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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
CURSO DE TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL – HABILITAÇÃO EM
EDIFÍCIOS
TABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC

CORRUPÇÃO NAS LICITAÇÕES PÚBLICAS: UM ENFOQUE SOBRE


OS PRINCIPAIS TIPOS DE FRAUDES EM LICITAÇÕES DE OBRAS
PÚBLICAS NA REGIÃO METROPOLITANA DO CARIRI.

CÍCERA FURTADO PEREIRA

JUAZEIRO DO NORTE - CEARÁ

2016
0
CÍCERA FURTADO PEREIRA

CORRUPÇÃO NAS LICITAÇÕES PÚBLICAS: UM ENFOQUE SOBRE OS


PRINCIPAIS TIPOS DE FRAUDES EM LICITAÇÕES DE OBRAS PÚBLICAS NA
REGIÃO METROPOLITANA DO CARIRI.

Projeto de Pesquisa apresentado a


Universidade Regional do Cariri - URCA
como requisito para obtenção do título de
Tecnólogo com habilitação em Edifícios,
sob orientação do
Prof. Me. Jefferson Luiz Alves Marinho

JUAZEIRO DO NORTE – CEARÁ

2016

i
CICERA FURTADO PEREIRA

CORRUPÇÃO NAS LICITAÇÕES PÚBLICAS: UM ENFOQUE SOBRE OS


PRINCIPAIS TIPOS DE FRAUDES EM LICITAÇÕES DE OBRAS PÚBLICAS NA
REGIÃO METROPOLITANA DO CARIRI.

Elaborado por CÍCERA FURTADO PEREIRA

Aluna do Curso de Tecnologia da Construção Civil – habilitação em Edifícios - URCA

BANCA EXAMINADORA

PROF. Me. JEFFERSON LUIZ ALVES MARINHO


(ORIENTADOR)

PROF. Esp. VANGIVALDO DE CARVALHO FILHO


(AVALIADOR)

PROF. Me. JORGE LUÍS ISHIMARU


(AVALIADOR)

DATA DE APROVAÇÃO:______ DE ___________________ DE 2016.

ii
Aos meus pais pelo esforço e
dedicação para realização do meu
sonho e a todos aqueles que
acreditaram em mim.

iii
AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, pois foi ele quem me concedeu a


oportunidade de iniciar esta caminhada e me deu força para ir até o final.

Aos meus Pais pelo ensinamento maior, exemplo de que vitórias são possíveis
quando as desejamos. A minha avó Maria Alves Pereira (In memorian) que sempre
esteve do meu lado com palavras de incentivo e força.

As minhas irmãs Cecilia e Flavia por serem guerreiras e principalmente


companheiras.

A meu sobrinho Adryan, pelos momentos de alegria.

Ao meu Orientador, Jefferson Luiz Alves Marinho, por ter acreditado neste trabalho
e com sua dedicação e paciência fez com que pudéssemos alcançar nosso
objetivo.

A turma a ― A casa caiu‖, na qual foi fundamental na minha caminhada, me


proporcionou momentos de felicidades em especial a Nayanne Paloma, Rayane,
Prisce e Darley.

Aos meus colegas de trabalho e a diretoria pela compreensão dos meus horários,
em especial a Rikaline Patricio de Oliveira por ser minha amiga confidente.

Também quero deixar meus especiais agradecimentos a meu namorado Gracielio,


pelo Amor dedicado, pelo respeito, paciência e atenção nos momentos em que
precisava.

iv
―A diferença entre o possível e o impossível está na vontade
humana.‖

(Louis Pasteur).

v
RESUMO

Licitação é um procedimento do ordenamento jurídico previsto para a


Administração Pública eleger a proposta mais vantajosa ao fim proposto, no
entanto, com a corrupção cada vez mais presente no nosso país, tem sido
realizada de forma fraudulenta pelos gestores públicos. Esse trabalho consiste em
uma análise de situações que objetiva identificar as fraudes em licitações ocorridas
na Região Metropolitana do Cariri com enfoque na construção civil. Dos casos
relatados pelo Ministério Público do Estado do Ceará e pelo Tribunal de Contas dos
Municípios fica claro que a modalidade mais utilizada para fraudes é a Carta
Convite e que a fraude mais comum é a formação de cartel. São inúmeros os
meios que os corruptos encontram para burlar o processo licitatório e desviar os
recursos públicos, mas também são inúmeras as maneiras de se evitar a
ocorrência de fraudes. O que falta é o acompanhamento em tempo real do
processo licitatório que iniba a fraude do processo e faça valer o princípio da
publicidade aos editais.

Palavras-chave: Licitação. Fraude. Obras públicas.

vi
ABSTRACT

Bidding is a procedure of the law provided for the Public Administration choose the
most advantageous offer to the proposed order, however, corruption is increasingly
present in our country, it has been made fraudulently by public managers. This work
consists of an analysis of situations that aims to identify fraud in bidding occurred in
Metropolitan Cariri Region with a focus on construction. Of the cases reported by
the Ceará State Public Prosecutor and the Court of Auditors of the municipality
became clear that the method most commonly used for fraud is the Invitation Letter
and the most serious form used is the formation of a cartel. There are countless
ways that are corrupt to circumvent the bidding process and divert public resources,
but there are also numerous ways to prevent fraud from occurring. What is missing
is the real-time monitoring of the bidding process that inhibit the process of fraud
and enforce the principle of advertising for bidding documents.

Keywords: Bidding. Fraud. Public Works.

vii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Etapas de Licitação de obras públicas no Brasil. ___________________________ 15


Figura 2 - Procedimentos de Licitação - Fases Interna e Externa. _____________________ 18
Figura 3 - Triângulo de Fraude de Cressey. ________________________________________ 24
Figura 4 - Como as Fraudes são descobertas. _____________________________________ 41

viii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Modalidades e os tipos de licitação. _____________________________________ 17


Tabela 2 - Dez principais tipos de irregularidades graves com indicativo de paralisação. _ 23

ix
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11
1.1. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 11
1.2. OBJETIVO ............................................................................................................... 12
1.2.1. GERAL ............................................................................................................. 12
2. LICITAÇÃO ................................................................................................................ 13
3. PROCESSO LICITATÓRIO ........................................................................................ 15
3.1. MODALIDADES .......................................................................................................... 15
3.1.1. CONCORRÊNCIA ............................................................................................ 16
3.1.2. TOMADA DE PREÇO ...................................................................................... 16
3.1.3. CONVITE .......................................................................................................... 16
3.1.4. CONCURSO ..................................................................................................... 16
3.1.5. PREGÃO .......................................................................................................... 17
3.1.6. LEILÃO ............................................................................................................. 17
3.2. TIPOS DE LICITAÇÃO ........................................................................................... 17
3.3. FASE PRELIMINAR À LICITAÇÃO ........................................................................... 18
3.4. FASE INTERNA .......................................................................................................... 18
3.5. FASE EXTERNA ......................................................................................................... 19
3.6. FASE CONTRATUAL ................................................................................................. 20
3.7. FASE POSTERIOR A CONTRATAÇÃO.................................................................... 20
4. FRAUDES EM LICITAÇÃO ........................................................................................ 21
4.1. CRIMES E PENAS PREVISTAS NA LEI 8.666/93 .................................................... 24
4.2. COMO DETECTAR FRAUDES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .......................... 27
5. O PODER DISCRICIONÁRIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................... 30
6. LICITAÇÃO PARA EXECUÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS.......................................... 32
7. FRAUDES EM LICITAÇÕES NA REGIÃO METROPOLITANA DO CARIRI. ............ 35
8. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 42

x
1. INTRODUÇÃO

O processo licitatório é uma ferramenta utilizada pela Administração Pública


para seleção de empresas prestadoras de serviço, que visa selecionar as
propostas mais vantajosas em termos de técnica e preço para a mesma. A qual foi
imposta como obrigatória no Brasil por diversos diplomas legislativos.

