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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

DIRETORIA GERAL DE CONTROLE EXTERNO - DGCE


DIRETORIA DE LICITAÇÕES E CONTRATAÇÕES - DLC

PROCESSO Nº: @LEV 21/00800510


UNIDADE GESTORA: Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade
RESPONSÁVEL: Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade (SIE)
INTERESSADOS: Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina
ASSUNTO: Conhecimento trechos rodoviários e situação das AETs
emitidas pela SIE (Deinfra) - processo SEI
21.0.000001879-9
RELATOR:
UNIDADE TÉCNICA: Divisão 2 - DLC/COSE/DIV2
RELATÓRIO Nº: DLC - 532/2022

1. INTRODUÇÃO
Tratam os autos de procedimento de levantamento, nos termos da
Portaria n. TC-148/2020, visando o planejamento de possível auditoria ou inspeção
na emissão de Autorização Especial de Trânsito – AET cuja competência é da SIE.
A motivação está respaldada no processo SEI 21.0.000001879-9, que
trata do Procedimento Administrativo de Tutela Coletiva n. 02/2021, de 23/03/2021,
cujo objeto é a Rodovia SC-157 (trecho São Lourenço do Oeste – Chapecó), em que
o Defensor Público Sr. Roger Rasador Oliveira afirma que a SIE "haveria há poucos
anos liberado a rodovia SC-157 para circulação de combinações de veículos de
carga (CVC) com peso bruto total combinado (PBTC) de 57 a 74 toneladas, sem
maiores estudos técnicos de impacto na rodovia".
Após ofício, a Polícia Militar Rodoviária informou que a SIE teria
emitido uma Autorização Especial de Trânsito - AET que autorizaria o tráfego na
Rodovia SC-157 para Combinações de Veículos de Cargas - CVC com Peso Bruto
Total Combinado - PBTC de 57 a 74 toneladas - Bitrenzão/Rodotrem/Tritrem.
Tendo recebido tais informações, esta Diretoria exarou o Relatório n.
DLC-1395/2021 (fls. 6 a 8) solicitando diligência à SIE para que encaminhasse
“todos os documentos autorizativos e informações de todas as Autorizações
Especiais de Trânsito emitidas e ainda válidas no Estado” (Grifos excluídos). Após
notificação, a Secretaria encaminhou resposta (fls. 12) e as Autorizações Especiais
de Trânsito (fls. 14 a 2211). Posteriormente houve a juntada de outros documentos
(fls. 2213 a 2302).
Exarou-se o Relatório n. DLC-337/2022 (fls. 2303 a 2307) sugerindo-se
nova Diligência para que a Secretaria de Estado da Infraestrutura encaminhasse o
seguinte:
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a) Informar para quais os trechos das rodovias estaduais já houve concessão de AET
para trânsito de veículos CVC com peso bruto total combinado (PBTV) de 57 a 74
toneladas, contendo a data da primeira concessão e o número de concessões válidas
por trecho;
b) Estudos técnicos destinados a liberação dos trechos de rodovias estaduais para o
trânsito desses veículos;
c) Informar qual o setor da Sie que possui função de conceder AETs e, considerando
que a Diretoria de Projetos Rodoviários da SIE informou que era temerário o
deferimento dos pedidos para circulação de CVC com peso bruto total combinado
(PBTV) de 57 a 74 toneladas - Bitrenzão/Rodotrem/Tritrem nas rodovias
catarinenses, informar os critérios que vem sendo utilizados para a sua concessão;
d) Localização de todas as balanças fixas nas rodovias estaduais informando se
estão operacionais ou, caso não estejam, o motivo e previsão de retorno ao uso;

Após solicitação de prorrogação de prazo (fls. 2309), a Unidade


encaminhou os documentos e justificativas juntados aos autos a fls. 2313 a 2457.

