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INTRODUÇÃO À EXECUÇÃO DO

CALENDÁRIO NACIONAL DE VACINAÇÃO


DOS POVOS INDÍGENAS

Evelin Placido dos Santos


INTRODUÇÃO
Ao final deste tema, o/a aluno/a deverá ser capaz de:
 Conhecer a execução do calendário vacinal como um guia norteador de ações e decisões;
 Conhecer os esquemas vacinais por fase da vida;
 Identificar as regras de uso das vacinas conforme seus intervalos e de acordo com os
diferentes tipos de vacinas;
 Conhecer as contraindicações, situações especiais, adiamento, vacinação simultânea e falsas
contraindicações.

Os calendários vacinais são instrumentos de padronização, para serem utilizados na


prevenção das doenças. São pensados e estruturados conforme a epidemiologia da população
em seu território, a suscetibilidade dos indivíduos, os riscos específicos à cada faixa etária, suas
respectivas vacinas, o número de doses necessárias para imunização efetiva, seus intervalos e
recomendações de reforços, tendo como objetivo a proteção individual e coletiva. São
utilizados como guias, quando pretendemos vacinar qualquer indivíduo, e podem ser
executados conforme as necessidades, desde que respeitadas as regras de intervalo entre as
doses das vacinas.
Se, em um país ou região, crianças de até 2 anos são acometidas, mais frequentemente
por doenças meningocócicas, é estratégico, para aquela região, considerar a vacinação para
esse grupo. Entretanto, se em outra região os mais acometidos são os adolescentes, a
estratégia do Estado deve ser direcionada para a vacinação dos adolescentes.

O Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas é estruturado considerando


a suscetibilidade dos povos indígenas.

Existem calendários específicos para cada faixa etária, para situações especiais e de
acordo com riscos ocupacionais. Algumas vacinas não estão contempladas nos calendários,
porém são disponibilizadas nos Centros de Referências de Imunobiológicos Especiais (CRIE) para
casos específicos. Na definição das vacinas que farão parte do calendário do Programa Nacional
de Imunizações (PNI), o foco é a proteção coletiva, sendo feita a opção por vacinas e/ou grupos
que levarão a um maior impacto na redução da mortalidade e morbidade causadas pela doença
na população.
Para além do impacto epidemiológico do problema de saúde pública, deve haver uma
análise do custo de implantação e manutenção no programa de vacinação. A partir daí, define-
se a melhor estratégia e esquema vacinal. Outras avaliações são realizadas, baseadas em
critérios como: estudos de custo-efetividade e custo-benefício, produção suficiente da vacina e
o orçamento da saúde.
O PNI pode decidir pela inclusão ou não de determinada vacina em seus calendários.
A vacinação no Brasil é obrigatória por Lei, e o médico, ou enfermeira, ou membro da
equipe, que não prescreve as vacinas incluídas no PNI, estão sujeitos à legislação vigente, como
reza o Artigo 42, do Código de Ética Profissional. O Código prevê, ainda, que a decisão quanto à
aplicação de vacinas não disponíveis na rede pública, deve ser compartilhada com os pacientes
e responsáveis, cabendo à equipe de saúde orientar e fornecer as informações sobre todas as
vacinas seguras e eficazes, indicadas e disponíveis.

Importante: o calendário é um guia, que organiza as vacinas disponíveis, a melhor época para
sua administração, as doses necessárias para imunização e respeitando intervalos adequados
entre as doses. Entretanto, ele não é uma regra. Exemplo: a criança que não recebeu a
primeira dose da vacina Hepatite B ao nascer, poderá ser vacinada posteriormente. Por isso, o
calendário é um guia e não um documento engessado.

Os profissionais precisam conhecer:


 idades mínima e máxima, recomendadas para determinada vacina;
 quantas doses são necessárias, se iniciado esquema vacinal com uma determinada idade;
 qual intervalo entre as doses.
Tendo conhecimento dessas informações, os profissionais poderão avaliar se a pessoa
ainda pode ser vacinada e o esquema a ser seguido.

Proteção individual e coletiva


Ao submetermos uma população à vacinação, além da proteção individual, estamos
evitando mortes, internações, transmissão para outras pessoas, controle da doença e, em
alguns casos, promovendo a erradicação de moléstias infecciosas.
No momento em que boa parte de uma população está vacinada contra uma doença,
ocorre diminuição da circulação do microrganismo na comunidade e, consequentemente, uma
proteção indireta dos indivíduos não vacinados, conhecida por imunidade de rebanho ou
coletiva. Por conta disso, é vital que os profissionais de saúde aproveitem todas as
oportunidades disponíveis para vacinar indivíduos, de todas as faixas etárias, impedindo que as
doenças se espalhem para as pessoas vulneráveis. Essa proteção coletiva, em toda a população,
só é possível com altas taxas de imunização, dependendo da infecciosidade da doença e da
eficácia da vacina. O sarampo, por exemplo, é uma das doenças mais infecciosas, uma pessoa
com sarampo é capaz de infectar até 18 pessoas em, aproximadamente, 15 dias.
O limiar de imunidade de rebanho ou coletiva é a proporção de indivíduos que devem
estar imunizados numa população. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece a
cobertura mínima para cada tipo de vacina, para prevenir a transmissão da doença. Por
exemplo, para prevenir a transmissão do sarampo, de 92% a 94% da população deve estar
imunizada.
PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA EXECUÇÃO DE UM CALENDÁRIO VACINAL

As vacinas e suas particularidades


O número de doses recomendadas e idade de administração variam para cada vacina.
Como já dito anteriormente, essas recomendações variam em função do tipo de vacina, da
epidemiologia da doença (o risco específico da idade de infecções e de complicações), e da resposta
imunológica esperada do receptor (incluindo a possibilidade de transferência vertical de anticorpos
maternos, que pode reduzir a resposta imune em um lactente). Várias doses de uma vacina podem
ser necessárias para induzir uma imunidade protetora, em particular nas crianças mais jovens.

Intervalos entre doses da mesma vacina (vacinas com o mesmo antígeno)


Grande parte das vacinas requer a administração de múltiplas doses e o respeito ao
esquema vacinal recomendado é importante para garantir uma resposta imunológica
adequada. Em situações, nas quais o esquema de vacinação preconizado não puder ser
cumprido, as recomendações relativas aos intervalos de tempo entre as doses devem ser
respeitadas, tanto para as doses de esquemas primários, como para as doses de reforço.

Intervalos superiores ao recomendado de vacinas com o mesmo antígeno


A interrupção ou o atraso em esquemas vacinais não provocam a redução da
concentração final de anticorpos e, uma vez desenvolvida memória imunológica,
independentemente do tempo decorrido desde a administração da última dose, é apenas
necessário que se complete o esquema estabelecido com o número de doses restantes.

Intervalos inferiores ao recomendado de vacinas com o mesmo antígeno


Por razões epidemiológicas ou para aproveitar todas as oportunidades de vacinação,
pode ser necessário encurtar os intervalos recomendados entre doses de vacinas. Entretanto,
nesse caso, é preciso sempre respeitar os intervalos mínimos entre as doses e a idade mínima
para administração das vacinas.
A aplicação de vacinas com intervalos menores que os mínimos recomendados pode
diminuir a resposta imunológica e doses administradas em intervalos excessivamente curtos
não devem ser consideradas válidas. Além disso, essa conduta aumenta o risco de eventos
adversos, provavelmente pela maior formação de complexos antígeno-anticorpo.

