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Existem calendários específicos para cada faixa etária, para situações especiais e de
acordo com riscos ocupacionais. Algumas vacinas não estão contempladas nos calendários,
porém são disponibilizadas nos Centros de Referências de Imunobiológicos Especiais (CRIE) para
casos específicos. Na definição das vacinas que farão parte do calendário do Programa Nacional
de Imunizações (PNI), o foco é a proteção coletiva, sendo feita a opção por vacinas e/ou grupos
que levarão a um maior impacto na redução da mortalidade e morbidade causadas pela doença
na população.
Para além do impacto epidemiológico do problema de saúde pública, deve haver uma
análise do custo de implantação e manutenção no programa de vacinação. A partir daí, define-
se a melhor estratégia e esquema vacinal. Outras avaliações são realizadas, baseadas em
critérios como: estudos de custo-efetividade e custo-benefício, produção suficiente da vacina e
o orçamento da saúde.
O PNI pode decidir pela inclusão ou não de determinada vacina em seus calendários.
A vacinação no Brasil é obrigatória por Lei, e o médico, ou enfermeira, ou membro da
equipe, que não prescreve as vacinas incluídas no PNI, estão sujeitos à legislação vigente, como
reza o Artigo 42, do Código de Ética Profissional. O Código prevê, ainda, que a decisão quanto à
aplicação de vacinas não disponíveis na rede pública, deve ser compartilhada com os pacientes
e responsáveis, cabendo à equipe de saúde orientar e fornecer as informações sobre todas as
vacinas seguras e eficazes, indicadas e disponíveis.
Importante: o calendário é um guia, que organiza as vacinas disponíveis, a melhor época para
sua administração, as doses necessárias para imunização e respeitando intervalos adequados
entre as doses. Entretanto, ele não é uma regra. Exemplo: a criança que não recebeu a
primeira dose da vacina Hepatite B ao nascer, poderá ser vacinada posteriormente. Por isso, o
calendário é um guia e não um documento engessado.
Vacinas do mesmo componente, administradas até quatro dias antes do intervalo mínimo
ou da idade mínima, podem ser consideradas válidas. As doses administradas cinco dias ou mais,
antes do intervalo mínimo ou da idade mínima, não devem ser consideradas doses válidas e devem
ser repetidas com a idade apropriada ou intervalo adequado. A nova dose deve ser espaçada,
geralmente após a dose não válida, por um intervalo de, pelo menos, igual ao intervalo mínimo
recomendado (geralmente 30 dias). The Pink Book: Course Textbook - 13th Edition (2015) - (Centers
for Disease Control - CDC, 2015)
Intervalo entre vacinas compostas por antígenos diferentes
As vacinas inativadas não interferem na resposta imunológica de outras vacinas, tanto
inativadas como atenuadas, podendo ser administradas simultaneamente ou com qualquer
intervalo, antes ou depois de outra vacina, seja esta inativada ou atenuada. A resposta
imunológica a uma vacina atenuada injetável pode, teoricamente, ser comprometida, se ela for
administrada com menos de quatro semanas de intervalo de outra vacina atenuada de uso
parenteral. Assim, a administração de duas ou mais vacinas atenuadas injetáveis deve ser feita
no mesmo dia, respeitando a exceção da vacina Febre Amarela e Tríplice Viral (SCR) ou
tretraviral (SCRV) na primovacinação em crianças menores de 2 anos, ou então, respeitando-
se um intervalo mínimo de quatro semanas. Não há qualquer evidência de interferência da
vacina oral contra Pólio (VOP, tipo Sabin) com outras vacinas vivas aplicadas via parenteral. A
vacina oral pode ser administrada simultaneamente ou com qualquer intervalo antes ou depois
das vacinas parenterais.
Reforços
Chama-se reforço a aplicação de mais uma dose de determinada vacina, com o objetivo
de restabelecer a quantidade de anticorpos ideal que, eventualmente, tenha se reduzido com o
tempo, a fim de manter a imunidade adequada.
Uma dose só pode ser considerada como de reforço se o indivíduo, em algum momento
anterior, já tiver recebido todas as doses que compõem o esquema básico de vacinação,
recomendado para determinada vacina.
A utilização de doses de reforço pressupõe a existência de memória imunológica e as
recomendações para doses de reforço, geralmente, se baseiam em estudos laboratoriais
(dosagem de anticorpos, demonstrando queda nos títulos) ou epidemiológicos (ocorrência de
doença em pessoas previamente imunizadas, refletindo a necessidade de manutenção de
títulos maiores de anticorpos).
