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PATOS – PB
2020
FRANCISCO RODRIGUES DE ARAUJO JUNIOR
PATOS – PB
2020
FRANCISCO RODRIGUES DE ARAUJO JUNIOR
APROVADO EM ....../....../........
EXAMINADORES:
___________________________________________
Prof. Dr. José Givanildo da Silva
__________________________________________
Profa. Dra. Débora Rochelly Alves Ferreira
___________________________________________
MsC. Maíra Porto Viana
AGRADECIMENTOS
(AINDA A ORGANIZARORGANIZANDO)
“A lei é feita da tua vontade. A lei é a do amor, o
amor sob tua vontade, não há mais a lei; faça a tua
vontade”
Aleister Crowley
RESUMO
A qualidade do leite consumido no Brasil é de extrema importância para a saúde pública, pois
se for obtido de forma inadequada, o produto pode vincular uma série de doenças transmitidas
por alimentos. O leite deve ser produzido a partir de animais sadios e obtido sob boas
condições de higiene, além de ser transportado e refrigerado de maneira a cumprir com os
padrões vigentes. Neste trabalho avaliou-se por meio de analises físico-químicas, o perfil
qualitativo do leite cru comercializado no município de Patos-PB. Foram coletadas 20
amostras de leite cru comercializado em 17 bairros do município. As amostras foram
submetidas a determinação de densidade, índice crioscópico, teor de gordura, acidez titulável,
fosfatase alcalina e peroxidase, extrato seco total (EST) e extrato seco desengordurado (ESD).
Além de determinar a presença de substâncias fraudulentas como água oxigenada, formol,
alcalinos, amido e urina. De acordo com a pesquisa, foram verificadas amostras fora do
padrão para as seguintes análises: densidade 14/20 (30%), crioscopia 15/20 (75%), acidez
titulável 6/20 (30%), EST 1/20 (5%) e ESD 7/20 (35%). Além disso, foram verificadas
fraudes por adição de água 15/20 (75%), presença de alcalinos 1/20 (5%) e água oxigenada
1/20 (5%). A maioria das amostras de leite 16/20 (80%) apresentaram irregularidades,
atestando assim, que o leite cru comercializado do município está impróprio para o
consumo. O alto índice das amostras em desacordo com os padrões legislativos serve de
alerta para os riscos relacionados ao comprometimento da saúde do consumidor pois
representa as falhas no controle da qualidade dos produtores da região e a deficiência na
fiscalização dessas propriedades.
The quality of milk consumed in Brazil is extremely important for public health, as it can
cause improper form or the product can link a series of foodborne illnesses. Milk must be
produced from healthy animals and used under good hygiene conditions, in addition to being
transported and refrigerated in order to comply with current standards. In this study, we
analyzed the physical-chemical environment, the qualitative profile of raw milk sold in the
city of Patos-PB. Twenty samples of raw milk sold in 17 districts of the city were collected.
As the samples were subjected to density determination, cryoscopic index, fat content,
titratable acidity, alkaline phosphatase and peroxidase, total dry extract (EST) and defatted
dry extract (ESD). In addition to determining the presence of fraudulent substances such as
hydrogen peroxide, formaldehyde, alkalis, starch and urine. According to a survey, standard
tests were verified for the following variations: density 14/20 (30%), cryoscopy 15/20 (75%),
titratable acidity 6/20 (30%), EST 1/20 (5% ) and ESD 7/20 (35%). In addition, fraud was
verified by adding water 15/20 (75%), presence of alkaline 1/20 (5%) and hydrogen peroxide
1/20 (5%). Most samples of milk 16/20 (80%) detected irregularities, thus proving that milk
the municipality is prohibited for consumption. The high rate of impressions in disagreement
with legislative standards serves as a warning for risks related to health and the consumer, as
it represents failures in the quality control of producers in the region and in which taxes are
applied.
