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status por fazer parte daquele grupo. Fiz amigos dentro e fora do miRC, lembro de marcarem
encontros fora do espaço, porém naquela época não podia participar. Naquela época havia
uma intensa necessidade da relação presencial x virtual, como forma de maior interação dos
participantes, no entanto, este estudo me fez perceber que, hoje, as relações nos fóruns
pesquisados, procuram se pautar exclusivamente na virtualidade. Outro ponto é que essa
interação apenas no virtual não é algo contestado ou discutido, nunca se marca encontros, é
algo internalizado com um fato, o que me leva a estuda-las considerando somente a
virtualidade.
No que diz respeito às aprendizagens, percebo que as dúvidas, questões e trocas se
dão somente no espaço virtual do fórum, apenas em um ou outro momento alguns
participantes explicitamente fazem links, remontam pontos, com outros tópicos de fóruns
relacionados a temática discutida. Outro ponto que pesquisa me apresentou, foi que as
respostas as questões discutidas no fórum, não obedecem uma lógica temporal, podendo ser
respondidas imediatamente ou então dias depois, e isso não causa problemas nas relações
entre os participantes.
Assim, os fóruns estudados, possuem características diferentes dos ambientes do
passado, principalmente devido a evolução dos dispositivos tecnológicos, por exemplo nos
anos 2000 a maioria dos celulares apenas ligava e desligava, imagina então enviar e receber
fotos. Outro fator diz respeito aos encontros fora do ambiente que eram comuns no miRC, e
que hoje não são mais.
Após esses saudosos tempos de conversas fluidas em chats, outras questões
relacionadas ao ciberespaço me suscitam reflexões pessoais e principalmente pedagógicas,
agora enquanto profissional da educação. Como professora formadora do Núcleo de
Tecnologia do Estado – NTE em Belém no estado do Pará, ao longo de minha experiência
profissional pude perceber muitas vezes, certa falta de interesse dos participantes nos fóruns
dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem - AVA, especificamente no ambiente e-proinfo do
governo federal e no moodle, onde ministrava formação aos professores, por mais esforços
que a equipe tivesse a participação dos professores estava muito condicionada a questão da
nota, percebia pouco engajamento destes nos AVAs. E, ao mesmo tempo ao participar de
fóruns generalistas da internet minha experiência tem mostrado, ao menos inicialmente, uma
rica participação dos integrantes, além de uma constante troca de informações entre os
mesmos.
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processos nestes espaços e, talvez, indicar possíveis caminhos para educação em tempos de
cibercultura.
A partir do exposto, esta a tese apresenta as seguintes questões de investigação
que são: 1) como se constituem as motivações dos participantes nos fóruns generalistas da
internet pesquisados? Se desdobrando em outras como: 2) Que tipos de trocas ocorrem entre
os interagentes nos fóruns? 3) E, que aprendizagens ocorrem nestes espaços? Tal temática é
importante para melhor compreender as aprendizagens em rede. Esta pesquisa objetiva
investigar como se constituem as motivações dos participantes e as aprendizagens
desenvolvidas nos fóruns generalistas da internet e especificamente: observar e analisar os
tipos de trocas entre os participantes; identificar as motivações dos participantes de
participarem, interagirem e colaborarem nos fóruns; analisar os discursos produzidos nas
trocas neste espaço.
Para a pesquisa piloto foram escolhidos dois fóruns, a escolha procurou considerar
diferentes estruturas de fóruns generalistas na internet, um com uma estrutura mais livre, com
pouca ou nenhuma norma de conduta, como se a moderação fosse praticamente ausente, e
outro com uma estrutura de fórum mais fechada com normas de conduta estabelecidas e com
a moderação mais presente. Assim, vamos observar os seguintes fóruns da internet que são
UOL Fórum, no Vale Tudo UOL no tópico “Mostre sua refeição diária”, e na página do
HardMOB no fórum Áudio, Vídeo & TV no tópico “Clube da Pioneer MRX – 3”.
Para continuidade da tese será realizado novo estudo empírico, desta vez
abrangendo o fórum Outer Space no tópico “MUSCULAÇÃO (perda e ganho de peso) Agora
com ÍNDICE” e Reddit na “Comunidade Brasil” com grupo temático a ser escolhido
posteriormente, tendo por critério de escolha a diversidade temática, elemento característico
de fóruns generalistas, tipo de estrutura das mensagens, forma como os participantes são
representados nos fóruns (anonimamente ou não); funcionalidade (se é de fácil uso pelos
participantes) e liberdade do discurso. Além da utilização das categorias desenvolvidas no
piloto, novos aportes teóricos e metodológicos serão realizados, dentre eles estudos
metodológicos sobre analise do discurso (BAKHTIN, 1997; GILES, 2015, 2019; HICKS,
1995; PARKER, 2014; POTTER, J & WETHERELL, M, 1987) e estudos teóricos sobre
capital social (BOURDIEU, 1986).
A metodologia considera os princípios da etnografia do ciberespaço (RIFFIOTIS,
2010; 2016), entendendo este não como “um artefato, mas como um conjunto de processos
que permitem interações sociais e possibilitam a emergência de grupos” (RIFIOTIS, 2010,
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2. NÓS CONCEITUAIS
2.1 O Ciberespaço
pense-se no ciberespaço como uma caixa de Petri social, sendo a Rede o meio de
àgar-àgar e as comunidades virtuais, em toda a sua diversidade, as colônias de
microorganismos que normalmente se desenvolvem nas caixas de Petri. Cada uma
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traduzidas sob forma de bits, imateriais, abstratas, lidas por uma meta-máquina (o
computador, o ciberespaço). Atualiza-se, com o ciberespaço, o grande sonho
enciclopédico de, em um único media, armazenar todo o conhecimento da
humanidade, disponível a todos” (LEMOS, 2008, p. 71).