A Lei 8.666/93 institui normas para licitações e contratos da Administração


Pública e dá outras providências. Tal processo deverá sempre ter como resultado
final a obtenção de seu objeto, seja uma obra, serviço, alienação, locação, compra,
permissão ou concessão, sempre nas melhores condições para o Poder Público.

Este trabalho está centrado nas fraudes em licitações de obras da


construção civil, pois a Controladoria Geral da União - CGU apurou desvios que
chegam a R$ 5 milhões, só no ano de 2008 (CGU, 2010). Nesse trabalho a área de
abrangência será a região do Cariri, onde se constatou que existem algumas
cidades investigadas pelo Ministério Público (Estadual e Federal) por supostas
fraudes em licitações.

Em investigações realizadas pelo CGU em 2015 foram detectadas supostas


irregularidades no Crato, município da região do Cariri, como por exemplo, a
dispensa de licitação beneficiando doadores de campanha do atual prefeito e o
superfaturamento na contratação de transporte escolar. Segundo o Jornal Hoje,
tais fraudes investigadas somam mais de R$ 3 milhões.

1.1. JUSTIFICATIVA

Devido a dimensão que o tema Corrupção vem tomando nos últimos 20


anos, a Administração Pública no Brasil vem buscando reestruturar os órgãos e
reformar os processos de gestão pública para combater esse mal que assola nosso
país. Logo, é essencial identificar onde ela mais se processa dentro de todo o ciclo
orçamentário da despesa pública.

Foi com base na repercussão desse assunto que se resolveu pesquisar


sobre a fraude nas licitações de obras de construção civil de modo especial as
verificadas na região do Cariri.

11
1.2. OBJETIVO

1.2.1. GERAL

O objetivo principal desse trabalho é identificar os principais tipos de fraudes


nos processos licitatórios da Construção Civil com enfoque na região do
Cariri.

1.2.2. ESPECÍFICOS

Para se alcançar o objetivo geral se fará uso das seguintes ações:


 Descrever os tipos e procedimentos do processo licitatório;
 Identificar como as fraudes acontecem e como detectá-las; e,
 Analisar os principais tipos de fraudes constatadas, na região do Cariri,
propondo solução para evitá-las.

12
2. LICITAÇÃO

Conforme a Lei 8.666/93, a licitação é um procedimento administrativo que


consiste na seleção de candidatos que estão aptos a celebrar contratos ou
tornarem-se permissionários de serviços públicos ou do uso de bens públicos. De
maneira que deve ser garantida a isonomia entre os participantes, a seleção da
proposta mais vantajosa (em termos de técnicas e preço) para a administração e a
promoção do desenvolvimento nacional sustentável, respeitando os princípios
expressos da legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade,
probidade administrativa, vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento
objetivo; e os princípios implícitos da competitividade, do procedimento formal, do
sigilo das propostas e da adjudicação compulsória (ARCINE, 2007, p. 16).

Segundo o Art. 2° da Lei 8.666/93, todo contrato realizado pela


Administração Pública com terceiros, que envolvam obras, serviços, publicidade,
compras, alienações, concessões, permissões e locações, deverão,
obrigatoriamente, ser precedidos de licitação. E o Art. 89 dessa mesma Lei afirma o
cometimento de crime caso ocorra dispensa não prevista em lei.

Submetem-se ao regime da Lei 8.666/93 os órgãos da Administração Direta,


Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas, Sociedades de Economia
Mista, fundos especiais e demais entidades controladas direta ou indiretamente
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios (ARCINE, 2007, p. 16).

Pelo princípio da transparência e da publicidade todos os interessados


devem ter conhecimento das condições licitatórias, para se evitar a prática de
irregularidades nos respectivos procedimentos e contratações sigilosas, danosas
ao Erário (TCU, 2010, p. 22). É tentando se evitar fraudes nos processos licitatórios
que se determinou que na licitação não há fase sigilosa (art. 3°, § 3º, Lei 8.666/93).

Para se evitar preços exorbitantes ou defasados, inicialmente, deve ser


realizada uma estimativa prévia de preço para ser utilizada como um parâmetro no
julgamento das ofertas apresentadas e para que se possa escolher a modalidade
de licitação (TCU, 2010, p.85-86).

As modalidades de licitação são: Concorrência, Tomada de preços, Convite,


Concurso, Leilão e Pregão. Sendo os três primeiros mais utilizados, principalmente
na construção civil, sobre os seguintes critérios:

 Concorrência: serviços e obras de engenharia com valor estimado


acima de R$ 1.500.000,00;
 Tomada de preços: serviços e obras de engenharia com valor
estimado acima de R$ 150.000,00 até R$ 1.500.000,00;

13
 Convite: serviços e obras de engenharia com valor estimado
acima de R$ 15.000,00 até R$ 150.000,00 (TCU, 2010, p. 101).

Segundo a Lei 8.443/92, art. 46, caso seja detectada a ocorrência de fraude
comprovada à licitação, o Tribunal de Contas da União declarará a inidoneidade do
licitante fraudador para participar de licitação na Administração Pública Federal, por
até cinco anos. Nesse sentindo, para se detectar a ocorrência de fraudes, Affonso
(2004, p. 11) destaca que os elementos a seguir devem constar da Matriz de
Planejamento:

 regularidade formal e real dos procedimentos licitatórios;


 situação física e jurídica dos licitantes;
 termos e valores firmados;
 situação das obras; e
 identificação dos responsáveis envolvidos.

14
3. PROCESSO LICITATÓRIO

Segundo Alves (2014, p. 22) - apud Altounian (2012, p. 55) - o processo


licitatório se divide, basicamente, em duas fases, interna e externa, e é precedido
pela fase preliminar, onde a Administração toma a decisão de licitar, conforme
Figura 1. Em seguida a licitação tem-se a execução e conclusão da obra e, após
esta etapa, se encerra todo o processo com a garantia de qualidade e durabilidade
da obra entregue, que por Lei, a empresa deve oferecer. O autor ainda acrescenta
que ―nenhuma das etapas é menos valiosa que as outras, pois todas existem em
razão de proteger a autoridade contratante e esse sistema teoricamente evita o
desperdício dos recursos públicos‖.

Figura 1 - Etapas de Licitação de obras públicas no Brasil.

Fonte: TCU, 2013.

3.1. MODALIDADES

A lei 8.666/93 traz no seu art. 22 as seguintes modalidades de licitação:


Concorrência, Tomada de preços, Convite, Concurso, Leilão e Pregão. Sendo os
três primeiros mais utilizados, principalmente na construção civil.

15
3.1.1. CONCORRÊNCIA

A modalidade concorrência se caracteriza por não exigir um cadastramento


prévio dos licitantes com o órgão contratante e por permitir que quaisquer
interessados que comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação
exigidos no edital possam participar. Esta modalidade é aplicada em serviço e
obras de engenharia com valor estimado acima de R$ 1.500.000,00 (TCU, 2010,
p.38).

