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Nome: Rodrigo Santos de Souza RA: 191283

Esfera pública, mas nem tão pública!


Temos o objetivo a partir deste ensaio de apresentar o conceito de esfera
pública dito por Habermas, assim como estabelecer paralelos de fatos jornalísticos
com a teoria. A princípio precisamos ressaltar que Habermas é um teórico da Escola
de Frankfurt ou como é também denominada ‘’Teoria Crítica’’. A escola de Frankfurt
ou Teoria crítica é um estudo sociológico e filosófico do século XX, um dos principais
teóricos dessa corrente são: Theodor Adorno, Horkheimer, Walter Benjamin e o
mais contemporâneo Jurger Habermas. Os frankfurtianos apontam o incumprimento
das promessas modernas. O século XVIII foi considerado o século das luzes, seus
pensadores atestam que o futuro seria magnífico, com grandes avanços científicos,
paz, com o respeito às religiões, enfim, seria como dito pelo filósofo Francis Bacon o
‘’Paraíso terrestre’’, mas a partir do século XX com as duas grandes guerras, os
avanços tecnológicos consumando o meio ambiente foi provado que as promessas
modernas não foram cumpridas, segundo Ivan Oliveira: ‘’(...) a teoria crítica significa
um arcabouço teórico com destino precípuo de oposição ao status quo promovido
pelos ideais do iluminismo.’’ (OLIVEIRA, 2013, p.20).
Os pensadores da escola de Frankfurt são críticos do capitalismo, pois
segundo eles, o capitalismo mudou a racionalização humana, Max Horkheimer
aponta esse período tecnológico e de avanços científicos, de guerras e consumo
desenfreado como o período da crise da razão ou como ele nomeia ‘’razão
instrumental’’ que nada mais é do que uma anti-razão, uma razão técnica,
mecanicista e não reflexiva, para Ivan a razão instrumental: ’’(...) desumaniza o
homem e o transforma apenas em um repositório de informações, que às vezes
são, inclusive contraditórias entre si.’’ (OLIVEIRA, 2013, p.24.). Podemos perceber
até aqui que os frankfurtianos estão preocupados em entender sua
contemporaneidade, dar o diagnóstico social, fazer uma crítica a uma sociedade
capitalista e mecanicista, mas e a esfera pública? O que Habermas contribuiu para
a escola de Frankfurt em relação à esfera pública? O pensamento de Habermas
sobre a esfera pública e a mídia pode contribuir em nosso contexto? Essas são
perguntas que buscaremos responder no decorrer deste ensaio.
Para responder o que é esfera pública, primeiro, devemos entender o que é
público, se fomos averiguar no dicionário poderemos perceber que público é aquilo
que não é privado. Sempre quando começa um novo programa televisivo aparece
as restrições etárias no programa, aqueles programas onde não contém nenhuma
acena de sexo, violência ou uso de drogas aparece a seguinte mensagem ‘’Livre
para todos os públicos’’, ou seja, todos podem assistir aquele programa
independemente da idade, por isso, chamamos de público aquilo que é acessível a
todos. Ao falarmos em algo público sempre nos é remetido a algo que é de
responsabilidade do estado, lembro-me quando criança de um certo senhor, meu
vizinho, que não gostava de ver crianças brincando na rua, certo dia um amigo meu
respondeu a esse senhor: ‘’A rua é pública, não vou sair daqui’’. A rua, a praça, o
hospital, as escolas, enfim, tudo aquilo que é da administração estatal e serve a
comunidade é tratado como público, como disse Habermas: ‘’Chamamos de
"públicos" certos eventos quando eles, em contraposição às sociedades fechadas,
são acessíveis a qualquer um (...) (HABERMAS, p.14). Mas e as esferas públicas?
Esfera pública é um espaço onde deve ocorrer os debates e opiniões a serem
discutidas, é a partir da esfera pública onde nasce a opinião pública, a esfera
pública nasce na pólis grega, pois ela ocorriam os debates em praças públicas, o
exercício da democracia onde homens, atenienses, acima dos 18 anos podiam
dialogar, nas palavras de Ana Barros sobre a esfera pública da Grécia era ‘’(...) o
espaço do convívio comunitário, onde os cidadãos livres se encontravam para
compartilhar, valorizar e transformar a cultura, os esportes, a guerra e as opiniões.’’
(BARROS, p.23, 2008). O que Habermas nos aponta é que a esfera pública do
século XIX E XX é tido pelo estado e esse estado atende a um determinado grupo
restrito, a burguesia, portanto, todo debate e opinião é criado a partir da narrativa
estatal-burguesa, em suas palavras:

O novo intervencionismo do crepúsculo do século XIX é levado a


cabo por um Estado que, através da constitucíonalização de uma
esfera pública politicamente ativa (na Alemanha, certamente, ainda
muito limitada) que tende a estar ligada aos interesses da sociedade
burguesa. (...) Assim, a longo prazo, ao intervencionismo estatal na
esfera social corresponde também a transferências de competências
públicas para entidades privadas’’ (HABERMAS, p.170)
A opinião pública é criada a partir de uma única narrativa, se relaciona em
alguns aspectos com a esfera pública da Grécia, por mais que lá havia um debate
entre homens ficavam restritos a certos grupos como: mulheres, estrangeiros,
escravos e menores de idade. Na modernidade os ''invisíveis'' a esfera pública são
as classes que não pertencem a burguesia, na modernidade já não há mais debate
porque a mídia e as publicidades deram um novo rumo a esfera pública, a essa
questão ressalta Habermas: ‘’No âmbito dos mídias, a 'publicidade' certamente
mudou de significado. De uma função da opinião pública tornou-se também um
atributo de quem desperta a opinião pública (...) (HABERMAS, p.14). Mas, será
ainda hoje alguns ''invisíveis'' na esfera pública? Ainda há o monopólio burguês na
esfera pública?

(Notícias da TV, 2020)

O agro é tech, o agro é pop, o agro é tudo. Esse é o slogam do comercial da


maior emissora do Brasil, enfatizando que o agronegócio é necessário e importante
ao Brasil, pois é a indústria riqueza do Brasil, mas se esquecem, ou melhor, censura
pois são os burgueses que criam a opinião pública e controla os grandes meios
comunicacionais que o agronegócio foi responsável por 97% do desmatamento do
Brasil em 2021, segundo Mapbiomas em seu relatório anual sobre o desmatamento,
nesse estudo foi comprovado que: ‘’(...) a agropecuária provocou 97% da perda de
vegetação nativa, principalmente na Amazônia, que concentrou 59% da área
desmatada no período, seguida por Cerrado (30%) e Caatinga (7%). (PAJOLLA,
2022). Diante desses dados, podemos considerar que a critica de Habermas a
esfera pública pode se aplicar ao presente, pois a esfera pública não é tão pública,
pois atende apenas ao interesse burguês e capitalista em nossa sociedade.

Referências:

https://www.brasildefato.com.br/2022/07/19/agronegocio-foi-responsavel-por
-97-do-desmatamento-no-brasil-em-2021

BARROS, Ana. A importância do conceito de esfera pública de


Habermas para a análise da imprensa - uma revisão do tema. Universitas:
Arquit. e Comun. Social, Brasília, v. 5n. 1/2, p. 23-34, jan./dez. 2008. Disponivel em:
https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/arqcom/article/view/671. Acesso em
06 de Outubro.

OLIVEIRA, Ivan. Mercantilização de sagrado. São Paulo, Ed. Reflexão, 2013

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