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TEORIA 

QUEER
 Nota: Não confundir com Teoria de gênero.

A teoria queer (do inglês: queer theory) é uma teoria sobre o género que afirma que a orientação sexual e a identidade


sexual ou de género dos indivíduos são o resultado de um constructo social e que, portanto, não
existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis
de desempenhar um ou vários papéis sexuais.

Não há uma definição genericamente aceita para esta corrente de pesquisa acadêmica e forma particular de política
pós-identitária. Os estudos queer constituem um grande e variado de empreendimentos dispersos por áreas como
os estudos culturais, a sociologia da sexualidade humana, antropologia social, psicologia, educação, filosofia, artes,
entre outras.

De uma forma geral, é possível afirmar que a teoria queer busca ir além das teorias baseadas na oposição homens vs.
mulheres e também aprofundar os estudos sobre minorias sexuais (bissexuais, gays, lésbicas, transgêneros) dando
maior atenção aos processos sociais amplos e relacionados que sexualizam a sociedade como um todo de forma
a heterossexualizar e/ou homossexualizar instituições, discursos, direitos.

A teoria queer propõe explicitar e analisar esses processos a partir de uma perspectiva comprometida com aqueles
socialmente estigmatizados, portanto dando maior atenção à formação de identidades sociais normais ou "desviantes"
e nos processos de formação de sujeitos do desejo classificados em legítimos e ilegítimos. Neste sentido, a
teoria queer é bem distinta dos estudos gays e lésbicos, pois considera que estas culturas sexuais foram normalizadas e
não apontam para a mudança social. Daí o interesse em estudar a travestilidade, a transgeneridade e
a intersexualidade, mas também culturas sexuais não-hegemônicas caracterizadas pela subversão ou rompimento com
normas socialmente prescritas de comportamento sexual e/ou amoroso.

Contra as classificações tradicionais

A teoria queer recusa a classificação dos indivíduos em categorias universais como "homossexual", "heterossexual",


"homem" ou "mulher", sustentando que estas escondem um número enorme de variações culturais, nenhuma das
quais seria mais "fundamental" ou "natural" que as outras. Contra o conceito clássico de género, que distingue o
"heterossexual" socialmente aceito (em inglês straight) do "anômalo" (queer), a teoria queer afirma que todas as
identidades sociais são igualmente anómalas.

A teoria queer critica também as classificações sociais da psicologia, da filosofia, da antropologia e


da sociologia tradicionais, baseadas habitualmente na utilização de um único padrão de segmentação — seja a classe
social, o sexo, etnia ou qualquer outro — e defende que as identidades sociais se elaboram de forma mais complexa,
pela intersecção de múltiplos grupos, correntes e critérios.

Origens históricas

A teoria queer teve origem nos Estados Unidos em meados da década de 1980 a partir das áreas de
estudos gay, lésbicos e feministas, tendo alcançado notoriedade a partir de fins do século passado. Fortemente
influenciada pela obra de Michel Foucault, a teoria queer aprofunda as críticas feministas à ideia de que o gênero é
parte essencial do ser individual e as investigações de estudos gays e lésbicos sobre o constructo social relativo à
natureza dos actos sexuais e das identidades de gênero. Enquanto os estudos gays e lésbicos se centravam na análise
das classificações de "natural" ou "contra-natural" em relação aos comportamentos homossexuais, a
teoria queer expande o âmbito da análise para abranger todos os tipos de actividade sexual e de identidade classificados
como "normativos" ou "desviantes".

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Não há uma tradição coerente e contínua que levou dos primeiros estudos sexológicos à teoria queer. De qualquer
forma, a preocupação com a esfera da sexualidade não vingou na sociologia e na antropologia, mas teve espaço
privilegiado a partir de fins do século XIX na psiquiatria e, posteriormente, na psicanálise. A sexologia, ramo psiquiátrico,
geralmente classificava e condenava expressões sexuais e de gênero fora da norma vigente, o que é visível na obra de
Richard von Krafft-Ebing.

Em contraste com esta vertente conservadora da sexologia, emergiu a obra do médico alemão Magnus Hirschfeld, cujos
trabalhos nos inícios do século XX se focaram em desacreditar a dicotomia entre a homo e a heterossexualidade numa
perspectiva biológica; a partir de 1908 publicou uma revista em que, pela primeira vez, desenhou o conceito
de travestismo, e estudou as diferentes articulações dos papéis sexuais na sociedade da sua época.

Margaret Mead publicou, do ponto de vista da antropologia, o célebre ensaio Sex and Temperament in Three Primitive
Societies ("Sexo e Temperamento em Três Sociedades Primitivas"), nas quais a divisão sexual do trabalho e as estruturas
de parentesco eram analisadas para explicar os diferentes papéis do gênero nas etnias arapesh, mundugumor e
tchambouli. Este estudo proporcionou importante material empírico para questionar a rígida diferenciação entre
personagens "femininos" e "masculinos", documentando culturas em que homens e mulheres dividiam entre si práticas
consideradas exclusivamente masculinas no Ocidente (como a guerra) ou outras em que a distribuição das tarefas
domésticas eram exatamente opostas às ocidentais. As suas descrições dos varões tchambouli, excluídos das tarefas
prácticas e administrativas, a quem eram reservados os costumes da maquilhagem e do embelezamento pessoal, foram
recebidos com escândalo pela sociedade de época, da mesma forma que a desmitificação da pureza feminina através do
estudo das práticas sexuais infantis e adolescentes dos arapesh.

