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A Harmonia Funcional não pensa a harmonia a partir da escala e sim dos graus de
proximidade e afastamento da tônica, a partir da premissa de que os acordes
representam funções em virtude do contexto harmônico do qual participam. Além
disto, por ser uma teoria mais recente, a harmonia funcional não parte do pressuposto
de que a tríade é o elemento fundamental da linguagem harmônica e incorpora em
sua cifragem notas que normalmente seriam consideradas como notas estranhas à
harmonia. Na harmonia funcional existem apenas acordes perfeitos. A ocorrência de
acordes diminutos ou aumentados indica que estes acordes estão representando, de
maneira alterada, acordes maiores ou menores. Cabe ao analista descobrir o que se
encontra por detrás destes momentos.
A segunda lei tonal diz que “os acordes têm o significado harmônico daquela função da
qual são vizinhos de terça”. Em outras palavras, os três acordes que representam as
funções principais no tonalismo possuem acordes que se relacionam com eles de
forma secundária, com potencial de substituí-los no planejamento harmônico. Seriam
eles, os relativos e os anti-relativos. Tanto no modo maior quanto no menor, os
acordes relativos e anti-relativos são aqueles vizinhos de terça das funções principais
que possuem duas notas em comum com elas. Por exemplo, se o acorde de Dó Maior
for tomado como referência, seu relativo e anti-relativo serão os acordes de lá menor
e de mi menor, que são seus vizinhos de terça que compartilham duas notas em
comum com ele:
Por outro lado, os acordes de Lá maior ou de Mib maior não serão relativos dele, já
que possuem apenas uma nota em comum com o acorde de referência:
Fig. 5: acordes situados a uma terça de distância, mas que não são relativos e anti-relativos das
funções principais
Em modo maior, as funções relativas se situam uma terça abaixo da função principal e
as anti-relativas uma terça acima. A imagem abaixo exemplifica estas relações em
modo maior (Dó):
Note que as funções principais utilizam uma letra maiúscula para representar um
acorde maior, como discutido acima. Já as funções secundárias, todas acordes
menores, possuem duas letras sendo a primeira maiúscula, a que se refere à função
principal, e a outra minúscula, que representa o fato de os acordes em questão serem
acordes menores. O r minúsculo é representativo da qualidade do acorde (um acorde
menor) e o S maiúsculo da função à qual ele se refere (a subdominante maior). Sr se lê,
portanto, relativa menor da subdominante maior. No dia a dia é comum nos
referirmos a este acorde como Subdominante relativa ou Sr.
Em modo menor ocorre o contrário do modo maior: as funções relativas estão acima
da função principal e as funções anti-relativas uma terça abaixo. Carece notar que, na
figura abaixo, as funções relativas e anti-relativas da dominante levam em conta o
acorde menor, ainda que ele não exista na teoria de Riemann:
Fig. 7: campo harmônico menor utilizando harmonia funcional
No modo menor vemos que a cifra se inverte. Por exemplo, sA significa anti-relativa
maior da subdominante menor. O único contrassenso aqui é que, a rigor, não existe
“dominante menor” e, deste modo, é difícil justificar as funções dA e dR como relativas
da “dominante menor”.