3.1.2. TOMADA DE PREÇO

A tomada de preços é a modalidade realizada entre interessados


devidamente cadastrados como fornecedor do contratante ou que atenderem a
todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia antes da data de
entrega dos envelopes. Esta é aplicada a serviços e obras de engenharia com valor
estimado acima de R$ 150.000,00 até R$ 1.500.000,00. E é comum que os editais
de licitações desta modalidade sejam mais exigentes do que aqueles na
modalidade de concorrência (TCU, 2010, p.39; ALVES, 2014, p.24).

3.1.3. CONVITE

O convite é a modalidade utilizada para serviços e obras de engenharia com


valor estimado acima de R$ 15.000,00 até R$ 150.000,00. Esta modalidade é mais
simples e é realizada entre interessados escolhidos e convidados em número
mínimo de três pela Administração. Sua divulgação é feita mediante fixação de
cópia do convite em quadro de avisos do órgão ou entidade, localizado em lugar de
ampla divulgação. É permitida a participação de licitantes que não tenham sido
formalmente convidados, mas que sejam cadastrados no órgão ou entidade
licitante ou no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (Sicaf). Os
interessados devem solicitar o convite com antecedência de até vinte e quatro
horas da apresentação das propostas (TCU, 2010, p. 40).

3.1.4. CONCURSO

É a modalidade entre quaisquer interessados para a escolha de trabalho


técnico, científico ou artístico, mediante pagamento de prêmios ou remuneração
dos vencedores (art. 22, § 4°, Lei 8.666/93).

16
3.1.5. PREGÃO
É a modalidade de licitação adotada em razão da natureza do objeto e é
utilizado para aquisição de bens e serviços comuns, como, por exemplo, obras.
Possui um critério de julgamento baseado no menor preço, pode ocorrer de forma
presencial ou eletrônica e em qualquer valor de contrato (Lei 10.520/2002).

3.1.6. LEILÃO
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de
imóveis inservíveis, oriundos de procedimentos judiciais ou de dação em
pagamento; ou de produtos apreendidos ou penhorados (art. 22, §5°, Lei 8.666/93).

3.2. TIPOS DE LICITAÇÃO

O §1° do art. 42 da Lei 8.666/93 institui os tipos de licitação aplicáveis a


todas as modalidades, com exceção da modalidade concurso, e a Tabela 1
relaciona ambos:

I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta


mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o
licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do
edital ou convite e ofertar o menor preço;

II - a de melhor técnica;

III - a de técnica e preço.

IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens


ou concessão de direito real de uso.

Tabela 1 - Modalidades e os tipos de licitação.

Modalidades Possíveis tipos de licitação


Convite Menor preço (regra), Melhor técnica, Técnica e Preço.
Tomadas de Preço
Concorrência Menor preço (regra), Melhor técnica, Técnica e preço,
Maior lance ou oferta (alienação de bens).
Pregão Menor Preço.
Leilão Maior lance ou oferta.
Concurso Nenhum.
Fonte: O autor.

17
3.3. FASE PRELIMINAR À LICITAÇÃO

A fase preliminar à licitação tem o objetivo de identificar necessidades,


estimar recursos e escolher a melhor alternativa para o atendimento dos anseios
da sociedade (TCU, 2013, p.12). Portanto, a realização dessa etapa visa evitar a
elaboração desnecessária de projetos mais complexos e onerosos, licitação e
execução de empreendimentos inviáveis.

Esta fase é compreendida, basicamente, pela análise de necessidade,


estudo de viabilidade e anteprojeto.

3.4. FASE INTERNA

É na fase interna da licitação que se especifica detalhadamente os objetos a


ser contratado, através de um projeto básico, e se definem todos os requisitos para
elaboração do edital, conforme mostra a Figura 2 (TCU, 2013, p.14). Esta fase é de
tal importância, pois a Lei 8.666/93 exige expressamente que se forneça ao
licitante uma perfeita caracterização da obra e previsão adequada de recursos,
estando o processo ou contrato sujeito à nulidade (ALVES, 2014, p.27, apud
ALTOUNIAN, 2012, p.135).

Figura 2 - Procedimentos de Licitação - Fases Interna e Externa.

Fonte: Google.

O edital deve trazer em seu escopo, de forma clara e direta, o objeto da


obra, projeto básico e executivo, cronograma físico-financeiro, planilha de

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quantitativos e custos unitários preenchida com o preço de referência cotado pela
Administração (ALVES, 2014, p.26).

Visando reduzir as fraudes em licitações, deve-se se atentar, nesta fase, a


legislação que limita as exigências que podem ser feitas pelo gestor quanto à
documentação e proíbe a participação de servidores ou dirigentes da entidade
contratante, membros da comissão ou autores do projeto que participem da
licitação, na intenção de que a licitação ocorra com o maior número de
concorrentes possível (ALVES, 2014, p.27).

3.5. FASE EXTERNA

A fase externa da licitação é a etapa mais importante e se inicia com a


publicação do edital e termina com a assinatura do contrato, conforme mostra a
Figura 2. Esta publicação deve ser feita em Diário Oficial e jornal diário de grande
circulação (TCU, 2013).

Nesta fase ocorre à avaliação da documentação dos participantes e do


preço dos concorrentes e, no caso de obras e serviço de engenharia, considera-se
inexequível as propostas que apresentarem preço inferior a 70% do menor dos
seguintes valores:

 média aritmética dos valores das propostas superiores a 50%


do valor orçado pela Administração; ou
 valor orçado pela Administração (TCU, 2013, p.40).

Para se evitar fraudes, essa etapa é acompanhada por um representante


devidamente credenciado de cada empresa que poderá examinar a documentação
e proposta dos concorrentes, nas quais deverão ser abertas em ato público
previamente designado. Desta maneira os representantes podem verificar se estão
sendo respeitados os direitos de sua empresa e se há irregularidades que
inabilitem seu concorrente (ALVES, 2014, p.28 e 29).

Após todo processo de análise das propostas, homologa-se a licitação


declarando uma empresa vencedora. Então se dá a leitura e assinatura do contrato
dando início a uma nova fase da concepção de uma obra pública.

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3.6. FASE CONTRATUAL

A fase contratual inicia com a assinatura do contrato e a emissão da ordem


de serviço e se encerra com o recebimento da obra (TCU, 2013, p.41). Durante a
execução da mesma a contratante deve acompanhar os serviços da empresa por
meio de fiscalização e medições (ALVES, 2014, p.29).

Assim como nas outras fases, para se evitar fraudes através de acréscimos
exorbitantes no preço ao decorrer da obra, o contrato só pode ser acrescido ou
reduzido quando se fizer necessários nas obras ou serviços até 25% do valor inicial
do contrato e, no caso particular de reforma de edifício ou equipamento, até o limite
de 50%, apenas para os seus acréscimos. Para tanto essa alteração pode
significar em aumento ou diminuição do prazo de execução da obra (TCU, 2013, p.
44).

E no caso do não cumprimento ou inexecução total ou parcial do contrato,


segundo TCU (2013):

A administração poderá aplicar ao contratado as seguintes sanções,


garantida a prévia defesa:

• Advertência;

• Multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;

• Suspensão temporária de participação em licitação e impedimento


de contratar com a Administração, por prazo não superior a dois
anos;

• Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a


Administração pública enquanto perdurarem os motivos
determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação
perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será
concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos
prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada
com base no item anterior.