Página
Figura 1- Captação brasileira de leite em 2019.................................................................. 14
Figura 2- Evolução do consumo de leite no Brasil............................................................. 14
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1- Produção de leite no Nordeste e Estados em 2017............................................. 15
Tabela 2- Valores de análises físico-químicas de amostras de leite cru comercializadas no
município de Patos-PB........................................................................................................ 25
Tabela 3- Valores de densidade (g/mL) de amostras de leite cru comercializadas no
município de Patos-PB........................................................................................................ 26
Tabela 4- Valores do índice crioscópico (ºH) de amostras de leite cru comercializadas no
município de Patos-PB........................................................................................................ 26
Tabela 5- Valores de acidez Dornic (°D) de amostras de leite cru comercializadas no
município de Patos-PB........................................................................................................ 25
Tabela 6- Valores de extrato seco desengordurado de amostras de leite cru comercializadas
no município de Patos-PB................................................................................................... 29
SUMÁRIO
Página
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 9
2 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................11
2.1 LEITE......................................................................................................................11
2.2 MERCADO.............................................................................................................11
2.3 COMÉRCIO INFORMAL......................................................................................12
2.4 SEGURANÇA DO ALIMENTO............................................................................13
2.4.1 Qualidade Microbiológica.....................................................................................15
2.4.2 Qualidade Físico-química......................................................................................15
3 FRAUDES...............................................................................................................16
4 METODOLOGIA..................................................................................................18
4.1 AMOSTRAGEM.....................................................................................................18
4.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS...........................................................................18
4.2.1 Densidade................................................................................................................19
4.2.2 Gordura..................................................................................................................19
4.2.3 Acidez Titulável......................................................................................................20
4.2.4 Índice Crioscópico..................................................................................................21
4.2.5 Fosfatase Alcalina e Peroxidase............................................................................22
4.2.6 Extrato Seco Total e Extrato Seco Desengordurado..........................................23
4.3 PESQUISA DE FRAUDES.....................................................................................23
4.3.1 Amido......................................................................................................................23
4.3.2 Urina.......................................................................................................................24
4.3.3 Peróxido de Hidrogênio.........................................................................................24
4.3.4 Formol.....................................................................................................................25
4.3.5 Alcalinos..................................................................................................................25
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................26
6 CONCLUSÃO........................................................................................................30
REFERÊNCIAS ................................................................................................................31
11
1 INTRODUÇÃO
fazenda e o local de recepção da indústria (HUHN COSTA et al., 20171979). Isso faz sentido
ao que que descreve Maldaner (2011), no qual também disserta que conforme os
procedimentos a que o leite é submetido, as propriedades físico, químicas e biológicas podem
sofrer alterações devido a atividade dos microrganismos, no qual, o impacto da baixa
qualidade do leite cru, decorrente das condições inadequadas de higiene durante a
manipulação da ordenha, manejo nutricional inadequado, problemas de sanidade dos
animais, manutenção inadequada dos utensílios, além da refrigeração inapropriada e de mão
de obra não especializada.
No Brasil, a baixa qualidade do leite cru possui impacto direto na saúde do
consumidor, em parte, isso ocorre devido ao comércio clandestino do leite, ou seja, sem
passar por qualquer tratamento térmico e/ou fiscalização de órgãos oficiais, no qual, ainda é
comum sobretudo em regiões interioranas. Essa práatica ocorre devido a crença popular de
que o leite cru seja mais rico em nutrientes, a comodidade e ao custo baixo, principalmente
porque ele é mais consumido pela população de baixa renda, resultando em possíveis
problemas econômicos e de saúde pública (AMARAL; SANTOS, 2011).
Essa práticaO consumo do leite clandestino confere perigo a saúde da população, pois
a não inspeção favorece a adulteração do leiteproduto, adição de água, retirada de gordura,
adição de neutralizantes e conservantes, visando melhorar o rendimento e mascarar os
problemas causados pelas práticas inadequadas de higiene e refrigeração (MENDES et al.,
2010).
