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e Complexa
Todos os direitos dos autores deste módulo estão reservados. A reprodução, a locação, a
fotocópia e venda deste manual, sem autorização prévia da UCM-CED, são passíveis a proced-
imentos judiciais.
Elaborado por:
Coutinho João Mataca
A realização deste Módulo contou com a colaboração de diversas pessoas as quais gostaria de
expressar os meus sinceros agradecimentos.
Agradeço ao Centro de Ensino à Distância da UCM por ter financiado a elaboração deste
Módulo Ao Centro de Ensino à Distância da UCM.
Agradeço ao coordenador do curso de Matemática o dr. Fernando Muchanga, por ter me
confiado na elaboração deste módulo.
Agradeço ao dr. Domingos Celso Djinja, pela organizaçao do Módulo.
Finalmente, agradeço aos meus amigos, familiares e todos os que directa ou indirectamente
contribuíram para a realização do presente trabalho, em especial à Isaltina Da Flora Víctor.
ii
Conteúdo
Agradecimentos..............................................................................................................................ii
Visão Geral.....................................................................................................................................1
Métodos de trabalho.....................................................................................................1
Objectivo do Curso...............................................................................................................2
Quem deveria estudar este módulo.......................................................................................2
Como está estruturado este módulo......................................................................................3
Páginas introdutórias.....................................................................................................3
Conteúdos do curso/módulo.........................................................................................3
Outros recursos.............................................................................................................3
Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação....................................................................3
Comentários e sugestões.......................................................................................................4
Habilidades de estudo...........................................................................................................4
Precisa de apoio?.................................................................................................................4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)....................................................................................5
Avaliação.......................................................................................................................................5
II Integração Complexa 33
0.4 Unidade 04. Integrais de contorno.....................................................................34
0.4.1 Integral Definido.....................................................................................................35
0.4.2 Curvas e regiões em C...........................................................................................35
0.4.3 Integrais de contornos.....................................................................................36
0.4.4 Propriedades do integral de contorno..............................................................36
0.4.5 Teorema fundamentais sobre integrais de contorno........................................36
0.4.6 Tarefas:..........................................................................................................40
0.5 Unidade 05.Funções complexas definidas por séries
Séries de Taylor e de Laurent
Singularidades..................................................................................................................42
0.5.1 Funções complexas definidas por séries...............................................................43
0.5.2 Séries de Taylor......................................................................................................44
0.5.3 Série de Laurent..............................................................................................44
0.5.4 Classificação de singularidades.............................................................................47
0.5.5 Classificação de singularidades com base na série de Laurent......................48
0.5.6 Tarefas...........................................................................................................52
0.6 Unidade 06.Resíduos e suas aplicações..............................................................53
0.6.1 Resíduos..................................................................................................................54
0.6.2 Teoremas básicos sobre resíduos...........................................................................54
0.6.3 Cálculo de resíduos.................................................................................................54
0.6.4 Aplicações de resíduos em cálculo de certos integrais
próprios e impróprios de funções racionais e trigonométricas............................55
0.6.5 Tarefas.....................................................................................................................60
Bibliografia..................................................................................................................................62
Visão Geral
Este módulo foi concebido para servir de texto básico para alunos de Álgebra linear e
Geometria Analítica do curso de Licenciatura em Ensino de Matemática do Centro de Ensino á
Distância da Universidade Católica de Moçambique, e também para preconizar um ambiente
de apren- dizagem e ensaio de técnicas, estratégias e procedimentos diversos de ensino nas
suas várias formas alternativas, capacitando assim o futuro professor para a realização da nobre
tarefa de ensinar. Este módulo é constituido por duas partes (contendo 6 unidades temáticas).
A disciplina Análise Harmónica e Complexa, tem como objectivo, proporcionar ao aluno a
utilização rigorosa da notação na comunicação oral/escrita de matemática. Compreender e
aplicar conceitos de Análise Harmónica Complexa que serão ferramentas essenciais para apoio
a disciplinas específicas do curso.
Métodos de trabalho
A reflexão e a discussão são componentes fundamentais do trabalho que se realiza na
disciplina de Análise Harmónica e Complexa.
As aulas teóricas-práticas realizam-se uma vez por secção, ao todo teremos duas sessões, sendo
leccionadas a alunos agrupados em turmas da sua especialidade. Nestas aulas a actividade dos
cursistas/alunos desempenha um papel central e pode assumir diversas formas como,
por exemplo, trabalho prático, participação em discussões, e preparação e realização de apre-
sentações, incluindo momentos de dinamização das próprias aulas.
Ao longo do semestre, os alunos serão solicitados a realizar trabalho individual(actividades
propostas ao longo do módulo), em pequenos grupos ou ao nível de toda a turma, sendo a orga-
nização em pequenos grupos o modo mais habitual de trabalho. A participação nas actividades
propostas na disciplina inclui frequentemente a utilização de material de apoio, nomeadamente
textos e outros escritos, materiais manipuláveis e recursos tecnológicos, por exemplo a calcu-
ladora.
1
2 Beira, Agosto de 2011
Objectivos do curso
No fim deste módulo, o aluno deve ser capaz de:
Representar funções analíticas por meio de séries de funções, bem como usar e estimar
•
suas aproximações;
Páginas introdutórias
. Um índice completo.
. Uma visão geral detalhada do curso/módulo, resumindo os aspectos-chave que você
precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com
a atenção antes de começar o seu estudo.
Conteúdo do curso/módulo
O curso está estruturado em partes e estas por sua vez divididas em unidades. Cada unidade
incluirá uma introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo exemplos
de consolidação. Para complementar a aprendizagem dos alunos são propostos no fim de
cada unidade tarefas.
Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais
para você explorar. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sitíos na internet.
Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o
conteúdo do curso/módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e
melhorar este curso/módulo.
Habilidades de estudo
Caro estudante!
Para frequentar com sucessos este módulo recomendamo-lo a programar sessões de estudo
diárias que podem variar de 1hora e 30 minutos a 2 horas de tempo.
Evite acumular a matéria. Estude com frequência, discutindo os assuntos com os teus colegas
do curso ou de profissão.
Procure um lugar calmo, na sua casa, ou na escola desde que tenha uma iluminação suficiente.
Tente estudar uma lição de cada vez. De seguida procure implementar na sala de aula.
Aconselhamo-lo a observar as aulas de colegas e argumentar em torno do que se viu na prática.
Produza um relatório das observações e, a partir deste compara a evolução da sua prática
diária.
Adquira já um caderno para anotar as suas observações.
A base para o sucesso neste módulo é a observação de aulas. Por isso, procure observar uma
boa parte de aulas e produza os respectivos relatórios.
Precisa de apoio?
Em caso de dúvidas ou mesmo dificuldades na percepção dos conteúdos ou resolução das
tarefas procure contactar o seu professor/tutor da cadeira ou ainda a coordenação do curso
acessando a plataforma da UCM-CED Curso de Licenciatura em Ensino de Matemática.
Análise Harmónica e 5
Avaliação
A avaliação visa não só informar-nos sobre o seu desempenho nas lições propostas, mas
também estimular-lhe a rever conteúdos que ainda precisa de saber e caminhar para frente.
Neste módulo, o estudante irá fazer uma avaliação, obedecendo o segunte:
Teste: Parte I.
O estudante deverá realizar um teste na segunda secção.
Para além do teste escrito, o estudante irá entregar tarefas sugeridas neste módulo e, estes terão
um carácter avliativo.
No fim do estudo do módulo, o estudante será submetido ao exame ao final. O referido exame
será realizado nos Centros de Ensino à Distância da Universidade Católica de Moçambique.
Parte I
Introdução
Nesta unidade definimos o conjunto dos números complexos (denotados por C) usando o plano
xy denotado por R2 para representar os números complexos. Introduzimos a soma, o pro-
duto bem como o quociente dos números complexos. Vamos explorar outras propriedades dos
números complexos usando o plano xy tais como, representação em coordenads polares, op-
erações de números complexos dado em várias formas, resolução de equações envolvendo
números complexo. Apresentamos uma breve nota histórica sobre o surgimento dos números
complexos.
No fim desta unidade deve:
Conhecer a forma polar dos números complexos e operar com os números complexos dados
•
na forma polar;
Conhecer a forma exponencial dos números complexos e operar com os números complexos
•
dados na forma exponencial.