DOENÇAS E VACINAS
Tuberculose
Doença causada pelo Mycobacterium tuberculosis, cuja apresentação clínica mais
comum é a forma pulmonar, com tosse no final da tarde, febre baixa, mal-estar e
emagrecimento. Pode apresentar escarro sanguinolento resultante da doença, que, se não
tratada, pode evoluir para lesões pulmonares severas e complicações. Outras formas clínicas
incluem: tuberculose óssea, miliar, neurotuberculose, intestinal e outras.
Vacina: é feita com o Bacilo Calmette e Guerín (BCG) atenuado, e deve ser aplicada,
rotineiramente, em todas as crianças, a partir do nascimento até 4 anos, 11 meses e 29 dias,
em dose única. Utilizada para prevenção de formas graves de tuberculose (miliar e meníngea).
Esquema: administrar dose única, o mais precoce possível, preferencialmente na
maternidade, logo após o nascimento. Dose: a dose pode variar de acordo com o laboratório
disponível: vacinas do laboratório FAP - Fundação Ataulpho de Paiva, administrar 0,1ml, por via
intradérmica. Vacinas do laboratório Serun Institute of India, administrar 0,05ml, por via
intradérmica, em menores de 1 ano e 0,1 ml em maiores de 1 ano.
Particularidades: a comprovação da vacinação com BCG é feita pelo registro da vacinação no
cartão ou caderneta de vacinação, por meio da identificação da cicatriz vacinal ou da palpação de
nódulo na ausência de cicatriz. Crianças nascidas com peso inferior a 2 kg, adiar a vacinação até
que atinjam este peso. Na rotina dos serviços, a vacina é disponibilizada para crianças de até 4
(quatro) anos, 11 meses e 29 dias de vida, ainda não vacinadas. Crianças vacinadas na faixa etária
preconizada, que não apresentam cicatriz vacinal após 6 (seis) meses da administração da vacina,
NÃO revacinar. A realização do teste tuberculínico é dispensável antes ou depois da
administração da vacina BCG, inclusive para os contatos de pacientes de hanseníase.
Contatos prolongados de portadores de hanseníase: vacinação seletiva, nas seguintes situações:
MENORES DE 1 (UM) ANO DE IDADE
- menores de 1 (um) ano de idade não vacinados: administrar 1 (uma) dose de BCG;
- comprovadamente vacinados, que apresentem cicatriz vacinal: não administrar outra dose
de BCG;
- comprovadamente vacinados, que não apresentem cicatriz vacinal: administrar uma dose de
BCG, seis meses após a última dose;
Difteria
A difteria é uma doença infecciosa grave, causada pela bactéria Corynebacterium
diphtheria, que infecta, principalmente, a garganta e as vias aéreas superiores e produz uma
toxina, que afeta outros órgãos como coração, o sistema nervoso central, rins e fígado.
A doença tem um início agudo e as principais características são dor de garganta, febre
baixa e glândulas inchadas no pescoço, e a toxina pode, em casos graves, causar miocardite ou
neuropatia periférica. A toxina da difteria faz com que uma membrana de tecido morto seja
construída sobre a garganta e as amígdalas, dificultando a respiração e a deglutição.
A doença é disseminada através do contato físico direto ou pela respiração de aerossol
proveniente da tosse ou espirros de indivíduos infectados.
A vacina é constituída do toxóide diftérico, sendo encontrada combinada com as vacinas do
tétano e da coqueluche, compondo a conhecida vacina tríplice bacteriana, que deve ser aplicada na
infância, no esquema de cinco doses e uma dose de reforço, a cada dez anos, por toda a vida.
Tétano
Doença bacteriana, cujo quadro clínico é causado pela toxina do bacilo tetânico
(Clostridium tetani), adquirido por ferimentos contaminados. Doença grave, que acomete o
sistema nervoso central, levando a convulsões e, muitas vezes, ao óbito.
De especial interesse é o tétano neonatal, em que a infecção se instala no recém-
nascido, por meio da contaminação do cordão umbilical de mães que não foram vacinadas.
A vacina contra o tétano é constituída pelo toxóide tetânico, disponível na forma isolada
ou combinada com a da difteria e da coqueluche (tríplice bacteriana), que deve ser aplicada na
infância, no esquema de cinco doses e uma dose de reforço a cada dez anos, por toda a vida.