Com isso, o consumo de leite cru pode resultar em sérios problemas para a saúde
do consumidor (CLAEYS et al., 2013), uma vez que, devido a riqueza de nutrientes e por
possuir um pH próximo da neutralidade, o leite bovino constitui um meio adequado para o
desenvolvimento e multiplicação de inúmeros microrganismos responsáveis por alterações
nas suas propriedades físico-químicas e, consequentemente na qualidade do produto
(MORAES et al., 2005; TONINI, 2014).
No contexto apresentado, a presente pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de
identificar os bairros de comércio de leite cru no município de Patos-PB com o intuito de
avaliar a qualidade físico-química e a existência de fraudes no leite cru comercializado no
município.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 LEITE
Devido a isso, o leite também pode ser definido sob o aspecto físico-químico, se
configurando como um composto homogêneo formado por substâncias, que podem ser
encontradas em emulsão, suspensão ou dissolvidas (ORDÓNEZ, 2005).
2.2 MERCADO
De acordo com a GDP (Global Dairy Platform) (2017) 816 milhões de toneladas de
leite são produzidas por ano no mundo e, em média, 116,5 kg de leite são consumidos por
cada habitante por ano. Segundo levantamento do IFCN Dairy Report (2018), o total de leite
consumido no mundo tem crescido em média, a taxas de 1,2% ao ano, desde 1999 (HEMME,
2018).
Com essa circunstância, o Brasil é, por tradição, um grande produtor de leite,
ocupando uma posição de destaque no mercado internacional, sendo atualmente um dos
principais ramos do agronegócio do país, comprovado pelo fato de terem sido produzidos
25.010.285 de litros de leite cru, refrigerado ou não, apenas em 2019 (figura 1), desse valor,
71.507 mil litros de leite são resultantes do estado da Paraíba (IBGE, 2020).
15
Figura 1 – Captação brasileira de leite em 2019. Fonte: IBGE (2019) Tabela 1 – Produção de
leite no Nordeste e Estados em 2017.
2,500,100.00
2,000,100.00
1,500,100.00
Mil Litros
1,000,100.00
500,100.00
100.00
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2019
Produção de leite
Estados (%) Nordeste
(milhões de litros)
870 22,3
Bahia
796 20,4
Pernambuco
578 14,8
Ceará
353 8,7
Maranhão
16
338 6,1
Sergipe
Piauí 73 1,9
Nesse contexto, entre 2008 e 2016, o país foi responsável, em média, por 7% da
produção mundial de leite, o que o coloca na quinta posição em termos de volume, além de
possuir o terceiro maior crescimento de produção. Ainda nesse mesmo período, o país cresceu
21,89% apresentando um crescimento médio de 2,43% ao ano (CONAB, 2018). EJá em 2017,
foi um ótimo ano para o setor, no qual foi produzido 35.1 bilhões de litros de leite
(EMBRAPA, 2018).
O crescimento da demanda por leite e derivados é fortemente influenciado pela
economia. Com o fraco desempenho econômico do Brasil nos últimos 6 anos, é difícil que
exista um crescimento forte de demanda a curto prazo (EMBRAPA, 2019).
Entretanto, com faturamento de R$ 68,7 bilhões em 2018 e queda de 2,1% em relação
a 2017, a indústria de laticínios brasileira é o segundo segmento mais importante da indústria
de alimentos do Brasil, estando atrás apenas do setor de derivados de carne e tendo
ultrapassado os segmentos de beneficiamento de café, chá e cereais e também açucares
(ABIA, 2017). Com isso, estimasse que o consumo per capita de leite no Brasil em 2019 foi
de 170L/hab (Figura 2), o que está abaixo do consumo verificado em outros países
desenvolvidos (cerca de 250-300) mas bem acima do consumido há três décadas, conforme
pode ser observado na figura 2. No entanto, o consumo per capita brasileiro está alinhado ao
valor recomendado por vários países no mundo, que é de 2 porções ou 480-500 ml de leite
por dia (FAO, 2013).
