impacta de maneira especial
um fator para o abandono escolar. Isso gera as jovens que, historicamente, e ainda hoje,
134
dedicam mais tempo ao cuidado das crianças, aos afazeres do-

D
mésticos e também ao trabalho, na dupla (ou tripla) jornada de
trabalho! Elas, muitas vezes, deixam a escola por sofrerem dis-
criminação ou por precisarem cuidar da criança. A identificação
da gravidez como um dos principais fatores que levam meninas

L
ao abandono escolar deveria reforçar também a importância da
educação sexual dos jovens.
No Brasil, até 2019, havia cerca de 50 milhões de pessoas entre
14 e 29 anos, sendo 20,2% delas sem completar o ensino médio,

N
por terem abandonado a escola ou por nunca tê-la frequentado.
Entre eles, 58,3% eram homens, e 41,7%, mulheres; 27,3% eram
brancos, e 71,7%, pretos ou pardos (Pnad Contínua – 2019).

P
Reflexões
9. Responda:
1
a) É correto afirmar que aproximadamente 5 dos jovens entre 14 e 19 anos, segundo os
dados, não havia concluído o Ensino Médio? Qual a relevância dessa informação?
IA
b) Quais as três principais causas de abandono escolar?
c) Esses motivos impactam da mesma forma para homens e mulheres? Se o impacto for
diferente, explique as razões disso.
d) Sugira ações, destinadas à população em geral ou a grupos específicos, que visem redu-
zir o abandono escolar.

A comparação entre o Brasil


U

e o mundo
Embora as escolas em diferentes países apresentem muitas ca-
racterísticas em comum, elas não são iguais e nem sempre com-
G

paráveis. As avaliações em larga escala e a produção dos rankings


entre sistemas educacionais de diferentes países são duas tendên-
cias mundiais. No entanto, é frequente a comparação entre sistemas
educacionais sem levar em consideração os diferentes aspectos so-
ciais, culturais e econômicos de cada localidade.
A avaliação educacional é importante, pois torna possível
pensar processos e resultados. Por isso, a pesquisa crítica em
educação tem apontado a necessidade de fortalecer a autoa-
valiação da qualidade, de modo que cada instituição educacio-
nal construa suas perspectivas de qualidade com as famílias, os
estudantes e os profissionais da educação. Já as avaliações em
larga escala devem servir para aprimorar e melhorar o sistema, e
não apenas para criar hierarquias entre as instituições.
135
D
L
Sam Panthaky/AFP

Alamy/Fotoarena
N
Estudantes em escola pública de Ahmedabad, Estudantes assistem aula em área aberta na
Índia. Foto de 2018. cidade de Lviv, na Ucrânia. Foto de 2020.

Leituras

P
O Brasil gasta anualmente em educação pública cerca de 6% do Produto Interno Bruto
(PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país). Esse valor é superior à média
dos países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
IA
(OCDE), de 5,5%. (...)
Segundo o relatório, o gasto brasileiro também supera países como a Argentina (5,3%),
Colômbia (4,7%), o Chile (4,8%), México (5,3%) e os Estados Unidos (5,4%). “Cerca de
80% dos países, incluindo vários países desenvolvidos, gastam menos que o Brasil em edu-
cação relativamente ao PIB”.
OLIVEIRA, Kelly. Agência Brasil. Brasília, 2018. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/
noticia/2018-07/brasil-gasta-6-do-pib-em-educacao-mas-desempenho-escolar-e-ruim#:~:text=O%20Brasil%20
gasta%20anualmente%20em,%2C%20de%205%2C5%25>. Acesso em: 12 ago. 2020
U

O gráfico a seguir mostra que, apesar de em termos per-


centuais o Brasil ultrapassar os países da OCDE nos gastos
com educação, isso não é verdade quando consideramos
os números relacionados aos custos por aluno.
G

Custo por aluno no Brasil × média da OCDE em US$

10.200 10.000
Walmir Santos

8.600

3.800 3.700 4.100


.1

.1

.2
.2

cn o

té dio

o
o
té di

ic
nd

nd

ic
nd
nd

cn
e mé

é
Fu

Fu

m
Fu
Fu



e
il

E
il

E
il

D
s

ra
s

D
ra

C
ra
C

O
B

Fonte dos dados: OCDE, 2019.

136
D
Reflexões
10. Responda:
a) As informações apresentadas na reportagem e no gráfico são contraditórias? Explique.
b) Em outro trecho da mesma reportagem, há o trecho, em referência ao Brasil:

L
“No entanto, o país está nas últimas posições em avaliações internacionais de desempe-
nho escolar, ainda que haja casos de sucesso nas esferas estadual e municipal. A avaliação
é do relatório Aspectos Fiscais da Educação no Brasil, divulgado hoje (6) pela Secretaria do
Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda.”

N
i) Pode-se afirmar que o investimento de um percentual mínimo do PIB em educação
garante a qualidade do ensino?
ii) E o investimento de um certo valor absoluto mínimo por aluno em educação garante
a qualidade do ensino?

P
Financiamento da educação
O financiamento público e o processo de universaliza-
ção da educação no Brasil nem sempre caminharam jun-
tos e na mesma direção. De 1930 a 1950, época em que
IA
a educação era de difícil acesso aos mais pobres e à po-
pulação do campo, ocorreram melhorias na qualidade do
ensino devido à destinação de impostos para a educação
por meio da Constituição.
Cesar Diniz/Pulsar Imagens

Luis Salvatore/Pulsar Imagens


U
G

Escola quilombola em Nossa Senhora do Livramento, Escola municipal de tempo integral em


MT. Foto de 2020. Sobral, CE. Foto de 2019.

Ideias & Conceitos


Qualidade: no contexto da educação, está relacionada
ao financiamento adequado das infraestruturas, dos mate-
riais, do transporte, da merenda e dos demais itens neces-
sários para se oferecer excelência em educação.

137
É preciso destinar recursos financeiros dessas políticas e para a promoção de edu-

D
à educação para auxiliar na superação de cação inclusiva, que incorpore as diversida-
problemas como: precariedade nas insta- des e considere as desigualdades socioe-
lações escolares; falta de insumos necessá- conômicas. Essa educação precisa ser de
rios à educação; necessidade de formação qualidade e não pode estar apenas vincu-

L
continuada dos professores; baixa remune- lada a resultados de avaliações em eficiên-
ração dos profissionais da educação; ne- cia produtiva, mas embasada na noção de
cessidade de ampliação da jornada escolar equidade. Contribuem para isso as modali-
para os alunos e adequação do número de dades de educação escolar indígena, espe-

N
alunos por turma. cial, de jovens e adultos (EJA), do campo e
Recursos financeiros, no entanto, não a profissional. Tais modalidades têm como
bastam. A participação e influência da so- um de seus objetivos fornecer, de maneira
ciedade civil na definição das políticas edu- justa, educação básica adequada aos con-
cacionais colaboram para a qualificação textos de cada aluno e grupo social.