Adan Schaff (2001), expõe que a primeira revolução técnica científica pode ser
situada ente o final do século XVIII e o início do século XIX tendo como característica a
substituição, na produção, da força do homem pela máquina. A segunda, na qual estamos
assistindo agora, se caracteriza pela ampliação das capacidades intelectuais dos homens sendo
possível até a sua substituição na produção e nos serviços. E a terceira que é a revolução da
microeletrônica, da cibernética, da microbiologia, da engenharia genética, da energia nuclear,
da informática, dos chips. O autor nos coloca que “a primeira revolução conduziu a diversas
facilidades e a um incremento no rendimento do trabalho humano, a segunda por suas
consequências, aspira à eliminação total deste” (SCHAFF, 2001, p.22)
Schaff (2001) nos faz refletir que os elementos dessa terceira revolução
técnico- científica (microeletrônica, microbiologia e energia nuclear) permitem abrir “amplos
caminhos do nosso conhecimento a respeito do mundo e também do desenvolvimento da
humanidade. Como vimos, as possibilidades de desenvolvimento são enormes, como também
são enormes os perigos inerentes a elas, especialmente na esfera social” (p.25).
Para Castells (2008), estas revoluções tecnológicas vão gerar uma nova estrutura
social onde as dinâmicas das redes, sua lógica e forma irão compor o tecido social. Neste
sentido, o autor considera que:
Castells (2002), expõe que todos os protocolos nos quais é baseada a Internet,
desde o seu início até agora, estão em código livre Todos estão na Net, podendo ser baixado e
usado por quem quiser. Ressalta-se que a internet é a combinação de quatro culturas
diferentes e que se apoiam mutuamente, uma responsável pela outra. Assim, temos na
cibercultura “a cultura universitária de investigação; a cultura hacker com a sua paixão por
criar; a cultura contracultural por inventar novas formas sociais e a cultura empresarial de
fazer dinheiro através da inovação”. (CASTELLS,2002, p.10).
22
2.2 Cibercultura
A primeira fase é caracterizada pela mistura entre arte, religião, ciência e mito.
Avida social é um todo coerente que gira em torno de um universo sagrado. A
técnica e a ciência não têm um estatuto privilegiado porque estão imersas na
dimensão global. Nesta fase, o olhar em relação à técnica está próximo da
indiferença” (p.52).
Na segunda fase,
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utilização das redes abertas na internet. Para Levy (2007), o ciberespaço seria o atual espaço
antropológico, por ele considerado:
Lévy coloca que o manuseio técnico é importante na cibercultura, porém mais que
isso é necessário reinventar o laço social em torno do aprendizado recíproco, da cooperação
das competências, da imaginação e da inteligência coletiva, ressaltando que:
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global cujas dimensões éticas e estéticas são tão importantes quanto os aspectos
tecnológicos ou organizacionais. (p.26).
retificar que a inteligência coletiva é mais que o cognitivo, sendo principalmente uma
proposta global com dimensões éticas e estéticas.
Um exemplo de inteligência coletiva seriam as comunidades virtuais. Rheingold
(2000) considera que as comunidades virtuais são junções sociais que emergem da rede
quando existe certo número de pessoas, apresentando discussões longas e com emoções
humanas, formando interconexões de relações pessoais que de algum modo modifica os
participantes desta. Costa (2005) expõe que atualmente Pierre Lévy tem defendido a
participação em comunidades virtuais como estímulo à formação de inteligências coletivas.
O estudo mais aprofundado dos fóruns generalistas podem clarificar se estes
seriam espaços de inteligência coletiva, os resultados da pesquisa poderão nos dar luz sobre
essa questão. Considerando para tanto, que os fóruns generalistas são constituídos por atores
sociais, entendidos como “espaços de interação, lugares de fala, construídos pelos atores de
forma a expressar elementos de sua personalidade ou individualidade. ” (RECUERO, 2009,
p.26).
Outro ponto interessante colocado por Castells (2008), a partir dos trabalhos de
Wellman e colaboradores, é a reflexão de que muitas vezes, tende-se a transpor o conceito de
comunidade das ciências sociais para entender as comunidades virtuais. E, notadamente, tem-
se um conceito idílico de comunidade, considerando que está seria “uma cultura muito unida,
espacialmente definida, de apoio e aconchego que provavelmente não existia nas sociedades
rurais, e que decerto desapareceu nos países industrializados” (p.444). E, hoje o que temos:
alertar contra uma visão nostálgica de comunidade que promove a suposição de que a vida
moderna está cada vez mais nos privando de fortes laços interpessoais.
Outro autor a entender que o conceito de comunidade virtual não deve se encaixar
em alguma realidade social conhecida é Wilbur (2005), ele não apresenta um conceito sobre o
tema, mas indica possiblidades para a sua construção, considerando que:
importante não forçar concepções antigas – como na fronteira mítica, por exemplo –
no novo fenômeno das redes multitarefas descentralizadas, maquinas de
compartilhamento de tempo e interfaces homem-máquina..então, talvez as melhores
definições são multifacetadas” (p.08).
internet ingressam em redes ou a grupos online com base em interesses e valores e, já que tem
interesses multidimensionais, também os terão suas afiliações on-line” (p.4).
“tudo o que existe nos indivíduos e nos lugares concretos de toda realidade histórica
como impulso, interesse, finalidade, tendência, condicionamento psíquico e
movimento nos indivíduos — tudo o que esta presente nele de modo a engendrar ou
mediatizar os efeitos sobre os outros, ou a receber esses efeitos dos outros” (Simmel,
2006, p.60).
padrões de sociabilidade em relação dos contatos que são cada vez mais seletivos e
autodirigidos com a tendência na construção de redes de sociabilidades baseados na escolha e
na afinidade.
Nas relações em rede, temos outros conceitos importantes como Laços fortes e
Laços fracos proposta por Granovetter em 1974 e por ele revisitada em seu artigo The
Strength of Weak Ties: A Network Theory Revisited de 1983, expondo que “Laços Fortes”
são característicos de redes relacionais muito densas a exemplo de amigos íntimos e
familiares e os “Laços Fracos” característico de redes pouco densas, mas com diversos
contatos como é o caso de amigos não íntimos e conhecidos. Em sua revisão o autor expõe a
força dos Laços fracos para a expansão da criatividade “porque laços sociais fracos se
estendem para além dos círculos íntimos” (GRANOVETTER, 1983, p.220)
Trata-se de um vínculo que não demanda interações para ser mantido, é uma relação
mais fluida e menos conectada, na qual não há intimidade, reciprocidade ou mesmo
confiança. Essas conexões ou “coleções de perfis” guardam semelhança com a
definição de “Laços Fracos” de Granovetter, ao desempenharem o papel de
propagadores de inovações, difundindo referências e experiências, facilitadas pela
tecnologia que amplia o acesso e acelera as interações com um número maior de
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cruzam e não há uma hierarquia definida, pois estes trabalham em atividades e ações
coordenadas, sempre no esforço de desenvolver e manter uma ideia compartilhada de um
problema (DILLENBOURG, 1999).
