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O local indicado, por estar situado numa zona onde passam condutas de escoamento das
águas residuais ficava danificado devido ao peso das viaturas que ali estacionavam o
que levou a que os camionistas ocupassem as vias públicas criando, por várias vezes,
engarrafamentos e outras situações desagradáveis para os moradores da zona e dos
automobilistas (Conselho Municipal 2000-2009).
Face a estas situações o mercado foi transferido para Malanga onde segundo as
previsões, os camionistas poderiam exercer a sua actividade sem criar desembaraços a
terceiros. Entretanto, e atendendo que por cada deslocação os grossistas são
acompanhados por um grupo de retalhistas, o local ficou de imediato superlotado
criando problemas até os próprios grossistas.
No que concerne a organização do mercado, este foi idealizado primeiro para acolher os
agricultores e importadores, mas que não chegou a acontecer porque alguns deles
abandonaram as bancas para vender nos camiões no recinto do mercado, alegando que o
material usado para a construção das bancas degradaria rapidamente os seus produtos.
Face a está situação a administração do mercado optou por alargar os critérios de acesso
ao mercado, abrindo possibilidades para que todos vendedores grossistas de diversos
produtos solicitassem a admissão.
No período entre 5horas e 6horas só permitem a entrada dos camiões com produtos para
a venda e as outras pessoas esperam até as 6horas, onde se verifica um movimento
muito intenso de pessoas a entrarem no mercado. Dos que entram alguns deles são
vendedores que vêm de carros pessoais, outros entram a pé porque vão de transportes
públicos. Neste movimento de entrada no mercado verifica-se também Pessoas que vão
guevar , uns vão de carros pessoais e outros vão a pé. Os que vão comprar de carros são
acompanhados pelos seus trabalhadores que ajudam a transportar produtos para os
carros e a controlar os mesmos, nestes grupos de pessoas encontram-se homens e
mulheres. E os que vão a pé são mulheres que vão comprar sozinhas, bem como
senhoras que preferem fazer rancho nas primeiras horas alegando frescura dos produtos
e preços acessíveis. Verifica-se ainda um grupo de jovens vendedores ambulantes e os
que prestam serviços de carregamento de produtos até as terminais de transportes.
É destes menores prestando serviços de carregamentos até aos carros e autocarros que
se pretende abordar, para compreender as suas motivações, visto que na sua maioria são
crianças que poderia estar a exercer uma outra actividade, entretanto estes encontram-se
no mercado grossista, carregado produtos que varia de 10 a 50 kg.
Para além do estabelecimento bancário que cria interacções entre os indivíduos, atrás do
mercado tem um espaço criado como terminal dos chapas para passageiros com carga,
estes carros tem como destino os mercados nos bairros, recusando-se deste modo a
carregar passageiros sem carga. Os cobradores para conseguirem passageiros entram no
mercado e interpelam as crianças que ajudam as senhoras com carga, em alguns casos
ajudam a levar seus cestos até aos carros.
Nesta ordem de ideias, pela envergadura dos produtos que muitas das vezes são
comprados, as crianças e disponibilizam-se de imediato para oferecer sua força física
em troca de um valor monetário, que muitas das vezes é negociado previamente, e por
vezes não, o dono do produto estipula e oferece ao carregador deliberadamente.
Perfil Sócio-demográfico das crianças carregadoras de compras no parque do
Zimpeto
As crianças por nós entrevistadas provêm na sua maioria das províncias de Gaza e
Inhambane, poucos são da cidade capital. Neste sentido, a zona sul é que se encontra
com maior representatividade no que diz respeito as crianças carregadoras de produtos
no mercado grossista de Zimpeto
Quanto aos bairros, as crianças que desempnham essa tarefa constatamos que vivem em
Maxaquene, Chamanculo, Muhalaze, Polana Caniço e Albazine. Das 12 crianças
entrevistadas, 5 crianças vivem em Maputo com os pais e órfãos de um deles e 7
crianças vem da província de Gaza em missão de serviço, parte das crianças vivem em
famílias chefiadas por mães e Pais separadas/os e viúvas/os.
No que diz respeito ao sexo, 6 crianças são do sexo masculino e 5 crianças do sexo
feminino, Com idades que variam de 9 – 16 anos de idade. Quanto ao nível de
escolaridade, 7 crianças possuem ensino básico feito e 5 crianças estão a frequentar
ensino primário com ajuda do valor que ganham carregando compras.
“Nos primeiros dias vinha com meu amigo da zona, lá em Gaza. Ele mostrou
como posso carregar os produtos dos que estão a fazer compras aqui no
mercado. assim estou a carregar compras, para poder comprar roupa, comida e
coisas que minha mãe não pode conseguir comprar sozinha” (Rafael, 12 anos).