17
180
170
160
150
140
L/hab
130
120
110
100
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08 10 12 14 16 18
19 19 19 19 19 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20
Ano
Desde a década de 1950, o comércio de leite cru é proibido no Brasil, assegurado pela
lei n.º 1.289, de 18/12/1950, e pelo decreto n.º 30.691, de 29/03/1952 (BRASIL, 1997).
Contudo, em 1990, a comercialização de leite clandestino, no país, teve notável crescimento,
uma vez que, durante essa época, o processo produtivo de leite passou por profundas etapas
de transformação, tanto em termos estruturais como operacionais, exigindo adaptações para se
aproximar ao mesmo nível de qualidade, volume e regularidade que as empresas laticinistas
passaram a demandar, porém muitos produtores, principalmente de pequeno porte, não
conseguem acompanhar estes avanços, sendo esse um dos fatores que os levam a atuar na
ilegalidade. Essa característica persiste principalmente em regiões interioranas devido a
18
Diante de todos os problemas que podem ocorrer com o leite não inspecionado, a
Organização Mundial de Saúde (OMS), afirma que dezesseis doenças bacterianas e sete
viróticas são veiculadas pelo produto, dentre elas, a tuberculose, a brucelose e gastroenterites,
sendo esta última, uma das responsáveis pela baixa qualidade do leite proveniente do mercado
informal (ABRAHÃO et al., 2005; MENDES et al., 2010; LYE et al., 2013; CLAEYS et al.,
2013).
Devido ao excelente teor nutritivo e por desempenhar um importante constituinte da
dieta humana, o leite pode ocasionar enfermidades conhecidas como Doenças Transmitidas
por Alimentos (DTA’s). A maioria dessas enfermidades são causadas por bactérias, dentre as
quais, algumas possuem caráter zoonótico, como exemplo, Brucella abortus e
Mycobacterium bovis. Este fato resume o perigo que a maioria dos consumidores se
submetem, pela falta de conhecimento, sendo exposto a população ao perigo de diversos
agravos à saúde (WHO, 2000). Ademais, isto institui uma ameaça à saúde no geral pois esses
19
3 FRAUDES
4 METODOLOGIA
23
4.1 AMOSTRAGEM
4.2.1 Densidade
24
4.2.2 Gordura
No teste de acidez titulável, a solução utilizada para titulação é a solução Dornic. Para
realização desta analise foram adicionados 10 mL da amostra homogeneizada em um
recipiente de 15 mL, em seguida, acresentou-se 3 a 5 gostas de fenoftaleina a 1%, seguido da
titulação com auxílio de um acidímetro de Dornic, pressionando o gotejador, sob agitação
constante, até o ponto de viragem, que consiste em uma cor levemente rosa. A determinação é
feita em ºD (graus Dornic), a cada 0,1 mL de solução corresponde a 1ºD, e a cada ºD equivale
a 0,01% de ácido láctico (TRONCO, 2003)
4.3.1 Amido
Para a determinação de fraude por adição de amido foi adicionado 10mL de leite ao
tubo de ensaio no qual posteriormente, este foi aquecido até a ebulição no bico de Bunsen, e
logo em seguida, resfriou-se a amostra em água corrente. Após esse procedimento, foi
adicionado 5 gotas de solução de lugol e o tubo foi homogeneizado para verificar o resultado
da pesquisa.
O resultado da pesquisa de amido é expresso como positivo quando a reação originar
uma coloração azul na amostra enquanto a preservação da cor original do leite indica que
resultado negativo.
26
4.3.2 Urina
4.3.4 Formol
Com o intuito de avaliar se o leite foi fraudado com a adição de formol, foi adicionado
ao tubo de ensaio 10 mL de leite juntamente com 2 mL de ácido sulfúrico e 1 mL de cloreto
férrico. Após isso, o tubo de ensaio foi aquecido até a ebulição, no qual foi avaliado se houve
mudança de coloração. Sendo o resultado positivo através da obtenção da coloração violeta e
negativo a coloração amarela.