Coqueluche
É uma doença do trato respiratório, altamente contagiosa, causada por Bordetella
pertussis, uma bactéria que vive na boca, nariz e garganta. Muitas crianças que contraem
pertussis sofrem de tosse, que dura de quatro a oito semanas. A doença é mais perigosa em
bebês e se espalha facilmente de pessoa para pessoa, principalmente através de gotículas
produzidas por tosse ou espirros. Os primeiros sintomas, geralmente, aparecem 7-10 dias após
a infecção, e incluem febre leve, corrimento nasal e tosse, que, em casos típicos, gradualmente,
se desenvolve em uma tosse paroxística.
Nos bebês mais jovens, os paroxismos podem ser seguidos por períodos de apneia. Nos
pré-escolares e escolares, a doença caracteriza-se por crises de tosse paroxística de evolução
prolongada, geralmente, superior a um mês, acompanhada por vômitos, dificuldade respiratória e
cianose. Em crianças pequenas, previamente saudáveis, pode cursar apenas com crises de apneia e
cianose, mas nos lactentes pequenos a doença tende a apresentar evolução grave e desfavorável.
Ocorre também em adolescentes e adultos, na maioria das vezes com quadro de tosse
seca prolongada e sem causa identificável ou indistinguível de outras doenças respiratórias,
causadas por vírus e bactérias, com potencial para transmitir a bactéria que portam na
garganta. Adolescentes e adultos jovens são as principais fontes de transmissão da doença para
lactentes com menos de 6 meses de idade.
A disponibilidade da vacina Tríplice acelular (dTpa), formulada para uso também em
adolescentes e adultos, oferece a oportunidade para reduzir o impacto da coqueluche na
população. O uso dessa vacina em indivíduos dessas faixas etárias, além de protegê-los contra as
três doenças, reduz a transmissão da coqueluche para os grupos com alto risco de complicações.
O número de doses necessárias para o adolescente e adulto varia de acordo com o
estado vacinal prévio:
- se a vacinação básica está completa (com mínimo de três doses de vacina, contendo
componentes tetânicos: DTP, DTPa ou dT): reforços a cada dez anos;
- se a vacinação básica é incompleta (com menos de três doses de dT, DTP ou DTPa):
completar três doses, com uma ou duas doses (de acordo com o necessário), com intervalo
de dois meses entre as doses (mínimo de 30 dias). A partir daí, reforço a cada dez anos;
- se a vacinação básica é desconhecida ou inexistente: três doses, sendo a segunda dose dois
meses (mínimo de 30 dias) após a primeira, e a terceira seis meses após a segunda dose. A
partir daí reforço a cada dez anos.
Em caso de gravidez e na profilaxia do tétano, após alguns tipos de ferimentos, deve-se
reduzir esse intervalo para cinco anos.
Haemophilus influenzae tipo B
Haemophilus Influenza tipo B (Hib) é uma bactéria responsável por doenças invasivas
graves, tais como, pneumonia grave, meningite e outras doenças invasivas, quase que
exclusivamente em crianças menores de 5 anos. É transmitida através do trato respiratório, de
indivíduos infectados para indivíduos suscetíveis. A Hib também causa infecções inflamatórias,
potencialmente graves, do rosto, boca, sangue, epiglote, articulações, coração, ossos, peritoneu
e traqueia. A vacina é feita com a cápsula da bactéria, conjugada a uma proteína e deve ser
aplicada num esquema de três ou quatro doses.
* AS VACINAS
Vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus
influenzae B (conjugada) - Vacina Pentavalente Brasil
Esquema: administrar 3 (três) doses: aos 2 (dois), 4 (quatro) e 6 (seis) meses de idade, com
intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias. A terceira dose não deverá ser dada
antes dos 6 (seis) meses de idade. Dose: 0,5 ml, via intramuscular.
Particularidades: na rotina dos serviços, a vacina penta está disponível para crianças de até
6 (seis) anos, 11 meses e 29 dias; crianças até 6 (seis) anos, 11 meses e 29 dias, sem
comprovação ou com esquema vacinal incompleto, iniciar ou complementar esquema com
penta. A vacina penta está contraindicada para crianças a partir de 7 (sete) anos de idade.
Reforço: administrar 2 (dois) reforços, o primeiro aos 15 meses de idade e o segundo aos 4
(quatro) anos de idade. Dose: 0,5 ml, via intramuscular.
Particularidades: administrar o primeiro reforço com intervalo mínimo de 6 (seis) meses,
após a última dose do esquema primário (três doses de penta); intervalo mínimo de 6 (seis)
meses entre os reforços. Crianças com 4 anos de idade, sem nenhum reforço, administrar 2
reforços, considerando o intervalo de seis meses entre os reforços.