7
8 Beira, Agosto de
O nascimento dos números complexos pode ser datado do século XV I , quando alguns
matemáti- cos Italianos se envolveram na tarefa de encontrar a fórmula resolvente para
equações do terceiro grau. Parece ter sido Nicollo Fontana (1499 1557) (mai conhecido por
−
Tartáglia) o primeiro a apresentar essa fórmula, embora fosse o colega Gerolamo Cardano
−
(1501 1576) o primeiro a publicá-la. A fórmula para a equação do terceiro grau na forma
x3 − px + q = 0 s
r r
Ao aplicar a fórmula √
3 q(1) á equação
q p q 2 p
15x 4x= 0 − 2 + 2 + 3 + − 2 − q 2 3
xé3 dada (
3
(2)
obtemos
—q q
√ √ +
3 3
x= 2 + −121 + 2 − −121 (3)
A equação (2), conhecida por equação Bombelli (1526 1573), Cardano dizia que a fórmula
−
não se aplicava. Bombelli pensou na seguinte conjectura.
Conjectura: Como os radicandos em (3) só diferem de um sinal, o mesmo deverá acontecer
com as suas raízes cúbicas.
Assim resolvendo
( √ √
3
2 + −121 = x + iy
√2 − −121 = x − iy
3
Obtendo as soluções
√
x=2 e y=1 √ √
√ 2
Aplicando as regras ( −y) = −y e ( −y) = −y −y . Portanto a raíz da equação (2) é,
3
Noção
Propriedades do conjugado
z+z z−z
5) Re(z) = e Im(z) = .
2 2
Propriedades do módulo
1) |z| = | − z| = |z|;
2) |z| ≥ 0;
4) |z.w| = |z|.|w|;
1 Beira, Agosto de
5) . z ., se w /= 0;
w
2
6) z.z = |z| ;
Adição
Multiplicação
∗ z1.z2 = (x1 + iy1)(x2 + iy2) = x1x2 + ix1y2 + iy1x2 + i2y1y2 = (x1x2 − y1y2) + i(x1y2 + x2y1);
Análise Harmónica e 1
Divisão
z1 z1z2
∗ = (x1 + iy1)(x2 − iy2) (x1x2 + y1y2) +2 i(y1x2 2 − x1y2)
z2 z2z2 = (x2 + iy2)(x2 − iy2) = x +y .
2 2
1) z1 = 2 e z2 = 2i
2) z1 = 2 − 3i e z2 = −1 + 2i.
Calcule:
(a) z1 + z2 ;
(b) z1z2 ;
z1
(c) .
z2
Resolução:
(a) z1 + z2 = 2 + 2i;
(b) z1 + z2 = (2 − 3i) + (−1 + 2i) = 1 − i.
(c) z1.z2 = (2).(2i) = 4i;
(d) z1 + z2 = (2 − 3i)(−1 + 2i) = −2 + 4i + 3i + 6 = 4 + 7i
z1 2
(a) = 2.(−2i) 4i
z2 =
2i 2i(−2i) = − 4;
2 − 3i (2 − 3i)(−1 − 2i) −8 − i
(b) −1 + 2i = (−1 + 2i)(−1 − 2i) = 5 .
y = z sin θ
|
Destas expressoões resulta que o complemento dado se pode escrever sob a forma
z = z (cos θ + i sin θ)
|
que se denomina a forma trigonométrica do número complexo.
Como num sistema de coordenadas polares z e θ são as coordenadas polares da imagem P
|
do complexo z = x + iy de coordenadas cartesianas (x, y), a expressão anterior é também
denominada forma polar do complexo.
Pondo z = r e escrevendo abreviadamente cos θ + i sin θ = cisθ , a forma polar do complexo
|
pode escrever-se abreviadamente
z = rcisθ .
1) z = 1;
2) z = 2i;
3) z = 1 + i
Resolução:
1) O ângulo
√ formado pelo número complexo z = 1 é θ = 0;
r = 12 + 02 = 1;
Então o número complexo na forma polar e z = 1(cos 0 + i sin 0).
π
2) O ângulo formado pelo número complexo z = 2i e θ = ;
√
r= + = 2; 2
2
2
02
π π
Então o número complexo na forma trigonometrica e z = 2 cos + i sin .
2 2
π
√
3) O ângulo √ pelo número complexo z = 1 + i e θ = ;
formado
r = 12 + 12 = 2; 4
√
π π
Então o número complexo na forma polar e z = 2 cos + i sin .
4 4
Adição
∗ z1 +z2 = r1(cos θ1 +i sin θ1)+r2(cos θ2 +i sin θ2) = (r1 cos θ1 +r2 cos θ2)+i(r1 sin θ1 +r2 sin θ2)
Análise Harmónica e 1
Multiplicação
∗ z1z2 = r1(cos θ1 + i sin θ1)r2(cos θ2 + i sin θ2) = r1r2[cos(θ1 + θ2) + i sin(θ1 + θ2)]
Divisão
z1 r1(cos θ1 + i sin θ1) r1
= = [cos(θ1 − θ2) + i sin(θ1 − θ2)].
∗ r2(cos θ2 + i sin θ2) r2
z2
π π 3π
Exemplo 0.1.7. Dados os números complexos = 4 cos π + i sin e z = 2 cos + i sin ,
z
1 2
2 4 4
calcule:
1) z1 + z2 ;
2) z1.z2 ;
z1
3) .
z2
Resolução:
1) z + z
= 2(2 cos π π i(2 sin π + sin 3π )
+ cos ) + 2
4 ;
1 2
4 2
2) z .z = 8(cos 5π + sin 5π )
1 2 ;
4 4
z1
3) 3π π
z2 sin ).
= 2(cos −i 4
4
Fórmula de Moivre
2) z4 , se z = −2 + 2i.
Análise Harmónica e 1
Resolução:
1
Abraham de Moivre (1667–1754) — matemático francês
1 Beira, Agosto de
2) z 3 2.
Resolução:
√
1) 2i tem duas raízes, e vamos acha-los:
π
O ângulo formado pelo número complexo com o eixo OX e θ = ;
4
O√modulo é |z| = r = 2, então,
π + 4kπ π+
2i = 4kπ cos4 + i sin 4 .
Para achar o valor das raízes, vamos substituir com quaisquer valores
k = 0; 1; 2; ...; (n − 1), isto é,
Para k = 0, teremos √√2i = 1 + i;
Para k = 1, teremos 2i = −1 − i.
1 + i e −1 − i são as raízes de z = 2i.
Análise Harmónica e 1
√ √ !
2) z 2 2 π + 2kπ π + 2√kπ √ !
√
3 =2 3 cos + i sin√
√3 3 3 3 3
3 3
4 −i , respectivamente,
3 3
4
4; +i ;
Para k = 0; 1; 2,
teremos
3 3 3 3
que são as raízes de (2i)32.
Adição
z1 + z2 = r1eiθ1 + r2eiθ2 .
Multiplicação
i(θ1+θ2)
z1.z2 = r1.r2e .
Divisão
z1 r1 i(r −r )
= e . 1 2
z2 r2
zn = rneinθ , n ∈ Z;
z n=
n
z r n .e
p i n , p ∈ Z, n ∈ N, k = 0, 1, 2, ..., (n − 1).
=
4 4
Análise Harmónica e 1
Exemplo 0.1.10. Dados os números complexos z1 5π π
= 4ei e z2 = 2ei , calcule:
1 Beira, Agosto de
1) z1 + z2 ;
2) z1z2 ;
z1
3) .
z2
Resolução:
1) z + z = 2(2ei 5π + eiπ );
1 2 4 4
3π
2) z1z2 = 8ei 2;
z1
3)
z2 = 2eiπ .
Análise Harmónica e 1
0.1.11 Tarefas
1) Expresse os seguintes números complexos na forma x + iy
2) Escreva a parte real e a parte imaginária e o módulo dos seguintes números complexos:
(a) z = 2 − 3i;
(b) z = (1 − i)( √ 3 + i);
1+i
(c) z = ;
3 − 2i
1 3
(d) z = + .
i 1+i
(a) z1 = 1 + 2i, z2 = 2 − i;
(b) z1 i
= 3 − i, z2 = 3 − ;
2
(c) z1 1 −i
= 3 + 4i, z2
= 5√ 2 ;
√
1+
3+i
(d) z1 = √ ; z2 = .
i 3 2
2
4) Determine o argumento dos números polares seguintes, escreva-os na forma polar e rep-
resente geometricamente:
(a) z = 2 + 2i;
−
√
(b) z = 3 − i;
(c) z = −1 − i;
(d) z = −3√+ .
1+i 3
5) Mostre que:
√
1
(b) (1 + i 3) ;
2
√
(c) 3 i;
√
(d) 3
−i;
√
1
(e) (−1 + i 3) ;
4
q √
(f) −1 − i 3;
7) Resolva as seguintes equações:
(a) z2 − 2z + 2 = 0;
(b) 2z2 + z + 1 = 0;
(c) z3 − 4 = 0;
(d) z4 + i = 0;
(e) z6 + 8 = 0;
(f) z2 + (1 − 2i)z + (1 + 5i) = 0;
(g) z5 − 2 = 0;
(h) z4 + (1 − i)z2 + 2(1 − i) = 0.
