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FICHA DE TRABALHO – O TEXTO POÉTICO

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho


1
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
20 como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho


é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre1 e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
25
num perpétuo2 movimento.

Eles não sabem que o sonho


é tela, é cor, é pincel,
base, fuste3, capitel4,
arco em ogiva, vitral,
pináculo5 de catedral,
30 contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta6 de alquimista7,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
35 florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
5 para-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno8, geradora,
cisão9 do átomo, radar,
40
ultrassom10, televisão,
desembarque em foguetão

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PCH7DP © Porto Editora
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,


que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
António Gedeão, “Pedra Filosofal” in Obra Completa (2.a ed).
Relógio D’Água, 2007 (pp. 104-105)

Vocabulário:
1. álacre: vivo. 2. perpétuo: eterno. 3. fuste: pau de madeira fino e comprido. 4. capitel: parte superior de uma coluna.
5. pináculo: parte mais elevada de um edifício. 6. retorta: vaso de gargalo curvo para baixo. 7. alquimista: pessoa
que se dedica à alquimia, enquanto ciência que abrange noções várias, entre elas: de química, de física e de
astrologia. 8. alto-forno: forno de temperaturas muito elevadas, onde se fundem minerais de ferro. 9. cisão: divisão.
10. ultrassom: onda sonora inaudível, com aplicações em diferentes áreas.

2. Transcreve do poema o verso que constitui o refrão.

3. O sujeito poético afirma que o sonho é algo concreto e definido como “outra coisa qualquer”.
3.1. Indica os elementos a que o sujeito compara o sonho, na primeira estrofe.

4. A metáfora dos quatro últimos versos da segunda estrofe realça o carácter repousante, calmante,
apaziguador do sonho. Concordas com a afirmação anterior? Justifica a tua resposta.

5. Atenta nos elementos enumerados na penúltima estrofe e seleciona dois elementos que
pertençam:
A. à pintura.
B. à arquitetura.
C. ao teatro.
D. à ciência.

6. O pronome pessoal presente no verso “Eles não sabem, nem sonham,” (v. 43) é vago. Seleciona
a opção que melhor traduz o seu significado.
A. As crianças, apenas.
B. Os cientistas.
C. Os poetas.
D. Aqueles que estão satisfeitos com o que está ou existe.

7. Atenta na quarta estrofe.


7.1. Classifica-a quanto ao número de versos.
7.2. Classifica os versos quanto ao número de sílabas métricas.

7.3. Elabora o seu esquema rimático e classifica as rimas.

Gramática
1. “Eles não sabem que o sonho / é uma constante da vida” (vv.1-2).
1.1. Substitui a oração sublinhada pelo pronome pessoal correspondente.

1.2. Indica a função sintática que a oração sublinhada desempenha.

1.3. Classifica essa oração.

2. Atenta na frase do texto A do grupo II: “Existem muitos marcos dignos de relevo” (ll. 3-4).
2.1. Indica o pronome pessoal que pode substituir a expressão sublinhada.

2.2. Identifica a função sintática da expressão destacada.

2.3. Reescreve a frase, iniciando-a por “É possível que”. Faz apenas as transformações necessárias.

3. Atenta na frase do texto A do grupo II e classifica as orações.


“Para se perceber a importância desta descoberta, a aspirina fez parte da missão à Lua e do pequeno
kit que os astronautas transportavam no Apollo 11.” (ll. 13-15)

A. “Para se perceber a importância desta descoberta”


B. “a aspirina fez parte da missão à lua e do pequeno kit”
C. “que os astronautas transportavam no Apollo 11.”

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