2. ANÁLISE
A questão principal do presente levantamento é de obter informações
sobre o procedimento adotado pelo Estado para liberar trechos de rodovias
estaduais ao tráfego de CVC com PBTC de 57 a 74 toneladas -
Bitrenzão/Rodotrem/Tritrem, pois, conforme o Defensor Público Sr. Roger Rasador
Oliveira, não teria havido estudos técnicos sobre o impacto na rodovia SC-157 para
liberação do trânsito desses veículos. Importante ressaltar que a Resolução Contran
n. 882/2021, no art. 61, exige que o Ó rgão ou Entidade Executivo Rodoviário
da União, dos Estados, dos Municípios ou do Distrito Federal (OEER) , no
caso a Sie, disponibilize os estudos de engenharia no portal de solicitação de AET, o
que, aparentemente, não vem sendo cumprido pela Secretaria de Estado.

Art. 61. Os pesos e as dimensões máximas estabelecidos nesta Resolução não


excluem a competência dos OEER para fixar valores mais restritivos em relação
às vias sob sua circunscrição, de acordo com as restrições ou limitações
estruturais da área, via, pista, faixa ou obra de arte, desde que observado o
estudo de engenharia respectivo.
§ 1º O OEER deverá observar a regular colocação de sinalização vertical
regulamentadora, nos termos da Resolução CONTRAN nº 180, de 26 de agosto de
2005, que aprova o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito, Volume I -
Sinalização Vertical de Regulamentação, ou suas sucedâneas, especialmente quanto
às placas R14 e R17, conforme o caso.
§ 2º O OEER deverá disponibilizar os estudos de engenharia no portal de
solicitação de AET ou por outro meio eletrônico.

Conforme a resposta ora juntada e em resposta ao item a) da


Diligência, seriam os seguintes os trechos de rodovias liberadas para tais veículos:
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QUADRO 1 – TRECHOS DE RODOVIAS ESTADUAIS COM LIBERAÇÃO DE


TRÂNSITO DE CVC COM PBTC DE 57 A 74 TONELADAS
RODOVIA TRECHO DESCRIÇÃO EXTENSÃO
A470A 1 ACESSO MIRIM DOCE: ENTR. BR-470 (P/ 7,730
POUSO REDONDO) – MIRIM DOCE
SC114 12 ENTR. BR-470 (P/ CURITIBANOS) - ENTR. SC- 15,864
281 (P/ PONTE ALTA)
SC114 13 ENTR. SC-281 (P/ PONTEALTA)- 1,991
JURISDIÇÃOSIEFINAL(OTACÍLIOCOSTA)
SC114 15 JURISDIÇÃO SIE INICIAL (OTACÍLIO COSTA) – 6,889
PALMEIRA (ENTR. SC-284)
SC114 16 PALMEIRA (ENTR. SC-284) – DISTRITO ÍNDIOS 24,622
(ENTR. BR-282)
SC120 3 ENTR. ACESSO CANOINHAS - ENTR. BR-280 (P/ 6,721
MAFRA)
SC120 9 ENTR. SC-350 (P/ CAÇADOR) – LEBON RÉGIS 4,258
SC120 10 LEBON RÉGIS - ENTR. SC-355 (P/ FRAIBURGO) 1,047
SC120 11 ENTR. SC-355 (P/ FRAIBURGO) - ENTR. SC-350 1,281
(P/ SANTA CECÍLIA)
SC150 2 ENTR. NORTE BR-153 - ENTR. SC-350 (P/ 0,665
CAÇADOR)
SC150 3 ENTR. SC-350 (P/ CAÇADOR) - ENTR. SUL BR- 1,920
153 (P/ IRANI)
SC150 4 ENTR. SUL BR-153 (P/ IRANI) – DISTRITO 15,334
HERCILIÓPOLIS (ENTR. SC-464 P/ SALTO
VELOSO)
SC150 5 DISTRITO HERCILIÓPOLIS (ENTR. SC-464 P/ 23,065
SALTO VELOSO) – JURISDIÇÃO SIE FINAL
(ÁGUA DOCE)
SC150 6 JURISDIÇÃO SIE INICIAL (ÁGUA DOCE) - ENTR. 1,814
SC-355 (P/ CATANDUVAS)
SC157 1 SÃO LOURENÇO DO OESTE (ENTR. SC-480 / 4,300
BR-158 / DIVISA SC/PR) - ENTR. SC-305 (P/
CAMPOERÊ)
SC157 2 ENTR. SC-305 (P/ CAMPOERÊ) – NOVO 8,561
HORIZONTE
SC157 3 NOVO HORIZONTE – FORMOSA DO SUL 27,725
(ENTR. ACESSO IRATI)
SC157 4 FORMOSA DO SUL (ENTR. ACESSO IRATI) - 11,454
ENTR. NORTE SC-482 (P/ QUILOMBO)
SC157 5 ENTR. NORTE SC-482 (P/ QUILOMBO) - ENTR. 14,284
SUL SC-482
SC157 6 ENTR. SUL SC-482 – CORONEL FREITAS 16,316
SC157 7 CORONEL FREITAS - ENTR. OESTE BR-282 (P/ 13,192
NOVA ITABERABA)
SC157 8 ENTR. OESTE BR-282 (P/ NOVA ITABERABA) – 3,946
CORDILHEIRA ALTA (ENTR. BR-282 / SC-480)
SC340 4 TIMBÓ GRANDE (ENTR. SC-120) - ENTR. BR- 40,843
116 (P/ SANTA CECÍLIA)
SC350 6 ENTR. NORTE BR-153 (P/ DIVISA SC/PR) - 34,160
ENTR. SC-465 (P/ MACIEIRA)
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SC350 7 ENTR. SC-465 (P/ MACIEIRA) – JURISDIÇÃO SIE 22,829