(a) e2+i ;
(b) e3−i .
9) Reduza à forma reiθ cada um dos números complexos abaixos e represente-os geometri-
camente:
(a) 1 + i;
(b) −2(1 − i);
(c) √3 − 3i;
i
(d) −1 − √ ;
√3
(e) −1 + i 3;
(f) −3.
Função De Variável Complexa
Introdução
Nesta unidade introduzi-se os mais importantes conceitos de funções variável complexa.
Defin- imos algumas funções univalente e multivalentes. Fala-se também do limite e
continuidade de função de variável complexa. No fim unidade, o aluno deve:
0.2.1 Noção
Seja D um subconjunto de C e seja f uma lei que faz corresponder a cada númerocomplexo
z D um e um só número complexo w de um conjunto I C.
∈
Neste caso diz-se que f e função de uma variável complexa z com domínio z com domínio D
e escreve-se w(z) = f (z), sendo z argumento desta função. Ao conjunto I chama-se imagem
do domínio D pela funçãof ou, tambem, contradomínio de f .
Cada função w = f (z) de uma variável complexa z = x + iy determina-se, ou seja, descreve-se
por duas funções reais u(x; y) e v(x; y) de variáveis reais x e y de modo que
w = f (z) = u(x; y) + iv(x; y), sendo u(x; y) =Ref (z), v(x; y) =Imf (z). Assim, uma função
w = f (z) com domínio D faz corresponder a cada ponto z = x + iy de D um ponto w = u + iv
do contradomínio I .
Diz-se que uma função f1 com domínio D1 e restrição de uma função f2 com domínio D2 , se
D1 estiver todo contido em D2 e f1 f para todo z D1 . Nestas mesmas condições diz-se
≡2 ∈
que f2 é uma extenção de f1 ao conjunto D2 .
Uma funçãow = f (z) de uma variável complexa, como resulta da sua definição faz
corresponder a cada valor z D um único valor de f (z) I .
∈ ∈
Isto e correspondencia univalente que representa tal chamada função univalente ou função
uniforme.
- Função de potência
w = zn , n = 0; ±1; ±2; ...;
- Função Polinomial
w = Pn(z), onde Pn(z) = a0zn + a1zn−1 + ... + an−1z + an e polinómio de z do grau
n = 0; 1; 2; ... sendo a0 /= 0, a1, ..., an coeficientes constantes complexos.
- Função racional fraccionária
Pn(z)
w= , onde P (z), Q (z) são polinómios de z de grau n e m respectivamente.
Qm(z) n m
az + b
Caso particular representa função bilinear ou homográfica w = , onde a, b = 0,
cz + d /
c /= 0, d são constantes complexas.
- FunçãoExponencial
w= z z2
= 1 + + .... É válida, também a representacao w = ez = ex (cos y + i sin y).
ez 1! 2!
+
- Funções Trigonométricas
eiz − e−iz iz −iz
w = sin z , w = cos z = e + e ,
= 2i 2
sin z cos z
w = tan z cos z , w = cot z .
sin z
= =
É válida a identidade: cos2 z + sin2 z = 1.
- Funções Hiperbólicas
w = sinh z = z −z 2
2 Beira, Agosto de
, w = cosh = ez +
2
Análise Harmónica e 2
w = tanh z sinh z
= , w = coth z = cosh z
sinh z .
cosh z
Cumpre-se a identidade: cosh2 −sinh2 = 1.
Verificam-se também, as seguintes relações entre funções trigonométricase hiperbólicas:
sinh(iz) = i sin z ; cosh(iz) = cos z ;
sin(iz) = i sinh z ; cos(iz) = cosh z .
são verdadeiras as fórmulas:
cosh(z1 + z2) = cosh z1. cosh z2 + sinh z1. sinh z2 ;
sinh(z1 + z2) = sinh z1 cosh z2 + sinh z2 cosh z1 .
- funçãoRadical
√ √ ϕ + 2πk ϕ + 2πk
w = nz = nr cos + i sin ,
n n
onde r = |z|, varphi =argz , n = 2; 3; 4; ..., k = 0; 1; 2; ...; (n − 1).
- funçãoLogarítmica
w = ln z = ln r + i(ϕ + 2πk), k = 0; 1; 2; ... .
±
Ao valor k = 0 corresponde o ramo principal da função logarítmica, sobre o qual w =
ln z + iϕ.
são válidas as relações:
1 2 1 2 z1 1 2
ln(z .z ) = ln z + ln z ; ln z = ln z − ln z .
- função de potência
w = za = ea ln z , onde a é um número complexo.
Noção
Seja f (z) uma função de uma variável complexa, definida num domínio D e seja z0 um ponto
de acumulaçao deste domínio. Diz-se que um número complexo L e limite de f (z) quando z
tende para z0 e escreve-se lim f (z) = L se e somente se, dado qualquer número real ε > 0,
z → z0
existir um δ > 0, dependente de ε
Análise Harmónica e 2
, tal que para todos os valores de
z , pertencentes ao domínio
D e sujeitos a condição0 < z z0 < δ , cumprir-se-a a relação f (z) L < ε.
| − | | −
A definição do limite acima pode ser facilmente generalizada ao caso em que z ou f (z) tende
2 Beira, Agosto de
a infinito:
lim f (z) = L ⇔ ∀ε > 0, ∃M = M (ε) > 0 : ∀z ∈ D ∧ |z| > M ⇒ |f (z) − L| < ε,
z→ ∞
lim f (z) = ∞ ⇔ ∀K > 0, ∃δ = δ(K) : ∀z ∈ D ∧ 0 < |z − z0 | < δ ⇒ |f (z)| > K .
z→ z 0
1) lim z2 = 9;
z→ 3
2) lim z2 + 1
z→ i
= 2i.
z−i
Resolução:
1) Para mostrar que lim z2 = 9 através da definição de limite, devemos mostrar que, dado
z→ 3
ε > 0, existe um δ > 0, tal que 0 < |z − 3| < δ , então é válida a desigualdade |z2 — 9| < ε
ε
⇔ |(z − 3)(z + 3)| = 6|z − 3| < ε ⇒ δ = .
6
2 2
2) A função f (z) z + 1 não esta definida para z = , mas lim z + 1 = 2i.
= i
De facto, z−i z→ i z − i
como z i podemos simplificar a funçãof = f (z) de modo que possa ser escrita
na forma z2 + 1 = z + i.
f (z)
=
z−i
Desse modo, |f (z ) − | = |(z + i) − 2i| = |z − i|. Assim para todo ε > 0, obtemos para
0 < |z − i| < δ que |f (z) − 2i| = |z − i| < ε, desde que δ = ε.
Verifica-se uma importante relação entre o limite de funçãode uma variável complexa
e os limites de suas partes reais e imaginárias, a saber: seja f (z) = u(x; y) + iv(x; y)
uma função definida num domínio D e sejam z0 = x0 + iy0 e L = a + ib. Entao, para
que lim f (z) = L e necessário e suficiente quex lim u(x; y) = a e x lim v(x; y) = b. Neste
x x
z→ z0 → →
y→y 0 y→y 0
caso tem-se
lim f (z) = lim u(x; y) + lim v(x; y) = a + ib = L.
x x x x
z→z0
y→y
→0 y→y
→0
Resolução:
Para mostrar que lim (2x + iy2) = −4i, consideremos z = x + iy, entao z0 = x0 + iy0 = 0 + 2i.
z→ 2i
Assim
lim (2x + iy ) = −4i = lim 2x + lim iy2 = −4i.
2
z→ 2i x→0 y→2i
2 Beira, Agosto de
Propriedades dos limites
4) lim
f(z) limz→ z0 f (z) A
z→z0 g(z) = limz→z0 g(z) = B , se B 0.
Resolução:
z2 − 1 (z + 1)(z − 1)
2) lim = lim = lim (z + 1) = 2.
z→ 1 z − 1 z→ 3 z−1 z→ 1
Uma função f (z) com domínio D diz-se contínua num ponto z0 , se ela for definida em z0 e
numa certa vizinhança deste ponto, se existir o limite de f (z)
quando z z0 e lim f (z) = f (z0).
→ z→z 0
É válida a proposição: uma função f (z) = u(x; y) + iv(x; y) será contínua num ponto
z0 = x0 + iy0 se e somente se as suas partes reais u(x; y) e imaginárias v(x; y) forem con-
tínuas nesse ponto.
Conclui-se que a função dada e descontínua no ponto z = −i, pois o seu limite nesse ponto é
infinito.
Uma função f (z) diz-se contínua num domínio D , se for contínua em cada ponto desse domínio.
Exemplo 0.2.5. Uma função polinomial w = Pn(z) = a0zn + a1zn−1 + ... + an−1z + an , a0 /= 0
Pn
é contínua sobre todo o plano complexo, mas qualquer função racional w = ,
Qm
(Pn e Qm são polinómios) é contínua só em pontos z do plano complexo os quais Qm 0.