Vacinas do mesmo componente, administradas até quatro dias antes do intervalo mínimo
ou da idade mínima, podem ser consideradas válidas. As doses administradas cinco dias ou mais,
antes do intervalo mínimo ou da idade mínima, não devem ser consideradas doses válidas e devem
ser repetidas com a idade apropriada ou intervalo adequado. A nova dose deve ser espaçada,
geralmente após a dose não válida, por um intervalo de, pelo menos, igual ao intervalo mínimo
recomendado (geralmente 30 dias). The Pink Book: Course Textbook - 13th Edition (2015) - (Centers
for Disease Control - CDC, 2015)
Intervalo entre vacinas compostas por antígenos diferentes
As vacinas inativadas não interferem na resposta imunológica de outras vacinas, tanto
inativadas como atenuadas, podendo ser administradas simultaneamente ou com qualquer
intervalo, antes ou depois de outra vacina, seja esta inativada ou atenuada. A resposta
imunológica a uma vacina atenuada injetável pode, teoricamente, ser comprometida, se ela for
administrada com menos de quatro semanas de intervalo de outra vacina atenuada de uso
parenteral. Assim, a administração de duas ou mais vacinas atenuadas injetáveis deve ser feita
no mesmo dia, respeitando a exceção da vacina Febre Amarela e Tríplice Viral (SCR) ou
tretraviral (SCRV) na primovacinação em crianças menores de 2 anos, ou então, respeitando-
se um intervalo mínimo de quatro semanas. Não há qualquer evidência de interferência da
vacina oral contra Pólio (VOP, tipo Sabin) com outras vacinas vivas aplicadas via parenteral. A
vacina oral pode ser administrada simultaneamente ou com qualquer intervalo antes ou depois
das vacinas parenterais.

INTERVALOS RECOMENDADOS ENTRE DOSES DE VACINAS DIFERENTES


vacinas inativadas com
Nenhum
vacinas inativadas
ou
Podem ser administradas simultaneamente ou com qualquer intervalo
vacinas inativadas com
entre elas.
vacinas atenuadas
Tríplice Viral (SCR) e Febre Amarela
- na primovacinação, em menores 30 dias.
de 2 anos.
vacinas atenuadas Varicela, Febre Amarela, Tríplice
Simultânea ou 30 semanas.
com Viral (SCR), Tetra Viral (SCRV).
vacinas atenuadas OPV e Rotavírus. Simultânea ou 15 dias.
Podem ser administradas
OPV e demais vacinas atenuadas
simultaneamente ou com
injetáveis.
qualquer intervalo entre elas.
Obs: essa é uma regra geral, consulte sempre as recomendações específicas de cada vacina.

Intervalos entre vacinas e a prova tuberculínica


As vacinas virais vivas injetáveis, principalmente a de sarampo (isolada ou combinada
com caxumba, rubéola e varicela), podem interferir na resposta da prova tuberculínica. Assim, a
prova tuberculínica deve ser feita no mesmo dia da administração destas vacinas ou, no
mínimo, quatro semanas depois.

Reforços
Chama-se reforço a aplicação de mais uma dose de determinada vacina, com o objetivo
de restabelecer a quantidade de anticorpos ideal que, eventualmente, tenha se reduzido com o
tempo, a fim de manter a imunidade adequada.
Uma dose só pode ser considerada como de reforço se o indivíduo, em algum momento
anterior, já tiver recebido todas as doses que compõem o esquema básico de vacinação,
recomendado para determinada vacina.
A utilização de doses de reforço pressupõe a existência de memória imunológica e as
recomendações para doses de reforço, geralmente, se baseiam em estudos laboratoriais
(dosagem de anticorpos, demonstrando queda nos títulos) ou epidemiológicos (ocorrência de
doença em pessoas previamente imunizadas, refletindo a necessidade de manutenção de
títulos maiores de anticorpos).

DOENÇAS E VACINAS

As vacinas são desenvolvidas visando a proteção contra algumas doenças:

Tuberculose
Doença causada pelo Mycobacterium tuberculosis, cuja apresentação clínica mais
comum é a forma pulmonar, com tosse no final da tarde, febre baixa, mal-estar e
emagrecimento. Pode apresentar escarro sanguinolento resultante da doença, que, se não
tratada, pode evoluir para lesões pulmonares severas e complicações. Outras formas clínicas
incluem: tuberculose óssea, miliar, neurotuberculose, intestinal e outras.

 Vacina: é feita com o Bacilo Calmette e Guerín (BCG) atenuado, e deve ser aplicada,
rotineiramente, em todas as crianças, a partir do nascimento até 4 anos, 11 meses e 29 dias,
em dose única. Utilizada para prevenção de formas graves de tuberculose (miliar e meníngea).
 Esquema: administrar dose única, o mais precoce possível, preferencialmente na
maternidade, logo após o nascimento. Dose: a dose pode variar de acordo com o laboratório
disponível: vacinas do laboratório FAP - Fundação Ataulpho de Paiva, administrar 0,1ml, por via
intradérmica. Vacinas do laboratório Serun Institute of India, administrar 0,05ml, por via
intradérmica, em menores de 1 ano e 0,1 ml em maiores de 1 ano.
 Particularidades: a comprovação da vacinação com BCG é feita pelo registro da vacinação no
cartão ou caderneta de vacinação, por meio da identificação da cicatriz vacinal ou da palpação de
nódulo na ausência de cicatriz. Crianças nascidas com peso inferior a 2 kg, adiar a vacinação até
que atinjam este peso. Na rotina dos serviços, a vacina é disponibilizada para crianças de até 4
(quatro) anos, 11 meses e 29 dias de vida, ainda não vacinadas. Crianças vacinadas na faixa etária
preconizada, que não apresentam cicatriz vacinal após 6 (seis) meses da administração da vacina,
NÃO revacinar. A realização do teste tuberculínico é dispensável antes ou depois da
administração da vacina BCG, inclusive para os contatos de pacientes de hanseníase.
 Contatos prolongados de portadores de hanseníase: vacinação seletiva, nas seguintes situações:
MENORES DE 1 (UM) ANO DE IDADE
- menores de 1 (um) ano de idade não vacinados: administrar 1 (uma) dose de BCG;
- comprovadamente vacinados, que apresentem cicatriz vacinal: não administrar outra dose
de BCG;
- comprovadamente vacinados, que não apresentem cicatriz vacinal: administrar uma dose de
BCG, seis meses após a última dose;

A PARTIR DE 1 (UM) ANO DE IDADE


- sem cicatriz: administrar 1 (uma) dose;
- vacinados com 1 (uma) dose: administrar outra dose de BCG, com intervalo mínimo de 6
(seis) meses, após a dose anterior;
- vacinados com 2 (duas) doses: não administrar outra dose de BCG.

 Pessoas expostas ao HIV: administrar ao nascimento ou o mais precocemente possível.


Criança que chega ao serviço, ainda não vacinada, poderá receber BCG se assintomática e
sem sinais de imunodepressão. A revacinação não é indicada. A partir dos 5 (cinco) anos de
idade, pessoas portadoras de HIV não devem ser vacinadas, mesmo que assintomáticas e
sem sinais de imunodeficiência.

Difteria
A difteria é uma doença infecciosa grave, causada pela bactéria Corynebacterium
diphtheria, que infecta, principalmente, a garganta e as vias aéreas superiores e produz uma
toxina, que afeta outros órgãos como coração, o sistema nervoso central, rins e fígado.
A doença tem um início agudo e as principais características são dor de garganta, febre
baixa e glândulas inchadas no pescoço, e a toxina pode, em casos graves, causar miocardite ou
neuropatia periférica. A toxina da difteria faz com que uma membrana de tecido morto seja
construída sobre a garganta e as amígdalas, dificultando a respiração e a deglutição.
A doença é disseminada através do contato físico direto ou pela respiração de aerossol
proveniente da tosse ou espirros de indivíduos infectados.
A vacina é constituída do toxóide diftérico, sendo encontrada combinada com as vacinas do
tétano e da coqueluche, compondo a conhecida vacina tríplice bacteriana, que deve ser aplicada na
infância, no esquema de cinco doses e uma dose de reforço, a cada dez anos, por toda a vida.