Nos comunicantes domiciliares e escolares, de casos de difteria ou coqueluche, menores
de 7 (sete) anos de idade, não vacinados, ou com esquema incompleto ou com situação vacinal
desconhecida, atualizar esquema, seguir orientações do esquema da vacina penta ou da DTP. A
vacina DTP é contraindicada para crianças a partir de 7 (sete) anos de idade.
Esquema: para gestantes, 1 (uma) dose, a cada gestação. A vacina é indicada para as
gestantes a partir da vigésima semana (20ª) ou até 40 dias após o parto.
Particularidades:
- se a vacinação básica está completa (com mínimo de três doses de vacina, contendo
componentes tetânicos: DTP, DTPa ou dT): realizar uma dose de reforço a cada gestação, a
partir da 20ª semana de gestação, com a vacina dTpa;
- se a vacinação básica é incompleta (com menos de três doses de dT, DTP ou DTPa):
completar três doses, com uma ou duas doses (de acordo com o necessário), com intervalo
de dois meses entre as doses (mínimo de 30 dias), sendo que uma delas deve ser com a
vacina dTpa. A partir daí, reforço a cada dez anos;
- se a vacinação básica é desconhecida ou inexistente: três doses, sendo a segunda dose dois
meses (mínimo de 30 dias) após a primeira, e a terceira seis meses após a segunda dose.
Tomar a vacina dTpa a partir da 20ª semana de gestação. Gestantes que não foram vacinadas
durante a gestação, aplicar uma dose de dTpa no puerpério, o mais breve possível, até 45 dias
após o parto,
Profissionais de saúde e parteiras tradicionais: administrar uma dose de dTpa para
profissionais de saúde, que atuam em maternidade e em unidade de internação neonatal
(UTI/UCI convencional e UCI canguru), e parteiras que prestam atendimento aos recém-
nascidos, considerando o histórico vacinal de difteria, tétano;
Obs: segundo o Ministério da Saúde, parteira tradicional é aquela que presta assistência ao
parto domiciliar, baseada em saberes e práticas tradicionais e é reconhecida pela
comunidade como parteira.
com esquema de vacinação primário completo: administração da dTpa como reforço, a cada
dez anos, em substituição da dT;
com esquema de vacinação primário incompleto: menos de três doses com a vacina dT,
administrar uma dose de dTpa e completar o esquema com uma ou duas doses de dT (dupla
adulto), de forma a totalizar três doses da vacina, contendo o componente tetânico. Dose:
0,5ml, intramuscular.
Poliomielite
A Poliomielite é uma doença viral altamente infecciosa, também conhecida como
paralisia infantil. O poliovírus invade o sistema nervoso e pode causar paralisia irreversível, em
questão de horas. A pólio é transmitida através do contato pessoa à pessoa. Quando uma
criança é infectada com poliovírus selvagem, o vírus entra no corpo através da boca e se
multiplica no intestino. É, então, lançado no ambiente, através das fezes, onde pode se espalhar
rapidamente por uma comunidade, especialmente em situações de baixa higiene e
saneamento. Se um número suficiente de crianças estiverem totalmente imunizadas contra a
poliomielite, o vírus é incapaz de encontrar crianças susceptíveis de infectar e desaparece.
A maioria das pessoas infectadas (90%) não apresenta sintomas ou apresentam
sintomas muito leves e, geralmente, não são reconhecidos. Em outros, os sintomas iniciais
incluem febre, fadiga, dor de cabeça, vômitos, rigidez no pescoço e dor nos membros.
Não há cura para a poliomielite, apenas tratamento para aliviar os sintomas. O calor e a
fisioterapia são utilizados para estimular os músculos, e medicamentos antiespasmódicos são
administrados para relaxar os músculos. Embora isso possa melhorar a mobilidade, não pode
reverter a paralisia permanente da poliomielite.
Atualmente, estão em uso, no Brasil, dois tipos de vacina:
Esquema: administrar 3 (três) doses, aos 2 (dois), 4 (quatro) e 6 (seis) meses de idade, com
intervalo de 60 dias entre as doses. O intervalo mínimo é de 30 dias entre as doses. Dose: 0,5
ml, via intramuscular.
Particularidades: crianças até de 4 anos, 11 meses e 29 dias, sem comprovação vacinal,
administrar 3 (três) doses da VIP, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias.
Com esquema incompleto: completar esquema com a VIP, mesmo tendo iniciado esquema
com VOP.
Reforço: administrar o primeiro reforço aos 15 meses e o segundo aos 4 (quatro) anos de
idade. Dose: duas gotas, exclusivamente por via oral.
Particularidades: administrar o primeiro reforço com intervalo mínimo de 6 (seis) meses,
após a última dose do esquema primário (três doses). Administrar o segundo reforço com
intervalo mínimo de 6 (seis) meses, após o primeiro reforço. Repetir a dose, imediatamente,
se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após a administração da vacina.