Análise Harmónica e 2
0.2.6 Tarefas
1) Estabelaça os seguintes resultados usando directamente a definição de limite:
(a) lim (z2 − 2z) = −2;
z→ 1+i
5
(b) lim =
z→ i z2 + 1 ∞
z
2) Prove que o seguinte limite não existe lim
.
z z→ 0
3) Seja f (z) uma função com limite L quando z z0 . Mostre que lim |f (z)| = L.
→ → z0
(a) 3
lim z − 27 ;
z→ i z − 3
(b) 3
lim z − 8i ;
z→ 2i z + 2i
(c) lim 1
z→ 0 (1 + z ) 4 − 1
z ;
(d) lim
ei(Imz)
z→ ∞ z .
6) Estude a continuidade das funções:
, z i, z /= 2i;
(z2+1)(z3
+8i)
(a) (z2−3iz−2)
f (z) = −14i, z = i;
−36i, z = 2i.
z3−z2+2z−2
, 1, z /=
(b) f (z) = z 1 − i, z = 1;
1 + i, z = −i.
2 Beira, Agosto de
Introdução
Nesta unidade, fala-se da derivabilidade de funções de variável complexa, propriedades,
funções analíticas e funções harmónicas. O particular destaque é dado às equações de Cauchy-
Riemann as quais desempenham um papel importante na teoria de funções analíticas.
No fim desta unidade, o aluno deve ser capaz de:
Definir função harmónica e achar as suas harmónicas conjugadas a partir da sua parte
•
real ou imaginária.
2
Augustin Louis Cauchy (1789–1857) — matemático francês
3
Georg Friedrich Bernhard Riemann (1826–1866) — matemático alemão
4
Pierre Simon de Laplace (1749–1857) — matemático francês
Análise Harmónica e 2
0.3.1 Derivabilidade
Seja f (z) uma função definida numa região R (conjunto aberto e conexo). Diz-se que f (z) e
derivável num ponto z ∈ R, se existir o limite
lim ∆f (z) = lim f (z + ∆z) − f (z)
∆z→ 0 ∆z ∆z→ 0 ∆z .
Este limite desgna-se por f (z) ou df e é chamado derivada da função f (z) no ponto z .
J
dz
Assim,
f J (z) = lim ∆f df = lim ∆f (z)
∆z→ 0
(z) ou dz ∆z→ 0 ∆z . J
∆z
É importante observar que para existência da derivada f (z) o limite acima não pode depender
de modo como ∆z tende para zero, ou seja, como o ponto (z + ∆z) tende para z .
Esta requisição pressupõe que a função f (z) seja definida em todos os pontos de uma
vizinhança do z , o que se verifica sempre caso z seja pertecente a uma região. É válida a
proposição:uma função f (z) derivável num ponto z é contínua nesse ponto.
Se f e diferencial em todos os pontos do conjunto aberto que contém um conjunto não-vazio
S R, diz-se que f é holomorfa em S .
⊂
O conjunto de todos as funções holomorfas em S designa-se por H(S). Chama-se função
inteira a uma função que e holomorfa em C, isto é, o conjunto das funções inteiras H(C).
2
Exemplo 0.3.1. 1) A função complexa f (z) = |z| só é diferenciável no ponto z = 0. Na
verdade, com ∆z = r.eiθ , r > 0, θ ∈ R, obtem-se:
f(z + ∆z) − f(z) (z + ∆z)(z + ∆z) − z∆z
h∆z + ∆zz +
= = = ze−2iθ + z + re−iθ .
z.z
∆z ∆z ∆z
Como lim(ze−2iθ + z + re−iθ) = ze−2iθ + z, verifica-se que z /= 0 este limite varia com
r→0
4) f og = (f J og)g J .
Nota 0.3.1. As derivadas das funções elementares de uma função de variável complexa, são
calculadas pelas mesmas regras que se usam para as derivadas das mesmas funções de
variável real.
Para que uma função f (z) = u(x, y) + iv(x; y) seja analítica numa região R é necessário
e suficiente que nessa região sejam derivaveis as funções u(x; y) =Ref (z), v(x, y) =Imf (z)
e estejam satisfeitas em R as equações de Cauchy-Riemann. Uma função que satisfaz as
equações de Cauchy-Riemann so em certos pontos isolados não é analáitica.
Denomina-se ponto singular ou singularidade ou singularidade de uma função f (z) a um ponto
z0 no qual f (z) não é analítica. Um ponto singular z0 de uma função f (z) diz-se ponto sin-
gular isolado ou singularidade isolada desta função , se existe uma vizinhanca de z0 que
não contém nenhum outro ponto singular, distinto de z0 . Caso contrário, diz-se que z0 e
singular- idade não-isolada. A derivada de uma função f (z) = u(x, y) + iv(x, y), que é analítica
numa região R calcula-se conforme as regras:
∂u ∂v ∂v ∂u
f J (z) = + i ; f J (z) = −i .
∂ ∂ ∂ ∂
Uma funçãof (z) = u(x, y) + i(x, y) analítica numa região R possui as derivadas de todas or-
dens em R e essas derivadas por sua vez, tambem, analíticas em R. Neste caso as funções
u(x, y) =Ref (z), v(x, y) =Imf (z) possuem em R derivadas parciais contínuas de qualquer
ordem, e representa funções harmónicas conjugadas, satisfazendo a equação de Laplace, isto
é,2
∂u ∂2u ∂2v ∂2v
+ 2 =0 e + 2 = 0.
∂x 2 ∂y ∂x 2
Esta propriedade permite ∂yrecuperar uma função analítica através da sua parte real ou da
imaginária, a saber. Caso ser dada só a parte real u(x, y) de uma função analítica
f (z) = u(x, y) + iv(x, y), a sua parte imaginária v(x, y) pode-se obter através de u(x, y) de
modo seguinte: x
(x,y) y
∫ ∂u ∂u ∫ ∫
v(x, y) = — dx+ dy +C = − uJ (x, y )dx+ uJ (x, y)dy +C , onde C e a constante
0
∂y ∂x y x
(x0,y0) x0 y0
de integração (x0, y0) e ponto de integração no qual a função u(x, y) e derivável.
Analogamente, a parte real u(x, y) pode
x
ser recuperada através da imaginária v(x, y):
(x,y) y
∫ ∂v ∂v ∫ vJ (x, y )dx + ∫ vJ (x, y)dy + C .
u(x, y) = dx − dy + C =
0
∂y ∂x y x
(x0,y0) x0 y0
2) provar que a função u(x, y) = sinh x. sin y é parte real de uma função analítica
f (z) = u(x, y) + iv(x, y) e obter esta função de modo que f (0) = −i.
y
3) Provar que a função v(x, y) = x arctan
, x > 0 e parte imaginária de uma função
− x
analítica f (z) = u(x, y)+iv(x, y) e recuperar esta função de modo que f (2) = − ln 2+2i.
3 Beira, Agosto de
Resolução:
1) (a) Atendendo que z = x + iy, vamos decompor a função dada nas suas partes reais e
imaginárias
f (z) = z.ez = ex[(x cos y − y sin y) + i(x sin y + y cos y)].
Assim, u(x, y) =Ref (z) = ex(x cos y − y sin y),
v(x, y) =Imf (z) = ex(x sin y + y cos y).
Achamos as derivadas parciais das funções u(x, y) e v(x, y).
∂u = ex(x cos y − y sin y + cos y); = −ex(x sin y + y cos y + sin y);
∂x ∂y
∂v x
∂v
= e (x sin y + y cos y + sin y); = ex(x cos y y sin y + cos y).
∂x ∂y −
E facil ver que se verificam as equações:
∂u ∂v ∂u ∂v
= , =− .
∂x ∂y ∂y ∂x
Concluimos que as funções u(x, y) e v(x, y) tem as derivadas parciais contínuas e
satisfazem as equações de Cauchy-Riemann sobre todo o plano complexo. Logo, a
função dada f (z) é analítica.
(b) Vamos separar a parte real da imaginária da função dada:
f (z) = z sin z = (x−iy). sin(x+iy) = (x sin x. cosh y+y cos x sinh y)+i(x cos x sinh y−
y sin x cosh y).
Obtemos,
u(x, y) =Ref (z) = x sin x cosh y + y cos x sinh y, v(x, y) =Imf (z) = x cos x sinh x
− y sin x cosh y.
A seguir, achamos as derivadas parciais das fun
coes u(x, y) e v(x, y):
∂u ∂u
= x sin x sinh y + cos x sinh y +
= sin x cosh y + x cos x cosh y − y sin y sinh ; ∂y
∂x
y
y cos x cosh y; ∂v
∂v ; = x cos x cosh y − sin x cosh y −
= cos x sinh y − x sin x sinh y − y cos x cosh y ∂y
y∂xsin x sinh y.