FINAL (CAÇADOR)
SC350 10 JURISDIÇÃO SIE INICIAL (CAÇADOR) - ENTR. 28,344
SC-120 (P/ TIMBÓ GRANDE)
SC350 12 LEBON RÉGIS - ENTR. SC-355 (P/ FRAIBURGO) 0,582
SC350 13 ENTR. SC-355 (P/ FRAIBURGO) - ENTR. SC-120 1,281
(P /CURITIBANOS)
SC350 14 ENTR. SC-120 (P/ CURITIBANOS) - ENTR. BR- 25,637
116 (P/ MONTE CASTELO)
SC350 24 AURORA – JURISDIÇÃO SIE FINAL 12,176
(ITUPORANGA)
SC355 8 TREZE TÍLIAS (ENTR. SC-465 P/ IBICARÉ) – 0,815
TREZE TÍLIAS (ENTR. SC-465 P/ SALTO
VELOSO)
SC355 9 TREZE TÍLIAS (ENTR. SC-465 P/ SALTO 20,021
VELOSO) – JURISDIÇÃO SIE FINAL (ÁGUA
DOCE) - ENTR. SC-150
SC355 10 JURISDIÇÃO SIE INICIAL (ÁGUA DOCE) - ENTR. 1,813
SC-150 (P /LUZERNA)
SC355 11 ENTR. SC-150 (P/ LUZERNA) – CATANDUVAS 14,366
(ENTR. BR-282)
SC415 1 ENTR. ACESSO BALNEÁRIO CAPRI - ENTR. BR- 10,046
280 (P/ SÃO FRANCISCO DO SUL)
SC416 1 ENTR. SC-417 (P/ GARUVA) - ITAPOÁ 27,440
SC417 2 ENTR. SC-416 (P/ ITAPOÁ) - ENTR. CONTORNO 5,331
DE GARUVA
SC417 3 ENTR. CONTORNO DE GARUVA – GARUVA 6,689
(ENTR. BR-101)
SC480 1 SÃO LOURENÇO DO OESTE (ENTR. SC-157 / 16,518
BR-158 / DIVISA SC/PR) – JURISDIÇÃO SIE
FINAL (JUPIÁ)
SC480 15 CHAPECÓ (ENTR. SC-283) – DISTRITO GOIO – 23,333
EN (DIVISA SC/RS)
SC486 1 ITAJAÍ (ENTR. BR-101) – JURISDIÇÃO SIE FINAL 23,858
(BRUSQUE)
Fonte: Processo @LEV-21/00800510