3.7. FASE POSTERIOR A CONTRATAÇÃO

Após a entrega da obra, a empresa contratada é obrigada por Lei a reparar


os defeitos que surgirem por falha de execução por características de materiais
utilizados durante o período de cinco anos (Alves, 2014, p.30, apud Altounian,
2012). Portanto, a empreiteira deve prestar assistência para reparar, corrigir,
remover, reconstruir ou substituir o objeto do contrato no total ou em parte sem
ônus para a contratada (TCU, 2013, p.52).
20
No ato de entrega da obra a empresa contratada deve entregar ao
contratante o as built da obra, o qual trará todas as informações de como a obra foi
construída, e toda a documentação necessária para a utilização do
empreendimento (ALVES, 2014, p. 31, apud ALTOUNIAN, 2012).

4. FRAUDES EM LICITAÇÃO

São inúmeras as estratégias utilizadas para se fraudar licitações. O TCU


(2013) aponta alguns indícios de fraude no processo licitatório. Uma estratégia
muito conhecida é a burla feita por ―empresas fantasmas‖, ou seja, que inexistem
física ou juridicamente, e as consequentes ―notas frias‖. Outra fraude muito usual é
a de empresas legalmente constituídas e com funcionamento normal que vendem
aos municípios, com o conluio dos administradores públicos cúmplices, produtos e
serviços superfaturados ou recebem contra a apresentação de notas que
discriminam serviços não executados e produtos não entregues (TREVISARI et al,
2003, p.20).

Outro artifício utilizado por licitantes é o ―jogo de planilha‖, no qual, a partir


de projetos básicos deficitários e/ou por informações privilegiadas, consiste na
manipulação dos custos unitários de uma proposta, atribuindo custos unitários
elevados para os itens que terão o seu quantitativo aumentado e custos unitários
diminutos nos serviços cujo quantitativo será diminuído ou suprimido. Esse artifício
só é possível através de informações antecipadas de quais os serviços que terão o
quantitativo aumentado e que partem da cumplicidade de muitos funcionários
públicos corruptos. Desse modo vencem a licitação por conseguirem um valor
global abaixo dos concorrentes, graças aos custos unitários diminutos que não
serão executados. Essas alterações quantitativas na planilha contratual levam ao
pagamento de um valor global muito acima do de mercado, ou seja, ao
superfaturamento (CAMPITELI, 2006).

É evidente que para aplicação de muitas das estratégias conhecidas se


precisa da cumplicidade de muitos administradores corruptos e que a principal
causa de fraudes em licitações é simplesmente o desejo do interessado em usufruir
do dinheiro público.

Dentre as inúmeras fraudes já constatadas, a mais grave de todas é o cartel,


pois extingui a competitividade que é a alma do certame. O cartel consiste no
acordo explícito ou implícito entre os concorrentes visando o aumento de preço, a
restrição da oferta e a conspiração contra a inovação dos produtos Acórdão n.
2.140/2008 (VIEIRA, 2012). Segundo a cartilha de ―Combate a Cartéis em
Licitações‖ do Ministério da Justiça (2008), os cartéis podem se manifestar da
seguinte forma:
21
a) Fixação de preços, na qual há um acordo formado entre
concorrentes para aumentar ou fixar preços e impedir que as propostas
fiquem abaixo de um ―preço base‖.

b) Direcionamento privado da licitação, em que há a definição


de quem irá vencer determinado certame ou uma série de processos
licitatórios, bem como as condições nas quais essas licitações serão
adjudicadas.

c) Divisão de mercado, representada pela divisão de um conjunto


de licitações entre membros do cartel, que, assim, deixam de concorrer
entre si em cada uma delas. Por exemplo, as empresas A, B e C fazem
um acordo pelo qual a empresa A apenas participa de licitações na região
Nordeste, a empresa B na região Sul e a empresa C na região Sudeste.

d) Supressão de propostas, modalidade na qual concorrentes


que eram esperados na licitação não comparecem ou, comparecendo,
retiram a proposta formulada, com intuito de favorecer um determinado
licitante, previamente escolhido.

e) Apresentação de propostas “pro forma”, caracterizada


quando alguns concorrentes formulam propostas com preços muito altos
para serem aceitos ou entregam propostas com vícios reconhecidamente
desclassificatórios. O objetivo dessa conduta é, em regra, direcionar a
licitação para um concorrente em especial.

f) Rodízio, acordo pelo qual os concorrentes alternam-se entre os


vencedores de uma licitação específica. Por exemplo, as empresas A, B e
C combinam que a primeira licitação será vencida pela empresa A, a
segunda pela empresa B, a terceira pela empresa C e assim
sucessivamente.

g) Subcontratação, pela qual concorrentes não participam das


licitações ou desistem das suas propostas, a fim de serem subcontratados
pelos vencedores. O vencedor da licitação a um preço supra-competitivo
divide o sobre-preço com o subcontratado.

Umas das medidas utilizadas para o combate a formação de cartel são: a


não previsão de cláusulas restritivas nos editais de licitação; a disponibilização na
íntegra dos editais na internet; a descrição do bem, serviço ou obra com as
características necessárias para a Administração; e o parcelamento do objeto
utilizando-se da modalidade de licitação pertinente para o objeto inteiro. Todas
essas medidas aumentam a competitividade, de modo que quanto maior for esta,
menor será a possibilidade de cartel (VIEIRA, 2012).

O Acórdão n. 2.140/2008 do Plenário do Tribunal de Contas da União


menciona os dez principais tipos de irregularidades graves com indicativo de
paralisação (IG-P), observadas nas obras fiscalizadas pelo TCU em 2008,
conforme Tabela 2.

22
Tabela 2 - Dez principais tipos de irregularidades graves com indicativo de paralisação.

Fonte: Mourão e Couto (2011, apud Acórdão n. 2.140/2008).

Segundo o Modelo do Triângulo de Fraude de Donald Cressey (1953), a


fraude é o resultado de pressão, oportunidade e racionalização, conforme
demonstra a Figura 3. Onde a pressão se caracteriza por uma situação de
dificuldade financeira, o que leva a procura por oportunidades, como, por exemplo,
atividades com fiscalização precária. E por fim racionaliza a fraude para si antes de
cometê-la por insatisfação no trabalho, por exemplo, como uma espécie de
mecanismo para desassociar a culpa a si mesmo (COSTA, 2016).

23
Figura 3 - Triângulo de Fraude de Cressey.

Fonte: portal.tcu.gov.br/, 2016.

Os motivos encontrados para se explicar a ocorrência dessas fraudes foram:


controle interno deficiente, sensação de impunidade, agentes corruptores,
dificuldade na formação de provas e artifícios legais de defesa. E as áreas onde
mais se encontra essa ocorrência são: licitações públicas, administração de
contratos, controle de bens patrimoniais, convênios e repasses, conformidade
documental e sonegação fiscal (ESAF, 2015).

4.1. CRIMES E PENAS PREVISTAS NA LEI 8.666/93

A Lei 8.666/93 discerne sobre a penalidade prevista para as pessoas que


agem de má-fé impondo limites às ações dos licitantes e demais envolvidos ou, até
mesmo, aos que contratam de forma direta com dispensa da licitação, a qual não
foi autorizada:

Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas


em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à
inexigibilidade:

Pena: detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou


qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento

24
licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem
decorrente da adjudicação do objeto da licitação:

Pena: detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado


perante a Administração, dando causa à instauração de licitação ou à
celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder
Judiciário:

Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato


de procedimento licitatório:

Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 95. Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de violência,


grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo:

Pena: detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além da


pena correspondente à violência.

Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação


instaurada para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato
dela decorrente:

I - elevando arbitrariamente os preços;

II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada


ou defeituosa;

III - entregando uma mercadoria por outra;

IV - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a


proposta ou a execução do contrato:

Pena: detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Quanto à administração, a Lei 8.666 determina que caso esta celebre


contrato ou facilite a licitação para pessoas idôneas também estará sujeita a
penalidades:

Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou


profissional declarado inidôneo:

25
Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição de


qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover indevidamente
a alteração, suspensão ou cancelamento de registro do inscrito:

Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

E por fim, é determinado no artigo 99, da mesma lei, que o valor da multa
não seja inferior a 2 % e nem superior a 5% do valor do contrato licitado ou
celebrado e que a mesma será revertida à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou
Municipal.

A Lei 8.429/92, que discorre sobre improbidade administrativa, prevê, no art.


12, a proibição de contratar com o Poder Público durante:

 10 anos, na hipótese de condenação por ato de improbidade


administrativa prevista no art. 9º (enriquecimento ilícito);
 5 anos, por condenação de ato de improbidade constante do art. 10
(dano ao erário);
 3 anos, pelo reconhecimento da improbidade administrativa
prevista no art. 11 (ofensa aos princípios que regem a administração
pública).

A Lei 10.028/2000 traz os crimes cometidos contra as finanças públicas e as


penas aplicadas:

 Contratação de operação de crédito:

Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito,


interno ou externo, sem prévia autorização legislativa:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.

 Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar:

Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de


despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que exceda
limite estabelecido em lei:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

 Ordenação de despesa não autorizada:

Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.


26
4.2. COMO DETECTAR FRAUDES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A auditoria e a fiscalização são ferramentas utilizadas pelo Poder Executivo


Federal para detectar fraudes. A auditoria consiste em avaliar a gestão pública
através dos processos e resultados gerenciais e da aplicação dos recursos
públicos, enquanto que a fiscalização objetiva verificar se o objeto dos programas
do governo corresponde às especificações estabelecidas e se atende às
necessidades as quais foram definidas (ESAF, 2015).

Mourão e Couto (2011, apud Affonso, 2004) trazem os elementos essenciais


para detecção de fraude a serem aplicados na auditoria: a regularidade formal e
real dos procedimentos licitatórios; a situação física e jurídica dos licitantes; os
termos e valores formados; a situação das obras; e a identificação dos
responsáveis envolvidos. De forma que seja aplicado em todas as entidades
envolvidas com os seguintes objetivos:
1 — NO ÓRGÃO REPASSADOR: identificar os convênios, objeto
da análise, e levantar os valores repassados, as datas dos repasses,
verificando a situação da prestação de contas.

2 — NO SIAFI E SIAPE: verificar a situação dos convênios e


levantar o rol dos gestores responsáveis (nome, CPF, endereço e período
de gestão), certificando o registro da situação dos convênios e
identificando os responsáveis e respectivos períodos de gestão.

3 — NA ENTIDADE INTERVENIENTE (Caixa Econômica Federal


ou outro): solicitar contratos de repasse, cópia dos processos e relatórios
de acompanhamento das obras, certificando o registro da situação dos
convênios e identificando os responsáveis e respectivos períodos de
gestão.

4 — NO ÓRGÃO EXECUTOR:

a) analisar formalmente os procedimentos licitatórios, bem como a


compatibilidade entre as datas e o local do recebimento dos convites, o
domicílio das empresas convidadas, as datas do início da execução da
obra e/ou data dos pagamentos, analisando a compatibilidade cronológica
dos fatos;

b) verificar os contratos firmados, listando os dados da empresa


executante, bem como de seus sócios proprietários e representantes
(realizar os mesmos procedimentos no caso de sub-rogação de contratos),
confirmando o real executor da obra;

c) listar, em planilha, os dados dos participantes das licitações,


relativos a: nome das empresas participantes; endereço e área de
atuação; composição acionária; data da constituição e do registro na Junta
Comercial; identificação completa dos sócios proprietários e dos
representantes legais (nome, CPF e endereço), apurando a existência de
pessoas coincidentes nas sociedades;

27
d) levantar a identificação completa dos membros da Comissão de
Licitação e do responsável pelo Termo de Aceitação da Obra (nome, CPF,
endereço), avaliando a sua participação em eventuais irregularidades
apuradas;

e) comparar os contratos com os projetos básicos e executivos e a


situação física da obra, bem como os pagamentos efetuados, verificando a
compatibilidade dos itens contratados com os executados e os preços de
mercado destes à época da execução;

f) listar os pagamentos efetuados e os beneficiários dos


pagamentos, bem como os números dos cheques emitidos, agência
bancária e conta corrente, por beneficiário, e comparar com os extratos
bancários, apurando se a movimentação financeira corresponde aos
pagamentos efetuados.

5 — NOS ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS: solicitar cópias,


de frente e verso, dos cheques relacionados, analisando a pertinência dos
beneficiários e, ainda, possíveis endossos para outras empresas ou
pessoas físicas.

6 — NA JUNTA COMERCIAL DO ESTADO: solicitar o extrato da


situação jurídica das empresas listadas, com as alterações de sócios, de
endereço e de área de atuação, verificando a regularidade de sua
constituição e do funcionamento à época das licitações e execução das
obras.

7 — NO DOMICÍLIO DAS EMPRESAS: visitar os endereços das


empresas, indicados nos documentos apresentados nas licitações e na
Junta Comercial (atentando para a possibilidade de mudança de
endereços), e, em caso de inexistência física no local indicado, solicitar
informações de moradores e fotografar os locais indicados como
endereços, documentando a inexistência física ou incapacidade
operacional das empresas.

8 — NAS RECEITAS FEDERAL, ESTADUAL OU MUNICIPAL:


solicitar a data da inscrição das empresas nos respectivos cadastros e a
situação de funcionamento, no período analisado, verificando a idoneidade
das Notas Fiscais.

9 — NO LOCAL DAS OBRAS: identificar os reais executores das


obras, o estágio de construção, o material empregado e a compatibilidade
da execução com os projetos aprovados, apurando se a apresentação
física corresponde aos pagamentos efetuados, aos termos contratuais e
às cláusulas dos convênios.

10 — JUNTO AOS BENEFICIÁRIOS: fazer entrevistas sobre a


utilização das obras, avaliando o cumprimento do objeto dos convênios.

Quanto à identificação da formação de cartel, a cartilha ―Combate a cartéis


em licitações‖ do Ministério da Justiça traz o que se deve avaliar:

28
 As propostas apresentadas possuem redação semelhante ou os
mesmos erros e rasuras.
 Certos fornecedores desistem, inesperadamente, de participar da
licitação.
 Há empresas que, apesar de qualificadas para a licitação, não
costumam apresentar propostas a um determinado órgão, embora o façam
para outro.
 Existe um padrão claro de rodízio entre os vencedores das licitações.
 Existe uma margem de preço estranha e pouco racional entre a
proposta vencedora e as outras propostas.
 Alguns licitantes apresentam preços muito diferentes nas diversas
licitações que participam, apesar de o objeto e as características desses
certames serem parecidos.
 O valor das propostas se reduz significativamente quando um novo
concorrente entra no processo (provavelmente não integrante do cartel).
 Um determinado concorrente vence muitas licitações que possuem a
mesma característica ou se referem a um tipo especial de contratação.
 Existe um concorrente que sempre oferece propostas, apesar de nunca
vencer as licitações.
 Licitantes vencedores subcontratam concorrentes que participaram do
certame.
 Licitantes que teriam condições de participar isoladamente do certame
apresentam propostas em consórcio.