4.3.5 Alcalinos
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos foram avaliados com base nos padrões de normalidade para leite cru
refrigerado que estão descritos nas instruções normativas nº 76 e 77/2018, que estabelece os
seguintes padrões: acidez Dornic de 14 a 18°D, densidade a 15°C de 1.028 a 1.034 g/mL,
índice crioscopico entre -0,530 e –0,555°H, teor mínimo de gordura de 3,0g/100g, extrato
seco total com mínimo de ≥11,5% e ≥8,4% de extrato seco desengordurado (BRASIL,2018).
Os resultados das análises do leite cru estão dispostos na tabela 2, estes estão
apresentados em valores médios obtidos.
Parâmetro Média
1026,7
Densidade a 15°C (g/mL)
10,01
Índice Crioscópico (%)
15,35
Acidez Titulável (°D)
4
Gordura (%)
13
EST (%)
Quanto a densidade a 15ºC das amostras analisadas, 14/20 (70%) estavam dentro da
normalidade para leite cru e 6/20 (30%) delas, apresentaram valores médios de densidade
abaixo de 1.028g/mL (Tabela 3), sendo 1022,3 o valor mais baixo detectado pela pesquisa.
28
Estes valores são iguais aos que Mendonça et al. (2009) obtiveram ao analisar 20 amostras no
Norte do Paraná. Porém estão acima dos obtidos por Almeida et al., (1999) que encontraram
14.28% das 21 amostras com densidade abaixo dos parâmetros, indicando possível a
adição de água. As pesquisas de Ponsano et al., (2001), em Araçatuba encontraram 39% das
18 amostras fora dos padrões para densidade.
A pesquisa de densidade é útil na detecção de adulteração do leite, uma vez que a
adição de água causa diminuição da densidade, enquanto a retirada de gordura resulta em
aumento da densidade; além de fornecer importante informação para determinação do extrato
seco total, juntamente com a porcentagem de gordura no leite. Com isso, os valores inferiores
detectados nas amostras, podem estar relacionados à fraude por adição de água detectada em
algumas amostras (EMBRAPA, 2008). De acordo com Pacheco (2011), o peso especifico do
leite é definido pela densidade, no qual, é determinado por dois grupos de substâncias: a
concentração de elementos em solução e suspensão e a porcentagem de gordura, pois a
densidade do leite corresponde ao balanço dos componentes de gorduras e sólidos não
gordurosos que possuem valores abaixo e acima da água.
Número de amostras 14 0 6 20
Número de amostras 6 14 20
doenças passíveis de serem adquiridas, a falsificação do leite com água contaminada constitui
outra fonte para introdução de agentes patogênicos neste tipo de alimento.
A acidez titulável também foi um parâmetro que apresentou bastante variação, sendo
observado valores de 10 °D até 20 °D. A pesquisa confirmou que 14/20 (70%) amostras,
estavam dentro da normalidade, contudo, 3/20 (15%) estavam abaixo de 14 °D indicando leite
alcalino e outras 3/20 (15%) foram tituladas como ácidas (tabela 2).
Segundo Fonseca e Santos (2000) esses resultados de acidez Dornic sugerem que o
leite foi obtido em condições inadequadas de higiene e refrigeração deficiente, esse fato pode
ser confirmado ao observar que no ambiente comercial de alguns estabelecimentos do
município de Patos, no qual foram feitas as coletas, foi possível verificar que o leite era
mantido exposto sobre balcões em temperatura ambiente e sem refrigeração adequada.