Tétano
Doença bacteriana, cujo quadro clínico é causado pela toxina do bacilo tetânico
(Clostridium tetani), adquirido por ferimentos contaminados. Doença grave, que acomete o
sistema nervoso central, levando a convulsões e, muitas vezes, ao óbito.
De especial interesse é o tétano neonatal, em que a infecção se instala no recém-
nascido, por meio da contaminação do cordão umbilical de mães que não foram vacinadas.
A vacina contra o tétano é constituída pelo toxóide tetânico, disponível na forma isolada
ou combinada com a da difteria e da coqueluche (tríplice bacteriana), que deve ser aplicada na
infância, no esquema de cinco doses e uma dose de reforço a cada dez anos, por toda a vida.

Coqueluche
É uma doença do trato respiratório, altamente contagiosa, causada por Bordetella
pertussis, uma bactéria que vive na boca, nariz e garganta. Muitas crianças que contraem
pertussis sofrem de tosse, que dura de quatro a oito semanas. A doença é mais perigosa em
bebês e se espalha facilmente de pessoa para pessoa, principalmente através de gotículas
produzidas por tosse ou espirros. Os primeiros sintomas, geralmente, aparecem 7-10 dias após
a infecção, e incluem febre leve, corrimento nasal e tosse, que, em casos típicos, gradualmente,
se desenvolve em uma tosse paroxística.
Nos bebês mais jovens, os paroxismos podem ser seguidos por períodos de apneia. Nos
pré-escolares e escolares, a doença caracteriza-se por crises de tosse paroxística de evolução
prolongada, geralmente, superior a um mês, acompanhada por vômitos, dificuldade respiratória e
cianose. Em crianças pequenas, previamente saudáveis, pode cursar apenas com crises de apneia e
cianose, mas nos lactentes pequenos a doença tende a apresentar evolução grave e desfavorável.
Ocorre também em adolescentes e adultos, na maioria das vezes com quadro de tosse
seca prolongada e sem causa identificável ou indistinguível de outras doenças respiratórias,
causadas por vírus e bactérias, com potencial para transmitir a bactéria que portam na
garganta. Adolescentes e adultos jovens são as principais fontes de transmissão da doença para
lactentes com menos de 6 meses de idade.
A disponibilidade da vacina Tríplice acelular (dTpa), formulada para uso também em
adolescentes e adultos, oferece a oportunidade para reduzir o impacto da coqueluche na
população. O uso dessa vacina em indivíduos dessas faixas etárias, além de protegê-los contra as
três doenças, reduz a transmissão da coqueluche para os grupos com alto risco de complicações.
O número de doses necessárias para o adolescente e adulto varia de acordo com o
estado vacinal prévio:
- se a vacinação básica está completa (com mínimo de três doses de vacina, contendo
componentes tetânicos: DTP, DTPa ou dT): reforços a cada dez anos;
- se a vacinação básica é incompleta (com menos de três doses de dT, DTP ou DTPa):
completar três doses, com uma ou duas doses (de acordo com o necessário), com intervalo
de dois meses entre as doses (mínimo de 30 dias). A partir daí, reforço a cada dez anos;
- se a vacinação básica é desconhecida ou inexistente: três doses, sendo a segunda dose dois
meses (mínimo de 30 dias) após a primeira, e a terceira seis meses após a segunda dose. A
partir daí reforço a cada dez anos.
Em caso de gravidez e na profilaxia do tétano, após alguns tipos de ferimentos, deve-se
reduzir esse intervalo para cinco anos.
Haemophilus influenzae tipo B
Haemophilus Influenza tipo B (Hib) é uma bactéria responsável por doenças invasivas
graves, tais como, pneumonia grave, meningite e outras doenças invasivas, quase que
exclusivamente em crianças menores de 5 anos. É transmitida através do trato respiratório, de
indivíduos infectados para indivíduos suscetíveis. A Hib também causa infecções inflamatórias,
potencialmente graves, do rosto, boca, sangue, epiglote, articulações, coração, ossos, peritoneu
e traqueia. A vacina é feita com a cápsula da bactéria, conjugada a uma proteína e deve ser
aplicada num esquema de três ou quatro doses.

* AS VACINAS
Vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus
influenzae B (conjugada) - Vacina Pentavalente Brasil

 Esquema: administrar 3 (três) doses: aos 2 (dois), 4 (quatro) e 6 (seis) meses de idade, com
intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias. A terceira dose não deverá ser dada
antes dos 6 (seis) meses de idade. Dose: 0,5 ml, via intramuscular.
 Particularidades: na rotina dos serviços, a vacina penta está disponível para crianças de até
6 (seis) anos, 11 meses e 29 dias; crianças até 6 (seis) anos, 11 meses e 29 dias, sem
comprovação ou com esquema vacinal incompleto, iniciar ou complementar esquema com
penta. A vacina penta está contraindicada para crianças a partir de 7 (sete) anos de idade.

Vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis (DTP)

 Reforço: administrar 2 (dois) reforços, o primeiro aos 15 meses de idade e o segundo aos 4
(quatro) anos de idade. Dose: 0,5 ml, via intramuscular.
 Particularidades: administrar o primeiro reforço com intervalo mínimo de 6 (seis) meses,
após a última dose do esquema primário (três doses de penta); intervalo mínimo de 6 (seis)
meses entre os reforços. Crianças com 4 anos de idade, sem nenhum reforço, administrar 2
reforços, considerando o intervalo de seis meses entre os reforços.
Nos comunicantes domiciliares e escolares, de casos de difteria ou coqueluche, menores
de 7 (sete) anos de idade, não vacinados, ou com esquema incompleto ou com situação vacinal
desconhecida, atualizar esquema, seguir orientações do esquema da vacina penta ou da DTP. A
vacina DTP é contraindicada para crianças a partir de 7 (sete) anos de idade.

Vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis (acelular) tipo adulto - dTpa

 Esquema: para gestantes, 1 (uma) dose, a cada gestação. A vacina é indicada para as
gestantes a partir da vigésima semana (20ª) ou até 40 dias após o parto.
 Particularidades:
- se a vacinação básica está completa (com mínimo de três doses de vacina, contendo
componentes tetânicos: DTP, DTPa ou dT): realizar uma dose de reforço a cada gestação, a
partir da 20ª semana de gestação, com a vacina dTpa;
- se a vacinação básica é incompleta (com menos de três doses de dT, DTP ou DTPa):
completar três doses, com uma ou duas doses (de acordo com o necessário), com intervalo
de dois meses entre as doses (mínimo de 30 dias), sendo que uma delas deve ser com a
vacina dTpa. A partir daí, reforço a cada dez anos;
- se a vacinação básica é desconhecida ou inexistente: três doses, sendo a segunda dose dois
meses (mínimo de 30 dias) após a primeira, e a terceira seis meses após a segunda dose.
Tomar a vacina dTpa a partir da 20ª semana de gestação. Gestantes que não foram vacinadas
durante a gestação, aplicar uma dose de dTpa no puerpério, o mais breve possível, até 45 dias
após o parto,
 Profissionais de saúde e parteiras tradicionais: administrar uma dose de dTpa para
profissionais de saúde, que atuam em maternidade e em unidade de internação neonatal
(UTI/UCI convencional e UCI canguru), e parteiras que prestam atendimento aos recém-
nascidos, considerando o histórico vacinal de difteria, tétano;

Obs: segundo o Ministério da Saúde, parteira tradicional é aquela que presta assistência ao
parto domiciliar, baseada em saberes e práticas tradicionais e é reconhecida pela
comunidade como parteira.

 com esquema de vacinação primário completo: administração da dTpa como reforço, a cada
dez anos, em substituição da dT;
 com esquema de vacinação primário incompleto: menos de três doses com a vacina dT,
administrar uma dose de dTpa e completar o esquema com uma ou duas doses de dT (dupla
adulto), de forma a totalizar três doses da vacina, contendo o componente tetânico. Dose:
0,5ml, intramuscular.