Respondendo parcialmente ao item b), a Unidade encaminhou os


“estudos” referentes às Rodovias SC-150, SC-340, SC-350 e SC-355, marcadas em
negrito no quadro acima, e informou que encaminharia os demais até o dia
08/06/2022 (fls. 2391), o que não ocorreu. Além destes, há avaliação visual dos
seguintes trechos que não constam do Quadro acima e entende-se que não houve
aprovação:
SC-355 - Lebon Régis (Entr. SC-120/SC-350) – Fraiburgo,
SC-452 – Entr. SC-355 (p/ Fraiburgo) – km inicial 0,00 até Entr. BR-470
(P/ Brunópolis) – km 0,00 até km 39,610
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SC-350 - Entr. BR 470 (Rio Do Sul) / Divisa Município (Rio Do Sul -


Aurora) e Divisa Municípios (Rio do Sul – Aurora) / Ituporanga
Conforme apontado no Relatório anterior desta DLC, segundo estudos
do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT, não há
necessidade de alterações no pavimento para o trânsito de tais veículos, mas deve
haver um estudo maior nas pontes, especialmente se possuírem vão superior a 30
metros e largura superior a 13 metros, e principalmente verificação das interseções,
acostamentos (que devem ser mais largos), superlargura em curvas horizontais (que
deve ser 80,0% maior que o usual), etc. Afinal, tais veículos, por serem mais
compridos, necessitam de uma área maior para efetuar curvas com segurança. Além
disso, os trechos com permissão para ultrapassar devem ser maiores, necessidade
de 3ª faixa ampliada e sinalização adequada.
Quanto a questão das pontes, a Unidade juntou uma avaliação
estrutural dos esforços em oito OAEs gerados por um veículo PBTC de 74 toneladas
em comparação com os do trem-tipo com o objetivo de atestar ou não a
possibilidade de tráfego de tais veículos nestas OAEs (fls. 2403 a 2431). Como
resultado, constatou-se que “os esforços do veículo PBTC-74 toneladas em questão,
na maioria dos casos não ultrapassam os obtidos pelo dimensionamento com o
trem-tipo da NB/60”. No entanto, verifica-se que tal avaliação aferiu tão somente os
caminhões como cargas fixas nas Obras de Arte Especiais, e não móveis como são.
Quanto a avaliação das rodovias para liberação ao tráfego para os
veículos entre 74,0 e 91,0 toneladas, a Resolução n. 663/17, que alterou a
Resolução Contran n. 211/06 (posteriormente revogada) previa o que deveria ser
verificado nos estudos para liberação da rodovia:

IV - Apresentação e aprovação junto ao órgão executivo rodoviário com circunscrição


sobre a via, de Estudo de Viabilidade de Tráfego da CVC no percurso proposto,
contemplando:
a) Análise da geometria viária, contemplando: cadastro da geometria viária;
levantamento visual contínuo por vídeo ou fotográfico; inclinação e extensão de
rampas; tangentes, curvas horizontais e verticais; identificação, adequação
e/ou regularização dos acessos existentes; interseções viárias em nível e em
desnível;
b) Análise de capacidade e nível de serviço em todo o percurso, para todas as
classes de rodovias, e avaliação da necessidade de terceira faixa ou faixa
adicional em rampas ascendentes em vias de pista simples;
c) Cadastro e análise da sinalização horizontal e vertical e dispositivos auxiliares
de sinalização e de segurança viária;
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d) Avaliação da capacidade de suporte dos pavimentos e sua compatibilidade com a