Apenas na década de 1960, a sociologia passou a explorar a sexualidade sob uma perspectiva que colocava em xeque
a moral vigente. Fundamental foi o artigo da socióloga britânica Mary MacIntosh "The Homosexual Role", publicado no
ano emblemático de 1968 mostrando a (homos)sexualidade como construção social. Na esteira de sua investigação,
durante os anos 1970 e começo da década de 1980, emergiram os estudos gays e lésbicos. Segundo Richard Miskolci,
em seu artigo "A Teoria Queer e a Sociologia", estes estudos, a despeito do impulso construtivista, mantinham a
percepção social de que as homossexualidades e outras expressões sexuais dissidentes eram caso minoritário
permitindo que a heterossexualidade continuasse a ser vista como "natural". Ainda segundo o sociólogo brasileiro, foi
apenas na segunda metade da década de 1980, que surgiria o principal impulso para a teoria queer nos estudos
filosóficos e literários, do grupo de autores associados ao chamado movimento pós-estruturalista. A noção do
descentramento do sujeito — ou seja, a ideia de que as faculdades intelectuais e espirituais do ser humano não são
parte da sua herança biológica, embora se definam em condições biológicas, mas o resultado de uma multiplicidade de
processos de socialização, através dos quais se constituem de maneira sumamente diferenciada as noções do eu,
do mundo e das capacidades intelectuais para operar abstractamente com este — proporcionou o enquadramento para
estudar não apenas os papéis sociais do homem ou da mulher, mas também o reconhecimento de que os indivíduos
obtêm a sua condição "masculina" ou "feminina" como produtos histórico-sociais.

A grande influência neste campo foi a monumental História da Sexualidade (1976), que Michel Foucault deixou


inacabada quando morreu, na qual se tratam criticamente hipóteses muito extensas sobre os impulsos sexuais, como a
distinção entre a suposta liberdade concedida ao desejo no estado natural e a opressão sexual exercida
nas civilizações avançadas.

Por outra parte, os estudos literários — em especial os de Roland Barthes, Jacques Derrida, Julia Kristeva e seus
seguidores — exploraram extensamente as formas pelas quais uma determinada distribuição de tarefas, atributos e
papéis dos sexos se difunde através de textos que parecem apenas proporcionar uma descrição de facto; a distinção
que dá o nome à teoria, por exemplo, contrapõe tacitamente uma forma "normal" de sexualidade — o casal
heterossexual estável — a outras consideradas anormais, sugerindo que as últimas são inadequadas ou prejudiciais.

Evolução a partir do feminismo e lesbianidade

Embora os queers estejam mais próximos dos movimentos gays e lésbicos que dos feministas, muitas das suas raízes
ideológicas são comuns ao feminismo americano da década de 1980. Antes desta data, o feminismo, como outros
movimentos semelhantes, acreditava que o progresso social se faria por mudanças legislativas. Os argumentos a favor
de legislação progressista baseavam-se sempre na comparação entre um determinado grupo minoritário e o cidadão
médio, entendido como um homem branco e rico. Vários movimentos começaram, desde a década de 1970, a opôr-se a
esta imagem de cidadão universal, numa tendência marcadamente pós-moderna, acelerando a ruptura entre "homem"
e "mulher" e materializando o que se viria a chamar, mais tarde, feminismo. O movimento feminista nascente
sustentava-se, assim, na noção de diferença, não só entre homens e mulheres, mas também na diferente
conceptualização do sujeito e do objecto dos vários fenómenos sociais (como o discurso, a arte, o casamento, etc.).

O movimento feminista viria posteriormente a ser influenciado por dois grandes debates ideológicos no seu seio;
a guerra dos sexos, que discutia o papel da pornografia na opressão das mulheres, e a Lavender Menace (ameaça
lavanda), referente à aceitação de lésbicas no seio do movimento feminista. Da mesma forma que os inimigos do
feminismo utilizavam (e utilizam) com frequência o argumento lesbofóbico do lesbianismo das feministas, uma grande
parte das militantes feministas demonstravam, elas próprias, a sua própria lesbofobia ao negar a aceitação de lésbicas
no movimento. As lésbicas da lavender menace declaravam ser mais feministas devido ao seu maior afastamento dos
homens, enquanto que as feministas heterossexuais argumentavam que os papéis masculino/feminino (butch/fem) no
seio dos casais lésbicos não eram mais que cópias do casamento heterossexual. A atenção aos papéis e práticas sexuais,
e sobretudo a divisão que toda esta discussão provocou, conduziu ao despontar da teoria queer no início da década de
1990.
Teóricos queer

Os primeiros teóricos queer foram Eve Kosofsky Sedgwick, Judith Butler, Michael Warner, David M. Halperin.


Atualmente, destacam-se Judith Halberstam, Joshua Gamson, Roderick Ferguson, Steven Epstein, Steven Seidman e
começa a se dar uma grande expansão desta linha de estudos pelo mundo. Na Europa, destaca-se o
filósofo espanhol radicado na França Paul B. Preciado, autor de "Manifesto Contra-Sexual". No Brasil, destacam-se
Larissa Pelúcio, Richard Miskolci e Berenice Bento, além de estudiosos da educação como Guacira Lopes Louro.

Lista dos principais teóricos queer

 Sara Ahmed  Larissa Pelúcio

 Gloria Anzaldua  Michel Foucault

 Berenice Bento  Judith Halberstam

 Adriano de León  David M. Halperin

 Lauren Berlant  Eve Kosofsky Sedgwick

 Leo Bersani  David L. Eng

 Aaron Betsky  Teresa de Lauretis

 Sofia Golia  Guacira Lopes Louro

 Judith Butler  Richard Miskolci

 Tim Dean  Paul B. Preciado

 Lee Edelman  Steven Seidman

 Steven Epstein  Michael Warner

 Roderick Ferguson

 Joshua Gamson

Críticas

Normalmente, os críticos da teoria estão preocupados com o fato de que a abordagem obscurece ou destaca
completamente as condições materiais que sustentam o discurso.[1] Tim Edwards argumenta que a
teoria queer extrapola muito amplamente da análise textual ao realizar um exame do social.[1]

