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Curso de Direito
Trabalho de Conclusão de Curso
Gama-DF
2022
Vinícius Gomes da Silva
Gama-DF
2022
Vinícius Gomes da Silva
Banca Examinadora
Abstract:
This article aim to analyze the appeal in general, mainly the exclusion of the withheld
grievance, by the new code of civil procedure and veryfy whether such exclusion violates
pinciples already guaranteed by the federal constitution of 1988, also veryfying its origin and
historical evolution of the resource, its aplication throughout history, its modalities, using as a
methodology the bibliografic selection and doctrinal positions and finally its aplicability in
brazilian law, from its emergence until today, bringing to light, mainly on the part of the the
doctrine all its historical unfolding, alteration and benefits in the course of the process,
researching and surgically investigating the brazilian appeal procedural historical tradition
and explaining from the beginning why it is customary to aways appeal decisions already
made.
1.Introdução
O agravo de instrumento é um recurso processual cabível contra decisões
interlocutórias, cujo objetivo é evitar que danos graves e irreversíveis sejam causados a uma
das partes, pois as decisões do juiz possuem grande impacto na resolução do processo, ou
seja, o agravo de instrumento é o recuso processual á disposição da parte que foi prejudicada,
servindo de instrumento de impugnação para certas decisões interlocutórias proferidas no
juízo de primeiro grau durante o tramitar do processo.
O julgador deve analisar no caso concreto os critérios subjetivos como a
inutilidade do julgamento em recurso de apelação e a sua urgência, para melhor julgar a
admissibilidade do recurso, logo a problemática em relação ao cabimento do agravo de
instrumento se dar na recepção da abertura do rol do artigo 1015 do novo Código de processo
civil, já que uma interpretação mal realizada do disposto no artigo poderia acarretar em
prejuízo á uma das partes, além de aumentar a insegurança jurídica ao sistema recursal
brasileiro.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), julgou no dia 05/12/2018 a possibilidade
de interposição do recurso de agravo de instrumento fora das hipóteses previstas no rol do
artigo 1015 do novo Código, permitindo a interposição do agravo além das hipóteses já
previstas no caput, desde que comprovada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento
da questão no recurso de apelação.
A restrição ao agravo de instrumento criada pelo legislador, se mostrou
ineficiente e a interpretação do rol ficou em cheque, gerando debates exaustivos sobre o
tema, doutrinadores como Fredie Didier, Teresa Arruda Alvim e Leandro Carneiro da Cunha
defenderam a tese de que o rol seria exemplificativo e passível de analogia, todavia o STJ
optou por aplicar a interpretação da taxatividade mitigada, afetando direta e indiretamente a
celeridade processual, a quantidade de recursos e a dinâmica processual dos tribunais em
relação ao cabimento do agravo.
O presente trabalho tem por objetivo principal fazer uma análise geral sobre o
recurso de agravo de instrumento, com foco no entendimento do Superior Tribunal de Justiça,
demonstrando os efeitos da aplicabilidade da tese da taxatividade mitigada como forma de
sanar os posicionamentos divergentes acerca da natureza, interpretação, manejo e
aplicabilidade do recurso, além de expor a posição de alguns doutrinadores em relação a
interpretação do rol do art.1015 e a tese criada pelo STJ a partir do julgamento dos recursos
especiais.
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[...] com o propósito de obstar condenações iníquas decorrentes de falsas asserções não
documentadas no processo, estabeleceu a obrigatoriedade de todos os atos e termos do processo serem
redigidos e autenticados por um público notário [...] (AZEVEDO; COSTA, 1996, p. 150).
O termo agravo era usado apenas para indicar situações gravosas ou que delas resultou
algo grave, mas com o passar do tempo, o termo foi tomando significado diferente, passando
a ser compreendido como o ato empregado para solucionar tais situações.
[...] todavia, ao correr dos anos, por uma figura de linguagem denominada
metonímia, alterou-se o sentido da palavra, trocando-se a causa pelo efeito,
com a transposição do nome do mal para o remédio que se destina a curá-lo.