Ideias & Conceitos

P
Equidade: é a ação de promoção da justiça e de julgamento justo e, quando aplicada à
educação, diz respeito não apenas a garantir acesso a todas as pessoas, mas a condições
IA
iguais para que sejam atingidos resultados educacionais equiparados.

O Curso Aluno-Qualidade Inicial (CAQi) é um mecanis-


Reflexões
mo de tradução da qualidade em educação formulado por
11. Se o número de estu- uma Organização Não-Governamental chamada “Campa-
dantes atendidos au- nha Nacional pelo Direito com o intuito Educação”. Por
menta e a quantidade
U

meio dele, é possível compreender quanto o Brasil precisa


de recursos destinados
investir por ano para cada estudante da educação básica,
à educação não aumen-
ta na mesma proporção, em cada etapa de ensino, garantir um padrão mínimo de
ou é reduzida, o que qualidade educacional. O Custo Aluno-Qualidade (CAQ)
acontece com o valor visa aproximar a qualidade da educação no Brasil do pa-
G

destinado à educação drão de qualidade de outros países, que se pautam pela


de cada estudante?
garantia de investimento adequado em educação. Por isso,
o CAQ e o CAQi são essenciais para as políticas de finan-
ciamento da educação pública, de qualidade, gratuita, in-
clusiva e para todas as pessoas.
É possível dizer que o Brasil conseguiu universalizar o
ensino fundamental no país nos anos de 1990 e 2000 por
meio do financiamento integrado das esferas executivas
federais, estaduais, do Distrito Federal e dos municípios.
Mas, pelos problemas e pelas questões apontados até aqui,
os recursos públicos destinados à educação precisam de
uma discussão mais aprofundada sobre o aumento destes
e destinação específica para cada região do país.
138
Ideias & Conceitos

D
Fundeb: significa Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Va-
lorização dos Profissionais da Educação, que reúne recursos federais, estaduais, municipais,
e do Distrito Federal, para a aplicação exclusiva na educação básica e nos profissionais da
educação.

L
Reflexões

N
12. Responda às questões a seguir:
a) De que maneira o valor destinado à educação de cada
estudante pode influenciar a qualidade da educação a
que ele tem acesso?

P
b) Além do valor destinado à educação de cada estudan-
te, que outros fatores podem influenciar a qualidade
de sua educação?

O debate sobre como calcular o custo por estudante, para


IA
que se ofereça educação de qualidade nas etapas e modali-
dades da educação básica, e sobre como deve ocorrer a dis-
tribuição dos recursos orçamentários destinados à educação
tem envolvido sociedade civil, especialistas e políticos.
Para realizar uma estimativa desse custo no nível muni-
cipal, foi elaborado, por meio de modelos matemáticos, um
simulador que utiliza como parâmetros: número de matrí-
U

culas, considerando etapa de ensino; modalidade de ensino;


turno; percentual de matrículas em tempo integral; localida-
de (urbana ou rural); número e tamanho das turmas; carga
horária de ensino; jornada de trabalho docente; demanda
por professores; remuneração do professor de acordo com
G

sua formação; demanda por funcionários e gastos com sua


remuneração; despesas com funcionamento e manutenção
da infraestrutura das escolas; equipamentos e mobiliários;
administração da rede e transporte escolar; encargos sociais;
adicional para professores das escolas rurais, entre outros.
Com o intuito de entender um pouco melhor a comple-
xidade das etapas do cálculo do custo por estudante, é
importante saber que esse simulador funciona de forma a
ratear as despesas com pagamento de funcionários entre o
total de matrículas. Esse mesmo simulador distribui as des-
pesas com folha de pagamento de docentes entre as matrí-
culas, considerando etapa, modalidade, turno e localidade,
bem como o número de professores em cada uma delas.
139
Desafio

D
Vamos fazer uma estimativa. Quanto será que custa mensalmente manter um estudante do
Ensino Médio em uma escola como a sua? Para isso, você pode observar as seguintes etapas:
• Descubra quantos estudantes do Ensino Médio há na escola.

L
• Estime o gasto médio com a remuneração de professores de Ensino Médio na escola.
Pesquise quantos professores de Ensino Médio há na escola e o salário-base para essa
categoria.

salário-base . nº de professores de Ensino Médio . 13,3


Gasto mensal com professores de Ensino Médio =

N
12
• Estime também o gasto médio com a remuneração dos demais funcionários. Pesquise o
número de funcionários e suponha que recebam, por exemplo, um salário mínimo.
salário mínimo . nº de funcionários . 13,3
Gasto mensal com funcionários =
12

P
 o entanto, esse gasto deve ser dividido proporcionalmente com as demais etapas do
N
ensino presentes na escola.
Gasto mensal com funcionários . nº de alunos do Ensino Médio
Gasto mensal com funcionários proporcional =
nº de alunos da escola

Observação: ao realizar as estimativas nos itens anteriores, é preciso considerar que pro-
IA
fessores e demais funcionários recebem, além dos salários, benefícios como férias remune-
radas, correspondente a um adicional de 1 sobre o salário, além do 13º salário. Por isso, nas
3
fórmulas, utiliza-se o coeficiente 13,3, que é resultado de 12 + 1 + 1 = 13,333... ≅ 13,3.
3
• Estime o valor das demais despesas necessárias para o funcionamento da escola. Faça um
levantamento de todas as despesas que considera necessárias, estime o valor de cada uma
delas separadamente e some-os.
No entanto, esse valor deve ser dividido proporcionalmente com as demais etapas do en-
sino presentes em sua escola.
U

• Agora, estime o custo médio mensal da educação por aluno do ensino médio em sua escola.
Gasto mensal com prof. EM + Gasto mensal com func. proporcional + Despesas proporcionais
Custo médio mensal =
Número de alunos do EM

• Compare o custo médio mensal obtido em sua estimativa com o CAQ relativo à sua escola,
G

de acordo com a tabela abaixo. O valor obtido foi aproximado ou não? Levante hipóteses
para explicar o motivo.

Área da localidade Turno CAQ mensal em 2020


Parcial R$ 463,00
Urbana
Integral R$ 560,00
Parcial R$ 677,00
Rural
Integral R$ 868,00

Para o seu estudo

Para conhecer mais sobre o simulador e os custos por


estudante, acesse: <https://simcaq.c3sl.ufpr.br/assets/
SIMCAQ_MEMORIA_CALCULO.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2020.