Esta vacina é contraindicada para pessoas imunodeprimidas, contatos de pessoa HIV
positivo ou com imunodeficiência, bem como aqueles que tenham histórico de paralisia flácida,
associada à dose anterior da VOP. Indicada para viajantes que se deslocam para países com
recomendação da vacina, seguindo as orientações da NOTA INFORMATIVA Nº 90-SEI/2017-
CGPNI/DEVIT/SVS/MS.
Hepatite B
A doença causada pelo vírus B da hepatite caracteriza-se, classicamente, por febre,
icterícia e urina escura, mas, muitas vezes, pode ser pouco sintomática. Esses sintomas duram
entre duas semanas a três meses e podem evoluir de três maneiras distintas: cura, hepatite
fulminante ou hepatite crônica, que é uma das mais importantes causas da cirrose e do
carcinoma hepatocelular.
Cerca de 90% dos RN, e 5% a 10% dos adultos, não se curam e se tornam portadores
crônicos do vírus, transmitindo-o pelo sangue, secreções ou por contato sexual. Além disso,
apresentam risco de complicações, como o hepatocarcinoma e a cirrose hepática. Uma
gestante, portadora do vírus, pode transmitir a doença ao recém-nascido, daí a importância de
iniciar a prevenção nas primeiras horas de vida, ainda na maternidade.
Esquema: administrar 1 (uma) dose ao nascer, o mais precocemente possível, nas primeiras
24 horas, preferencialmente nas primeiras 12 horas, após o nascimento, ainda na
maternidade. Essa dose pode ser administrada até 30 dias após o nascimento.
Completar o esquema de vacinação contra hepatite B com a vacina Pentavalente [vacina
adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus influenzae B
(conjugada)] aos 2 (dois), 4 (quatro) e 6 (seis) meses de idade.
Crianças que perderam a oportunidade de receber a vacina hepatite B (recombinante),
até 1 mês de idade, não administrar mais essa vacina. Iniciar esquema vacinal, a partir de 2
(dois) meses de idade até 6 (seis) anos, 11 meses e 29 dias, com a vacina Penta (vacina absorvida
difteria, tétano, pertussis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus influenzae B (conjugada),
com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias, conforme esquema detalhado no
tópico da vacina Penta.
A partir de 7 (sete) anos de idade sem comprovação vacinal: administrar 3 (três) doses da
vacina hepatite B, com intervalo de 30 dias entre a primeira e a segunda dose, e de 6 (seis)
meses entre a primeira e a terceira dose (0, 1 e 6 meses).
Com esquema vacinal incompleto: não reiniciar o esquema, apenas completá-lo, conforme
situação encontrada.
Para gestantes em qualquer faixa etária e idade gestacional: administrar 3 (três) doses da
vacina hepatite B, considerando o histórico de vacinação anterior e os intervalos
preconizados entre as doses. Caso não seja possível completar o esquema durante a
gestação, deverá concluir após o parto.
Dose: 0,5 ml até os 19 anos de idade e 1 ml a partir de 20 anos de idade (Laboratório
Butantan - Nacional), e 0,5 ml até os 15 anos de idade e 1 ml a partir de 16 anos de idade
(Laboratório Sanofi - Internacional), via intramuscular.
Particularidades: em recém-nascidos, de mães portadoras da hepatite B, administrar a vacina
e a imunoglobulina humana anti-hepatite B, preferencialmente nas primeiras 12 horas,
podendo a imunoglobulina ser administrada, no máximo, até 7 (sete) dias de vida.
Rotavírus
Principal agente causador de diarreias agudas nas crianças de até 5 anos de idade. O
quadro clínico é caracterizado por febre, vômitos e fezes líquidas e abundantes. Algumas vezes,
leva à desidratação e à necessidade de internação, para correção do distúrbio hidroeletrolítico.
Doenças Pneumocócicas
O pneumococo (Streptococcus pneumoniae) é uma bactéria causadora de várias
doenças graves em crianças, especialmente nos menores de 5 anos de idade. É responsável por
quadros de meningite, pneumonias e septicemia, com altas taxas de mortalidade ou de
sequelas. Causa, também, doenças de vias respiratórias altas, como sinusites e otites.
Existem vários cepas de pneumococos, sendo alguns deles mais frequentes e outros de mais
difícil tratamento (resistentes a antibióticos). A bactéria pode se hospedar nas vias aéreas de um
indivíduo e não causar doença (portador assintomático), mas pode ser transmitida para outra pessoa.