No direito espanhol, o agravio é o ato do juiz que prejudica a parte; no
direito português e brasileiro, tornou-se o recurso com que se busca remediar
o prejuízo [...] (COSTA apud CARNEIRO, 1998, p. 10).
As ordenações manuelinas, que é uma compilação da legislação portuguesa de 1512,
composta por três sistemas diferentes de preceitos jurídicos, pois o agravo de instrumento tal
como se contempla surgiu apenas em 1521,foram seriamente aplicadas no Brasil de tal
maneira que passou a constituir a primeira legislação processual do Brasil, trazendo algumas
modalidades de agravo: agravo de instrumento, agravo ordinário, agravo de ordenações não
guardada, agravo de petição e agravo no alto do processo, mas no ano de 1932 ficou
estabelecido que os agravos de petição e agravo de instrumento e petição deveriam se limitar
aos agravos no alto do processo (COSTA, 1996, p. 144).
O regulamento 737 extinguiu agravo no alto do processo, quanto ao agravo de
instrumento e petição permaneceram e em 1939 o código nacional discutia o princípio da
oralidade que deveria minimizar a necessidade utilizar tais recursos sem a possibilidade de
embargo para os recursos de agravo de instrumento, petição e no alto do processo seria
cabível números clausus, todavia a mesma foi extinguida em 1973, possibilitando o
andamento do agravo de instrumento, em caso de decisão interlocutória fazendo que as
especificações das hipóteses de cabimento fossem eliminadas tirando do cenário o agravo de
petição contra decisões definitivas e também o agravo no alto do processo, pelas mãos do
legislador. (CORRÊA, 2001, p. 30).
I – Tutelas provisórias;
II - Mérito do processo;
XII - (VETADO);
juízo de primeiro grau não haverá necessidade de se fazer uma comunicação apartada, já que
os autos do agravo já servem como informativo do teor da decisão em segundo grau
(THEODORO,2016,p.1052).
problema se deu por resolvido, pois garantiu uma regra de transição e caso não seja possível
agravar pelo fato de não encontrar previsão no art.1015, poderá apelar, evitando a preclusão,
solucionando o problema do cabimento do agravo de instrumento fora das hipóteses do artigo
citado, em apenas dois anos e meio da vigência do novo Código, pacificando o problema,
portanto aquele que não tiver agravado contra decisão interlocutória que não se encontra na
lista, a parte não perderá o direito de impugnar na apelação (DIDIER,2016, p.212).
Conclusão
O novo Código de Processo Civil, em comparação com o Código anterior, sofreu uma
brusca e notoria alteração no que diz respeito ao sistema de recorribilidade de decisões
interlocutórias.
Nesse cenário de alterações, o agravo de instrumento, salvo algumas hipóteses legais,
passou a servir como forma de impugnação apenas das decisões interlocutórias expressamente
previstas no artigo 1.015 do CPC. Com essa importante alteração, deu-se inicío a uma
discussão para tentar entender a natureza do rol estabelecido no artigo.
A decisão do STJ sobre o agravo de instrumento trouxe uma importante mudança para
o Código de processo civil, considerando que a interpretação do referido artigo deveria ser a
melhor possível e ao mesmo tempo, estar em consonância com os princípios constitucionais.
Algumas turmas atenderam ao que foi fixado no entendimento do tema 988,
compreendendo a urgência para análise do caso concreto, enquanto outras discordaram de tal
aplicação, analisando os casos de maneira diversa da que ficou estabelecida pelo STJ, fazendo
com que as partes fiquem reféns do entendimento dos julgadores em relação aos casos
urgentes.
Esta situação delicada causou uma insegurança jurídica, porém é notório que a
flexibilidade em fazer uma abertura do rol foi muito positiva, sendo indispensável a
pacificação do entendimento aplicado, para melhor garantir a manutenção do processo
jurídico.