A crítica de Adam Green é uma abordagem da teoria queer, que se inclina para uma posição sociológica sobre a questão
da sexualidade; principalmente e de forma bastante exclusiva, com foco em questões gays e lésbicas. Green argumenta
que a teoria ignora as condições sociais e institucionais dentro das quais lésbicas e gays vivem.[2] Por exemplo, a teoria
desmantela a contingência social em alguns casos (posicionamentos de indivíduos homossexuais), enquanto recupera a
contingência social em outros (posições racializadas). Assim, nem todo o trabalho teórico queer é tão fiel às suas raízes
deconstrucionistas. Refletindo sobre esta questão, Timothy Laurie sugere que "o desejo de resistir às normas, em
alguma cultura queer contemporânea, nunca pode ser totalmente reconciliado com um desafio igualmente importante:
o de produzir descrições adequadas e dinâmicas de eventos comuns."[3]

O compromisso da teoria com a desconstrução torna quase impossível falar de uma questão "lésbica" ou "gay", uma vez
que todas as categorias sociais são desnaturalizadas e reduzidas ao discurso.[4] Assim, a teoria não pode ser uma
estrutura para examinar os mesmos ou as subjetividades - incluindo as que se acumulam por raça e classe -, mas sim,
devem restringir seu foco analítico ao discurso.[5] Assim, a sociologia e a teoria queer são consideradas como
estruturas metodológica e epistemológicamente incomensuráveis[5] por críticos como Adam Isaiah Green. Assim Green
escreve que, numa seção introdutória,[6] Michael Warner (anos 1990) desenha a possibilidade de uma teoria queer como
uma espécie de intervenção crítica na teoria social (desconstrução radical). Apesar disso, ele se entrelaça entre
a objetificação e a desconstrução da identidade sexual. Green argumenta que Warner começa o volume invocando uma
política de identidade étnica, solidificando-se em torno de uma desagregação social específica e uma discussão sobre a
importância de desconstruir noções de identidades lésbicas e homossexuais. Mas, apesar de seu desconstrucionismo
radical, constrói o sujeito queer em termos amplamente convencionais: como lésbicas e gays ligadas por instituições e
práticas homofóbicas.

Assim, um dos principais pontos da teoria queer envolve o sujeito através de epistemologias sociológicas convencionais


que concebem posições sujeitas constituídas por sistemas de estratificação e organizadas em torno de experiência e
identidade compartilhadas.

De outra forma, para Ian Barnard,[7] qualquer consideração da sexualidade deve incluir obrigatoriamente, subjetividades
racializadas. Adam Green argumenta que Barnard rejeita implicitamente as concepções teóricas queers da sexualidade
com base em que tal trabalho não explica a particularidade das sexualidades racializadas. Ele argumenta que o fracasso
ocorre porque os teóricos queers são brancos e, portanto, operam a partir da particularidade de um ponto de vista
racial branco. Barnard aspira a recuperar uma análise da raça na teoria queer, propondo que a epistemologia
desconstrucionista da teoria queer possa ser usada para decompor a queerness (anormalidade) branca (primeiro) para
recuperar uma queerness racializada (segundo). Assim, Adam Green argumenta que a tentativa de Barnard de levar a
contingência social a uma teoria queer viola a principal premissa epistemológica da teoria queer. De fato, ao propor que
a teoria capture posições de assunto racializadas, Barnard restaura o que significa ser uma pessoa negra. Sua crítica à
posição de teóricos queer sobre a questão é, em si mesma, um testemunho da estabilidade da ordem social e do poder
dos grupos sociais para marcar um tipo particular de experiência, de subjetividade e, por sua vez, de autor queer. Ele
recua a via de uma análise decididamente sociológica da posição do sujeito e do eu. Finalmente, Annamarie Jagose.
[8]
 Green observa que Jagose visa uma análise das barreiras sociais, incluindo aquelas que resultam de raça e etnia.
Assim, naquele, Jagose sublinha a forte premissa epistemológica desconstrucionista do termo e/ou teoria queer em
geral. No entanto, ela continua analisando identidades e sexualidades "inflexas pela heterossexualidade, raça, gênero e
etnia." Assim, Adam Green afirma que, ao defender a incorporação da contingência social dessa maneira, Jagose não
oferece vantagem crítica para a teoria queer nem dá clareza ao ponto de vista da teoria. No entanto, sobre o tema da
raça, Jagose afirmou que, para uma lésbica negra, o que é de extrema importância é o seu lesbianismo, e não a sua raça.
Muitos gays e lésbicas negros atacaram essa abordagem, acusando-a de reinscrever uma identidade essencialmente
branca no coração da identidade gay ou lésbica (Jagose, 1996).[9]

A crítica contra a teoria queer pode ser dividida em três ideias principais:[10]

1. Tem uma deslocação falha, a "crítica sem sujeito" dos estudos queer.

2. A análise insustentável da própria falha.

3. A implicação metodológica, que os estudiosos da sexualidade acabam reiterando e consolidando em categorias


sociais.

Os pontos de vista de Green sugerem conservação e assimilação gay que derivam de uma perspectiva mais tradicional.
Suas preocupações com a perda potencial de uma vantagem crítica, incorporando muito discurso sobre
identidades não-sexuais, são válidas, no entanto, os teóricos como Ruth Goldman e Cathy J. Cohen, pensam do
contrário.