Hoje, dispomos de três outras vacinas conjugadas, que ampliaram os sorotipos nelas
contidos: a 10-valente, que acrescenta os sorotipos: 1, 4, 5, 6B, 9V, 14, 18C, 19F, 23F e 7F; e a
13-valente, que incorpora, além dos dez sorotipos já citados, outros três: 3, 6A e 19A. Também,
dispomos de uma vacina polissacarídica 23-valente.
A ampliação do número de sorotipos permite uma maior cobertura da vacina (maior
eficácia contra a doença pneumocócica), em diferentes regiões do planeta.
Doenças Meningocócicas
Neisseria meningitidis (meningococo) é uma das principais causas de meningite
bacteriana e septicemia. A doença endêmica ocorre em todo o mundo, com os surtos mais
frequentes no "cinto de meningite“, da África subsaariana.
Não há estimativas confiáveis da carga global de doença meningocócica, devido à
vigilância inadequada em várias partes do mundo. A doença invasiva meningocócica tem uma
taxa de mortalidade muito alta (> 50%, se não tratada) e muitos sobreviventes desenvolvem
sequelas permanentes. Dos 12 sorogrupos de N. meningitidis identificados, A, B, C, X, W e Y são
responsáveis pela maioria das doenças, mas a distribuição do sorogrupo varia de acordo com a
localização e o tempo.
As infecções meningocócicas são transmitidas através do contato com gotículas ou
secreções respiratórias.
Esquema: administrar 2 (duas) doses, aos 3 (três) e 5 (cinco) meses de idade, com intervalo
de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias.
Reforço: administrar dois reforços, um aos 12 meses e outro entre 11 a 14 anos, 11 meses e 29 dias.
Dose: 0,5 ml, via intramuscular.
Particularidades: crianças que iniciaram o esquema primário após 5 (cinco) meses de idade,
devem completá-lo até 12 meses, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses;
administrar o reforço com intervalo mínimo de 60 dias, após a última dose. O reforço deve
ser administrado entre 12 meses a 4 (quatro) anos, 11 meses e 29 dias.
Hepatite A
A hepatite pelo vírus A é mais frequente e benigna que a do tipo B, porém tende a
apresentar quadro clínico mais intenso e prolongado em adolescentes e adultos. Como outras
hepatites, caracteriza-se, classicamente, por febre, icterícia e dor abdominal, mas pode cursar
de maneira pouco sintomática (principalmente em crianças). A transmissão é oral e fecal e o
saneamento básico impacta, positivamente, na diminuição da incidência da doença.
Esquema: administrar uma dose, aos 15 meses de idade. A idade máxima para administração
é 4(quatro) anos, 11 meses, 29 dias.
Dose: 0,5ml, intramuscular.
Particularidades: crianças com imunodepressão deverão ser avaliadas e vacinadas, segundo
orientações do manual do Crie.
Varicela
Conhecida como catapora, é uma das doenças “infantis” mais comuns.
Altamente contagiosa, transmissível através de gotículas respiratórias ou contato direto
com lesões cutâneas, próprias da pessoa infectada. Caracteriza-se por febre, mal-estar e as
típicas lesões pruriginosas em todo o corpo. Algumas vezes, apresenta complicações,
principalmente em adolescentes e adultos, sendo as mais frequentes as infecções de pele e
pneumonias. Gestantes têm alto risco de desenvolvimento de complicações.
A varicela é, geralmente, autolimitada e as vesículas desenvolvem, gradualmente, as
crostas, que desaparecem durante um período de 7 a 10 dias. Os indivíduos permanecem
contagiosos, até que todas as lesões tenham crescido. A doença é tipicamente leve, mas pode
ser fatal, devido à ocorrência de complicações graves, incluindo infecções bacterianas (por
exemplo, celulite, pneumonia) e complicações neurológicas (por exemplo, encefalite).
Após a infecção, o vírus permanece latente nas células nervosas e pode ser reativado,
causando uma infecção secundária - herpes zoster. Isso, geralmente, ocorre em adultos, com
idade igual ou superior a 50 anos ou em imunocomprometidos, e está associado a uma erupção
cutânea dolorosa, que pode resultar em danos permanentes nos nervos.
administrar 1 (uma) dose de tríplice viral em crianças, na faixa etária entre 6 (seis) a 11
meses, não sendo considerada válida para rotina, devendo ser mantido o esquema vacinal
aos 12 meses e aos 15 meses de idade;
administrar 1 (uma) dose de dupla viral ou tríplice viral em pessoas acima de 50 anos de
idade, que não comprovarem nenhuma dose destas vacinas.