29
5. O PODER DISCRICIONÁRIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O poder discricionário consiste no poder de escolha concedido ao agente do


Estado dentro dos limites legais estabelecidos. Logo, a Administração deve atuar
dentro dos limites estabelecidos pela lei para que não seja arbitrária. E à medida
que compete à Administração um espaço de poder discricionário ou de apreciação,
ela tem o direito à ―última decisão‖ (SCHEIBLER & FAGANELLO, 2015, p. 4). Este
ato visa impedir que, sob a desculpa de agir com discricionariedade, a
Administração pratique atos de desvio ou abuso de poder.

A análise jurisdicional dos atos discricionários pode ser feita para verificar se
a Administração atuou em conformidade com as leis, ou seja, dentro do princípio
da legalidade (SCHEIBLER & FAGANELLO, 2015, p. 5). Logo, esses atos
administrativos discricionários serão sempre analisados sob dois aspectos: o da
legalidade, que consiste nos fatores ditados expressamente pela norma; e o do
mérito, que consiste no juízo de oportunidade e conveniência, que induz à prática
do ato (CATANESE et al., 2010, p. 3).

A discricionariedade nas licitações é verificada na fase interna na elaboração


do edital, pois na fase externa a administração está condicionada as limitações do
instrumento convocatório. É nessa etapa em que a administração promove uma
discriminação entre os concorrentes que deve ser feita com base em critérios
objetivos apresentados no instrumento convocatório (SCHEIBLER & FAGANELLO,
2015, p. 7).

A discricionariedade no estabelecimento de critérios de qualificação técnica,


principalmente para licitação de obras ou serviços, deve exigir em seu edital
empresas com domínio de técnicas específicas, existência de pessoal
especializado, disponibilidade de equipamentos apropriados e assim por diante. ―É
vedada a exigência que individualize bens que já sejam do licitante e que estejam
em determinado local, para evitar o direcionamento da licitação e possibilitar
apenas a algumas determinadas empresas a sua participação no certame‖
(SCHEIBLER & FAGANELLO, 2015, p. 15).

Com isso a Administração é obrigada a sempre escolher os melhores meios


para satisfazer o interesse público e não pode arriscar. A eficiência deve ser
considerada um limite da discricionariedade. Devem ser observados os princípios
da realidade e razoabilidade, de modo que o ato satisfaça a sua finalidade. Quanto
a realidade o objeto deve ser possível, ou seja, lícito. O objeto deve ser compatível
com a finalidade a ser atingida. As decisões devem ser eficientes para satisfazer a
finalidade da lei que é o interesse público (CATANESE et al., 2010, p. 10).

30
Portanto, segundo o manual de Sanções Administrativas em Licitações e
Contratos (2014), os gestores da Administração Pública devem observar as
seguintes condutas:

a) Atuar conforme a lei e o Direito;


b) Atuar segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
c) Divulgar de maneira oficial os atos administrativos, ressalvadas as
hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
d) Promover a adequação entre meios e fins, vedada à imposição de
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente
necessárias ao atendimento do interesse público;
e) Indicar os pressupostos de fato e de direito que determinarem a
decisão;
f) Observar as formalidades essenciais à garantia dos direitos dos
administrados;
g) Adotar formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de
certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados;
h) Garantir os direitos à comunicação, à apresentação de legações finais,
à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que
possam resultar sanções e nas situações de litígio;
i) Observar a proibição de cobrança de despesas processuais,
ressalvadas as previstas em lei;
j) Dar impulsão, de ofício, no processo administrativo, sem prejuízo da
atuação dos interessados.

Em contrapartida o manual traz condutas que devem ser evitadas pelos


gestores:

a) Aplicar sanção sem instauração de processo administrativo;


b) Aplicar sanções sem a observância do contraditório e da ampla defesa;
c) Conferir prazo exíguo para a defesa prévia;
d) Aplicar sanção sem atentar à dosimetria e a proporcionalidade;
e) Fixar prazos exíguos para o cumprimento do ato de correção da
irregularidade conduzindo o contratado à reincidência;
f) Deixar, injustificadamente, de aplicar sanção;
g) Deixar de registrar no SICAF ou nos sistemas adequados as sanções
aplicadas;
h) Deixar de requerer a complementação de garantias após o seu uso;
i) Deixar de motivar a decisão que aplica a sanção;
j) Deixar de fornecer informações dos atos processuais ao sancionado.

31
6. LICITAÇÃO PARA EXECUÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS

A Lei 8.666/93, art. 6°, inciso I, define obra como sendo ―toda construção,
reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou
indireta‖. Ela também determina no seu art. 7° que:

Art. 7° As licitações para a execução de obras e para a prestação


de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à
seguinte sequência:

I - projeto básico;

II - projeto executivo;

III - execução das obras e serviços.

o
§ 2 As obras e os serviços somente poderão ser licitados
quando:

I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e


disponível para exame dos interessados em participar do processo
licitatório;

II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a


composição de todos os seus custos unitários;

III - houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o


pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem
executadas no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo
cronograma;

IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas


estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição
Federal, quando for o caso.

o
§ 5 É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua bens e
serviços sem similaridade ou de marcas, características e especificações
exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamente justificável, ou ainda
quando o fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime
de administração contratada, previsto e discriminado no ato convocatório.

O projeto básico que cita o art. 7° da referida lei é descrito no art. 6° como
sendo:

IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e


suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou
serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado
com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que
assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto
ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da
32
obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter
os seguintes elementos:

a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer


visão global da obra e identificar todos os seus elementos constitutivos
com clareza;

b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente


detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação ou de
variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo e de
realização das obras e montagem;

c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e


equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especificações que
assegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar o
caráter competitivo para a sua execução;

d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos


construtivos, instalações provisórias e condições organizacionais para a
obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;

e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da


obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de suprimentos, as
normas de fiscalização e outros dados necessários em cada caso;

f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em


quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados.

Os Projetos Básico e Executivo, citados no art. 7°, serão obrigatórios para


licitações de obras e serviços de engenharia realizadas nas modalidades
concorrência, tomadas de preços e convite. E a execução dessas obras e serviços
deverão ocorrer nas seguintes formas (art. 10°, Lei 8.666/93):

 Execução Direta;

Art. 6°, VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e


entidades da Administração, pelos próprios meios.

 Execução Indireta:

Art. 6°, VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade


contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes:
a) empreitada por preço global - quando se contrata a execução
da obra ou do serviço por preço certo e total;
b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a execução
da obra ou do serviço por preço certo de unidades determinadas;
c) (Vetado).
d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pequenos trabalhos
por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais;
e) empreitada integral - quando se contrata um empreendimento
em sua integralidade, compreendendo todas as etapas das obras,
serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade da
contratada até a sua entrega ao contratante em condições de entrada em

33
operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em
condições de segurança estrutural e operacional e com as características
adequadas às finalidades para que foi contratada.