No ensaio de Ruth Goldman, 'Who Is That? Exploring Norms around Sexuality, Race, and Class in Queer Theory, ela
examina como a retórica funciona para criar um "discurso normativo dentro da teoria queer", e como essa retórica serve
para limitar nossa percepção do queer. Em oposição à crítica de Green, Goldman argumenta que, para cumprir a teoria
com a intenção de desafiar o "normal", deve-se fornecer uma estrutura para desafiar outras normas opressivas que se
cruzem com a sexualidade (ou seja, racismo, misoginia, classismo, etc.). Reconhecer o cruzamento das múltiplas
opressões é desmantelar o quadro numa única questão e, assim, criar uma plataforma para uma análise mais precisa.[11]
A teórica, Cathy J. Cohen, oferece uma crítica complexa em Punks, Bulldaggers e Wellfare Queens: The Radical Potential
of Queer Politics que apóia a ideologia de Goldman. Queerness ("anormalidade"), de acordo com Cohen, fornece
conceitualizações que quebram a visibilidade binária tradicional. Ao contrário das estruturas baseadas em identidade
única - não servindo aqueles com identidades multi-oprimidas - a existência tem o potencial de unir esses aspectos de si
mesmo para estimular uma compreensão mais consistente da opressão. No entanto, Cohen expressa preocupações em
torno da dicotomia entre queer e heterossexual. Este binário criou uma direção errada para o diálogo em torno da
dinâmica de poder. Assim, uma compreensão insuficiente do poder foi categorizada sexualmente: todos os
heterossexuais são caracterizados como privilegiados e todos os queers são considerados oprimidos. Como resultado, a
política queer priorizou apenas um fator, a sexualidade como a lente principal através da qual eles estruturam sua ação.
Encorajar esse método de pensamento rejeita outros que estão no centro e à margem. Cohen afirma que, para
compreender plenamente as vantagens da teoria queer, os ideais precisam ser mais radicalizados; bem como, incentivar
o uso de uma lente multifocal ao analisar os problemas.[12]

Green argumenta que queer é, em si mesma, uma categoria que alguns auto identificados "teóricos queer" e "ativistas
queer" usam para consolidar uma posição pessoal fora dos regimes normatizadores de gênero e sexualidade.[13] Esses
exemplos questionam o grau em que as categorias de identidade precisam para serem consideradas como negativas, no
sentido avaliativo desse termo, pois ressaltam os potenciais auto determinadores da proteção do eu - uma ideia lançada
primeiro por Michel Foucault nos volumes II e III de sua História da Sexualidade.

O papel da teoria queer, especificamente na substituição do conhecimento histórico e sociológico sobre a vida de


lésbicas e gays com a teoria das questões lésbicas e homossexuais, e o deslocamento de estudos de gays e lésbicas por
gênero e estudos queer tem sido criticado pelo ativista e escritor Larry Kramer.[14][15][16] Kramer cita um livro de Richard
Godbeer, professor de história e estudos de gênero na Universidade de Miami, chamado The Overflowing of
Friendship. Kramer critica o relato de Godbeer sobre o período colonial do século XVIII. Kramer escreve: "Godbeer está
inclinado a convencer-nos de que dois homens na América colonial poderiam ter relacionamentos extremamente
obsessivos e apaixonados (relacionamentos classificados por ele como "sentimentais," "amorosos", "românticos"...) [os
homens iriam] passar muitas noites na cama conversando sobre o que haveria em seus corações, sem que a questão do
sexo surgisse de forma alguma."[17] Kramer não concorda com essa teoria e acredita que a noção das relações e
experiências sexuais com mesmo sexo existiram. Além disso, o educador e escritor John D'Emilio argumenta que a
identidade gay nem sempre existiu e o surgimento de homens e mulheres homossexuais foi um desenvolvimento
posterior relacionado com a disseminação do capitalismo no século XIX. Um sistema capitalista de trabalho livre,
propagado na sociedade e a individualidade independente fez com que a família nuclear já não fosse uma unidade
econômica tão necessária. Como a família, por sua vez, assumiu um novo papel de unidade emocional afetiva separada
do mundo do trabalho e da produção, a ideia de sexualidade foi separada da procriação. A sexualidade, não mais
vinculada pelo imperativo de reprodução, experimentou uma mudança e permitiu que as pessoas pensassem de
maneira diferente sobre o desejo, criando condições que permitissem a expressão do comportamento homossexual e a
construção de uma identidade gay.[18]

Outra crítica é que a teoria queer, em parte porque tipicamente recorre a um jargão muito técnico, é escrito por e para
uma estreita elite. É, portanto, tendencioso de classe e também, na prática, apenas conhecido e referenciado em
universidades e faculdades (Malinowitz, 1993).[9] Além disso, aqueles em posição de poder, têm acesso aos meios de
comunicação, onde podem expressar sua interpretação, definições e descrições de tópicos, às vezes
independentemente da precisão. Essas pessoas de poder recebem "ação privilegiada de nomeação".[19] Como resultado,
isso pode obscurecer a percepção da realidade para aqueles em contextos institucionalizados. A academia muitas vezes
negligencia as obras sobre a teoria de autoria de mulheres ou homens negros. Isso pode ser atribuído ao fato de que as
instituições impuseram padrões de avaliações críticas para o que é um trabalho da teoria e o que não é. Esses padrões
levaram à apropriação do trabalho que se considerou impróprio e criaram uma exclusão de pessoas que podem acessar
o material. Isso conduz a massa do público contra a ideia de entender a teoria; um aspecto importante em relação à
compreensão da prática. A institucionalização da teoria queer impôs uma ameaça de domar e domesticar a energia
crítica.[20]
Uma crítica inicial sobre a teoria queer que é precisamente "anormal" não se refere a nenhum status sexual específico
ou escolha de objeto de gênero. Por exemplo, Halperin (1995)[9] permite que as pessoas heterossexuais possam ser
"anormais", as quais alguns acreditam, roubam os gays e as lésbicas quanto ao caráter distintivo do que os faz
marginalizados. Dessexualiza a identidade, quando a questão é precisamente sobre uma identidade sexual (Jagose,
1996).[9] Por outro lado, Michael Warner argumenta que o objetivo queer é desafiar a normalidade e não a
heterossexualidade. Isso reage ao ponto de Cohen sobre a dicotomia de poder. As pessoas "convencionais" podem ser
oprimidas por comportamentos que também são vistos como desviantes sexualmente. Um exemplo é a welfare
queen ("rainha do bem-estar"),[21] - uma mulher negra que é marginalizada por sua raça, sexualidade e gênero - todas as
identidades que se cruzam para criar esse tipo de opressão.[12]