∂u ∂v ∂u ∂v
Tem-se /= , =− caso (x, y) /= (0, 0).
∂ ∂ ∂ ∂
Por consequência, a função dada f (z) não satisfaz as equações de Cauchy-Riemann,
senão num ponto isolado z = 0, então, ela não é analítica.
0 0
0)dx+ xdx+
0 0
1 − cosh x cos y + C.
Assim, achamos
f (z) = u(x, y) + iv(x, y) = sinh x sin y + i(1 − cosh x cos y + C)
Atendendo que f (0) = −i, obtem-se C = −1. Deste modo, encontramos:
f (z) = sinh x sin y − i cosh x cosh x cos y = −i cosh z.
3) Para verificar que a função dada v(x, y) satisfaz a equaçãode Laplace, calculemos suas
derivadas da segunda ordem:
∂2v 2x
y ∂2v 2xy
= − , = .
∂x2 (x2 + y2)2 ∂y2 (x2 + y2)2
Agora, tem-se:
∂2 v ∂2 v 2xy 2xy
+ = − + = 0.
∂x2 ∂y2 (x2 + y2)2 (x2 + y2)2
Logo, v(x, y) satisfaz a equação de Laplace e, então, é função harmónica o que prova
que ela é parte imaginária de uma função analítica ∫ x f (z) = u(x, y) + iv(x, y).
∫x ∫y dx ∫ y y
J J
− 1+ 2
v(x, y) =√ − 0 y v (x, 0)dx + v x(x, y)dy + C = − y2 x + dy + C =
0 1
2 2 x 0
−y − a função
Assim, x + yanalítica
+ f (z) fica reposta através da sua parte imaginária v(x, y):
y
f (z) = ( √y ln x + y + C) + i x arctan , x > 0.
2 2
− −x
Atendendo que f (2) = − ln 2 + 2i, achamos C = 0. Deste modo encontramos a função
f (z), satisfazendo a condição indicada:
− y
f (z) = ( √y ln x2 + y2) + i x arctan , x > 0.
− −x
Tomando em consideração que x > 0 tem-se ln √x2 + y2 + i arctan = ln |z| + iargz =
y −
x
ln z, apresentamos f (z) na forma seguinte:
f (z) = iz − ln z, Rez > 0.
3 Beira, Agosto de
0.3.5 Tarefas
1) Calcule as derivadas das seguintes funções:
(a) f (z) = 1 − z2 + 4iz5 ;
(b) f (z) = (z2 − 3)5(iz + 3)2 ;
(c) 3i − (1 − i)z2
f (z) =2z 3− iz +2 3i
2) Use as equações de Cauchy-Riemann para verificar a analiticidade das seguintes funções
e, usando as derivadas parciais calculadas, determine a derivada dessa função:
(a) f (z) = z2 − 2z ;
(b) f (z) = (ey + e−y) sin x + i(ey − e−y) cos x;
1
(c) f (z) = .
z
3) Mostre que as seguintes funções não são analíticas em ponto algum:
7) Provar que as funcções u(x, y) representam partes reais e as v(x, y) partes imaginárias de
certas funções analíticas e obter essas funções de modo que sejam satisfeitas as condições
indicadas:
Integração Complexa
33
Integração Complexa
Introdução
Nesta unidade faz-se uma abordagem acerca de integrais de contornos, com a especial atenção
aos teoremas fundamentais sobre integrais de contornos.
No fim desta unidade, o aluno deve:
• Usar os teoremas fundamentais sobre integrais de contorno para o cálculo das mesmas.
34
Análise Harmónica e 3
Nota 0.4.1. O cálculo dos integrais de funções complexas de variável real pode ser feita
utilizando as técnicas adquiridas nos integrais de funções reais de variável real.
∫
Exemplo 0.4.1. Calcule 1 eitdt.
0
Resolução:
Sabendo que = cos t + i sin t e utilizando as técnicas adquiridas sobre integrais de funções de
variável real, teremos:
∫1 ∫1 ∫1 1
(cos t + i sin t)dt cos tdt + sin tdt = [sin t − i cos t]| 0
= i 0
0 0 1
1 1 ei 1
= [−i(cos t + i sin t)]| it
1
it = −
0
−ie = e i
= 0 i 0
Definição 0.4.1. 1) Uma curva diz-se simples, se a funçãoz(t) (função da curva) for in-
jectiva.
2) Chama-se curva fechada ou contorno fechado a todo arco contínuo, cujas extremidades
coincidem, isto é, z(a) = z(b). Toda curva fechada, cujos pontos, a excepção das ex-
tremidades, sejam todos simples diz-se curva de Jordan.
3) Uma curva diz-se regular se xJ(t) e yJ(t) são funções contínuas em todos pontos do
intervalo.
4) Um conjunto D diz-se conjunto conexo, se quaisquer dois dos seus pontos podem ser
ligados entre si por uma poligonal, toda contida em D. A todo conjunto aberto e
conexo chama-se região.
5) Uma região R, diz-se região simplesmente conexa, se qualquer que seja contorno
fechado, todo situado em R, não contiver no seu ponto interior nenhum ponto, não
pertecente a R.
Exemplo 0.4.2. Na representação paramétrica z = z(t) de um arco Γ, os seus pontos são
ordenados com valores crescente do parâmetro t num intervalo [a, b] de modo que Γ é um arco
Análise Harmónica e 3
orientado, sendo a extremidade z(a) o seu ponto inicial e a extremidade z(b) o seu ponto final.
Um segmento de recta no plano complexo define-se parametricamente por
Γ : z(t) = z0 + (z1 − z0)t, 0 ≤ t ≤ 1.
3 Beira, Agosto de
Γ+
0.4.4 Propriedades do integral de contorno
1) Linearidade
∫ ∫ ∫
[k1f (z) + k2g(z)]dz = k1 f (z)dz + k2 g(z)dz ;
Γ Γ Γ
2) Aditividade
∫ ∫ ∫
f (z)dz = f (z)dz + f (z)dz
Γ Γ1 Γ2
Sendo Γ = Γ1 ∪ Γ2 (Γ1 ∩ Γ2) =Ø
−
Γ
0.4.5 Teorema fundamentais sobre integrais de contorno
Teorema 0.4.1. (Integral de Cauchy). Seja F (z) uma fução analítica numa região simples-
mente conexa R e seja Γ um contorno fechado simples, todo contido em R. Então:
I
f (z)dz = 0.
Γ
Teorema 0.4.2. Seja f (z) uma função analítica numa região simplesmente conexa R e sejam
z1 , z2 dois pontos interiores de R. Então:
∫z 2
z
onde f F(z)dz
(z) é =a Fprimitiva
(z)|z 2 = Fde
(z2f) (z),
− Fisto é, F J (z) = f (z).
z
Teorema 0.4.3. Seja f (z) uma função analítica numa região R e sejam Γ, γ1, γ2, γ3,.....γn ,
contornos fechados simples, todos contidos em R de modo que os contornos γ1, γ2, γ3,......γn ,
sejam exteriores um ao outro, e se encontrem no interior de Γ. Então:
I I I
I = f (z)dz + f (z)dz + ... + f (z)dz
γ1 γ2 γn
Teorema
Γ+
0.4.4. (Fórmula De Cauchy). Suponha-se que f (z) seja uma função analítica em
todos os pontos, situados no interior e sobre um contorno fechado simples Γ e seja z0 um ponto
interior a Γ. Então, é válida a fórmula integral de Cauchy:
I f(z)
1 dz .
f (z 0) = (z −
2 Γ
Teorema 0.4.5. Seja f (z) uma fução analítica em todos os pontos situados no interior e
sobre um contorno fechado simples Γ, então f (z) possui derivadas de todas as ordens em em
Análise Harmónica e 3
∫
Exemplo 0.4.3. 1) Calcule Rez.Imzdz , onde Γ é a poligonal que liga os pontos A(−1, 0),
Γ
B(0, 1), C(1, 0) e orientada no sentido de A para C.
Resolução:
∫ ∫ (B) ∫ (C)
Temos I = Rez.Imzdz = Rez.Imzdz + RezImzdz = I1 + I2 .
Γ (A) (B)
∫ (B)
Primeiro, calculemos o integral I1 = Rez.Imzdz ;
(A)
A equação paramétrica do segmento AB é:
z = z(t) = −1 + t(1 + i), 0 ≤ t ≤ 1, sendo Rez = −1 + t, Imz = t, dz = (1 + i)dt.
∫
Log 1
1
o I 1 =
(−1 + i)t(1 + i)dt = − (1 + i).
0 6
∫ (C) ∫
Agora calculemos 1
I2 = Rez.Imzdz = 1
(B)
t(1 − t)(1 − i)dt = (1 − i).