Importante diferenciar os conceitos de cooperação e colaboração, o primeiro se
refere apenas à distribuição de atividades ou tarefas entre os participantes de uma ação. Já a
colaboração exige trocas entre os participantes “é uma filosofia de interação e um estilo de
vida pessoal, enquanto que a cooperação é uma estrutura de interação projetada para facilitar a
realização de um objetivo” (PANITZ, 1996, apud. IRALA, 2004, p.4).
As interações entendida como uma ação entre pares possibilitam as relações e os
laços sociais, tendo "sempre um caráter social perene e diretamente relacionado ao processo
comunicativo” (RECUERO, 2009, p. 31). No contexto da cibercultura, estas podem ser
síncronas que ocorrem em tempo real e assíncronas quando a expectativa da reposta não é
imediata. Neste sentido um e-mail ou um fórum teriam:
“Os grupos temáticos são divididos em hierarquias (alt, comp, rec, etc.) e não há um
controle central, mas uma ética (a netiqueta) estabelecida coletivamente onde os
participantes ajustam seus problemas internos de modo autônomo e coletivo. Os
servidores de news, a alma da rede Usenet, funcionam de forma livre, mas
organizada. Dessa maneira, a natureza anárquica, não comercial e em crescimento
geométrico, mostra que essa forma de agregação social é hoje uma realidade”
(LEMOS, 2008, p.148).
as mensagens, como linear (em lista), hierárquica (em forma arvore) e em rede (grafo).
Abaixo, na figura 01, apresento as principais estruturas dos discursos em ambientes em rede,
extraído de Fuks (2003).
piloto foi realizado um levantamento prévio de dois fóruns o UOL e hardMOB, os critérios de
escolha desses fóruns considerou que tivessem temáticas e também estrutura organizacional
diferentes, por exemplo, o UOL é um fórum mais aberto, de temática livre, com menos
moderação, já o fórum hardMOB tem temas no geral relacionados a tecnologia, com uma
moderação nem tão presente, porém com participantes muito mais adaptado as normas gerais
de funcionamento do fórum.
Um dos fóruns é o Vale Tudo do fórum UOL Jogos 1 no tópico “Mostre sua
refeição diária” bastante popular entre os tópicos deste fórum, nele você pode observar as mensagens
ou participar das discussões fazendo o login com e-mail e senha através de um cadastro. Nas figuras
02 e 03, abaixo, mostro como este fórum se apresenta na internet, onde podemos observar que
o fórum Vale Tudo da UOL é o que possui mais tópicos e mensagens.
Fonte: http://forum.jogos.uol.com.br
Fonte: http://forum.jogos.uol.com.br
1
Endereco: http://forum.jogos.uol.com.br/vale-tudo_f_57
41
Fonte: http://forum.jogos.uol.com.br/em-memoria-de-mostre-sua-refeicao-diaria
Na figura 04, acima, podemos ver o participante que criou e postou a primeira
mensagem no tópico, seu nome é “É PAVÉ OU PACOMÊ?”, neste tópico todos os
participantes tinham como foto de apresentação o uso de avatares que é uma representação
digital de si mesmo, e usavam nomes que provavelmente não correspondia à realidade.
Podemos também observar na foto de entrada, outras informações que aparecem quando o
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usuário posto algo, como o nível que indica credibilidade, quantitativo de mensagens e data
do cadastro do participe.
Os usuários do fórum podem possuir estrelas e coroas, que representam o tempo
do usuário no fórum (um ano para cada coroa e uma estrela a cada dois meses), e apresentam
um sistema de níveis para identificar os usuários de credibilidade que vai dos níveis 1 a 10,
para subir é preciso marcar pontos contando número de mensagens, data de cadastro, número
de mensagens e tópicos avaliados positivamente e número de mensagens e tópicos apagados
(fora das regras). Assim, ganha um nível quem cumpre todas as condições como: ter os
pontos, ter o tempo de cadastro e ter a porcentagem mínima de avaliações boas. E, cada
mensagem ou tópico publicado conta um ponto. Já as mensagens irregulares diminuem seu
ranking e têm peso maior (uma mensagem apagada pode significar muitos pontos perdidos).
Abaixo apresento um recorte com algumas das regras do fórum:
UOL Fórum:
O Fórum é um espaço público. Sua utilização requer do participante a aceitação das
regras abaixo:
Não serão permitidas, e poderão ser excluídas pelo UOL sem prévio aviso, as
mensagens:
que violem qualquer norma vigente no Brasil, seja municipal, estadual ou
federal;
com conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à
violência ou a qualquer ilegalidade, ou que desrespeite a privacidade alheia;
com conteúdo que possa ser interpretado como de caráter preconceituoso ou
discriminatório a pessoa ou grupo de pessoas;
com informação relativa a pirataria de software;
com linguagem ou imagem grosseira, obscena e/ou pornográfica;
de cunho comercial e/ou pertencentes a correntes ou pirâmides de qualquer
espécie;
que caracterizem prática de spam;
que caracterizem prática de flood;
fora do contexto do grupo ou tópico escolhido (offs).
O UOL:
não se responsabiliza pelas opiniões e comentários dos freqüentadores do
Fórum. O conteúdo de cada mensagem é de única e exclusiva responsabilidade civil
e penal do autor da mensagem. O conteúdo das mensagens não é revisado pelo
UOL... (<<http://forum.jogos.uol.com.br>>, acesso 18/03/2018)
Nas regras do fórum não existe normas para moderação, normas sobre
obrigatoriedade de postar, manual de conduta sobre como se portar, nele o participante posta
se quiser e quando quiser que não será penalizado diferente do outro fórum pesquisado o
hardMOB. Mesmo com todas as regras, já observei mensagens que infringiam as normas,
contudo neste tópico nunca vi ninguém ser expulso e/ou advertido, mas pelas conversas entre
os participantes isso acontece em outros tópicos, uma possível forma de saber se o
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Fonte: http://forum.jogos.uol.com.br/em-memoria-de-mostre-sua-refeicao-diaria
Na figura 05, acima, o participante “Aquele Mesmo” posta sua refeição de final de
semana. No topo da tela mais azulada temos como responder a mensagem clicando em “citar
esta mensagem” e é possível também que outros participantes possam dar um ok ou um não
para a foto, bastando para isso apertar as mãos que aparecem no topo com o sinal positivo ou
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negativo. No rolo do tópico para cada postagem, pergunta ou resposta ao tópico aparece para
o leitor ou participante a imagem de “citar esta mensagem” sempre no topo da tela, clicando
neste local se pode fazer perguntas para quem postou a mensagem ou então responder uma
pergunta.