Poliomielite
A Poliomielite é uma doença viral altamente infecciosa, também conhecida como
paralisia infantil. O poliovírus invade o sistema nervoso e pode causar paralisia irreversível, em
questão de horas. A pólio é transmitida através do contato pessoa à pessoa. Quando uma
criança é infectada com poliovírus selvagem, o vírus entra no corpo através da boca e se
multiplica no intestino. É, então, lançado no ambiente, através das fezes, onde pode se espalhar
rapidamente por uma comunidade, especialmente em situações de baixa higiene e
saneamento. Se um número suficiente de crianças estiverem totalmente imunizadas contra a
poliomielite, o vírus é incapaz de encontrar crianças susceptíveis de infectar e desaparece.
A maioria das pessoas infectadas (90%) não apresenta sintomas ou apresentam
sintomas muito leves e, geralmente, não são reconhecidos. Em outros, os sintomas iniciais
incluem febre, fadiga, dor de cabeça, vômitos, rigidez no pescoço e dor nos membros.
Não há cura para a poliomielite, apenas tratamento para aliviar os sintomas. O calor e a
fisioterapia são utilizados para estimular os músculos, e medicamentos antiespasmódicos são
administrados para relaxar os músculos. Embora isso possa melhorar a mobilidade, não pode
reverter a paralisia permanente da poliomielite.
Atualmente, estão em uso, no Brasil, dois tipos de vacina:

VIP: injetável (Salk), feita com os três tipos de poliovírus inativados.


VOP: oral (Sabin), feita com os dois tipos de poliovírus vivos atenuados.

Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 inativada (VIP)

 Esquema: administrar 3 (três) doses, aos 2 (dois), 4 (quatro) e 6 (seis) meses de idade, com
intervalo de 60 dias entre as doses. O intervalo mínimo é de 30 dias entre as doses. Dose: 0,5
ml, via intramuscular.
 Particularidades: crianças até de 4 anos, 11 meses e 29 dias, sem comprovação vacinal,
administrar 3 (três) doses da VIP, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias.

Apesar de erradicada nas Américas, a poliomielite ainda ocorre na África e na Ásia.


Por conta disso, altas coberturas vacinais ainda são importantes, com o objetivo de reduzir-se
o risco de “importação” e transmissão de casos novos.

 Com esquema incompleto: completar esquema com a VIP, mesmo tendo iniciado esquema
com VOP.

Vacina Poliomielite 1 e 3 atenuada (VOP)

 Reforço: administrar o primeiro reforço aos 15 meses e o segundo aos 4 (quatro) anos de
idade. Dose: duas gotas, exclusivamente por via oral.
 Particularidades: administrar o primeiro reforço com intervalo mínimo de 6 (seis) meses,
após a última dose do esquema primário (três doses). Administrar o segundo reforço com
intervalo mínimo de 6 (seis) meses, após o primeiro reforço. Repetir a dose, imediatamente,
se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após a administração da vacina.
Esta vacina é contraindicada para pessoas imunodeprimidas, contatos de pessoa HIV
positivo ou com imunodeficiência, bem como aqueles que tenham histórico de paralisia flácida,
associada à dose anterior da VOP. Indicada para viajantes que se deslocam para países com
recomendação da vacina, seguindo as orientações da NOTA INFORMATIVA Nº 90-SEI/2017-
CGPNI/DEVIT/SVS/MS.
Hepatite B
A doença causada pelo vírus B da hepatite caracteriza-se, classicamente, por febre,
icterícia e urina escura, mas, muitas vezes, pode ser pouco sintomática. Esses sintomas duram
entre duas semanas a três meses e podem evoluir de três maneiras distintas: cura, hepatite
fulminante ou hepatite crônica, que é uma das mais importantes causas da cirrose e do
carcinoma hepatocelular.
Cerca de 90% dos RN, e 5% a 10% dos adultos, não se curam e se tornam portadores
crônicos do vírus, transmitindo-o pelo sangue, secreções ou por contato sexual. Além disso,
apresentam risco de complicações, como o hepatocarcinoma e a cirrose hepática. Uma
gestante, portadora do vírus, pode transmitir a doença ao recém-nascido, daí a importância de
iniciar a prevenção nas primeiras horas de vida, ainda na maternidade.

Vacina Hepatite B (recombinante)

 Esquema: administrar 1 (uma) dose ao nascer, o mais precocemente possível, nas primeiras
24 horas, preferencialmente nas primeiras 12 horas, após o nascimento, ainda na
maternidade. Essa dose pode ser administrada até 30 dias após o nascimento.
Completar o esquema de vacinação contra hepatite B com a vacina Pentavalente [vacina
adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus influenzae B
(conjugada)] aos 2 (dois), 4 (quatro) e 6 (seis) meses de idade.
Crianças que perderam a oportunidade de receber a vacina hepatite B (recombinante),
até 1 mês de idade, não administrar mais essa vacina. Iniciar esquema vacinal, a partir de 2
(dois) meses de idade até 6 (seis) anos, 11 meses e 29 dias, com a vacina Penta (vacina absorvida
difteria, tétano, pertussis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus influenzae B (conjugada),
com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias, conforme esquema detalhado no
tópico da vacina Penta.
 A partir de 7 (sete) anos de idade sem comprovação vacinal: administrar 3 (três) doses da
vacina hepatite B, com intervalo de 30 dias entre a primeira e a segunda dose, e de 6 (seis)
meses entre a primeira e a terceira dose (0, 1 e 6 meses).
 Com esquema vacinal incompleto: não reiniciar o esquema, apenas completá-lo, conforme
situação encontrada.
 Para gestantes em qualquer faixa etária e idade gestacional: administrar 3 (três) doses da
vacina hepatite B, considerando o histórico de vacinação anterior e os intervalos
preconizados entre as doses. Caso não seja possível completar o esquema durante a
gestação, deverá concluir após o parto.
 Dose: 0,5 ml até os 19 anos de idade e 1 ml a partir de 20 anos de idade (Laboratório
Butantan - Nacional), e 0,5 ml até os 15 anos de idade e 1 ml a partir de 16 anos de idade
(Laboratório Sanofi - Internacional), via intramuscular.
 Particularidades: em recém-nascidos, de mães portadoras da hepatite B, administrar a vacina
e a imunoglobulina humana anti-hepatite B, preferencialmente nas primeiras 12 horas,
podendo a imunoglobulina ser administrada, no máximo, até 7 (sete) dias de vida.

Para pessoas com condições clínicas especiais, recomenda-se consultar o


Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), disponível em:
http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/dezembro/09/manual-cries-9dez14-web.pdf.

Rotavírus
Principal agente causador de diarreias agudas nas crianças de até 5 anos de idade. O
quadro clínico é caracterizado por febre, vômitos e fezes líquidas e abundantes. Algumas vezes,
leva à desidratação e à necessidade de internação, para correção do distúrbio hidroeletrolítico.

Vacina rotavírus humano G1P1 [8] (atenuada) – VORH

 Esquema: administrar 2 (duas) doses, aos 2 (dois) e 4 (quatro) meses de idade.


 Dose: 1,5 ml - administrar todo o conteúdo da seringa exclusivamente por via oral.
 Particularidades: para evitar a oportunidade perdida de vacinação, a primeira dose pode ser
administrada a partir de 1 (um) mês e 15 dias, até 3 (três) meses e 15 dias. A segunda dose
pode ser administrada a partir de 3 (três) meses e 15 dias, até 7 (sete) meses e 29 dias.
Manter intervalo mínimo de 30 dias entre as doses. Se a criança regurgitar, cuspir ou
vomitar após a vacinação, não repetir a dose.