0 6
Assim I = I + 1 1 — i) = − i.
= − (1 + i ) +
I 1 2
6
3
∫
2) Calcule o integral
Γ (Rez − iz)dz , considerando dois contornos diferentes que ligam os
pontos z1 = 0 e z2 = −1 + i e que são orientados no sentido z1 e z2 :
Resolução:
(a) A
∫ equação paramétrica do segmento [z1, z2] é z = z(t) = t(−1 + i), 0 ≤ t ≤ 1,
sendo Rez = −t, z = t(−1 − i), dz = (−1 + i)dt. Então:
(Rez −iz)dz = ∫ 1 ∫1 .
1
∫ [−t−it(−1−i)](−1+i)dt = (−1+i)(−2+i) tdt = (1−3i)
(b) Atendendo
Γ que z =0 x + iy, dz = dx + idy, Rez = x, z 2= x − iy, obtemos:
0 2
1
(Rez − iz)dz = ∫ z 2 ∫1
[x − i(x − iy)](dx + idy) = y = x , dy = 2x, x|0 = [x − ix −
Γ z 0
1
x2 + (ix + x − ix2)2x]dx = (1 − 10i);
O integral dado também pode6 ser calculado, utilizando a representação paramétrica
do arco da parabóla
∫ Γ : z = z(t) = −t + it2 , 0 ≤ 1.
z+i
3) Calcule o integral dz , onde o contorno Γ−1 representa a semi-circunferência
Γ−1 z − i
|z − i| = 1, Imz ≥ 1, orientada no sentido negativo.
Resolução:
A semi-circunferência Γ− , sendo orientado no sentido negativo, ou seja, percorrida no
sentido horário, pode ser definida pela seguinte equação paramétrica:
Análise Harmónica e 3
z = i + ei(π−ϕ) ou z = i − e−iϕ , 0 ≤ ϕ ≤ π.
3 Beira, Agosto de
∫Atendendo
z+i a quπ∫e dz =−iϕ−ie−iϕ dϕ, π
2i − e
∫Γachamos:
− z − i
dz dϕ (2 + ie− iϕ)dϕ = 2(π + 1).
=1 0 −e −iϕ
= 0
4) Calcule ∫ .
(z + i) cosh zdz
0
Resolução:
A função subintegral f (z) = (z + i) cosh z é analítica sobre todo o plano complexo e,
consequentemente, o integral desta função é independente do contorno de integração e
pode ser calculado, aplicando o método de integração por partes e utilizando a fórmula
de Newton-Leibniz6. Daqui teremos:
∫1 ∫1
1
(z + i) cosh zdz = (z + i) sinh z| sinh zdz =
0 0
0−
∫
6) Calcule e2z
z =1
| z5 .
Resolução:
Atendendo que f (z) = e2z é analítica no interior do círculo unitário (|z| < 1) e z0 = 0
é um ponto pertecente I a essa região, resulta facilmente da fórmulas integrais de Cauchy
n! f(z)
f (n)(z ) = dz
4 0
d 2z
2 I
Γ (z −
n! e2z
(e )|z=0 = dz
Ou
dz4 2πi Γ(z − 0)
5
I 2πi d4 2z 4π
e2z 2πi 4 2z
Γ dz 4 )|z=0 2 2
(z − 0)5 4 =i
dz z=0
7) Calcule os integrais, utilizando a fórmula integral de Cauchy: 3
H
sin z
(a) I , Γ : |z| = 2;
+
Γ cos
(z+1)2z
(b) , Γ : |z| = 3.
Γ+ (z + i)3
Resolução:
teremos:
I I I
sin z sin z sin z
dz = + = I1 + I2 ,
1
Γ+ (z + 1)(z − i) Γ+ (z + 1)(z − i) Γ+2(z + 1)(z − i)
Onde os contornos fechados simples Γ1 , Γ2 envolvem uma vez no sentido positivo
respectivamente os pontos z2 = −1 e z2 = i, são exteriores um ao outro e são todos
contidos no interior do contorno Γ.
Primeiro,
I vamos calcular I1 :
I+
I1 = sin z dz f1(z) dz ,
=
Γ+ 1(z + 1)(z − i) 1 (z − (−1))
sin z é função analítica no interior do contorno Γ . Conforme a fórmula
Onde z − i 1
− z2
z2 2 z=i
Γ
2
z (z dz = = 2! dz
3 Γ (z − i)3
di)2 1
Sendo d −3
) = 6z−4
dz2 z2 =
Então teremos: (−2z
I dz
1 = 6πi.
2
dz = π6z−4| z
Γ z (z −
4 Beira, Agosto de
0.4.6 Tarefas:
1) Calcule os integrasis dados, seguindo os contornos indicados
∫
(a) zdz , onde Γ é a poligonal que une os pontos A(−2, 0), B(−1, 1), C(1, 1), D(2, 0)
Γ
∫é orientada no sentido do ponto A para D .
dz
(b) , onde Γ é o contorno composto pela semi-circunferência |z−i| = 1, Rez ≤ 1
z i
−Γ segmento Rez = 0, 0 Imz
e pelo 3, sendo z1 = 0 ponto inicial e z2 = 3i ponto
≤
final de Γ.
∫1
dz
2) Calcule o integral :
− z
(a) Ao longo de qualquer contorno Γ1 que não passe pelo terceiro quadrante;
(b) Usando um contorno Γ2 todo contido no terceiro quadrante.
i. Γ : |z| = 1 ;
2
3
ii. Γ : |z − i| =.
2
6) Calcule√os integrais seguintes, onde Γ é o quadrado de vértices ±1 ± i e a função
f (z) = z2√+ 4 é determinada pela condição:
I z2 + 4
(a) dz ;
4z2√+ 4z 3
Γ −
I z2 + 4
(b) 2
dz ;
Γ 4z − 4iz − 1
I
(c) √
Γ
z2 + 4
dz .
3z2 − (10 + i)z + 3(1 + i)
4 Beira, Agosto de
Introdução
Nesta unidade, faz-se uma abordagem acerca das séries de funções com a especial atenção
a séries de Taylor, Maclaurin e de Laurent. Fala-se também da classificação dos pontos de
singularidades, particularmente a classificação usando a série de Laurent.
Nesta unidade, o aluno deve:
7
Brook Taylor (1685–1731) — matemático inglês
8
Colin Maclaurin (1698–1746) — matemático escocês
9
Laurent Schwartz (1915-2002) — matemático francês
Análise Harmónica e 4
Dada uma série de potências de coeficientes an , o seu raio de convergência, R, pode ser
calculado com base no critério da raíz
R= 1
,
lim n→ ∞ |an|
√ n
an+1
Ou seja, converge para |z − i| < 2.
2) A série de potências
Σ ∞
f (z) n+2
= n (z − 4)n
3n + 1 1 1
1
n=0 √ limn→ ∞ n
R= n = q = n+2
=3
limn→ ∞ |an| n+2 n lim n→ ∞ 3n+1
3n
Análise Harmónica e 4
Ou seja, converge para |z − i| < 3.
4 Beira, Agosto de
Teorema 0.5.1. (de Taylor). Toda a função analítica num disco D : |z − z2| < R pode ser
desenvolvida
∞ neste disco de um único modo em série de potência de (z z0):
−
f (z) Σ
= cn(z − z0)n , |z − z0| < R, onde os coeficientes cn , calculam-se pelas fórmulas
nI=0
1 f 1 (n)
= dε = f (z0todo contido em D e que envolve o ponto z uma vez
cn 2Γ um contorno fechado nsimples
Sendo (ε − 0
Γ
no sentido positivo.
Desenvolvimentos Notáveis
2 3 ∞ n
z z Σ z
1) ez = 1 + z + + + ... = , z ∈ C;
2 3 n
n
∞
z3 z5 Σ (−1)n−1z2n−1
2)
, C;
sin z = z − + + .. z
3! 5! n (2n −
2 4 (2n)!
z z Σ
3) cos z = 1 − + + ... = , z ∈ C;
2 4
(−1)nz
z3 z5 Σ (−1)n−1z2n−1
4) ∞ , C;
sinh z = z + + + ... z
= 2 4
n
∞ (2n
2n −
z z Σ z
5) cosh z = 1 + + + ... = , z ∈ C;
2 4 n (2n
∞
6) ln(z + 1) = z − Σ
z2 z3 (−1)n−1 |z| < 1;
+ − ... = n ,
2 3
n=0
Σ∞
7) 1
= 1 − z + z2 − ... = (−1)nzn , |z| < 1;
1 n
1
8) = 1 + z + z2 + ... = zn , |z| < 1.