Na figura 06, abaixo, outro participante Sega&AMD indaga o autor da postagem.
Como vemos a pergunta do participante Sega&AMD fica logo abaixo da postagem que
originou a indagação.
Fonte: http://forum.jogos.uol.com.br/em-memoria-de-mostre-sua-refeicao-diaria
Fonte: http://forum.jogos.uol.com.br/em-memoria-de-mostre-sua-refeicao-diaria
Fonte: http://forum.jogos.uol.com.br/em-memoria-de-mostre-sua-refeicao-diaria
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Por fim temos a figura 09, neste recorte podemos observar uma maior interação,
onde o participante “Aquele Mesmo” a partir das questões colocados pelo participante
“Sega&AMD” chega a uma proposição.
Fonte: http://forum.jogos.uol.com.br/em-memoria-de-mostre-sua-refeicao-diaria
Do exposto, a trilha acima apresenta uma discussão entre dois participantes do
fórum, sobre hábitos alimentares, tipos de comidas, preparo de refeições e cálculo sobre
valores dos pratos considerando a classe social. Esta discussão também mostra que os
participantes de um fórum, migram entre outros fóruns no ambiente da UOL questão exposta
pelo participante “Sega&AMD” na figura 07. Nesta trilha, observamos algumas interações
com elementos de aprendizagens em rede .
Outro fórum observado é o HardMOB2 que é outra página de discussão
generalista da internet, possuindo temáticas versando sobre jogos, ciência e tecnologia,
cultura e entretenimento, com vídeos, imagens, servidores, blogs e fóruns.
2
Endereço: http://www.hardmob.com.br/content/
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Fonte: http://www.hardmob.com.br
A figura 10, apresenta a visão geral do fórum hardMOB, e todos os seus fóruns.
Esta página está em pleno funcionamento. Os fóruns são subdivididos em salas com vários
tópicos de discussão sobre assuntos relacionados à temática geral dos fóruns. Neste espaço,
você pode entrar e ver as mensagens ou participar das discussões estando logado no ambiente,
podendo postar perguntas e respostas necessitando de cadastro no ambiente para inserção de
e-mail e senha. A participação nos tópicos está condicionada a regras, com infrações leves,
médias e graves, abaixo apresento as normas com as infrações leves e médias:
2.1 - Criação de login (nome de usuário) semelhante aos utilizados por qualquer
membro da equipe de moderação.
2.2 - Tópicos ou mensagens com o tema "Empresa A vs. Empresa B".
2.3 - Mensagens com fatos e informações errôneas ou falsas.
Serão avaliadas pela Equipe de Moderação e o autor contactado via MP, se
observado ou constatado conteúdo especulativo nas mesmas.
Se após análise e contato com o autor, e a situação permanecer será considerada
como infração média.
2.4 - Mensagens que não contribuam com o andamento do tópico.
2.5 - Falta de cordialidade e educação, seja em tópico, mensagem, assinatura, perfil
ou mensagem privada.
2.6 - Descumprimento sucessivo de regras locais.
Fonte: http://www.hardmob.com.br/content/
Fonte: http://www.hardmob.com.br/audio-video-and-tv
quantitativo de verdinhas que o participante possui. Abaixo, na figura 12, apresento a tela com
a primeira postagem no tópico, em todas as telas pode-se visualizar a ordem, sequencia ou
numero sequencial da postagem ao observar na barra superior à direita o número após o
símbolo jogo da velha (#).
Fonte: http://www.hardmob.com.br/audio-video-and-tv
Na figura 13, abaixo, temos um recorte de uma tela com a visualização de como
as perguntas e respostas dos participantes ficam apresentadas no tópico. Podemos observar no
canto inferior direito a presença de aspas (“), que é o espaço onde o participante pode
responder na mensagem. A citação (espaço cinza claro) é a pergunta e ao tocar nas aspas o
participante pode responder a pergunta que aparece na tela branca. Dentro de uma mesma tela
pode aparecer varias citações, ou seja mais de uma resposta.
Fonte: http://www.hardmob.com.br/audio-video-and-tv
Este fórum tem características e temáticas diferentes do fórum UOL, talvez pelos
temas abordados, observei que os participantes estão muito dispostos a ajudar a resolver
questões. Percebi também que muitos participantes, já se conhecem de outros tópicos no
mesmo fórum.
Este tópico iniciou com a seguinte pergunta “vamos trocar informações sobre essa
caixa” e a partir dessa questão os participantes do ambiente começaram a trocar informações
sobre essa questão. A cada problema sobre a caixa de som que aparecia, os participantes
tentavam se ajudar na busca de resolução para o problema, questões eram levantadas e no
geral as perguntas sempre tinham respostas. A partir desta apresentação da estrutura e
dinâmica dos fóruns UOL e hardMOB, foi possível elaborar a tabela XXX que procura
contrastar os elementos constituintes do dois fóruns.
ID 12,87% 37,91%
IR 31,68% 26,37%
IA 5,94% 2,74%
54
II 00 3,84%
IM 00 23,07%
Deriva 22,77% 00
[…] 01 Citando 02: teoricamente vc consegue acessar pelo google home, ou pelo
aplicativo compatível, clicando no ícone do chromecast [...].a testar como ela se
comporta ligada em LAN ? pergunto pq cabeei meu apto inteiro e só ouço falar de
delay pelo wifi ou bluetooth [...] a minha não chegou ainda pra testar.
Resposta 01: Sim, exato, ela aparece no aplicativo do Google Home, e nos
aplicativos. Eu até pensei em testar cabeada, seria apenas um teste mesmo pq não
tem como ela ficar onde coloco o roteador […].
[…] Fala 01: Vc conseguiu solucionar este problema? Estou com 2 caixas que
pretendia usar na tv e em ambas as caixas ocorre este "silêncio" na caixa por alguns
segundos quando ligada por p2 [...]