Esta vacina é contraindicada para crianças com histórico de invaginação intestinal ou


com malformação congênita não corrigida do trato gastrointestinal. Crianças com quadro
agudo de gastroenterite (tais como: vômitos, diarreia, febre), adiar a vacinação, até a
resolução do quadro. Crianças com imunodepressão deverão ser avaliadas e vacinadas
mediante prescrição médica.

Doenças Pneumocócicas
O pneumococo (Streptococcus pneumoniae) é uma bactéria causadora de várias
doenças graves em crianças, especialmente nos menores de 5 anos de idade. É responsável por
quadros de meningite, pneumonias e septicemia, com altas taxas de mortalidade ou de
sequelas. Causa, também, doenças de vias respiratórias altas, como sinusites e otites.
Existem vários cepas de pneumococos, sendo alguns deles mais frequentes e outros de mais
difícil tratamento (resistentes a antibióticos). A bactéria pode se hospedar nas vias aéreas de um
indivíduo e não causar doença (portador assintomático), mas pode ser transmitida para outra pessoa.
Hoje, dispomos de três outras vacinas conjugadas, que ampliaram os sorotipos nelas
contidos: a 10-valente, que acrescenta os sorotipos: 1, 4, 5, 6B, 9V, 14, 18C, 19F, 23F e 7F; e a
13-valente, que incorpora, além dos dez sorotipos já citados, outros três: 3, 6A e 19A. Também,
dispomos de uma vacina polissacarídica 23-valente.
A ampliação do número de sorotipos permite uma maior cobertura da vacina (maior
eficácia contra a doença pneumocócica), em diferentes regiões do planeta.

Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada) - Pneumo10v


 Esquema: administrar 2 (duas) doses, aos 2 (dois) e 4 (quatro) meses de idade, com intervalo
de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias.
 Reforço: administrar 1 (um) reforço, aos 12 meses de idade. Dose: 0,5 ml, via intramuscular.
 Particularidades: crianças que iniciaram o esquema primário, após 4 (quatro) meses de
idade, devem completá-lo até 12 meses, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses;
administrar o reforço, com intervalo mínimo de 60 dias, após a última dose.
O reforço deve ser administrado entre 12 meses a 4 (quatro) anos, 11 meses e 29 dias.
Crianças sem comprovação vacinal, entre 12 meses e 4 anos de idade, administrar dose única.
Para as crianças de 2 meses a menores de 5 (cinco) anos de idade, com indicação clínica
especial (ver manual do Crie), manter esquema de três doses e reforço.

Vacina pneumocócica 23-valente (polissacarídica) – Pneumo 23v

 Esquema: administrar 1 (uma) dose em todos os indígenas, a partir de 5 (cinco) anos de


idade, sem comprovação vacinal, com as vacinas pneumocócicas conjugadas. A partir dos 60
(sessenta) anos de idade, administrar 1 (uma) única dose adicional, respeitando o intervalo
mínimo de 5 (cinco) anos da dose inicial.
 Dose: 0,5 ml, via intramuscular.
 Particularidades: contraindicada para as crianças menores de 2 (dois) anos de idade. Criança
de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, 11 meses e 29 dias que recebeu dose da vacina pneumocócica
23 valente e não tem histórico de vacinação com pneumocócica conjugada 10 valente,
administrar uma dose desta vacina (pneumocócica conjugada 10 valente), não sendo
necessárias doses adicionais.

Doenças Meningocócicas
Neisseria meningitidis (meningococo) é uma das principais causas de meningite
bacteriana e septicemia. A doença endêmica ocorre em todo o mundo, com os surtos mais
frequentes no "cinto de meningite“, da África subsaariana.
Não há estimativas confiáveis ​da carga global de doença meningocócica, devido à
vigilância inadequada em várias partes do mundo. A doença invasiva meningocócica tem uma
taxa de mortalidade muito alta (> 50%, se não tratada) e muitos sobreviventes desenvolvem
sequelas permanentes. Dos 12 sorogrupos de N. meningitidis identificados, A, B, C, X, W e Y são
responsáveis ​pela maioria das doenças, mas a distribuição do sorogrupo varia de acordo com a
localização e o tempo.
As infecções meningocócicas são transmitidas através do contato com gotículas ou
secreções respiratórias.

Atualmente, existem várias vacinas polissacarídicas e conjugadas, disponíveis para


proteção contra os sorogrupos mais comuns da doença meningocócica. As vacinas de
polissacarídeos estão disponíveis em formulações bivalentes (A, C), trivalentes (A, C, W135) e
quadrivalentes (A, C, W135, Y). As vacinas conjugadas, que são mais imunogênicas e podem
fornecer proteção para o rebanho, estão disponíveis em formulações monovalentes (A ou C),
quadrivalentes (A, C, W135, Y) ou combinação (sorogrupo C e Haemophilus influenzae tipo b).
Duas vacinas, baseadas em proteínas, estão disponíveis para imunização contra a doença
invasiva do sorogrupo B. Não há vacinas disponíveis contra a doença do sorogrupo X.

Vacina meningocócica C (conjugada) - Meningo C

 Esquema: administrar 2 (duas) doses, aos 3 (três) e 5 (cinco) meses de idade, com intervalo
de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias.
 Reforço: administrar dois reforços, um aos 12 meses e outro entre 11 a 14 anos, 11 meses e 29 dias.
 Dose: 0,5 ml, via intramuscular.
 Particularidades: crianças que iniciaram o esquema primário após 5 (cinco) meses de idade,
devem completá-lo até 12 meses, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses;
administrar o reforço com intervalo mínimo de 60 dias, após a última dose. O reforço deve
ser administrado entre 12 meses a 4 (quatro) anos, 11 meses e 29 dias.

Hepatite A
A hepatite pelo vírus A é mais frequente e benigna que a do tipo B, porém tende a
apresentar quadro clínico mais intenso e prolongado em adolescentes e adultos. Como outras
hepatites, caracteriza-se, classicamente, por febre, icterícia e dor abdominal, mas pode cursar
de maneira pouco sintomática (principalmente em crianças). A transmissão é oral e fecal e o
saneamento básico impacta, positivamente, na diminuição da incidência da doença.

Vacina adsorvida hepatite A (inativada) - Hepatite A

 Esquema: administrar uma dose, aos 15 meses de idade. A idade máxima para administração
é 4(quatro) anos, 11 meses, 29 dias.
 Dose: 0,5ml, intramuscular.
 Particularidades: crianças com imunodepressão deverão ser avaliadas e vacinadas, segundo
orientações do manual do Crie.

Varicela
Conhecida como catapora, é uma das doenças “infantis” mais comuns.
Altamente contagiosa, transmissível através de gotículas respiratórias ou contato direto
com lesões cutâneas, próprias da pessoa infectada. Caracteriza-se por febre, mal-estar e as
típicas lesões pruriginosas em todo o corpo. Algumas vezes, apresenta complicações,
principalmente em adolescentes e adultos, sendo as mais frequentes as infecções de pele e
pneumonias. Gestantes têm alto risco de desenvolvimento de complicações.
A varicela é, geralmente, autolimitada e as vesículas desenvolvem, gradualmente, as
crostas, que desaparecem durante um período de 7 a 10 dias. Os indivíduos permanecem
contagiosos, até que todas as lesões tenham crescido. A doença é tipicamente leve, mas pode
ser fatal, devido à ocorrência de complicações graves, incluindo infecções bacterianas (por
exemplo, celulite, pneumonia) e complicações neurológicas (por exemplo, encefalite).

A doença está associada a maior morbidade e mortalidade em lactentes e em


indivíduos com um sistema imunológico comprometido.

Após a infecção, o vírus permanece latente nas células nervosas e pode ser reativado,
causando uma infecção secundária - herpes zoster. Isso, geralmente, ocorre em adultos, com
idade igual ou superior a 50 anos ou em imunocomprometidos, e está associado a uma erupção
cutânea dolorosa, que pode resultar em danos permanentes nos nervos.

