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11/07/2016

Artigo: A vacinação de bovinos e o potencial de proteção dos


animais
Vacinas são produtos biológicos gerados a partir de vírus, bactérias e outros microrganismos causadores de
doenças. Estes produtos podem conter os microrganismos vivos, inativados ou apenas partes destes. As vacinas
têm a função de prevenir doenças pela estimulação do sistema de defesa do animal, também chamado sistema
imunológico, e não devem ser confundidas com medicamentos, que são drogas (produtos químicos) usadas para
tratar doenças. Enquanto medicamentos têm efeito imediato, as vacinas demoram pelo menos cerca de 15 dias
para começar a fazer efeito.

Embora muitas pessoas tratem como termos semelhantes, vacinação e imunização não são sinônimos. Enquanto
que vacinação refere-se ao ato de inocular a vacina, imunização diz respeito à proteção adquirida contra a doença.
Uma imunização de 100% da população ou do rebanho seria, obviamente, o ideal, porém, este valor é virtualmente
impossível de se alcançar. Mesmo vacinas consideradas boas têm, muitas vezes, índices de efetividade ao redor
de 85 a 90%. Mas por que isso ocorre?

O sistema imunológico do animal é composto por células e órgãos que têm a habilidade de identificar e diferenciar
aquilo que é estranho daquilo que é próprio ao organismo. Acontece que, assim como várias características - tais
como cor de pelagem, cor dos olhos, altura, taxa de conversão alimentar - variam de indivíduo para indivíduo, a
habilidade do sistema imunológico em reconhecer o que é estranho também varia individualmente. Para que uma
vacina seja eficaz, os microrganismos que a constituem, ou suas partes, têm que ser reconhecidos como
estranhos e estimular o sistema de defesa a montar uma resposta adequada que vai proteger contra futuras
infecções. Assim, uma mesma vacina pode ser reconhecida com eficácia (e induzir imunidade) pelo sistema
imunológico da maioria dos indivíduos, mas não ser por alguns outros. Essas diferenças entre indivíduos de uma
população têm origem genética e não podem ser alteradas. Porém, diversos outros fatores que influenciam
negativamente a resposta à vacinação são manipuláveis e podem ser minimizados pelas boas práticas de
vacinação.

Dentre os fatores não genéticos que podem influenciar na imunidade do animal, podem ser citados: idade, estado
nutricional, estresse e prenhez, entre outros. Os anticorpos (principais componentes do sistema imunológico a
atuar contra o estabelecimento de doenças em animais vacinados) são proteínas e, portanto, animais subnutridos
ou submetidos a dietas com baixa quantidade de proteínas podem apresentar queda da imunidade. Em animais
muito jovens ou idosos o sistema imunológico tende a não funcionar tão adequadamente quanto em animais
adultos. O estresse, por sua vez, gera a liberação de alguns mediadores químicos que podem diminuir a
imunidade. Além disso, em animais doentes, o sistema imunológico está mobilizado para combater aquela doença
e, quando vacinados, não responderão à vacina de forma adequada. Já a prenhez afeta negativamente as defesas
do animal, pois requer a supressão da imunidade materna, para evitar a rejeição do feto.

Porém, nem todos os fatores que colaboram para a não eficiência completa das vacinas são intrínsecos aos
animais que as recebem. Fatores relativos à produção e conservação das vacinas também podem influenciar na
qualidade destas e na geração de resposta imunológica adequada após a vacinação. Embora o produtor não tenha
o controle sobre o processo de fabricação, ele deve ficar atento para só adquirir vacinas licenciadas pelo Ministério
da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Quanto à conservação das vacinas, cabe ao produtor garantir a
manutenção da qualidade das mesmas. Vacinas devem ser mantidas refrigeradas (temperatura de geladeira) o
tempo todo, inclusive durante o transporte e manejo, pois quando esquentam ou congelam perdem ou
comprometem a eficiência. Assim, adquirir vacinas de varejistas idôneos, que garantam a manutenção das vacinas
sob refrigeração, até o momento da venda, e manter sempre as vacinas na geladeira ou em caixa térmica com
gelo após sua aquisição, são medidas simples que devem ser observadas. Além disso, se não agitadas
adequadamente antes de serem aplicadas, alguns animais podem receber mais do "princípio ativo" da vacina
(imunógeno) que o necessário e outros podem receber menos, não imunizando o rebanho de forma correta.
Produtos de frascos abertos (sobras) ou vencidos não devem ser usados.

