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INSTITUTO FEDERAL DA PARAÍBA

GRUPO: ISABEL VITÓRIA, JULIO CESAR, MARIA EDUARDA E


MARIANA LIMA

Poeta João Cabral de Melo Neto:


Vida e obras

JOÃO PESSOA
2022
GRUPO: ISABEL VITÓRIA, JULIO CESAR, MARIA EDUARDA E
MARIANA LIMA

Poeta João Cabral de Melo Neto:

Vida e obras

Matéria apresentada à IFPB de João Pessoa como


trabalho bimestral para a conclusão do ensino
médio.

Orientador: Sérgio Araújo de Mendonça Filho.

JOÃO PESSOA
2022
SUMÁRIO

1. BIOGRAFIA………………………………………………………………………………......04
2. GERAÇÃO EM QUE PERTENCE……………………………………………………...........04
3. ESTILO DE SUAS POESIAS…………………………………………………………...........06
4. TEMAS DOS POEMAS…………………………………………………………………........07
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS......................................................................................11
BIOGRAFIA

Sendo o primeiro brasileiro a ganhar o Prêmio Camões, João Cabral de Melo Neto foi
um poeta e diplomata brasileiro, nascido em janeiro de 1929 em Recife, Pernambuco, primo
do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Roberto Freyre.
Em 1942, após concluir o curso secundário e passar por reuniões com intelectuais no
próprio Recife, (inclusive, participando do Primeiro Congresso de Poesia do Recife), João
Cabral se muda para o Rio de Janeiro, e acaba publicando seu primeiro livro de poemas
chamado “Pedra de Sono”, sua estreia que reunia poemas curtos compostos de versos
regulares e brancos. Essa foi sua obra inaugural, apresentava uma inclinação para a
objetividade, porém com aspectos surrealistas.
Após se consolidar no Rio de Janeiro, em paralelo à produção literária ele se inscreveu
para cursos da carreira de diplomata e durante os anos de 1943 e 1944, trabalhou no
Departamento de Arregimentação e Seleção de Pessoal do Rio de Janeiro. 
Em 1945 publicou seu segundo livro - O Engenheiro.
Em 1947, realizou seu segundo concurso público ingressando na carreira diplomática
passando a viver em várias cidades do mundo como Barcelona, Londres, Sevilha etc.
Aposentou-se como embaixador em 1990, e em 1992, passou a sofrer de uma cegueira
progressiva, que, aos poucos, impediu-o de ler, e faleceu em outubro de 1999 no Rio de
Janeiro.

GERAÇÃO QUE ELE PERTENCE

3ª fase do modernismo;

João Cabral pertence à chamada Geração de 45 ou 3ª fase do modernismo (1945 – 1980)


geração na qual representa o último momento do movimento modernista no Brasil e surgiu
durante a Guerra Fria e o governo JK, sendo conhecida como a terceira geração modernista
ou fase pós-modernista.
Dentro dela, João Cabral criou sua linguagem própria, evitando o subjetivismo e buscando
o máximo da exatidão na sua escrita, ou seja, a evocação de imagens visuais nítidas e
incisivas, além de um vocabulário mais preciso.
O surgimento da terceira geração modernista no Brasil, é o período menos conturbado em
relação às outras duas gerações.
Autores dessa geração apresentavam extensas inovações na pesquisa estética e também
nas formas de expressão da literatura.
Esses escritores possuíam uma atitude mais formal, aos quais alunavam as ideias dos
escritores das fases passadas do modernismo, se opondo ao espírito radical, contestador e de
liberdade construído durante a Semana de 1922.

Características

A 3ª fase do modernismo foi uma geração marcada por histórias que abordavam um lado
mais profundo e sentimental do ser humano, trazendo também um vocabulário mais apurado.
Isso, sem se afastar das denúncias sociais.
A terceira geração era uma fase mais introspectiva, no qual o leitor poderia conhecer todos
os conflitos internos dos personagens.

As suas principais características são:


• Academicismo;
• Passadismo e volta ao passado;
• Oposição à liberdade formal;
• Experimentações artísticas (ficção experimental);
• Realismo fantástico (contos fantásticos);
• Influências parnasianas e simbolistas;
• Inovações linguísticas e metalinguagem;
• Regionalismo universal;
• Temas sociais e psicológicos;
• Linguagem mais objetiva;
• Valorização da rima e da métrica.