06 responde: Percebi que é só quando algo que está passando tem algum momento
de silêncio daí a caixa fica muda [...]
Fala 02: Eu não testei via P2 [...] vc já tentou desligar o stand-by automático? Já tive
esse problema […]
Fala 12: Aqui tá acontecendo isto também. O engraçado é que assisti um filme
ontem usando o cabo P2 e foi sem problema algum.
Fala 12: Minha conclusões são as seguintes: - A caixa possui um recurso para
desligar a reprodução quando não está saindo som para evitar que, por exemplo,
3
Dispositivo criado pelo Google para transformar TVs comuns em Smart TVs com acesso a apps diversos.
Fonte: http://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/chromecast.html
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quando eu vá conectar o cabo num aparelho (celular, TV, qualquer coisa) [...].- Para
tapear esse recurso, é necessário deixar o volume da fonte de áudio no máximo (ou
mais alto, como queira) e passar a controlar o volume na caixa.- Se estiver
reproduzindo através de um computador (usando o VLC, o Media player classic ou
qualquer player mais configurável), é possível pré-amplificar o áudio, o que
minimiza o problema. Aqui funcionou e por enquanto não percebi mais esses cortes
[...].
[…] Fala 01: Seria bem legal se ela tivesse entrada de USB de forma que vc pudesse
controlar os arquivos via Wi-fi, ela poderia inclusive criar um servidor próprio
DLNA de música, já que tem acesso a rede.
Fala 09: desistiu de devolver a de 359?
Fala01: Ainda não resolvi, pedi a devolução, mas só irei devolver se a de 269 tiver
chegado, ai devolvo, mas até o momento não houve movimentação na totalexpress
desse pedido.
Fala 05: Cancelei meu pedido de 359 hoje. F5 aí […].
Porém, a partir de uma análise mais acurada, consideramos que estas postagens
mesmo fora da temática inicial faziam parte do contexto daquela comunidade e de alguma
forma estava relacionada à questão principal.
Por fim, a maioria das mensagens do fórum hardMOB, se enquadra na
subcategoria interação reativa, seguida da interação dialógica, deriva e interação discursiva.
Observamos poucas trocas na perspectiva interação argumentativa. Verificamos nas postagens
com IDIA indícios de colaboração e nas IR elementos de comunidade de prática. Outro ponto
analisado é que os participantes do fórum atuam como comunidades virtuais. Os fóruns
mesmo não configurados como espaços de aprendizagem formal, possuí traço central da
cibercultura: a aprendizagem em rede.
Nas primeiras análises do fórum UOL, a maioria das mensagens se enquadrou na
subcategoria interação discursiva que é quando um participante expõe um assunto e quer
provocar discussões (a postagem da foto em si já seria teria esse caráter provocador). Esta
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P2 é a entrada para fones de ouvido mais comuns entre os aparelhos multimídia. Ele o auxilia a conectar um
CD player, MP3 player, Notebook, Microcomputador a um dispositivo de som como um Amplificador,
Subwoofer, Home Theater, Rádio ou até mesmo em alguns casos TV. Fonte:
techtudo.com.br/perguntas/218139/entrada-p2.
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thread, abaixo, é um dos exemplos de trocas entre os participantes, neste caso em especifico a
conversa iniciou com um pergunta (IR) porem no geral, neste fórum, as participações iniciam
com a postagem de fotos com legenda (ID). O dialogo abaixo inicia com um participante que
faz uma pergunta no fórum sobre como usar os alimentos devido à dieta e a partir desta
pergunta começam algumas discussões, como podemos observar no dialogo:
[…] Fala 04: Vocês que estão de dieta aqui, me respondam algumas indagações:
1. Tenho que fritar a proteina(com azeite de oliva), colocar no grill, ou assar no
forno?
2. Posso refogar os legumes com azeite de oliva, cebola e alho?
3. Como temperar a salada?
Pergunto isso porque o azeite de oliva é calórico, mas se tiverem outra sugestão
agradeço.
Fala 07 para 04: Azeite ou nada, legumes o correto é cozinhar a vapor mas o único
que eu ligo é o brocolis, o resto eu faço a bagaceira que eu quiser. procura temperos
fit no youtube uma lista boa de canais:
https://www.youtube.com/channel/UCzLku3Nr8z0QaG1mP2Qn45A
https://www.youtube.com/channel/UCUqR_3LRQ0RgnzvWYt8Z1EQ
https://www.youtube.com/channel/UCXP-mmy06-y73mMk1rnYO1A
(esse não é de dieta)
https://www.youtube.com/channel/UC6D1NnWCVxDDiQvHch1L8Mw
Fala 04 para 07: Então, mas eu cozinho eles no vapor e quando eles estão perto de
ficar prontos, eu jogo uma pitada de sal e pimenta. Mas as vezes tenho vontade de
refogar eles, mas fico meio assim por causa das calorias do azeite. E sobre a
primeira pergunta, posso fritar as paradas a vontade ou é melhor usar o grill?
Fala 07 para 04: Ele perde parte dos nutrientes, dependendo do oleo e temperatura tb
faz mal a saude, se eu não me engano o azeite é um dos oleos que que você pode
usar uma temperatura mais alta e por mais tempo. Aqui em casa eu nao uso oleo e só
uso fogo baixo pra fritar, comprei uma frigideira dessas aqui:
https://pt.aliexpress.com/item/Non-stick-Copper-Frying-Pan-with-Ceramic-Coating-
and-Induction-cooking-Oven-Dishwasher-safe-10-Inches/32737559733.html
Fala 04 para 07: Ha ta. Cara vou olhar isso ai
Fala 05 para 04: 1-Não uso grill e não tenho muita neura pra gordura. Frito no azeite
ou na manteiga , cozinho ou então asso. 2-Pode. 3-Salada temperada? aqui sempre
comi alface e tomate sem tempero
Fala 04: Entendi. É que a maioria daqueles canais de dieta os caras fazem no grill ou
no forno as paradas. Tenho que perder a banha e falam que a gordura saturada nesse
caso é contra-produtivo.