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Mesmo que as vacinas não sejam capazes de proteger todos os indivíduos, ao considerarmos a população
imunizada, a vacinação gera o que conhecemos como "imunidade de rebanho", que significa que, se a maioria dos
animais está protegida pela vacinação, a circulação do agente causador da doença naquela população diminui e o
risco de infecção em animais sadios também. Este fenômeno é tão importante que algumas doenças, como a
varíola humana e a peste bovina, já foram erradicadas em todo mundo. Para outras doenças, tais como a febre
aftosa, mesmo não havendo erradicação mundial a condição de área livre da doença pode ser atingida com o uso
sistemático da vacinação.

Para minimizar os riscos e aumentar a eficiência da vacinação, listamos abaixo algumas medidas simples que
podem ser adotadas, tais como:

Adquirir apenas vacinas licenciadas pelo MAPA e dentro do prazo de validade;


Revisar as instalações de manejo antes da vacinação, para assegurar a segurança tanto das pessoas envolvidas
no processo, quanto dos animais a serem vacinados e permitir a contenção adequada durante o manejo;

Estocar as vacinas de forma adequada (entre 2 e 8 ºC, na geladeira), inclusive durante o transporte ou no dia do
manejo (em caixa térmica contendo três partes de gelo para cada parte de vacina). O frasco da vacina em uso
também deve ser mantido dentro da caixa térmica, mesmo no curto intervalo de tempo entre o preenchimento das
pistolas (ou seringas). Também as pistolas devem ser mantidas sobre o gelo entre uma embretada e outra, se
houver líquido dentro;

Evitar estressar os animais antes, durante e após o manejo – não manejá-los com truculência e gritaria, não deixá-
los longos períodos presos, sem acesso à água e comida; disponibilizar sombra aos animais;

Evitar vacinar animais em mau estado nutricional, como, por exemplo, durante período prolongado de seca, ou
animais debilitados por outras doenças;

Utilizar agulhas de tamanho adequado, com bom estado de conservação, limpas e desinfetadas (o que pode ser
feito por fervura durante 15 minutos). Seringas ou pistolas também devem estar limpas e desinfetadas. A cada dez
animais a agulha deverá ser trocada, descartando agulhas desgastadas e/ou tortas, lavando e desinfetando
agulhas em condições de ser reutilizadas. Ao final do procedimento o material deve ser guardado limpo e seco;

Usar uma agulha exclusiva para a retirada da vacina do frasco, não a usando em nenhum animal, para evitar
contaminações;

Aplicar a dose recomendada pelo fabricante, na via adequada (intramuscular ou subcutânea);


Preferencialmente vacinar na tábua do pescoço, ou atrás da escápula, no caso das vacinas subcutâneas, evitando
a aplicação na garupa. Como algumas vezes pode-se formar abcessos ou hematomas após a vacinação, deve-se
evitar injeções em áreas de carnes nobres;
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Ficar atento para as vacinas que requerem mais de uma dose na primo-vacinação (primeira vez que os animais
são vacinados) e observar corretamente intervalo entre uma vacinação e outra;

Fazer revacinações anuais ou semestrais quando estas forem indicadas nas bulas dos produtos.

Embora apenas as vacinas contra febre aftosa e brucelose sejam obrigatórias para bovinos no Brasil, vale a pena
definir um calendário sanitário anual que inclua outras vacinas. Este planejamento deve ser feito junto ao médico
veterinário, que é o profissional indicado para identificar as doenças que ocorrem em sua região/propriedade.
Embora a vacinação possa representar trabalho extra e tenha um custo, este é normalmente muito menor que as
perdas ocasionadas pelas doenças, tanto com a perda de animais, quanto com a queda de produtividade e
desempenho. Ainda que uma eficácia total de imunização possa ser difícil de ser alcançada, em algumas
situações, com o processo de vacinação, ao adotar estas medidas simples listadas acima, o produtor maximizará o
efeito da vacina aplicada no rebanho, prevenindo o aparecimento ou minimizando os impactos de doenças que
podem comprometer os aspectos produtivos ou reprodutivos do rebanho.

Emanuelle Baldo Gaspar, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul e Lenita Ramires dos Santos,
pesquisadora da Embrapa Gado de Corte
Embrapa Gado de Corte

Contatos para a imprensa


gado-de-corte.imprensa@embrapa.br
Telefone: 67 3368-2203

Mais informações sobre o tema


Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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