140
Educação com Capítulo 8

D
inclusão social

L
Construindo o cenário
Mobilize seus conhecimentos
Uma escola ou uma universidade pode ter uma ampla Não deixe de rever com os

N
colegas:
gama de semelhanças e diferenças entre as pessoas, mo- • Porcentagem
tivada pelas diversidades de gênero, étnico-racial, corpo- • Cálculos com frações
ral de origem territorial, entre outros aspectos. Porém, a • Escravidão no Brasil
diversidade também pode ser resultado das desigualda- • Nova República no Brasil
• Constituinte de 1987-1988

P
des sociais e econômicas que afetam de diferentes manei- • Constituição Federal de 1988
ras os sujeitos. – a “Constituição cidadã”
Vanessa Carvalho/ZUMA/Wire/Alamy Live News/Fotoarena

IA
U
G

Célia Xakriabá, professora indígena.


141
Por isso, quando falamos em direito à educação pública,

D
gratuita, de qualidade, popular, diversa, inclusiva, acessível,
anticolonial e tantos outros adjetivos, estamos afirmando
certa concepção de educação: uma educação promotora
de justiça social e que não seja multiplicadora de desigual-

L
dades sociais. Essa concepção de educação é garantida
pela Constituição Federal brasileira de 1988.
Um exemplo é o da educação indígena. O Censo Escolar
da Educação Básica de 2018 registrou 22 590 professores

N
atuando em escolas indígenas.
O infográfico a seguir traz dados sobre a distribuição
das escolas indígenas no território nacional e também
sobre a utilização da língua indígena no processo de en-
sino e de aprendizagem dos estudantes, respeitando o

P
direito dessa parcela da população a um modelo dife-
renciado de educação, que valorize sua cultura e leve
em conta sua diversidade linguística, contribuindo para
sua inclusão social e ampliação de suas possibilidades de
exercer a cidadania.
IA
Matrículas indígenas

256,9 mil

Walmir Santos
matrículas foram registradas na Educação Indígena em 2018
U

Brasil 72,0%
População indígena
Escolas indígenas que ministram as aulas utilizando a língua indígena
Brasil e Regiões – 2018 – Educação – Básica – Todas as redes
No Brasil, a maioria
Número de estabelecimentos
das escolas indígenas
G

Total: 2 373 oferece aulas utilizando


a língua indígena.

1 677 276 58 159 248

Em %
Regiões
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
77,0% 41,7% 76,3% 94,0% 95,0%

Fonte: Anuário Brasileiro da Educação Básica, 2019.

142
D
Reflexões

1. Considerando as informações apresentadas nos gráficos anteriores, responda:


a) Em que região do país está localizada a maior parte das escolas indígenas?
b) E em que região a língua indígena é mais frequentemente utilizada para se ministrar aulas?

L
c) Discuta com seus colegas a relevância da existência de escolas indígenas e da utilização
das línguas indígenas no processo de ensino e de aprendizado dessa parcela da popu-
lação. Em seguida, faça uma lista das questões que foram discutidas e compare-a com
a de outros colegas. Essa comparação pode auxiliá-lo a ampliar seus horizontes e pers-

N
pectivas.

Algumas políticas governamentais pautadas em ações


afirmativas tentam garantir o direito à educação dessa po-

P
pulação. Dentre elas, podemos citar o Programa de Apoio
à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais Indíge-
nas (Prolind), que já formou mais de 1 961 professores indí-
genas, enfatizando o ensino da língua e da cultura indíge-
nas, a gestão sustentável de seus recursos e evitando que
IA
tenham de deixar suas comunidades para estudar.
Outro exemplo é o Bolsa Permanência, que visa, por
meio da concessão de auxílio financeiro pago diretamen-
te aos estudantes em situação de vulnerabilidade socioe-
conômica (incluindo indígena e quilombolas), contribuir
para que se mantenham estudando e venham a se formar
nas instituições federais de ensino superior em que estão
U

matriculados.

Incluir quem educa


A docência e o trabalho de educadores e outros profis-
G

sionais da educação são uma parte fundamental da edu-


Para o seu estudo
cação escolar. Dessa forma, muitos dos desafios relacio-
nados à promoção da escolarização no Brasil passam pela Para mais informações
preparação, formação e garantia de condições adequadas sobre os números
para esses profissionais atuarem. A Meta 18 do Plano Na- relacionados à educação
no Brasil, acesse o portal
cional de Educação (2014-2024) fala em assegurar planos do MEC: <portal.mec.
de carreiras para profissionais da educação, que são guias gov.br/component/tags/
de desenvolvimento profissional, incluindo tanto aspectos tag/32610#:~:text=De%20
de formação quanto de reconhecimento e remuneração. acordo%20com%20o%20
Censo,estudantes%20
Para este caso, propõe tomar como referência o piso sala-
e%2020%20mil%20
rial nacional, não devendo o pagamento pelo trabalho do- professores>. Acesso em:
cente ser inferior a este valor. São ações que, se cumpridas, 13 ago. 2020.
podem garantir melhores condições a quem educa.
143
Cesar Diniz/Pulsar Imagens
D
L
N
P
Aula de práticas agrícolas na Escola Estadual Quilombola Professora Tereza Conceição de Arruda, em
Mato Grosso. Foto de 2020.
IA
Quando falamos em profissionais da edu- Desse modo, pensar a inclusão de profis-
cação, nos lembramos primeiro dos docen- sionais da educação é também possibilitar
tes. Porém, é importante compreender que o reconhecimento, a valorização, a remu-
há outros sujeitos que atuam na educação neração e as condições de trabalho dignas
escolar, tais como as equipes administrati- para todas as categorias de profissionais que
vas, dos refeitórios e da limpeza. atuam em creches, escolas e universidades
de maneira cotidiana e permanente.
U

Avançar sem deixar ninguém para trás


Em um contexto de desigualdades so- A Meta 10 do PNE é de “oferecer, no mí-
ciais que impediram e continuam a impedir nimo, 25% (vinte e cinco por cento) das ma-
G

que pessoas frequentem a escola em idade trículas de educação de jovens e adultos,


regular, é importante ter atenção especial nos ensinos fundamental e médio, na forma
para a educação de jovens e adultos (EJA), integrada à educação profissional”. Atingir
pois ela é uma possibilidade concreta de este nível pode contribuir para que mais jo-
diminuir desigualdades escolares, além do vens e adultos sejam estimulados a concluir
analfabetismo absoluto e funcional. a educação básica. Para que ela seja alcan-
Desse modo, pensar a inclusão educacio- çada, no entanto, são fundamentais ações
nal por meio da educação de jovens e adul- para formar professores, fomentar a produ-
tos é permitir que pessoas jovens ou idosas, ção de material didático e o desenvolvimen-
mulheres e homens, e, especialmente, pre- to de currículos e metodologias, articulando
tas e pardas possam retornar aos estudos, a formação básica com a preparação para o
acessando um direito para o exercício da trabalho e considerando as especificidades
cidadania. dos diferentes grupos populacionais.