Esquema: administrar 1 (uma) dose aos 15 meses de idade, em crianças que já tenham
recebido a primeira dose da vacina tríplice viral.
Dose: 0,5 ml, subcutânea.
Particularidade: crianças que não foram vacinadas, oportunamente, aos 15 meses de idade,
poderão ser vacinadas até 4 (quatro) anos, 11 meses e 29 dias. Em crianças menores de 2
(dois) anos de idade, não vacinadas com tetra viral, não administrar esta vacina
simultaneamente com a vacina febre amarela. O intervalo entre estas vacinas é de 30 dias,
salvo em situações especiais que impossibilitem manter esse intervalo (com um mínimo de
15 dias). Em situações emergenciais e na indisponibilidade da vacina tetra viral, as vacinas
tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e varicela (atenuada) poderão ser utilizadas.
Influenza
Conhecida como gripe, é uma doença viral, causada por vírus da gripe, geralmente
subtipos de influenza A ou B, que provoca epidemias anuais, no final do outono e todo o inverno.
Caracteriza-se por febre, mal-estar, indisposição, tosse e coriza. Altamente contagiosa,
atinge todas as idades, porém os extremos (idosos e lactentes jovens) são os que mais
apresentam complicações, especialmente infecções bacterianas secundárias.
Por se tratar de vírus que sofre mutações frequentes, a vacina é reformulada a cada ano,
para conter as prováveis cepas que circularão em cada inverno. Normalmente, são desenvolvidas
vacinas diferentes para os hemisférios Norte e Sul. A época ideal de vacinação é o outono, antes
do período de maior circulação viral. Crianças menores de nove anos de idade, quando vacinadas
pela primeira vez, devem receber duas doses, com intervalo de um mês entre elas.
Esquema: crianças entre 6 (seis) meses e 8 (oito) anos, 11 meses 29 dias, primovacinadas
(que tomarão a vacina pela primeira vez), administrar 2 (duas) doses, com intervalo de 30
dias entre as doses. Para pessoas a partir de 9 (nove) anos, administrar 1 (uma) dose.
Dose: para crianças entre 6 (seis) meses e 2 (dois) anos, 11 meses 29 dias, administrar 0,25
ml, via intramuscular ou subcutânea, a depender do país de origem do laboratório produtor
(verificar na bula que acompanha a vacina ou no informe da campanha anual). Para pessoas
a partir de 3 (três) anos de idade, 0,5 ml, via intramuscular ou subcutânea, a depender do
país de origem do laboratório produtor.
Particularidades: em caso de mudança de faixa etária (de 2 para 3 anos de idade), manter a
dose inicial do esquema, isto é, 0,25ml. Gestantes, administrar esta vacina em qualquer
idade gestacional.
Esquema: administrar 2 (duas) doses, com intervalo de 6 (seis) meses entre as doses, nas
meninas de 9 a 14 anos, 11 meses e 29 dias e em meninos de 11 a 14 anos, 11 meses e 29
dias.
Homens e mulheres de 9 a 26 anos, 11 meses e 29 dias, transplantados de órgãos
sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos ou vivendo com HIV/Aids, administrar 3
(três) doses, com intervalo de 2 (dois) meses entre a primeira e a segunda dose e 6 (seis)
meses entre a primeira e a terceira dose. Para a vacinação deste grupo, mantém-se a
necessidade de prescrição médica.
Nota: a ocorrência de febre, acima de 38,5ºC, após a administração de uma vacina, não
constitui contraindicação à dose subsequente. Quando ocorrer febre, administrar
antitérmico, de acordo com a prescrição médica. Não indique o uso de paracetamol antes ou
imediatamente após a vacinação, para não interferir na imunogenicidade da vacina.
Situações especiais
São situações que devem ser avaliadas em suas particularidades, para a indicação ou
não da vacinação:
usuários que fazem uso de terapia com corticosteróides devem ser vacinados com intervalo
de, pelo menos, três meses após a suspensão da droga;
Nota: é considerada imunossupressora a dose superior a 2 mg/kg/dia de prednisona, ou
equivalente, para crianças; e acima de 20 mg/kg/dia para adultos, por tempo superior a 14
dias. Doses inferiores às citadas, mesmo por período prolongado, não constituem contra
indicação. O uso de corticoides, por via inalatória, ou tópicos, ou em esquemas de altas
doses, em curta duração (menor do que 14 dias), não constitui contraindicação de vacinação.