A crítica contra a teoria queer não se limita aos EUA. Ela é repetidamente criticada pelo Vaticano. O Papa Francisco falou
sobre a "colonização ideológica" pela qual ele acusa a teoria queer, e estudos de gênero mais amplamente críticos, de
ameaçarem a família tradicional e a heterossexualidade fértil.[carece de fontes] A França foi um dos primeiros países onde esta
reivindicação tornou-se generalizada quando os movimentos católicos marcharam nas ruas de Paris contra o projeto de
lei sobre o casamento gay e a adoção homoparental. No livro Queer Theory: The French Response,[22] Bruno
Perreau aponta que esse medo tem raízes históricas profundas na França. Ele argumenta que a rejeição da
teoria queer expressa ansiedades sobre a identidade nacional e as políticas minoritárias. Grupos minoritários podem
trair a nação e preferem identidades supranacionais. Perreau sustenta que a teoria queer mostra que ser parte de um
grupo requer a capacidade de criticar a própria nacionalidade. Isso é insuportável para os movimentos reacionários,
argumenta Perreau, ainda mais porque a teoria queer baseia-se ironicamente na teoria francesa.

Ver também

 Capitalismo rosa

 Feminismo

 Heterofobia

 Heteronormatividade

 Homonormatividade

 Monossexismo

 Heteropatriarcado

 Heterossexualidade compulsória

 Identidade de gênero

 Performatividade de gênero

 Disforia de gênero

 Incongruência de gênero

 Masculinismo

 Orientação sexual

 Papel social de gênero

 Pós-estruturalismo

 Queer

 Teoria crítica
 Transfeminismo

 Transgênero

 Estudos sobre diversidade sexual

 Drag queer

Referências

1. ↑ Ir para:a b ResearchGate - Queer Fears: Against the Cultural Turn. Tim Edwards, Novembro de 1998, (em
inglês) Acessado em 17/11/2017.

2. ↑ JSTOR - Gay but Not Queer: Toward a Post-Queer Study of Sexuality. Adam Isaiah Green, Theory and
Society, Vol. 31, No. 4, Agosto de 2002, págs. 521-545, (em inglês) Acessado em 17/11/2017.

3. ↑ Academia.edu - The Ethics of Nobody I Know: Gender and the Politics of Description. Timothy


Laurie, Qualitative Research Journal, 14 (1): 64–78, (em inglês) Acessado em 17/11/2017.

4. ↑ Sexualities, Queer Theory, and Qualitative Research. Josh Gamson, 2000,in Denzin, N.; Lincoln, Y., of
Qualitative Research, 2ª edição. Sage Publications, págs. 347–65, (em inglês) Adicionado em 17 de
novembro de 2017.

5. ↑ Ir para:a b Queer Theory and Sociology: Locating the Subject and the Self in Sexuality Studies. Adam
Green, Sociological Theory, 25 (1): 26–45, (em inglês) Addicionado em 17/11/2017.

6. ↑ Fear of a Queer Planet. Michael Warner. Introdução: Queer Politics and Social Theory, págs. viii–xxxi,
1993, (em inglês) Editado por Michael Warner, University of Minnesota Press. Adicionado em
17/11/2017.

7. ↑ Queer Race. Social Semiotics 9(2):199–211. Ian Barnard, 1999, (em inglês) Adicionado em
17/11/2017.

8. ↑ Queer Theory: An Introduction. Autora: Annamarie Jagose. NYU Press, 1996, (em inglês) ISBN
9780814742341 Adicionado em 17/11/2017.

9. ↑ Ir para:a b c d Stanford Encyclopedia of Philosophy - 4. Queer Theory and the Social Construction of
Sexuality. (em inglês) Adicionado em 17/11/2017.

10. ↑ JSTOR - Queer Theory and Sociology: Locating the Subject and the Self in Sexuality Studies. Adam
Green, Sociological Theory, Vol. 25, Nº 1, Março de 2007, págs. 26-45, (em inglês) Acessado em
17/11/2017.

11. ↑ Queer Studies: A Lesbian, Gay, Bisexual, & Transgender Anthology. Autores: Brett Beemyn & Michele
Eliason. NYU Press, 1996, (em inglês) ISBN 9780814712580 Adicionado em 17/11/2017.

12. ↑ Ir para:a b 985queer - Punks, Bulldaggers, and Welfare Queens: The Radical Potential of Queer Politics?”
GLQ 3 (1997). Cathy Cohen, (em inglês) Acessado em 17/11/2017.

13. ↑ ResearchGate - Remembering Foucault: Queer Theory and Disciplinary Power. Adam Green, (em
inglês) Acessado em 17/11/2017.

14. ↑ Advocate.com - Larry Kramer's Case. Against "Queer". Charles Kaiser, 29 de Abril de 2009, (em inglês)
Acessado em 17/11/2017.

15. ↑ Insidehighered - Larry Kramer Questions Gay Studies. Scott Jaschik, 28 de Abril de 2009, (em inglês)
Acessado em 17/11/2017.
16. ↑ The Daily Beast - Yale's Conspiracy of Silence. Larry Kramer, 24 de Abril de 2009, (em inglês) Acessado
em 17/11/2017.

17. ↑ Gay & Lesbian Review Worldwide - Queer Theory’s Heist of Our History. Larry Kramer, 1 de Setembro
de 2009, (em inglês) Acessado em 17/11/2017.

18. ↑ Families in the U.S.: Kinship and Domestic Politics. Autoras: Karen V. Hansen & Anita Ilta Garey.
"Capitalism and gay identity", págs. 131-141, Temple University Press, 1998, (em inglês) ISBN
9781566395908 Adicionado em 17/11/2017.