144
D
Leituras
Reflexões
Matrículas na educação de jovens e adultos
2. Responda:
caem; 3,3 milhões de estudantes na EJA em

L
2019 a) A leitura do texto
pode ajudar a identi-
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educa- ficar uma tendência
cionais Anísio Teixeira (INEP) aponta queda de 7,7% no número de ma-
no número de alunos de educação de jovens e adultos trículas na educação

N
de jovens e adultos.
(EJA). A redução de matrículas ocorre de forma similar
Que tendência é
no nível fundamental (8,1%) e no ensino médio (7,1%). essa? Ela é mais evi-
A tendência foi registrada pelo Censo Escolar da Educa- dente em que nível?
ção Básica 2019, publicado em 31 de janeiro. A EJA tem b) Que hipóteses po-

P
3 273 668 estudantes matriculados. dem ser levantadas
INEP. 2020. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/artigo/-/ para explicar essa
asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/matriculas-na- tendência nos dife-
educacao-de-jovens-e-adultos-cai-3-3-milhoes-de-estudantes-na- rentes níveis da edu-
eja-em-2019/21206>.
cação de jovens e
Acesso em: 6 set. 2020.
adultos?
IA

Reflexões
3. a) Observe com atenção o gráfico a seguir e responda: com base nos dados nele apresen-
U

tados, é possível afirmar que estudantes autodeclarados pretos ou pardos predominam


entre os matriculados na educação de jovens e adultos, tanto no ensino fundamental
quanto no ensino médio?

Percentual de matrículas na educação de jovens e adultos de nível


fundamental e de nível médio segundo cor/raça – Brasil – 2019
G

75,8%
Branca
Walmir Santos

67,8% Preta/Parda
Amarela/Indígena
Não declarada

37,5% 37,2%
31,0%
22,2%

2,1% 1,2%
EJA Fundamental EJA Médio
Fonte: INEP, 2020.
b) De que forma dados sobre a cor/raça dos matriculados na educação para jovens e
adultos podem auxiliar a planejar ações no âmbito da educação?

145
As ações afirmativas

D
É possível que você já tenha ouvido falar em cotas nas
universidades públicas. Cotas são reservas de vagas para
estudantes de certos segmentos sociais, para o ingresso
nos grupos de graduação e também na pós-graduação.

L
Elas fazem parte das ações afirmativas, que são políticas
de inclusão e oportunidade para grupos que foram histori-
camente excluídos dos espaços sociais e de poder.
As cotas estão presentes em diferentes partes do mun-

N
do. O modelo que conhecemos hoje surgiu nos Estados
Unidos, país que, assim como o Brasil, tem um histórico
de escravidão. Elas foram criadas então com o intuito de
tentar diminuir o impacto das desigualdades sociais e eco-

P
nômicas entre brancos e negros, com o reconhecimento de
que o passado escravista deixou marcas profundas e bar-
reiras de marginalização, violência e exclusão da população
Alunos no Instituto Central negra. No Brasil, o modelo de cotas também foi criado para
de Ciências (ICC), em tentar mitigar esse processo.
Brasília. Foto de 2018.
IA

Secom/UnB
U
G

146
A partir do início dos anos 2000, como resultado de muito

D
debate e disputa, o movimento negro brasileiro conquistou as
cotas raciais em algumas universidades, e, em 2012, em todo o
Brasil, por meio da Lei de Cotas no 12.711, para as universidades, e a
no 12.990/2014, para o serviço público federal.

L
Essa ação do movimento negro contribuiu para que as
cotas fossem ampliadas para estudantes de baixa renda e
de escolas públicas e também abriu caminhos para que,
em 2016, fossem aprovadas as cotas para as pessoas com

N
deficiência, nas instituições de educação superior.
A política de cotas, até certo ponto, vem garantindo
acesso à educação superior a pessoas de famílias que
não tiveram oportunidade de estudar em universidades
públicas. É importante ressaltar que, no mesmo período

P
em que o sistema de cotas nas universidades foi implan-
tado, houve também ampliação de vagas, cursos, uni-
versidades e institutos federais. Desse modo, pessoas
indígenas, negras, brancas e orientais saíram ganhando.
No entanto, há muito que se caminhar para a produção
IA
de ações afirmativas no Brasil, tanto na educação superior
como na educação básica e no mundo do trabalho.
As instituições públicas de educação superior brasilei-
ras, dentre elas os institutos federais e as universidades
federais e estaduais, adotam diferentes sistemas de sele-
ção de estudantes. O modelo do Sistema de Seleção Uni-
ficada (SiSU) baseia-se na nota tirada no Exame Nacional
U

do Ensino Médio, o Enem. Por meio do SiSU, é possível se


candidatar a uma vaga em qualquer instituição pública de
educação superior que adote o sistema.
G

Leituras

A Lei nº 12.711/2012 garante 50% das vagas em universidades e instituições de ensino


federais a alunos oriundos de escolas públicas, que se dividem em dois critérios econômicos:
50% (dentro desses 50%) são vagas destinadas a alunos de renda inferior a 1,5 salários
mínimos per capita, e os outros 50% são destinados a pretos, pardos e indígenas, de
acordo com a proporção populacional no respectivo estado. Além disso, dentro da subcate-
goria anterior, foi adicionada uma parcela de vagas destinadas a pessoas com deficiência, em
2016, também de acordo com os dados do IBGE. Este é o sistema de cotas no Brasil.
SCOVINO, Fernanda. Politize, 2018. Disponível em: <https://www.politize.com.br/sistema-de-cotas-no-
brasil/>. Acesso em: 6 set. 2020.

147
D
Reflexões
4. O esquema a seguir ilustra de forma simplificada e aproximada o funcionamento do “siste-
ma de cotas”, utilizado pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU) para definir o número de
vagas que cada universidade deve reservar para cada um dos grupos de candidatos.

L
Sistema de cotas

Quantidade de
vagas no curso

N
100
vagas
Alunos de
escola pública Demais vagas

P
mínimo de 50%
50 vagas
50 vagas
Renda < 1,5 Renda > 1,5
salário mínimo Salário mínimo
IA
per capita
25 vagas
50%
Pretos, pardos Demais vagas Pretos, pardos Demais vagas
e indígenas e indígenas
mínimo % IBGE
11 vagas mínimo % IBGE
11 vagas
14 vagas 14 vagas
U

Pretos, pardos Demais vagas Pretos, pardos Demais vagas


e indígenas e indígenas
9 vagas 9 vagas
mínimo % IBGE mínimo % IBGE
G

11 vagas 11 vagas
Pretos, pardos Demais vagas Pretos, pardos Demais vagas
e indígenas com com deficiência e indígenas com deficiência
deficiência com deficiência
2 2 vagas
Walmir Santos

vagas
mínimo % IBGE mínimo % IBGE

3 vagas 3 vagas
Fonte: Lei Nº12.711/2012.