CVC proposta, elaborado por empresa, órgão ou entidade de reconhecida
capacidade técnica;
e) Análise da capacidade estrutural das obras-de-arte correntes e especiais:
avaliação estrutural e geométrica das obras de arte contemplando a análise
comparativa de esforços provocados pela carga móvel normativa referente à classe
da obra, com os esforços provocados pela CVC, trafegando em conjunto com a carga
distribuída de 5 (cinco) kN/m2, nas posições mais desfavoráveis;
f) Apresentação de medidas mitigadoras para todos os itens anteriores, contemplando
projetos de adequação e manutenção periódica, quando aplicável, caso observada a
viabilidade de tráfego para a CVC proposta.
g) As análises da capacidade de suporte dos pavimentos e da capacidade estrutural
das obras-de-arte correntes e especiais deverão considerar as normas dos órgãos
executivos rodoviários com circunscrição sobre a via ou, na ausência destas, as
normas e manuais técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transporte (DNIT).
h) Como condição à obtenção da AET, as medidas mitigadoras da infraestrutura
viária propostas pelo requerente serão executadas às suas expensas, mediante
aprovação do órgão com circunscrição sobre a via, o qual deverá fiscalizar,
acompanhar e receber as obras.
i) Os acessos a serem utilizados ao longo do percurso deverão ser projetados e
executados pelo interessado de modo a garantir que os veículos adentrem as
rodovias sem causar interferência no trânsito, incluindo faixas de aceleração e
desaceleração, projetadas de acordo com as velocidades estabelecidas na via;
j) As travessias de vias só poderão ser realizadas nos locais predeterminados e
sinalizados, estabelecidos de acordo com a distância mínima de visibilidade para o
trecho, em função do tempo médio de travessia de 18 (dezoito) segundos;
k) O interessado deverá instalar sinalização especial de advertência com intervalos
máximos de 5 (cinco) km com o seguinte alerta "Trânsito de veículos lentos de grande
porte";
l) Deverá ser apresentada Anotação de Responsabilidade Técnica – ART do Estudo
de Viabilidade de Tráfego de que trata este inciso, devidamente assinada por
engenheiro civil habilitado, cadastrada no órgão de registro profissional competente.
m) O Estudo de Viabilidade de Tráfego de que trata este inciso deverá ser realizado
por empresa com comprovada experiência em estudos desta natureza, devidamente
credenciada junto ao órgão com circunscrição sobre a via. (Grifou-se)

Houve uma simplificação a partir da Resolução Contran n. 872/21 (que


revogou a Resolução n. 663/17), válida para as CVCs entre 74,0 e 91,0 toneladas
destinadas ao transporte de cana-de-açúcar:

IV - Estudo de Viabilidade de Tráfego da CVC no percurso proposto, contemplando,


no mínimo:
a) análise da geometria viária, contemplando:
1. cadastro da geometria viária;
2. levantamento visual contínuo por vídeo ou fotográfico;
3. inclinação e extensão de rampas;
4. tangentes, curvas horizontais e verticais, inclusive superelevação;
5. identificação, adequação e/ou regularização dos acessos existentes, com pista
de aceleração e desaceleração;
6. interseções viárias em nível e em desnível;
7. gabaritos horizontais e verticais dos dispositivos e acessos secundários que fazem
parte da rota percorrida pela CVC; e
8. raios de curva existentes no trajeto relacionados à velocidade máxima de
operação conforme limite do patamar de tombamento, estabelecido no Anexo II.
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b) análise de capacidade e nível de serviço em todo o percurso, para todas as