19. ↑ Universidade Yale - Theory as liberatory practice. Yale Journal of Law and Feminism. bell hooks, 1991,
(em inglês) Acessado em 17/11/2017.

20. ↑ Graduate Journal of Social Science. 6 (1). Jonathan Kemp, 2009, (em inglês) Acessado em 17/11/2017.

21. ↑ Welfare queen ou "rainha do bem-estar", é um termo depreciativo usado nos EUA para se referir a
mulheres que supostamente recebem pagamentos de assistência social excessivos, através de fraudes
ou manipulação. Ref: (Oxforddictionaries) Adicionado em 17/11/2017.

22. ↑ Queer Theory: The French Response. Autor: Bruno Perreau. Stanford University Press, 2016, (em
inglês) ISBN 9781503600461 Adicionado em 17/11/2017.

Bibliografia

 Michel Foucault, La Volonté de savoir, 1976.

 Judith Butler, Gender Trouble, 1990.

 Eve Kosofsky Sedgwick, Between Men, 1985.

 Eve Kosofsky Sedgwick, Epistemology of the Closet, 1990.

 Annamarie Jagose, Queer Theory, 1996.

 Lee Edelman, No Future, 2004

 Judith Halberstam, In a Queer Time and Place, 2005

 Sara Ahmed, Queer Phenomenology, 2006

 Miskolci, Richard. A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma analítica da normalização In: Sociologias.
Porto Alegre: PPGS-UFRGS, 2009. n. 21 [1]

 Louro, Guacira Lopes: A Teoria Queer: Uma Política Pós-Identitária para a Educação [2]

 Adam, B. 2000. “Love and Sex in Constructing Identity Among Men Who Have Sex With Men.” International
Journal of Sexuality and Gender Studies 5(4):325–29.

 Edwards, T. 1998. “Queer Fears: Against the Cultural Turn.” Sexualities 1(3):471–84.

 Gamon, Josh. 2000. “Sexualities, Queer Theory, and Qualitative Research.” Pp. 347–65 in Handbook of
Qualitative Research, 2nd ed., edited by N. Denzin and Y. Lincoln. Sage

 Green, Adam. I. 2002. “Gay But Not Queer: Toward a Post-Queer Sexuality Studies.” Theory and Society 31:521–
45.

 Green, Adam Isaiah. 2007. "Queer Theory and Sociology: Locating the Subject and the Self in Sexuality
Studies,” Sociological Theory 25,1:26-45.
Ligações externas

 Cadernos Pagu (número devotado à teoria queer)

 Trikster, Nordic Queer Journal

 SQS - Journal of Queer Studies in Finland

 LES Online, digital journal on lesbian issues

gays, bissexuais e transgêneros (LGBT)

Teologia queer

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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A teologia queer é um método teológico desenvolvido a partir da abordagem filosófica da teoria queer, construída por


estudiosos como Marcella Althaus-Reid, Lisa Isherwood, Michel Foucault, Gayle Rubin, Eve Kosofsky Sedgwick e Judith
Butler.[1] A teologia queer começa com a compreensão de que a variação de gênero e o desejo queer sempre estiveram
presentes na história humana, incluindo as tradições de fé e seus textos sagrados, como as escrituras judaicas[2] e
a bíblia cristã.[3][4] Foi uma vez separado em duas teologias separadas; teologia gay e teologia lésbica. Mais tarde, os dois
se fundiram e se expandiram para se tornar o termo mais abrangente da teologia queer.[5]

Terminologia

O termo queer pode ser entendido dentro da teoria queer como englobando um de três significados: como um termo
guarda-chuva, como ação transgressiva e como apagamento de fronteiras. Seu uso se tornou mais popular em
ambientes sociais para identificação pessoal e em ambientes acadêmicos, levando à criação de programas como o
Center for LGBTQ e Gender Studies in Religion (em inglês: Estudos de Gênero na Religião), um programa criado em 1996
na Pacific School of Religion (em inglês: Escola Pacífica de Religião).[6] Construindo sobre esses três significados de queer,
a teologia queer pode ser entendida como:[7]

1. Teologia feita por, com e para


indivíduos LGBTQIA (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queers, intersexos e assexuais) com foco em suas
necessidades específicas, conforme declarado por pessoas que se identificam na comunidade LGBTQIA+.

2. Teologia que se opõe propositalmente à fixidez das normas sociais e culturais sobre gênero e sexualidade. Ele
busca trazer um valor igualitário para vozes, experiências e perspectivas marginalizadas que permitem que a
teologia em corpos e pensamentos queer seja mais amplamente conhecida.

3. Teologia que desafia e desconstrói fronteiras nocivas e historicamente impostas, principalmente no que diz
respeito à identidade sexual e de gênero.

A teologia queer inclui a identidade sexual e de gênero dos indivíduos e permite que a comunidade LGBTQ+ recupere o
que veem como seu espaço legítimo no cristianismo[8] e na Imago Dei (em latim: Imagem de Deus), bem como em outras
religiões e tradições de fé. Além disso, de acordo com Jennifer Purvis, "queer" significa não apenas uma variedade de
gêneros variantes e sexualidades não heterossexuais, mas uma postura de resistência, atitude questionadora e um
conjunto de técnicas e abordagens. Por essa razão, a teologia queer exige pensar além do que pode ser conhecido,
disciplinado e controlado e nos pede para abraçar novamente nossa cognição queer.[9]

O termo pode ser rastreado até a década de 1990, quando J. Michael Clark propôs o termo "teologia gay pró-
feminista"[10][11] e Robert Goss usou o termo "teologia queer".[12]

Teólogos

Alguns autores notáveis que expandiram este campo em raça, habilidade, gênero e sexualidade estão listados abaixo
com o foco de seus trabalhos.