Vacina varicela (atenuada) - monovalente

 Esquema: administrar uma dose aos 4 (quatro) anos de idade.


 Pode ser realizada até 6 anos, 11 meses e 29 dias, em crianças que perderam a oportunidade
de vacinação.
Obs: a primeira dose do componente varicela é administrada aos 15 meses, com a vacina
Tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela). Essa dose de varicela monovalente,
corresponde à segunda dose desse componente.
 Dose: 0,5ml, via subcutânea.
 Particularidades: crianças entre 2 anos a 6 anos, 11 meses e 29 dias, não vacinadas com tetra
viral, administrar duas doses da vacina varicela (atenuada), com intervalo mínimo de 3 meses
entre as doses, sendo que a segunda dose deve ser administrada, preferencialmente, aos 4
(quatro) anos de idade. Indígenas, a partir dos 5 anos de idade, não vacinados ou sem
comprovação vacinal, administrar 1 (uma) ou duas doses de vacina varicela (atenuada), a
depender do laboratório produtor. Mulheres em idade fértil devem evitar a gravidez até 1
(um) mês após a vacinação. Esta vacina é contraindicada para gestantes, indivíduos
imunodeprimidos ou que apresentaram anafilaxia à dose anterior. A vacina varicela
(atenuada) pode ser administrada simultaneamente com a vacina febre amarela. Na
impossibilidade de realizar vacinação simultânea, adotar o intervalo mínimo de 30 dias entre
as doses.
- Em situações de emergência epidemiológica para varicela em área indígena:

 administrar a imunoglobulina antivaricela zoster em crianças recém-nascidas, até 8 (oito)


meses de idade, gestantes e pessoas imunodeprimidas;
 administrar uma dose de vacina varicela (atenuada) em crianças entre 9 e 12 meses de idade
(a depender do laboratório produtor). Não considerar essa dose como válida para a rotina e
manter o esquema vacinal aos 15 meses com a tetra viral e aos 4 anos com a varicela;
 antecipar a dose de tetra viral em crianças entre 13 e 14 meses de idade e considerar como
dose válida para a rotina de vacinação. Vacinar com tetra viral as crianças entre 15 e 23
meses de idade, conforme as indicações da rotina de vacinação;
 antecipar a dose dos 4 anos em crianças entre 2 e 3 anos de idade e considerar como dose
válida para a rotina. Vacinar com varicela (atenuada) as crianças de 4 anos de idade,
conforme as indicações do Calendário Nacional de Vacinação;
 vacinar as pessoas a partir dos 5 anos de idade, conforme histórico vacinal anterior.

Sarampo, Caxumba e Rubéola (SCR)


O sarampo é uma doença viral grave, caracterizada por febre, conjuntivite, sintomas
respiratórios e lesões avermelhadas pelo corpo. Pode complicar com pneumonias e encefalites.
A caxumba, também viral, é uma infecção da glândula salivar parótida e se apresenta
com febre, dor e inchaço na lateral do pescoço. Como o vírus tem tropismo por tecido
glandular, pode acometer testículos e ovários, podendo levar à esterilidade, especialmente
quando a doença ocorre após a puberdade.
A rubéola é outra doença viral, que se manifesta com febre, mal-estar, dor articular e
lesões avermelhadas por todo o corpo. Apesar de ser uma doença branda e sem repercussões,
quando ocorre na gestação, pode levar a doenças congênitas e malformações fetais (síndrome
da rubéola congênita).

Vacina sarampo, caxumba e rubéola - Tríplice Viral

 Esquema: administrar a primeira dose aos 12 meses de idade. Completar o esquema de


vacinação contra o sarampo, caxumba e rubéola com a vacina tetra viral aos 15 meses de
idade (corresponde à segunda dose da vacina tríplice viral e uma dose da vacina varicela).
 Dose: 0,5 ml, via subcutânea.
 Particularidades: a vacina tetra viral está disponível na rotina de vacinação para crianças com
idade entre 15 meses e 4 anos, 11 meses e 29 dias.
Pessoas de 2 a 29 anos de idade, não vacinadas ou com esquema incompleto, devem
ser vacinadas com duas doses da vacina tríplice viral, conforme situação encontrada,
considerando o intervalo mínimo de 30 dias entre as doses. Considerar vacinada a pessoa que
comprovar 2 doses de vacina tríplice viral ou tetra viral.
Pessoas de 30 a 49 anos de idade, não vacinadas, devem receber uma dose de tríplice
viral. Considerar vacinada a pessoa que comprovar 1 (uma) dose de vacina tríplice viral ou dupla
viral.
Para profissionais de saúde, independente da idade: administrar 2 (duas) doses,
conforme situação vacinal encontrada, observando o intervalo mínimo de 30 dias entre as
doses. Considerar vacinada a pessoa que comprovar 2 (duas) doses de vacina dupla viral ou
tríplice viral.
Esta vacina é contraindicada para gestantes e crianças abaixo dos 6 (seis) meses de
idade. Pessoas com imunodepressão deverão ser avaliadas e vacinadas, segundo orientações
do manual do Crie. Mulheres, em idade fértil, devem evitar a gravidez até, pelo menos, 1 (um)
mês após a vacinação. Em crianças menores de 2 (dois) anos de idade, não vacinadas com
tríplice viral, não administrar esta vacina simultaneamente com a vacina febre amarela.
O intervalo entre estas vacinas é de 30 dias, salvo em situações especiais que
impossibilitem manter este intervalo (com um mínimo de 15 dias).

- Em situações de emergência epidemiológica para sarampo ou rubéola:

 administrar 1 (uma) dose de tríplice viral em crianças, na faixa etária entre 6 (seis) a 11
meses, não sendo considerada válida para rotina, devendo ser mantido o esquema vacinal
aos 12 meses e aos 15 meses de idade;
 administrar 1 (uma) dose de dupla viral ou tríplice viral em pessoas acima de 50 anos de
idade, que não comprovarem nenhuma dose destas vacinas.

Vacina sarampo, caxumba, rubéola e varicela (atenuada) - Tetra viral

 Esquema: administrar 1 (uma) dose aos 15 meses de idade, em crianças que já tenham
recebido a primeira dose da vacina tríplice viral.
 Dose: 0,5 ml, subcutânea.
 Particularidade: crianças que não foram vacinadas, oportunamente, aos 15 meses de idade,
poderão ser vacinadas até 4 (quatro) anos, 11 meses e 29 dias. Em crianças menores de 2
(dois) anos de idade, não vacinadas com tetra viral, não administrar esta vacina
simultaneamente com a vacina febre amarela. O intervalo entre estas vacinas é de 30 dias,
salvo em situações especiais que impossibilitem manter esse intervalo (com um mínimo de
15 dias). Em situações emergenciais e na indisponibilidade da vacina tetra viral, as vacinas
tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e varicela (atenuada) poderão ser utilizadas.

Influenza
Conhecida como gripe, é uma doença viral, causada por vírus da gripe, geralmente
subtipos de influenza A ou B, que provoca epidemias anuais, no final do outono e todo o inverno.
Caracteriza-se por febre, mal-estar, indisposição, tosse e coriza. Altamente contagiosa,
atinge todas as idades, porém os extremos (idosos e lactentes jovens) são os que mais
apresentam complicações, especialmente infecções bacterianas secundárias.
Por se tratar de vírus que sofre mutações frequentes, a vacina é reformulada a cada ano,
para conter as prováveis cepas que circularão em cada inverno. Normalmente, são desenvolvidas
vacinas diferentes para os hemisférios Norte e Sul. A época ideal de vacinação é o outono, antes
do período de maior circulação viral. Crianças menores de nove anos de idade, quando vacinadas
pela primeira vez, devem receber duas doses, com intervalo de um mês entre elas.