Outros dispositivos legais a serem observados são:

a) Lei 5.194: Os contratos de obras públicas só podem ser firmados com


empresas ou profissionais legalmente, habilitados a construir, sob pena de nulidade
do ajuste:

 Art. 69: ―Só poderão ser admitidos nas concorrências públicas para
obras ou serviços técnicos e para concursos de projetos,
profissionais e pessoas jurídicas que apresentarem prova de quitação
de débito ou visto do Conselho Regional da jurisdição onde a obra, o
serviço técnico ou projeto deva ser executado‖;

b) Lei 8.666, art. 33, § 1o: ―No consórcio de empresas brasileiras e


estrangeiras a liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira, observado
o disposto no inciso II deste artigo‖. Ou seja, a Administração Pública só poderá
contratar a prestação de serviços de consultoria técnica e de engenharia com
empresas estrangeiras nos casos em que não houver empresa nacional
devidamente capacitada para o desempenho dos serviços a contratar;

c) Lei 8.666, art. 32, §6º: a contratação de empresas estrangeiras só


poderá ser feita mediante ―prévia autorização do Chefe do Poder Executivo‖;

d) D.L. 73.140/73, art. 3°, § 2.°: A licitação com base em anteprojeto, só


será admitida quando se tratar de obras ou serviços de pequeno vulto e natureza
simples, reconhecida e justificada a urgência de sua realização;

e) D.L. 73.140/73, art. 6°, VII: É impedida de participar de licitação ou


consórcio empresa que possua dirigentes, gerentes, sócio detentores de mais de
10% do capital social, responsáveis e/ou técnicos que seja diretor ou servidor do
órgão ou entidade responsável por promover a licitação;

f) D.L. 73.140/73, art. 6°, XII: Não poderá participar do concurso a empresa
que participou da elaboração do projeto ou anteprojeto respectivo;

g) Lei 8.666/93, art. 24: é dispensável licitação se tratando de:

I – Obras e serviços de engenharia: até R$ 15 mil.

34
7. FRAUDES EM LICITAÇÕES NA REGIÃO METROPOLITANA DO
CARIRI.

Em pesquisa de campo realizada com o Promotor de Justiça José


Silderlandio do Nascimento, na Comarca de Juazeiro do Norte, foram identificados:

i. Tipos de Fraude mais frequente na região:

Superfaturamento:

O superfaturamento consiste na cobrança de preços superiores aos de


mercado e geralmente é acompanhado do direcionamento ou dispensa de licitação,
podendo, também, ser consequência de acordo prévio entre os concorrentes.

Montagem:

Esse tipo de fraude é utilizado para justificar a aquisição fraudulenta de


materiais e serviços e se dá através da criação de concorrências públicas fictícias.
São usadas nomes e dados de empresas idôneas para dar ares legais à disputa.

Direcionamento da Licitação:

O direcionamento ocorre como uma devolução de ―favores‖, onde o


privilegiado é, quase sempre, um investidor da campanha eleitoral. Não é difícil
burlar o processo já que, como o valor das licitações são relativamente baixo nas
prefeituras de porte pequeno, a modalidade mais comum de licitação é a carta-
convite. Neste caso o administrador público dirige essas licitações a fornecedores
―amigos‖, por meio da especificação de condições impeditivas da livre
concorrência, incluindo exigências que os demais fornecedores em potencial não
têm condições de atender.

Esse tipo de fraude pode ocorrer através de Clausulas Restritivas,


Fracionamento da Despesa, Simulação de Dispensa/Inexigibilidade, dentre outros
exemplos. A estratégia mais frequente é a exigência de qualificações técnicas
muito detalhadas e específicas para prestação de serviço ou compra de produto,
geralmente beneficiando apenas um dos concorrentes.

Ficando comprovado o direcionamento de licitações de compras a


fornecedores privilegiados, o fato configura formação de quadrilha ou crime
organizado.

35
ii. Tipo de Licitação em que ocorre mais fraude:

Convite:

A fragilidade da Carta Convite contribui para a fraude em processos


licitatórios. Por ser considerada a modalidade mais simples, a Carta Convite
possibilita aos fraudulentos meios de burlarem a lei, direcionando licitações para as
empresas de seu interesse, visando que estas sejam as vencedoras do certame,
para que se possa através delas extrair dinheiro dos cofres públicos. Mas a
fragilidade desta modalidade ainda está ligada ao fato de que a Lei 8.666/93
determina que a administração pública afixe em local apropriado a cópia do
instrumento convocatório, violando assim o princípio da publicidade, pois impede
que as empresas concorrentes tenham conhecimento do certame (MOURA, 2014,
p. 23).

iii. Área de Licitação mais fraudada:

Locação de veículos, Publicidade e Material de consumo.

iv. Penalidades aplicadas ao gestor que pratica fraude:

Perda do cargo;

Suspensão dos direitos políticos;

Multa:

Segundo Simões (2013, p.1):

A multa é a sanção pecuniária que atinge o patrimônio do


contratado, normalmente estabelecida em um determinado percentual do
valor do contrato e deve estar prevista no edital e no instrumento
contratual, sob pena de tornar inviável sua aplicação.

A Lei 8.666/93 determina essa penalidade para os casos de atraso em


executar o contrato e de inexecução do contrato.

Ressarcimento ao erário;

Suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de


contratar com a Administração:

A suspensão temporária consiste na proibição de participar de licitações e


de contratar com a Administração Pública pelo prazo de até dois anos. E deve ser
utilizada quando apurada falta grave do contratado (SIMÕES, 2013, p.1).

36
v. Como a fiscalização ocorre nos municípios:

Fiscalização in loco, análise documental, análise da capacidade


econômica da empresa, consulta aos bancos de dados, requisição de
cheques públicos e quebra de sigilo bancário e fiscal.

vi. Maior dificuldade na fiscalização e detecção de fraude:

Deficiência na estrutura de pessoal do Ministério Público e ausência de


equipe técnica de perícia no âmbito do MP, tendo que socorrer-se das
auditorias do TCM.

vii. Fatos ocorridos na região do Cariri:

Os casos mais recentes de fraudes em licitações encontradas:

 Em março de 2016, o Ministério Público do Estado do Ceará, na


comarca de Santana do Cariri, determinou o afastamento do
procurador-geral do município, da secretária de Saúde e do secretário
de Finanças, além de vários servidores públicos e empresas em virtude
de supostas fraudes em licitações para a aquisição de ambulâncias e
de serviços de pavimentação naquele município. Foi estimado um dano
ao Erário em mais de R$ 180 mil (MPCE, 2016).

 Em abril de 2014, o Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará (TCM)


encontrou irregularidades em 76% das licitações acompanhadas pelo
Observatório de Licitações Municipais. Das 47 licitações
acompanhadas entre 10 de março e 10 de abril, foram encontrados
erros ou indícios de fraude em 36 delas. Das cidades envolvidas
estavam: Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte. Os problemas
encontrados nas licitações foram:

- Vícios na elaboração do Edital, de modo que comprometia a


competitividade entre os interessados e dava indícios de
favorecimento: ―falta de ampla divulgação da licitação, ausência de
especificações necessárias e erros na escolha da modalidade de
licitação‖;

- Contratação direta com dispensa de processo licitatório.

37
Segundo o presidente do TCM, o acompanhamento presencial feito
pelo Observatório inibiu a conclusão de muitos processos licitatórios
irregulares. Em alguns casos, interessados em participar do processo
licitatório desistiram ao perceberem a presença dos técnicos do
Observatório (DIÁRIO DO NORDESTE, 2014).

 Operação Cactus: em 2013, a CGU juntamente com a Polícia Federal,


detectou desvios de recursos públicos transferidos pela União a
diversos municípios cearenses mediante convênios e contratos de
repasse.

A operação de busca e apreensão ocorreram nos municípios de


Aiuaba, Apuiarés, Barbalha, Canindé, Catarina, Fortaleza, Guaraciaba
do Norte, Iguatu, Irauçuba, Itapipoca, Itapiúna, Juazeiro do Norte,
Morada Nova, Mucambo, Quixeramobim, Reriutaba, Saboeiro,
Tarrafas, Tejuçuoca e Ubajara (CGU, 2013).