Utilizando esse modelo, estime o número de vagas destinado a candidatos pretos, pardos
ou indígenas com renda familiar per capita menor a 1,5 salário mínimo na Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro (UFRJ), que ofereceu, em 2020, um total de 4 962 vagas.

148
Embora setores contrários às cotas, especialmente às

D
cotas raciais, tenham inflamado discussões em torno da
possibilidade de essa ação afirmativa trazer consequências
negativas para a educação, o mercado de trabalho e até
mesmo para a economia, as pesquisas científicas das áreas

L
de educação realizadas em universidades federais como a
Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade de
Brasília têm mostrado que estudantes cotistas têm rendi-
mento acadêmico igual ou superior aos estudantes que in-

N
gressaram pela ampla concorrência.
Mesmo nos casos em que o rendimento é inferior, há pos-
sibilidades de solução por meio de atendimento especiali-
zado voltado à superação das dificuldades de aprendiza-
gem. Algumas pesquisas científicas também têm mostrado

P
que não basta apenas oferta de vagas, é preciso assistência
estudantil, que garanta a permanência e a conclusão do Reflexões
curso com qualidade.
5. a) Pelo gráfico, o que é
possível inferir sobre
Ideias & Conceitos
IA
as diferentes condi-
ções em que partici-
Assistência estudantil: são as políticas de permanência e pam do vestibular os
apoio a estudantes com necessidades de auxílio econômi- alunos cotistas e não
co ou de outros tipos, tais como transporte, moradia, ali- cotistas?
mentação, que são adotadas pelas universidades públicas. b)
É correto afirmar
que estudantes “não
cotistas” obtiveram
Para refletir sobre essa problemática, vamos analisar al- médias acadêmicas
U

guns gráficos. Esses dados foram coletados com informa- superiores a estu-
ções sobre os alunos cotistas e não cotistas, no início da dantes “cotistas”?
aplicação da política de cotas das universidades públicas. Como isso pode ser
explicado?
Desempenho cotistas/não cotistas (UERJ 2005)
G

Média no vestibular 2005 Média acadêmica nos cursos 2005/2009 Walmir Santos

9
Cotistas
8 Não cotistas
7
6
5
4
3
2
1
0
G
ão

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Fonte: Bezerra, 2011.

149
Desempenho cotistas/não cotistas (UERJ 2006)

D
Média no vestibular 2006 Média acadêmica nos cursos 2006/2009
9

Walmir Santos
Cotistas
8 Não cotistas
7
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A
Fonte: Bezerra, 2011.

P
Desempenho acadêmico cotistas/não cotistas (UFES 2008-2013)

9 Cotistas

Walmir Santos
Não cotistas
8
7
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5
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U B

Fonte: Pinheiro, 2014.

Inclusão das pessoas com deficiência


As questões em torno da escolarização vezes, têm se limitado à oferta de vagas,
também envolvem o debate e a forma- mas sem a criação de outras condições
G

ção de políticas públicas para as pessoas básicas para que o processo de inclusão
com deficiência. As ações propostas até se torne pleno.
aqui ainda são muito fragmentadas e, por

Se o Brasil tivesse 100 pessoas, seríamos...

19
Walmir Santos

com dificuldade Observação: a mesma


para enxergar pessoa pode ter mais
7 de uma deficiência
com dificuldade
para caminhar
5
ou subir degraus
com dificuldade
para ouvir
1
com deficiência
mental/intelectual

3 com 2 com 1 com


deficiência visual deficiência motora deficiência auditiva

Fonte: IBGE, 2010.


150
Ideias & Conceitos

D
A Meta 4 do PNE visa à universalização da educação
para pessoas de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou super-

L
dotação. Para elas, o acesso à educação básica deve se
dar preferencialmente na rede regular de ensino e garantir
atendimento educacional especializado, sistema educa-
cional inclusivo, recursos multifuncionais e serviços espe-
cializados.

N
Segundo o monitoramento do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)
acerca do monitoramento da Meta 4 do Plano Nacional de
Educação, entre 2013 e 2019 houve um aumento de 7,7% de

P
estudantes que são público-alvo da educação especial em
classes comuns.
Este dado evidencia o trabalho que vem sendo realizado
em todas as regiões do país para uma maior inclusão das
pessoas com deficiência nas salas de aula com o restante Acessibilidade:
IA
infraestrutura, comunicação,
da turma. Esta ação possibilita a interação entre diferentes
mobilidade, dentre outros,
sujeitos, porém, ainda há muito que avançar no sentido das que permitem às pessoas
esferas federais, estaduais e municipais de garantir uma in- com deficiência a utilização
de espaços, materiais e
clusão de qualidade, com acessibilidade, apoio pedagógico informações de maneira
para as escolas, profissionais de apoio e tradução, melhoria autônoma e segura.
da formação docente para o trabalho com turmas diversas,
entre outros cuidados necessários.
U

Desafio
Vamos fazer uma pesquisa para averiguar se a escola em que você estuda é inclusiva
G

para pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilida-


des ou superdotação.
Com base nas características de sua escola, copie e complete o quadro a seguir, assina-
lando com um X a coluna correspondente à melhor resposta para cada uma das perguntas.

Pesquisa escola inclusiva


Parcialmente
Pergunta Sim Não
ou às vezes

Sua escola garante matrícula a pessoas que


necessitam de educação inclusiva?

Sua escola oferece atendimento educacional


especializado aos alunos que necessitam dele?

151
D
Parcialmente
Pergunta Sim Não
ou às vezes

Possui sala de recursos multifuncionais?

L
Os professores têm acesso à formação
continuada para a educação inclusiva?

N
Sua escola oferece acessibilidade por meio de
adequação arquitetônica?

P
Os alunos que necessitam de material didático
apropriado a suas necessidades educacionais
especiais têm acesso a ele?

Atuam na escola profissionais da educação


IA
especializados, como, por exemplo, intérprete
de Libras?

A escola possui projeto de combate às


situações de discriminação, preconceito e
violência?

• Organize os dados coletados na forma de gráfico de colunas.


U

• Não se esqueça de apresentar o nome da escola e de indicar sua localização, os responsá-


veis pela coleta dos dados e a data em que forma coletados.
• Com base nos dados coletados, como você responderia à pergunta: sua escola pode ser
considerada inclusiva? Justifique sua resposta.
G

Agora, una as duas etapas do Desafio realizadas ao final dos Capítulos 7 e 8, e elabore um
projeto de escola inclusiva. Em sua elaboração, esteja atento aos seguintes itens:
• Especifique a etapa da educação e a modalidade de ensino.
• Ele deve contemplar estrutura física adequada, insumos materiais e humanos suficientes
para suprir as necessidades dos estudantes em sua diversidade.
• Alimentação, transporte e atendimento complementar precisam ser previstos, consideran-
do a realidade de estudantes em situação de vulnerabilidade.
• Explique de onde virão os recursos para financiar o projeto e como eles serão geridos.
• Apresente uma estimativa do custo de cada aluno.
• Deixe registrada toda a memória do cálculo realizado em cada uma das etapas.
• Troque seu projeto com o de outra equipe e reformule-o, se considerar necessário, tendo
em vista a análise do projeto do outro grupo.
• Organize com os outros grupos uma data para realizar a apresentação dos projetos de
escola inclusiva desenvolvidos pelos grupos para a classe toda.