classes de rodovias;
c) estudo de tráfego para verificação da necessidade de faixa adicional em rampas
ascendentes;
d) cadastro e análise da sinalização horizontal e vertical e dispositivos auxiliares
de sinalização e de segurança viária;
e) avaliação da capacidade de suporte dos pavimentos e sua compatibilidade com
a CVC proposta;
f) análise da capacidade estrutural e geométrica das obras-de-arte correntes e
especiais, contemplando a análise comparativa de esforços provocados pela carga
móvel normativa referente à classe da obra, com os esforços provocados pela CVC,
trafegando em conjunto com a carga distribuída de 5 kN/m² (cinco quilonewtons por
metro quadrado), nas posições mais desfavoráveis; e
g) apresentação de medidas mitigadoras para todos os itens anteriores,
contemplando projetos de adequação e manutenção periódica, quando aplicável,
caso observada a viabilidade de tráfego para a CVC proposta.
V - Anotações de Responsabilidade Técnica (ART) do Estudo Técnico e do
Estudo de Viabilidade de Tráfego de que tratam os incisos I e IV do art. 4º,
cadastradas no órgão de registro profissional competente, devidamente assinada por
profissional de engenharia qualificado e legalmente habilitado a assumir a
responsabilidade técnica sobre cada um dos estudos.
Parágrafo único. O Estudo Técnico e o Estudo de Viabilidade de Tráfego devem
atestar a segurança na circulação da CVC nas vias de seu itinerário.

Entretanto, na Resolução Contran n. 882/21 (que revogou a Resolução


Contran n. 211/06), tal análise para os veículos de 57 a 74 toneladas, está adstrita
à demonstração de que o CVC possui capacidade de transitar na via:

Art. 21. Ao requerer a concessão da AET, o interessado deverá apresentar:


I - preliminarmente, projeto técnico da CVC, devidamente assinado por profissional de
engenharia qualificado e legalmente habilitado, que se responsabilizará pelas
condições de estabilidade e de segurança operacional, e que deverá conter:
a) planta dimensional da combinação, contendo indicações de comprimento total,
distância entre eixos, balanços traseiro e laterais, detalhe do para-choques traseiro,
dimensões e tipos dos pneumáticos, lanternas de advertência, identificação da
unidade tratora, altura e largura máxima, placa traseira de sinalização especial,
PBTC, Peso por Eixo, CMT e distribuição de carga no veículo;
b) cálculo demonstrativo da capacidade da unidade tratora de vencer rampa de 6%,
observando os parâmetros do art. 19 e a fórmula do Anexo III;
c) gráfico demonstrativo das velocidades que a unidade tratora da composição é
capaz de desenvolver para aclives de 0 a 6%, obedecidos os parâmetros do art. 19 e
seus parágrafos;
d) capacidade de frenagem;
e) desenho de arraste e varredura, conforme norma SAE J695b, acompanhado do
respectivo memorial de cálculo;
f) laudo técnico de inspeção veicular elaborado e assinado por profissional de
engenharia qualificado e legalmente habilitado responsável pelo projeto,
acompanhado da respectiva ART, atestando as condições de estabilidade e de
segurança da CVC.
II - apresentação dos CRLV-e, da composição veículo e semirreboques.
§ 1º Nenhuma CVC poderá operar ou transitar na via pública sem que o OEER tenha
analisado e aprovado toda a documentação mencionada neste artigo e liberado
sua circulação. (Grifou-se).
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No entanto, não excluem a competência dos OEER para fixar