Σ∞
1−z n=0
Teorema 0.5.2. (de Laurent). Toda a função f (z) analítica no interior de um anel
A : r < |z − z0| < R pode ser desenvolvida neste anel de um único modo em série de potências
de (z z0∞) da forma seguinte:
−Σ
f (z)
= cn(z − z0)n , r < |z − z0| < R,
n
I
=−∞
Onde cn 1 f(ε) (ε
= 2πi n+1
dε.
−z )
Γ+
0
Sendo Γ um contorno fechado simples todo contido em A, e que envolve o ponto z0 . A
série de Laurent representa uma generalidade da série de Taylor e pode ser escrita na forma de
soma de uma série de potências (z z0) com expoentes positivos e de uma série de potências
de (z z0) com expoentes negativos, que
− são chamadas, respectivamente, parte regular e parte
singular
∞ − da série de Laurent,
∞ a saber∞
Σ Σ Σ
cn(z − z0)n = (z − z0)n + cn(z − z0)−n .
−
n= n=0 n=1
Ou,
f (z) = gs(z) + gr(z)
em que
Σ∞
gs(z) = 1 n
a−n é parte singular (ou principal) da série, sendo convergente em
z − z0
n=1
|z − z0| > r , e
∞
Σ
gr(z) = an(z − z0)n é chamada a parte regular (ou analítica) da série, sendo convergente
n=0
z z0 < R.
| −
Quando a parte principal da série de Laurent é nula esta reduz-se à série de Taylor:
∞
Σ
f (z) = gr(z) = an(z − z0)n .
n=0
1
Exemplo 0.5.2. 1) A função f (z) =
(1 z)2
−
Tem um desenvolvimento em série de Maclaurin que pode ser obtido de dois modos difer-
entes. Sendo conhecida a soma da série geométrica, temos, derivando ambos membros,
∞
1 Σ
1 − z = n=0
∞
z (−1) 2
n
n−1
Σ(1 − z) = nz
1−
n=1
∞
Σ
(1 − z)2 = (n + 1)zn
n=0
O mesmo resultado pode ser obtido a partir da definição S˙ endo
1
f (z) =
Análise Harmónica e 4
J 2(1 − z )(−1) 2
f (z) = − (1 − z)4 = (1 z)3
JJ 2.3(1 − z)2(−1) − 6
f (z) = − =
(1 − z)6 (1 − z)4
3
f JJJ (z) = − 6.4(1 − z) (−1) 24
(1 − z) 8 = (1 − z)5
4 Beira, Agosto de
(n)
(n + 1)!
f (z) = ,
e (1 − z)n+2
an = f (n)(0)
n!
(n+1)!
(n + 1)! (n + 1)n!
(1−0)n+2
= n! ∞= n! = ∞ n! =n+1
Σ Σ
f (z) = an(z − z0)n = (n + 1)zn .
n n
z(z
0 <−|z|
1)(z 2) = zregião
− Nesta
< 1. (z − 1)(z − 2) = z
podemos − = − + =
fazer 1 1 1 1 z − 2 z − 11 z1 2 −1 z 1 −1z
1
!
1
1 1 1 1 1 n
z − z n
= = ∞ ,
z 1− − 21 z n Σ 2n 2
Σ∞ z
2 ..
sendo a primeira série absolutamente convergente para |z| < 1, e a segunda para . < 1
2
⇒ |z| < , resulta que o desenvolvimento em série encontrado o desenvolvimento .
convergen te em Γ : 0 < |z| < 1.!Podem os ainda escrever !
Σ Σ∞ ∞
1 Σ 1 Σ ∞ ∞
1 z = 1 1 =
f (z) = − n
z z
n zn− z
z ∞ 2 1−
Σ n−1 1
⇒ f (z) = z 1 .
n=0 2n+1
1 1 1 z 2
∞ 1 1 z
21−
4 Beira, Agosto de
1 1Σ 2 !
z n
1Σ 1
n
— = − — z ,
z n
z1 n
.z.
sendo a primeira série absolutamente convergente para . < 1 ⇒ |z| < 2, e a segunda
2
.
Análise Harmónica e 4
3) Pôlos. Um ponto singular isolado z0 é dito um pôlo de ordem n de f (z) sse existe um
inteiro positivo n tal que
lim (z z0)nf (z) = L, L C/ 0 .
z→ z 0— ∈ {
Se n = 1, z0 é dito um pôlo simples. Se z0 é um pôlo de f (z) então lim = ∞.
z→ z0
4 Beira, Agosto de
Uma função analítica em C, excepto num número finito de pôlos é dita uma função
meromorfa.
1
Exemplo 0.5.4. A função f (z) =
(z − 1)(z + 2)2(z + i)3 tem um pôlo simples em
z = 1, pôlo de ordem 2 em z = −2 e pôlo de ordem 3 em z = −i.
sin
Exemplo 0.5.5. A função f (z) =
z tem uma singularidade removível em z = 0,
z
dado que lim sin z = 1
z→ 0
z
5) Singularidade essenciais. Uma singularidade que não é um pôlo, um ponto de ramifi-
cação ou uma singularidade removível, é dita uma singularidade essencial. Se z0 é uma
singularidade essencial de f (z) se não existe lim f (z).
z→ z0
=−∞
Σ∞ (z 2) n−3 Σ
ez−23 = f
∞
Exemplo 0.5.8. A função (z) = − = (z − 2)n
(z − 2) n! (n + 3)! .
n
n=0 =−3
1 1 ∞
= Σz = Σ
−n 0
Exemplo 0.5.9. A função f (z) = e z1 Σ∞ zn tem
n! z n
n! (−1) n
= n!
n=0 n=0 n=−∞
uma singularidade essencial em z = 0 (Um número infinito de termos de parte principal
é diferente de zero).
z+2
(c) f (z) = cos , D : |z + i| > 0
z
Resolução:
(z + 3)
(a) Atendendo que z2 + 1 = (z − i)(z + i), obtemos f (z) = .
A fução (z − i)(z + i)
f (z) tem duas singularidades isoladas z1 = i e z2 = −i, é analítica no
domínio dado D e, por força do teorema de Laurent, pode ser desenvolvida neste
domínio em série de potências de (z − i). Para realizar este desenvolvimento, vamos
transformar a expressão da f (z), separando (z − i)
z 2
1 i
(b) Transformemos
Onde a expressão
, da função dada de modo seguinte:
2 = 1(3 − n =
4
i z
Seja u(z) = . Notemos que o domínio D : |z| > 0 representa uma vizinhança do
ponto z3
z = ∞.
Neste caso verifica-se
Análise Harmónica e 4
|u(z)| = i = 1 < 1
. .z3 . z3
5 Beira, Agosto de
1)!
n=0
(b) A função dada tem um ponto singular z1 = h( , onde h(z) = z, ϕ(z) = z − sin z.
ϕ(z)
Verificando que h(0) = 0, mas h (0) = 1 /= 0 e ϕ(0) = 0, ϕJ(z) = 1 − cos 0 = 0,
J
0.5.6 Tarefas
1) Obtenha o desenvolvimento em séries de potências de z e (z + i) das funções:
∞
(e) Σ nzn .
n=0
(a)
f (z) (1 − cos z)2
;
z6
(b) =
1 − cosh z2
;
f (z) z5
=
1
(c) f (z) = z3 ;
z−2
(d) 2 + z2 − 2 cosh z
f (z)
z5 + 2z4 + z3
=
Análise Harmónica e 5
Introdução
Nesta unidade, destaca-se a aplicação de resíduos no cálculo de integrais próprios e de funções
trigonométricas, integrais impróprios de funções racionais e trigonómetricas.
No fim desta unidade, o aluno deve:
0.6.1 Resíduos
Seja f (z) uma função analítica no interior de um disco D com centro num ponto z0 , excluindo
z0 .
Suponha-se que z0 seja um ponto singular isolado da função f (z). Chama-se resíduo da função
f (z) em z0 ao numerador designado por
Resz→ z0 f (z) ou IResf (z0) é definido de modo seguinte:
1
Res(z ) = f (z)dz ,
0+
onde Γ é um 2 contorno
Γ
fechado simples todo contido em D e que envolve o ponto z0 uma vez
no sentido positivo.
Desta definição resulta que o resíduo de uma função f (z) num ponto singular isolado z0
é igual ao coeficiente c−1 da série de Laurent da função f (z) na vizinhaça de z0 , isto é,
Resf (z0) = c−1 .
O resíduo de uma função no ponto infinito é dado por
I
1
Resf (∞) = f (z)dz
+ 2
Onde Γ é um contorno Γ fechado simples envolvendo todos os pontos singulares finitos f (z)
uma vez no sentido negativo.
Desta definição resulta que:
I 1
Resf ( ) = f (z)dz = −c−1 , sendo c−1 coeficiente de Laurent da função na vizin-
∞ −2πi Γ+
hança do ponto z = ∞.