152
Em síntese

D
Nesta Unidade, apresentamos um panorama da educa-
ção no Brasil, como se dá sua organização em etapas e

L
modalidades, discutimos o direito à educação e analisamos
algumas das dificuldades encontradas para que todas as
pessoas possam exercê-lo, considerando as desigualdades
sociais e econômicas a que estão sujeitos. Para tanto, fo-

N
ram abordadas problemáticas como: analfabetismo, aban-
dono escolar, financiamento educacional e ações afirmati-
vas como formas de ingresso nas universidades.
Comece relembrando alguns dos assuntos estudados

P
que serão necessários para a realização do último Desa-
fio dessa Unidade. Aprofunde seus conhecimentos sobre
esses assuntos consultando este material, discutindo com
seus colegas e professores e pesquisando sobre eles.
• Quais os principais gastos a serem considerados para se
IA
calcular o custo diário de um aluno?
• Que etapas podem ser seguidas e que cálculos podem
ser feitos para se calcular o custo diário de um aluno?
• Que características físicas uma escola precisa ter para
ser considerada inclusiva?
• Que outros aspectos precisam ser contemplados para
uma escola ser considerada inclusiva?
U

Conexões
G

Conexões filosóficas
• Na internet, procure por artigos científicos que discutam as políticas educacionais no
Brasil. Em uma roda de conversa com sua turma, discutam as questões propostas a seguir:
• O que é uma escola justa?
• Quais são as concepções que orientam o financiamento das políticas educacionais?

Conexões geográficas
• Entre no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disponivel em <https://
educa.ibge.gov.br/>. Acesso em 17 set. 2020, que é voltado a estudantes e professores, IBGE
Educa, e pesquise novos dados sobre a educação brasileira.
• Elabore um infográfico com o mapa do Brasil, apresentando novos dados e conhecimen-
tos sobre a realidade educacional em diferentes estados e regiões do país considerando
os resultados da pesquisa realizada.

153
D
Conexões históricas

L
• Visite o site do projeto Pensar a Educação Pensar o Brasil (1822-2022), da
Universidade Federal de Minas Gerais disponível em <http://pensaraedu-
cacao.com.br/>; acesso em 17 set. 2020, e procure discussões históricas a
respeito das mudanças, permanências e desafios educacionais no Brasil.
• Em grupo, faça um estudo de caso sobre um problema educacional que

N
permanece ou que tenha mudando com o tempo.

Conexões matemáticas
• Navegue pelo site Observatório de Educação Ensino Médio e Gestão,
disponível em <https://observatoriodeeducacao.institutounibanco.org.

P
br/banco-de-solucoes>. Nele estão disponíveis textos, vídeos e dados
estatísticos que colocam em diálogo aspectos educacionais, sociais e
demográficos que podem contribuir para analisar e pensar soluções re-
lacionadas aos desafios do ensino médio. Com auxílio das ferramentas
disponíveis, você poderá conhecer um pouco melhor a realidade educa-
cional de seu município.
IA
• Na aba Educação em Números, escolha um dos tópicos disponíveis de
Análise Integrada e clique no botão Explorar. Durante essa exploração,
você poderá refinar sua pesquisa selecionando dados de seu município.
Esteja atento às questões levantadas, aos gráficos apresentados e às
sugestões de análise.
• Apresente para sua classe o panorama educacional de seu município
e os principais desafios enfrentados atualmente por ele, apresentan-
do dados estatísticos na forma de informações numéricas, percentuais,
gráficos e tabelas, acompanhados de pequenos textos analíticos de au-
U

toria própria.
• Discuta com seus colegas e professores o panorama apresentado. Pro-
ponham soluções criativas e possíveis de serem executadas pela comu-
nidade escolar para os desafios identificados.
G

Conexões sociológicas
• Em sites estatais e científicos, estude mais os dados estatísticos sobre as
desigualdades sociais e escolares e seus nexos com o racismo, o machis-
mo, o capacitismo, a xenofobia, as discriminações sexuais, de gênero e
por classe social no Brasil.
• Realize um debate público sobre os desafios para a superação das dis-
criminações na educação, apresentando os dados de maneira criativa
e procurando refletir sobre as atitudes necessárias e as soluções já en-
contradas para mudar esse cenário.

154
D
Para ir além

L
Reprodução
Assista ao filme
Malala. (2015) 1h28min. Dir. Davis Guggenheim.
O documentário apresenta os desafios vividos pela jovem paquistanesa
Malala Yousafzai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, e suas lutas pelo

N
direito à educação das garotas, após ter sido vítima de violência de um
grupo contrário à educação das meninas.

Assista ao filme
Nunca me sonharam. (2017) 1h30min. Dir. Cacau Rhoden.
Um documentário para mergulhar nas perspectivas de estudantes e equi-

P
Reprodução
pes educativas do Brasil, em busca de conhecer os dramas, as práticas e os
sonhos relacionados ao presente e ao futuro.

Assista ao vídeo
Disponível em <https://youtu.be/fp23nBv4Q2c>. Acesso em: 13 set.
2020. O vídeo apresenta a política de cotas como ação afirmativa, voltada
IA
a aqueles que historicamente sofreram com a desigualdade de oportunida-
des e mostra como a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) faz seu
processo seletivo de reserva de vagas nos cursos de graduação.

Visite o site Agenda 2030 – Nações Unidas


Disponível em: <https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/>. Acesso em: 13 set. 2020.
Ao navegar por este site, você vai conhecer a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sus-
tentável e poderá saber um pouco mais sobre o Objetivo Global 4, que trata especificamente
da educação inclusiva com equidade e qualidade.
U

Visite o site Povos indígenas no Brasil – Instituto Socioambiental


Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/P%C3%A1gina_principal>. Acesso em 17
set. 2020.
Um portal para conhecer os diferentes povos indígenas brasileiros, desde aspectos relaciona-
G

dos à educação escolar até os demais direitos, as iniciativas e práticas econômicas e culturais.

Ouça a música
Cotas não é esmola (Bia Ferreira) – 2018
Em uma plataforma de música da sua preferência, escute esta explicação musical sobre as
trajetórias de muitas crianças e jovens brasileiras negras, em busca do sucesso escolar e os
seus nexos com a Lei de Cotas.

Leia o livro
CASSIO, Fernando (Org.). Educação contra a barbárie: por escolas democráticas e pela
liberdade de ensinar. São Paulo: Boitempo, 2019.
A obra analisa as políticas educacionais no contexto da democracia, envolvendo diferentes
enfoques, para compreender os rumos e desafios das práticas educativas contemporâneas.