Fala 05 para 04: Se tu quer perder a banha então retire o que eu disse (emoji)
Fala 04: aí complica parceiro
Fala 09:
Fala 09 para 04: Pra temperar salada eu coloco limão, azeite, pouquinho de sal e
ajinomoto... se tiver vinagre, eu coloco, mas bem pouco... mas sem fica bom
também
Fala 13 para 04: 1) Eu faço no óleo/ azeite/ manteiga. Ingiro 80g de gorduras por dia
e só coloco nos cálculos. 2) pode 3) limão, sal, azeite. Dieta flexível é a única que
presta
Fala 04 para 13: NADA a ver
Fala 07: Lembrando que dieta flexivel nem sempre é saudavel, ficar tomando
refrigerante e tempero zero calorias, encaixar certos lixinhos diariamente.
Fala 05 para 07: Uai. É só não exagerar ue , qualquer coisa em excesso vai fazer mal
Fala 02 para 07: Pra que refrigerante zero quando podemos tomar uma bela
limonada sem açucar?
Fala 16 para 04: Nossa mano sai da neura, tempera as coisas normalmente, usa o que
tu preferir pra fritar, esse tipo de coisa vai ser completamente indiferente no teu
58
resultado final se a tua dieta estiver certa, comida tem que ser boa, nao vai atras
desses "canais fit" que faz tudo na agua, sem sal sem porr@ nenhuma, te garanto
que nenhum atleta come dessa forma, o sucesso da dieta (além dela ser bem
elaborada obviamente) é a consistência, não adianta fazer uma dieta que restringe
tudo e parar no meio do caminho pq nao aguenta mais comer comida bost@ […]
(fonte: fórum UOL 16/01/2018).
Nessa thread, podemos perceber que os participes procuram ajudar o colega sobre
uma questão que foi colocada, as trocas iniciam com uma pergunta inicial pedindo
informação ao grupo, observamos a presença de interação dialógica (IDIA) na trilha.
Observamos também o uso e compartilhamento de recursos da rede nos vídeos e nas giphys
que são animação curtas. Em alguns trechos do enxerto acima, percebemos a presença de
interação impositiva (II), que não foi observada no fórum hardMOB. Neste fórum percebemos
a presença de muitos elementos da cultura digital como emojis, giphys, vídeos entre outros.
No recorte da pesquisa também foi observado o uso de elementos técnicos, principalmente
nas interações reativas (IR), no entanto esses elementos técnicos não eram capazes de gerar
aprofundamento nos diálogos.
Por fim, no fórum hardMOB, a maioria das mensagens se enquadra na
subcategoria interação reativa (IR), seguida da interação dialógica (IDIA) e interação
discursiva (ID). Nele observamos poucas trocas na perspectiva interação argumentativa, e
verificamos nas postagens com IDIA indícios de colaboração.
Já no fórum UOL a maioria das mensagens se enquadra na subcategoria interação
discursiva (ID), seguida da interação reativa (IR) e interação técnica (IT), observamos poucas
trocas na perspectiva interação argumentativa. Também verificamos nas postagens com IDIA
indícios de colaboração.
A partir dessas analises iniciais, algumas questões podem ser pontuadas como:
- Os fóruns, assim como as redes, são sistemas complexos onde temos ordem,
desordem, incerteza, resistência, sínteses, interferência e múltiplos significados, lembrando
que assim também é a construção de conhecimento. E, pesquisar sobre os fóruns generalistas
da internet a partir desta perspectiva possibilita delinear novos nuances para sua compreensão
no contexto das práticas ciberculturais.
“fórum uol” e “aprendizagem em rede”), e a partir da leitura dos títulos dos trabalhos,
observei possíveis relações com o meu tema de pesquisa, também foi feito a leitura dos
resumos. Os resultados apontaram para dois trabalhos um na área de letras e outro na ciência
da informação, ambos sem relevância para esta pesquisa. Ao usar a palavra chave
“aprendizagem em rede” foram encontradas 34 itens entre dissertações e teses, onde a maioria
dos trabalhos versavam ou sobre a educação a distancia, construção de novos modelos e
ambientes de EaD ou sobre o desenvolvimento de disciplinas da educação formal em
ambientes como redes sociais.
Para a pesquisa na Base da Web of Science, usei as palavras "general internet
forums" e “internet forums”, compreendendo o período entre 2014 a 2019, considerando os
títulos dos trabalhos e resumos, observando relações com o meu tema de pesquisa. Neste, foi
encontrado um trabalho com relevância para a pesquisa (MIOLA, 2010; JUGUEL& LECINE,
2015). Já o termo “internet forums”, apresentou 284 resultados que ainda estão sendo
analisados para este estudo.
Nos grupos de pesquisas sobre fóruns da internet encontrei alguns trabalhos
relevantes, como os do grupo de pesquisa do Programa de Pós-graduação em Comunicação e
Cultura Contemporâneas – PosCom da Universidade Federal da Bahia. O primeiro trabalho
“Como avaliar a deliberação online? Um mapeamento de critérios relevantes” de Sampaio et
all 2012, explora os critérios utilizados nas pesquisas da área de Deliberação Online. Através
de uma ampla revisão de literatura, encontrou 59 artigos que elencavam os indicadores a
serem medidos em discussões na internet, entre as categorias agrupadas no artigo foram i
encontra: reciprocidade, pluralidade, respeito, igualdade, informação e outros. Outro artigo
“DISCUSSÃO POLÍTICA ONLINE NO BRASIL: Ocorrência e manutenção da discordância
política no Facebook”, autoria de Rodrigo Carreiro e Wilson Gomes de 2017, trouxe a
relevância do elemento recurso técnico que seriam outras formas de interação; apresentou
como resultado a importância das threads para compreensão de processos pois fora desses
espaços as discussões não se alongam, concluindo também que os memes mesmo comuns não
apresentaram grande impacto nos posts analisados e que a função geral do deboche, sátira
ficou restrito, na maioria, a momentos em que a discussão estaria morta.