A acidez é normalmente utilizada como indicador do estado de conservação do leite
em função da relação entre disponibilidade de lactose e produção de ácido lático por ação
microbiana, que acarreta na acidificação da lactose provocada pela multiplicação desses
microrganismos deterioradores e/ou patogênicos (OLIVEIRA e NUNES, 2003; QUEIROGA
et al., 2010;).Amostras de leite com acidez acima do permitido apresentam instabilidade dos
componentes do leite mediante o tratamento térmico (SILVA e ALMEIDA, 1998). O uso do
leite ácido resulta em produto final com qualidade inferior, possivelmente seguido de perda de
rendimento (FURTADO, 1999). A acidez do leite também pode ocasionar coagulação da
caseína e assim, limitar seu uso (BJORKROTH; KOORT, 2011).
A diminuição da acidez do leite pode ocorrer devido a adição de água no leite (POA,
2014), o que corrobora com os valores determinados pelo teste de crioscopia, na qual, a
amostra que possuía o menor índice de acidez titulável (10°D) apresentou adição de 28,1%
de água, confirmado pelo teste de crioscopia. De acordo com González et al. (2001) se a
acidez titulável for baixa, então o leite não é ácido e tente a alcalinidade.
144 3 3 20
Número de amostras
70 15 15 100
Porcentagem (%)
31
comercializado informalmente (BERSOT et al., 2010; MENDES et al., 2010). Uma amostra
apresentou densidade dentro do limite padrão, porém com ESD abaixo do nível estabelecido,
essas variações podem indicar que a alimentação do animal não é de boa qualidade, afetando
diretamente a composição do leite (SÁ, 2004). Todas as demais amostras, na qual o ESD foi
menor do que o mínimo aceitável, a crioscopia apresentou-se igualmente fora dos padrões
estabelecidos pela legislação, essa variação pode ser causada devido adição de água (SÁ,
2004).
Número de amostras 13 7 20
Não foi observado presença de amido e urina nas amostras, o que significa que não
houve intenção de mascarar alterações feitas no intuito de encobrir a adição de água com
essas substâncias. Firmino et al. (2010) não encontraram presença de amido em pesquisa
sobre uso de reconstituintes no leite em 20 propriedades, da região de Rio Pomba, MG.
Ferreira et al. (2003) pesquisaram presença de amido em seis amostras provenientes de
Sobral, CE, nas quais, também não obtiveram resultados positivos. Em contraparte, Freitas
Filho et al. (2009) encontraram a presença de amido em três amostras de leite cru. As análises
também resultaram negativamente para a detecção de urina no leite, o que contrapõe a
pesquisa de Firmino et al. (2010), na qual observou que 52% das amostras foram positivas
para presença de urina. A adição de amido e urina, assim como a água, tem como finalidade o
aumento da densidade, sendo utilizado criminosamente para encobrir a aguagem do leite
(AGNESE et al., 2002; BEHMER 1987).
Assim como no trabalho de Martins (2008), neste estudo, os testes físico-químicos
não detectaram a presença de formol, contudo, uma amostra foi positiva para presença de
peróxido de hidrogênio. No Brasil, vários autores relatam a presença de substâncias
conservantes no leite. Sousa et al. (2011) pesquisaram fraudes em 100 amostras de leite UHT
produzido em 6 estados brasileiros (Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Goiás) e detectaram 44 amostras positivas para a presença de formol e 30
33
6 CONCLUSÃO
elevados que indicaramas fraudesa pesquisadas, pora adição de água, no qual, esta, foi a
adulteração mais comumente observada durante oneste estudo.
A presença de fraude por adição de substância alcalina e peroxido de hidrogênio
indica um baixo nível de qualidade do leite pois além de constituir crime, a fraude representa
risco a saúde do consumidor.
Esta pesquisa ofereceu resultados que fornecem subsídios necessários para servir
como fator de alerta para tomada de decisões dos órgãos fiscalizadores, bem como fornece
informações sobre a baixa qualidade do produto, demostrando com isso, a necessidade da
implementação de medidas sociais a fim de conscientizarde educação em saúde a população
sobre os riscos que esse tipo de alimento oferece a saúde do consumidor.
36
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ORGANIZARORGANIZANDO)
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