Assim sendo, foi iniciada a discussão para tentar entender a natureza do rol
estabelecido no artigo. Em outras palavras, qual seria o objetivo maior do legislador ao
elencar decisões que poderiam ser impugnadas de imediatamente.
Logo no início da exposição, ficou claro que parte da corrente doutrinária argumentou
que o rol seria absolutamente taxativo, já que o Código de Processo Civil tentou conceber um
rol fechado, com a finalidade de minimizar as demandas, descarregar o judiciário e evitar
recursos meramente protelatórios, alegando ainda que não poderia haver uma ampliação a
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todavia acabou por conferir aos órgãos jurisdicionais, poderes em excesso, em relação a
urgência ou não dos casos concretos, além de provocar uma espécie de preclusão repentina,
quando a parte descobrir no julgamento da apelação, que a urgência no caso, de fato existia e
que deveria ter sido questionada por meio de agravo de instrumento, fazendo com que a
revisão da decisão seja inútil.
A decisão fundamentada que deu luz a tese da "taxatividade mitigada" não foi a última
a abordar a questão do agravamento do instrumento, especificamente a possibilidade de
agravamento do cabimento em situações não contempladas pelo Código de Processo Civil art.
1. 015.Desde o julgamento do Recurso Especial repetitivo em dezembro de 2018, o STJ
Turmas vem analisando novas hipóteses de cabimento.
No Recurso Especial n° 1.738.756/MG, a Terceira Turma do STJ considerou a
possibilidade de uso de instrumento contra decisão que afasta alegação de prescrição.
Apesar de a possibilidade não estar expressamente prevista no rol do art.1.015 do
CPC, a Turma concordou que quando uma questão é decidida em decisão interlocutória, trata
- se de resolver o mérito, se enquadrando no que dispões o artigo citado.
No julgamento do Resp. 1.724.453/SP, dentre todos os argumentos usados pela
Relatora para defender o não cabimento do agravo de instrumento na hipótese de
indeferimento de exclusão de litisconsorte, se dar na vontade do legislador.
Tal decisão, assim como as que já foram citadas,11 estão relacionadas ao reforçar dos
fundamentos para defender ou não a interposição imediata do agravo de instrumento, são
variados e acabam por se adaptar as circunstâncias e situações que vão surgindo.
Mas é fato que as decisões de Turma dos Tribunais não podem ser tomadas como o
entendimento do Tribunal como um todo, porém, permitem a abertura para surgimento de
novas jurisprudências ajudando e contribuindo para a compreensão de que a aplicação do
recurso de agravo de instrumento está em constante progresso.
Ante o exposto, podemos concluir a respeito do agravo de instrumento e da decisão
do STJ, que cabe unicamente ao legislador solucionar as controversas criadas a respeito do
tema, ou seja, há uma grande necessidade de alteração do texto legal por parte do legislador,
que deveria alterar o texto, inserindo um rol taxativo de possibilidades de não cabimento do
agravo de instrumento.
A ideia mencionada iria garantir uma melhor aplicação da equidade, melhorando a
efetividade da segurança jurídica e arrancando das mãos do jurisdicionado a possibilidade de
interpretação conforme a sua necessidade e tornando o processo mais objetivo, límpido,
equilibrado e sem excessos.
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Uma solução viável para a questão, seria uma interpretação objetiva que elencasse
algumas situações especificas em que a aplicação do agravo de instrumento é imprescindível,
como por exemplo, matérias que envolvam segredo de justiça ou competência, o que
facilitaria a objetividade na aplicação do recurso, uma contribuição automática para a
celeridade processual. Conclui-se também que a decisão do Superior Tribunal de Justiça
resolveu boa parte dos problemas vislumbrados pela doutrina, entretanto a matéria ainda não
foi pacificada, considerando que as normas fundamentais do processo presentes no art.1º do
novo Código e os fundamentos constitucionais foram pouco abordados durante as tentativas
de solucionar a problemática criada sobre o rol do art.1015, deixando ainda algumas lacunas a
serem preenchidas nos próximos anos.
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