Nesse período, João Cabral se destacou na prosa e na poesia pelo rigor estético que era
apresentado em suas obras: "Pedra do Sono" (1942), "O Engenheiro" (1945) e "Morte e Vida
Severina" (1955).
ESTILO DA SUA POESIA

Considerado hermético, antilírico, demasiado racional, João Cabral de Melo Neto


distanciou-se da literatura produzida por seus contemporâneos. Sua poesia inicialmente
recebeu influências da tendência surrealista, a que se misturou uma ordenação própria e
racional, antissurrealista.
Na contramão da maioria dos autores da Geração de 45, João Cabral rejeitou a
sentimentalidade, a irracionalidade ou o verso subjetivo, adotando uma postura de reflexão
crítica e um rigor formal ímpar na literatura brasileira. Sua poesia é um exercício de
linguagem, calcado no intenso trabalho com as palavras e em um permanente estado de
tensão.
Poeta por excelência, revolucionou os padrões convencionais do lirismo proferido
pelos românticos, sua poesia tem como fonte inspiradora a própria realidade revelada pelo
cotidiano, desenvolvendo seu próprio estilo, em linguagem objetiva e rigorosa. Nela, o poeta
não é mais um sonhador, e sim um atento e crítico observador do real. Há que se ressaltar que
em toda essa trajetória artística, esse representante deixou uma característica intrínseca à sua
personalidade - a contenção e a objetividade. 
João Cabral era rigoroso com seus poemas, apresentando uma estrutura mais fixa e
com versos rimados. Somados a estes pressupostos, há ainda um aspecto de notável relevância
– o fato de a poesia de João Cabral se caracterizar por duas vertentes: uma primeira linha, cuja
tendência se volta para a metalinguagem (muitos dos seus trabalhos falam sobre a própria
criação literária), abrangendo uma temática de investigação do próprio “fazer poético'', e
outra, chamada de participante, tem o Nordeste como sua temática principal. Entretanto,
divergindo-se do regionalismo crítico e fazendo dos aspectos elementares (tais como: a seca, a
miséria e a fome), seu elemento poético capturado pela essência imaginativa do artista.
São características da obra do autor:
 Objetividade;
 Contralirismo e afastamento de temas subjetivos;
 Rigor formal;
 Poesia metalinguística;
 Economia vocabular;
 Evocação imagética;
 Poesia reflexiva e crítica;
 Presença de temáticas sociais.
TEMAS DOS POEMAS

A POESIA ANDANDO

Os pensamentos voam dos três vultos na janela e


atravessam a rua diante de minha mesa.

Entre mim e eles estendem-se avenidas iluminadas


que arcanjos silenciosos percorrem de patins.

Enquanto os afugento e ao mesmo tempo que os


respiro se manifesta uma trovoada na pensão da
esquina.

E agora em continentes muito afastados os


pensamentos amam e se afogam em marés de águas
paradas.

Onde começa e onde acaba o corpo do poema, que foi feito por várias vozes,
percepções, lembranças e apelos? Onde começa e onde acaba o corpo do poeta, que se
manifesta na dependência de uma voz não ouvida? Este poema fala sobre as diferentes
interpretações que um poema pode tomar dependendo de quem os ouve, e como isso pode
influenciar o próprio autor.

POEMA

As palavras tornaram-se inúteis nesta manhã que


desceu muito mais leve muito mais clara. Os
homens trocam sorrisos subitamente esquecidos de
que os relógios vão dar meia-noite.

Mas nos países sem palavras os generais


incendeiam pianos dos pianos heroicos nascem
florestas e outros lamentos são gritados para as
janelas acesas que guardam antigos remorsos.

Este poema fala da importância de palavras, pois elas têm um grande poder, sendo
capazes de motivar, levantar, emocionar e aproximar. E os lugares sem palavras só causam
destruição.

A MULHER E A CASA

Tua sedução é menos de mulher do que de


casa: pois vem de como é por dentro
ou por detrás da fachada.

Mesmo quando ela possui tua plácida


elegância, esse teu reboco claro, riso franco de
varandas,

uma casa não é nunca só para ser


contemplada; melhor: somente por dentro é
possível contemplá-la.

Seduz pelo que é dentro, ou será, quando se


abra: pelo que pode ser dentro de suas paredes
fechadas;

pelo que dentro fizeram com seus vazios, com


o nada; pelos espaços de dentro, não pelo que
dentro guarda;

pelos espaços de dentro: seus recintos, suas


áreas, organizando-se dentro em corredores e
salas,
os quais sugerindo ao homem estâncias
aconchegadas, paredes bem revestidas
ou recessos bons de cavas,

exercem sobre esse homem efeito igual ao que


causas: e vontade de corrê-la por dentro, de
visitá-la.

