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Estou terminando a graduação, ao longo dos últimos anos conheci muitas pessoas, fiz

muitas amizades e também me deparei com realidades muito diferentes da minha. Em


alguns momentos da minha jornada conheci colegas PCDs, através deles descobri e
aprendi muito sobre a UFMG, e infelizmente, acabei tendo ainda mais consciência sobre a
falta de acessibilidade encontrada por muitos. Em específico há um colega que me marcou,
ele estava perdido pelos corredores do ICEx, assim como eu também fico diversas vezes,
mas diferente de mim ele é uma pessoa com deficiência visual. Como eu o conhecia de
uma aula do início do curso, fui cumprimentá-lo e foi quando ele me pediu ajuda para
guiá-lo até uma sala de aula. Fomos juntos até a sala, mas ainda faltava muito tempo para a
aula, ficamos conversando. Ele ainda estava fazendo uma disciplina do ciclo básico,
enquanto eu estava quase me formando, e tenho certeza de que caso comparem o meu
histórico com o deste colega, de que as notas dele serão maiores, ele era inteligentíssimo,
mas a falta de acessibilidade e toda a dificuldade que ele tem causada pela deficiência
visual o atrasou muito para a conclusão do curso. Entendo muito bem que não há problema
algum em atrasar um pouco mais para a formatura, mas através dele senti um pouco mais o
quão difícil e desmotivador é estar em um espaço em algumas vezes inacessível, tentar
seguir em frente com um sonho e não poder pois o espaço não é bem preparado para
todos. Foi um baque para mim, já havia conversado com alguns colegas sobre isso, mas ele
estava indo para uma aula experimental sem nenhum acompanhante, e depois de tudo o
que nós havíamos conversado isso me assustou, ele teria que contar com a boa vontade de
outros colegas e de um professor que talvez nem fosse entendê-lo. Entendo que programas
como este existem justamente para lidar com situações como esta e que existe toda uma
burocracia, e é justamente por este motivo que estou me candidatando para a vaga. Quero
que todas as pessoas tenham as oportunidades que eu tive dentro da minha graduação e
não quero ver pessoas extremamente capazes e com muito potencial desistirem dos seus
sonhos por falta de acessibilidade. Desde o início do curso me envolvi muito com questões
de inclusão e o direito de nós alunos, chegando até mesmo a fazer parte do Diretório
Acadêmico Cesar Lattes de Física por 2 anos e participando do colegiado da graduação
como voluntária. Sou uma mulher não-branca nascida no interior, entendo o quão difícil as
coisas podem ser, por este motivo, dentro da faculdade segundo a minha disponibilidade
busquei ao máximo fazer a diferença e ajudar a construir um meio universitário mais
acessível e inclusivo.

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