 Patrick S. Cheng

 David Eng e Alice Y. Hom[13]

 Delroy Constantine-Simms[14]

 Michael Hames-Garcia e Ernesto Javier Martinez[15]

 Qwo-Li Driskill[16]

 Yvette Flunder
 Marcella Althaus-Reid

Uma das proponentes da teologia queer foi Marcella Althaus-Reid, que se baseou na teologia da libertação latino-
americana e interpretou a bíblia de uma forma que ela via como positiva para as mulheres, as pessoas e o
sexo queer[17] Ela propôs uma teologia que centralizaria as pessoas marginalizadas, incluindo pessoas em situação de
pobreza e queers. Para Althaus-Reid, a teologia deve estar conectada ao corpo e experiência vivida. Ela colocou desta
forma:

Teologias Sexuais Indecentes [...] podem ser eficazes desde que representem a ressurreição do excessivo em nossos
contextos, e uma paixão por organizar as transgressões luxuosas do pensamento teológico e político. O excesso de
nossas vidas famintas: nossa fome por comida, fome pelo toque de outros corpos, pelo amor e por Deus. [...] [A]penas
na saudade de um mundo de justiça econômica e sexual juntos, e não subordinados uns aos outros, o encontro com o
divino pode acontecer. Mas este é um encontro a ser feito na encruzilhada do desejo, quando se atreve a deixar a
ordem ideológica do normativo heterossexual pervasivo. Este é um encontro com indecência e com a indecência de
Deus e do cristianismo.[18]

Um tema na teologia de seu The Queer God (Routledge, 2003) é a santidade do clube gay, enquanto explora a
intersecção e a essencial não contradição de uma vida religiosa forte e vibrante e desejo sexual.[19][20] Um exemplo de
encontrar alteridade e desejo em textos bíblicos é sua leitura de Jeremias 2:23–25 do hebraico, apresentada em seu
trabalho anterior Indecent Theology:

[...] um camelo jovem desviando de seu caminho: uma selvagem she-ass acostumado ao deserto, cheirando o vento em
sua luxúria. Quem pode repelir seu desejo? E você disse: "Não! Eu amo estranhos, os diferentes, os desconhecidos,
o Outro, e vou segui-los".[21]

Hugh William Montefiore

As opiniões de Hugh William Montefiore sobre a infância de Jesus

Em um artigo lido na Conferência de Modern Churchmen em 1967 intitulado "Jesus, a Revelação de Deus", Hugh
William Montefiore oferece uma interpretação controversa da infância de Jesus. Jesus não estava ciente de sua vocação
como Messias até aproximadamente os trinta anos, argumenta Montefiore, e essa vocação não pode, portanto, explicar
o celibato de Jesus. Além dos essênios, o celibato não era uma prática comum na vida judaica. Montefiore sugere que
talvez precisemos procurar uma razão não religiosa para explicar o celibato de Jesus:

Os homens geralmente permanecem solteiros por três motivos: ou porque não têm dinheiro para se casar ou porque
não há meninas para casar (nenhum desses fatores deve ter impedido Jesus); ou porque é inconveniente para eles se
casarem à luz de sua vocação (já descartamos isso durante os "anos ocultos" da vida de Jesus); ou porque são
homossexuais por natureza, visto que as mulheres não têm atração especial por eles. A explicação homossexual é
aquela que não devemos ignorar.[22]

Montefiore encontra a explicação de que Jesus era homossexual consistente com sua identificação com os pobres e
oprimidos:

Todos os evangelhos sinópticos mostram Jesus em relacionamento próximo com os 'estranhos' e os não amados.
Publicanos e pecadores, prostitutas e criminosos estão entre seus conhecidos e companheiros. Se Jesus fosse
homossexual por natureza (e esta é a verdadeira explicação de seu estado celibatário), então isso seria mais uma
evidência da autoidentificação de Deus com aqueles que são inaceitáveis para os defensores do 'Estabelecimento' e das
convenções sociais.[23]

John J. McNeill era um padre jesuíta assumidamente gay e um defensor vocal da teologia queer. Seu trabalho se
concentra na promoção de uma estrutura cristã nova e em evolução que realmente inclua cristãos gays, lésbicas e
bissexuais. Ele destaca a importância de reconhecer o quão longe a mentalidade cristã avançou em sua visão da
homossexualidade, mas acredita que há um longo caminho a percorrer. McNeill argumenta que não é suficiente exigir
aceitação, mas lutar por uma Igreja que forneça uma comunidade que permita o enriquecimento espiritual e moral de
cristãos gays, lésbicas e bissexuais. Esta inclusão pode ser alcançada envolvendo-se e permitindo que cristãos gays,
lésbicas e bissexuais não apenas participem de tal comunidade, mas sejam líderes no ministério.

Os homossexuais dentro da Igreja têm a obrigação de se organizar e tentar entrar em diálogo com as autoridades da
Igreja. As autoridades da Igreja, por sua vez, deveriam mostrar um exemplo em termos de comportamento justo para
com a minoria homossexual, demonstrando uma disposição ativa para ouvir, entrar no diálogo e buscar maneiras de
resolver qualquer injustiça que se torne clara como resultado do diálogo. É somente por meio desse diálogo que o
processo pode começar a separar as verdadeiras implicações da fé e moralidade cristã para o homossexual dos mal-
entendidos e preconceitos do passado.[24]

O livro de McNeill, The Church and the Homosexual (Beacon Press, 1976) aborda a teologia queer em três seções: uma
história da relação entre a homossexualidade e a tradição católica, descobrindo onde a homossexualidade pertence a
uma teologia moral tradicional reestruturada e as mudanças necessárias na modernidade Ministério cristão que
permitirá que cristãos gays, lésbicas e bissexuais prosperem em sua fé.

