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PATRICIA HILL COLLINS – Se perdeu na tradução?

Feminismo negro, interseccionalidade


e política emancipatória

A autora começa o texto falando sobre como a intelectual June Jordan ao focar em liberdade,
une o fator interseccional ao feminismo negro. Para ela, “. Ou a liberdade é indivisível e
trabalhamos em conjunto por ela ou você estará em busca de seus próprios interesses e eu dos
meus” para June “as mulheres afro-americanas jamais poderiam ser livres se perseguissem
apenas o próprio interesse.”

Outras feministas negras do mesmo período (Angela Davis, Toni Cade Bambara, Shirley
Chisholm, Alice Walker, Audre Lorde) também trazem a Interseccionalidade para o debate.

Patricia Hill Collins questiona o que June Jordan e outras intelectuais e ativistas dos anos 50 a
80, que levaram as ideias dos movimentos sociais para a Academia, diriam sobre essa
TRADUÇÃO de ideias dos movimentos sociais de liberdade equidade, justiça social e
democracia participativa para formatos capazes de serem reconhecidos por gestores de
faculdades.

Resumindo: Nesse artigo, Patricia Hill Collins foca em como as ideias e práticas de
interseccionalidade mudaram de forma e propósito conforme foram traduzidas nos diferentes
contextos materiais, sociais e intelectuais. Ela divide em 3 períodos:

(1) como o feminismo negro, no contexto de movimento social, adotou perspectivas de raça,
classe, gênero e sexualidade como sistemas de intersecção de poder

(2) como essas ideias chegaram à academia inicialmente sob a rubrica de estudos de
raça/classe/gênero e em seguida, nomeadas e legitimadas como interseccionalidade

(3) as implicações da legitimação acadêmica de interseccionalidade para as políticas


emancipatórias

1 – exemplo: volume editado por Toni Cade Bambara ( década 70), The Black Woman, escrito
para o publico em geral, não para a ACADEMIA. No livro, mulheres afro-americanas de diversas
perspectivas políticas apresentaram ensaios sobre como as mulheres negras nunca ganhariam
sua liberdade sem perceber sua raça, classe e gênero

(2) Kimberlé Crenshaw que embora não tenha sido uma militante dos movimentos sociais,
estava familiarizada com o trabalho dos mesmos, pode ser considerada como alguém que
introduz na academia a teoria da interseccionalidade.

3 – Ao entrar na Academia, a ideia de Interseccionalidade passa rapidamente a ser incorporada


por diversas áreas, proliferando e sendo bem sucedida, mas Patricia Hill Collins nos lembra que
INTERSECCIONALIDADE, quando desassociada de um ethos coletivo, passa inclusive a
trabalhar a favor do Neoliberalismo(que valoriza realizações individuais), indo contra sua ideia
inicial, no feminismo negro, que pensava formas políticas emancipatórias coletivas.

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