Vacina influenza (fracionada, inativada) – Gripe

 Esquema: crianças entre 6 (seis) meses e 8 (oito) anos, 11 meses 29 dias, primovacinadas
(que tomarão a vacina pela primeira vez), administrar 2 (duas) doses, com intervalo de 30
dias entre as doses. Para pessoas a partir de 9 (nove) anos, administrar 1 (uma) dose.
 Dose: para crianças entre 6 (seis) meses e 2 (dois) anos, 11 meses 29 dias, administrar 0,25
ml, via intramuscular ou subcutânea, a depender do país de origem do laboratório produtor
(verificar na bula que acompanha a vacina ou no informe da campanha anual). Para pessoas
a partir de 3 (três) anos de idade, 0,5 ml, via intramuscular ou subcutânea, a depender do
país de origem do laboratório produtor.
 Particularidades: em caso de mudança de faixa etária (de 2 para 3 anos de idade), manter a
dose inicial do esquema, isto é, 0,25ml. Gestantes, administrar esta vacina em qualquer
idade gestacional.

Papilomavírus humano (HPV)


O câncer de colo de útero tem estreita relação com a infecção pelo papilomavírus
humano (HPV). Este vírus é sexualmente transmissível, mas o contágio também pode ocorrer
pelo contato pele com pele. A infecção e, consequentemente, o câncer cervical, podem ser
prevenidos pelo uso da vacina.
Existem mais de cem tipos de HPV, mas somente alguns
são responsáveis por provocar doenças. É altamente
prevalente, isto é, muito frequente na população, mesmo nos
jovens recém-iniciados na vida sexual.
Diferentes cepas de HPV podem causar doenças
benignas, como as verrugas genitais, muitas vezes dolorosas e
de difícil tratamento e, também, lesões de potencial malígno,
como as displasias, o câncer de colo uterino, câncer de vagina,
ânus e câncer de pênis.
As verrugas genitais estão relacionadas, quase em sua totalidade, com os tipos 6 e 11
do HPV e o câncer genital se associa, em 70% das vezes, com os tipos 16 e 18.

Vacina papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18 (recombinante) – HPV

 Esquema: administrar 2 (duas) doses, com intervalo de 6 (seis) meses entre as doses, nas
meninas de 9 a 14 anos, 11 meses e 29 dias e em meninos de 11 a 14 anos, 11 meses e 29
dias.
Homens e mulheres de 9 a 26 anos, 11 meses e 29 dias, transplantados de órgãos
sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos ou vivendo com HIV/Aids, administrar 3
(três) doses, com intervalo de 2 (dois) meses entre a primeira e a segunda dose e 6 (seis)
meses entre a primeira e a terceira dose. Para a vacinação deste grupo, mantém-se a
necessidade de prescrição médica.

 Dose: 0,5 ml, intramuscular.


 Particularidades: meninas e meninos, com 13 anos de idade, com esquema vacinal
incompleto, completar esquema conforme situação encontrada, considerando o intervalo
mínimo de seis meses entre as doses.
Homens e mulheres, com 27 anos, vivendo com HIV/Aids, com esquema vacinal
incompleto, completar esquema, conforme situação encontrada, considerando os intervalos
entre as doses. Caso a primeira dose tenha sido administrada há mais de 6 meses, administrar a
segunda dose e agendar a terceira dose, respeitando o intervalo mínimo de 90 dias entre a
segunda e a terceira dose.
Esta vacina é contraindicada durante a gestação. Caso a mulher engravide após a
primeira dose da vacina HPV ou receba a vacina, inadvertidamente, durante a gravidez,
suspender a dose subsequente e completar o esquema vacinal, preferencialmente, em até 45
dias após o parto. Nesses casos, nenhuma intervenção adicional é necessária, somente o
acompanhamento do pré-natal. Mulheres, que estão amamentando, podem ser vacinadas com
a vacina HPV. Recomenda-se que a pessoa vacinada deverá permanecer sentada, sob
observação, por, aproximadamente, 15 minutos após a vacinação.

CONTRAINDICAÇÕES, SITUAÇÕES ESPECIAIS, ADIAMENTO, VACINAÇÃO


SIMULTÂNEA E FALSAS CONTRAINDICAÇÕES
Alguns fatores, situações e condições podem ser considerados como possíveis
contraindicações gerais à administração de todo imunobiológico e devem ser objetos de
avaliação, podendo apontar a necessidade do adiamento ou da suspensão da vacinação.
Especial atenção deve ser dada às falsas contraindicações, que interferem de forma importante
para o alcance das metas e dos percentuais de cobertura dos grupos-alvo.
Em geral, as vacinas bacterianas e virais atenuadas não devem ser administradas a
usuários com imunodeficiência congênita ou adquirida, portadores de neoplasia maligna, em
tratamento com corticosteróides em dose imunossupressora e em outras terapêuticas
imunodepressoras (quimioterapia, radioterapia etc.), bem como gestantes, exceto em situações
de alto risco de exposição a algumas doenças virais preveníveis por vacinas, como, por exemplo,
a febre amarela.

Contraindicações comuns a todo imunobiológico


A contraindicação é entendida como uma condição do usuário a ser vacinado, que
aumenta, em muito, o risco de um evento adverso grave ou faz com que o risco de
complicações da vacina seja maior do que o risco da doença contra a qual se deseja proteger.
Para todo imunobiológico, consideram-se como contraindicações:
 a ocorrência de hipersensibilidade (reação anafilática) confirmada, após o recebimento de
dose anterior;

 história de hipersensibilidade a qualquer componente dos imunobiológicos.

Nota: a ocorrência de febre, acima de 38,5ºC, após a administração de uma vacina, não
constitui contraindicação à dose subsequente. Quando ocorrer febre, administrar
antitérmico, de acordo com a prescrição médica. Não indique o uso de paracetamol antes ou
imediatamente após a vacinação, para não interferir na imunogenicidade da vacina.

Situações especiais
São situações que devem ser avaliadas em suas particularidades, para a indicação ou
não da vacinação:
 usuários que fazem uso de terapia com corticosteróides devem ser vacinados com intervalo
de, pelo menos, três meses após a suspensão da droga;
Nota: é considerada imunossupressora a dose superior a 2 mg/kg/dia de prednisona, ou
equivalente, para crianças; e acima de 20 mg/kg/dia para adultos, por tempo superior a 14
dias. Doses inferiores às citadas, mesmo por período prolongado, não constituem contra
indicação. O uso de corticoides, por via inalatória, ou tópicos, ou em esquemas de altas
doses, em curta duração (menor do que 14 dias), não constitui contraindicação de vacinação.

 usuários infectados pelo HIV precisam de proteção especial contra as doenças imunopreveníveis,
mas é necessário avaliar cada caso, considerando-se que há grande heterogeneidade de situações,
desde o soropositivo (portador assintomático), até o imunodeprimido, com a doença instalada;

 crianças filhas de mãe com HIV positivo, menores de 18 meses de idade, mas que não
apresentam alterações imunológicas e não registram sinais ou sintomas clínicos indicativos
de imunodeficiência, podem receber todas as vacinas dos calendários de vacinação e as
disponíveis no Crie, o mais precocemente possível;
Nota: nesses casos, busque informações em documentos disponíveis no site, tais como,
Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), Guia de Tratamento
Clínico da Infecção pelo HIV em Pediatria e Recomendações para Terapia Antirretroviral em
Adultos e Adolescentes Infectados pelo HIV.

 usuários com imunodeficiência clínica ou laboratorial grave não devem receber vacinas de
agentes vivos atenuados;

 o usuário que fez transplante de medula óssea (pós-transplantado) deve ser encaminhado ao
Crie, de seis a doze meses após o transplante, para revacinação, conforme indicação.