 Em 2012, o Ministério Público Federal denunciou 13 pessoas


envolvidas em um esquema de fraudes nas licitações e na execução
de contratos para obras em escolas públicas no município de Juazeiro
do Norte. Segundo o procurador da República, Celso Costa Lima Verde
Leal, a fraude ocorreu no caráter competitivo da licitação e na não
execução total dos contratos, mas com o recebimento do pagamento
integral, com se o serviço tivesse sido concluído. Suspeita-se que
houve fraude em pelo menos 7 licitações realizadas em 2009 pela
prefeitura de Juazeiro do Norte. As licitações realizadas em 2009 foram
dividas em três modalidades: concorrência (01); tomada de preço (03);
e carta convite (08).
Na modalidade carta convite, apenas empresas envolvidas no
esquema eram convidadas e ambas combinavam propostas para que
uma delas fosse a escolhida (JUSBRASIL, 2012).

 Operação Certame: em 2010, a Controladoria-Geral da União (CGU), o


Ministério Público Federal e a Polícia Federal deflagraram a Operação
Certame, a qual objetivava desarticular esquema criminoso de desvios
de recursos públicos nos municípios cearenses de Aurora, Ipaumirim,
Milagres, Juazeiro do Norte, Barbalha, Abaiara, Fortaleza e Itapajé.

Foram apurados a utilização de:

- empresas ―fantasmas‖ ou com endereços inexistentes;


38
- assinaturas dos ―licitantes‖ claramente divergentes em um mesmo
procedimento licitatório, com indícios de falsificação;

- eliminação de empresas de certames, mesmo estando com


documentação regular;

- obras/serviços claramente superfaturados e/ou elaborados em


desacordo com os projetos e recursos recebidos, dentre outros
apontados pela fiscalização da CGU.

Foram detectados também indícios de conluios entre empresários


supostamente concorrentes em licitações, mas, na verdade, acertados
para fraudá-las.

Os envolvidos poderão ser condenados na Justiça por crimes de fraude


em licitações, peculato, formação de quadrilha e corrupção (CGU,
2010).

 Operação Mão Dupla: operação realizada pela Polícia Federal e pela


CGU, em 2010, constatou a existência de esquema criminoso voltado à
prática de fraude em procedimentos licitatórios, superfaturamento,
desvio de verbas e pagamentos indevidos em obras de infraestrutura
rodoviária realizadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes no Estado do Ceará - DNIT/CE.

Aos servidores do DNIT competia facilitar o desvio de dinheiro público


durante a execução das obras contratadas, mediante auxílio às
empresas no superfaturamento, alteração de qualidade e quantidade
de materiais, atesto de obras não executadas, pagamentos indevidos,
advertência sobre procedimentos de fiscalização, montagem, alteração
e ocultação de documentos, dentre outras condutas. Já as empresas
contratadas corrompiam os servidores do DNIT para possibilitarem a
prática de todo tipo de fraude na execução das obras (CGU, 2010).

39
8. CONCLUSÃO

Com base na publicação da Associação do Ministério Público de Minas


Gerais de 2011, dados da organização Transparência Internacional e projeções do
Fiesp apontam que o Brasil responde por 26% de todo o dinheiro movimentado
pela corrupção no mundo, o que corresponde a um prejuízo nacional de,
aproximadamente, R$ 70 bilhões por ano. Logo, fraudar licitações é apenas uma
das formas que os corruptos encontraram para desviar de forma silenciosa verbas
destinadas à educação, alimentação, transporte, obras e etc. Nos municípios da
Região Metropolitana do Cariri não poderia ser diferente, são inúmeras as
denúncias de fraudes em licitações.

Pelos casos de relatos apresentados é visível a forma das fraudes utilizadas


pelos detentores do poder nesses municípios. A criação de empresas fantasmas,
conluios entre empresários (formação de cartel) e contratação direta com dispensa
de processo licitatório não autorizado foram apenas um dos meios utilizados.
Quanto às modalidades a Carta Convite se mostrou mais vulnerável à fraudes, já
que ocorre sem divulgação e as cartas são enviadas justamente para aqueles que
estão envolvidos no esquema. Logo, uma forma de se evitar seria abrir espaço
para a imprensa como um meio eficaz para a denúncia de atos inapropriados na
forma de corrupção e desvios de verbas públicas (GOMES, 2012).

Segundo o Presidente do TCM, Francisco Aguiar, muitos dos problemas


encontrados nos processos licitatórios podem ter sido devido à inabilidade do
gestor em conduzir tais processos. O mesmo acredita que a realização de cursos
de capacitação pode ajudar a reduzir a ocorrência de fraudes (DIÁRIO DO
NORDESTE, 2014).

Para se combater a fraude em licitações uma medida a ser tomada seria dar
maior publicidade ao edital, principalmente à modalidade Carta Convite, em
diversos veículos de comunicação, como: publicação na imprensa oficial, em jornal
de grande circulação local, internet, entre outros, tornando o princípio da
publicidade uma prática recorrente no ambiente público. De forma que resultará
numa maior competitividade com oportunidades iguais aos interessados que
quiserem contratar com o poder público, e, por outro lado, a administração pública
teria como contratar propostas mais vantajosas, preservando o interesse público
(MOURA, 2014, p. 23).

Outra medida a ser tomada seria aumentar o grau de fiscalização, pois ficou
claro que, no caso relatado pelo TCM do Ceará, o acompanhamento presencial
pelo Observatório de Licitações Municipais inibiu a participação de interessados em
fraudar o processo licitatório. Talvez o que falte no nosso país seja mais fiscal para
suprir a quantidade de municípios, pois dados mostram que enquanto a Dinamarca
e a Holanda possuem 100 auditores por 100.000 habitantes, o Brasil tem somente
40
oito auditores por 100.000 habitantes. É daqui que se precisa começar a modificar
o sistema, já que, enquanto que na Dinamarca e na Holanda a corrupção é
detectada no nascedouro ou quando ainda é pequena, no Brasil a corrupção é
detectada somente quando chega a milhões de dólares ou quando alguém resolve
colocar a boca no trombone, não por um processo sistemático de auditoria.
Segundo o Relatório de Fraudes de 2002 da KPMG (MOURÃO & COUTO, 2011),
as formas mais comuns de descobertas de fraudes seguem na Figura 4.

Figura 4 - Como as Fraudes são descobertas.

Fonte: Mourão e Couto (2011, apud KPMG, 2002).

Quando o assunto é a corrupção nas gestões das Prefeituras Municipais,


96,7% das prefeituras que recebem recursos da União Federal têm suas contas
rejeitadas. Segundo a AGU, a cada R$ 100,00 desviado, só R$ 2,00 voltam para os
cofres públicos. Esse órgão, o qual é responsável pelas ações de cobrança, afirma
que isto é fruto da morosidade dos tribunais e da omissão dos ministérios na
análise das prestações de contas de entidades, prefeituras e estados conveniados.

Fica claro que todas essas medidas de prevenção da fraude devem ser
acompanhadas por uma Justiça mais ágil para punir os corruptos. Os políticos
precisam acreditar que serão punidos caso cometam irregularidades, porém, como
no Brasil a Justiça é falha e lenta, eles sabem que até serem pegos o valor
desviado estará camuflado atrás de laranjas. No ranking dos países mais corruptos
do mundo, no ano de 2016, o Brasil ficou como o 4° país mais corrupto do mundo,
segundo o Fórum Econômico Mundial. Talvez a corrupção já esteja enraizada em
nossa cultura.

41
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