Como se pode verificar para além das redes do parentesco e principalmente familiares e
redes de amizade também são importantes como mecanismos de inserção na pratica e
depois nos mercados. As redes sociais nas quais as crianças carregadoras de produtos a
grosso estão inseridas influenciam na sua integração das actividades no mercado
grossista do Zimpeto.
De acordo com Weber (1977) Acção Social é reservada a acção cuja intenção
fomentada pelos indivíduos envolvidos, se refere a conduta dos outros, orientando-se de
acordo com ela. Nesta ordem de ideias, os meninos carregadores de produtos no
mercado grossista de Zimpeto para chegar naquele espaço r começarem a exercer
aquelas acções, orientaram-se, ou seja, deixaram-se guiar a partir da conduta dos
familiares e amigos. Portanto, começaram a carregar os produtos por influência familiar
e de outros agentes sociais em seu contexto.
A inserção por si só não é suficiente para o início das actividades de carregamento dos
produtos, daí que as crianças contam com ajuda dos seus familiares e amigos para
disponibilizarem condutas, ideias e instruir-lhes nas estratégias de angariação dos que
precisam de ajuda no processo da compra dos produtos. Entende-se ainda nestes
depoimentos que a afectividade conta muito para que as crianças tenham interesse no
ingresso ao trabalho infantil.
Motivações das crianças
Neste subcapítulo, mostramos o que guia as crianças a enveredarem por estas acções no
mercado grossista do Zimpeto, que é o objectivo geral prometido outrora, e que nestes
termos, guia o trabalho.
O que me motivou a começar a trabalhar aqui, foi que em casa, meu pai morreu
e em Inhambane na minha casa começou a faltar comida, meu amigo Carlos
que já se encontrava em Maputo me convidou para eu vir trabalhar, eu aceitei
porque passava fome.
E porque não tenho dinheiro para lanche, para fazer provas as vezes ate para
subir chapa, porque na minha escola é longe da minha casa, quando carrego,
minha mãe me diz para comprar cadernos.
Nestes depoimentos percebe-se que as crianças são guiadas para o mercado grossista
com objectivos determinados, que no caso destacam-se em satisfazer a fome e dar
continuidade aos estudos em virtude da perca de um dos parentes ou mesmo porque os
parentes não tenham um potencial económico-financeiro muito forte.
Fundamenta-se as alegações dadas pelas crianças com Weber (1977) que mostra que a
acção social relacional a fins é um tipo regular de acção, pois ela é orientada segundo
fins claros e unívocos, plenamente conscientes, com adopção dos meios racionais
considerados como sendo os mais adequados. Assim, não surpreende, o mercado de
Zimpeto é um lugar adoptado como mecanismo para suplantar, bem como superar as
variadas necessidades pelas quais as crianças do trabalho infantil passam.
Outrossim, compreende-se que a perda de um dos parentes familiares, seja ele Pai ou
Mãe influencia de maneira significativa para que as crianças tenham que procurar essa
forma de sustento das suas vidas.
Meus pais faleceram, os meus tios começaram a não conseguir dar comida para
mim e meus irmãos, então vim aqui, consigo ter dinheiro, as vezes muito.
Nestes casos Weber (1977), afirma que a acção social também pode ser determinada
pela afectividade, especialmente de modo emocional, como resultado de uma
configuração especial de sentimentos e emoções por parte dos indivíduos. Portanto, a
perda dos parentes configura para as crianças uma derrota emocional, afectiva e
económica, que faz com que as crianças procurem trabalho para seu auto sustento.
Conclusão
Mostra igualmente que essas crianças inseriram nestes tipo de trabalho em virtude de
serem órfãos dos progenitores e, nesta senda, vão ao mercado Grossista de Zimpeto
oferecer sua forca física para poder ter um trocado que possa ajudar na compra de
produtos alimentícios, Roupas, e no custeio de dos processos académicos.
Fundamenta-se as alegações dadas pelas crianças com Weber que mostra que a acção
social relacional a fins é um tipo regular de acção, pois ela é orientada segundo fins
claros e unívocos, plenamente conscientes, com adopção dos meios racionais
considerados como sendo os mais adequados. Assim, não surpreende, o mercado de
Zimpeto é um lugar adoptado como mecanismo para suplantar, bem como superar as
variadas necessidades pelas quais as crianças do trabalho infantil passam.
Em termos de novas pesquisas, seria interessante pesquisar sobre a participação dos Pais
nos processos de inserção da criança na actividade de trabalho infantil, uma vez que de
acordo com as constatações, parte das crianças são inseridas nestes trabalhos pelos
progenitores.