Já o trabalho “Quão deliberativas são discussões na rede? Um modelo de
apreensão da deliberação online”, de Rafael Cardoso Sampaio, 2012 propõe a aplicação de
um modelo com itens para construção de fóruns deliberativos que são desenvolvidos para
debates on-line sobre politicas publicas, a aplicação do modelo gerou maior debate e
61
3. TEORIAS DA APRENDIZAGEM
pensados para compreender aprendizagem nas redes numa abordagem sócio-histórica temos o
de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que seria:
Usando esse método, podemos dar conta não somente dos ciclos e processos de
maturação que já foram completados, como também daqueles processos que estão
em estado de formação, ou seja, que estão apenas começando a amadurecer e a se
desenvolver. Assim, a zona de desenvolvimento proximal permite-nos delinear o
futuro imediato da criança e seu estado dinâmico de desenvolvimento, propiciando o
acesso não somente ao que já foi atingido através do desenvolvimento, como
também àquilo que está em processo de maturação. (VYGOTSKY, 1991, p. 97-98)
um conjunto de pessoas leva adiante discussões públicas longas o suficiente, e com suficiente
emoção, para estabelecerem redes de relacionamentos no ciberespaço” (p.18), o autor ao
tentar explicar por que as pessoas participam de comunidades sejam elas virtuais ou não
expõe que os indivíduos participam das comunidades objetivando bens ou recursos coletivos
que somente elas, ou a adesão a elas, podem oferecer como: relacionamento social;
conhecimento e comunhão de interesses (SMITH apud RHEINGOLD, 1993).
Na educação, o conceito de comunidade de aprendizagem vem de longe, Silva
(2005), diz que ele é oriundo dos movimentos da Escola Nova e,
“embora expressando ideias diferenciadas conforme as visões pedagógicas dos seus
criadores (de Montessori, de Decroly, de Freinet, etc.) adoptam em comum os
princípios da aprendizagem construtivista e da utilização de metodologias activas,
centradas na realização de projectos, na resolução de problemas e na aprendizagem
cooperativa.” (p.18)
Notadamente, estas possuem objetivos educativos bastante explícitos, com planejamento além
de possuírem um ou mais educadores entre os participantes da comunidade.
Wenger (1998) considera que a aprendizagem em comunidades virtuis possui
como principal centro norteador o aprendizado como participação social, expondo que:
A aprendizagem, nesta perspectiva, tem como ponto de partida a ética Hacker que
para Himanen (2001), pode ser pensada considerando-se três níveis, a saber: a Ética do
Trabalho; a Ética do Dinheiro e a Nética. Diferente da ética protestante do trabalho, derivada
do ensaio de Max Weber “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, que coloca o
conceito de trabalho na base do espírito capitalista iniciado no século XVI, o trabalho na
67
perspectiva hacker deve conter: paixão; motivação; liberdade; criatividade; flexibilidade, onde
os indivíduos atribuem significados as atividades desenvolvidas; compartilhamento e valor
social. Percebe-se que a paixão consegue melhor descrever pontos importantes do espirito
hacker como: dedicação, inspiração e felicidade, a palavra paixão consegue descrever o tom
geral de sua atividade.
Sobre a ética do dinheiro, os Hackers entendem que este não é um fim em si
mesmo, diferente da ética protestante na qual a motivação é o dinheiro e o trabalho é fonte de
aceitação social. Para os Hackers, a motivação do trabalho é obter o reconhecimento entre os
pares, ou na comunidade, e este reconhecimento deve estar imbuído de paixão, ou seja, é
resultado de uma ação apaixonada. Como vemos, para eles o trabalho tem um valor diferente
da lógica protestante, tem um valor social que muitas vezes o dinheiro não pode dimensionar.
Por fim, temos o terceiro ponto da ética hacker, a Nética, ou ética da rede, que é a forma
como os hackers se relacionam em rede, no cuidado nas relações dentro da comunidade, se
referindo aos princípios de conduta necessários para a comunicação em rede. Os valores
presentes na ética hacker não são exclusivos dos espaços tecnológicos, eles também ser
pensados e desenvolvidos em ações ou práticas como na área da educação.
A cultura Hacker possui origens na academia, diferente da ética protestante que
tem suas origens no monastério. Assim, tendo raízes no modelo acadêmico, configura-se,
como um modelo aberto e que cresce ao ser compartilhado e melhor aprofundado pelos pares,
oposto a um modelo fechado e autoritário, onde um ente superior define os objetivos e como o
grupo de subordinados irá executá-los. Esta aprendizagem, como colocam Himenan (2001) e
Levy (2012), mesmo tendo origem no modelo acadêmico, se diferencia deste no sentido que
as credencias acadêmicas não são levadas a sério, os “hackers devem ser avaliados por seus
resultados práticos, e não por falsos critérios como formação acadêmica, idade, raça, ou
posição social” (LEVY, 2012, p.29).
O processo de aprendizagem hacker se inicia com um problema interessante,
seguido do trabalho para resolvê-lo. Em seguida, este problema é submetido a prolongados
testes e após todo esse trabalho, tem-se a culminância com a comunicação dos resultados.
Nesta perspectiva, podemos citar Linus Torvalds que aprendeu a programar com um
computador herdado do avô, ele sabia dos problemas da máquina e procurou aprender como
resolvê-los, muitos hackers aprendem a programar assim de forma informal, mesclando
momentos de autodidatismo em seu isolamento e de busca de ajuda e de compartilhamento de
conhecimentos em redes, nos fóruns das comunidades virtuais. Uma questão importante é que
68
quando um hacker aprende ele ensina os outros, procurando desenvolver formas de as pessoas
aprenderem com o seu trabalho e o reconhecimento dos pares faz parte deste processo
(HIMANEN, 2001; LEVY, 2012). Poderíamos considerar quatro níveis no modelo de
aprendizagem hacker, sintetizados na imagem XXX, abaixo.
Fala 01: Vc conseguiu solucionar este problema? Estou com 2 caixas que pretendia
usar na tv e em ambas as caixas ocorre este "silêncio" na caixa por alguns segundos
quando ligada por p2.
06 responde: Percebi que é só quando algo que está passando tem algum momento
de silêncio daí a caixa fica muda.
Fala 02: Eu não testei via P2, vc já tentou desligar o stand-by automático? Já tive
esse problema.
Fala 12: Aqui tá acontecendo isto também. O engraçado é que assisti um filme
ontem usando o cabo P2 e foi sem problema algum.
Fala 12: Minha conclusões são as seguintes: - A caixa possui um recurso para
desligar a reprodução quando não está saindo som para evitar que, por exemplo,
quando eu vá conectar o cabo num aparelho (celular, TV, qualquer coisa).- Para
tapear esse recurso, é necessário deixar o volume da fonte de áudio no máximo (ou
mais alto, como queira) e passar a controlar o volume na caixa.- Se estiver
reproduzindo através de um computador (usando o VLC, o Media player classic ou
qualquer player mais configurável), é possível pré-amplificar o áudio, o que
minimiza o problema. Aqui funcionou e por enquanto não percebi mais esses cortes.
construindo assim processos de aprendizagem que podem ajudar a renovar também práticas
de ensino-aprendizagem na educação formal em tempos de sociedade em rede. Este modelo
de aprendizagem hacker poderia ser definido como “Academia de Rede”, com a característica
de ser aberta, ser um ambiente de aprendizagem em continua evolução, sendo criado pelos
próprios hackers.