155
Bibliografia comentada

D
• A
LVES, T.; SCHNEIDER, G.; SILVEIRA, A. A. D. Simulador de Custo-aluno quali-
dade: Detalhamento das etapas do cálculo do Custo-Aluno Qualidade (CAQ),
versão 01.2020. Laboratório de Dados Educacionais, UFPR; UFG. Curitiba; Goiâ-

L
nia, 2020. Disponível em: < simcaq.c3sl.ufpr.br> Acesso em: 12 ago. 2020.
O documento apresenta as principais etapas de cálculo do “Custo-aluno Qua-
lidade (CAQ)” e “Orçamento educacional” do Simulador de Custo-Aluno Qua-
lidade (SimCAQ) e tem como objetivo a compreensão das estimativas feitas

N
sem que seja preciso recorrer aos algoritmos do sistema.

• A
nuário Brasileiro da Educação Básica. Todos pela Educação. Editora Moderna.
Disponível em: <https://www.todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/302.
pdf> Acesso em: 20 ago. 2020

P
Oferece dados textuais e numéricos, organizados na forma de gráficos e tabe-
las e apresenta evidências estatísticas que podem contribuir para a compreen-
são dos desafios da educação brasileira.

• A
uditoria Cidadã da Dívida. Disponível em: <https://auditoriacidada.org.br/
conteudo/grafico-do-orcamento-federal-2019-2/#_ftn5>. Acesso em: 20 jul.
IA
2020.
Apresenta o gráfico do Orçamento Federal de 2019 e texto que debate os argu-
mentos usados sobre a destinação de recursos para o setor financeiro.

• A
ZEVEDO, Fernando de et al. Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova
(1932). In: Revista HISTEDBR On-line, p. 188-204, 2006.
O manifesto assinado por importantes intelectuais brasileiros tematiza a edu-
cação na construção social do Brasil, princípios e valores de uma educação
U

pública, laica, gratuita e democrática.

• B
RASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF,
2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/ BNCC_
EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2020.
G

O documento foi base para nortear todo o trabalho de integração entre as


competências gerais e as competências específicas de cada área envolvida,
juntamente com as respectivas habilidades.

• B
RASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de
Políticas e Regulação da Educação Básica. Coordenação-Geral de Temas Trans-
versais da Educação Básica e Integral. Coordenação-Geral de Inovação e In-
tegração com o Trabalho. Temas Contemporâneos Transversais: Contexto his-
tórico e pressupostos pedagógicos. Brasília, DF, 2019. Disponível em: <http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/images/ implementacao/contextualizacao_
temas_contemporaneos.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2020.
O documento traz, além do contexto histórico da elaboração dos Temas Con-
temporâneos Transversais (TCT), a estrutura desses temas na BNCC e seus
pressupostos pedagógicos.
156
D
• B
ERCITO, Sonia de Deus R. et al. Nos tempos de Getúlio: da revolução de 30 ao
fim do Estado Novo. São Paulo: Atual, 2004.

L
O livro traz como tema a vida brasileira da época do governo de Getúlio Vargas,
iniciado com a revolução de 1930. Entre outros temas, trata de “Nação, patrio-
tismo e trabalho, segundo Vargas”.

• C
ARDOSO, Ivelise de Almeida. Propagação e influência de pós-verdade e fake

N
news na opinião pública. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Gradua-
ção em Ciências da Comunicação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.
O conteúdo da dissertação aborda as relações entre pós-verdade, fake news e
opinião pública. A leitura pode ajudar na compreensão acerca da relação entre
eleições e opinião pública. 

em:

P
• CARRANO, Paulo. O jovem brasileiro e a escola diante da precarização da vida
e de desafios democráticos. In: Observatório da Juventude, 2019. Disponível
<www.observatoriodajuventude.org/o-jovem-brasileiro-e-a-escola-dian-
te-da-precarizacao-da-vida-e-de-desafios-democraticos/>. Acesso em: 9 set.
IA
2020.
O texto aborda as culturas juvenis, o papel da educação, a relevância do tra-
balho, lugar da democracia no Brasil. Também aborda aspectos relacionados à
autonomia e às experiências sociais juvenis.

• CARVALHO, Laura. Valsa Brasileira: do boom ao caos econômico. São Paulo:


Editora Todavia, 2018.
O livro traz uma visão arejada e acessível sobre a economia brasileira, com foco
U

no período entre 2006 e 2017.

• D’AMBROSIO, Ubiratan. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernida-


de. Belo Horizonte: Autêntica, 2019. Coleção Tendências em Educação Mate-
mática.
G

Segundo o próprio autor, pioneiro no tema, a Etnomatemática traduz as dife-


rentes formas de matemática que são próprias de grupos culturais. Nessa obra,
ele reúne seus mais recentes pensamentos sobre esse conceito. Acreditamos
que nosso livro abra espaço para trabalhos nessa área, considerando a multipli-
cidade cultural exposta.

• DAYRELL, Juarez et al. (org.). Juventude e Ensino Médio: sujeitos e currículos


em diálogo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014. Disponível em: <https://edu-
cacaointegral.org.br/wp-content/uploads/2015/01/livro-completo_juventude-
-e-ensino-medio_2014.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2020.
Esse livro apresenta análises da juventude brasileira envolvendo os vários as-
pectos que abrangem a condição juvenil e discute o currículo para o Ensino
Médio, evidenciando os temas bases segundo as novas diretrizes: Ciência, Cul-
tura, Tecnologia e Trabalho.
157
D
• G
OMES, Elias Evangelista. Comunicação, política e educação no Brasil. Curitiba:
Appris, 2020.
Trata-se de um estudo etnográfico que relaciona comunicação política e edu-

L
cação política. Pode contribuir para o entendimento acerca das eleições e da
comunicação de campanhas. 

• I BGE educa. Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br/jovens>. Acesso em: 5


jul. 2020.

N
O site apresenta uma relação de menus de consulta. No menu Conheça o
Brasil, traz informações sobre população em geral, população rural e urba-
na, cor ou raça, trabalho e rendimento, entre outros; em Matérias especiais,
há links de reportagens variadas, como é o caso “A produção agropecuária

P
brasileira”, “Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil”, “Características
do mercado de trabalho brasileiro”, entre outros.

• J
ACCOUD, Luciana et al. O Benefício de Prestação Continuada na Reforma da
Previdência: contribuições para o debate. IPEA. 2017. Disponível em: <https://
www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_2301.pdf>. Acesso em:
20 jul. 2020.
IA
Texto para discussão sobre o Benefício de Prestação Continuada (BPC) tratan-
do, entre outros, dos impactos do BPC e da avaliação da proposta da reforma
desse programa.