usuários infectados pelo HIV precisam de proteção especial contra as doenças imunopreveníveis,
mas é necessário avaliar cada caso, considerando-se que há grande heterogeneidade de situações,
desde o soropositivo (portador assintomático), até o imunodeprimido, com a doença instalada;
crianças filhas de mãe com HIV positivo, menores de 18 meses de idade, mas que não
apresentam alterações imunológicas e não registram sinais ou sintomas clínicos indicativos
de imunodeficiência, podem receber todas as vacinas dos calendários de vacinação e as
disponíveis no Crie, o mais precocemente possível;
Nota: nesses casos, busque informações em documentos disponíveis no site, tais como,
Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), Guia de Tratamento
Clínico da Infecção pelo HIV em Pediatria e Recomendações para Terapia Antirretroviral em
Adultos e Adolescentes Infectados pelo HIV.
usuários com imunodeficiência clínica ou laboratorial grave não devem receber vacinas de
agentes vivos atenuados;
o usuário que fez transplante de medula óssea (pós-transplantado) deve ser encaminhado ao
Crie, de seis a doze meses após o transplante, para revacinação, conforme indicação.
Adiamento da vacinação
Situações para o adiamento da administração de um imunobiológico:
usuário de dose imunossupressora de corticoide – vacine 90 dias após a suspensão ou o
término do tratamento. É considerada imunossupressora a dose superior a 2 mg/kg/dia de
prednisona ou equivalente, para crianças; e acima de 20 mg/kg/dia, para adultos, por tempo
superior a 14 dias;
usuário que necessita receber imunoglobulina, sangue ou hemoderivados – não vacine com
vacinas de agentes vivos atenuados, nas quatro semanas que antecedem e até 90 dias após o
uso daqueles produtos;
usuário que apresenta doença febril grave – não vacine até a resolução do quadro, para que
os sinais e sintomas da doença não sejam atribuídos ou confundidos com possíveis eventos
adversos, relacionados à vacina.
Vacinação simultânea
A vacinação simultânea consiste na administração de duas ou mais vacinas no mesmo
momento, em diferentes regiões anatômicas e vias de administração. De um modo geral, as
vacinas dos calendários de vacinação podem ser administradas simultaneamente, sem que
ocorra interferência na resposta imunológica, exceto as vacinas FA, tríplice viral, contra varicela
e tetra viral, na primovacinação, que devem ser administradas com intervalo de 30 dias.
Falsas contraindicações
São exemplos de situações que caracterizam a ocorrência de falsas contraindicações. As
seguintes condições não contraindicam qualquer uma das vacinas:
doença aguda benigna sem febre – quando a criança não apresenta histórico de doença
grave ou infecção simples das vias respiratórias superiores;
O que precisamos saber antes de indicar as vacinas - Triagem para Indicação de Vacinas
Durante a triagem, o profissional de saúde investigará a situação de saúde do indígena
ou da comunidade, identificando os problemas e necessidades de intervenções, momento
oportuno para avaliação imediata de indicações ou contraindicações das vacinas, de acordo
com a situação de saúde apresentada.
Devemos estar atentos para importância da vacinação dos contatantes de pessoas
imunodeprimidas ou com comorbidade. A vacinação dos contatantes reduz os riscos de
infecção dos portadores de doenças crônicas, principalmente no caso de imunodeprimidos,
para os quais a vacinação está contraindicada, ou a eficácia da vacina está comprometida.
Contatantes domiciliares, cuidadores, profissionais da Educação e da Saúde, por
exemplo, devem manter atualizado o calendário vacinal, observando-se a necessidade de
alteração do esquema vacinal, quando a administração oferecer risco para o imunodeprimido.
A vacinação do doador de órgão deve ser recomendada para evitar a transmissão de
doença imunoprevenível para o receptor.
Para alguns indivíduos, pode ser necessário adiar a vacinação ou fazer escolhas de
outras vacinas, rotineiramente, recomendadas, para eliminar ou minimizar o risco de eventos
adversos, para otimizar a resposta imunitária de um indivíduo ou melhorar a proteção de um
contato doméstico, contra doenças preveníveis por vacinação.
Nesse sentido, alguns cuidados importantes a serem tomados pela equipe, estão
descritos a seguir:
assegurar que a(s) vacina(s) estão indicada(s), considerando quaisquer doses de vacina
anteriormente;
garantir que a pessoa a ser vacinada esteja na idade apropriada para as vacinas a serem
administradas;
verificar se foi respeitado o intervalo de tempo correto entre qualquer vacina(s) anterior(es)
ou quaisquer produtos que contraindiquem vacinação.
data de nascimento (identifica se a pessoa está com idade adequada para receber a vacina e
também a oportunidade de indicar outras vacinas);
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