Pretto e Bonilla (2015), apresentam alguns elementos para o sistema educacional
numa perspectiva hacker, sendo os seus principais princípios:
“• O acesso a todo e qualquer meio de ensino deve ser total aos que querem
aprender.
• Desconfiar da autoridade significa pensar que os professores, livros e quaisquer
fontes de informação devem ser lidos com desconfiança.
• Os processos de aprendizagem precisam estar centrados numa lógica baseada na
criação e produção de culturas e conhecimentos e não no consumo de informação,
da mesma maneira que deve ser defendido o livre acesso a todo tipo de informação.
• É necessário compreender a diversidade de saberes, culturas e conhecimentos
trazidos para a escola por alunos, professores, mídia e materiais didáticos.
• A cópia é parte do processo de aprendizagem e deve ser defendida, assim como o
livre acesso a todo tipo de informação.
• O erro não deve ser criminalizado e nem mesmo evitado, pois ele faz parte dos
processos de aprendizagem que têm como foco a busca de formar cidadãos criadores
de conhecimentos, saberes e culturas.
• A arquitetura das escolas deve ser tal que possibilite que as atividades se deem de
forma muito mais livre e coletiva” (BONILLA E PRETTO, 2015).
3.2.4 Conectivismo
4. OBJETIVOS
74
5. METODOLOGIA
75
Neste tópico vou discutir questões relevantes sobre a etnografia que podem ajudar
a melhor entender elementos da pesquisa. A etnografia surgiu no campo da antropologia,
encontrando eco nas ciências, principalmente humanas e sociais (FRAGOSO, 2011). Podendo
ser definida como a ciência de descrever grupos humanos, seus comportamentos, instituições
e crenças.
Malinowski (1978) contribuiu para a etnografia por meio da observação, a partir
dele a pesquisa etnográfica procura conviver e olhar para o outro de forma a captar
afetivamente o entorno. Em seu trabalho “Argonautas do Pacífico Ocidental”, ele se deslocou
para a aldeia, longe do convívio de outros homens com imersão na cultura local, procurando
aprender a língua nativa. E mesmo não conseguindo se desvencilhar dos informantes,
empreendeu a observação direta por meio da convivência diária, e participação nos eventos,
considerando que:
Desta forma, a etnografia feita por meio da “descrição densa” possibilita perceber
as particularidades, ou miudezas por meio das seguintes características: “ela é interpretativa; o
que ela interpreta é o fluxo do discurso social e a interpretação envolvida consiste em tentar
salvar o ‘dito’ num tal discurso da sua possibilidade de extinguir-se e fixa-lo em formas
pesquisáveis” (GEERTZ, 2008, p.31), assim somente a descrição densa possibilita diferenciar,
os olhares nervosos, o olhar irônico, o olhar de conspiração com outra pessoa e, perceber a
diferenciação desses olhares só será possível se o etnógrafo for capaz de captar as diferenças
de significado buscando o “ponto de vista dos nativos” (GEERTZ, 2008).
Geertz considera o homem como emaranhado de teias o “homem é um animal
amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu”. E, a partir disso entende cultura
78
“como sendo essas teias e a sua análise, portanto, não como uma ciência experimental em
busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado”. As proposições
acima me fazem refletir sobre meu objeto de pesquisa, que também é constituído deste
emaranhado de significações, e como tal é importante que a prática etnográfica seja pautada
em descrições densas, registradas e anotadas para consultas posteriores e geração de dados.
Essa descrição densa nos fóruns deve ser capaz de captar as sutilezas, nas relações dos
participes nos fóruns, as atuações encontradas entre outros elementos que vão constituir o
ponto de vista dos integrantes daquele grupo.
ideal para iniciar esses estudos, na medida em que pode ser usado para explorar as
complexas inter-relações existentes entre as afirmações que estão previstas para as
novas tecnologias em diferentes contextos: em casa, espaços de trabalho, nos meios
de comunicação de massa, e em revistas e publicações acadêmicas (2000, p. 13)
do diário de campo, a realização de entrevistas, entre outros. Neste sentido o autor aponta
orientações, a exemplo do diário de campo, instrumento da pesquisa antropológica,
considerando que este não deve “ser confundido com um simples “tomar nota”. A real
importância do diário de campo reside exatamente no vaivém entre notas e campo, a reflexão
sistemática entre experiência parcial e a busca de recorrências significativas” (2010, p.21). O
autor indica outros pontos a serem considerados na pratica etnográfica em contextos de
cibercultura, elencados abaixo, como:
Podemos dizer que a codificação é o esqueleto da análise, a estrutura analítica que construirá
a analise sendo um ele fundamental entre a coleta e o desenvolvimento de uma teoria para
explicar os dados.
No projeto piloto a observação etnográfica possibilitou ver padrões de
participação e interação dos membros do grupo. Assim, observamos que os interagentes ao
participarem das discussões, desenvolviam certos padrões de interação, verificamos que em
determinados momentos os partícipes ao postarem no fórum procuravam incitar uma
discussão, em outros aprofundar algum assunto por meio da troca de ideias e informações, na
tentativa de chegarem ha um consenso. Já em outros momentos suas postagens,
principalmente no fórum hardMOB, os participes procuravam sintetizar uma ideia a partir da
discussão de um problema anterior e, por várias vezes, verificamos publicações que apenas
reagiam a uma postagem sem evoluir nas trocas. E, com base nestes dados coletados, a
categoria Interação foi ampliada nas subcategorias listadas no quadro 03.
Nesta etapa se fará a pesquisa de campo nos fóruns com a observação, realização
de entrevista qualitativa, além da coleta de dados e outros elementos, importantes e
relevantes, observáveis no ambiente de pesquisa, a observação se baseará nos princípios da
etnografia do ciberespaço (RIFIOTIS, 2010; SEGATA e RIFIOTIS, 2016).
3) Etapa – Análise
REFERÊNCIAS
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