• L
IMA, Elon Lages et al. A Matemática do Ensino Médio. v. 1, 2 e 3. Rio de Janeiro:
Sociedade Brasileira de Matemática, 2016. Coleção do Professor de Matemática.
A coleção busca mostrar que os conceitos abstratos da Matemática servem
de modelos para situações concretas, o que permite analisar, prever e tirar
U

conclusões de modo consistente em situações em que a abordagem empírica


não é satisfatória, princípios que também nortearam nossa obra.

• L
IMA, Elon Lages et al. Temas e problemas. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira
de Matemática, 2010. Coleção do Professor de Matemática.
G

Esse livro trata de tópicos matemáticos como proporcionalidade, funções,


combinatória e Matemática Financeira desenvolvendo lado a lado teoria e prá-
tica, com problemas contextuais que mostram as variadas aplicações do tema.

• M
AZZUCATO, Mariana. O valor de tudo. Fazer e tirar na economia global.  Lis-
boa: Bertrand, E-book, 2019.
O livro é organizado em nove capítulos, apoiado na Economia Política. Debate
questões como: O que é a riqueza? Qual é a origem do valor? Como é ele criado?
Quem o cria?

• M
ORGADO, Augusto C. et al. Progressões e Matemática Financeira. Rio de Janeiro:
Sociedade Brasileira de Matemática, 2015. Coleção do Professor de Matemática.
Os autores propõem que conceitos como aumento e taxa de crescimento sejam
ser enfatizados, em especial no ensino de progressões, e que conceitos de Ma-
temática Financeira façam parte do cotidiano dos estudantes do Ensino Médio.
158
D
• NERI, Marcelo C. (coord.). Juventude e Trabalho: Qual foi o Impacto da Crise na
Renda dos Jovens? E nos Nem-Nem?. Rio de Janeiro, 2019. FGV Social. Dispo-
nível em: <https://www.cps.fgv.br/cps/bd/docs/Pesquisa-Jovens_Crise_Traba-

L
lho_ NemNem_Marcelo-Neri-FGV-Social.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2020.
Esse estudo teve o objetivo de caracterizar a evolução trabalhista e educacio-
nal dos jovens de 15 a 29 anos nos últimos cinco anos.

N
• OLIVEIRA, Igor; HERMONT, Catherine. Juventudes e participação política. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2014, p. 14.
A publicação aborda as diferentes formas de participação política de jovens
no Brasil contemporâneo. A leitura pode auxiliar no entendimento acerca do

P
protagonismo juvenil e representação na política. 

• OXFAM Brasil. A distância que nos une: um retrato das desigualdades brasilei-
ras. Jul. 2020. Disponível em: <https://www.oxfam.org.br/um-retrato-das-desi-
gualdades-brasileiras/a-distancia-que-nos-une/>. Acesso em: 25 jul. 2020.
IA
Traz o cenário atual do Brasil marcando as desigualdades sociais, visando a um
debate público sobre a redução das distâncias dentro da sociedade brasileira.
Nesse contexto, trata de temas como sistema tributário, gasto social, educação
e mercado de trabalho.

• Pública. Agência de Jornalismo Investigativo. As bancadas da Câmara dos de-


putados. Disponível em: <https://apublica.org/wp-content/uploads/2016/02/
Bancadas.html>. Acesso em: 5 jul. 2020.
U

A página contém um infográfico interativo que reúne dados sobre o número


de integrantes de cada uma das bancadas temáticas na Câmara Federal e per-
mite estabelecer relações entre elas através do mapeamento do número de
integrantes que pertencem concomitantemente a outras bancadas temáticas.
G

• SCHWARCZ, Lilia M. e STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo:


Companhia das Letras, 2015.
A obra traça um retrato do país em que as autoras propõem uma nova história
do Brasil, tratando de temas como o cotidiano, a expressão artística e a cultura,
as minorias, os ciclos econômicos e os conflitos sociais, entre outros. 

• SILVA, Camila M. et al. Uma abordagem sobre o setor de serviços na economia


brasileira. Policy Paper n. 19. Ago. 2016. Insper. Disponível em: <www.insper.edu.
br/wp-content/uploads/2018/09/Abordagem-sobre-Setor-Servicos-Econo-
mia-Brasileira.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2020.
Apresenta um estudo com detalhes sobre os segmentos do setor de serviços,
com base em dados da Pesquisa Anual de Serviços (PAS) do IBGE, com foco
no período de 2007 a 2013.
159
D
• S
ILVA, Daiana e FERREIRA FILHO, Joaquim B. S. Impactos dos Programas de
Transferência de Renda Benefício de Prestação Continuada e Bolsa Família so-
bre a economia brasileira: uma análise de equilíbrio geral. PPE. v. 48, n. 1, abr.

L
2018. Disponível em: <http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8352/ 1/
PPE_v48_n01_Impactos.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2020.
Uma publicação de Pesquisa e Planejamento Econômico (PPE) do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) que evidencia que esses dois programas

N
(BPC e BF) devem ser vistos como políticas de redução de pobreza e redistri-
buição regional da renda, mas não como políticas de crescimento econômico.

• S
ite do Impostômetro. Disponível em: <https://impostometro.com.br/>. Acesso
em: 10 jul. 2020.

P
Mostra os valores de arrecadação de impostos em tempo real, apresenta uma
relação de produtos com o percentual de imposto embutido em cada um, traz
uma Calculadora do Imposto, em que realiza uma estimativa de quanto uma
pessoa paga de tributos.

• S
OUZA, Pedro H. G. F. de et al. Os Efeitos do Programa Bolsa Família sobre a
IA
Pobreza e a Desigualdade: um balanço dos primeiros quinze anos. IPEA, 2019.
Disponível em: <www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_2499.
pdf>. Acesso em: 15 jul. 2020.
Texto para discussão sobre o Programa Bolsa Família (PBF) tratando, entre
outros, dos efeitos sobre a pobreza e sobre a desigualdade.

• T
RIBUNAL Regional do Trabalho da 24ª região. História: a criação da CLT. Dis-
ponível em: <https://trt-24.jusbrasil.com.br/noticias/100474551/historia-a-cria-
cao-da-clt>. Acesso em: 25 jul. 2020.
U

O texto foca no cenário da criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),


que se deu em 1º de maio de 1943 pelo Decreto-Lei n. 5.452, e de suas reper-
cussões. A CLT foi sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas, durante
o período do Estado Novo, e unificou toda a legislação trabalhista existente no
Brasil daquela época.
G

• T
RIBUNAL Superior Eleitoral. Glossário Eleitoral. Disponível em: <http://www.
tse.jus.br/eleitor/glossario/>.  Acesso em: 7 jul. 2020.
Permite ao leitor conhecer o significado do vocabulário utilizado pela Justiça
Eleitoral contribuindo para uma participação mais efetiva na vida política.

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