Adiamento da vacinação
Situações para o adiamento da administração de um imunobiológico:
 usuário de dose imunossupressora de corticoide – vacine 90 dias após a suspensão ou o
término do tratamento. É considerada imunossupressora a dose superior a 2 mg/kg/dia de
prednisona ou equivalente, para crianças; e acima de 20 mg/kg/dia, para adultos, por tempo
superior a 14 dias;

 usuário que necessita receber imunoglobulina, sangue ou hemoderivados – não vacine com
vacinas de agentes vivos atenuados, nas quatro semanas que antecedem e até 90 dias após o
uso daqueles produtos;

 usuário que apresenta doença febril grave – não vacine até a resolução do quadro, para que
os sinais e sintomas da doença não sejam atribuídos ou confundidos com possíveis eventos
adversos, relacionados à vacina.

Vacinação simultânea
A vacinação simultânea consiste na administração de duas ou mais vacinas no mesmo
momento, em diferentes regiões anatômicas e vias de administração. De um modo geral, as
vacinas dos calendários de vacinação podem ser administradas simultaneamente, sem que
ocorra interferência na resposta imunológica, exceto as vacinas FA, tríplice viral, contra varicela
e tetra viral, na primovacinação, que devem ser administradas com intervalo de 30 dias.

Falsas contraindicações
São exemplos de situações que caracterizam a ocorrência de falsas contraindicações. As
seguintes condições não contraindicam qualquer uma das vacinas:
 doença aguda benigna sem febre – quando a criança não apresenta histórico de doença
grave ou infecção simples das vias respiratórias superiores;

 prematuridade ou baixo peso ao nascer – as vacinas devem ser administradas na idade


cronológica recomendada, com exceção para a vacina BCG, que deve ser administrada nas
crianças com peso ≥ 2 kg;
 ocorrência de evento adverso em dose anterior de uma vacina, a exemplo da reação local
(dor, vermelhidão ou inflamação no lugar da injeção);
 diagnósticos clínicos prévios de doença, tais como, tuberculose, coqueluche, tétano, difteria,
poliomielite, sarampo, caxumba e rubéola;
 doença neurológica estável ou pregressa, com sequela presente;
 antecedente familiar de convulsão ou morte súbita;
 alergias, exceto as alergias graves a algum componente de determinada vacina (anafilaxia
comprovada);
 história de alergia não específica, individual ou familiar;
 história familiar de evento adverso à vacinação (exemplo: convulsão);
 uso de antibiótico, profilático ou terapêutico e antiviral;
 tratamento com corticosteroides, em dias alternados, em dose não imunossupressora;
 uso de corticosteroides inalatórios ou tópicos, ou com dose de manutenção fisiológica;
 quando o usuário é contato domiciliar de gestante, uma vez que os vacinados não
transmitem os vírus vacinais do sarampo, da caxumba ou da rubéola;
 convalescença de doenças agudas;
 usuários em profilaxia, pós-exposição e na reexposição com a vacina raiva (inativada);
 internação hospitalar;
 mulheres no período de amamentação (considere as situações de adiamento para a vacina
febre amarela).

O que precisamos saber antes de indicar as vacinas - Triagem para Indicação de Vacinas
Durante a triagem, o profissional de saúde investigará a situação de saúde do indígena
ou da comunidade, identificando os problemas e necessidades de intervenções, momento
oportuno para avaliação imediata de indicações ou contraindicações das vacinas, de acordo
com a situação de saúde apresentada.
Devemos estar atentos para importância da vacinação dos contatantes de pessoas
imunodeprimidas ou com comorbidade. A vacinação dos contatantes reduz os riscos de
infecção dos portadores de doenças crônicas, principalmente no caso de imunodeprimidos,
para os quais a vacinação está contraindicada, ou a eficácia da vacina está comprometida.
Contatantes domiciliares, cuidadores, profissionais da Educação e da Saúde, por
exemplo, devem manter atualizado o calendário vacinal, observando-se a necessidade de
alteração do esquema vacinal, quando a administração oferecer risco para o imunodeprimido.
A vacinação do doador de órgão deve ser recomendada para evitar a transmissão de
doença imunoprevenível para o receptor.
Para alguns indivíduos, pode ser necessário adiar a vacinação ou fazer escolhas de
outras vacinas, rotineiramente, recomendadas, para eliminar ou minimizar o risco de eventos
adversos, para otimizar a resposta imunitária de um indivíduo ou melhorar a proteção de um
contato doméstico, contra doenças preveníveis por vacinação.
Nesse sentido, alguns cuidados importantes a serem tomados pela equipe, estão
descritos a seguir:
 assegurar que a(s) vacina(s) estão indicada(s), considerando quaisquer doses de vacina
anteriormente;

 considerar a necessidade de administrar vacinas alternativas ou verificar se existem


quaisquer contraindicações ou precauções, para as vacinas a serem administradas (reação
adversa após a vacina em doses anteriores, uso de medicações, alergias, cirurgias recentes,
transfusão de sangue recente);

 garantir que a pessoa a ser vacinada esteja na idade apropriada para as vacinas a serem
administradas;

 verificar se foi respeitado o intervalo de tempo correto entre qualquer vacina(s) anterior(es)
ou quaisquer produtos que contraindiquem vacinação.

Durante a coleta de informações da pessoa a ser vacinada, é importante que algumas


perguntas sejam realizadas para nortear a decisão de indicação da vacina (as informações
podem ser registradas em impresso próprio, prontuário ou em um sistema de registro de
informações).
No caso de muitos indígenas, essas informações estarão em seu prontuário, que deve
ser consultado e de conhecimento do profissional que atua naquela comunidade:
 nome da pessoa a ser vacinada (procure chamar a pessoa sempre pelo nome, auxilia na
identificação correta);

 data de nascimento (identifica se a pessoa está com idade adequada para receber a vacina e
também a oportunidade de indicar outras vacinas);

 identificar com a pessoa ser vacinada:


- está bem hoje;
- está com febre;
- estado emocional (medo, sudorese, ansiedade);
- tem alguma doença imunossupressora, por exemplo, leucemia, HIV, ou está fazendo um
tratamento que diminui a imunidade, por exemplo, medicamentos esteroides orais, como
cortisona e prednisona, radioterapia ou quimioterapia;
- é um recém-nascido, de uma mãe que recebeu terapia imunossupressora, por exemplo,
fármacos antirreumáticos modificadores da doença biológica, durante a gravidez;
- teve alguma reação grave, após receber qualquer vacina;
- tem alguma alergia grave;
- recebeu alguma vacina antes, de chegar neste serviço, ou no mês passado;
- recebeu imunoglobulina, ou qualquer componente sanguíneo, ou uma transfusão de sangue
total, no último ano;
- está grávida;
- tem uma história passada da síndrome de Guillain-Barré;
- era um bebê prematuro;
- tem doença crônica;
- possui distúrbio hemorrágico;
- identifica-se como um indígena, ou outra comunidade, que possua calendário de vacina específico;
- possui algum membro com prejuízo funcional , por exemplo, braço;
- está planejando uma gravidez;
- é pai, mãe, avô ou cuidador de um recém-nascido;
- vive com alguém imunocomprometido, por exemplo, leucemia, HIV, ou vive com alguém que
está em tratamento imunossupressor, por exemplo, medicamentos esteroides orais como
cortisona e prednisona, radioterapia ou quimioterapia;
- está planejando viajar;
- tem um fator de risco em sua ocupação ou de estilo de vida, para o qual a vacinação pode
ser necessária.

 orientar o indivíduo a ser vacinado ou seu responsável/acompanhante sobre:


- benefícios das vacinas;
- esquema de cada vacina (quantas doses são necessárias para proteção completa);
- necessidade de receber outras doses (quando aplicável).
- possíveis eventos adversos, os cuidados, caso eles apareçam, e quando o indivíduo deve
procurar a unidade de saúde que o vacinou.

 antes de qualquer vacinação, perguntar:


- você entendeu as informações fornecidas sobre a vacinação?
- precisa de mais informações?
- você trouxe o cartão de registro de vacina do seu filho, o seu ou da pessoa que está com
você?
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