valores mais restritivos em relação às vias sob sua circunscrição, conforme o já
mostrado no art. 61 da citada Resolução.
A Resolução Contran n. 882/2021 foi publicada somente em 24/12/202,
posterior a data dos “estudos” encaminhados pela Sie. Mas o que se verifica é que
tais estudos e avaliações aparentemente não levaram em conta os fatores
porventura exigidos, e mesmo se levaram, há trechos liberados mesmo
necessitando correções. Como exemplos, e isto é bastante relevante, consta do
“estudo” para a SC-355, trecho 8, que haveria neste trecho uma curva de 90° e uma
rótula, mas sem informar seus raios, o que impede avaliar sua adequação aos
veículos longos. Quando das considerações sobre o trecho, consta o seguinte: “A
rótula ao final do trecho pode apresentar dificuldade de tráfego para CVC`s, sendo
observado in loco caminhão desta configuração invadindo a pista [contrária] ao
realizar a curva” (grifou-se, fls. 2397).
Para o trecho 9 da mesma rodovia, há o alerta de que: “A curva mais
acentuada e crítica [...] é a do Km 106,400 e não há como os tipos de veículos
pretendidos realizarem passagem sem invadir a faixa contrária. Ressalta-se que o
raio é pequeno, o que dificulta a visibilidade em ambos os lados. Sugere-se
correção do traçado” (grifou-se, fls. 2397 e 2398). Além disso, deixou-se
assinalado que “O trecho é bastante sinuoso e as rampas com inclinações tornam o
tráfego lento”. Mesmo assim, houve a liberação do trecho.
Nas conclusões deste “estudo”, para a Rodovia SC-355 há o alerta (fls.
2400)

No ponto crítico do Km 106,400, sugere-se análise do setor de projetos para


readequação de raio de curva do ponto, uma vez que, durante o levantamento
foram flagrados caminhões tendo o rodado traseiro avançado na pista contrária.
Sugere-se também intensificação de sinalização e roçada, a fim de melhorar a
visibilidade dos usuários.
No ponto crítico do Km 126,250, sugere-se análise do setor de projetos para
readequação de raio de curva do ponto. Sugere-se também intensificação de
sinalização e roçada, a fim de melhorar a visibilidade dos usuários.
Sugere-se estudo de capacidade de carga para as pontes desta rodovia. (Grifou-
se).

Não se deveria tolerar que caminhões avançassem sobre a pista


contrária imaginando que isto seja um fato normal e muito menos seguro. Se há
modificações a serem efetuadas, estas devem ser executadas antes da liberação da
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rodovia ao tráfego desses veículos. É uma temeridade e afronta a qualquer regra de


trânsito permitir, como se fosse algo regular, que um veículo trafegue na pista
contrária sem que o Estado adote qualquer ação mais enérgica no caso. Qualquer
acidente que ali ocorra por este motivo não somente é de responsabilidade do
Estado como foi por ele incentivado ao permitir que tais veículos transitem por uma
rodovia que atualmente não tem capacidade de recebê-los.
Quanto ao item c) da Diligência, a Unidade informa que a competência
para emissão das AETs seria do Secretário de Estado da Infraestrutura e Mobilidade
e realizada de forma digital. Quanto a afirmação pretérita da Diretoria de Projetos
Rodoviários da SIE reproduzida no Relatório anterior de que seria temerário o
deferimento dos pedidos para circulação de CVC nas rodovias catarinenses, as
justificativas informam que a advertência seria exclusivamente para a SC-157 e
haveria como condicional a realização de um estudo, o que teria sido realizado.
A já referida Resolução Contran n. 882/21 trouxe novos limites de
comprimento e massa para os veículos que necessitam de AET (que não se
destinam ao transporte de cana-de-açúcar):
a) CVC com PBTC de até 74 t e comprimento inferior a 25 m
registrados até 03/02/2006 – condicionada a laudo técnico atestando as condições
de estabilidade e segurança da CVC;
b) transporte de animais vivos (Romeu e Julieta) com até 25 m;
c) CVC com mais de 2 unidades, com PBTC acima de 57 t ou com
comprimento acima de 19,8 m:
1) PBTC entre 57 e 74 t, comprimento entre 25,0 e 30,0 m;
2) PBTC menor que 57 t, comprimento até 30,0 m;
Esta mesma Resolução permitiu no art. 19, II, § 5º ao, no caso do
Estado de SC, Secretário de Estado da Infraestrutura e Mobilidade dispensar a
emissão de AET para os veículos CVC com PBTC superior a 57 toneladas e igual ou
inferior a 74 toneladas, ou comprimento igual ou superior a 25 m, limitado a 30 m,
“desde que não exista restrição física relacionada a gabaritos da geometria viária ou
OAE” devendo a relação com os trechos específicos com liberação serem
publicados.
Como último ponto da Diligência, há informação de que não haveria
balanças fixas sob a gestão da Secretaria ou do comando da Polícia Militar
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Rodoviária, mas somente 12 balanças portáteis distribuídas igualmente entre os


