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medida em que a sigla, o acrónimo e a abreviatura são, por vezes, tidos como sinónimos.
Confunde-se a sigla com o acrónimo, e vice-versa – diga-se, a existência de pontos a
separar cada uma das letras iniciais de um grupo de palavras[S.A.D.C] era, até há
relativamente pouco tempo, um elemento fundamental para se distinguir a sigla do
acrónimo. Confunde-se também a abreviatura, quer com a sigla, quer com o acrónimo. O
Relatório sobre os Indicadores de Linha de Base, relativos aos Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável, recentemente publicado pelo Instituto Nacional de
Estatística de Angola, é um exemplo da confusão existente.
De acordo com Duarte Martins (2014, p. 248), a redução é o “termo genérico que abrange
em si os fenómenos e processos de encurtamento em geral”, em que se inserem a sigla, o
acrónimo e a abreviatura. Entenda-se por termo genérico o termo que agrupa no seu
interior outros termos, como se pode ver na figura abaixo:
Na figura acima, a sigla, o acrónimo e a abreviatura são um tipo de redução. Para além da
sigla, do acrónimo e da abreviatura, existem outros tipos de redução, como são os casos
de truncamento (quilo, de quilograma; foto, de fotografia), dos símbolos (CO 2 = Dióxido de
Carbono; O = Oxigénio), entre outros. No entanto, interessa-nos apenas abordar a sigla, o
acrónimo e a abreviatura por serem os que mais suscitam confusão.
Sigla
Exemplos:
O Acrónimo
Exemplos:
MINFIN = MINistério das FINanças
Abreviatura
A abreviatura é, por sua vez, uma forma convencionada de representação gráfica de uma
palavra através da escrita de apenas um subconjunto das suas letras seguido de um
ponto. Na abreviatura, a redução só ocorre na escrita, não afetando a pronúncia da
palavra . Ou seja, a palavra abreviada continua a ser lida como uma palavra inteira. A
convenção implica que um grupo concorde com uma determinada forma abreviada.
Exemplos:
D. = Dom
Dr. = Doutor
Sr. = Senhor
Tal como referimos acima, ainda é comum confundir-se os termos entre si. Trazemos aqui
em discussão os casos constantes no Relatório do Instituto Nacional de Estatística de
Angola. Concentremo-nos na imagem abaixo desse Relatório:
Assim, com o desaparecimento dos pontos na sigla, o critério silábico passou a ser o
elemento fundamental para distinguir a sigla do acrónimo. Dito isto, as palavras ODA,
AVE, CAD e COPACE não são actualmente tidas como siglas, mas sim como acrónimos.
São acrónimos porque ODA, AVE, CAD e COPACE obedecem a uma determinada
organização silábica da língua, ou seja, a uma organização rítmica da fala. Não se
pronunciam letra a letra. Nestes acrónimos reconhecemos padrões silábicos da língua
portuguesa:
É erróneo pensar que palavras de outros sistemas linguísticos, mesmo que obedecendo
ao padrão silábico da língua portuguesa, não devam ser consideradas acrónimos.
Relativamente a ODA (Official Development Assistance), AVE (Added Value Equivalents) e
CAD (Development Assistance Committee), embora cada uma das letras corresponda a
letras iniciais de palavras em Inglês, isto não impede a sua classificação como acrónimo.
Por exemplo, no caso de NATO (North Atlantic Treaty Organization), ninguém pronuncia
este item letra a letra: N-A-T-O. Mas, sim, como uma palavra só: NATO. Também não se
pronuncia letra a letra UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural
Organization). Queremos com isto dizer que não está errado pronunciar SADC como uma
só palavra [SADEC]. A palavra ONU, classificada como sigla pela Nova Gramática do
Português Contemporâneo, na sua primeira edição, actualmente já é considerada, pela
mesma Gramática, como um acrónimo.
No caso de CO2, na figura acima, não é nem abreviatura nem sigla, mas sim um símbolo,
mais concretamente um braquigráfico, ou seja uma conjugação de letras e de números.