Γ+
Teorema 0.6.2. Seja f (z) uma função analítica sobre todo o plano complexo estendido,
excepto em um número finito de pontos singulares isolados z1, z2, z3, ..., zk e no ponto z = ∞.
Então,
k
Σ
Resf (zj) + Resf (∞) = 0.
j=1
k
Σ
2) Seja Resf (zj) da função f (z). Então, o resíduo calcula-se pela fórmula :
j=1
Resf (z0) = lim [(z z0)f (z)];
→ z0
z
Análise Harmónica e 5
4) Suponha-se que z0 seja uma singularidade essencial da funç ao f (z). Para achar Resf (z0)
neste caso é preciso determinar o coeficiente c−1 no desenvolvimento de Laurent da
função f (z) na vizinhança do ponto z0 . Então Resf (z0) = c−1 .
5) Para encontrar resíduo f (z) no ponto infinito é necessário desenvolver f (z) em série
de Laurent na vizinhança do ponto z = ∞ e determinar o coeficiente c−1 . Então,
Resf (∞) = c−1 .
1 dz ,
f (z)
ieiθ 0 iz(θ) |z|=1 iz
0 0
se for analítica sobre a circunferência z = 1.
|
No acto da substituição da variável z = eiθ , é útil reconhecer
cos θ z + z−1
eiθ+e
−iθ
=
= 2 2
sin θ − −1
eiθ − e−iθ = z z .
= 2i 2i
I Σ2
f (z)dz = Res(f, zj)
2πi
Γ j=1
sendo
1 dk−1
lim
Res(f, z1) = (k − 1)! z→ z dz ((z − z1) k f (z))
1
k−1
1
= lim d2 z6 + 1 21
2 = .
(3 − 1)! z→ 0 dz (2z − 1)(z − 2) 8
Res(f, z2) = lim (z z2)f (z)
− z
→
z6 + 1 z 65
2
= lim1 3 =− ,
z→ z (z − 2) 24
Então teremos:
2
∫ 2π I Σ2
cos 3θ 1 z6 + 1 1
dθ = − dz = − Res(f,
0 |z|
5 − 4 cos θ z3(2z − 1)(z − 2) j
21 65 π
= −π − = .
8 2 1
(b) Se n ≥ k + 1 e α ≥ 0, então
∫∞
Pk(x) cos(αx)dx = −2π k
Im Res
Σ eiαz Pk(x) ,z j
−∞ Qn (x) Qn(x)
j=1
Pk(x) Qn(x)
iαz
e
5 Beira, Agosto de
situados no semi- plano imaginário superior.
I
(d)
(2z6 − z5 − 3iz4)
,
1
.
Γ+ ez Γ : |z| = 8
(z5 − i)
Resolução:
sin 2z
(a) A função subintegral f (z) =
(z − i)3 é analítica em todos os pontos, situados no
interior e sobre o contorno Γ, excepto no ponto singular z0 = i. Segundo o teorema
1 sobre resíduos temos:
Atendendo a que z0 = i é pôlo triplo da função f (z), achamos
1 d2 1
1 d2
Resf (i) lim 3 lim
= 2! z→ i dz 2=[(z − i) f (z)] 2 z→ i dz = 2
(sin z) (−4 sin 2z) = −2 sinh 2;
Assim, 2
I = 2πi(−2i sinh 2) = 4π sinh 2.
cos z
(b) A função subintegral f (z) = é analítica em todos os pontos, situados no
z2(eiz + 1)
interior e sobre o contorno do integral Γ, excepto em dois pontos singulares z1 = 0
e z2 = π. Logo conforme o teorema 1 sobre resíduos teremos:
I cos z
dz = 2πi[Resf (0) + Resf (π)]
Γ + z2(eiz + 1)
Sendo z1 = 0 pôlo duplo da função f (z), achamos
d 2
Resf (0) = [z f (z)] = d cos z
lim lim iz
z→ 0 iz izz→ 0 e +
= lim — sin z(e + 1).i cos ze i
z→ 0 =−
(eiz + 2 4
1)
A singularidade z2 = π é pôlo simples da função f (z). Então,
Resf (π) = lim [(z − π)f (z)] = (z − π) cos z i
lim =−
Assim, z→ π z→ π z2(eiz + 1) π2
I = 2πi i
− −i =
π
+
2
4
2 integração
π 1 1
(c) No interior do contorno de Γ a função subintegral f (z) = cos
1 Logo
c 1
I o z dz = 2πi[Resf (0) + Resf
f cos = cos
1 z z 1+ i + 1
= i i i1
z+i i z+i
2
Análise Harmónica e z+i 5
=i 1+ + ...
z+i
Então,
∫∞
2) Calcule o integral x2 dx.
0 (x + 1)(x2 + 4)
2
Resolução:
A função subintegral é uma função racional par, cujo denominador não têm raízes
reais. O grau do numerador é k = 2 e do denominador n = 6 verificam a condição n ≥
k + 2.
A extensão da função subintegral ao plano complexo é
f (z) = 2 z2
(z + 1)2(z2 + 4)
Esta função tem sobre o semi-plano superior um pôlo duplo z1 = i é um pôlo simples
z2 = 2i. Então, o integral impróprio dado pode ser calculado de modo seguinte:
∫∞ ∫
x2 1 ∞ x2 1
I= dx = = 2πi[Resf (i) + resf (2i)]
0
Onde (x2 + 1)2(x2 + 4) 2 2 2
−∞ (x + 1) (x + 4) 2
2
Resf (i) 5i
d z2 = − ;
lim 2 2
z→ i dz (z + i) (z + 36
i
Resf (2i) = z2 2 4) = .
lim
Assim, z→ 2i (z + 1) (z + 2i) 9
5i i π
I = πi − + = .
3 9 3
∞
∫ x sin x
3) Calcule o integral dx.
−∞ x2 + 4
Resolução:
Sendo Qn (x) 0, ∀x ∈ R, n ≥ m + 1 e α = 1 ≥ 0, então
∫∞
Pk(x) sin(αx) = 2π k
Re Res iαz Pk(x)
Σ e ,z j
−∞ Qn(x) j=1
Qn(x)
jαz
Pk(x)
Os pôlos de f (z) = e são z = ±2i. Temos então no semi-plano imaginário
Qn(x)
superior apenas o pôlo z2 = 2i. Calculando o resíduo correspondente
Res(f, 2i) = lim (z − 2i)f (z) = 2ie−2 1
zeiz = 2iei(2i) = = 2
lim
z 2i z→ 2i z + 2i 4i 2e
Daqui, teremos:
→
k 4i
∫ ∞
x sin x dx = 2π Re Res = 2πRe π
Pk(x) 1 .
Σ eiαz ,z j =
−∞ x2 + 4 j=1
Qn(x) 2e2 e2
6 Beira, Agosto de
0.6.5 Tarefas
1) Determine os pôlos e respectivas ordens de cada uma das funções:
(a) z+4
z(z 2+ 1)
(b) sin z
z (z − π) ;
3
1
(c) ;
2
z sin (πz)
1 − ez
(d) ;
4
z sin(1 + z)
1
(e) ;
(eiz −z 1)2
e
(f) .
z
z(1 − e )
2) Mostre que z = 0, é singularidade removível das funções:
1 1
(a) − ;
ez − 1 z
1 1
(b) − .
z si
3) Determine os pôlos e calcule os resíduos correspondentes para as seguintes funções:
e3z
(a) ;
z(z − 1)2
1
(b) ;
sin zz
e
(c) .
z sin z
4) Calcule os integrais de contorno, utilizando o primeiro teorema de resíduos:
I ez 1
(a) − dz Γ : |z + i| = 3 ;
Γ+
z(z2 + 1) 2
I ,
(b) sin2(z + i)
Γ+
dz Γ : |z| = 2;
,
I z(z + 1)
(c) eiz + 1
Γ+
dz Γ : |z − 3| = 4.
,
z sin z
5) Calcule os integrais dados, aplicando os teoremas sobre resíduos no ponto infinito:
(a) I z3 iz4
|z|=10 − dz ;
I z5 + 4
(b) (c)
|z|=4 |z|=5
6 Beira, Agosto de
z3 2z2 + 1
dz −
(z2 + i)(z − 2)
;
1 4z5
dz −
(z4 + i)2
Análise Harmónica e 6
[1] BEIRÃO, J.C. Análise de funções de variável complexa, ISP, Maputo-Moçambique, 1993
[2] ÁVILA, Geraldo. Variáveis complexas e aplicações , LTC, Rio de Janeiro-Brasil, 1990
[3] ELISSEV, Alexandre...[et al.]. Funções de uma variável Complexa Parte I, UEM, Maputo-
Moçambique, 1999
[4] ELISSEV, Alexandre...[et al.]. Funções de uma variável Complexa Parte II, UEM,
Maputo- Moçambique, 1999
62