Talvez apenas uma paixão simultânea de engenheiro e poeta conduza a um poema


assim, mas é de todos o simultâneo prazer de descoberta e aconchego, quando acontece o
encontro com uma casa que se cola a nós como segunda pele, qual mulher a quem o amor nos
entregou para sempre.

A PALAVRA SEDA

A atmosfera que te envolve atinge tais


atmosferas que transforma muitas coisas que
te concernem, ou cercam.

E como as coisas, palavras impossíveis de


poema: exemplo, a palavra ouro, e até este
poema, seda.

É certo que tua pessoa não faz dormir, mas


desperta; nem é sedante, palavra derivada da
de seda.

E é certo que a superfície de tua pessoa


externa, de tua pele e de tudo isso que em ti
se tateia,

nada tem da superfície luxuosa, falsa,


acadêmica, de uma superfície quando
se diz que ela é “como seda”.
Mas em ti, em algum ponto, talvez fora de ti
mesma, talvez mesmo no ambiente que
retesas quando chegas,

há algo de muscular, de animal, carnal,


pantera, de felino, da substância felina, ou
sua maneira,

de animal, de animalmente, de cru, de cruel


de crueza, que sob a palavra gasta persiste na
coisa seda.

Na primeira das oito estrofes em redondilha maior, a mulher mostra-se sedutora não
pelos espaços de dentro, como em “A mulher e a casa”, mas pelo seu exterior, sua atmosfera
que influencia outros corpos que a circundam.
No que diz respeito ao lirismo erótico amoroso, é comum, na poética de João Cabral,
imagens em que o corpo feminino se põe no centro de um ambiente e o influencia, como, por
exemplo, o corpo-seda que retesa o ambiente; ou o corpo-paisagem que, com sua voz, banha
toda a sala de luminosidade.
O que ocorre é o esvaziamento do signo “seda”, para a reconstrução de um outro
menos clichê. menciona que é através de uma pesquisa metalinguística que o poeta se desfaz
do conteúdo desgastado desse vocábulo (confortável, “sedante”, “luxuosa, falsa, acadêmica”)
e descobre um novo.
É como se o poeta fosse descascando o signo, retirando-lhe as capas de significados
comuns, e, no núcleo do núcleo da palavra, se deparasse com aquilo que a compõe, a
substância animal.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

https://brasilescola.uol.com.br/literatura/joao-cabral-melo-neto-sua-engenhosidade-
poetica.htm

https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/joao-cabral-melo-neto.htm

https://www.portugues.com.br/literatura/joao-cabral-melo-neto-sua-engenhosidade-
artistica-.html

http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/joao-cabral-de-melo-
neto.html#:~:text=Movimento%20Liter%C3%A1rio&text=Jo%C3%A3o%20Cabral
%20de%20Melo%20Neto%20pode%20ser%20considerado%20um%20escritor,ou
%20da%20gera%C3%A7%C3%A3o%20de%2045.&text=Jo%C3%A3o%20Cabral
%20era%20rigoroso%20com,%2C%20%C3%A9%20mais%20objetivo%2C
%20racional.

https://www.ebiografia.com/joao_cabral_de_melo_neto/

https://revistas.ufrj.br/index.php/tm/article/view/14586

https://viciodapoesia.com/2018/01/03/joao-cabral-de-melo-neto-a-mulher-e-a-casa/

https://periodicos.ufes.br/contexto/article/view/35862

https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/terceira-fase-do-modernismo

https://manoelneves.com/2008/10/20/joao-cabral-de-melo-neto-e-a-terceira-geracao-do-
modernismo/?amp=1

https://www.concursosnobrasil.com.br/escola/literatura/modernismo-3-fase.html

https://www.todamateria.com.br/terceira-geracao-modernista/

https://brasilescola.uol.com.br/amp/literatura/joao-cabral-melo-neto-sua-
engenhosidade-poetica.htm

https://vestibular1.com.br/resumos/resumos-de-livros/pedra-do-sono-de-joao-cabral-de-
melo-neto/amp/

https://www.ebiografia.com/joao_cabral_de_melo_neto/amp/

https://www.academia.org.br/academicos/joao-cabral-de-melo-neto/biografia

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