batalhões da Polícia Militar Rodoviária “que são responsáveis pela coordenação da
utilização entre os Postos de suas circunscrições” (fls. 2391).
Desta forma, considerando que cabe discricionariamente ao Gestor da
Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade emitir as AET e/ou publicar os
trechos rodoviários onde estes veículos especiais possam transitar (conforme
mostrado abaixo), claro embasado nos devidos estudos conforme cada caso trazido
no bojo deste relatório, e que apesar das inconsistências pontuais observadas em
alguns estudos (que podem ser sanadas com uma simples revisão pelos setores
competentes da secretaria) estes, em princípio, foram previamente elaborados.
Desta forma, não se vislumbra uma atuação mais específica deste Tribunal, na
forma de inspeção ou auditoria, do que a até aqui realizada com base nas
informações constantes dos autos, salvo informações futuras que alterem o quadro
descrito.

Fonte: https://www.sie.sc.gov.br/autorizacao/#o-que-e-aet

3. CONCLUSÃO
Considerando o presente procedimento de levantamento visa o
planejamento de possível auditoria ou inspeção na emissão de Autorização Especial
de Trânsito – AET cuja competência é da SIE.
Considerando o processo SEI 21.0.000001879-9, que trata do
Procedimento Administrativo de Tutela Coletiva n. 02/2021, de 23/03/2021, cujo
objeto é a Rodovia SC-157 (trecho São Lourenço do Oeste – Chapecó).
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA
DIRETORIA GERAL DE CONTROLE EXTERNO - DGCE
DIRETORIA DE LICITAÇÕES E CONTRATAÇÕES - DLC

Considerando que se obteve informações a respeito da emissão das


AETs que permite a circulação de combinações de veículos de carga (CVC) com
peso bruto total combinado (PBTC) de até 74 toneladas.
Considerando que, a princípio, não se constatou irregularidades que
justificassem a realização da auditoria.

Diante do exposto, a Diretoria de Controle de Licitações e Contratações


sugere ao Exmo. Sr. Relator:

3.1. Recomendar à Secretaria de Estado da Infraestrutura e


Mobilidade, com fulcro no art. 2, §5º da Portaria 148/2020, na pessoa de seu
Secretário, que se abstenha de conceder Autorização Especial de Trânsito - AET ou
liberar trechos de rodovias para os veículos que, em função de seu peso bruto total
combinado - PBTC ou comprimento excessivo não possam trafegar nas rodovias do
Estado, observando as normas vigentes. Atenção especial naquelas situações que,
em função de sua geometria, não permitam o trânsito de tais veículos sem invadir a
faixa contrária.
3.2. Autorizar o arquivamento o presente procedimento de
levantamento, nos termos do § 7º do art. 2º da Portaria n. 148/2020.
3.3. Dar Ciência da Decisão à Secretaria do Estado da Infraestrutura e
Mobilidade, à Controladoria-Geral do Estado e ao Defensor Público Sr. Roger
Rasador Oliveira.
É o relatório.
Diretoria de Controle de Licitações e Contratações, em 21 de julho de
2022.

RODRIGO DUARTE SILVA


Auditor Fiscal De Controle Externo

De acordo:

RODRIGO LUZ GLÓRIA


Chefe de Divisão
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA
DIRETORIA GERAL DE CONTROLE EXTERNO - DGCE
DIRETORIA DE LICITAÇÕES E CONTRATAÇÕES - DLC

ROGÉRIO LOCH
Coordenador

De acordo, em 01/08/2022.
Encaminhe-se os autos à consideração do Sr. Diretor Geral de
Controle Externo.
CAROLINE DE SOUZA
Diretora

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