Ver também

 A bíblia e a homossexualidade

 Gênero de Deus

 Alexya Salvador

Referências

1. ↑ Cheng, Patrick (2013). Rainbow Theology: Bridging Race, Sexuality, and Spirit. New York: Seabury Books.
4 páginas. ISBN 9781596272415

2. ↑ Schleicher, M. (17 de novembro de 2011). «Constructions of Sex and Gender: Attending to Androgynes and
Tumtumim Through Jewish Scriptural Use». Literature and Theology. 25: 422–435. ISSN 0269-
1205. doi:10.1093/litthe/frr051

3. ↑ Cheng, Patrick S. (2011). Radical love : an introduction to queer theology. New York: Seabury Books. pp. 9–
20. ISBN 978-1-59627-132-6. OCLC 670477054

4. ↑ Cornwall, Susannah (2011). Controversies in queer theology. London: SCM Press. pp. 2–8. ISBN 978-0-334-


04355-3. OCLC 704376055

5. ↑ Cornwall, Susannah (2011). Controversies in Queer Theology. [S.l.]: SCM Press. 6 páginas. ISBN 978-


0334043553

6. ↑ «Trans Seminarian Cohort»

7. ↑ Cheng, Patrick (2011). An Introduction to Queer Theology: Radical Love. [S.l.]: Church Publishing. pp. 9–
20. ISBN 9781596271364

8. ↑ Orr; Braithwaite; Lichtenstein, eds. (2012). Rethinking Women's and Gender Studies (em inglês). New York:
Routledge. ISBN 9781136482564

9. ↑ Purvis, Jennifer (2012). «Queer». In: Orr; Braithwaite; Lichtenstein. Rethinking Women's and Gender
Studies (em inglês). New York: Routledge. pp. 189–206. ISBN 9781136482564

10. ↑ Clark, J. Michael (1991). Theologizing Gay: Fragments of Liberation Activity (em inglês). Oak Cliff, TX:
Minuteman Press. ISBN 0926899031
11. ↑ Clark, J. Michael; McNeir, Bob (1992). Masculine Socialization and Gay Liberation: A Conversation on the
Work of James Nelson and Other Wise Friends (em inglês). Arlington, TX: Liberal Press. ISBN 0934659125

12. ↑ Goss, Robert (1994). Jesus Acted Up: A Gay and Lesbian Manifesto (em inglês). San Francisco:
HarperSanFrancisco. ISBN 9780060633196

13. ↑ David L. Eng; Alice Y. Hom, eds. (1998). Q & A: queer in Asian America. Philadelphia: [s.n.] ISBN 1-56639-639-
5. OCLC 38732173

14. ↑ Delroy Constantine-Simms, ed. (2001). The greatest taboo: homosexuality in Black communities 1st ed. Los
Angeles, CA: Alyson Books. ISBN 1-55583-564-3. OCLC 44951992

15. ↑ Michael Roy Hames-Garcia; Ernesto Javier Martínez, eds. (2011). Gay Latino studies: a critical reader.
Durham, NC: Duke University Press. ISBN 978-0-8223-4937-2. OCLC 672300110

16. ↑ Qwo-Li Driskill, ed. (2011). Queer indigenous studies: critical interventions in theory, politics, and literature.
Tucson: University of Arizona Press. ISBN 978-0-8165-2907-0. OCLC 663458961

17. ↑ "Dr. Marcella Althaus-Reid", Religious Archives Network (on line).

18. ↑ Marcella Althaus-Reid, Indecent Theology, (Routledge, 2002) p. 200. ISBN 0203468953.

19. ↑ Marcella Althaus-Reid, The Queer God (Routledge: 2003). ISBN 041532324X.

20. ↑ Jay Emerson Johnson. A "Queer God"? Really? Remembering Marcella Althaus-Reid". Center for Lesbian and
Gay Studies, Pacific School of Religion (March 5, 2009) -- on line. Arquivado em 2012-01-24 no Wayback
Machine

21. ↑ Althaus-Reid, Marcella (2000). Indecent Theology: Theological Perversions in Sex, Gender and Politics. [S.l.]:
Routledge Chapman & Hall. p. iv. ISBN 0415236045. OCLC 1162263837

22. ↑ H. W. Montefiore, "Jesus, the Revelation of God," in Christ for Us Today: Papers read at the Conference of
Modern Churchmen, Somerville College, Oxford, July 1967, edited by Norman Pittenger (SCM Press, London:
1968), p. 109.

23. ↑ ibid, p. 110.

24. ↑ Younge, Richard G. (1980). «Review: The Church and the Homosexual by John J. McNeill». Historical Magazine
of the Protestant Episcopal Church. 49. 97 páginas. JSTOR 42973755

Leitura adicional

 Althaus-Reid, Marcella (2000). Teologia indecente: perversões teológicas em sexo, gênero e política. ISBN


0415236045

 Althaus-Reid, Marcella (2003). O Deus Queer.ISBN 041532324X

 Clark, John Michael (1997). Defying the Darkness: Gay Theology in the Shadows. [S.l.]: Pilgrim
Press. ISBN 9780829811636

 Cornwall, Susannah (2011). Controversies in Queer Theology. Col: Controversies in contextual theology series.
[S.l.]: Hymns Ancient and Modern Ltd. ISBN 9780334043553

 Hedges, Paul (2011). «Guanyin, Queer Theology, and Subversive Religiosity: an experiment in interreligious
theology». In: David Cheetham. Interreligious Hermeneutics in Pluralistic Europe: Between Texts and People.
[S.l.]: Rodopi. pp. 203–230. ISBN 978-9401200370
 Lightsey, Pamela (2015). Our Lives Matter: A Womanist Queer Theology. Publicações Pickwick.ISBN
9781498206648

 Loughlin, Gerard, ed. (2009). Queer Theology: Rethinking the Western Body. [S.l.]: John Wiley &
Sons. ISBN 9780470766262

 Johnson, Jay Emerson (2014). Peculiar Faith: Queer Theology for Christian Witness. [S.l.]: Church Publishing,
Inc. ISBN 9781596272514

 Tonstad, Linn (2018). Queer Theology: Beyond Apologetics. Cascade Books. ISBN 1498218792

Ligações externas

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